Discursos João Paulo II 2002 - Quinta-feira 25 de Julho de 2002

O "Sermão da Montanha" traça o mapa deste caminho. As oito bem-aventuranças são os sinais que indicam a direcção a seguir. É um caminho em subida, mas foi o primeiro que Jesus percorreu. E está pronto para o percorrer de novo. Certo dia ele disse: "Quem Me segue não andará nas trevas" (Jn 8,12). E noutra ocasião acrescentou: "Digo-vos isto para que a Minha alegria esteja em vós e o vosso gozo seja completo" (Jn 15,11).

Caminhando com Cristo, podemos conquistar a alegria, a alegria verdadeira! É precisamente por este motivo que ele ainda hoje vos faz um apelo à alegria: "Bem-aventurados...".

Ao receber agora a sua Cruz gloriosa, esta Cruz que percorreu com os jovens as estradas do mundo, deixai que no silêncio do vosso coração ressoe esta palavra confortadora: "Bem-aventurados...".

Depois da procissão dos jovens com a Cruz do Ano Santo, o Papa retomou o seu discurso:

4. Reunidos à volta da Cruz do Senhor, olhemos para Ele: Jesus não se limitou a pronunciar as Bem-aventuranças; Ele viveu-as. Olhando a sua vida, relendo o Evangelho, ficamos admirados: o mais pobre dos pobres, o ser mais dócil dos homens, a pessoa com o coração mais puro e misericprdioso é precisamente Ele, Jesus. As Bem-aventuranças mais não são que a descrição de um rosto, o seu Rosto!

Ao mesmo tempo, as Bem-aventuranças descrevem o cristão: elas são o retrato do discípulo de Jesus, a fotografia do homem que aceitou o Reino de Deus e deseja sintonizar a própria vida com as exigências do Evangelho. Jesus dirige-se a este homem chamando-o "bem-aventurado".
A alegria que as Bem-aventuranças prometem é a mesma alegria de Jesus: uma alegria procurada e encontrada na obediência ao Pai e no dom de si aos irmãos.

5. Jovens do Canadá, da América e de todas as partes do mundo! Olhando para Jesus podeis aprender o que significa ser pobres em espírito, humildes e misericordiosos; o que significa procurar a justiça, ser puros de coração, realizadores de paz.

Com o olhar fixo n'Ele, podeis descobrir o caminho do perdão e da reconciliação num mundo muitas vezes tomado pela violência e pelo terror. Experimentamos com dramática evidência, durante o ano passado, o rosto trágico da maldade humana. Vimos o que acontece quando reinam o pecado o ódio e a morte.

Mas hoje a voz de Jesus ressoa no meio da nossa assembleia. A sua é uma voz de vida, de esperança, de perdão; é voz de justiça e de paz. Escutemo-la!

6. Queridos amigos, a Igreja hoje olha para vós com confiança e espera que vos torneis o povo das bem-aventuranças.

Bem-aventurados vós, se fordes como Jesus, pobres em espírito, bons e misericordiosos; se souberdes procurar o que é justo e recto; se tiverdes um coração puro, se fordes realizadores de paz, amantes e servos dos pobres. Bem-aventurados!

Só Jesus é o verdadeiro Mestre, só Jesus apresenta uma mensagem que não muda, mas que responde às expectativas mais profundas do coração do homem, Ele sabe o que cada um leva no coração, porque só Ele conhece "o interior de cada um" (Jn 2,25). Hoje, ele chama-vos a ser sal e luz do mundo, a optar pela bondade, a viver na justiça, a tornar-vos instrumentos de amor e de paz. A sua chamada exigiu sempre uma opção entre o bem e o mal, entre a luz e as trevas, entre a vida e a morte. O mesmo convite é feito hoje a vós que vos encontrais aqui, nas margens do lago Ontário.

7. Qual será a chamada que as sentinelas da manhã escolherão seguir? Crer em Jesus significa acolher o que Ele diz, mesmo se vai contra a corrente em relação ao que dizem os outros. Significa recusar as solicitações do pecado, por muito atraentes que elas possam ser, e encaminhar-se pelo caminho exigente das virtudes evangélicas.

Jovens que me escutais, respondei ao Senhor com um coração forte e generoso! Ele conta convosco. Não vos esqueçais: Cristo precisa de vós para realizar o seu projecto de salvação! Cristo precisa da vossa juventude e do vosso generoso entusiasmo para fazer ressoar o seu anúncio de alegria no novo milénio. Respondei ao seu apelo pondo a vossa vida ao Seu serviço nos irmãos! Tende confiança em Cristo, porque Ele confia em vós.

8. Senhor Jesus Cristo,
proclama mais uma vez
as tuas Bem-aventuranças
diante destes jovens,
reunidos aqui em Toronto
para a sua Jornada Mundial.
Olha com amor para estes jovens
e escuta estes jovens corações,
que estão dispostos a arriscar
o seu futuro por ti.
Tu chamaste-os para que fossem
"sal da terra e luz do mundo".
Continua a ensinar-lhes a verdade
e a beleza das perspectivas
por ti anunciadas no Monte.
Faz deles homens e mulheres
das Bem-aventuranças!
Resplandeça neles a luz
da tua sabedoria, de forma que,
com as palavras e com as obras
saibam difundir
a luz e o sal do Evangelho.

Faz com que toda a sua vida
seja um reflexo luminoso de ti,
que és a Luz verdadeira,
que veio ao mundo, para que,
todos os que crêem em Ti,
não pereçam, mas tenham
a vida eterna (cf. Jo Jn 3,16)!

No final do encontro, antes de conceder a Bênção conclusiva, o Papa disse:

Queridos amigos, agradeçamos ao Senhor o dom da juventude. A juventude vem e passa, mas permanece em toda a vida. Obrigado pelo dom das danças e boa continuação.



VIAGEM APOSTÓLICA À TORONTO,

À CIDADE DA GUATEMALA E À CIDADE DO MÉXICO

XVII JORNADA MUNDIAL DA JUVENTUDE

VIGÍLIA DE ORAÇÃO

SAUDAÇÃO DO SANTO PADRE JOÃO PAULO II


Parque "Downsview", Toronto

Sábado 27 de Julho de 2002



Queridos Jovens do mundo inteiro
Estimados Amigos
Dilecto Povo das Bem-Aventuranças

1. Saúdo-vos a todos com afecto, no nome do Senhor! Sinto-me feliz por me encontrar convosco mais uma vez, depois dos dias de catequese, reflexão, partilha e festa que vivestes.

Aproximamo-nos da fase conclusiva do vosso Dia mundial, que terá a sua coroação amanhã com a celebração da Eucaristia.

É em vós, aqui reunidos em Toronto e provenientes dos quatro recantos da terra, que a Igreja vê o seu futuro e encontra a chamada àquela juventude com a qual o Espírito de Cristo a enriquece constantemente. O entusiasmo e a alegria que manifestais são os sinais do vosso amor ao Senhor e do vosso desejo de o servir na Igreja e nos vossos irmãos.

2. Nos últimos dias em Wadowice a minha cidade natal foi realizado o III Fórum Internacional de Jovens, que reuniu católicos, greco-católicos e ortodoxos provenientes da Polónia e da Europa do Leste. Mas hoje, reuniram-se lá milhares de jovens da toda a Polónia para se unirem a nós através da rádio e da televisão e para viverem connosco esta vigília de oração. Permiti que eu os saúde em polaco:

Saúdo os jovens de língua polaca, que vieram aqui em tão grande número da nossa Pátria e dos outros Países do mundo, e os milhares de jovens que, de toda a Polónia e dos Países da Europa do Leste, se reuniram em Wadowice para viver juntamente connosco esta vigília de oração. Desejo a todos que estes dias dêem abundantes frutos de generoso impulso na adesão a Cristo e ao seu Evangelho.

Amados jovens amigos, agradeço-vos a vossa presença em Toronto, abraço-vos de coração e não cesso de rezar por vós, a fim de que agora e sempre sejais o sal da terra e a luz do mundo.

Saúdo com afecto os jovens italianos aqui presentes e quantos, da Itália, se unem a nós através da televisão. Juntamente com os jovens, que nas diversas regiões da terra vivem de várias maneiras esta Jornada da Juventude, queremos abarcar o mundo inteiro com um abraço de fé e de amor, para proclamar a nossa fé em Cristo, amigo fiel que ilumina o caminho de cada homem.

3. Durante a Vigília desta noite receberemos a Cruz de Cristo, testemunho do amor de Deus pela humanidade. Aclamaremos o Senhor ressuscitado, luz que resplandece nas trevas. Rezaremos com os Salmos, repetindo as mesmas palavras pronunciadas por Jesus quando se dirigiu ao Pai durante a sua vida terrena. Elas são, ainda hoje, a oração da Igreja. Por fim, ouviremos a Palavra do Senhor, lâmpada para os nossos passos, luz sobre o nosso caminho (cf. Sl Ps 119,105).

Convido-vos a ser a voz dos jovens do mundo, das suas alegrias, desilusões e esperanças. Olhai para Jesus, o Vivente, e repeti-lhe a imploração dos Apóstolos: "Senhor, ensina-nos a rezar". A oração será como o sal que dá sabor à vossa existência e vos orienta para Ele, luz verdadeira da humanidade.



VIAGEM APOSTÓLICA À TORONTO,

À CIDADE DA GUATEMALA E À CIDADE DO MÉXICO

XVII JORNADA MUNDIAL DA JUVENTUDE

VIGÍLIA DE ORAÇÃO

DISCURSO DO SANTO PADRE JOÃO PAULO II


Parque "Downsview", Toronto

Sábado 27 de Julho de 2002



Queridos Jovens

1. Quando, em 1985, quis dar início às Jornadas Mundiais da Juventude, pensei nas palavras do Apóstolo João, que ouvimos nesta noite: "O que era desde o princípio, o que ouvimos, o que vimos com os nossos olhos, o que contemplámos e as nossas mãos apalparam acerca do Verbo da vida... isso vos anunciamos" (1Jn 1,1 1Jn 1,3). E imaginei as Jornadas Mundiais da Juventude como um momento forte em que os jovens do mundo pudessem aprender dele a ser os evangelizadores dos outros jovens.

Nesta noite, juntamente convosco, louvo a Deus e dou-lhe graças pelas dádivas derramadas sobre a Igreja através das Jornadas Mundiais da Juventude. Milhões de jovens participaram nas mesmas tornando-se, por conseguinte, testemunhas cristãs melhor e mais comprometidas. Estou-vos particularmente grato a vós, que respondestes ao meu convite para vir aqui a Toronto, em ordem a "proclamar a todo o mundo a vossa alegria por terdes encontrado Cristo Jesus, o vosso desejo de conhecê-lo cada vez melhor, o vosso compromisso de anunciar o Evangelho de salvação até ao últimos confins da terra!" (Mensagem para a XVII Jornada Mundial da Juventude, 25 de Julho de 2001, n. 5).

2. O novo milénio começou com dois cenários contrastantes: um, a visão de multidões de peregrinos que foram a Roma durante o Grande Jubileu para passar pela Porta Santa, que é Cristo, nosso Salvador e Redentor do homem; e o outro, o terrível ataque terrorista em Nova Iorque, imagem esta que constitui uma espécie de representação de um mundo em que a hostilidade e o ódio parecem prevalecer.

A questão que se levanta é dramática: sobre que fundamentos devemos edificar a nova era histórica, que está a nascer das grandiosas transformações do século XX? É suficiente confiar na revolução tecnológica, hoje em acto, que parece respeitar unicamente os critérios da produtividade e da eficácia, sem fazer referência à dimensão espiritual do indivíduo ou a quaisquer valores éticos universalmente compartilhados? É justo contentar-se com respostas provisórias aos problemas de fundo, abandonando a vida aos impulsos do instinto, às sensações efémeras ou aos entusiasmos passageiros?

Esta interrogação volta a ressoar: sobre que fundamentos e que certezas deveremos edificar as nossas vidas e a existência da comunidade a que pertencemos?

3. Queridos Amigos, espontaneamente nos vossos corações, no entusiasmo dos vossos anos juvenis, vós conheceis a resposta [a esta interrogação], e estais a manifestá-la através da vossa presença aqui nesta noite: somente Cristo é a pedra angular sobre a qual é possível construir solidamente o edifício da própria existência. Somente Cristo conhecido, contemplado e amado é o amigo fiel que jamais nos desilude, que se torna o nosso companheiro de viagem, e cujas palavras aquecem o nosso coração (cf. Lc Lc 24,13-35).

O século XX procurou, com frequência, subsistir sem esta pedra angular, tentando construir a cidade do homem sem Lhe fazer referência. Na realidade, terminou por edificar uma cidade contra o homem! Os cristãos sabem que não é possível rejeitar ou ignorar Deus, sem diminuir o homem.

4. A expectativa que a humanidade alimenta, no meio de tantas injustiças e sofrimentos é a de uma nova civilização, caracterizada pela liberdade e pela paz. Contudo, para realizar este empreendimento, é necessária uma nova geração de construtores que, animados não pelo medo ou pela violência, mas pela urgência de um amor autêntico, saibam pôr uma pedra sobre a outra em ordem a edificar, na cidade dos homens, a cidade de Deus.

Estimados jovens, permiti-me confiar-vos a minha esperança: sois vós que deveis tornar-vos estes "construtores". Vós sois os homens e as mulheres do futuro; o porvir está nos vossos corações e nas vossas mãos. É a vós que Deus confia a tarefa, difícil mas exaltante, de colaborar com Ele em ordem a edificar a civilização do amor.

5. Na primeira Carta de João o Apóstolo mais jovem e, talvez, por isso mais amado pelo Senhor ouvimos que "Deus é a luz e que nele não existem trevas" (cf. 1Jn 1,5). Entretanto observa João ninguém jamais viu a Deus. É Jesus, o Filho único do Pai, que no-lo revelou (cf. Jo Jn 1,18). Todavia, se Jesus revelou Deus, Ele revelou a luz. Com efeito, juntamente com Cristo, veio ao mundo "a verdadeira luz que a todo o homem ilumina" (Jn 1,9).

Caros jovens, deixai-vos atrair pela luz de Cristo e espalhai-a nos ambientes em que viveis! "A luz do olhar de Jesus como está escrito no Catecismo da Igreja Católica ilumina os olhos do nosso coração; ensina-nos a ver tudo à luz da sua verdade e da sua compaixão para com todos os homens" (n. 2715).

Na medida em que a vossa amizade com Cristo, o vosso conhecimento do seu mistério e a vossa entrega pessoal a Ele forem autênticos e profundos, vós sereis "filhos da luz" e tornar-vos-eis, por vossa vez, "luz do mundo". Por isso, reitero-vos a palavra do Evangelho: "Brilhe a vossa luz diante dos homens de modo que, vendo as vossas boas obras, glorifiquem vosso Pai, que está nos céus" (Mt 5,16).

Nesta noite, juntamente convosco, jovens dos diferentes Continentes, o Papa volta a confirmar a fé que sustenta a vida da Igreja: Cristo é a luz das nações; Ele morreu e ressuscitou para dar de novo aos homens, que caminham na história, a esperança da eternidade. O seu Evangelho não humilha o que é humano: todo o valor autêntico, qualquer que seja a cultura em que se manifeste, é acolhido e assumido por Cristo. Consciente disto, o cristão não pode deixar de sentir vibrar em si mesmo o orgulho e a responsabilidade de ser testemunha da luz do Evangelho.

Este é o motivo pelo qual, nesta noite, vos digo: fazei resplandecer a luz de Cristo nas vossas vidas! Não espereis por ser mais idososos, para vos empenhardes no caminho da santidade! A santidade é sempre jovem, como eterna é a juventude de Deus.

Fazei com que todos conheçam a beleza do encontro com Deus, que dá sentido à vossa existência. Não hesiteis na busca da justiça, da promoção da paz e do compromisso em ordem à fraternidade e à solidariedade.

Como é bonito o cântico que ressoa nestes dias:

"Luz do mundo! Sal da terra!
Sede para o mundo o rosto do amor!
Sede para a terra o reflexo da luz!".

Este é o dom mais belo e mais precioso que poderíeis oferecer à Igreja e ao mundo. E vós bem sabeis que o Papa vos acompanha com a sua oração e a sua Bênção cheia de afecto.

7. Meus dilectos jovens amigos, agradeço-vos a vossa presença em Toronto, em Wadowice e onde quer que estejais espiritualmente unidos aos jovens do mundo, que vivem a sua XVII Jornada Mundial da Juventude. Quero garantir-vos que vos abraço a cada um sem cessar, com o coração e a oração, pedindo a Deus que possais ser o sal da terra e a luz do mundo, agora e quando fordes adultos. Deus vos abençoe!

No final do discurso, depois de ter concedido a Bênção apostólica a todos os fiéis e peregrinos ali presentes, o Santo Padre disse ainda:

Sois todos convidados para amanhã de manhã. Bom repouso!

Boa noite, Deus vos abençoe sempre. Boa noite!



VIAGEM APOSTÓLICA À TORONTO,

À CIDADE DA GUATEMALA E À CIDADE DO MÉXICO

XVII JORNADA MUNDIAL DA JUVENTUDE

SAUDAÇÃO DO SANTO PADRE JOÃO PAULO II

AOS JOVENS DA COMISSÃO ORGANIZADORA NACIONAL


DA JORNADA MUNDIAL DA JUVENTUDE DE 2002


Casa Geral das Irmãs de São José de Toronto

Domingo 28 de Julho de 2002



Saúdo-vos, afectuosamente, a todos os que viestes visitar-me no final desta XVII edição da Jornada Mundial da Juventude.

Agradeço, antes de mais, ao Arcebispo de Toronto, Cardeal Aloysius Ambrozic, que, juntamente com o Bispo D. Anthony Meagher, orientou o longo trabalho de preparação deste grande acontecimento. Com Sua Excelência, agradeço a quantos contribuiram com a sua dedicação e também com o apoio económico para o seu bom êxito.

Saúdo o grupo de jovens indígenas que vêm da terra da Beata Kateri Tekakwitha. Vós chamais-lhe, justamente, kaiatano, (que quer dizer nobilíssima e digníssima pessoa): que ela seja para vós um modelo de como os cristãos podem ser o sal e a luz da terra.

Finalmente, uma saudação particular aos jovens e adultos da Comissão Nacional Organizadora da Jornada Mundial: caríssimos, sei com quanto empenho e generosidade trabalhastes durante estes dois anos. Em nome de todos os jovens vindos a Toronto e que aproveitaram o fruto do vosso trabalho, o Papa diz-vos: obrigado!

Sobre cada um de vós e sobre as vossas famílias invoco a Bênção do Senhor.



VIAGEM APOSTÓLICA À TORONTO,

À CIDADE DA GUATEMALA E À CIDADE DO MÉXICO

CERIMÓNIA DE BOAS-VINDAS

DISCURSO DO SANTO PADRE JOÃO PAULO II


Aeroporto internacional de Cidade de Guatemala

Segunda-feira 29 de Julho de 2002



Senhor Presidente
Caros Irmãos no Episcopado
Excelentíssimas Autoridades
Membros do Corpo Diplomático
Caríssimos Irmãos e Irmãs

1. Antes de mais nada, quero manifestar a minha grande alegria ao vir pela terceira vez como peregrino de amor e de esperança a esta amada terra guatemalteca. Dou graças a Deus por me ter dado a possibilidade de aqui voltar para celebrar a canonização de uma pessoa tão amada e admirada por vós, o Frade Pedro de São José de Betancur, filho da ilha das Canárias, Tenerife, que, possuído por um forte espírito missionário, veio à Guatemala, empenhando-se no serviço dos pobres e dos necessitados.

2. Sinto-me feliz por saudar, em primeiro lugar, o Presidente da República, o Excelentíssimo Senhor Alfonso Antonio Portillo Cabrera, ao qual manifesto a minha mais profunda gratidão pelas amáveis palavras que quis dirigir-me ao dar-me as cordiais saudações de boas-vindas. Exprimo o meu vivo apreço pela presença dos Presidentes das outras Repúblicas irmãs da América Central, da República Dominicana e do Primeiro Ministro de Belize. O meu agradecimento estende-se ao Governo da Nação, às outras Autoridades e ao Corpo Diplomático, pela sua estimada presença nesta cerimónia e pala sua preciosa colaboração na preparação da minha visita.

Saúdo de modo especial os meus Irmãos no Episcopado, em particular o Senhor Arcebispo de Guatemala e Presidente da Conferência Episcopal, assim como os outros Arcebispos e Bispos. A minha saudação fraterna dirige-se igualmente com grande afecto aos sacerdotes, diáconos, religiosos, religiosas, catequistas e fiéis, a todos os guatemaltecos, enquanto me dirijo com afecto às populações indígenas, bem como às pessoas vindas de outros Países latino-americanos e da Espanha.

3. Amanhã terei a alegria de proclamar Santo o Frade Pedro de Betancur, que foi expressão do amor de Deus para com o seu povo. Esta celebração deve constituir um verdadeiro momento de graça e de renovação para a Guatemala. Com efeito, o exemplo da sua vida e a eloquência da sua mensagem são um válido contributo para a construção da sociedade que se abre actualmente aos desafios do terceiro milénio. Desejo ardentemente que o nobre povo guatemalteco, sedento de Deus e dos valores espirituais, desejoso de paz e de reconciliação, tanto consigo mesmo como com os povos vizinhos e irmãos, de solidariedade e justiça, possa viver e gozar da dignidade que lhe pertence.

4. Confiando-me à protecção do Santo Cristo de Esquipulas e sentindo-me profundamente unido aos dilectos filhos de toda a Guatemala, inicio esta Viagem Apostólica, enquanto de todo o coração vos abençoo a todos, de modo particular os pobres, os indígenas e camponeses, os doentes e os marginalizados, especialmente os que sofrem no corpo e no espírito. Para todos vai a minha cordial saudação.

Louvado seja Jesus Cristo!



VIAGEM APOSTÓLICA À TORONTO,

À CIDADE DA GUATEMALA E À CIDADE DO MÉXICO

CERIMÓNIA DE BOAS-VINDAS

DISCURSO DO SANTO PADRE JOÃO PAULO II


Aeroporto internacional de Cidade do México

Terça-feira 30 de Julho de 2002



Senhor Presidente
dos Estados Unidos Mexicanos
Senhor Cardeal Arcebispo
da Cidade do México
Queridos Irmãos no Episcopado
Ilustres Autoridades
Membros do Corpo Diplomático
Caríssimos Mexicanos

1. É grande a minha alegria por poder vir pela quinta vez a esta terra hospitaleira, na qual começou o meu apostolado itinerante que, como Sucessor do Apóstolo Pedro, me levou a tantas partes do mundo, aproximando-me assim de muitos homens e mulheres para os confirmar na fé em Jesus Cristo Salvador.

Depois de ter celebrado em Toronto a XVII Jornada Mundial da Juventude, hoje tive a alegria de juntar ao número dos santos um admirável evangelizador deste Continente: Irmão Pedro de São José de Betancur. Amanhã, com grande alegria, vou proceder à canonização de Juan Diego e, no dia seguinte, à beatificação de outros dois vossos compatriotas: João Baptista e Jacinto dos Anjos que, desta forma, se juntam aos maravilhosos exemplos de santidade nestas amadas terras americanas, onde a mensagem cristã foi aceite com o coração aberto, impregnou as culturas e deu abundantes frutos.

2. Agradeço as amáveis palavras de boas-vindas que, em nome de todos os mexicanos, me dirigiu o Senhor Presidente da República. Desejo corresponder-lhe renovando mais uma vez os meus sentimentos de afecto e de estima por este povo, rico de história e de culturas ancestrais, e encorajando todos a empenhar-se na construção de uma Pátria sempre renovada e em constante progresso. Saúdo com afecto os Senhores Cardeais e os Bispos, os queridos Sacerdotes, Religiosos e Religiosas, todos os fiéis que, dia após dia, se esforçam na prática da fé cristã e que, com a sua vida, realizam a frase que é esperança e programa para o futuro: "México sempre fiel".

Envio daqui uma saudação afectuosa também aos jovens reunidos para a vigília de oração na Praça do Zócalo da Catedral Primacial, e digo-lhes que o Papa conta com eles e pede-lhes que sejam verdadeiros amigos de Jesus e testemunhas do seu Evangelho.

3. Caríssimos mexicanos: obrigado pela vossa hospitalidade, pelo vosso afecto constante, pela vossa fidelidade à Igreja. Neste caminho, continuai a ser fiéis, amparados pelos maravilhosos exemplos de santidade que surgiram nesta nobre Nação. Sede santos! Recordando quanto já vos disse na Basílica de Guadalupe em 1990, servi a Deus, a Igreja e a Nação, assumindo cada um a responsabilidade de transmitir a mensagem evangélica e dar testemunho de uma fé viva e operante na sociedade.

Abençoo de coração cada um de vós, fazendo-o com a mesma expressão com que os vossos antepassados se dirigiam às pessoas mais queridas: "Deus vos faça como Juan Diego"!
México, sempre fiel!



                                                                              Agosto de 2002

 PALAVRAS DO SANTO PADRE JOÃO PAULO II


DURANTE A SANTA MISSA CELEBRADA NA


SOLENIDADE DA TRANSFIGURAÇÃO


6 de Agosto de 2002



"O seu Rosto resplandeceu como o Sol" (Mt 17,2), assim lemos no Evangelho de hoje. O rosto de Cristo é um rosto de luz que rasga a obscuridade da morte: é anúncio e penhor da nossa glória, porque é o rosto do Crucificado Ressuscitado. Nele, a Igreja, sua Esposa, contempla o seu tesouro e a sua alegria: "Dulcis Iesu memoria, dans vera cordia gaudia".

Recordamos hoje o meu venerado Predecessor, o servo de Deus Paulo VI que, há vinte e quatro anos, ao anoitecer desse dia, festa da Transfiguração do Senhor, precisamente deste lugar entrou na paz de Deus, para contemplar a glória resplandecente.

Quantas vezes, recolhido em oração, ele aspirou ver na fé o rosto do Senhor! O seu testemunho inabalável de Cristo, Luz do mundo, nos tempos difíceis em que exerceu o Supremo Pontificado, ainda hoje vive na Igreja. Ele foi um incansável e paciente artífice da construção da "civilização do amor", iluminada pelo rosto resplandecente do Redentor.

No momento em que nos preparamos para celebrar a Santa Missa, recomendamos a Deus a alma deste seu servo fiel. Pedimos também à Virgem Maria, Mãe da Igreja, que seja, todos os dias, testemunho concreto do amor ao Senhor, cujo rosto continua a resplandecer sobre nós (cf. Sl Ps 67,3).



VIAGEM APOSTÓLICA À POLÓNIA

CERIMÓNIA DE BOAS-VINDAS

DISCURSO DO SANTO PADRE JOÃO PAULO II


Aeroporto internacional de Cracóvia/Balice

Sexta-feira, 16 de agosto de 2002



Senhor Presidente
da República Polaca
Senhor Cardeal Primaz
Senhor Cardeal
Metropolitano de Cracóvia
Carissimos Irmãos e Irmãs

1. Saúdo de novo a Polónia e todos os meus Concidadãos. Faço-o com os mesmos sentimentos de comoção e de alegria que sinto todas as vezes que me encontro na Pátria. Agradeço sentidamente ao Senhor Presidente as palavras de saudação que há pouco me dirigiu em seu nome e em nome das autoridades civis da República Polaca. Estou grato ao Cardeal Franciszek Macharski, meu sucessor na Sede de Cracóvia, pelas palavras de benevolência que me dirigiu em nome da Metrópole de Cracóvia que me está tão próxima, assim como em nome do Episcopado Polaco e de todo o Povo de Deus que vive na nossa Pátria.

Venho, desta vez, só a Cracóvia, mas abraço com um pensamento cordial toda a Polónia e todos os Concidadãos. Saúdo o Senhor Cardeal Primaz, os outros Cardeais, os Irmãos no Episcopado, os sacerdotes, os representantes das Famílias religiosas masculinas e femininas, os seminaristas e todos os fiéis leigos. Dirijo uma palavra de saudação aos representantes das Autoridades estatais, chefiadas pelo Presidente da República, e locais; aos membros do Corpo Diplomático com o seu Decano, o Núncio Apostólico; às autoridades civis das cidades de Cracóvia, Kalwaria Zebrzydowska e Wadowice.

Desejo saudar de maneira particular a minha cidade de Cracóvia e toda a Arquidiocese. Saúdo o mundo da ciência e da cultura, os ambientes universitários e todos os que, com o seu intenso trabalho na indústria, na agricultura e nos outros sectores, contribuem para construir o esplendor material e espiritual da cidade e da região.

Desejo cordialmente saudar os jovens e abraçar as crianças. Dirijo aos jovens palavras de agradecimento pelo testemunho de fé que há poucos dias deram em Toronto, no Canadá, durante a inesquecível XVII Jornada Mundial da Juventude. Saúdo de modo particular todos os que carregam o peso do sofrimento: os doentes, as pessoas sós, os idosos, os que vivem na pobreza e na indigência. Durante estes dias, continuarei a recomendar os vossos sofrimentos à Misericórdia de Deus, e peço-vos que rezeis, para que o meu ministério apostólico seja frutuoso e satisfaça todas as expectativas.

Dirijo-me com respeito e deferência aos irmãos Bispos e aos fiéis da Igreja Ortodoxa, da Igreja Evangélico-Luterana e aos fiéis das outras Igrejas e Comunidades eclesiais. Saúdo a comunidade Judaica, os seguidores do Islão e todos os homens de boa vontade.

2. Irmãos e Irmãs! "Deus é rico em misericórdia". Este é o lema da peregrinação. Eis a sua proclamação. Foi tirado da Enciclica Dives in misericordia, mas aqui, em Cracóvia, em Lagiewniki, esta verdade encontrou a sua particular revelação. Daqui, graças ao humilde serviço de uma testemunha particular a Irmã Santa Faustina ressoa a mensagem evangélica do amor misericordioso de Deus. Eis por que a primeira etapa da minha peregrinação e a primeira finalidade é a visita ao Santuário da Misericórdia Divina. Sinto-me feliz por ter a possibilidade de dedicar o novo templo, que se torna um centro mundial do culto a Jesus misericordioso.

A Misericórdia de Deus encontra o seu reflexo na misericórdia dos homens. Desde há séculos que Cracóvia se gloria de grandes personagens que, confiando no amor divino, testemunharam a misericórdia através de gestos concretos de amor ao próximo. É suficiente mencionar Santa Edviges de Wavel, São João de Kety, Padre Pedro Skarga ou, mais próximo do nosso tempo, Frei Santo Alberto. Se Deus quiser, unir-se-ao a eles os Servos de Deus que elevarei à glória dos altares durante a Santa Missa no Parque de Blonie. A beatificação de Sigismundo Félix Felinski, Joao Beyzym, Sânzia Szumkowiak e Joao Balicki constitui a segunda finalidade da minha peregrinação. Desde já desejo que estes novos Beatos, que deram o exemplo de um serviço de misericórdia, nos recordem o grande dom do amor de Deus e nos disponham a praticar quotidianamente o amor ao próximo.

Existe a terceira finalidade da minha peregrinação, que desejo mencionar. É a oração de agradecimento pelos 400 anos do Santuário de Kalwaria Zebrzydowska, ao qual estou ligado desde a minha infância. Lá, nas veredas percorridas na oração, procurei a inspiração para o meu serviço à Igreja de Cracóvia e da Polónia, e foi ali que tomei algumas difíceis decisões pastorais.

Precisamente ali, entre o povo fiel e orante, conheci a fé que me serve de orientação também na Sé de Pedro. Por intercessão de Nossa Senhora de Kalwaria desejo agradecer a Deus este dom.

3. A peregrinação e a meditação sobre o mistério da Misericórdia Divina não podem realizar-se sem fazer referência às vicissitudes quotidianas daqueles que vivem na terra polaca. Por isso, desejo ocupar-me delas com particular atenção e recomendá-las a Deus, confiando que Ele multiplicará com a sua bênção os bons êxitos, e que as dificuldades e os problemas encontrarão uma feliz solução graças à sua ajuda.

As vicissitudes polacas interessam-me particularmente. Sei como mudou a nossa Pátria desde o tempo da primeira visita em 1979. Esta é uma nova peregrinação, durante a qual posso observar como os polacos gerem a liberdade reconquistada. Estou certo de que o nosso País se orienta corajosamente para novos horizontes de desenvolvimento na paz e na prosperidade.

Sinto-me feliz por, no espírito do ensinamento social da Igreja, muitos dos meus Concidadãos se empenharem na construção da casa comum da Pátria, com base na justiça, no amor e na paz. Sei que muitos observam e avaliam com um olhar crítico o sistema, que pretende governar o mundo contemporâneo segundo uma visão materialista do homem. A Igreja recordou sempre que não se pode construir um futuro da sociedade feliz com base na pobreza, na injustiça e no sofrimento de um irmão. Os homens que se empenham no espírito da ética social católica não podem permanecer indiferentes perante o destino de quantos perdem o trabalho, vivem num estado de crescente pobreza sem qualquer perspectiva de melhoramento da própria situação e do futuro dos seus filhos.

Sei que muitas familias polacas, sobretudo as mais numerosas, muitos desempregados e pessoas idosas sentem o peso das mudanças sociais e económicas. Desejo dizer a todos eles que compartilho o seu fardo e a sua sorte. Tomo parte nas suas alegrias e sofrimentos, nos seus projectos e compromissos, destinados a construir um futuro melhor. Amparo-os todos os dias, nas suas boas intenções com uma oração fervorosa.

A eles e a todos os meus Concidadãos trago hoje a mensagem da esperança que provém da Boa Nova: Deus rico em misericórdia revela todos os dias em Cristo o seu amor. Ele, Cristo ressuscitado, diz a cada um e a cada uma de vós: "Não temas: Eu sou o Primeiro e o Último, o que vive; conheci a morte, mas eis-Me aqui vivo pelos séculos" (Ap 1,17-18). Este é o anúncio da Misericórdia Divina, que trago hoje à minha Pátria e aos meus Concidadãos: "Não temas"! Confia em Deus que é rico em misericórdia. Cristo está contigo, o infalível Dador da esperança. Quero pedir desculpa mais uma vez: o Presidente está de pé, o Cardeal está de pé, mas eu estou sentado. Peço perdão por isto, mas vejo que aqui me fizeram uma barreira, que não me permite levantar.

Caríssimos Irmãos e Irmãs! Os três dias da minha permanência na Pátria façam renascer em nós uma profunda fé no poder da misericórdia de Deus. Unam-nos ainda mais no amor; estimulem-nos à responsabilidade pela vida de cada homem e mulher e pelas suas exigências quotidianas; predisponham-nos à bondade, à compreensão recíproca, para que nos tornemos cada vez mais próximos no espírito da misericórdia. A graça da esperança encha os vossos corações!
Saúdo cordialmente, mais uma vez, quantos se encontram aqui presentes e a todos abençoo de coração.

Deus vos abençoe!



Discursos João Paulo II 2002 - Quinta-feira 25 de Julho de 2002