DIscursos João Paulo II 2004

Ao mesmo tempo, eles constituem um imenso recurso espiritual em ordem à renovação da Igreja que se encontra nos Estados Unidos da América. Ao encorajardes o vosso povo a aprofundar a sua fidelidade ao Magistério e a sua união de espírito e de coração com o Sucessor de Pedro, vós podereis oferecer-lhe uma orientação inspirada, que é necessária para o conduzir ao terceiro milénio.

4. Um dos frutos do Concílio Ecuménico Vaticano II foi a renovada compreensão da colegialidade episcopal. Uma das formas de realizar esta visão eclesial a nível da Igreja local é através das actividades desempenhadas pelas Conferências Episcopais. Hoje, os Bispos só podem desempenhar a sua função de maneira fecunda, se trabalharem em estreita harmonia com os seus Irmãos no Episcopado (cf. Christus Dominus CD 37 cf. também Apostolos suos CD 15). Por este motivo, é necessária uma reflexão constante acerca do relacionamento entre a Conferência Episcopal e os Bispos individualmente.

Meus queridos Irmãos no Episcopado, rezo a fim de que vós possais trabalhar diligentemente uns com os outros, no espírito da cooperação e da unanimidade dos corações, que deveria caracterizar sempre a comunidade dos discípulos (cf. Act Ac 4,32 Jn 13,35 Ph 2,2). As palavras do Apóstolo são aplicáveis de maneira particular às pessoas que têm a responsabilidade da salvação das almas: "Peço-vos, irmãos, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que estejais todos de acordo e que não haja divisões entre vós; permanecei unidos num mesmo espírito e num mesmo pensamento" (1Co 1,10).

Como chefes da Igreja, compreendereis que não pode existir uma unidade concreta sem um consenso implícito, e isto, naturalmente, só pode ser alcançado através de um diálogo franco e de debates informados, fundamentados sobre sólidos princípios teológicos e pastorais. As soluções para as problemáticas difíceis só se podem obter, se forem ampla e honestamente examinadas, sob a orientação do Espírito Santo. Não poupeis qualquer esforço, em vista de assegurar que a Conferência dos Bispos Católicos dos Estados Unidos da América actuará como um instrumento cada vez mais eficaz para revigorar a vossa comunhão eclesial e para vos ajudar a orientar os vossos irmãos e irmãs em Cristo.

5. Por conseguinte, sem qualquer preconceito pela autoridade que o Bispo diocesano tem sobre a sua própria Igreja particular, autoridade que lhe foi outorgada por Deus, a Conferência Episcopal deveria ajudá-lo a cumprir a sua missão, em harmonia com os seus Irmãos no Episcopado. As estruturas e os procedimentos de uma determinada Conferência jamais podem tornar-se impropriamente rígidos; pelo contrário, através de uma reavaliação e revisão constantes, eles hão-de ser adaptados de maneira a corresponder às diversificadas necessidades dos Bispos. Para que uma Conferência Episcopal consiga desempenhar a função que lhe é própria, deverá ter o cuidado de assegurar que os ofícios ou comissões existentes no interior da mesma Conferência se esforcem por "ajudar os Bispos, mas não para ocupar o seu lugar, e menos ainda para constituir uma estrutura intermédia entre a Sé Apostólica e cada um dos Bispos" (Pastores gregis, ).

6. Irmãos, rezo para que consigais trabalhar em união, em todas as oportunidades, a fim de que o Evangelho possa ser mais eficazmente proclamado em todo o vosso país. Desejo manifestar o meu apreço por tudo aquilo que já realizastes em conjunto, de maneira particular nas vossas declarações sobre as questões relativas à vida, à educação e à paz. Agora, convido-vos a dirigir a vossa atenção a numerosas outras problemáticas, que dizem respeito directamente à missão da Igreja e à sua integridade espiritual, por exemplo, a diminuição da frequência da Missa e do recurso ao Sacramento da Reconciliação, além das ameaças contra o matrimónio e as necessidades religiosas dos imigrantes. Que a vossa voz seja ouvida com clarividência, enquanto anunciais a mensagem de salvação oportuna e inoportunamente (cf. 2Tm 4,1). Proclamai a Boa Nova com confiança, de tal maneira que todos possam ser salvos e consigam alcançar o conhecimento da verdade (cf. 1Tm 2,4).

7. No momento de concluir estas observações hodiernas, faço minhas as palavras de São Paulo: "Confortai-vos uns aos outros, tende um mesmo sentir, vivei em paz, e o Deus do amor e da paz estará convosco" (2Co 13,11). Enquanto confio todos vós, assim como os vossos presbíteros, diáconos, religiosos, religiosas e fiéis leigos à intercessão de Maria, Mãe da América (cf. Ecclesia in America, ), concedo-vos de todo o coração a minha Bênção Apostólica, como penhor de graça e de fortaleza no seu Filho, nosso Senhor Jesus Cristo.



DISCURSO DO PAPA JOÃO PAULO II


AOS JOVENS DE ROMA PARTICIPANTES


NA MISSÃO "JESUS NO CENTRO"


EM PREPARAÇÃO PARA O ANO DA EUCARISTIA


Sábado, 9 de Outubro de 2004




Caríssimos Jovens!

1. É para mim uma alegria receber-vos, quando se está para concluir a Missão para os adolescentes e jovens, com o título tão belo quanto comprometedor "Jesus no centro", e o Encontro dos representantes dos grupos juvenis europeus de Adoração Eucarística.

Saúdo-vos a todos com afecto! Agradeço em particular ao Cardeal Camillo Ruini as gentis palavras, com as quais ilustrou o valor e os objectivos destas iniciativas, organizadas pelo Serviço diocesano para a pastoral juvenil de Roma. Faço extensiva, a minha cordial saudação, aos Bispos e aos Sacerdotes presentes, bem como a quantos, a vários títulos, animaram as celebrações, os encontros e as manifestações destes dias.

2. O Ano da Eucaristia já está à porta e estas iniciativas pastorais, que viram a participação de tantos jovens da Itália, da Europa e dos Estados Unidos da América, introduzem-nos neste especial tempo de graça para toda a Igreja.

Eucaristia e missão são duas realidades inseparáveis. Como realça o apóstolo Paulo: "Todas as vezes que comerdes deste pão e beberdes deste cálice, anunciais a morte do Senhor, até que Ele venha" (1Co 11,26). De facto, a Eucaristia é o memorial da oferta redentora de Jesus ao Pai para a salvação dos homens. Através do sacrifício na Cruz, Jesus "faz" a Eucaristia, isto é, dá graças ao Pai. Este mistério pede a cada um de nós que demos graças com Cristo ao Pai, não tanto com as palavras quanto com a nossa própria vida unida à sua.

3. Por conseguinte, não há celebração nem adoração da Eucaristia autênticas que não conduzam à missão. Ao mesmo tempo, a missão pressupõe outra característica eucarística essencial: a união dos corações. A missão que estais a celebrar nestes dias em Roma é um exemplo de comunhão entre tantas agregações leigas juvenis da Diocese de Roma, paróquias, sacerdotes, religiosas, religiosos e seminaristas. Precisamente porque partilhastes a preparação e a realização destas iniciativas, tornastes-vos protagonistas de experiências que deixarão uma marca profunda não só em vós, mas também em muitos dos vossos coetâneos que encontrastes nas escolas, nas praças, nas estradas, nos hospitais e nas igrejas.

Faço votos por que esta bonita experiência pastoral, autêntica escola de comunhão e de nova evangelização, possa continuar a ampliar-se. Encorajo-vos a fazer com que a criatividade e a generosidade demonstradas nestes dias se tornem estímulo para toda a Igreja de Roma, para que mantenha vivo o seu espírito missionário.

4. Nesta especial circunstância desejo confiar-vos algumas recomendações. Em primeiro lugar; o amor pela Eucaristia. Nunca vos canseis de a celebrar e adorar, juntamente com toda a comunidade cristã, sobretudo ao Domingo. Sabei colocá-la no centro da vossa vida pessoal e comunitária, para que a comunhão com Cristo vos ajude a realizar opções corajosas.

Em segundo lugar, a paixão missionária. Não tenhais medo de dizer a razão da esperança que vos anima (cf. 1P 3,15), uma esperança que tem um nome bem determinado: Jesus Cristo! Esta esperança deve ser transmitida aos vossos coetâneos, indo procurá-los, oferecendo-lhes a verdadeira amizade e acolhimento, levando-os à descoberta do grande dom da Eucaristia.

5. Por fim, para facilitar o encontro do mundo juvenil com uma verdadeira espiritualidade eucarística, nunca vos canseis de vos formar na escola da escuta da Palavra de Deus, da oração, da celebração dos sacramentos. Recordai-vos sempre de que o primeiro lugar da evangelização é a pessoa humana, para a qual a Eucaristia nos impulsiona, pedindo-nos a capacidade da escuta e do amor. Desta forma, também os vossos amigos poderão acolher como Maria, "mulher Eucarística" (cf. Ecclesia de Eucharistia EE 53), no próprio coração, o Verbo que se fez homem e veio habitar entre nós. Para esta finalidade, exorto o Serviço diocesano para a pastoral juvenil a estudar novas propostas a fim de criar verdadeiras e próprias escolas de evangelização para os jovens.

Enquanto continua o caminho de preparação para a XX Jornada Mundial da Juventude, que terá como tema: "Viemos adorá-lo" (Mt 2,2), faço votos desde agora para que aquele encontro seja uma ocasião renovada para vos confrontar, amparar e aprofundar o Mistério que celebrais e adorais, e para procurar juntos caminhos e modos para o viver concretamente.

6. Caríssimos jovens! Obrigado por aquilo que sois e por tudo o que realizais para Cristo e para a Igreja. Garanto-vos a minha recordação ao Senhor durante a celebração da santa Missa e a Adoração Eucarística que, desde os anos da juventude, pratico constantemente. Sabei que tirei sempre dela grandes frutos de bem, não só para mim pessoalmente, mas também para todos os que a Divina Misercórdia me confiou.

Abençoo-vos com afecto juntamente com quantos encontrastes durante estes dias e com todos os vossos amigos. Que Jesus esteja sempre no centro da vossa existência!



MENSAGEM DO PAPA JOÃO PAULO II


POR OCASIÃO DA IV JORNADA PONTIFÍCIA


NA POLÓNIA


Sábado, 9 de Outubro de 2004


Saúdo a Fundação "Obra do Novo Milénio" e todos aqueles que, por ocasião do aniversário do meu Pontificado, estão a empreender diversas iniciativas religiosas, culturais e sociais. É-me grato tomar conhecimento de que a recordação do dia em que o Senhor me chamou à Sé de Pedro, se torna uma ocasião de prece, de reflexão acerca dos temas de fé e sobre a realidade da Igreja, assim como de gestos concretos de misericórdia, sobretudo em benefício da juventude, que tem necessidade de ser ajudada, a fim de obter uma educação adequada para as respectivas atitudes.

Possam estes esforços da Igreja que está na Polónia produzir frutos de paz na vida pessoal, familiar e social.

Abençoo todos vós de coração: em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo!





DISCURSO DO PAPA JOÃO PAULO II


À SENHORA VERA BARROUIN MACHADO


NOVA EMBAIXADORA DA REPÚBLICA FEDERATIVA


DO BRASIL JUNTO À SANTA SÉ


11 de Outubro de 2004


Excelência

1. É com grata satisfação que dou-lhe as boas-vindas ao acolhê-la aqui no Vaticano, no ato da apresentação das Cartas Credenciais, como Embaixadora Extraordinária e Plenipotenciária da República Federativa do Brasil junto à Santa Sé.

Esta feliz circunstância proporciona-me a oportunidade de verificar uma vez mais os sentimentos de proximidade espiritual que o povo brasileiro nutre para com o Sucessor de Pedro; ao mesmo tempo dá-me o ensejo de reiterar a expressão de meu sincero afeto e a ampla estima pela sua nobre Nação.

Agradeço vivamente as amáveis palavras que Me dirigiu. Em especial, agradeço os pensamentos deferentes e a saudação que o Presidente da República, senhor Luiz Inácio Lula da Silva, quis enviar-Me. Peço a Vossa Excelência a fineza de retribuir de minha parte a saudação, com os melhores votos de felicidades e que lhe transmita a certeza das minhas preces pelo seu País e povo.

2. Os objetivos, o da Igreja, na sua missão exclusivamente religiosa e espiritual, e o do Estado, visando o bem comum de cada homem, são certamente distintos. No entanto, confluem num ponto de convergência: o homem e o bem da Pátria. Mas, como quis referir em certa ocasião "o entendimento respeitoso, a preocupação de independência mútua e o princípio de servir melhor o homem, dentro de uma concepção cristã, serão fatores de concórdia cujo beneficiário será o próprio povo" (Discurso ao Presidente do Brasil, 14 de outubro de 1991, 2). O Brasil é um país que conserva na sua grande maioria a fé cristã legada, desde as origens do seu povo, pela evangelização plantada pelos seus descobridores há mais de 5 séculos.

Desta forma, apraz-me considerar a convergência de princípios, tanto da Sé Apostólica quanto do seu Governo, no que diz respeito às ameaças à Paz mundial, quando esta se vê afetada pela ausência da visão cristã de respeito ao próximo em sua dignidade humana. Por isso, rezo a fim de que os brasileiros continuem a fomentar e a divulgar os valores da fé, sobretudo quando se trata de reconhecer de maneira explícita a santidade da vida familiar e a salvaguarda do nascituro, desde o momento da sua concepção.

3. A pobreza constitui um problema que incide na existência de uma parte não indiferente dos seus cidadãos. O empenho por atender às necessidades dos mais desfavorecidos deve ser considerado uma prioridade fundamental. Vejo com satisfação que seu Governo considera isto como um objetivo, para o qual procura fazer confluir os melhores esforços e recursos. Neste sentido, acolhendo o apelo do Senhor Presidente da República Federativa do Brasil, o Senhor Cardeal Secretário de Estado participou da Conferência sobre a Eliminação da Fome e da Pobreza no Palácio das Nações Unidas, dando o apoio incondicional da Santa Sé à iniciativa, por ser um sinal de viva esperança para todas as populações afetadas pelo flagelo da fome. Por outro lado, para um país que atravessa uma fase de desenvolvimento sustentável, a recente notícia com a qual o Governo brasileiro tomou a iniciativa de cancelar a dívida externa de alguns países permitiu entrever uma demonstração concreta de solidariedade e de estímulo para populações que vivem à margem do desenvolvimento mundial. Tal iniciativa vem a demonstrar que todas as Nações implicadas nesta empresa devem ser conscientes de que somente uma ação corajosa, e disposta ao sacrifício pelo bem comum de todos, permitirá contribuir para a redenção daqueles países mais pobres.

4. Comungando, portanto, com as esperanças de todos os brasileiros, desejo certificar-lhe a decidida vontade da Igreja para colaborar, dentro da sua missão própria, com todas as iniciativas que visem servir a causa do «homem todo e de todos os homens». Assim, prosseguirá no seu empenho em promover a consciência de que os valores da paz, da liberdade, da solidariedade e da defesa dos mais necessitados devem inspirar a vida privada e pública. A fé e a adesão a Jesus Cristo impõem aos fiéis católicos, também no Brasil, tornarem-se instrumentos de reconciliação e de fraternidade, na verdade, na justiça e no amor.

Senhora Embaixadora,

antes de concluir este encontro, reitero o pedido de transmitir ao Senhor Presidente da República os meus melhores votos de felicidades e de paz. E quero dizer a Vossa Excelência que pode contar com a estima, a boa acolhida e o apoio desta Sé Apostólica no desempenho da sua missão, que lhe desejo feliz e fecunda de frutos e de alegrias. O meu pensamento vai, nesta hora, para todos os brasileiros e para quantos conduzem os seus destinos. A todos desejo felicidades, em crescente progresso e harmonia. Estou certo de que a Senhora se fará intérprete destes meus sentimentos e esperanças junto ao mais Alto Mandatário da Nação. Por intercessão de Nossa Senhora Aparecida, imploro para a sua pessoa, para seu mandato e para seus familiares, assim como para todos os amados brasileiros, copiosas bênçãos de Deus Todo Poderoso.



DISCURSO DO PAPA JOÃO PAULO II


ÀS IRMÃS DE NOSSA SENHORA


REUNIDAS PARA A REALIZAÇÃO


DO XI CAPÍTULO GERAL


Segunda-feira, 11 de Outubro de 2004




Queridas Irmãs

É com afecto no Senhor que saúdo todas as participantes no XI Capítulo Geral da Congregação das Irmãs de Nossa Senhora, e rezo para que durante estes dias de deliberação, o Espírito Santo infunda em vós a alegria de trabalhar em conjunto numa verdadeira comunhão de coração e mente, enquanto vos abençoo com a abundância da graça e da sabedoria.

A Fundadora da vossa Congregação, Ir. Maria Aloysia, que se formou na rica tradição da vossa Madre espiritual, Santa Júlia Billiart, deu vida a um novo Instituto religioso, totalmente inspirado e sustentado pelo amor providencial de Deus.

Depois de um determinado tempo de serviço generoso dedicado ao próximo, ela conseguiu compreender que o amor misericordioso de Deus pelos seus filhos podia brilhar de modo ainda mais resplandecente, numa vida totalmente consagrada ao Senhor. Desde o princípio, ela compreendeu que a santidade pessoal e a missão constituem aspectos inseparáveis do compromisso radical a seguir Cristo.

A celebração do vosso Capítulo e, de modo especial, a tarefa de rever as vossas Constituições, oferecem-vos a oportunidade para renovar a vossa fidelidade a esta mesma visão e ao carisma particular da vossa Fundadora, expresso na vossa espiritualidade e nas vossas tradições vivas. Este exame, empreendido na abertura sincera ao Espírito Santo, há-de ajudar-vos a determinar aqueles aspectos do vosso Instituto, que deveriam ser revigorados de maneira a dar um testemunho cada vez mais luminoso do amor infalível de Deus. Por conseguinte, encorajo-vos a continuar a corresponder com alegria à vossa vocação à santidade, na perfeição da caridade e, segundo as vossas próprias tradições, a valorizar aquele ascetismo próprio das pessoas consagradas, "de que elas têm necessidade para dilatar o coração e para o abrir ao acolhimento do Senhor e dos seus irmãos e irmãs (cf. Vita consecrata VC 38). Anunciai a Boa Nova com eficácia, sendo plenamente aquilo que já sois e levando esta realidade a todos os povos.

Minhas estimadas Irmãs, o Capítulo Geral constitui uma exortação a recuperar o dinamismo primordial do espírito da vossa Fundadora e a "fazer-vos novamente ao largo" (cf. Lc Lc 5,4). Que Maria, nossa Mãe, modelo de vida consagrada, vos inspire e vos sustente. Enquanto vos asseguro a lembrança constante nas minhas orações, é do íntimo do coração que concedo a minha Bênção Apostólica a todos os membros da Congregação das Irmãs de Nossa Senhora.



DISCURSO DO PAPA JOÃO PAULO II


AOS PARTICIPANTES NO CAPÍTULO GERAL


DA SOCIEDADE DO APOSTOLADO CATÓLICO


(PALOTINOS)


Quinta-feira, 14 de Outubro de 2004


Caríssimos Irmãos

1. É com grande alegria que vos recebo, por ocasião do Capítulo Geral da Sociedade do Apostolado Católico, nascida do grande amor de São Vicente Pallotti. Dirijo a cada um a minha cordial saudação. Em particular, saúdo o novo Reitor-Geral, Pe. Fritz Kretz, a quem agradeço as amáveis palavras com que desejou apresentar-me as perspectivas futuras da vossa Família religiosa. Dirijo o meu pensamento ao novo Regime Geral e a todos os Irmãos da comunidade, que trabalham generosamente em várias regiões do mundo inteiro.

2. Durante a Assembleia Geral, reflectistes sobre alguns desafios religiosos que o Instituto deve enfrentar neste momento histórico. Em particular, salientastes melhor o serviço que a vossa Sociedade é chamada a prestar, no âmbito da União do Apostolado Católico. Vós, Sacerdotes e Irmãos Religiosos Palotinos, sois como o tronco da árvore frondosa que, mediante a participação dos leigos na intuição carismática originária, estende os seus ramos pelos diversos ambientes sociais, em vista de os animar com um autêntico espírito evangélico. Para desempenhar esta missão, é necessário conservar-se solidamente arraigados em Cristo, que São Vicente Pallotti amou e serviu com uma fidelidade heróica. É somente sob estas condições que as vossas Comunidades serão "células vivas de inspiração e de actividade palotinas".

3. Esta fidelidade ao espírito das origens exige de vós uma formação constante e um anseio missionário partilhado. Somente pessoas totalmente orientadas para a busca de uma "medida alta" da vida cristã podem realizar opções pastorais de grande eficácia apostólica. Que no fundamento de tudo haja uma intensa oração e uma vida sacramental assídua, centralizada na Eucaristia. A espiritualidade e o apostolado, a formação e a missão constituem as duas características daquela única perfeição evangélica, que transparece de maneira exemplar na existência de São Vicente Pallotti.

Caríssimos, enquanto vos confio à intercessão celestial do vosso Fundador e à salvaguarda maternal de Maria, Rainha dos Apóstolos, concedo-vos de todo o coração, assim como a toda a Família Palotina, uma especial Bênção Apostólica.



DISCURSO DO PAPA JOÃO PAULO II


AOS PARTICIPANTES NO COLÓQUIO


POR OCASIÃO DA CONFERÊNCIA EUROPEIA


DAS RÁDIOS CRISTÃS


Sexta-feira, 15 de Outubro de 2004


1. Saúdo-vos cordialmente, queridos participantes no Colóquio que celebra os dez anos de fundação da Conferência Europeia das Rádios Cristãs. Agradeço ao vosso Presidente as gentis palavras que me dirigiu em nome de todos.

Alegro-me convosco: durante estes anos, reunindo numerosas Rádios europeias, do Atlântico aos Urais, trabalhastes para consolidar nos ouvintes a consciência das comuns raízes cristãs e para estimular o seu compromisso ao serviço da paz. Desta forma, destes um precioso contributo à edificação da Europa sobre fundamentos éticos e espirituais, favorecendo a compreensão e a aproximação entre os povos do nosso continente.

2. Exorto-vos a perseverar com generosidade nesta importante missão. As vossas vozes brancas, na variedade dos respectivos programas, continuem a testemunhar Cristo, salvação do mundo, e a anunciar a todos o seu Evangelho de paz.

Invoco sobre o vosso trabalho a ajuda divina, em penhor do qual vos concedo a minha Bênção, que de bom grado faço extensiva às vossas famílias e a todos os ouvintes das vossas Rádios.





DISCURSO DO PAPA JOÃO PAULO II


AO CORO E ORQUESTRA DO EXÉRCITO RUSSO


POR OCASIÃO DO 26° ANIVERSÁRIO DE PONTIFICADO


Sexta-feira, 15 de Outubro de 2004




Caríssimos

1. Saúdo e agradeço ao Coro e à Orquesta do Exército Russo, a começar pelo Director. Dirijo o meu cordial pensamento aos Senhores Cardeais, aos Bispos, às Autoridades, ao Embaixador Litvin, Representante da Federação Russa junto da Santa Sé e àqueles que quiseram estar aqui presentes. Saúdo todos vós e agradeço-vos de coração.

Na tarde de hoje foi-nos apresentado, através de músicas, cânticos e danças tradicionais, um repertório folclórico em que se reflecte a índole mais pura do nobre povo russo.

2. Caríssimos amigos do Coro e da Orquestra do Exército Russo, obrigado por tudo isto.
Dirijo o meu reconhecimento, de modo particular, ao Senhor Andermann e a quantos, de vários modos, colaboraram para a realização deste evento artístico. Agradeço também à RAI, que desejou transmiti-lo em "mundovisão".

Sobre todos e especialmente sobre os membros do Grupo Académico de Canto e de Dança do Exército Russo, invoco a salvaguarda da "Mãe de Deus" de Kazan, cujo ícone voltou recentemente para a Rússia, Terra que me é particularmente cara.



ABERTURA DO ANO DA EUCARISTIA


ENCERRAMENTO DO 48° CONGRESSO EUCARÍSTICO


INTERNACIONAL DE GUADALAJARA


DISCURSO DO PAPA JOÃO PAULO II


17 de Outubro de 2004


1. "Sabei que Eu estarei sempre convosco, até ao fim dos tempos" (Mt 28,20).
Reunidos diante da Eucaristia, neste momento experimentamos com particular intensidade a verdade da promessa de Cristo: Ele está connosco!

Saúdo todos vós que vos encontrais em Guadalajara para participar no encerramento do Congresso Eucarístico Internacional. Em particular, o Cardeal Jozef Tomko, meu Legado; o Cardeal Juan Sandoval Íñiguez, Arcebispo de Guadalajara; os Senhores Cardeais, Arcebispos, Bispos e Sacerdotes do México, assim como de numerosos outros países, que estão ali presentes.

Saúdo também todos os fiéis de Guadalajara, do México e de outras regiões do mundo, que estão unidos a nós na adoração do Mistério eucarístico.

2. A ligação televisiva entre a Basílica de São Pedro, coração da cristandade, e Guadalajara, sede do Congresso, é como que uma ponte lançada entre os continentes e faz com que o nosso encontro de oração seja uma "Statio Orbis" ideal, à qual se unem os fiéis de todo o orbe. O ponto de encontro é o próprio Jesus, realmente presente na Santíssima Trindade com o seu mistério de morte e de ressurreição, em que se unem o céu e a terra, e onde se encontram os diferentes povos e culturas. Cristo é "a nossa paz, Ele que, dos dois povos fez um só..." (Ep 2,14).

3. "A Eucaristia, luz e vida do novo milénio". O tema do Congresso convida-nos a considerar o Mistério eucarístico, não somente em si mesmo, mas também em relação aos problemas do nosso tempo.

Mistério de luz! De luz tem necessidade o coração do homem, oprimido pelo pecado, por vezes desorientado e cansado, provado por sofrimentos de todos os tipos. O mundo tem necessidade de luz, na busca difícil de uma paz que parece distante no começo de um milénio perturbado e humilhado pela violência, o terrorismo e a guerra.

A Eucaristia é luz! Na Palavra de Deus, constantemente proclamada, no pão e no vinho transubstanciados no Corpo e Sangue de Cristo, é precisamente Ele, o Senhor ressuscitado, que abre a mente e o coração e que se deixa conhecer, como aconteceu com os dois discípulos de Emaús, "ao partir o pão" (cf. Lc Lc 24,25). Neste gesto convival, nós revivemos o sacrifício da Cruz, experimentamos o amor infinito de Deus e sentimo-nos chamados a difundir a luz de Cristo entre os homens e as mulheres do nosso tempo.

4. Mistério de vida! Que aspiração pode ser maior do que a vida? Todavia, sobre este anseio humano universal pairam sombras ameaçadoras: a sombra de uma cultura que nega o respeito pela vida, em cada uma das suas fases; a sombra de uma indiferença, que condena numerosas pessoas a um destino de fome e de subdesenvolvimento; e a sombra de uma investigação científica que, por vezes, se põe ao serviço do egoísmo do mais forte.

Queridos irmãos e irmãs: devemos sentir-nos interpelados pelas necessidades de tantos irmãos. Não podemos fechar o coração aos seus pedidos de socorro. Nem podemos esquecer que "não só de pão vive o homem" (cf. Mt Mt 4,4). Temos necessidade do "pão vivo... que desceu do céu" (Jn 6,51). Este pão é Jesus. Alimentar-nos dele significa receber a própria vida de Deus (cf. Jo Jn 10,10), abrindo-nos à lógica do amor e da partilha.

5. Desejei que este Ano fosse dedicado particularmente à Eucaristia. Na realidade, todos os dias e especialmente no domingo, dia da ressurreição de Cristo, a Igreja vive deste mistério. Porém, neste Ano da Eucaristia convida-se a comunidade cristã a adquirir uma consciência mais viva do mesmo, com uma celebração mais sentida, com uma adoração prolongada e fervorosa, com um maior compromisso de fraternidade e de serviço aos mais necessitados. A Eucaristia é fonte e epifania de comunhão. É princípio e projecto de missão (cf. Mane nobiscum Domine, caps. III-IV).

Seguindo o exemplo de Maria, "mulher eucarística" (Ecclesia de Eucharistia, cap. VI), a comunidade cristã deve viver deste mistério. Consolidada pelo "pão de vida eterna", ela há-de ser presença de luz e de vida, fermento de evangelização e de solidariedade.
6. Mane nobiscum Domine! Como os dois discípulos do Evangelho, também nós te imploramos, Senhor Jesus: permanece connosco!

Tu, divino Peregrino, perito nos nossos caminhos e conhecedor do nosso coração, não nos deixes prisioneiros das sombras da noite.

Ampara-nos no cansaço, perdoa os nossos pecados e orienta os nossos passos pelo caminho do bem.

Abençoa as crianças, os jovens, os idosos, as famílias e particularmente os enfermos. Abençoa os sacerdotes e as pessoas consagradas. Abençoa toda a humanidade.
Na Eucaristia, Tu fizeste-te "remédio de imortalidade": dá-nos o gosto de uma vida plena, que nos ajude a caminhar sobre a terra como peregrinos seguros e alegres, olhando sempre para a meta da vida eterna.

Permanece connosco, Senhor! Permanece connosco! Amém!
***


Depois da Santa Missa

Agora, tenho a alegria de anunciar que o próximo Congresso Eucarístico Internacional será celebrado na cidade de Quebeque no ano de 2008.

Que este anúncio suscite nos fiéis um vigoroso compromisso a viver mais intensamente o presente Ano da Eucaristia.



DISCURSO DO PAPA JOÃO PAULO II


AOS PARTICIPANTES


NA CONFERÊNCIA MUNDIAL


DAS MULHERES PARLAMENTARES


18 de Outubro de 2004




1. É-me grato dar as cordiais boas-vindas a todos vós, gentis Senhoras e ilustres Senhores, a quem saúdo com profunda amabilidade. Através de vós, gostaria de dirigir o meu pensamento às numerosas nações do mundo, que fazem parte da União Interparlamentar. Dirijo uma especial saudação ao Presidente da Câmara dos Deputados da Itália e à Parlamentar da Letónia, que interpretaram os sentimentos de todos os presentes.

2. O nosso encontro hodierno insere-se no contexto da Conferência Mundial das Mulheres Parlamentares, sobre a infância e a adolescência, promovida pela Presidência do Parlamento Italiano. O tema dos trabalhos, que terminam hoje, diz respeito às condições de dificuldade em que vivem numerosas crianças e adolescentes em várias regiões do mundo. De resto, a vossa finalidade consiste em encontrar em conjunto formas eficazes de salvaguarda dos menores, da parte das Instituições. A este propósito, exprimo todo o meu apreço por este compromisso louvável em benefício das camadas mais juvenis da população, enquanto vos encorajo a continuar ao longo deste caminho, conscientes de que as crianças e os adolescentes constituem o futuro e a esperança da humanidade.

Eles são o tesouro mais precioso e, ao mesmo tempo, mais frágil e vulnerável da família humana. Por conseguinte, é necessário dedicar escuta e atenção constantes a todas as suas exigências e aspirações legítimas. De maneira especial, ninguém pode ficar calado ou permanecer indiferente, quando as crianças inocentes sofrem, vivem marginalizadas ou são feridas na sua dignidade de pessoas humanas.

3. O forte grito de dor da infância desamparada e violada, em numerosas regiões da terra, deve levar as Instituições públicas, as Associações particulares e todos os homens de boa vontade a adquirir uma renovada consciência do dever, que todos nós temos, de proteger, defender e educar com respeito e amor estas frágeis criaturas.

Para ser eficaz, cada acção de salvaguarda em relação à infância e à adolescência não pode deixar de se inspirar nesta consideração obrigatória dos seus direitos fundamentais, bem expressa na famosa sentença de Juvenal: "Maxima debetur puero reverentia" (cf. Sátiras, XIV, 47). Além disso, no Evangelho Jesus indica as crianças como os nossos "modelos" de vida, enquanto condena com determinação aqueles que não as respeitam.

4. Gentis Senhoras e ilustres Senhores, formulo votos a fim de que os dias de trabalho da vossa Conferência obtenham pleno bom êxito e desejo que, graças à contribuição de todos, o sonho de construir um futuro melhor para as novas gerações, se torne realidade. Por intercessão de Maria, Mãe da esperança, Deus conceda que a humanidade possa ver depressa realizada esta profecia de paz!

Acompanho estes bons votos com a certeza das minhas preces, enquanto vos abençoo a todos do íntimo do coração.



DISCURSO DE JOÃO PAULO II


AO SENHOR NICANOR DUARTE FRUTOS


PRESIDENTE DA REPÚBLICA DO PARAGUAI


Segunda-feira, 18 de Outubro de 2004



Senhor Presidente

Apraz-me dar-lhe as boas-vindas nesta Audiência, por ocasião da sua visita a Roma. Aproveito esta oportunidade para lhe renovar as expressões do afecto que nutro pelo povo paraguaio e peço-lhe que tenha a amabilidade de lhe transmitir a saudação do Papa e a certeza da sua lembrança na oração.

Formulo votos a fim de que a mensagem cristã, que penetrou na alma deste nobre povo e deu frutos de santidade em São Roque Ruiz e Companheiros mártires, continue a proporcionar inspiração e alento em quantos se encontram comprometidos no desenvolvimento do Paraguai, ao longo do caminho da justiça e da solidariedade. Enquanto invoco a salvaguarda da Virgem Pura e Límpida de Caacupé, abençoo todos os paraguaios do íntimo do coração.



SAUDAÇÃO DO PAPA JOÃO PAULO II


AOS FIÉIS DA DIOCESE DE PELPLIN


(POLÓNIA)


Terça-feira, 19 de Outubro de 2004

Saúdo cordialmente todos os habitantes de Kaszuby, que vieram em peregrinação até aos túmulos dos Apóstolos. Estou feliz por vos poder acolher juntamente com o vosso Bispo, a quem agradeço as amáveis palavras que proferiu.


Vós estais a realizar esta peregrinação, impelidos por uma intenção especial: a Beatificação do Servo de Deus, o Bispo D. Konstantyn Dominik. É justo que, mediante a oração, procureis promover o processo de reconhecimento da sua santidade, que teve início já em 1961. Trata-se de uma contribuição importante, porque dá testemunho da veneração de que goza o candidato às honras dos altares e, ao mesmo tempo, suscita também uma atmosfera espiritual de abertura à acção da graça, que prepara as condições para as intervenções milagrosas. Que este Pastor fiel da vossa Diocese continue a salvaguardá-la com um cuidado especial!

Peço-vos que transmitais a minha saudação aos vossos entes queridos e a todos os fiéis da Igreja de Pelplin. Abençoo-vos a todos do íntimo do coração: em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo.


DIscursos João Paulo II 2004