Discursos João Paulo II 2002

DISCURSO DO SANTO PADRE JOÃO PAULO II


AOS PARTICIPANTES NO


CONGRESSO INTERNACIONAL PROMOVIDO


PELAS SOCIEDADES BÍBLICAS


22 de Abril de 2002


Queridos amigos em Cristo!

Na paz da Páscoa, sinto-me feliz por vos dar as boas-vindas a vós, que "fostes regenerados... pela palavra de Deus viva e eterna" (1P 1,23). As Sociedades Bíblicas têm como finalidade apresentar as riquezas inexauríveis das Sagradas Escrituras aos que as escutam. Este é um nobre serviço cristão pelo qual dou graças a Deus.

Desde há muitos anos, as vossas Sociedades empenham-se em traduzir e distribuir o texto das Escrituras, uma parte fundamental do anúncio de Cristo ao mundo. Não se trata de pronunciar simples palavras: é a Palavra do próprio Deus! É Jesus Cristo, prometido no Antigo Testamento, proclamado no Novo, que devemos apresentar ao mundo que tem fome dele, muitas vezes sem o saber. São Jerónimo declarou que quem "não conhece as Escrituras não conhece Cristo" (Comentário sobre Isaías, Prólogo). Por conseguinte, a vossa obra é sobretudo um serviço a Cristo.

A urgência desta tarefa exige que nos empenhemos na causa da unidade cristã, porque a divisão entre os discípulos de Cristo impediu sem dúvida a nossa missão. Por conseguinte, o vosso encontro reúne membros de diferentes Igrejas e comunidades eclesiais, unidas no amor pela Bíblia e no desejo de que "a escuta da Palavra se torne um encontro vital... que deixa entrever no texto bíblico a palavra viva que interpela, orienta e plasma a existência" (Novo millennio ineunte, 39). Independentemente das diferenças que existem entre nós, a promoção da Bíblia é um aspecto sobre o qual os cristãos podem agir em estreito contacto, para glória de Deus e para o bem da família humana.

O Grande Jubileu do Ano 2000 ofereceu a todos os cristãos uma ocasião maravilhosa para rejubilar de novo com a celebração da Encarnação de Jesus Cristo, não como um acontecimento passado, mas como um mistério permanente. Faço fervorosos votos para que este ímpeto continue a suscitar nos cristãos um amor e um conhecimento da Bíblia Sagrada ainda mais profundos, encorajando desta forma a obra das Sociedades Bíblicas. Ao rezar para que o próprio Cristo "toque nos teus ouvidos para que recebas a Sua Palavra, nos teus lábios, para que proclames a Sua fé, para louvor e glória de Deus Pai" (Rito do Baptismo), invoco de coração sobre vós as abundantes bênçãos de Deus Omnipotente, cujas palavras são eternas.



MENSAGEM DO SANTO PADRE JOÃO PAULO II


AO CARDEAL JORGE ARTURO MEDINA ESTÉVEZ


E À COMISSÃO VOX CLARA


Ao venerado Irmão
Cardeal Jorge ARTURO MEDINA ESTÉVEZ
Prefeito da Congregação para o Culto Divino
e a Disciplina dos Sacramentos



Na paz de Cristo, nosso eterno e Sumo Sacerdote (cf. Hb He 5,10), saúdo Vossa Eminência, os membros e os Consultores da Comissão Vox Clara, criada para assistir e aconselhar a Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos no cumprimento dos seus deveres no que se refere às traduções em inglês dos textos litúrgicos. Representando os diversos continentes, a comissão reflecte o carácter internacional da língua inglesa. Isto faz com que a Santa Sé possa dispor da grande riqueza de experiência pastoral das diversas culturas.

Na minha Carta Apostólica Vicesimus Quintus Annus, que comemorou o XXV aniversário da Sacrosanctum concilium, tratei o tema da promoção pastoral da Liturgia e a necessidade de "uma tarefa permanente, a fim de levar a haurir cada vez mais abundantemente, na riqueza da mesma Liturgia, aquela energia vital que, provindo de Cristo, se difunde pelos membros do seu Corpo que é a Igreja" (n. 10). Sem dúvida, o uso da língua nacional foi um instrumento importante que permitiu aos fiéis participar mais profundamente no encontro com Deus em Cristo.

Dado que a lex orandi se conforma com a lex credendi, a fidelidade aos ritos e aos textos da Liturgia é muito importante para a Igreja e para a vida cristã. A esta luz, desejo oferecer todo o encorajamento à Comissão Vox Clara para a sua tarefa de coadjuvar a Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos garantindo que os textos do Rito Romano sejam traduzidos de modo cuidadoso, segundo as normas da Instrução Liturgiam authenticam.
De maneira particular, desejo confiar aos Pastores da Igreja a importante tarefa de fazer com que os fiéis possam dispor, o mais depressa possível, das traduções nas línguas nacionais da editio tertia do Missale Romanum, publicação que autorizei no ano passado.

Sinto-me feliz por saber que os membros da Comissão Vox Clara prometeram assistir generosamente a Santa Sé para apressar a revisão e a recognitio destas traduções por parte da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos.

Ao invocar a luz do Espírito Santo sobre a Comissão e a Congregação e ao confiar a vossa obra à solicitude amorosa de Maria, Mãe da Igreja, concedo de coração a minha Bênção Apostólica como penhor de paz no Salvador Ressuscitado.

Vaticano, 20 de Abril de 2002.





DISCURSO DO SANTO PADRE JOÃO PAULO II


POR OCASIÃO DA PUBLICAÇÃO DO


PRIMEIRO VOLUME DA ENCICLOPÉDIA CATÓLICA RUSSA


Terça-feira, 23 de Abril de 2002


Venerados Irmãos no Episcopado
Estimados Académicos e Professores
Caríssimos Irmãos e Irmãs

1. Para mim é um motivo de alegria espiritual receber-vos hoje nesta Audiência especial. Viestes para apresentar ao Papa o primeiro volume da grande Enciclopédia Católica Russa, fruto dos vossos esforços e do vosso amor à Igreja. Obrigado do íntimo do coração!

Saúdo com afecto fraterno o querido D. Tadeusz Kondrusiewicz, Arcebispo Metropolitano da Arquidiocese da Mãe de Deus, em Moscovo, e estou feliz pela iniciativa que ele tomou e apoiou, de oferecer ao povo russo este significativo dom que passa em revista a tradição, a vida e a doutrina da Igreja católica. Enquanto me dirijo a ele, desejo fazer chegar o meu afectuoso pensamento também aos Pastores e aos fiéis católicos da Federação Russa.

Além disso, transmito um agradecimento ao qualificado grupo de estudiosos, académicos, redactores e colaboradores que, sob a coordenação do Pe. Gregório Ciorok e com louvável competência, deram início a este benemérito empreendimento.

O meu sentimento faz-se extensivo a quantos, com generosidade clarividente, defenderam a realização prática desta obra. O Senhor vos recompense abundantemente a todos!

2. Caríssimos, é-me grato saber que, apesar das dificuldades, chegastes felizmente ao termo desta primeira etapa do vosso programa.

A Enciclopédia que preparastes constitui uma importante contribuição que os católicos desejam oferecer a todas as pessoas de língua russa, que querem aprofundar os tesouros que Deus concedeu aos homens, através da sua Igreja. Com esta obra, a comunidade católica presente no solo russo desde há vários séculos, deseja confirmar a sua vontade de acompanhar a grande cultura russa, para estabelecer com ela um diálogo profícuo e profundo, em total vantagem do povo que a exprime.

Formulo votos a fim de que estes vossos esforços contribuam para o aprofundamento do conhecimento e da estima recíprocos entre todos aqueles que vivem o Evangelho de Jesus Cristo na vossa amada Pátria. Efectivamente, as fontes conjuntas da fé e as respectivas e legítimas Tradições oferecem um testemunho do mandato do Senhor Jesus, que consiste em transmitir o Evangelho a todos os recantos da terra (cf. Mt Mt 28,19-20).

Com estes sentimentos, enquanto invoco a intercessão de Maria, Mãe da Igreja, e a dos Santos Cirilo e Metódio sobre todo o querido povo russo, concedo-vos a vós e às vossas comunidades a minha cordial bênção apostólica, propiciadora de abundantes frutos espirituais.



DISCURSO DO SANTO PADRE JOÃO PAULO II


AOS PARTICIPANTES


NA REUNIÃO INTERDICASTERIAL


COM OS CARDEAIS DOS


ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA


Terça-feira, 23 de Abril de 2002

Queridos Irmãos

1. Permiti-me assegurar-vos, em primeiro lugar, que aprecio enormemente o esforço que estais a realizar em ordem a manter a Santa Sé, e também a mim pessoalmente, informados acerca daquilo que diz respeito à complexa e difícil situação que se veio a criar no vosso País no decorrer dos últimos meses. Estou persuadido de que os vossos debates aqui darão muito fruto para o bem da população católica dos Estados Unidos da América. Viestes à casa do Sucessor de Pedro, cuja tarefa consiste em confirmar os seus Irmãos Bispos na fé e no amor, e em uni-los à volta de Cristo no serviço do Povo de Deus. A porta desta casa permanece sempre aberta para vós. E ainda em maior medida quando as vossas comunidades se sentem angustiadas.

Como vós, também eu fiquei profundamente magoado com o facto de que alguns sacerdotes e pessoas religiosas, cuja vocação consiste em ajudar os indivíduos a levar uma vida santa aos olhos de Deus, tenham causado tanto sofrimento e escândalo aos jovens. Em virtude do grande prejuízo causado por determinados sacerdotes e pessoas religiosas, a própria Igreja é olhada com desconfiança, e muitas pessoas ficaram ofendidas com o comportamento assumido pelos líderes da Igreja a respeito deste tema. O abuso que provocou esta crise é injusto, sob todos os pontos de vista, e por isso a sociedade justamente o considera como um crime; e, aos olhos de Deus, trata-se de um pecado grave. Às vítimas e às suas famílias, onde quer que agora se encontrem, quero expressar o meu profundo sentimento de solidariedade e de solicitude.

2. É verdade que uma falta generalizada de conhecimento acerca da natureza deste problema e, às vezes, inclusivamente o conselho de especialistas clínicos, levaram os Bispos a tomar decisões que, mais tarde, os acontecimentos mostraram que eram erróneas. Actualmente, estais a empenhar-vos em definir critérios de maior confiança em ordem a assegurar que estes mal-entendidos não se repitam. Ao mesmo tempo, enquanto se deve reconhecer toda a importância que estes critérios têm, não podemos esquecer o poder da conversão cristã, aquela decisão radical de se afastar do pecado e de voltar para Deus, decisão esta que alcança as profundidades da alma da pessoa e pode dar lugar a transformações verdadeiramente extraordinárias.

Também não devemos esquecer o imenso bem espiritual, humano e social que a grande maioria dos sacerdotes e das pessoas religiosas nos Estados Unidos da América realizaram e ainda agora estão a levar a cabo. A Igreja católica no vosso País tem sempre promovido os valores humanos e cristãos, com grande vigor e generosidade, de maneira a ajudar a consolidar tudo aquilo que existe de nobre no seio do povo norte-americano.

Uma grande obra de arte pode ser danificada, mas a sua beleza permanece; e esta é uma verdade que qualquer crítico, intelectualmente honesto, deverá reconhecer. Às comunidades católicas nos Estados Unidos da América, aos seus Pastores e aos seus membros, aos Religiosos e às Religiosas, aos Professores das universidades e escolas católicas, aos Missionários norte-americanos espalhados em todas as regiões do mundo, dirigem-se os agradecimentos mais sinceros de toda a Igreja católica e a gratidão pessoal do Bispo de Roma.

3. O abuso contra os jovens constitui um grave sintoma de uma crise que está a atingir não exclusivamente a Igreja, mas também toda a sociedade no seu conjunto. Trata-se de uma profunda crise da moral sexual, e até mesmo dos relacionamentos humanos, cujas primeiras vítimas são as famílias e os seus membros mais jovens. Abordando com clarividência e determinação o problema do abuso, a Igreja ajudará a sociedade a compreender e a enfrentar a crise que a invade.

Para os fiéis católicos e, mais em geral, para a comunidade, deve ser absolutamente claro o facto de que os Bispos e os Superiores estão preocupados sobretudo com o bem espiritual das almas. As pessoas têm necessidade de saber que, no sacerdócio e na vida religiosa, não há espaço para aqueles que desejam prejudicar os jovens. Elas devem saber que os Bispos e os Sacerdotes estão completamente comprometidos na plenitude da verdade católica acerca das problemáticas da moral sexual, uma verdade que é tão essencial para a renovação do sacerdócio e do episcopado, como para a renovação do matrimónio e da vida familiar em geral.

4. Devemos ter confiança de que este período de provações servirá para a purificação de toda a comunidade católica, uma purificação que é urgentemente necessária, se a Igreja quiser pregar de maneira mais eficaz o Evangelho de Jesus Cristo, com toda a sua força libertadora. Nesta hora deveis assegurar que, onde abundou o pecado, superabunde a graça (cf. Rm Rm 5,20). Tanto sofrimento e tanta angústia devem levar a um sacerdócio mais santo, a um episcopado mais santo, a uma Igreja mais santa.

Somente Deus é a fonte da santidade, e é acima de tudo para Ele que nos devemos voltar para implorar o perdão, a purificação e a graça de enfrentar este desafio com coragem sem compromissos e com harmonia de intenções. Assim como o Bom Pastor, do Evangelho do domingo passado, também os Pastores devem ir para o meio dos seus sacerdotes e do seu povo como homens que inspiram uma profunda confiança e os guiam para as águas refrescantes (cf. Sl Ps 22 [21], 2).

Peço ao Senhor que conceda aos Bispos dos Estados Unidos da América a fortaleza para basear a sua resposta à presente crise sobre os sólidos fundamentos da fé e sobre uma autêntica caridade pastoral ao serviço das vítimas, assim como em benefício dos sacerdotes e de toda a comunidade católica presente no vosso País. Além disso, peço aos católicos que permaneçam próximos dos seus Sacerdotes e dos seus Bispos, para os apoiar com as suas orações neste tempo de dificuldade.

A paz de Cristo ressuscitado esteja com todos vós!



DISCURSO DO SANTO PADRE JOÃO PAULO II


AOS PARTICIPANTES NO X SIMPÓSIO DO


CONSELHO DAS CONFERÊNCIAS EPISCOPAIS DA EUROPA (C.C.E.E.)


25 de Abril de 2002

Venerados Irmãos no Episcopado

1. É com grande alegria que vos recebo, por ocasião do vosso X Simpósio e, a cada um, dou as minhas cordiais boas-vindas. Em particular, saúdo o Presidente do Conselho das Conferências Episcopais da Europa (C.C.E.E.), D. Amédée Grab, e agradeço-lhe os sentimentos de profunda comunhão com o Sucessor de Pedro, que quis expressar no nome de todos vós.

Como já pude recordar noutras ocasiões, a função eclesial das Conferências Episcopais da Europa constitui um fruto providencial do Concílio Vaticano II e representa uma especial dádiva de comunhão para o nosso tempo. Durante as últimas décadas, estes encontros ofereceram a possibilidade de intensificar, entre as diversas Comunidades católicas presentes na Europa, estes relacionamentos de caridade evangélica, que as tornam autênticas casas e escolas de comunhão.

Encontrando-me convosco, vou espiritualmente aos diversos simpósios em que Deus me concedeu participar como Arcebispo de Cracóvia. Recordo da maneira especial a assembleia de 1975, quando tive a honra de ser um dos seus relatores.

Em cada um dos encontros, apresentou-se a oportunidade de abordar aspectos e projectos da nova evangelização, grande empresa apostólica que compromete todo o povo cristão.
2. É de particular importância o tema escolhido para este X Simpósio: Jovens da Europa em mudança. Laboratório da Fé.

Cada Pastor sabe que a sua primeira responsabilidade consiste em ajudar os fiéis a encontrar Cristo. Um encontro que, ao longo dos últimos dois milénios, transformou a vida de pessoas e de gerações inteiras da Europa. Como deixar de sentir com vigor a responsabilidade de salvaguardar estas raízes cristãs?

Na realidade, são precisamente os jovens que pedem que, hoje, o Evangelho seja semeado de maneira nova no seu coração. São eles que nos recordam, às vezes de modo exigente, a expectativa da "boa notícia". Sim, caríssimos Irmãos, sentimos a urgência de apresentar às novas gerações, como único Redentor do homem, aquele Jesus que, sendo Deus, quis entrar por amor nas feridas da história, até experimentar o abandono da cruz.

Diante do vazio dos valores e das profundas questões existenciais que interpelam a sociedade hodierna, devemos proclamar e testemunhar o facto de que Cristo assumiu as interrogações, as expectativas e até mesmo os dramas da humanidade de todos os tempos. Com a sua ressurreição, Ele tornou plenamente possível a realização do desejo de vida e de eternidade que se esconde no coração de cada homem e, de modo especial, dos jovens.

A Europa tem urgência de encontrar este Deus, que ama os homens e se faz presente em cada provação e dificuldade humana. Para que isto se verifique, é indispensável que os fiéis estejam prontos para dar o testemunho da fé com a sua própria vida. Assim, crescerão Comunidades eclesiais amadurecidas, preparadas e dispostas a utilizar todos os meios para a nova evangelização.

3. Caríssimos jovens, saúdo-vos com afecto. É mais significativo do que nunca que vós, esperança da Igreja e da Europa, estais presentes neste Simpósio. Ele interessa-vos de perto porque, no actual contexto social, é para vós que a Igreja olha com particular atenção. E Ela espera de vós o dom de uma existência plenamente fiel a Cristo e à sua mensagem de salvação.

Neste tempo litúrgico, resplandecente pela luz do Ressuscitado, formulo votos a fim de que Ele vos conceda a sua paz. Oxalá Ele seja o Mestre para cada um de vós, como o foi para os discípulos de Emaús. E vós, caríssimos, segui-o confiadamente, com entusiasmo e perseverança. Não permitais que seja marginalizado. O Evangelho é indispensável para renovar a cultura; é indispensável para construir um futuro de paz verdadeira na Europa e no mundo. Caríssimos jovens, compete a vós oferecer esta contribuição. Portanto, não hesiteis em responder "sim" a Deus que vos chama.

4. Depois, saúdo os delegados das outras Igrejas e Comunidades eclesiais aqui presentes. Sente-se cada vez mais claramente que a reconciliação entre os cristãos é determinante para a credibilidade do anúncio do Evangelho e para a construção da Europa. A Charta oecumenica para a Europa, assinada em Estrasburgo no mês de Abril de 2001, sob este ponto de vista assinala um passo relevante para o incremento da colaboração entre Igrejas e Comunidades cristãs. Rezo a Deus para que se percorra este caminho com confiança e determinação cada vez maiores.

Dirijo o meu pensamento benévolo inclusivamente aos responsáveis dos organismos episcopais da África, da Ásia e da América, que participam nestes trabalhos. Caríssimos, graças à vossa presença, alarga-se a perspectiva eclesial e a Europa toma uma consciência mais profunda da responsabilidade que lhe é própria, no que diz respeito às outras terras e populações, para construir a desejada solidariedade universal. Formulo votos a cada um de vós, a fim de que possa contribuir para o pleno bom êxito do Simpósio.

5. Dilectos Irmãos e Irmãs, durante estes dias e em cada instante da vossa existência o Senhor, com o poder do Espírito Santo, vos cumule com os seus dons de amor, de alegria e de paz. Acompanhe-vos Maria, a Mãe da Igreja, e vos proteja o Evangelista São Marcos, cuja festa celebramos precisamente no dia de hoje.

Enquanto asseguro a todos a minha recordação na prece, é de coração que vos abençoo, a vós e às Comunidades eclesiais a que pertenceis.



DISCURSODO SANTO PADRE JOÃO PAULO II


AOS GRUPOS DE PEREGRINOS DE


VÁRIAS REGIÕES ITALIANAS


25 de Abril de 2002


Caríssimos Irmãos e Irmãs

1. Acolho-vos com grande alegria e dirijo a cada um de vós a minha cordial e grata saudação de boas-vindas! Viestes de varias regiões italianas em peregrinação a Roma, onde São Pedro e São Paulo deram um corajoso testemunho de Cristo, com o martírio. Possa esta vossa passagem junto dos túmulos dos Príncipes dos Apóstolos reforçar-vos na fidelidade ao Evangelho e ao ensinamento da Igreja; leve-vos, também, a prosseguir com entusiasmo espiritual renovado no caminho para a santidade, meta de todos os baptizados.

2. O meu afectuoso pensamento vai, antes de mais, para vós, caríssimos e numerosos assistentes das dioceses de Nápoles. Saúdo, de modo especial, o vosso Arcebispo, o Cardeal Michele Giordano, a quem agradeço as palavras que me dirigiu. Com ele, saúdo também os Bispos auxiliares que vos acompanham. Estou contente por este encontro, que me oferece a oportunidade de manifestar um vivo apreço pelo importante serviço litúrgico que tendes desenvolvido nas respectivas comunidades paroquiais.

O vosso é um serviço especial, que vos proporciona a possibilidade de experimentar de mais perto a presença e a obra eficaz de Cristo em cada acto litúrgico e, em particular, na celebração eucarística. A Eucaristia é uma admirável fonte onde deveis acorrer constantemente, dela tirando a coragem e a força para viver como cristãos autênticos e testemunhar por toda a parte o amor universal de Deus por toda a criatura. É Cristo eucarístico que alimenta e fortifica os crentes e os torna capazes de aderir generosamente à vontade do Pai celeste. Esta participação assídua no sacramento do Altar tornar-vos-á dóceis ao Espírito Santo e capazes de corresponder com alegre disponibilidade aos impulsos da graça.

Exercendo o vosso serviço litúrgico, sois colaboradores do sacerdote, mas acima de tudo sois servidores de Jesus. Convido-vos, portanto, a cultivar uma íntima amizade com Ele, reconhecendo n'Ele um verdadeiro amigo, sempre ao vosso lado, nos momentos belos como nos difíceis. Não esqueçais! Ele tem necessidade de adolescentes e jovens que, para lá do serviço do altar, se tornem ministros do altar, pondo-se à sua total disposição para anunciar o Evangelho e dispensar a graça divina ao mundo inteiro.

Peço ao Senhor que, também neste encontro, ajude cada um de vós a descobrir a própria vocação e a segui-la fielmente, seja para o sacerdócio seja para a vida consagrada. O Senhor continua ainda hoje a chamar homens e mulheres a segui-lo de mais perto. Rezai também vós, para que a sua voz encontre corações abertos e generosos.

3. Saúdo, depois, os representantes da Obra salesiana de Génova Sampierdarena, vindos aqui na ocasião do 130º aniversário da fundação do seu Centro pastoral. Caríssimos, esta vossa peregrinação a Roma é, num certo sentido, um acto de gratidão ao vosso fundador, São João Bosco. Foi ele mesmo que, pessoalmente, deu início à vossa bela instituição e a considerou como uma "segunda Valdocco", como que a significar a grande importância para toda a família salesiana.

Do Centro de Sampierdarena partiam os primeiros missionários e com eles as Filhas de Maria Auxiliadora, directamente para a América. Deixavam o porto, dirigindo um último olhar para o campanário que domina as estruturas do Instituto genovês.

Considerai, caríssimos, o ardor apostólico destes intrépidos evangelizadores e fazei de modo a que o Instituto de Sampierdarena continue a ser uma janela escancarada sobre o mundo. Em particular, empenhai-vos numa nova "sementeira do Evangelho", descobrindo a urgência do mandato missionário. O dom da fé é uma preciosa herança a conservar e a transmitir. É um dom precioso da graça, que permite olhar com confiança e esperanpa para o futuro, mesmo no meio de dificuldades e problemas.

4. Uma cordial saudação, enfim, à Comunidade juvenil "Gli allunni del cielo" (os alunos do céu) de Turim, que há tantos anos estão empenhados em testemunhar o Evangelho da vida com a linguagem universal do canto e da música. Caros jovens, desejo que volteis às vossas casas fortalecidos por esta experiência espiritual e revigorados no desejo de falar ao coração de cada homem com a força do amor cristão. Comunicai a quantos encontrardes uma mensagem de esperança, propondo sempre a autêntica visão evangélica da realidade.

Invoco sobre vós e sobre todos os presentes a protecção maternal de Maria, Mãe de Jesus e nossa Mãe, assim como a do evangelista São Marcos, cuja festa hoje celebramos. Asseguro-vos a minha oração e abençoo- vos do coração.



DISCURSO DO SANTO PADRE JOÃO PAULO II


AOS PARTICIPANTES NA XI ASSEMBLEIA NACIONAL


DA ACÇÃO CATÓLICA ITALIANA


26 de abril de 2002

Carísssimos adolescentes
jovens e adultos da Acção Católica

1. É-me particularmente grato acolher-vos em Audiência especial na ocasião da vossa XI Assembleia Nacional. A relação entre a Acção Católica e o Papa é muito estreita e foi-se consolidando ao longo do tempo. Desde o seu início, de facto, a vossa Associação teve na pessoa e no ensinamento do "Padre branco" um ponto de referência qualificada para os próprios programas e a própria acção. Esta ligação caracteriza-se por uma sólida amizade, que encontra a sua expressão em alguns encontros significativos: em cada ano, no Natal, os jovens da ACR vêm transmitir-me os bons votos, enquanto, de três em três anos, nos voltamos a ver por ocasião da vossa Assembleia Nacional.

Saúdo de modo especial o Cardeal Camillo Ruini, Presidente da Conferência Episcopal Italiana e os Bispos que vos acompanharam, a Presidente Nacional, Senhora Paola Bignardi, o Assistente Eclesiástico Geral, Mons. Francesco Lambiasi, os outros Assistentes e Responsáveis. Faço extensiva a minha saudação a cada um de vós, que tomais parte na Assembleia e a todos os inscritos.

2. Nesta circunstância, desejo antes de mais nada dizer-vos obrigado pelo vosso amor à Igreja, que a fé vos faz sentir como a vossa família. Obrigado pelo vosso empenho na vida ordinária das comunidades paroquiais. Sei que vós "estais presentes", mesmo quando a vossa presença prefere os modos discretos de se confundir entre o Povo de Deus no serviço humilde e quotidiano.

Este vosso serviço eclesial nunca se reduza a um mero activismo, antes seja um sinal concreto da compaixão com que o Senhor se inclina sobre o sofrimento dos pobres e pede a cada um que abra o seu coração aos dramas de quantos estão em dificuldade.

Continuai a construir no interior do Povo de Deus laços de comunhão e de diálogo: nos Conselhos pastorais, nas relações com os sacerdotes e com os outros grupos e movimentos. O vosso serviço será muito mais apreciado, se souberdes fazer mostrar de modo brando e sereno o rosto maduro de um laicado aberto e disponível.

Para esta finalidade, é importante formar verdadeiras consciências cristãs, através de uma formação dirigida a jovens e adultos, aos mais novos e aos mais velhos, às famílias e aos adolescentes. É-me agradável, neste contexto, dirigir uma palavra de particular apreço a todos aqueles que na Acção Católica exercem um serviço de educação, empenhando-se em acompanhar as pessoas com o ensino e a escuta, com a compreensão e o apoio da exortação e do exemplo. Na história da Juventude Feminina estava em uso o mote: "o ideal vale mais do que a vida".

Especialmente vós, queridos formadores, sabei fazer entrever aos mais jovens a beleza de uma existência ainda hoje pronta a gastar-se pelo ideal que Cristo propõe no Evangelho.

3. Permiti-me aproveitar esta feliz ocasião para vos confiar algumas mensagens, que tanto me estão a peito.

Antes de mais nada, quero dizer-vos que a Igreja não pode renunciar à Acção Católica. A Igreja tem necessidade de um grupo de leigos que, fiéis à sua vocação e unidos à volta dos legítimos Pastores, estejam dispostos a compartilhar, juntamente com eles, o trabalho quotidiano da evangelização em todo os ambientes.

Como recentemente escreveram os vossos Bispos, "o vínculo directo e orgânico da Acção Católica com a diocese e o seu Bispo; a assunção da missão da Igreja; sentir-se "dedicado" à própria Igreja e à globalidade da sua missão; fazer seus o caminho, as opções pastorais, a espiritualidade da Igreja diocesana: tudo isto faz da Acção Católica não uma agregação eclesial entre as outras, mas um dom de Deus e um recurso para o incremento da comunhão eclesial" (Carta do Conselho Permanente da C.E.I. à Presidência Nacional da ACI, 12 de Março de 2002).

A Igreja tem necessidade da Acção Católica, porque tem necessidade de leigos prontos a dedicar a sua vida ao apostolado e a estabelecer, sobretudo com a Comunidade diocesana, um vínculo que dê uma marca profunda à sua vida e ao seu caminho espiritual. Tem necessidade de leigos cuja experiência manifeste, de maneira concreta e em cada dia, a grandeza e a alegria da vida cristã: leigos que saibam ver no Baptismo a raiz da sua dignidade, na Comunidade cristã a própria família com quem partilhar a fé, e no Pastor o pai que orienta e apoia o caminho dos irmãos; leigos que não reduzam a fé a um facto privado e não hesitem em levar o fermento do Evangelho ao contexto das relações humanas e às instituições, ao território e aos novos lugares da globalização, para construir a civilização do amor.

4. Precisamente porque a Igreja tem necessidade de uma Acção Católica viva, forte e bela, apraz-me repetir a cada um de vós: Duc in altum! ("Faz-te ao largo!").

Duc in altum, Acção Católica! Tem a coragem do futuro. A tua história, assinalada pelo exemplo luminoso dos Santos e Beatos, brilhe ainda hoje por fidelidade à Igreja e às exigências do nosso tempo, com aquela liberdade típica de quem se deixa guiar pelo sopro do Espírito e caminha com força para os grandes ideais.

Duc in altum! Sê no mundo presença profética, promovendo aquelas dimensões da vida muitas vezes esquecidas e por isso, ainda mais urgentes, como a interioridade e o silêncio, a responsabilidade e a educação, a gratuidade e o serviço, a sobriedade e a fraternidade, a esperança no amanhã e o amor à vida. Trabalha eficazmente para que a sociedade de hoje recupere o verdadeiro sentido do homem e da sua dignidade, o valor da vida e da família, da paz e da solidariedade, da justiça e da misericórdia.

Duc in altum! Tem a humilde audácia de fixar o teu olhar em Jesus para fazer partir d'Ele a tua autêntica renovação. Assim, será mais fácil para ti distinguir o que é necessário daquilo que é fruto do tempo, e viverás a desejada renovação como uma aventura do Espírito, que te tornará capaz de percorrer também os árduos caminhos do deserto e da purificação para chegar a experimentar a beleza da vida nova que Deus não cessa de dar a quantos põem n'Ele a sua confiança.

Acção Católica, não tenhas medo! Tu pertences à Igreja e estás no coração do Senhor, que não deixa de guiar os teus passos para a novidade nunca prevista e jamais ultrapassada do Evangelho.

Em tal itinerário, quantos fazeis parte desta gloriosa Associação, sabei que o Papa vos apoia e vos acompanha com a oração e, ao dirigir-vos o Seu caloroso convite a perseverar nos compromissos assumidos, do coração a todos vos abençoa.



MENSAGEM DO SANTO PADRE JOÃO PAULO II


À FEDERAÇÃO DOS UNIVERSITÁRIOS CATÓLICOS ITALIANOS (F.U.C.I.), POR OCASIÃO DO SEU CONGRESSO NACIONAL


Caríssimos jovens da F.U.C.I.

1. Foi com prazer que tomei conhecimento de que a vossa Federação se prepara para celebrar o seu Congresso nacional, dedicado a um tema particularmente interessante e actual para a Igreja e para a sociedade: "Solidariedade na rede das interdependências". Ao dirigir aos participantes e a todos os sócios a minha afectuosa saudação, desejo assegurar-vos a minha proximidade espiritual e desejar-vos o êxito mais proveitoso deste encontro tão importante para a vossa vida associativa.

É-me grato acompanhar os trabalhos que desempenhais nestes dias com algumas reflexões, que tenho particularmente a peito, e que gostaria de confiar à vossa mente e aos vossos corações vigilantes e generosos.

Sois jovens católicos universitários. Penso em vós, jovens estudantes, como em pessoas sensíveis e corajosas que descobriram a beleza de uma vida iluminada pela fé no Senhor Jesus e vivida em plena comunhão com a Igreja. Nunca vos envergonheis do Evangelho! Não vos deixeis vencer pelo temor de professar com orgulho humilde a alegria de pertencer à comunidade eclesial. Não confundais o diálogo com um acolhimento acrítico das opiniões predominantes, mas, seguindo a exortação do apóstolo Paulo, "Examinai tudo e retende o que for bom" (1Th 5,21).

Neste serviço à Verdade, nunca poderá faltar o apoio precioso de uma formação sólida e cuidadosa, constantemente alimentada pela meditação da Palavra de Deus, acompanhada e apoiada por quem está ao vosso lado no caminho da fé, pontualmente verificada com base em critérios adequados para discernir a genuína identidade eclesial de uma associação como a vossa, que tem como objectivo estar em plena e constante sintonia com os Pastores da Igreja.

2. O âmbito específico de vida e de actividade da F.U.C.I., é o da universidade. Por conseguinte, a vossa missão consiste em ser "fermento, sal e luz" do Evangelho nos ambientes da investigação científica e da qualificação profissional. Para fazer isto, é preciso, em primeiro lugar, cultivar uma intensa vida espiritual, alimentada pela escuta da Palavra de Deus, da oração assídua, da participação na liturgia da Igreja. Paralelamente ao empenho pelo estudo e pelas actividades associativas, nunca deve faltar a consciência de ser sobretudo contemplativos do mistério de Deus.

O vosso testemunho cristão límpido e alegre, vivido em cordial comunhão com todos os que partilham o ideal evangélico também noutras associações eclesiais, ajude todos a encontrar-se com a pessoa de Jesus. Só ele pode encher a vida de sentido e oferecer a salvação plena e segura ao coração faminto de liberdade e de verdadeira felicidade. É numa cultura cristãmente inspirada, que os valores humanos autênticos podem encontrar a sua realização integral. No que se refere depois à linguagem com a qual anunciar a boa nova do Senhor Jesus, ela deve inspirar-se na franqueza genuína e humilde das verdadeiras testemunhas da fé. Assim, poderá evitar quer as tonalidades da polémica amarga, quer o risco de uma espécie de "complexo de inferioridade", que, por vezes, infelizmente se insinua na consciência de alguns católicos. Exorto-vos, portanto, a fazer vosso, com convicção e adesão sincera, o "projecto cultural" da Igreja na Itália, oferecendo generosamente o precioso contributo de uma mediação inteligente, fiel e criativa.

3. Sei que na ocasião deste Congresso nacional vos propondes reflectir sobre um tema particularmente urgente e delicado: a progressiva intensificação das relações entre os povos, fenómeno que é hoje qualificado com a palavra "globalização". A respeito disto, desejo recordar alguns princípios fundamentais, que podem ajudar a orientar este fenómeno na direcção justa.
A crescente interdependência entre os povos, enquanto requer a recusa do terrorismo e da violência como caminho praticável para reconstruir as condições essenciais de justiça e de liberdade, exige sobretudo uma forte solidariedade moral, cultural, económica e uma organização política da sociedade internacional que possa garantir os direitos de todos os povos.

A solução para o mal do subdesenvolvimento e para as situações dramáticas em que vivem e morrem milhões de pessoas é de natureza fundamentalmente ética, e a ela devem corresponder escolhas económicas e políticas coerentes. O primeiro e decisivo contributo para um progresso deveras digno do homem está representado pelo apoio a programas de educação cultural. Como tive ocasião de recordar na Encíclica Redemptoris missio, o verdadeiro progresso da sociedade deriva primariamente "da formação das consciências, do amadurecimento das mentalidades e dos costumes. O homem é o protagonista do desenvolvimento, não o dinheiro ou a técnica" (n. 58). Certamente deve ser procurada também a reforma do comércio internacional e do sistema financeiro mundial, mas todos são chamados a assumir empenhos precisos segundo as próprias possibilidades, modificando, no que for necessário, o próprio estilo de vida, para que se possa chegar a um desenvolvimento equitativo e solidário, cujos benefícios sejam postos à disposição de todos.

De facto, como realcei noutra ocasião, cooperar para o desenvolvimento dos povos "é um imperativo para todos e cada um dos homens e das mulheres e também para as sociedades e as nações" (Sollicitudo rei socialis SRS 32).

4. Caríssimos jovens, prossegui o vosso empenho eclesial, cultural e associativo, de acordo com os exemplos de vida e de testemunho cristão das numerosas "forjas" que vos precederam no sinal da fé e na generosa adesão aos valores e aos ideais da F.U.C.I.

Confio as vossas pessoas e os trabalhos deste Congresso à materna protecção da Virgem Maria, Sede da Sabedoria e, ao garantir-vos a minha proximidade com a oração e com o afecto, abençoo-vos de coração, juntamente com os vossos Assistentes, familiares e amigos.

Vaticano, 26 de Abril de 2002.




Discursos João Paulo II 2002