DIscursos João Paulo II 2003 - ACLAMAÇÕES

Pater noster, qui es in caelis;
sanctificetur nomen tuum;
adveniat regnum tuum;
fiat voluntas tua, sicut in caelo et in terra.
Panem nostrum cotidianum da nobis hodie;
et dimitte nobis debita nostra,
sicut et nos dimittimus debitoribus nostris;
et ne nos inducas in tentationem;
sed libera nos a malo.

Quis est homo qui non fleret,
Matrem Christi si videret
in tanto supplicio?



SEXTA ESTAÇÃO

A VERÓNICA LIMPA O ROSTO DE JESUS

V. Adoramus te, Christe, et benedicimus tibi.
R. Quia per sanctam crucem tuam redemisti mundum.

Do livro do profeta Isaías 53, 2-3

Cresceu (...) sem figura nem beleza.
Vimo-lo sem aspecto atraente,
desprezado e evitado pelos homens,
homem das dores, experimentado nos sofrimentos:
diante do qual se tapa o rosto,
menosprezado e desestimado.

MEDITAÇÃO

A tradição fala-nos da Verónica. Talvez aquela complete a história do Cireneu. Na verdade, embora - mulher que era - não tenha levado fisicamente a Cruz nem a isso tenha sido forçada, o certo é que esta Cruz com Jesus, ela a levou: levou-a como podia, como lhe era possível fazer naquele momento e como lho ditava o coração, isto é, enxugando o seu Rosto.
A explicação deste facto, referido pela tradição, parece fácil também: no lenço com que ela Lhe enxugou o Rosto, ficaram gravadas as feições de Cristo. Precisamente porque estava todo ensanguentado e soado, podia deixar traços e lineamentos.
Mas, o sentido deste acontecimento pode ser interpretado também doutra maneira, se o analisarmos à luz do discurso escatológico de Cristo. Serão muitos, sem dúvida, aqueles que vão perguntar: "Senhor, quando é que fizemos isto?". E Jesus responderá: "Sempre que fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, a Mim mesmo o fizestes" (cf. Mt Mt 25,37-40). De facto, o Salvador imprime a sua imagem em cada acto de caridade, como o fez no lenço de Verónica.



ACLAMAÇÕES

Ó Rosto do Senhor Jesus,
desfigurado pela dor, resplandecente da glória divina.
R. Kyrie, eleison.

Ó Rosto sagrado,
impresso como um selo em cada gesto de amor.
R. Kyrie, eleison.


Todos:
Pater noster, qui es in caelis;
sanctificetur nomen tuum;
adveniat regnum tuum;
fiat voluntas tua, sicut in caelo et in terra.
Panem nostrum cotidianum da nobis hodie;
et dimitte nobis debita nostra,
sicut et nos dimittimus debitoribus nostris;
et ne nos inducas in tentationem;
sed libera nos a malo.

Quis non posset contristari,
Christi Matrem contemplari,
dolentem cum Filio?



SÉTIMA ESTAÇÃO

JESUS CAI PELA SEGUNDA VEZ

V. Adoramus te, Christe, et benedicimus tibi.
R. Quia per sanctam crucem tuam redemisti mundum.

Do livro das Lamentações 3, 1-2.9.16

Eu sou o homem que conheceu a aflição,
sob a vara do seu furor.
Conduziu-me e fez-me caminhar
nas trevas e não na claridade. (...)
Fechou-me o caminho com pedras silhares
e subverteu as minhas veredas. (...)
Quebrou-me os dentes com uma pedra
e mergulhou-me na cinza.

MEDITAÇÃO

"Eu sou um verme e não um homem, o opróbrio dos homens e a abjecção da plebe" (Sal 22/21, 7): as palavras do profeta-salmista cumprem-se plenamente nestas vielas estreitas e árduas de Jerusalém, durante as últimas horas que antecedem a Páscoa. Sabe-se que estas horas, antes da festa, são enervantes e que as estradas estão apinhadas. É neste contexto que se cumprem as palavras do salmista, embora ninguém o pense. Certamente não se dão conta disto aqueles que demonstram desprezo à vista deste Jesus de Nazaré que cai pela segunda vez sob a Cruz, tornando-Se para eles objecto de opróbrio.
É Ele que o deseja; quer que se cumpra a profecia. Por isso, cai exausto pelo esforço feito. Cai por vontade do Pai, vontade expressa também nas palavras do Profeta. Cai por sua vontade própria, porque "como se cumpririam então as Escrituras?" (Mt 26,54). "Eu sou um verme e não um homem" (Sal 22/21, 7), e consequentemente nem sequer o "Ecce Homo" (Jn 19,5), sou menos ainda, ainda pior...
O verme rasteja no meio da terra; ao contrário, o homem, como rei das criaturas, caminha por cima dela. O verme também rói a madeira: como o verme, o remorso do pecado rói a consciência do homem. Remorso pela segunda queda.

ACLAMAÇÕES

Jesus de Nazaré, que Vos tornastes a infâmia dos homens,
para enobrecer todas as criaturas.
R. Kyrie, eleison.

Jesus, servidor da vida,
esmagado pelos homens, exaltado por Deus.
R. Kyrie, eleison.


Todos:
Pater noster, qui es in caelis;
sanctificetur nomen tuum;
adveniat regnum tuum;
fiat voluntas tua, sicut in caelo et in terra.
Panem nostrum cotidianum da nobis hodie;
et dimitte nobis debita nostra,
sicut et nos dimittimus debitoribus nostris;
et ne nos inducas in tentationem;
sed libera nos a malo.

Pro peccatis suae gentis,
vidit Iesum in tormentis,
et flagellis subditum.



OITAVA ESTAÇÃO

JESUS ENCONTRA AS MULHERES DE JERUSALÉM

V. Adoramus te, Christe, et benedicimus tibi.
R. Quia per sanctam crucem tuam redemisti mundum.

Do Evangelho de S. Lucas 23, 28-31

Jesus voltou-Se para elas e disse-lhes:
"Filhas de Jerusalém, não choreis por Mim;
chorai antes por vós mesmas e pelos vossos filhos,
pois dias virão em que se dirá:
"Felizes as estéreis, os ventres que não geraram
e os peitos que não amamentaram".
Hão-de então dizer aos montes:
"Caí sobre nós", e às colinas: "Cobri-nos".
Porque se tratam assim a madeira verde,
o que acontecerá à seca?"

MEDITAÇÃO

Eis o apelo ao arrependimento, ao verdadeiro arrependimento, à compunção, na verdade do mal cometido. Jesus diz às filhas de Jerusalém que choram, ao vê-Lo passar: "Não choreis por Mim; chorai antes por vós mesmas e pelos vossos filhos" (Lc 23,28). Não se pode ficar pela superfície do mal; é preciso chegar até ao fundo das suas raízes, das causas, da verdade da consciência.
É isto mesmo que quer dizer Jesus que leva a Cruz, Ele que desde sempre "conhecia o interior de cada homem" (cf. Jo Jn 2,25) e sempre o conhece. Por isso, Ele deve permanecer sempre como a testemunha mais directa dos nossos actos e dos juízos que fazemos sobre eles na nossa consciência. Talvez nos faça compreender que estes juízos devem ser ponderados, razoáveis, objectivos - diz: "Não choreis" - mas, ao mesmo tempo, consequentes com tudo o que esta verdade contém: avisa-nos porque é Ele que leva a Cruz.
Peço-Vos, Senhor, que saiba viver e caminhar na verdade!

ACLAMAÇÕES

Senhor Jesus, sábio e misericordioso,
Verdade que conduzis à vida.
R. Kyrie, eleison.

Senhor Jesus, cheio de compaixão,
a vossa presença suaviza o pranto na hora da prova.
R. Kyrie, eleison.


Todos:
Pater noster, qui es in caelis;
sanctificetur nomen tuum;
adveniat regnum tuum;
fiat voluntas tua, sicut in caelo et in terra.
Panem nostrum cotidianum da nobis hodie;
et dimitte nobis debita nostra,
sicut et nos dimittimus debitoribus nostris;
et ne nos inducas in tentationem;
sed libera nos a malo.

Tui Nati vulnerati,
tam dignati pro me pati
poenas mecum divide.



NONA ESTAÇÃO

JESUS CAI PELA TERCEIRA VEZ

V. Adoramus te, Christe, et benedicimus tibi.
R. Quia per sanctam crucem tuam redemisti mundum.

Do livro das Lamentações 3, 27-32

É bom para o homem carregar o jugo,
desde a sua mocidade.
É bom ele sentar-se solitário e silencioso,
quando o Senhor lho impuser;
pôr a sua boca no pó,
onde talvez encontre esperança;
estender a face a quem o fere,
e suportar as afrontas.
Porque o Senhor não repele para sempre.
Após haver afligido, tem compaixão,
porque é grande a sua misericórdia.

MEDITAÇÃO

"Humilhou-Se a Si mesmo, feito obediente até à morte e morte de cruz" (Ph 2,8). Cada estação deste Caminho é uma pedra miliar desta obediência e deste aniquilamento.
A medida deste aniquilamento, vemo-la quando começamos a ouvir as palavras do profeta: "O Senhor carregou sobre Ele a iniquidade de todos nós...Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas, cada um seguia o seu caminho; o Senhor carregou sobre Ele a iniquidade de todos nós" (Is 53,6).
A medida deste aniquilamento, calculamo-la quando vemos Jesus cair de novo, pela terceira vez, sob a Cruz. Medimo-la ao meditarmos quem é Aquele que cai, quem é Aquele que jaz no pó da estrada sob a Cruz, caído aos pés de gente hostil que não Lhe poupa humilhações e ultrajes...
Quem é Aquele que cai? Quem é Jesus Cristo? "Ele que era de condição divina, não reivindicou o direito de ser equiparado a Deus. Mas despojou-Se a Si mesmo tomando a condição de servo, tornando-Se semelhante aos homens. Tido pelo aspecto como homem, humilhou-Se a Si mesmo, feito obediente até à morte e morte de cruz" (Ph 2,6-8).



ACLAMAÇÕES

Cristo Jesus,
Vós provastes o amargor da terra
para mudar o gemido da dor em cântico de júbilo.
R. Christe, eleison.

Cristo Jesus,
que Vos humilhastes na carne
para enobrecer toda a criação.
R. Christe, eleison.


Todos:
Pater noster, qui es in caelis;
sanctificetur nomen tuum;
adveniat regnum tuum;
fiat voluntas tua, sicut in caelo et in terra.
Panem nostrum cotidianum da nobis hodie;
et dimitte nobis debita nostra,
sicut et nos dimittimus debitoribus nostris;
et ne nos inducas in tentationem;
sed libera nos a malo.

Eia, Mater, fons amoris,
me sentire vim doloris
fac, ut tecum lugeam.


DÉCIMA ESTAÇÃO

JESUS É DESPOJADO DOS SEUS VESTIDOS

V. Adoramus te, Christe, et benedicimus tibi.
R. Quia per sanctam crucem tuam redemisti mundum.

Do Evangelho de S. Marcos 15, 24

Os soldados repartiram entre si os seus vestidos,
sorteando-os para verem
o que levava cada um.



MEDITAÇÃO

Quando vemos Jesus sobre o Gólgota, despojado dos seus vestidos (cf. Mc Mc 15,24 etc), o pensamento volta-se para sua Mãe: torna atrás, à origem deste corpo, que já agora, antes da crucifixão, é todo ele uma chaga viva (cf. Is Is 52,14). O mistério da Encarnação: o Filho de Deus toma o seu corpo do seio da Virgem (cf. Mt Mt 1,23 Lc 1,26-38). O Filho de Deus fala com o Pai, usando as palavras dum salmo: "Não quiseste sacrifício nem oblação, mas preparaste-Me um corpo" (Sal 40/39, 7; He 10,5). O corpo do homem manifesta a sua alma. O corpo de Cristo exprime amor para com o Pai: "Então Eu disse: Eis que venho (...) para fazer, ó Deus, a tua vontade" (Sal 40/39, 9; He 10,7). "Eu sempre faço o que é do agrado d'Ele" (Jn 8,29). Este corpo despojado cumpre a vontade do Filho e a do Pai em cada chaga, cada guinada de dor, cada músculo dilacerado, cada fio de sangue que corre, o cansaço total dos braços, as pisaduras do pescoço e das costas, uma terrível dor nas têmporas. Este corpo cumpre a vontade do Pai, quando é despojado dos vestidos e tratado como objecto de suplício, quando encerra em si a dor imensa da humanidade profanada.
O corpo do homem é profanado de vários modos.
Nesta estação, devemos pensar na Mãe de Cristo, porque, junto do seu coração, nos seus olhos, entre as suas mãos, o corpo do Filho de Deus recebeu plena adoração.



ACLAMAÇÕES

Jesus, corpo sagrado,
profanado ainda nos vossos membros vivos.
R. Kyrie, eleison.

Jesus, corpo entregue por amor,
dividido ainda nos vossos membros.
R. Kyrie, eleison.


Todos:
Pater noster, qui es in caelis;
sanctificetur nomen tuum;
adveniat regnum tuum;
fiat voluntas tua, sicut in caelo et in terra.
Panem nostrum cotidianum da nobis hodie;
et dimitte nobis debita nostra,
sicut et nos dimittimus debitoribus nostris;
et ne nos inducas in tentationem;
sed libera nos a malo.

Fac ut ardeat cor meum
in amando Christum Deum,
ut sibi complaceam.



DÉCIMA PRIMEIRA ESTAÇÃO

JESUS É PREGADO NA CRUZ

V. Adoramus te, Christe, et benedicimus tibi.
R. Quia per sanctam crucem tuam redemisti mundum.

Do Evangelho de S. Marcos 15, 25-27

Eram as nove da manhã quando O crucificaram.
Na inscrição que indicava o motivo da sua condenação, lia-se:
"O Rei dos judeus".
Com Ele crucificaram dois salteadores,
um à sua direita e o outro à sua esquerda".

MEDITAÇÃO

"Trespassaram as minhas mãos e os meus pés; posso contar todos os meus ossos" (Sal 22/21, 17-18). "Posso contar...": palavras verdadeiramente proféticas! É que este corpo é o preço dum resgate. Um grande resgate é todo este corpo: as mãos, os pés, e cada osso. Todo o Homem sujeito à máxima tensão: esqueleto, músculos, sistema nervoso, cada órgão, cada célula, tudo posto na máxima tensão. "Eu, quando for levantado da terra, atrairei todos a Mim" (Jn 12,32).
Eis as palavras que exprimem a plena realidade da crucifixão. Desta faz parte também esta tensão terrível que atravessa as mãos, os pés e todos os ossos: terrível tensão do corpo inteiro, que, pregado como um objecto às traves da Cruz, está para chegar ao estremo do aniquilamento nas convulsões da morte. E na realidade da crucifixão entra também todo o mundo que Jesus quer atrair a Si (cf. Jo Jn 12,32). O mundo fica sujeito à gravitação do corpo, que por inércia tende para baixo.
É precisamente nesta gravitação que está a paixão do Crucificado.
"Vós sois cá de baixo, Eu sou lá de cima" (Jn 8,23). Eis as suas palavras da Cruz: "Perdoa-lhes, ó Pai, porque não sabem o que fazem" (Lc 23,34).



ACLAMAÇÕES

Cristo, crucificado pelo ódio,
pelo amor feito sinal de reconciliação e de paz.
R. Christe, eleison.

Cristo, com o sangue derramado na Cruz,
resgatastes o homem, o mundo, o universo.
R. Christe, eleison.


Todos:
Pater noster, qui es in caelis;
sanctificetur nomen tuum;
adveniat regnum tuum;
fiat voluntas tua, sicut in caelo et in terra.
Panem nostrum cotidianum da nobis hodie;
et dimitte nobis debita nostra,
sicut et nos dimittimus debitoribus nostris;
et ne nos inducas in tentationem;
sed libera nos a malo.

Sancta Mater, istud agas,
crucifixi fige plagas,
cordi meo valide.



DÉCIMA SEGUNDA ESTAÇÃO

JESUS MORRE NA CRUZ

V. Adoramus te, Christe, et benedicimus tibi.
R. Quia per sanctam crucem tuam redemisti mundum.

Do Evangelho de S. Marcos 15, 33-34.37.39

Chegado ao meio-dia,
houve trevas por toda a terra,
até às três da tarde.
Às três horas, Jesus exclamou em alta voz:
"Eloì, Eloì, lema sabactàni?"
que quer dizer:
Meu Deus, meu Deus, porque Me abandonaste? (...)
Soltando um grande brado, Jesus expirou. (...)
Ao vê-Lo expirar daquela maneira,
o centurião, que se encontrava em frente d'Ele, exclamou:
"Verdadeiramente este homem era o Filho de Deus".

MEDITAÇÃO

Eis o agir mais alto, mais sublime do Filho em união com o Pai. Sim, em união, na mais profunda união... precisamente quando grita: "Eloì, Eloì, lema sabactàni?", "Meu Deus, meu Deus, porque Me abandonaste?" (Mc 15,34 Mt 27,46). Este agir exprime-se na verticalidade do corpo estendido ao longo da trave perpendicular da Cruz com a horizontalidade dos braços estendidos ao longo do madeiro transversal. A pessoa que olha estes braços pode pensar com quanto esforço eles abraçam o homem e o mundo.
Abraçam.
Eis o homem. Eis o próprio Deus. "N'Ele (...) vivemos, nos movemos e existimos" (Ac 17,28). N'Ele, nestes braços estendidos ao longo da trave horizontal da Cruz.
O mistério da Redenção.
Jesus, pregado na Cruz, imobilizado nesta terrível posição, invoca o Pai (cf. Mc 15,34 Mt 27,46 Lc 23,46). Todas as suas invocações testemunham que Ele está unido com o Pai. "Eu e o Pai somos um" (Jn 10,30); "Quem Me vê, vê o Pai" (Jn 14,9); "Meu Pai trabalha continuamente e Eu também trabalho" (Jn 5,17).

ACLAMAÇÕES

Filho de Deus, recordai-Vos de nós
na hora suprema da morte.
R. Kyrie, eleison.

Filho do Pai, recordai-Vos de nós
e com o vosso Espírito renovai a face da terra.
R. Kyrie, eleison.


Todos:
Pater noster, qui es in caelis;
sanctificetur nomen tuum;
adveniat regnum tuum;
fiat voluntas tua, sicut in caelo et in terra.
Panem nostrum cotidianum da nobis hodie;
et dimitte nobis debita nostra,
sicut et nos dimittimus debitoribus nostris;
et ne nos inducas in tentationem;
sed libera nos a malo.

Vidit suum dulcem Natum
morientem desolatum
dum emisit spiritum.



DÉCIMA TERCEIRA ESTAÇÃO

JESUS É DESCIDO DA CRUZ

V. Adoramus te, Christe, et benedicimus tibi.
R. Quia per sanctam crucem tuam redemisti mundum.

Do Evangelho de S. Marcos 15, 42-43.46

Ao cair da tarde,
José de Arimateia, respeitável membro do Conselho,
que também esperava o Reino de Deus, (...)
depois de comprar um lençol,
desceu o corpo de Jesus da cruz
e envolveu-o nele.

MEDITAÇÃO

Ao ver o corpo de Jesus ser tirado da Cruz e colocado nos braços de sua Mãe, diante dos nossos olhos repassa o momento em que Maria recebeu a saudação do anjo Gabriel: "Hás-de conceber no teu seio e dar à luz um filho, ao qual porás o nome de Jesus. (..) O Senhor Deus dar-Lhe-á o trono de seu pai David (...) e o seu reinado não terá fim" (Lc 1,31-33). Maria disse apenas: "Faça-se em mim segundo a tua palavra" (Lc 1,38), como se desde então tivesse querido exprimir o que está a viver agora.
No mistério da Redenção, entrelaçam-se a Graça, isto é, o dom do próprio Deus, e "o pagamento" do coração humano. Neste mistério, somos enriquecidos por um Dom do alto (cf. Tg Jc 1,17) e ao mesmo tempo comprados pelo resgate do Filho de Deus (cf. 1Co 6,20 1Co 7,23 Ac 20,28). E Maria, tendo sido mais do que ninguém enriquecida de dons, paga mais também. Com o coração.
A este mistério está unida a promessa maravilhosa formulada por Simeão aquando da apresentação de Jesus no templo: "Uma espada trespassará a tua alma, a fim de se revelarem os pensamentos de muitos corações" (Lc 2,35).
Também isto se cumpre. Quantos corações humanos se abrem diante do coração desta Mãe que pagou tanto!
E de novo Jesus está todo inteiro nos seus braços, como esteve no presépio de Belém (cf. Lc Lc 2,16), durante a fuga para o Egipto (cf. Mt Mt 2,14), em Nazaré (cf. Lc Lc 2,39-40). Senhora da Piedade.

ACLAMAÇÕES

Santa Maria, mãe de imensa piedade,
convosco abrimos os braços à Vida
e, suplicantes, imploramos:
R. Kyrie, eleison.

Santa Maria, mãe e companheira do Redentor,
em comunhão convosco acolhemos Cristo
e, cheios de esperança, invocamos:
R. Kyrie, eleison.


Todos:
Pater noster, qui es in caelis;
sanctificetur nomen tuum;
adveniat regnum tuum;
fiat voluntas tua, sicut in caelo et in terra.
Panem nostrum cotidianum da nobis hodie;
et dimitte nobis debita nostra,
sicut et nos dimittimus debitoribus nostris;
et ne nos inducas in tentationem;
sed libera nos a malo.

Fac me vere tecum flere,
Crucifixo condolere,
donec ego vixero.

DÉCIMA QUARTA ESTAÇÃO

JESUS É DEPOSITADO NO SEPULCRO

V. Adoramus te, Christe, et benedicimus tibi.
R. Quia per sanctam crucem tuam redemisti mundum.

Do Evangelho de S. Marcos 15, 46-47

José de Arimateia
envolveu o corpo de Jesus num lençol.
Em seguida, depositou-O num sepulcro cavado na rocha
e rolou uma pedra
contra a porta do sepulcro.
Maria de Magdala
e Maria, mãe de José,
observaram onde O depositaram.

MEDITAÇÃO

Desde que o homem, por causa do pecado, foi afastado da árvore da vida (cf. Gn Gn 3,23-24), a terra tornou-se um cemitério. Há tantos homens como sepulcros. Um grande planeta de túmulos.
Nas proximidades do Calvário, havia um túmulo que pertencia a José de Arimateia (cf. Mt Mt 27,60). Neste túmulo, com o consentimento de José, colocou-se o corpo de Jesus depois de descido da Cruz (cf. Mc Mc 15,42-46 etc. ). Depositaram-no à pressa, de modo que a cerimónia terminasse antes da festa da Páscoa (cf. Jo Jn 19,31), que começava ao pôr do sol.
Dentre todos os túmulos espalhados pelos continentes do nosso planeta, há um onde o Filho de Deus, o homem Jesus Cristo, venceu a morte com a morte. "O mors! Ero mors tua!", "Ó morte, Eu serei a tua morte" (1ª antífona das Laudes de Sábado Santo)". A árvore da Vida, da qual o homem foi afastado por causa do pecado, revelou-se novamente aos homens no corpo de Cristo. "Se alguém comer deste pão viverá eternamente; e o pão que Eu hei-de dar é a minha carne pela vida do mundo" (Jn 6,51).
Embora o nosso planeta esteja sempre a repovoar-se de túmulos, embora cresça o cemitério no qual o homem volta ao pó donde tinha sido tirado (cf. Gn Gn 3,19), todavia todos os homens que olham para o túmulo de Jesus Cristo vivem na esperança da Ressurreição.

ACLAMAÇÕES

Jesus Senhor, nossa ressurreição,
no sepulcro novo destruís a morte e dais a vida.
R. Kyrie, eleison.

Jesus Senhor, nossa esperança,
o vosso corpo crucificado e ressuscitado é a nova árvore da vida.
R. Kyrie, eleison.


Todos:
Pater noster, qui es in caelis;
sanctificetur nomen tuum;
adveniat regnum tuum;
fiat voluntas tua, sicut in caelo et in terra.
Panem nostrum cotidianum da nobis hodie;
et dimitte nobis debita nostra,
sicut et nos dimittimus debitoribus nostris;
et ne nos inducas in tentationem;
sed libera nos a malo.

Quando corpus morietur,
fac ut animae donetur
paradisi gloria. Ame.



O Santo Padre fala aos presentes.

No final do discurso, o Santo Padre dá a Bênção Apostólica:

V. Dominus vobiscum.
R. Et cum spiritu tuo.

V. Sit nomen Domini benedictum.
R. Ex hoc nunc et usque in saeculum.

V. Adiutorium nostrum in nomine Domini.
R. Qui fecit caelum et terram.

V. Benedicat vos omnipotens Deus,
Pater et Filius et X Spiritus Sanctus.
R. Amen



VIA-SACRA NO COLISEU


ALOCUÇÃO DO SANTO PADRE JOÃO PAULO II


Sexta-feira Santa, 18 de Abril de 2003


"Ecce lignum crucis in quo salus mundi pependit... venite adoremus". Ouvimos esta palavra na liturgia de hoje: eis o madeiro da cruz.

É a palavra-chave da Sexta-Feira Santa. Ontem, no primeiro dia do "Triduum Sacrum", a Quinta-Feira Santa, tínhamos ouvido: "Hoc est corpus meum, quod pro vobis tradetur. Eis o meu corpo que será entregue por vós".

Hoje vemos como é que estas palavras de ontem foram realizadas: eis o Gólgota, eis o Corpo de Cristo sobre a Cruz. "Ecce lignum Crucis in quo salus mundi pependit".

Mistério da fé! O homem não podia imaginar este mistério, esta realidade. Só Deus a podia revelar. O homem não tem a possibilidade de dar a vida depois da morte. A morte da morte. Na ordem humana, a morte é a última palavra. A palavra que vem depois, a palavra da Ressurreição, é palavra somente de Deus e, por isso, nós celebramos com tão profundo afecto este "Triduum Sacrum".

Hoje rezamos a Cristo deposto da Cruz e sepultado. O seu sepulcro foi selado. E amanhã, em todo o mundo, em todo o cosmos, em todos nós, haverá um silêncio profundo. Silêncio de espera.

"Ecce lignum Crucis in quo salus mundi pependit". Este Madeiro da morte, o madeiro que levou à morte o Filho de Deus, abre o caminho para o dia que se segue: quinta-feira, sexta-feira, sábado, domingo. Domingo será Páscoa. E ouviremos as palavras da Liturgia. Hoje ouvimos: "Ecce lignum Crucis in quo salus mundi pependit". Salvação do mundo! Sobre a Cruz! E, depois de amanhã, cantaremos: "Surrexit de sepulchro... qui pro nobis pependit in ligno". Eis a profundidade, a simplicidade divina, deste Tríduo pascal.

Faço votos para que vivais este Tríduo o mais profundamente possível. Estamos aqui, como em anos anteriores, à volta do Coliseu. É um símbolo. Este Coliseu é um símbolo. Sobretudo, fala-nos dos tempos passados, daquele grande Império romano que se desmoronou. Fala-nos daqueles mártires cristãos que aqui deram o seu testemunho com a sua vida e a sua morte. É difícil encontrar um outro lugar onde o Mistério da Cruz fale mais eloquentemente do que aqui, diante deste Coliseu.

"Ecce lignum Crucis in quo salus mundi pependit". Salus mundi!

Desejo-vos a todos vós, caríssimos Irmãos e Irmãs, que vivais este "Triduum Sacrum" Quinta-Feira, Sexta-Feira, Sábado Santo, Vigília Pascal e, depois, a Páscoa cada vez mais profundamente e que também deis testemunho dele.

Seja louvado Jesus Cristo!



DISCURSO DO PAPA JOÃO PAULO II


A UMA REPRESENTAÇÃO DA AGESCI


UM GRUPO DE ESPANHÓIS


E A PEREGRINAÇÃO DA ACP


Sábado, 26 de Abril de 2003

Caríssimos Irmãos e Irmãs!


1. É para mim motivo de alegria receber-vos a todos vós, que provindes da Itália, da Espanha e da Polónia. Agradeço-vos a visita e saúdo-vos com afecto.

A AGESCI: um fascinante caminho educativo

Saúdo em primeiro lugar o Presidente, o Conselho-Geral, os assistentes eclesiásticos, os vários chefes e os responsáveis da Associação de Guias e Escuteiros Católicos Italianos (AGESCI).

Caríssimos, não é a primeria vez que tenho a ocasião de encontrar a vossa benemérita Associação e admiro sempre o entusiasmo juvenil que a distingue, assim como o seu fervoroso desejo de seguir fielmente o Evangelho. O escutismo surgiu como caminho educativo com um método específico que atrai crianças, adolescentes e jovens e fornece aos adultos oportunidades concretas para se tornarem educadores.

A Igreja olha para a vossa Associação com tanta esperança, porque está consciente de que é necessário oferecer às novas gerações a oportunidade de fazer a experiência pessoal de Cristo. Os adultos chamados a ocupar-se da juventude escutista estejam conscientes de que esta missão requer, antes de mais, que sejam testemunhas de Jesus Cristo e que transmitam com o exemplo e a palavra princípios e valores evangélicos. Por isso, é necessário que eles sejam homens e mulheres firmes nos princípios do escutismo católico e, ao mesmo tempo, activamente participantes da vida das comunidades eclesiais e civis.

Fiéis ao vosso carisma, queridos amigos, podereis estabelecer uma relação dinâmica e construtiva com as numerosas agregações leigas, que enriquecem a comunidade eclesial. Podereis cooperar activamente com elas para construir uma sociedade renovada, na qual reine a paz, fundada na justiça, na liberdade, na verdade e no amor. O meu Predecessor, o beato João XXIII, faz referência a estes "pilares" na Encíclica Pacem in terris, texto fundamental que o vosso Conselho Geral escolheu este ano como precioso tema de reflexão.

Gostaria de concluir exortando-vos a não deixar faltar à fascinante actividade escutista o alimento quotidiano da escuta da Palavra de Deus, da oração e de uma intensa vida sacramental. São estas as condições favoráveis para fazer da existência um dom ao próximo e um itinerário seguro para a santidade.

Fazei das empresas verdadeiras comunidades de pessoas

2. É-me grato saudar agora o grupo de funcionários do Banco Bilbao Vizcaya Argentaria (BBVA), provenientes de Espanha e da América Latina que, na peregrinação à Cidade Eterna, quiseram visitar o Sucessor de Pedro. Ao dar-vos as boas-vindas, envio também a minha saudação aos restantes componentes do pessoal que representais e que com o seu trabalho colaboram para o desenvolvimento económico. Ele, se for bem orientado, favorece a convivência pacífica dos cidadãos e permite uma vida em sintonia com a dignidade humana. Desta forma, é honrado o homem, "autor, centro e fim de toda a vida económica e social" (Gaudium et spes, GS 63), e colabora-se no desígnio de Deus.

Desejo recordar que o interesse do lucro, mesmo sendo legítimo, não pode ser o motivo principal ou até exclusivo de uma actividade empresarial ou comercial, porque esta actividade deve ter em conta os factores humanos e está subordinada às exigências morais próprias de toda a acção humana. Por isso, convido-vos a fazer das empresas verdadeiras comunidades de pessoas que procuram a satisfação dos seus interesses económicos no respeito das exigências da justiça e da solidariedade, do trabalho responsável e construtivo, e do fomento das relações humanas autênticas e sinceras, e esteja, além disso, ao serviço da sociedade (cf. Centesimus annus CA 35).

Ao agradecer-vos esta visita estimulo-vos a continuar a levar em frente o compromisso cristão no âmbito das vossas actividades, testemunhando com as palavras e com as acções os ensinamentos do Magistério eclesial em âmbito social. Acompanhe- vos nesse compromisso a Bênção apostólica, que vos concedo com afecto e que faço extensiva com prazer às vossas famílias e a toda a comunidade de trabalho que representais.

A Acção Católica Polaca: escola de leigos prontos para transformar o mundo com base no Evangelho

3. Queridos Irmãos e Irmãs, representantes da Acção Católica na Polónia!

A todos vós, as minhas cordiais boas-vindas. Saúdo o Assistente eclesiástico, Mons. Piotr Jarecki, o Presidente e os outros membros da Presidência.

Viestes aos túmulos dos Apóstolos, para dar graças a Deus pelos frutos da actividade da Acção Católica na Polónia, depois do seu renascimento que remonta há dez anos. Apesar de ser um período breve de tempo, há motivos para dar graças. Sei que a Acção Católica na Polónia já possui uma estrutura organizativa completa, que inclui os numerosos leigos que servem a Igreja com dedicação, reencontrando os próprios carismas e os âmbitos do compromisso pessoal na obra de evangelização. Há dez anos eu pedi aos Bispos polacos que se empenhassem em restabelecer na Igreja aquela forma de apostolado dos leigos. Hoje posso dizer que eles realizaram essa tarefa, e vós e todos os membros da Acção Católica sois um magnífico dom para toda a comunidade do Povo de Deus.

Como sabemos, a Acção Católica surgiu dos movimentos de renovação religiosa, que na segunda metade do século XIX, se desenvolveram em numerosos ambientes leigos católicos. Mais tarde, nos tempos do Papa Pio XI, a Acção Católica tornou-se uma forma activa de participação dos leigos no apostolado da Igreja. As palavras de São Paulo: "instaurare omnia in Christo" - renovar todas as coisas em Cristo (cf. Ef Ep 1,10), tornaram-se o seu programa. Graças a uma perseverante realização deste programa de renovação da realidade da Igreja e do mundo "por Cristo, com Cristo e em Cristo", a Acção Católica tornou-se uma escola de formação dos leigos que preparava para fazer face corajosamente à secularização, que alastrava de maneira cada vez mais forte no século XX.

Recordo estes factos históricos, para indicar uma certa analogia entre aquele começo e o início da renascida Acção Católica na Polónia. Como então, assim também agora, na fonte da sua existência e das suas obras, se encontra um profundo desejo dos fiéis leigos de participar activamente com os Bispos e com os presbíteros na sua responsabilidade pela vida da Igreja e pelo anúncio da Boa Nova. Também não sofreu alterações o fim e o programa espiritual da actividade: renovar-se a si mesmo, o próprio ambiente, a comunidade dos crentes, e por fim, todo o mundo com base no amor e no poder de Cristo. Por fim, estes dois princípios estão unidos pelo mesmo desafio a que a secularização dos vários sectores da vida social dá origem.

Como testemunhas do Evangelho, aceitai esse desafio em todos os ambientes: na família, no lugar de trabalho, na escola ou na universidade. Aceitai-o, conscientes de que "os leigos adquirem o direito e o dever do apostolado pela sua própria união com Cristo Cabeça. Inseridos no Corpo Místico de Cristo pelo Baptismo, robustecidos com a força do Espírito Santo pela Confirmação, são destinados pelo próprio Senhor para o apostolado" (Apostolicam actuositatem, AA 3).

Dever e direito. Precisamente assim: tendes o dever e o direito de levar o Evangelho, de testemunhar a sua actualidade ao homem contemporâneo e de acender a fé naqueles que se afastaram de Deus. Se a Igreja reconhece o vosso direito, se vos ampara para que o ponhais em prática, ao mesmo tempo recorda-vos que é este o vosso dever. E também eu vo-lo recordo, referindo-me ao baptismo, no qual graças à justificação vos tornastes apóstolos da justiça, e com a Confirmação, na qual o Espírito Santo vos tornou capazes de cumprir a função profética na Igreja.

Contudo, é necessário que recordeis que esse dever, essa nobre tarefa, só a podeis realizar se vos ancorardes em Cristo. A Acção Católica não se pode limitar apenas a agir na dimensão social da Igreja. Se ela deve ser a escola, a comunidade da formação dos leigos prontos para transformar o mundo com base no Evangelho, deve formar a sua própria espiritualidade. E se deve transformar a realidade baseando-se em Cristo, essa espiritualidade deveria fundar-se na contemplação do Seu Rosto. Como escrevi na Carta Novo millennio ineunte, "o nosso testemunho seria excessivamente pobre, se não fôssemos primeiro contemplativos do seu rosto" (n. 16).

"Sigamos em frente com esperança! Diante da Igreja abre-se um novo milénio como vasto oceano onde aventurar-se com a ajuda de Cristo. O Filho de Deus, que encarnou há dois mil anos por amor do homem, continua também hoje em acção: devemos possuir um olhar perspicaz para a contemplar, e sobretudo um coração grande para nos tornarmos instrumentos dela. (...) Podemos contar com a força do mesmo Espírito que foi derramado no Pentecostes e nos impele hoje a partir de novo sustentados pela esperança "que não nos deixa confundidos" (Rm 5,5)" (Novo millennio ineunte NM 58).

Para que prossigais por este caminho, o caminho da contemplação do rosto de Cristo, o caminho da formação da espiritualidade da Acção Católica com base nesta contemplação, o caminho do apostolado e do testemunho, abençoo-vos de coração.

4. Caríssimos Irmãos e Irmãs, garanto a cada um de vós a minha recordação ao Senhor, confio-vos a vós, às vossas famílias e às Comunidades das quais provindes à materna protecção de Maria e de coração vos abençoo a todos.






DIscursos João Paulo II 2003 - ACLAMAÇÕES