AUDIÊNCIAS 2003




                                                                               Janeiro de 2003

PAPA JOÃO PAULO II


AUDIÊNCIA


Quarta-feira 8 de janeiro de 2003

A alegria dos que entram no templo




Caríssimos Irmãos e Irmãs:

1. No clima de alegria e de festa que se prolonga nesta última semana do tempo de Natal, desejamos retomar a nossa meditação sobre a Liturgia das Laudes. Detemo-nos hoje no Salmo 99, que acabamos de proclamar, o qual constitui um jubiloso convite a louvar o Senhor, pastor do seu povo.

Toda a composição é marcada por sete imperativos que estimulam a comunidade fiel a celebrar, no culto, o Deus do amor e da aliança: aclamai, servi, apresentai-vos, reconhecei, ultrapassai as portas, louvai-o, bendizei. Podemos pensar numa procissão litúrgica, que está para entrar no templo de Sião e realizar um rito em honra do Senhor (cf. Sl Ps 14 Ps 23 Ps 94).

Entrelaçam-se no Salmo algumas palavras características para exaltar o vínculo de aliança que foi estabelecido entre Deus e Israel. Antes de mais, sobressai a afirmação de uma pertença total a Deus: "Pertencemos-Lhe, somos o Seu povo" (Ps 99,3), afirmação cheia de orgulho e, ao mesmo tempo, de humildade, dado que Israel se apresenta como "as ovelhas do Seu rebanho" (ibid).

Encontramos noutros textos a expressão da relação correspondente: "Porque Ele é o nosso Deus" (cf. Sl Ps 94,7). Depois, encontramos o léxico da relação de amor, a "misericórdia" e a "fidelidade", juntamente com a "bondade" (cf. Sl Ps 99,5), que no original hebraico são formuladas precisamente com palavras típicas do pacto que une Israel ao seu Deus.

2. É feita também a enumeração das coordenadas do espaço e do tempo. Com efeito, por um lado, apresenta-se diante de nós toda a terra com os seus habitantes envolvida no louvor a Deus (cf. v. 2); depois, o horizonte limita-se à área sagrada do templo de Jerusalém com os seus pátios e as suas portas (cf. v. 4), onde se encontra reunida a comunidade orante. Por outro lado, faz-se referência ao tempo nas suas três dimensões fundamentais: o passado da criação ("ele criou-nos", v. 3), o presente da aliança e do culto ("nós pertencemos-Lhe, somos as ovelhas do Seu rebanho", ibid) e, por fim, o futuro em que a fidelidade misericordiosa do Senhor se expande "por todas as gerações", revelando-se "eterna" (v. 5).

3. Detenhamo-nos agora brevemente nos sete imperativos que constituem o longo convite a louvar a Deus e ocupam quase todo o Salmo (cf. vv. 2-4) antes de encontrar, no último versículo, a sua motivação na exaltação de Deus, contemplado na sua identidade íntima e profunda.

O primeiro apelo consiste na aclamação jubilosa que envolve toda a terra no cântico de louvor ao Criador. Quando rezamos, devemos sentir-nos em sintonia com todos aqueles que, em línguas e formas diversas rezam, exaltando o único Senhor. "Mas como diz o profeta Malaquias do nascente ao poente o Meu nome é grande entre as nações e em todos os lugares é oferecido ao Meu nome um sacrifício de incenso e uma oferenda pura. Porque é grande entre as Nações o Meu nome, diz o Senhor dos exércitos" (1, 11).

4. Seguem-se, depois, alguns apelos de tipo litúrgico e ritual: "servir", "apresentar-se" e "passar as portas" do templo. São verbos que, fazendo também alusão às audiências reais, descrevem os vários gestos que os fiéis realizam quando entram no santuário de Sião para participar na oração comunitária. Depois do cântico cósmico, celebra-se a liturgia por parte do povo de Deus, as "ovelhas do Seu rebanho", a sua "propriedade entre todos os povos" (Ex 19,5).

O convite a "passar as portas com acções de graças" e "com cânticos de louvor" recorda-nos o trecho de Os mistérios de Santo Ambrósio, onde são descritos os baptizados que se aproximam do altar: "O povo purificado aproxima-se do altar de Deus dizendo: "entrarei no altar de Deus, o Deus da minha alegria jubilosa" (Ps 42,4). De facto, abandonando os despojos do erro arreigado, o povo renovado na sua juventude como uma águia, apressa-se para participar neste convite celeste. Portanto ele vem e, ao ver o sacrossanto altar convenientemente preparado, exclama: "O Senhor é o meu pastor, nada me falta. Em verdes prados me faz descansar e conduz-me às águas refrescantes" (Ps 22,1-2)" (Obras dogmáticas III, 17, págs. 158-159).

5. Os outros imperativos, que adornam o Salmo, propõem de novo atitudes religiosas fundamentais do orante: reconhecer, louvar, abençoar. O verbo reconhecer, exprime o conteúdo da profissão de fé no único Deus. Com efeito, devemos proclamar que só "o Senhor é Deus" (Ps 99,3), combatendo qualquer forma de idolatria, de soberba e de poder humano que se Lhe opõe.

O fim dos outros verbos, isto é, louvar e abençoar, é de igual modo "o nome" do Senhor" (cf. v. 4), ou seja, a sua pessoa, a sua presença eficaz e salvadora.

A esta luz o Salmo alcança, no final, uma solene exaltação de Deus, que é uma espécie de profissão de fé: o Senhor é bom e a sua fidelidade nunca nos abandona, porque Ele está sempre pronto a amparar-nos com o seu amor misericordioso. Com esta confiança o orante abandona-se ao abraço do seu Deus: "Saboreai e vede como é bom o Senhor diz noutra parte o Salmista feliz o homem que n'Ele se abriga" (Ps 33,9 cf. 1P 2,3).



Saudações

Saúdo afectuosamente os peregrinos de língua portuguesa, com votos de paz e de alegria, especialmente o grupo de brasileiros aqui presente. Sejam todos bem-vindos! Faço votos de que a luz do Natal que vem de Belém, continue iluminando vossos passos para que possais corresponder com fé, esperança e amor aos desígnios do Divino Salvador. Com a minha Bênção apostólica.

Sinto-me feliz em receber esta manhã os peregrinos de língua francesa, sobretudo os jovens do liceu Nossa Senhora das Dunas, de Dunquerque, e os peregrinos luxemburgueses de Alzingen. Oxalá a vossa estadia aqui confirme a vossa fé e faça de vós testemunhas de Cristo, o Verbo feito homem!

Dou as minhas calorosas boas-vindas aos peregrinos de língua inglesa presentes hoje aqui, incluindo os grupos provenientes da Dinamarca, da Nova Zelândia e dos Estados Unidos da América. Sobre todos vós e sobre as vossas famílias, invoco a graça e a paz de Nosso Senhor Jesus Cristo. Feliz Ano Novo!

Saúdo calorosamente os peregrinos provenientes dos países de língua alemã. Saúdo de modo especial o grupo de peregrinos de "Sankt Klaus von der Flüe" de Büttelborn. O Natal não deve desaparecer na agitação do quotidiano. Vivei no amor salvífico de Deus e levai-O ao mundo! A alegria do Senhor seja a vossa fortaleza (cf. Nm NM 8,10)!

Saúdo cordialmente todos os peregrinos croatas aqui presentes, em particular as Estudantes do Liceu Clássico Feminino das Irmãs de São Vicente de Paulo de Zagrábia, Sede bem-vindas!
Caríssimos, abri os vossos corações ao Mistério de Natal, para que na sua luz possais construir um futuro rico de esperança e de paz. Concedo de coração a Bênção apostólica a vós e às vossas famílias.
Louvados sejam Jesus e Maria!

Dirijo uma saudação cordial aos peregrinos provenientes de Brno e arredores.
Neste tempo de Natal ressoa nas nossas almas o cântico angélico: "glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens por ele amados"(Lc 2,14). Difundi também vós a paz de Cristo!
Com estes votos, vos abençoo. Louvado seja Jesus Cristo!

Saúdo cordialmente os peregrinos da Polónia. Durante o Natal, de maneira particular, contemplámos com Maria o rosto de Jesus, Deus encarnado.

O Salmo, sobre o qual reflectimos na catequese de hoje é, de certa forma, o convite a permanecer nesta contemplação. O seu fundamento constitui a fé de que "o Senhor é Deus". O Salmista solicita a apresentar-se com esta fé diante do Senhor rejubilando, a passar as portas do templo com gratidão e a louvor, e a servi-Lo com alegria.

Desejo a todos um feliz Ano Novo.

Por fim, dirijo o meu pensamento aos jovens, aos doentes e aos novos casais. Caríssimos, nestes dias depois da festa da Epifania, continuemos a meditar sobre a manifestação de Jesus a todos os povos. A Igreja convida-vos a vós, queridos jovens, a ser apóstolos entusiastas de Cristo entre os vossos coetâneos; exorta-vos a vós, estimados doentes, a difundir sempre a sua luz com paciência serena; e estimula-vos a vós, queridos novos casais, a ser sinal, com o vosso amor fiel, da sua presença renovadora.



PAPA JOÃO PAULO II


AUDIÊNCIA


Quarta-feira 15 de janeiro de 2003

Promessa de observar a lei de Deus




Caríssimos Irmãos e Irmãs

1. No nosso já longo itinerário à luz dos Salmos que a Liturgia das Laudes propõe, chegamos a uma estrofe precisamente a décima nona da maior oração do Saltério, o Salmo 118. Trata-se de uma parte do grande cântico alfabético: através de um jogo de estilo, o Salmista distribui a sua obra em vinte e duas estrofes, que correspondem à sequência das vinte e duas letras do alfabeto hebraico. Cada estrofe tem oito versículos, sendo o seu início marcado por palavras hebraicas que começam todas com uma mesma letra do alfabeto.

A que nós escutámos agora é uma estrofe cadenciada pela letra hebraica qôf, e representa o orante que apresenta a Deus a sua intensa vida de fé e de oração (cf. vv. 145-152).

2. A invocação ao Senhor não conhece repouso porque é uma resposta contínua à proposta permanente da Palavra de Deus. Com efeito, por um lado, multiplicam-se os verbos da oração: Invoco-Te, chamo-Te, imploro ajuda, ouve a minha voz. Por outro, é exaltada a palavra do Senhor que propõe os decretos, os ensinamentos, a palavra, as promessas, o juízo, a lei, os preceitos e os testemunhos de Deus. Ao mesmo tempo formam uma constelação que é como a estrela polar da fé e da confiança do Salmista. Mas a oração revela-se como um diálogo, que se abre quando já é noite e o alvorecer ainda não despontou (cf. v. 147) e continua todo o dia, sobretudo nas dificuldades da vida. De facto, o horizonte é por vezes sombrio e atormentado: "Os meus perseguidores estão perto, eles afastam-se da Vossa lei" (v. 150). Mas o orante tem uma certeza inabalável, a proximidade de Deus com a sua palavra e com a sua graça: "Também Vós, Senhor, estais perto" (v. 151). Deus não abandona o justo nas mãos dos perseguidores.

3. A este ponto, tendo sido delineada a mensagem simples, mas incisiva, da estrofe do Salmo 118 uma mensagem adequada para o ínicio de um dia remetemo-nos, para a nossa meditação, a um grande Padre da Igreja, Santo Ambrósio, que no seu Comentário ao Salmo 118 dedica 44 parágrafos para explicar precisamente a estrofe que ouvimos.

Retomando o convite espiritual para cantar o louvor divino desde as primeiras horas da manhã, ele detém-se sobretudo nos versículos 147-148: "Pela manhã apresso-me a invocar-Vos... Os meus olhos antecipam-se às vigílias da noite". Nesta declaração do Salmista, Ambrósio intui a ideia de uma oração constante, que abrange todos os tempos: "Quem implora o Senhor, comporte-se como se não conhecesse a existência de qualquer tempo particular a ser dedicado às súplicas do Senhor, mas mantenha sempre aquela atitude de súplica. Tanto quando comemos, como quando bebemos, anunciamos Cristo, rezamos a Cristo, pensamos em Cristo, falamos de Cristo! Cristo esteja sempre no nosso coração e nos nossos lábios!" (Comentário ao Salmo 118/2: Saemo 10, pág. 297).

Depois, ao narrar os versículos no momento específico da manhã e aludindo também à expressão do livro da Sabedoria que perscreve que "se antecipe o sol para dar graças" a Deus (16, 28), Ambrósio comenta: "De facto, seria grave se os raios do sol nascente te surpreendessem a preguiçar na cama em vistoso desaforo e se uma luz mais forte te ferisse os olhos ensonados, ainda imersos no entorpecimento. Para nós, é uma acusação um espaço tão prolongado de tempo passado sem a mínima prática de piedade e sem a oferta de um sacrifício espiritual, numa noite ociosa" (Ibidem, ob. cit., pág. 303).

4. Depois, Santo Ambrósio, ao contemplar o sol que surge como fizera noutro seu célebre hino "ao cantar do galo", o Aeterne rerum conditor, que entrou na Liturgia das Horas interpela-nos assim: "Porventura, tu, homem, não sabes que todos os dias tens uma dívida para com Deus, das primícias do teu coração e da tua voz? A messe amadura todos os dias; todos os dias amadurece o seu fruto. Portanto, corre ao encontro do sol que nasce... O sol da justiça quer ser antecipado e nada mais espera... Se antecipares o nascer do sol, receberás Cristo como luz. Será precisamente Ele a primeira luz que brilhará no segredo do teu coração. Será precisamente Ele que... fará resplandecer para ti a luz da manhã nas horas da noite, se reflectires sobre as palavras de Deus.

Enquanto tu reflectes, alvorece... Apressa-te, de manhã cedo, vai à igreja e recebe como homenagem as primícias da tua devoção. E depois, se o compromisso do mundo te chama, nada te impede de dizer: "Os meus olhos antecipam-se às vigílias da noite para meditar sobre as tuas promessas", e com a consciência tranquila cumprirás os teus afazeres. Como é bom começar pelos hinos e cânticos, pelas bem-aventuranças que lês no Evangelho! Como é propício que desça sobre ti para abençoar as palavras do Senhor; que tu, ao repetires, cantando, as bênçãos do Senhor, sintas o compromisso de praticar algumas virtudes, se desejas entrever também dentro de ti algo que te faça sentir merecedor daquela bênção divina!" (Ibidem, ob. cit., págs. 303.309.311.313).
Aceitemos também nós o apelo de Santo Ambrósio e todas as manhãs abramos o olhar sobre a vida quotidiana, sobre as suas alegrias e pesadelos, invocando Deus para que esteja próximo de nós e nos oriente com a sua palavra, que infunde serenidade e graça.

Saudações

Apresento as minhas saudações aos Senhores Cardeais e Bispos do Brasil que realizam a visita "ad Limina" e hoje estão presentes nesta Audiência. Faço os melhores votos de paz e de bem para as vossas Dioceses. Abençoo-vos de coração.

Saúdo com afecto os peregrinos de língua portuguesa que porventura aqui se encontrem e, como penhor de abundantes dons divinos que sirvam de estímulo para a sua vida cristã, concedo-lhes benevolamente a minha Bênção Apostólica.

Saúdo cordialmente os peregrinos de língua francesa presentes nesta audiência, em particular os jovens da Escola Rocroy Saint Léon, de Paris. Que a vossa peregrinação seja fonte fecunda de paz e de confiança.

Dou as boas-vindas aos peregrinos vindos da Paróquia de São José em Santa Ana, e aos estudantes do Colégio de Santa Maria, em Moraga, na Califórnia. Sobre todos os peregrinos de língua inglesa e os visitantes presentes nesta audiência, invoco de todo o coração as bênçãos de Deus, na alegria e na paz.

Do coração saúdo os peregrinos e vivitantes vindos da Alemanha, Áustria e Suíça. Em todos os dias da vossa vida, uni-vos pela oração a Deus, que em Jesus Cristo manifestou aos homens a palavra definitiva da salvação. A graça de Deus, cuja fidelidade não acaba mais, vos acompanhe a todos.

Quero saudar os peregrinos de língua espanhola, em particular o grupo de panamianas que têm quinze anos e os fiéis das paróquias da Sagrada Família, de Torrent e de Pego, da Virgem de Lluch, de Alcira e do Preciosíssimo Sangue, de Valência. Peço-vos a todos que leveis a saudação do Papa às vossas famílias e comunidades.
Obrigado.

Caríssimos irmãos e irmãs. Saúdo-vos cordialmente, bem como aos vossos familiares.

Na Catequese de hoje meditámos um trecho do Salmo 118. Este texto inspirado fala do homem que, de todo o coração, deseja observar a Lei de Deus e sabe que este desejo só se pode realizar com o auxílio de Deus. Por isso, desde a aurora, antes do nascer do sol, dirige-se a Deus com uma súplica ardente. Continua a oração, sem cessar, durante todo o dia e dá conta de que, mesmo nas grandes adversidades, Deus está presente.

Esta oração vos acompanhe sempre, a fim de que a experiência da presença de Deus seja para vós uma ajuda, numa vida boa em cada dia.

Louvado seja Jesus Cristo!

Dirijo uma saudação especial aos peregrinos de língua italiana. Em particular, saúdo os fiéis de São José em Pasteria, que lembram o sexagésimo aniversário da instituição da sua paróquia. Faço votos pelo seu generoso compromisso cristão ao serviço do Evangelho.

Depois, abraço espiritualmente as crianças ucranianas e a paróquia dos Protomártires romanos, em Roma, que os acolhe.

O meu pensamento vai, ainda, para os jovens, os doentes e os novos esposos. A Festa do Baptismo do Senhor, que celebrámos no domingo passado, seja para vós um estímulo, caros jovens, ao recordar o vosso baptismo; constitua para vós, queridos doentes, conforto e alívio na provação; leve-vos a vós, amados novos esposos, a aprofundar e testemunhar corajosamente a fé para a transmitirdes fielmente aos vossos filhos.





PAPA JOÃO PAULO II


AUDIÊNCIA


Quarta-feira 22 de janeiro de 2003

Vigilância, perseverança, confiança:

dimensões indispensáveis do compromisso ecuménico






1. O Senhor fundou a Igreja "una" e "única": professamos isto no símbolo niceno-constantinopolitano: "Creio na Igreja una, santa, católica e apostólica". "Apesar disso recorda o Concílio Vaticano II muitas Comunhões cristãs se apresentam aos homens pretendendo ser a verdadeira herança de Jesus Cristo; todas com efeito se afirmam verdadeiras discípulas do Senhor, mas propõem diversas opiniões e caminham por vias diversas, como se o próprio Cristo estivesse dividido" (Unitatis redintegratio, UR 1).

A unidade é um dom grandioso, dom que contudo levamos em vasos de barro, frágeis e que se podem partir. As vicissitudes da comunidade cristã ao longo dos séculos mostra como esta afirmação é realista.

Em virtude da fé que nos une, todos nós, cristãos, devemos, cada qual segundo a própria vocação, reconstruir a plena comunhão, "tesouro" precioso que Cristo nos deixou. Com o coração puro e sincero devemos comprometer-nos sem jamais nos cansarmos nesta tarefa evangélica. A Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos recorda-nos esta tarefa fundamental e oferece-nos a oportunidade de rezar em assembleias de Igrejas particulares e Comunidades eclesiais, assim como em encontros comuns entre católicos, ortodoxos e protestantes, para implorar com uma só voz e um só coração o dom precioso da unidade plena.

2. "Trazemos... esse tesouro em vasos de barro" (2Co 4,7). São Paulo diz isto ao referir-se ao ministério apostólico, que consiste em fazer resplandecer entre os homens o esplendor do Evangelho e observa: "Pois nós, não nos pregamos a nós próprios, mas a Cristo Jesus, o Senhor; e nós não somos senão vossos servos, por amor de Jesus" (Ibid., 5). Conhece o peso e as dificuldades da evangelização, assim como a fragilidade humana; recorda que o tesouro do Kerigma cristão que nos foi confiado em "vasos de barro" se transmite através de instrumentos frágeis, "para que tão excelso poder se reconheça vir de Deus e não de nós" (Ibid., 7). E nenhum inimigo jamais conseguirá suplantar o anúncio do Evangelho, nem suprimir a voz do Apóstolo; "Em tudo somos atribulados reconhece São Paulo mas não esmagados" (v. 8). "Acreditei acrescenta ele e por isso falei" (v. 13).

3. Na Última Ceia Jesus reza pelos seus discípulos, "para que todos sejam um só; como Tu, ó Pai, estás em Mim e Eu em Ti" (Jn 17,20-21). Por conseguinte, a unidade é o "tesouro" que Ele lhes deu. Um tesouro que apresenta duas características peculiares: por um lado a unidade exprime fidelidade ao Evangelho, por outro, como o próprio Senhor indicou, é uma condição para que todos creiam que Ele é o enviado do Pai. Por conseguinte, a unidade da comunidade cristã está orientada para a evangelização de todos os povos.

Apesar do carácter sublime e da grandeza deste dom, a debilidade humana fez com que ele não tenha sido totalmente recebido e valorizado. No passado, as relações entre cristãos foram por vezes cxaracterizadas pela oposição, e, nalguns casos, até pelo ódio recíproco. E tudo isto como recordou justamente o Concílio Vaticano II é motivo de "escândalo" para o mundo e "danifica" a pregação do Evangelho (cf. Unitatis redintegratio, UR 1).

4. Sim! O dom da unidade está contido em "vasos de barro", que se podem partir, e por isso é exigido o máximo cuidado. É necessário cultivar entre os cristãos um amor que se comprometa em superar as divergências; é necessário esforçar-se por vencer qualquer barreira com a oração incessante, com o diálogo perseverante e com uma cooperação concreta e fraterna em favor dos mais pobres e necessitados.

O anseio pela unidade nunca deve faltar na vida quotidiana das Igrejas e Comunidades eclesiais, assim como na vida de cada um dos fiéis. Nesta perspectiva, pareceu-me ser útil propor uma reflexão comum sobre o ministério do Bispo de Roma, constituído "o princípio e o fundamento perpétuo e visível da unidade" (Lumen gentium, LG 23), a fim de "encontrar uma forma de exercício do primado que, sem renunciar de modo algum ao que é essencial da sua missão, se abra a uma situação nova" (Ut unum sint, UUS 95). O Espírito Santo ilumine os pastores e os teólogos das nossas Igrejas neste diálogo paciente e certamente proveitoso.

5. Alargando o olhar para todo o panorama ecuménico, sinto o dever de agradecer ao Senhor o caminho até agora percorrido, tanto pela qualidade das relações fraternas estabelecidas entre as diversas Comunidades, como pelos frutos alcançados pelos diálogos teológicos, apesar de serem diversos nas suas modalidades e níveis. Podemos dizer que os cristãos hoje estão mais unidos e solidários, mesmo se o caminho para a unidade ainda é em subida, com obstáculos e dificuldades. Seguindo o caminho indicado pelo Senhor, eles avançam confiantes, porque sabem que são acompanhados, como os discípulos de Emaús, pelo Senhor ressuscitado para a meta da plena comunhão eclesial, que, depois, conduz à comum "fracção do Pão".

6. Caríssimos Irmãos e Irmãs! São Paulo convida-nos a estarmos vigilantes, a ser perseverantes e a ter confiança, dimensões estas, indispensáveis no compromisso ecuménico.

Para esta finalidade, dirigimo-nos ao Senhor nesta "Semana de Oração" com a invocação tirada propositadamente dos textos preparados: "Pai Santo, apesar da nossa debilidade, fizestes de nós testemunhas de esperança, discípulos fiéis do Teu Filho. Levamos este tesouro em vasos de barro e receamos vacilar face aos sofrimentos e ao mal. Por vezes duvidamos até do poder da palavra de Jesus, que disse: "que sejam um só". Dá-nos de novo o conhecimento daquela glória que resplandece no rosto de Cristo, para que com as nossas acções, o nosso compromisso e com toda a nossa vida, proclamemos ao mundo que Ele está vivo e actua entre nós". Amen.

Saudações

Uma saudação cordial a todos os participantes de língua portuguesa nesta Audiência, que se realiza durante o Oitavário de Oração pela Unidade dos Cristãos. Grande dom é a unidade, mas trazemo-lo em vasos de barro, que podem quebrar-se! Imploremos o Espírito de Amor sobre todos os cristãos, para que cresça cada vez mais o seu anseio de plena unidade e todos juntos sejam o fermento evangélico que há-de levedar o mundo. Sobre vós, vossas famílias e paróquias, desça a minha Bênção.

Acolho com alegria os que falam francês e estão aqui presentes, entre eles os "Artisans de la fête", da diocese de Metz, e as religiosas que participam na sessão organizada pela União dos Superiores-Gerais. Que a vossa presença em Roma possa confirmar a vossa fé e o vosso desejo de trabalhar na procura da unidade!

Sinto-me feliz por dirigir a minha saudação aos peregrinos de língua inglesa presentes nesta Audiência, particularmente os que vieram da Irlanda, Dinamarca, Suécia, Austrália, Japão e Estados Unidos da América. Convido-vos a fazer, durante esta semana, uma oração especial pela Unidade dos Cristãos e, com alegria, invoco sobre vós a graça e a paz de nosso Senhor Jesus Cristo.

Saúdo os peregrinos de língua espanhola, em particular as Irmãs dos Pobres, Servas do Sagrado Coração, de Roma, com a sua Superiora-Geral e o grupo da Escola Italiana de Santiago do Chile. Convido-vos a todos a participar com grande atenção no desejo de que todos os discípulos de Jesus formem uma só família.
Obrigado.

Saúdo os peregrinos provenientes da Polónia, de modo especial os sacerdotes da Arquidiocese de Cracóvia. Peço-vos que leveis a minha saudação e a minha bênção aos vossos irmãos no sacerdócio e aos fiéis confiados aos vossos cuidados pastorais.

Estamos na Semana de oração pela unidade dos cristãos e, por isso, a catequese de hoje foi dedicada aos esforços ecuménicos que os cristãos de diversas denominações empreendem, a fim de que se realize a oração de Cristo: ut unum sint para que sejam um só. É um dever que nos diz respeito a todos. Mas a unidade é, acima de tudo, um fruto da graça de Deus. Eis por que é necessário pedir esta graça, sem cessar. Que esta semana reavive em todos o desejo de colaborar nos caminhos da unidade. Deus vos abençoe!

Dirijo uma cordial saudação de boas-vindas aos peregrinos de língua italiana. Em particular, saúdo os fiéis da Paróquia de São Pedro Apóstolo, em Nápoles. Caríssimos, agradeço-vos a vossa presença tão numerosa e asseguro-vos a minha oração, para que se reforce em vós o desejo de conhecer e seguir a Jesus Cristo, único Salvador do mundo.

Saúdo, além disso, os representantes da "Comunidade dos Filhos de Deus" e desejo a cada um que continue a ser testemunha corajosa do Evangelho na sociedade.

Por fim, o meu pensamento vai para os jovens, os doentes e os novos casais.

Caríssimos, nesta Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, seja intensa a nossa invocação do Senhor para que, o mais depressa possível, se chegue à plena comunhão de todos os discípulos de Cristo.

Neste espírito, convido-vos, caros jovens, a ser em toda a parte, especialmente juntos dos vossos coetâneos, apóstolos de fiel adesão ao Evangelho; peço-vos a vós, queridos doentes, que ofereçais os vossos sofrimentos pela causa da unidade dos cristãos; exorto-vos, amados novos casais, a tornar-vos cada vez mais um só coração e uma só alma no seio das vossas famílias.



PAPA JOÃO PAULO II


AUDIÊNCIA


Quarta-feira 29 de janeiro de 2003

Dai-me, Senhor, a sabedoria

Caríssimos Irmãos e Irmãs


1. O Cântico agora proposto apresenta-nos a maior parte de uma ampla oração colocada nos lábios de Salomão, que na tradição bíblica é considerado o rei justo e o sábio por excelência. Ela é-nos oferecida no capítulo nono do Livro da Sabedoria, um escrito do Antigo Testamento composto em grego, talvez em Alexandria do Egipto, no limiar da era cristã. Nele se entrevê uma expressão do judaísmo vivaz e aberto da Diáspora hebraica no mundo helénico.

São três substancialmente os percursos de pensamento teológico que este livro nos propõe: a imortalidade feliz como meta final da existência do justo (cf. cc. 1-5); a sabedoria como dom divino e orientação da vida e das escolhas do fiel (cf. cc. 6-9); a história da salvação, sobretudo o acontecimento fundamental do êxodo da opressão egípcia, como sinal daquela luta entre bem e mal, que termina numa plena salvação e redenção (cf. cc. 10-19).

2. Salomão viveu uma dezena de séculos antes do autor inspirado pelo Livro da Sabedoria, mas foi considerado como o arquétipo e o artífice ideal de toda a reflexão sapiencial posterior. A oração em forma de hino colocada nos seus lábios é uma invocação solene dirigida ao "Deus dos pais e Senhor de misericórdia" (9, 1), para que conceda o dom preciosíssimo da sabedoria.

É evidente no nosso texto a alusão à cena narrada no Primeiro Livro dos Reis, quando Salomão, nos princípios do seu reino, sobe ao lugar alto de Gabaon, onde se levantava um santuário, e, depois de ter celebrado um grandioso sacrifício, tem durante a noite um sonho-revelação. Ao próprio pedido de Deus, que o convida a pedir-lhe um dom, ele responde: "Dai, pois, ao vosso servo um coração sábio, capaz de julgar o vosso povo e discernir entre o bem e o mal" (1R 3,9).

3. A inspiração oferecida por esta invocação de Salomão é desenvolvida no nosso Cântico numa série de apelos dirigidos ao Senhor, para que conceda o tesouro insubstituível que é a sabedoria.
No trecho extraído da Liturgia das Laudes encontramos estes dois pedidos: "dai-me a sabedoria... Enviai-a, pois, dos Vossos santos céus, enviai-a do trono da vossa glória" (Sg 9,4 Sg 9,10). Sem este dom tem-se a consciência de estar sem orientação, quase privados de uma estrela polar que oriente nas escolhas morais da existência: "Eu sou... homem fraco e de poucos anos, incapaz de compreender o Vosso juízo e as Vossas leis... sem a sabedoria, que procede de vós, (o homem) não será nada" (vv. 5-6).

É fácil descobrir que esta "sabedoria" não é a simples inteligência ou habilidade prática, mas antes a participação na própria mente de Deus que "com a sua sabedoria formou o homem" (cf. v. 2). Por conseguinte, é a capacidade de penetrar no sentido profundo do ser, da vida e da história, indo além da superfície das coisas e dos acontecimentos para descobrir o seu significado último, querido pelo Senhor.

4. A sabedoria é como uma lâmpada que ilumina as nossas opções morais de cada dia e nos conduz pelo recto caminho, para "conhecer o que é agradável aos olhos do Senhor e o que é conforme com os seus decretos" (cf. v. 9). Por isso, a Liturgia nos faz rezar com as palavras do Livro da Sabedoria no início de um dia, precisamente para que Deus, com a sua sabedoria, esteja ao nosso lado e "nos assista nos nossos trabalhos" quotidianos (cf. v. 10), revelando-nos o bem e o mal, o que é justo e o que é injusto.

Guiados pela Sabedoria divina nós entramos confiantes no mundo. Apegamo-nos a ela, amando-a com o amor esponsal a exemplo de Salomão que, sempre segundo o Livro da Sabedoria, confessava: "Eu a amei (a sabedoria) e busquei desde a minha juventude, procurei tomá-la como esposa e enamorei-me dos seus encantos" (8, 2).

5. Os Padres da Igreja identificaram em Cristo a Sabedoria de Deus, seguindo o exemplo de São Paulo, que definia Cristo "o poder e a sabedoria de Deus" (1Co 1,24).

Concluamos agora com uma oração de Santo Ambrósio, que se dirigia assim a Cristo: "Ensina-me as palavras ricas de sabedoria, porque tu és a Sabedoria! Abre o meu coração, tu que abriste o Livro! Abre aquela porta que está no céu, porque tu és a Porta! Se entrarmos através de Ti, não nos enganaremos, porque, quem entra na habitação da Verdade, não se pode enganar" (Comentário ao Salmo 118/1: SAEMO 9, pág. 377).





                                                                           Fevereiro de 2003

PAPA JOÃO PAULO II


AUDIÊNCIA


Quarta-feira 5 de fevereiro de 2003

Convite a louvar a Deus pelo seu amor




1. Dando continuidade à nossa meditação sobre os textos da Liturgia das Laudes, voltamos a considerar um Salmo que já foi proposto, o mais breve de todas as composições do Saltério. É o Salmo 116, que acabámos de escutar, uma espécie de pequeno hino, análogo a uma jaculatória que se alarga num louvor universal ao Senhor. O que se proclama é expresso através de duas palavras fundamentais: amor e fidelidade (cf. v. 2).

Com estes termos, o Salmista explica sinteticamente a aliança entre Deus e Israel, realçando a profunda relação, leal e confiante, que existe entre o Senhor e o seu povo. Aqui ouvimos o eco das palavras que o próprio Deus tinha anunciado no Sinai, apresentando-se diante de Moisés: "Javé! Javé! Deus misericordioso e clemente, vagaroso em encolerizar-se, cheio de bondade e de fidelidade" (Ex 34,6).

2. Apesar da sua brevidade e essencialidade, o Salmo 116 realça o núcleo da oração, que consiste no encontro e no diálogo vivo e pessoal com Deus. Neste acontecimento, o mistério da Divindade revela-se como fidelidade e amor.

O Salmista acrescenta um aspecto particular da oração: a experiência orante deve irradiar-se no mundo, transformando-se em testemunho junto de quem não compartilha a nossa fé. Com efeito, no início, o horizonte alarga-se a "todos os povos" e a "todas as nações" (cf. Sl Ps 116,1) para que, diante da beleza e da alegria da fé, também eles sejam conquistados pelo desejo de conhecer, encontrar e louvar a Deus.

3. Num mundo tecnológico, debilitado por um eclipse do sagrado, numa sociedade a que agrada uma certa auto-suficiência, o testemunho do orante é como um raio de luz na escuridão.
No início, ele pode somente despertar a curiosidade, mas depois pode levar a pessoa ponderada a interrogar-se sobre o sentido da oração e, por fim, pode suscitar um crescente desejo de viver esta experiência. Por isso, a oração nunca é um acontecimento solitário, mas tende a dilatar-se, a ponto de envolver o mundo inteiro.

4. Agora, nós acompanhamos o Salmo 116 com as palavras de um grande Padre da Igreja do Oriente, Santo Efrém, o Sírio, que viveu no século IV. No 14º dos seus Hinos sobre a Fé, ele exprime o desejo de nunca permitir que cesse o louvor a Deus, empenhando também "todos aqueles que compreendem a verdade" divina. Eis o seu testemunho:

"Como poderá a minha harpa, Senhor, deixar de te louvar? / Como poderia eu ensinar a infidelidade à minha língua? / O teu amor deu confiança à minha confusão, / mas a minha vontade ainda é ingrata" (estrofe 9).

"É justo que o homem reconheça a tua divindade, / é justo que os seres celestiais louvem a tua humanidade; / os seres celestiais surpreenderam-se ao verem como te aniquilaste a ti mesmo, / e os seres terrestres admiraram-se ao verem como te exaltaste a ti próprio" (estrofe 10: A Harpa do Espírito, Roma 1999, PP 26-28).

5. Noutro dos seus hinos (Hinos de Nisibi, 50), Santo Efrém confirma este seu compromisso de louvor incessante, e exprime o seu motivo no amor e na compaixão divina por nós, precisamente como sugere o nosso Salmo.

"Em ti, Senhor, do silêncio possa a minha boca fazer brotar o louvor. / Que as nossas bocas não sejam pobres no louvor, / que os nossos lábios não sejam pobres ao confessarem; / possa o teu louvor vibrar em nós!" (estrofe 2).

"Porque é no nosso Senhor que a raiz da nossa fé está implantada; / embora distante, todavia Ele está próximo na fusão do amor. / Que as raízes do nosso amor estejam ligadas a Ele, / que a medida completa da sua compaixão seja derramada sobre nós" (estrofe 6: ibid. , pp. PP 77 , pp. 77 e 80).

Saudações

Amados peregrimos de língua portuguesa!

Saúdo, também, cordialmente os Bispos brasileiros, vindos a Roma em visita ad Limina e que participam nesta Audiência.

Uma cordial saudação a todos os presentes, com votos de que esta romagem até à cidade dos Apóstolos Pedro e Paulo aumente em cada um de vós o fervor espiritual e o zelo apostólico, para fazerdes amar Jesus Cristo na vossa casa e na sociedade. Neste nobre esforço, contai com a minha oração e a minha Bênção.

Saúdo-vos com amizade, caros peregrinos de língua francesa, particularmente os jovens do Colégio Saint-Sébastien de Vaugneray, e desejo que compreendais a importância da oração na vossa vida cristã.

Apresento a minha cordial saudação de boas-vindas a todos os peregrinos da Espanha e da América Latina, particularmente aos fiéis das dioceses de Jerez e de Cádis-Ceuta, bem como ao contingente militar espanhol destinado ao Quartel-General da OTAN, em Nápoles e ao grupo da "Escola Tecnos", de Terrassa. Louvai o Senhor, unidos a todos os povos e sede testemunhas do seu amor!

É com uma cordial saudação que dou as boas-vindas aos visitantes e peregrinos provenientes dos países de língua alemã. Na oração o homem consegue pôr fim ao poder paralisador de uma auto-suficiência enganadora. O ponto central da oração é o encontro pessoal com o Deus vivo. Por isso, demos um testemunho sereno do amor a Deus e da fidelidade aos homens. A sua graça ilumine o vosso coração e vos acompanhe.

Dou as cordiais boas-vindas aos peregrinos da Paróquia de Santa Virgem Maria, de Arlington, no Texas. Sobre vós, as vossas famílias e todos os peregrinos e visitantes de língua inglesa, presentes nesta Audiência, invoco cordialmente a graça e a paz de nosso Senhor Jesus Cristo.

Saúdo cordialmente os meus concidadãos, os peregrinos vindos da Polónia e de outros Países: sacerdotes, pessoas consagradas e fiéis leigos, acompanhados pelo Metropolita de Cracóvia, o Cardeal Franciszek.

No domingo passado, na solenidade da Apresentação do Senhor, a Igreja celebrou a Jornada da Vida Consagrada. Hoje, juntamente convosco, agradeço ainda a Deus por todos aqueles que são chamados totalmente ao seu serviço, mediante a profissão dos conselhos evangélicos. Ao mesmo tempo, peço-vos, mais uma vez, que rezeis para que não faltem numerosas e santas vocações.

Na catequese de hoje meditámos o Salmo 116. Encontramos nele um pedido dirigido a todos os povos, para que louvem a Deus no espírito da paz e da justiça. Isto só será possível, quando existirem, em todos os povos, autênticas testemunhas do Evangelho. Peçamos, pois, que não faltem no mundo testemunhas do Reino da verdade, da justiça e da paz.

Transmiti este convite às vossas famílias, às paróquias e às comunidades. Cristo vos proteja e abençoe. Seja louvado Jesus Cristo.

Dirijo agora uma cordial saudação aos peregrinos de língua italiana. Saúdo-vos em particular a vós, caros fiéis de Ripalta Guerina, e a vós, queridos representantes do PIME, vindos aqui para renovar a vossa fé junto dos túmulos dos Apóstolos, recordando o Padre Alfredo Cremonesi, testemunha heróica de Cristo. Como este generoso missionário, procurai, também vós, seguir fielmente Jesus, testemunhando o seu Evangelho na família, na escola e em todos os outros ambientes.

Saúdo-vos também a vós, caros fiéis das paróquias de Santo António de Pádua, na Via Tuscolana e na Circunvalação Ápia, de Roma. Valorizando os ensinamentos do Beato Aníbal de França, rezai com insistência pelas vocações para o sacerdócio e a vida consagrada e empenhai-vos com entusiasmo na pastoral vocacional.

Desejo, por fim, dirigir o meu pensamento para vós, queridos jovens, doentes e novos casais.
Celebramos hoje a memória litúrgica de Santa Águeda. A coragem desta virgem e mártir vos ajude a vós, jovens, a abrir o coração ao heroísmo da santidade. Ajude-vos, doentes, a oferecer o dom precioso da oração e do sofrimento pela Igreja. E dê-vos a vós, novos casais, a força de imprimir os valores cristãos nas vossas famílias.




AUDIÊNCIAS 2003