Discursos João Paulo II 1978 - Sábado, 30 de Dezembro de 1978

Hoje, mais que nunca, exige-se grande prudência e grande equilíbrio porque, segundo já escrevia São Paulo a Timóteo (), é-se tentado a já não suportar a sã doutrina mas a seguir "doutas fábulas".

Não vos deixeis atemorizar ou distrair ou confundir por doutrinas fragmentárias ou erróneas, que depois deixam as pessoas desiludidas e esvaziam todo o fervor da fé cristã.

b) Em segundo lugar, aspirai à santidade.

Só pode dar aquele que tem; e o militante da Acção Católica é militante exactamente para dar, para amar, para iluminar, para salvar e para levar paz e alegria. A Acção Católica deve mirar decididamente ã santidade.

Todo o compromisso, mesmo de tipo social e caritativo, não deve esquecer nunca que o essencial no Cristianismo é a Redenção, que consiste em que Cristo seja conhecido, amado e seguido.

O esforço pela santidade exige portanto austeridade de vida, sério domínio dos próprios gostos e das próprias opções, empenho constante na oração, atitude de obediência e de docilidade às directrizes da Igreja, seja no campo doutrinal, moral e pedagógico, seja no campo litúrgico.

Vale também para nós, homens do século XX, o que São Paulo escrevia aos Romanos: Não vos conformeis com este século, mas transformei-vos pela renovação da vossa mente, a fim de conhecerdes a vontade de Deus: o que é bom, o que Lhe e agradável e o que é perfeito (Rm 12,2). O mundo tem hoje necessidade de exemplos, de edificação, de pregações concretas e visíveis. Deve ser esta a preocupação da Acção Católica.

c) Por fim, senti cada vez mais a alegria da amizade

Os homens hoje têm especial necessidade de sorriso, de bondade e de amizade. As grandes conquistas técnicas e sociais, a difusão do bem-estar e da mentalidade permissiva e consumista, não trouxeram a felicidade. As divisões no campo político, o perigo e a realidade de novas guerras, os contínuos acidentes, as doenças implacáveis, o desemprego, o perigo do inquinamento ecológico, o ódio e a violência e os múltiplos casos de desespero criaram infelizmente uma situação de contínua tensão e de nevrose.

Que deve fazer a Acção Católica?

Levar o sorriso da amizade e da bondade a todos e a toda a parte.

O erro e o mal devem sempre ser condenados e combatidos; mas o homem que cai ou erra deve ser compreendido e amado.

As recriminações, as críticas amargas e polémicas, e as lamentações, de pouco servem: devemos amar o nosso tempo e ajudar o homem do nosso tempo.

Uma ânsia de amor deve brotar continuamente do coração da Acção Católica que, diante do presépio de Belém, medita o imenso mistério de Deus feito homem, precisamente por amor do homem.

Também São Paulo escrevia na carta aos Romanos: Amai-vos uns aos outros com amor fraternal, adiantando-vos em honrar uns aos outros... Bendizei os que vos perseguem, abençoai e não amaldiçoeis. Alegrai-vos com os que se alegram e chorai com os que choram... Não torneis a ninguém mal por mal (Rm 12 Rm 10-17).

3. São estas as recomendações que vos deixo em recordação deste primeiro encontro, ao mesmo tempo que vos exorto a invocar o auxílio e a protecção de Maria Santíssima, Rainha da Acção Católica

— Ela, que é a Virgem da Ternura, vos faça sentir sempre o seu amor e a sua consolação;

— Ela, que é a "Sede da Sabedoria", vos ilumine para que sejais sempre fiéis à Verdade, sabendo que todos os que aspiram a viver piedosamente em Jesus Cristo hão-de sofrer perseguições (2Tm 3,12);

— Ela, que é a nossa esperança, esteja ao lado de vós nas paróquias e nas Dioceses, para que sejais sempre coerentes com a grande responsabilidade que deriva de pertencerdes à Acção Católica.

Acompanhe-vos e ajude-vos a Bênção Apostólica que de todo o coração vos concedo, aos vossos Assistentes Eclesiásticos, aos vossos Dirigentes, a todos os membros da Acção Católica e -às respectivas famílias, como penhor das mais escolhidas graças do céu.











Discursos João Paulo II 1978 - Sábado, 30 de Dezembro de 1978