Discursos João Paulo II 2001 - 21 de Dezembro de 2001

4. O Senhor Embaixador desejou prestar a sua homenagem à obra apostólica de dois apóstolos do século passado: D. Angelo Roncalli, que foi Visitador Apostólico e, em seguida, Delegado Apostólico em Sófia durante longos anos, antes de se tornar o meu venerado Predecessor, o Beato Papa João XXIII; e D. Eugénio Bossilkov, Bispo e Mártir da fé, hoje também ele Beato. Agradeço-lhe profundamente esta lembrança. Neles, a sua Nação reconhece verdadeiros servidores do Evangelho para o povo búlgaro e honra a acção da Igreja nas duas dimensões essenciais da sua missão, ou seja, o exercício da caridade e a defesa da liberdade religiosa.

Permita-me assegurar-lhe a vontade determinada e constante da Igreja católica, de trabalhar sempre, a exemplo destas duas testemunhas, pelo bem dos povos, comunicando-lhes a sua riqueza singular, a da Palavra de Deus que quer tornar as culturas fecundas e alimentá-las. Formulo os meus bons votos a fim de que a nova lei sobre a liberdade religiosa permita à Igreja católica, e também a todas as outras religiões reconhecidas, exercer livremente e sem restrições a sua missão espiritual no seu País, segundo os direitos e os deveres garantidos pela lei. Neste espírito, faço votos para que os diferentes serviços administrativos interessados, continuem a favorecer todas as iniciativas que hão-de permitir aos fiéis beneficiar dos meios necessários para o exercício da liberdade de culto.

5. Estou feliz por poder saudar, nesta ocasião e mediante a sua pessoa, a comunidade católica dos diferentes ritos, que vive na Bulgária. Sem dúvida, ela é pouco numerosa num País cuja maioria é ortodoxa, mas está bem viva e deseja manter bons relacionamentos com todas as tradições religiosas presentes no País. Saúdo cordialmente os seus Bispos e sacerdotes, bem como os religiosos, as religiosas e todos os fiéis leigos, enquanto dou graças pela sua fidelidade a Cristo e à Igreja católica. Bem sei que eles participam de modo activo na construção conjunta, assumindo o lugar que lhes é próprio no seio da sociedade e trabalhando pelo desenvolvimento do País. Que eles recebam aqui o encorajamento do Sucessor de Pedro, desejoso de servir e de dar testemunho da fé que lhes é própria. Saúdo também, com respeito, estima e afecto fraternal, os nossos irmãos da Igreja ortodoxa búlgara, e faço votos a fim de que sejam multiplicadas, entre nós e aos olhos do mundo, as ocasiões de manifestação da nossa fraternidade espiritual em Cristo.

Durante todos os meses de Maio, uma Delegação do seu País vem visitar o Bispo de Roma, por ocasião da solenidade dos Santos Cirilo e Metódio, expressando desta forma o seu apego a estas duas figuras espirituais, mas também o seu desejo de desenvolver, segundo o seu exemplo, vínculos de fraternidade e de paz. Os meus votos ardentes são de poder, por minha vez, retribuir esta visita ao querido povo búlgaro, indo proximamente ao seu País, a fim de ali encontrar as Autoridades civis, dialogar com os Chefes religiosos, especialmente os da Igreja católica e da Igreja ortodoxa, e expressar aos fiéis católicos toda a minha solicitude pastoral. Assim continuarei, depois da minha peregrinação até às fontes da fé, a viagem até às origens das comunidades cristãs, em favor da paz e do diálogo entre todos.

6. Senhor Embaixador, no momento em que dá oficialmente início à sua missão junto da Santa Sé, apresento-lhe os meus melhores votos pelo seu feliz cumprimento. Sem dúvida, Vossa Excelência encontrará sempre junto dos meus colaboradores uma hospitalidade atenta e uma compreensão cordial.

Sobre Vossa Excelência, a sua família, os seus colaboradores na Embaixada e todo o povo búlgaro, invoco do íntimo do coração a abundância das Bênçãos divinas.




A UM GRUPO DE JOVENS E DE CRIANÇAS


DA ACÇÃO CATÓLICA


Sexta-feira, 21 de Dezembro de 2001





Queridas crianças e caros jovens

1. Saúdo-vos com muito afecto. Sinto-me feliz por vos receber mais uma vez neste encontro, que me dá a oportunidade de entrar de novo em contacto com a importante realidade eclesial da Acção Católica dos Jovens, da qual fazeis parte. Agradeço à vossa colega as palavras que me dirigiu, interpretando os vossos sentimentos. São numerosas as crianças e os jovens que, graças à vossa Associação, têm a oportunidade de conhecer Jesus mais de perto, e são ajudados a viver o Evangelho no concreto da vida quotidiana. Amar Jesus, experimentar o seu grande amor seja sempre o maior desejo do vosso coração. Se o seguirdes fielmente podereis fazer com que os vossos colegas e amigos o conheçam e amem.

Vejo que sois acompanhados pela Presidente da Acção Católica Italiana, a Senhora Paola Bigardi, e pelo Assistente-Geral, Mons. Francesco Lambiasi. Saúdo-os cordialmente e agradeço-lhes a solicitude com que se dedicam à vossa educação religiosa.

2. Foi com prazer que tomei conhecimento da vossa iniciativa a favor da paz, denominada "Meses da Paz", que vos preparais para realizar durante o próximo mês de Janeiro. Realizai-a com entusiasmo e generosidade. Ela é como um convite à paz que, feito por vós, adquire a força de uma súplica convicta, porque a "medida nova" do Reino de Deus se entrevê na "pequenez" das crianças. A iniciativa "Meses da Paz", ao propôr a vossa mensagem de paz às diversas realidades paroquiais, sem dúvida oferecerá aos crentes a oportunidade de reflectir ainda mais sobre este precioso dom que, como escrevi na Mensagem para o Dia Mundial da Paz de 2002, é fruto e obra da justiça e do amor.

Com estes sentimentos, desejo-vos a vós um feliz e santo Natal. Incluo nos meus bons votos também as vossas famílias e toda a Acção Católica, enquanto vos abençoo a todos do íntimo do coração, por intercessão da Virgem Maria.

3. Dirijo agora um afectuoso pensamento de boas-vindas aos componentes do coro "Sociedade dos Alpinistas Tridentinos", acompanhados do Arcebispo de Trento, D. Luigi Bressan, vindos a Roma por ocasião do 75º aniversário de fundação. Caríssimos, mantende vivas as bonitas tradições musicais, que caracterizam a vossa terra. O canto é uma maneira única para elevar ao Criador o hino de louvor e de agradecimento pelas maravilhas do seu amor.

Enfim, saúdo os membros da Associação "Amigos do Presépio", provenientes de Torre del Greco, alegrando-me pelo bonito presépio que fizeram nesta sala. Caríssimos, encorajo-vos a prosseguir o vosso empenho de promover a tradicional representação do nascimento de Cristo, seguindo os passos de São Francisco.

Formulo-vos a todos vós aqui presentes e aos vossos familiares os melhores votos para as festas de Natal e para o Ano Novo e, ao garantir-vos a minha lembrança na oração, concedo de bom grado a todos vós uma especial Bênção apostólica.




AOS MEMBROS DA CÚRIA ROMANA E


DA FAMÍLIA PONTIFÍCIA PARA A


APRESENTAÇÃO DOS VOTOS DE NATAL


Sábado, 22 de Dezembro de 2001




1. Prope est iam Dominus. Venite, adoremus!

É com estas palavras da Liturgia do Advento que vos recebo e vos saúdo cordialmente, a vós Senhores Cardeais, venerados Irmãos no Episcopado e no Sacerdócio, religiosos e leigos que fazeis parte da Cúria Romana e do Vicariado de Roma. Agradeço ao Cardeal Decano, Bernardin Gantin, os sentimentos de bons votos que expressou no vosso nome, e a todos transmito a minha alegria por me encontrar convosco para este tradicional encontro de família. Trata-se de uma reunião que exprime muito bem o sentido de profunda comunhão com o Sucessor de Pedro, que anima e sustém o vosso trabalho. Estou-vos grato pela devoção que nutris em relação à Sé Apostólica e pelo compromisso generoso com que participais, dia a dia e de várias maneiras, na solicitude com que levo a cabo o ministerium petrinum que me foi confiado. A todos, obrigado de coração!

O Natal do Senhor está iminente. Vinde, adoremos! É com admiração sempre nova que nos aproximamos do mistério do nascimento de Cristo, em cujo rosto humano resplandece a ternura de Deus. Sim, Deus ama-nos verdadeiramente! Ele não se esqueceu dos homens, abandonando-os à impotência e à solidão, mas enviou o seu Filho para revestir a sua carne mortal, a fim de os subtrair ao vazio do pecado e do desespero.

"(O Verbo) deu o poder de se tornarem filhos de Deus a todos aqueles que o receberam", diz-nos o Apóstolo João no seu Evangelho (1, 12). Em Jesus de Nazaré, Ele dá-nos a sua própria vida. Torna-nos "filhos no Filho", fazendo-nos participantes da sua intimidade trinitária e tornando-nos irmãos entre nós. O Natal é o terreno seguro e sempre fecundo, onde brota a esperança da humanidade. Contemplar o Menino de Belém significa esperar o advento de uma humanidade renovada, novamente criada à sua imagem, vitoriosa sobre o pecado e a morte; significa acreditar que, na nossa história caracterizada por inúmeros sofrimentos, a última palavra pertencerá à vida e ao amor. Deus construiu a sua tenda no meio de nós, para nos abrir o caminho rumo à sua morada eterna.

2. É com esta "característica" de eternidade que queremos ler a história e voltar a considerar - como é habitual neste nosso encontro anual - os principais acontecimentos que assinalaram os doze meses passados: é de bom grado que o faço juntamente convosco, meus estimados colaboradores, em atitude de gratidão ao Deus da vida, que detém nas suas mãos as obras e os dias dos seres humanos.

Em primeiro lugar, recordo com que íntima emoção, na manhã da Epifania, assinei a Carta Apostólica Novo millennio ineunte. Desejo louvar de novo a Deus, fonte de todo o bem, pelas inúmeras graças que o Grande Jubileu do Ano 2000 concedeu à comunidade cristã e pelo renovado impulso apostólico que brotou nas várias Igrejas locais, a partir da celebração dos dois mil anos do nascimento de Cristo. "Duc in altum!" (Lc 5,4). Uma vez mais, "estas palavras ressoam hoje aos nossos ouvidos, convidando-nos a lembrar com gratidão o passado, a viver com paixão o presente, abrir-se com confiança ao futuro: "Jesus Cristo é o mesmo, ontem, hoje e sempre"" (Novo millennio ineunte, 1). No início do novo milénio toda a Igreja, recomeçando a partir de Cristo, sustentada pelo amor do Pai e confortada pelo dom inexaurível do Espírito, coloca-se com humildade ao serviço do mundo e, com o testemunho da vida e das obras, pretende oferecer-lhe a sua única riqueza: Cristo Senhor, Salvador e Redentor do homem (cf. Act Ac 3,6).

3. Esta missão é confiada de maneira particular a quantos, como sucessores dos Apóstolos, são chamados e enviados para apascentar a grei de Deus (cf. 1P 5,2). Nesta perspectiva, o primeiro pensamento volta-se, antes de mais nada, para os Bispos das várias Nações, que tive a alegria de receber nos últimos meses, durante as visitas "ad limina Apostolorum". Em seguida, penso nos numerosos Prelados que viveram juntamente comigo, no passado mês de Outubro, a experiência da X Assembleia Ordinária do Sínodo dos Bispos, sobre o tema: "O Bispo servidor do Evangelho de Cristo para a esperança do mundo". Além disso, no dia 22 de Novembro publiquei a Exortação Apostólica Ecclesia in Oceania, na qual reuni as conclusões da Assembleia Especial do Sínodo dos Bispos, celebrada em 1998, sobre os problemas e as perspectivas desse grandioso continente. Enfim, não posso deixar de recordar o Consistório, realizado no mês de Fevereiro, durante o qual numerosos Bispos e alguns Sacerdotes foram chamados para fazer parte do Colério Cardinalício, que em seguida se reuniu no mês de Maio para o Consistório Extraordinário.

Estes encontros - caracterizados pela oração, pelo trabalho, pela busca conjunta e pela partilha fraternal - ajudaram-nos a procurar sendas ao longo das quais a Igreja deve encaminhar-se para anunciar Cristo no nosso tempo e, assim, ser cada vez mais o sal da terra e a luz do mundo (cf. Mt Mt 5,13), a fim de que a humanidade inteira, "escutando acredite, acreditando espere e esperando ame" (Dei Verbum, DV 1).

4. O Senhor concedeu-me completar a "peregrinação jubilar" aos lugares ligados à História da Salvação: com efeito, segui os passos de São Paulo em Atenas, Damasco e Malta, para recordar a aventura humana e espiritual do Apóstolo dos pagãos e a sua dedicação incondicional à causa de Cristo.

Em cada país, encontrei com alegria as comunidades católicas dos vários Ritos e também desejei fazer uma visita aos Patriarcas e Arcebispos das veneráveis Igrejas ortodoxas do Oriente, às quais estamos vinculados através da profissão da fé em Cristo, único Senhor e Salvador. Juntamente com eles, pude expressar novamente o anseio pela plena unidade de todos os crentes em Cristo, renovando o compromisso a trabalhar a fim de que se apresse o dia da comunhão também visível entre o Oriente e o Ocidente cristãos. Além disso, em Damasco visitei a Mesquita dos Omayyadis, que contém o monumento a João Baptista, Precursor de Jesus, manifestando desta forma, apesar do claro reconhecimento das diferenças, o respeito que a Igreja católica nutre em relação ao Islão.

5. Continuando no compromisso que se encontra no fundamento das viagens apostólicas até agora realizadas, ou seja, o de confirmar os irmãos na fé (cf. Lc Lc 22,32) e de os consolar em todo o género de aflição (cf. 2Co 1,3-4), no mês de Junho fui à Ucrânia, onde os filhos da Igreja católica, juntamente com os outros irmãos cristãos, experimentaram no século que há pouco chegou ao seu termo, uma perseguição cruel e testemunharam até ao martírio a sua adesão ao Senhor Jesus. Nesses dias, pedi com insistência a Deus que a Igreja na Europa possa voltar a respirar com os seus dois pulmões, a fim de que todo o continente conheça uma renovada evangelização.

Em seguida, no mês de Setembro, visitei o Cazaquistão, onde pude observar a firme vontade que aquele povo tem de ultrapassar um passado difícil, assinalado pela opressão da dignidade e dos direitos da pessoa humana. Ali, voltei a convidar os seguidores de todas as religiões a rejeitar com firmeza a violência, em ordem a contribuir para formar uma humanidade amante da paz, orientada para as metas da justiça e da solidariedade.

Em seguida, fui à Arménia, para prestar homenagem a uma Nação que, há 17 séculos, vinculou a sua história ao Cristianismo e pagou com um preço muito elevado a fidelidade à sua identidade: basta pensar no terrível extermínio de massa, padecido no início do século XX. A hospitalidade, que me foi reservada com amável cortesia por Sua Santidade o Catholicos Karekin II, emocionou-me profundamente.

Agradeço de coração a quantos me acolheram como amigo, irmão e peregrino. A todos asseguro a minha lembrança na oração. Do mesmo modo, acompanho com particular afecto o dilecto povo chinês, que tive particularmente presente na recente comemoração do 400° aniversário da chegada a Pequim, de Padre Mateus Ricci, célebre filho da Companhia de Jesus.

Sem ignorar as dificuldades e também os sofrimentos que às vezes marcam o caminho, volto a afirmar aqui a minha profunda convicção de que o caminho do conhecimento recíproco e, onde é possível, da oração conjunta, é a vereda privilegiada para o entendimento, a solidariedade e a paz.
A sombra do terrorismo e das tensões na Terra Santa

6. A sombra do trágico atentado terrorista de Nova Iorque, da resposta armada no Afeganistão e da recrudescência das tensões na Terra Santa entristeceu estes últimos meses do ano. Diante desta situação, os discípulos de Cristo, Príncipe da Paz (cf. Is Is 9,5), são chamados a proclamar constantemente que cada forma de violência terrorista ofende a santidade de Deus e a dignidade do homem, e que a religião jamais pode tornar-se motivo de agressão bélica, de ódio e de prepotência. Renovo o meu premente convite a todos os homens de boa vontade, a não poupar esforços em ordem a encontrar soluções equitativas para os múltiplos conflitos que assediam o mundo e para assegurar a todos um presente e um futuro de paz. Não nos devemos esquecer que "não há paz sem justiça, não há justiça sem perdão!" (Mensagem para o Dia Mundial da Paz, 1 de Janeiro de 2002).

Porém, antes de ser fruto dos esforços humanos a paz verdadeira é um dom de Deus: com efeito, Jesus Cristo "é a nossa paz. De dois povos, Ele fez um só. Na sua carne, derrubou o muro da separação" (Ep 2,14). Dado que "aquilo que a oração pede, é o jejum que o obtém e a misericórdia que o recebe, e estes três, a oração, o jejum e a misericórida, são uma só coisa e recebem vida um do outro" (São Pedro Crisólogo, Sermo 43: PL 52, 320), desejei propor aos filhos da Igreja um dia de penitência e de solidariedade no passado dia 14 de Dezembro. Em continuidade espiritual, no próximo dia 24 de Janeiro voltaremos a interperlar Aquele, o único que é capaz de derrubar os muros da imizade que separam os homens: na cidade de São Francisco, os representantes das religiões do mundo, em particular os cristãos e os muçulmanos, elevarão a sua premente prece pela superação das contraposições e pela promoção da paz autêntica.

Agradeço a todos aqueles que, nas diversas regiões da terra, se unem neste exercício penitencial: o fruto do seu sacrifício servirá para aliviar os sofrimentos de muitos irmãos e irmãs inocentes, provados pela dor. Em seguida convido-os, e de maneira especial a vós, caros membros da Cúria Romana e do Vicariato de Roma, a unir-vos espiritualmente à oração que se recitará em Assis, a fim de que o mundo conheça dias de paz.

7. Para a nossa consolação e o sustento da nossa esperança, admiremos o dom da santidade que floresce incessantemente no povo de Deus: a Igreja é Mãe de todos! A fecundidade da graça baptismal é manifestada pela vida de muitos cristãos que, durante o ano, tive a alegria de elevar às honras dos altares, aqui em Roma e no decurso das viagens apostólicas à Ucrânia e a Malta.

Neste luminoso panorama de "testemunhas", Bispos e sacerdotes, consagrados e leigos, apraz-me recordar os cônjuges Luigi e Maria Beltrame Quattrocchi, os primeiros da história da Igreja a serem beatificados ao mesmo tempo, como casal, testemunho eloquente da santidade no matrimónio.

À intercessão conjunta destes nossos irmãos exemplares, confio a invocação de todos pela paz neste período de Natal.

8. Rorate caeli desuper, et nubes pluant iustum!

Chamados a olhar para o alto (cf. Os Os 11,7), resumimos nesta invocação a ardente expectativa do Salvador. No Natal, o Deus invisível torna-se-nos presente e visível em Jesus, Filho de Maria, a Theotokos; Ele é o Emanuel, o Deus connosco. "Esta é a alegre convicção da Igreja desde o início, quando canta "o grande mistério da piedade": Ele manifestou-se na carne" (Catecismo da Igreja Católica, CEC 463).

Em Jesus, Deus recorda-se da sua aliança, apresenta-se como um sol nas alturas, por cima de nós, para nos conceder servi-lo em santidade e justiça e para orientar os nossos passos pelo caminho da paz (cf. Lc Lc 1,78-79). Guardião da certeza da sua presença até ao fim do mundo (cf. Mt Mt 28,20), a Igreja proclama juntamente com Santo Agostinho: "Alegrai-vos, vós justos: é o Natal daquele que justifica. Alegrai-vos, vós frágeis e doentes: é o Natal do Salvador... Alegrai-vos, todos vós cristãos: é o Natal de Cristo" (Sermo 184, 2; SCh 116).

O Senhor que há-de vir vos conceda a todos e a cada um a dádiva da alegria e da paz: estes são os meus bons votos reconhecidos e a minha oração por vós e por todas as pessoas que vos são queridas, enquanto imploro para todos um sereno Ano Novo e vos concedo do íntimo do coração uma especial Bênção apostólica.







Discursos João Paulo II 2001 - 21 de Dezembro de 2001