DIscursos João Paulo II 2003

Para desempenhar de maneira fiel as tarefas que vos serão confiadas, é indispensável que, desde os anos de formação, o vosso objectivo prioritário seja tender para a santidade. Recordei isto também durante a visita à vossa Academia há dois anos, por ocasião do seu terceiro centenário.

Seja o vosso esforço quotidiano aspirar pela perfeição evangélica, alimentando uma relação ininterrupta de amor com Deus na oração, na escuta da sua palavra e sobretudo na devota participação do Sacrifício eucarístico. Encontra-se nisto, caríssimos, o segredo da eficiência de cada ministério e serviço na Igreja.

3. Vós provindes de nações, culturas e experiências diversas. A vida em comum na Academia aqui em Roma, centro do Catolicismo, educa-vos na partilha e na compreensão recíproca, abre-vos para a dimensão universal da Igreja e oferece-vos a oportunidade de compreender melhor as complexas realidades humanas do nosso tempo. Tudo isto será de grande ajuda quando desempenhardes a vossa actividade entre populações diferentes pelos costumes, civilização, língua e tradições religiosas. O vosso serviço será tanto mais proveitoso quanto mais vos comprometerdes, com espírito autenticamente sacerdotal, em promover o crescimento das Igrejas locais, relacionando-as com a Cátedra de Pedro, e para o bem dos povos.

A Virgem Maria, que veneramos de modo particular neste ano dedicado ao Rosário, ponha sobre cada um de vós o seu olhar e acompanhe os vossos passos com a sua protecção materna. Garanto-vos a minha oração, e de coração vos abençoo a todos.



DISCURSO DO PAPA JOÃO PAULO II


AO CONSELHO DOS DIRECTORES NACIONAIS


DAS PONTIFÍCIAS OBRAS MISSIONÁRIAS


16 de Maio de 2003




Senhor Cardeal
Venerados Irmãos no Episcopado
Estimados Directores Nacionais
das Pontifícias Obras Missionárias

1. É-me grato dar-vos as boas-vindas a este encontro anual, em que participais provenientes das várias Igrejas do mundo.

Agradeço ao Cardeal Crescenzio Sepe, Prefeito da Congregação para a Evangelização dos Povos, que se fez intérprete dos sentimentos de todos. Dirijo um pensamento especial também ao Presidente das Pontifícias Obras Missionárias, D. Malcolm Ranjith, e aos numerosos Bispos aqui presentes. Por fim, saúdo os Secretários-Gerais e os membros do Conselho Superior que, com a sua dedicação, asseguram o bom funcionamento destas importantes estruturas da actividade missionária na vida da Igreja.

Os meus Predecessores quiseram qualificar as Obras Missionárias com o título de "Pontifícias" e fixar a sua sede central em Roma, precisamente para realçar que nelas se exprime o dever e a ansiedade de toda a Igreja, em ordem à realização da sua "opera maxima", ou seja, a evangelização do mundo.

2. Nas Obras Missionárias manifesta-se a solicitude do Papa por todas as Igrejas (cf. 2Co 11,28). A sua tarefa consiste em promover e contribuir para a animação missionária de todo o Povo de Deus, conservando vivo sobretudo o espírito apostólico em cada uma das Igrejas e esforçando-se com vista a corresponder às necessidades das Igrejas que se encontram em dificuldade. Por isso, podem qualificar-se muito bem como "Obras do Papa". Porém, ao mesmo tempo elas são também as "Obras dos Bispos", uma vez que, mediante estas estruturas, se exprime e se realiza o dever do anúncio da Boa Nova, deixado por Cristo ao Colégio apostólico.

"Sendo do Papa e do Colégio episcopal, estas Obras ocupam, também no âmbito das Igrejas particulares, "justamente o primeiro lugar, já que são meios quer para infundir nos católicos, desde a infância, um espírito verdadeiramente universal e missionário, quer para favorecer uma adequada colecta de fundos em favor de todas as missões, segundo as necessidades de cada uma" (Ad gentes, AGD 38). Outra finalidade das Obras Missionárias é suscitar vocações ad gentes e ad vitam, tanto nas Igrejas antigas como nas mais jovens" (Redemptoris missio RMi 84).

3. Caríssimos, em todo este vosso importante compromisso missionário, que vos insere no próprio centro da vida da Igreja, vós colaborais intimamente com a Congregação para a Evangelização dos Povos, à qual as Pontifícias Obras Missionárias foram confiadas, tornando-se desta maneira o organismo oficial da cooperação missionária universal (cf. Pastor bonus, Pastor bonus, 85 e 91; Cooperatio missionalis, 3 e 6).

Tudo isto exprime o espírito autenticamente universal e missionário das Pontifícias Obras Missionárias, cujo carisma profundamente "católico" vós conservais e testemunhais através da vossa oração, actividade e sacrifício.

É também este o espírito que emana dos vossos Estatutos. Este espírito deve ser ciosamente conservado e sempre de novo adaptado às urgentes exigências do apostolado. A propósito disto, foi com satisfação que recebi a notícia de que estais a realizar um oportuno trabalho de revisão, em ordem a adaptar os mesmos Estatutos às novas condições dos tempos. Por isso, não posso deixar de vos elogiar, bem como todos aqueles que estão comprometidos nesta renovação, que visa favorecer cada vez mais a colaboração e a utilização oportuna dos meios de assistência às Igrejas.

4. Nesta feliz circunstância, não posso deixar de recordar a celebração do 160º aniversário da Pontifícia Obra da Santa Infância, ou Infância Missionária, a celebrar no corrente ano. Desejo recordar de novo e realçar o grande compromisso de animação e sensibilização que esta Obra realiza "desde a infância", para promover a causa missionária. A mensagem que enviei aos membros da Obra, na Solenidade da Epifania, exprimo todo a minha estima por estes "jovens missionários". Por conseguinte, será com júbilo que, proximamente, receberei uma numerosa e alegre delegação de crianças do mundo inteiro, que virão a Roma para celebrar o significativo aniversário da sua benemérita Obra.

Tive também o prazer de receber, no passado mês de Fevereiro, uma numerosa representação das Pontifícias Obras Missionárias dos Estados Unidos da América, chefiada pelo seu Director Nacional. Através das generosas ofertas para os irmãos em necessidade, naquela Nação estas Obras constituem um sinal de amor autenticamente universal.

5. Desejo exortar-vos a ter sempre presentes, no vosso trabalho de "cooperação missionária", as crescentes necessidades da Igreja em várias regiões do mundo. Por motivos contingentes, o "intercâmbio de dons" entre as Igrejas, no que diz respeito às ajudas materiais, recentemente registou uma diminuição preocupante.

Exorto-vos a não vos deixar desanimar pelas dificuldades. Em sintonia com São Paulo, que recomendava as "colectas" para ajudar a Igreja em Jerusalém (cf. Rm Rm 15,25-27), recordai a todos que "a cooperação, indispensável para a evangelização do mundo, é um direito-dever de todos os baptizados" (Cooperatio missionalis, 2; Redemptoris missio RMi 77 cf. também Código de Direito Canónico, cânn. 211 e 781).

Por conseguinte, continuai a oferecer a todas as Igrejas antigas e jovens, o privilégio de "ajudar o Evangelho", para que ele seja proclamado a todos os povos da terra: "A Igreja missionária dá aquilo que recebe, distribui aos pobres aquilo que os seus filhos mais dotados de bens materiais lhe põem generosamente à disposição. "Há mais alegria em dar do que em receber" (Ac 20,35)" (Redemptoris missio RMi 81).

6. Caríssimos, no mês de Maio, em que estamos a viver, voltamo-nos espontaneamente para Maria, a quem invocamos como "Rainha das Missões". Tenhamos firmes nas nossas mãos a coroa do Rosário, cuja recitação na história da Igreja trouxe sempre, com o aumento da fé, também uma especial protecção para os devotos da Virgem. Quero reiterar também aqui o convite que dirigi às crianças da Infância Missionária: "O Rosário missionário é muito sugestivo: a dezena branca é para a velha Europa, para que seja capaz de recuperar a força evangelizadora que gerou tantas Igrejas; a dezena amarela é para a Ásia, que explode de vida e de juventude; a dezena verde é para a África, provada pelo sofrimento, mas disponível para o anúncio; a dezena vermelha é para a América, viveiro de novas forças missionárias; e a dezena azul é para o Continente da Oceânia, que aguarda uma difusão mais completa do Evangelho".

Com estes sentimentos, confio-vos a todos à Mãe comum, a quem estou certo disto ofereceis orações e sacrifícios constantes, no cumprimento do vosso precioso trabalho missionário. A Bênção apostólica, que vos concedo do íntimo do coração, obtenha para vós e os vossos colaboradores, abundantes efusões de favores celestiais.



DISCURSO DO PAPA JOÃO PAULO II


AO RECEBER O DOUTORAMENTO "HONORIS CAUSA"


EM JURISPRUDÊNCIA DA UNIVERSIDADE ROMANA


"LA SAPIENZA"


Sábado, 17 de Maio de 2003




Senhor Presidente do Conselho de Ministros
Senhores Cardeais e Venerados Irmãos no Episcopado
Magnífico Reitor
Ilustres Professores
Irmãos e Irmãs

1. É para mim um motivo de profunda alegria a visita que hoje, com particular solenidade, quisestes fazer ao Sucessor de Pedro, no VII centenário de fundação da vossa prestigiosa Universidade. Sede bem-vindos a esta casa!

Apresento a minha respeitosa saudação ao Ilustre Presidente Sílvio Berlusconi, aos Ministros do Governo Italiano, às Autoridades aqui reunidas e a todos os presentes. Agradeço aos Professores Giuseppe D'Ascenzo, Reitor Magnífico da Universidade "La Sapienza"; Carlo Angelici, Decano da Faculdade de Jurisprudência; e Pietro Rescigno, Ordinário de Direito Civil, as amáveis palavras que, em nome do Corpo Académico, dos Estudantes e do Pessoal da Universidade, quiseram dirigir-me.

Exprimo também o meu profundo reconhecimento pela concessão do doutoramento honoris causa em Jurisprudência, deliberada pelo Conselho da Faculdade. É de bom grado que recebo este reconhecimento, que considero outorgado à Igreja, na sua função de mestra, também no delicado âmbito do direito, no que se refere aos princípios de base sobre os quais se fundamenta a ordenada convivência humana.

Como se recordou, o vosso ilustre Ateneu foi instituído pelo Papa Bonifácio VIII, com a Bula "In supremae", de 20 de Abril de 1303, com a finalidade de ajudar e promover os estudos nos diversos ramos do saber. A iniciativa daquele Sumo Pontífice foi confirmada e desenvolvida pelos seus Sucessores, ao longo dos últimos sete séculos. Tomando outras providências, eles aperfeiçoaram pouco a pouco a ordem da Universidade, adaptando as suas estruturas ao progresso do saber. É neste sentido que se devem ler as disposições do Papa Eugénio IV, assim como as de Leão X, de Alexandre II e de Bento XIV, até à Bula "Quod divina sapientia", de Leão XII.

Na vossa Universidade formaram-se inúmeros homens e mulheres que, nas diversas disciplinas do saber, lhe deram brilho, fazendo progredir os conhecimentos, favorecendo o aumento da qualidade de vida e aprofundando um sereno e também fecundo diálogo entre os cultores da ciência e da fé.

As relações cordiais que existiam no passado entre o vosso Ateneu e a Igreja continuam, graças a Deus, inclusivamente hoje, no pleno respeito das competências recíprocas, mas também na consciência de realizar, a vários níveis, um serviço igualmente útil para o progresso do homem.

2. Nos anos de serviço pastoral à Igreja, considerei como parte do meu ministério reservar um amplo espaço à afirmação dos direitos humanos, em virtude da estreita ligação que eles têm com dois pontos fundamentais da moral cristã: a dignidade da pessoa e a paz. Com efeito, foi Deus que, criando o homem à sua imagem e chamando-o a ser seu filho adoptivo, lhe conferiu uma dignidade incomparável, e foi Deus que criou os homens para que vivessem na concórdia e na paz, proporcionando uma distribuição equitativa dos meios necessários para viver e se desenvolver. Movido por esta consciência, comprometi-me com todas as minhas forças no serviço destes valores. Mas eu não podia cumprir esta missão, que o ofício apostólico exige de mim, sem recorrer às categorias do direito.

Embora me tenha dedicado, nos meus anos juvenis, ao estudo da filosofia e da teologia, sempre tive grande admiração pela ciência jurídica, nas suas mais elevadas manifestações: o direito romano de Ulpiano, de Gaio e de Paulo, o Corpus iuris civilis de Justiniano, o Decretum Gratiani, a Magna Glossa de Acúrsio, o De iure belli et pacis de Grócio, para recordar apenas algumas obras salientes da ciência jurídica, que formaram a Europa e particularmente a Itália. No que diz respeito à Igreja, eu mesmo tive a ventura de promulgar, em 1983, o novo Código de Direito Canónico, para a Igreja latina e, em 1990, o Código dos Cânones das Igrejas Orientais.

3. O princípio que me orientou no meu compromisso é que a pessoa humana como foi criada por Deus é o fundamento e a finalidade da vida social, que o direito deve servir. Com efeito, "a centralidade da pessoa humana no direito é expressa de maneira eficaz pelo aforismo clássico: Hominum causa omne ius constitutum est. Isto equivale a dizer que o direito é assim, se e na medida em que puser como seu fundamento o homem na sua verdade" (Discurso na Assembleia sobre Evangelium vitae e direito, n. 4, em: Insegnamenti XIX/1, 1996, pág. 1347). E a verdade do homem consiste no facto de ele ter sido criado à imagem e semelhança de Deus.

Como "pessoa" o homem é, segundo uma profunda expressão de S. Tomás de Aquino, "id quod est perfectissimum in tota natura" (S. Th., q.29, a.3). Partindo desta convicção, a Igreja centralizou a sua doutrina nos "direitos do homem", que derivam não do Estado, nem de qualquer outra autoridade humana, mas da própria pessoa. Portanto, os poderes públicos devem "reconhecê-los, respeitá-los, completá-los, tutelá-los e promovê-los" (Pacem in terris PT 22): com efeito, trata-se de direitos "universais, invioláveis e inalienáveis" (Ibid., n. 3).
Eis por que motivo os cristãos "devem trabalhar sem trégua, para melhor valorizar a dignidade que o homem recebeu do Criador e unir as suas forças às dos outros, com vista a defendê-la e promovê-la" (Discurso no Congresso Mundial sobre a pastoral dos Direitos Humanos, n. 3, em: Insegnamenti XXI/2, 1998, pág. 20).

4. Por esta razão, a Igreja acolheu de modo favorável a Declaração Universal dos Direitos do Homem, da Organização das Nações Unidas, aprovada na Assembleia Geral de 10 de Dezembro de 1948. Este documento marca "um passo importante no caminho rumo à organização jurídico-política da Comunidade mundial. Com efeito, nele é reconhecida da forma mais solene a dignidade de pessoa a todos os seres humanos; e, por conseguinte, é proclamado como seu direito fundamental movimentar-se livremente em busca do verdadeiro, na realização do bem moral e da justiça; e o direito a uma vida digna; e são também proclamados outros direitos ligados ao supramencionados" (Pacem in terris, PT 75). Foi com igual favor que a Igreja acolheu a Convenção europeia para a salvaguarda dos direitos do homem e das liberdades fundamentais, a Convenção sobre os direitos da criança e a Declaração dos direitos da criança e do nascituro.

Indubitavelmente, a Declaração Universal dos Direitos do Homem, de 1948, não apresenta os fundamentos antropológicos e éticos dos direitos do homem, que ela proclama. Neste campo, "a Igreja católica tem uma contribuição insubstituível a oferecer, porque proclama que é na dimensão transcendente da pessoa que se encontra a fonte da sua dignidade e dos seus direitos invioláveis". Por isso, "a Igreja está persuadida de que serve a causa dos direitos do homem quando, fiel à sua fé e à sua missão, proclama que a dignidade da pessoa humana encontra o seu fundamento na sua qualidade de criatura criada à imagem e semelhança de Deus" (Discurso ao Corpo Diplomático, n. 7, em: Insegnamenti XII/1, 1989, PP 69-70). A Igreja está convencida de que no reconhecimento deste fundamento antropológico e ético dos direitos humanos está a mais válida protecção contra toda a sua violação e vexação.

5. Durante o meu serviço como Sucessor de Pedro, senti o dever de insistir com vigor sobre alguns destes direitos que, afirmados teoricamente, são com frequência ignorados tanto pelas leis como pelos comportamentos concretos. Assim, voltei a falar muitas vezes sobre o primeiro e mais fundamental direito do homem, que é o direito à vida. Efectivamente, "a vida humana é sagrada e inviolável, desde a sua concepção até ao seu ocaso natural [...] Uma verdadeira cultura da vida, assim como garante o direito de nascer a quem ainda não nasceu, também protege os recém-nascidos, particularmente as meninas, contra o crime do infanticídio. Ela assegura igualmente aos portadores de deficiência o desenvolvimento das suas potencialidades, e aos doentes e idosos os devidos tratamentos" (Mensagem para o Dia Mundial da Paz de 1999, n. 4, em: Insegnamenti XXI/2, 1998, pág. 1217). Em particular, insisti sobre o facto de que o embrião é um indivíduo humano e, como tal, é titular dos direitos invioláveis do ser humano.

Portanto, a norma jurídica é chamada a definir o estatuto jurídico do embrião como sujeito de direitos que não podem ser ignorados pela ordem moral, nem pela ordem jurídica.

Outro direito fundamental sobre o qual tive que insistir, em virtude das suas frequentes violações no mundo contemporâneo, é o direito à liberdade religiosa, reconhecido tanto pela Declaração Universal dos Direitos do Homem (art. 18), como pela Acta Final de Helsínquia (1 a, VII) e pela Convenção sobre os direitos da criança (art. 14). Com efeito, considero que o direito à liberdade religiosa não é simplesmente um entre outros direitos do homem, mas sim aquele ao qual todos os outros se ligam, porque a dignidade da pessoa humana tem a sua fonte primeira na relação essencial com Deus. Na realidade, o direito à liberdade religiosa "está tão intimamente ligado aos outros direitos fundamentais, que se pode afirmar, justamente, que o respeito da liberdade religiosa é como que uma prova para a observância dos outros direitos fundamentais" (Discurso ao Corpo Diplomático, n. 6, em: Insegnamenti XII/1, 1989, pág. 68).

6. Por fim, esforcei-me em ordem a realçar, pedindo que fossem expressos em normas jurídicas obrigatórias, muitos outros direitos, como o direito a não ser discriminado por motivos de raça, de língua, de religião e de sexo; o direito à propriedade particular, que é válido e necessário, mas nunca pode ser desvinculado do princípio mais fundamental, do destino universal dos bens (cf. Sollicitudo rei socialis SRS 42 Centesimus annus, 6); o direito à liberdade de associação, de expressão e de informação, sempre no respeito da verdade e da dignidade das pessoas; o direito que hoje constitui inclusivamente um grave dever de participar na vida política, "destinada a promover, orgânica e institucionalmente, o bem comum" (Christifideles laici CL 42); o direito à iniciativa económica (cf. Centesimus annus CA 48 Sollicitudo rei socialis, 15); o direito à habitação, ou seja, "o direito a uma casa para cada pessoa com a sua própria família", estritamente ligado "ao direito a formar uma família e a ter um trabalho adequadamente retribuído" (Alocução do "Angelus", em: Insegnamenti XIX/1, 1996, pp. 1524 s.); o direito à educação e à cultura, porque "o analfabetismo constitui uma grande pobreza e é sinónimo de marginalização" (Discurso por ocasião da celebração do Ano Internacional da Alfabetização, 3 de Março de 1990, em: Insegnamenti XIII/1, 1990, pág. 577); o direito das minorias "a existirem" e "a preservarem e desenvolverem a sua própria cultura" (Mensagem para o Dia Mundial da Paz de 1989, nn. 5 e 7, em: Insegnamenti XI/4, pág. 1792); o direito ao trabalho e os direitos dos trabalhadores: foi precisamente a este tema que dediquei a Carta Encíclica Laborem exercens.

Por fim, com atenção especial, proclamei e defendi "aberta e vigorosamente os direitos da família, contra as intoleráveis usurpações da sociedade e do Estado" (Familiaris consortio, FC 46), bem sabendo que a família é o lugar privilegiado da "humanização da pessoa e da sociedade" (Christifideles laici, CL 40) e que é através dela que "passa o futuro do mundo e da Igreja" (Discurso à Confederação dos Consultores Cristãos, n. 4, em: Insegnamenti III/2, 1980, pág. 1454).

7. Ilustres Senhores, gostaria de concluir este nosso encontro, formulando os meus votos sinceros a fim de que a humanidade progrida, no futuro, na tomada de consciência dos direitos fundamentais, nos quais se reflecte a sua dignidade original. O novo século, com que se inaugurou um novo milénio, possa fazer registar um respeito cada vez mais consciente pelos direitos do homem, de cada homem e do homem todo.

Sensíveis à admoestação dantesca: "Não fostes criados para viver como feras / mas para seguir a virtude e o saber" (Inferno XXVI, 119-120), os homens e as mulheres do terceiro milénio saibam inscrever nas leis, e traduzir nos comportamentos, os valores perenes sobre os quais se fundamenta toda a autêntica civilização.

No meu coração, estes bons votos transformam-se em oração a Deus Omnipotente, a quem confio as vossas pessoas, e dele invoco copiosas bênçãos sobre vós aqui presentes, os vossos entes queridos e toda a comunidade de "La Sapienza".



DISCURSO DO SANTO PADRE AOS FIÉIS ITALIANOS


VINDOS A ROMA PARA A CANONIZAÇÃO


DE MARIA DE MATTIAS


E VIRGÍNIA CENTURIONE BRACELLI


Segunda-feira, 19 de Maio de 2003







Caríssimos Irmãos e Irmãs

1. Ontem de manhã compartilhámos a alegria da canonização de quatro luminosas testemunhas de Cristo: São José Sebastião Pelczar, Santa Úrsula Ledóchowska, Santa Maria De Mattias e Santa Virgínia Centurione Bracelli: um Bispo e três Religiosas; todos eles foram Fundadores de Institutos de vida consagrada. Hoje, temos a oportunidade de nos encontrarmos de novo, para continuar a admirar em cada um deles o reflexo do rosto de Cristo e, juntos, dar graças a Deus.

É com imensa alegria que vos saúdo a vós, que viestes para honrar Santa Maria De Mattias e Santa Virgínia Centurione Bracelli. Saúdo os Pastores das Dioceses natais destas duas novas Santas: D. Tarcício Bertone, Arcebispo de Génova, e D. Salvatore Boccaccio, Bispo de Frosinone-Veroli-Ferentino. Além disso, saúdo os outros Bispos, as Autoridades, os Sacerdotes e os fiéis vindos de várias regiões da Itália, em particular as Religiosas que herdaram os carismas e a espiritualidade destas novas Santas.

Maria De Mattias

2. A canonização de Maria De Mattias constitui uma ocasião oportuna para aprofundar a sua lição de vida e para tirar do seu exemplo orientações úteis para a nossa própria existência. Penso, em primeiro lugar em vós, queridas Irmãs Adoradoras do Sangue de Cristo, que vos alegrais ao ver a vossa Fundadora glorificada, e em todos vós, fiéis que lhe são devotos e que formais a sua Família espiritual.

A mensagem de Maria De Mattias é para todos os cristãos, porque indica um compromisso básico e fundamental: "Ter os olhos fixos em Jesus" (He 12,2) em cada circunstância da vida, sem jamais esquecer que Ele nos redimiu, pagando o preço do seu sangue: "Ele deu tudo repetia Maria De Mattias por todos!".

Formulo os meus bons votos a fim de que muitos sigam o exemplo desta nova Santa. Durante toda a sua vida, ela trabalhou para difundir o mandamento cristão da caridade, curando as dilacerações e pondo remédio às situações difíceis e às contradições da sociedade do seu tempo. É fácil constatar como esta mensagem é actual.

Virgínia Centurione Bracelli

3. Agora, é com profunda cordialidade que vos saúdo a vós, caríssimas Irmãs de Nossa Senhora do Refúgio no Monte Calvário e Filhas de Nossa Senhora no Monte Calvário, assim como quantos de vós vos alegrais pela canonização de Santa Virgínia Centurione Bracelli.

A preciosa herança que esta Santa deixou à Igreja e, de maneira especial, às suas filhas espirituais, consiste numa caridade entendida não como simples assistência material, mas como compromisso de solidariedade autêntica, visando a plena libertação e promoção humana e espiritual de quem se encontra em necessidade. Santa Virgínia soube transformar a acção caritativa em contemplação do rosto de Deus no homem, unindo a docilidade às moções interiores do Espírito com a audácia prudente e iluminada no empreendimento de iniciativas de bem sempre novas.

A caridade autêntica brota de uma comunhão constante com Deus e alimenta-se na oração. O exemplo desta nova Santa seja para todos um encorajamento e estímulo a viverem, também nos dias de hoje, o preceito evangélico da caridade como uma adesão plena à vontade divina e como um serviço concreto ao próximo, de maneira particular às pessoas que vivem em maior dificuldade.

4. Caríssimos Irmãos e Irmãs, ao seguirdes o percurso traçado por estas duas Santas, oxalá vos oriente a celeste Rainha dos Santos, a Virgem Maria. Renovo-vos a expressão da minha gratidão pela vossa presença e abençoo-vos do íntimo do coração.



DISCURSO DO PAPA JOÃO PAULO II


AOS COMPATRIOTAS VINDOS PARA FESTEJAR


SEU 83° ANIVERSÁRIO E PARTICIPAR


NUMA CERIMÓNIA DE CANONIZAÇÃO


19 de maio de 2003




Dou as cordiais boas-vindas aos meus compatriotas, presentes aqui na Praça de São Pedro. Saúdo os Senhores Cardeais, os Bispos, os Presbíteros e as Religiosas. De forma especial, saúdo o Cardeal Primaz, hoje ausente, enquanto lhe agradeço as palavras de bem que nos transmitiu.

Formulo-lhe votos de imediato e pleno restabelecimento da saúde. Quero saudar também o Senhor Presidente da República da Polónia e os representantes das Autoridades do Estado e territoriais. Obrigado pela sua presença. Agradeço em particular ao Senhor Presidente os bons votos, que me transmitiu em nome da República. Deus o abençoe!

Depois, quero saudar-vos cordialmente a todos vós aqui presentes, que quisestes empreender a cansativa peregrinação destes dias, tão importante para a Igreja que está na Polónia, nos dias em que apresentamos à Igreja universal os dois novos Santos polacos: o Bispo D. José Sebastião Pelczar e a Religiosa Úrsula Ledóchowska. Recordando-os, quero saudar de maneira particular as Irmãs da Congregação das Servas do Sagrado Coração de Jesus e das Ursulinas do Sagrado Coração de Jesus Agonizante.

Por vontade da Providência Divina, foi-me concedido realizar estas canonizações no 25º ano do meu Pontificado e no dia do meu aniversário. Sejam dadas graças a Deus! Do íntimo do coração, agradeço-vos também a vós! É-me grato poder celebrar todas estas circunstâncias com um grupo tão numeroso de amigos. Agradeço-vos a vossa amabilidade e os vossos sacrifícios, bem como as preces que elevais por mim e por toda a Igreja.

Seria difícil contar quantos foram os nossos encontros ao longo dos últimos anos. Alguns deles tiveram lugar em Roma, em Castel Gandolfo, e outros em vários países do mundo; porém, no meu coração permanecem mais impressos os encontros que se realizaram na terra natal. Talvez porque foram particularmente intensos, marcados por uma profunda oração e por uma reflexão religiosa sobre a realidade temporal de cada um de nós e de toda a Nação: é nesta realidade que se concretiza o plano salvífico de Deus. Estes encontros foram sempre uma extraordinária partilha do testemunho da fé, transmitida pelos nossos antepassados, e que cria um especial clima de vida e de cultura, amplamente entendida, que decide a identidade da Nação. Foi assim que aconteceu em 1979, quando, em nome de todos aqueles que não tinham o direito de falar, invoquei de Deus o dom do Espírito, a fim de que renovasse a face da nossa terra natal. Nessa circunstância, acompanhava-nos o grande pastor e guia da Igreja polaca, Cardeal Stefan Wyszynski, Primaz do Milénio.

Com o testemunho conjunto, ajudámo-nos uns aos outros também em 1983 quando, em circunstâncias difíceis para a Nação, demos graças pelos 600 anos da presença de Maria na sua Imagem de Jasna Góra, e rezámos para obter a fé na força do diálogo, a fim de que "a Polónia pudesse prosperar e viver na serenidade, no interesse da tranquilidade e do bom relacionamento entre os povos da Europa" (Paulo VI). Em 1987, enquanto a Nação polaca continuava a combater contra os poderes da ideologia inimiga, todos juntos reavivámos dentro de nós a esperança, que brota da Eucaristia instituída no começo da "hora redentora de Cristo", que foi a "hora redentora da história do homem e do mundo". O Congresso Eucarístico Nacional, realizado nessa época, recordou-nos novamente que Deus "nos amou até à morte".

Em 1991, houve dois encontros de particular eloquência. Durante o primeiro deles, demos graças a Deus pela dádiva da liberdade reconquistada e procurámos delinear um projecto para viver nobremente a liberdade, fundamentando-nos na lei eterna de Deus, encerrada no Decálogo. Já nesse período procurámos vislumbrar os perigos, que poderiam aparecer na vida dos indivíduos e de toda a sociedade, juntamente com a liberdade desvinculada das normas morais. Estes perigos estao sempre presentes. Por isso, não cesso de rezar a fim de que a consciência da Nação polaca se forme com base nos preceitos divinos, e julgo que a Igreja na Polónia saberá salvaguardar sempre a ordem moral.

O segundo encontro desse ano estava ligado à Jornada Mundial da Juventude, realizada em Czestochowa. Nunca mais esquecerei aquele "Apelo de Jasna Góra", compartilhado pelos jovens do mundo inteiro pela primeira vez, vindos também de fora das nossas fronteiras orientais. Dou graças a Deus porque aos pés da Rainha de Jasna Góra, me foi concedido confiá-los à sua poderosa salvaguarda.

Depois, houve também uma breve visita de um dia a Skoczów, em 1995, por ocasião da canonização de Joao Sarkander. Inclusivamente aquele dia produziu muitas experiências espirituais inesqueciveis.

No ano de 1997 vivemos uma peregrinação repleta de acontecimentos significativos. O primeiro deles foi o encerramento do Congresso Eucaristico Internacional, em Vratislávia. Todas as celebrações do Congresso e, de modo especial, a statio orbis, nos recordaram que a Eucaristia é o sinal mais eficaz da presença de Cristo, "ontem, hoje e sempre". O segundo acontecimento, de particular importância, foi a visita às relíquias de Santo Adalberto, no milénio da sua morte. Do ponto de vista religioso, foi a ocasião para voltar às raizes da nossa fé. Do ponto de vista internacional, aquele encontro constituiu a recordação da ideia do Congresso de Gniezno, que teve lugar no ano 1000. Na presença dos Presidentes dos paises limítrofes, nessa circunstância eu disse: "Não haverá uma Europa unida, enquanto ela não se fundamentar na unidade do espírito. Esta profunda base da unidade foi dada à Europa, consolidando-se ao longo dos séculos através do cristianismo e do seu Evangelho, com a sua compreensao do homem e a sua contribuição para o desenvolvimento da história dos povos e das nações. Isto nao significa desejar apropriar-se da história. Com efeito, a história da Europa é um grande rio, em que desembocam numerosos afluentes, e a variedade das tradições e das culturas que a formam é a sua grande riqueza. Os fundamentos da identidade da Europa são edificados sobre o cristianismo" (Homilia, 3 de Junho de 1997).

Hoje, enquanto a Polónia e os outros países do antigo "Bloco do Leste" estao a entrar nas estruturas da União Europeia, repito estas palavras, que não pronuncio com a intenção de desanimar mas, pelo contrário, para indicar que tais países tem uma grande missão a cumprir no Velho Continente. Sei que há numerosos opositores desta integração. Admiro a sua solicitude pela manutenção da identidade cultural e religiosa da nossa Nação. Compartilho as suas inquietações, ligadas ao delineamento económico das forças em que a Polónia depois de anos de ilimitada exploração económica por parte do sistema passado se apresenta como um Pais de grandes possibilidades, mas também de meios escassos. Todavia, devo realçar que a Polónia foi sempre uma importante parte da Europa, e que hoje não pode abandonar esta comunidade que, é verdade, está a viver crises a vários niveis, mas constitui uma familia de nações fundamentada na tradição cristã conjunta. Entrar nas estruturas da União Europeia, com direitos iguais aos dos outros paises, é para a nossa Nação e para as nações eslavas confinantes, a expressão de uma justiça histórica e, por outro lado, pode constituir um enriquecimento para a Europa. A Europa tem necessidade da Polónia. A Igreja que está na Europa tem necessidade do testemunho de fé dos polacos. A Polónia tem necessidade da Europa.

Da União de Lublim à Uniao Europeia. É uma grande síntese, mas esta sintese é rica de vários conteúdos. A Polónia tem necessidade da Europa.

Trata-se de um desafio que o presente nos põe diante de nós e de todas as nações que, na onda das transformações políticas da região da chamada Europa Centro-Oriental, saíram do círculo das influências do comunismo ateu. Todavia, este desafio apresenta uma tarefa aos crentes a tarefa de uma construção concreta da comunidade do espírito, assente nos valores que permitiram sobreviver a décadas de esforços, destinados a introduzir o ateismo de forma programática.

A Padroeira desta obra seja a Santa Rainha Edviges, a Senhora de Wawel, a grande precursora da União das Nações, com base na fé conjunta. Dou graças a Deus porque me foi concedido canonizá-la precisamente durante aquela peregrinação.

O longo encontro com a Polónia e os seus habitantes, que teve lugar em 1999, foi uma comum experiência na fé da verdade, segundo a qual "Deus é amor". Num certo sentido, tratou-se de uma grandiosa preparação nacional para aquilo que vivemos no ano passado: a profunda experiência da verdade, segundo a qual "Deus é rico de misericórdia". Existe, porventura, outra mensagem, que de tanta esperança ao mundo dos nossos dias e a todos os homens do início do terceiro milénio? No lugar onde Cristo misericordioso se manifestou de modo particular, em Lagiewniki de Cracóvia, não hesitei em confiar o mundo à Misericórdia Divina. Estou ardentemente convicto de que aquele acto de entrega encontrará uma resposta confiante da parte daqueles que crêem, em todos os continentes, conduzindo-os para uma renovação interior e a consolidação da obra da edificação da civilização do amor.

Recordo estes encontros especiais com os polacos, porque no seu conteúdo espiritual está encerrada a história dos últimos vinte e cinco anos da Polónia, da Europa, da Igreja e do actual Pontificado. Sejam dadas graças a Deus por este tempo, em que pudemos experimentar a abundância da sua graça!

No contexto do mistério da Misericórdia Divina, voltamos uma vez mais às figuras dos novos Santos polacos. Eles não só se confiaram a Cristo misericordioso, mas foram cada vez mais plenamente testemunhas da misericórdia. No ministério pastoral de São José Sebastião Pelczar, a actividade caritativa ocupou um lugar especial. Ele viveu sempre convencido de que a misericórdia concreta é a defesa mais eficaz da fé, a pregação mais eloquente e o apostolado mais fecundo. Ele mesmo ajudava os necessitados e, ao mesmo tempo, procurava fazer com que os cuidados fossem organizados e ordenados, e não esporádicos. Por isso, valorizava também as instituições caritativas e ajudava-as com os seus próprios fundos. Quanto à Madre Úrsula Ledóchowska, fez da sua vida uma missão de misericórdia em relação aos mais necessitados. Onde quer que a Misericórdia a tenha colocado, ela encontrou jovens que tinham necessidade de educação e de formação espiritual, pobres, doentes, pessoas abandonadas e feridas de várias maneiras pela vida, que desta Santa esperavam compreensão e ajuda concreta. Ajuda que, segundo as suas possibilidades, não negava a ninguém. A sua obra de misericórdia permanecerá gravada para sempre na mensagem de santidade que, a partir de ontem, se tornou parte de toda a Igreja.

E assim, José Sebastião Pelczar e Úrsula Ledóchowska, que hoje nos acompanharam nesta peregrinação espiritual através da terra polaca, trouxeram-nos novamente a Roma. Obrigado, uma vez mais, por terdes desejado estar aqui presentes. Ontem à tarde, completei 83 anos de vida e entrei no 84º. Dou-me conta, cada vez mais plenamente, de que se aproxima o dia em que deverei apresentar-me diante de Deus com toda a minha vida, com o período passado em Wadowice, com o período vivido em Cracóvia e em Roma: presta contas do teu ministério! Confio na Misericórdia Divina e na protecção da Mãe Santíssima para todos os dias, e sobretudo para o dia em que tudo se há-de cumprir: no mundo, perante o mundo e diante de Deus. Agradeço-vos uma vez mais esta visita, que muito me agrada. Transmiti a minha saudação às vossas famílias, aos vossos entes queridos e a todos os nossos compatriotas. Abraço-vos a todos com um pensamento grato. Abençoe-vos Deus Omnipotente, Pai, Filho e Espírito Santo.

Louvado seja Jesus Cristo. Deus vos abençoe!




DIscursos João Paulo II 2003