DIscursos João Paulo II 2004

Também eu, com a mesma estima e afecto vos encorajo a prosseguir o vosso trabalho e, garantindo-vos uma especial recordação na oração, abençoo-vos a todos de coração.



DISCURSO DO PAPA JOÃO PAULO II


AOS PARTICIPANTES NA ASSEMBLEIA PLENÁRIA


DO PONTIFÍCIO CONSELHO "JUSTIÇA E PAZ"


29 de Outubro de 2004


Senhor Cardeal
Venerados Irmãos no Episcopado
e no Sacerdócio
Caríssimos Irmãos e Irmãs

1. É-me grato receber-vos nesta especial Audiência. Saúdo em primeiro lugar os membros do Pontifício Conselho "Justiça e Paz", que nestes dias realizou a sua Assembleia Plenária, destinada a encontrar os melhores modos para aquela nova evangelização do social, tão necessária e urgente.

Dirijo uma saudação carinhosa aos participantes no I Congresso Mundial dos Organismos Eclesiais que trabalham pela Justiça e a Paz. Caríssimos, valorizando a doutrina social vós reflectistes sobre as formas mais adequadas de anunciar o Evangelho, na complexa realidade do nosso tempo.

Saúdo de maneira especial o Cardeal Renato Raffaele Martino, a quem agradeço as amáveis palavras de bons votos que me dirigiu em nome de todos os presentes.

2. Acaba de ser publicado o Compêndio da Doutrina Social da Igreja, um instrumento capaz de tornar o mundo mais justo, na perspectiva evangélica de um verdadeiro humanismo solidário. A doutrina social "faz parte essencial da mensagem cristã" (Centesimus annus CA 5) deve ser cada vez mais conhecida, difundida integralmente e testemunhada com uma acção pastoral constante e coerente.

Em particular, numa época como a nossa, caracterizada pela globalização da questão social, a Igreja convida todos a reconhecer e a afirmar a centralidade da pessoa humana em todos os âmbitos e em todas as manifestações da socialidade.

3. Caríssimos Irmãos e Irmãs! A doutrina social da Igreja interpela-vos sobretudo a vós, cristãos leigos, a viver na sociedade como um "testemunho de Cristo Salvador" (Ibidem) e abre-vos os horizontes da caridade. Com efeito, esta é a hora da caridade, capaz de animar, com a graça do Evangelho, as realidades humanas do trabalho, da economia, da política, traçando os caminhos da paz, da justiça e da amizade entre os povos.

Esta é a hora de uma renovada estação de santidade social, de santos que manifestem ao mundo e no mundo a perene e inesgotável fecundidade do Evangelho.

Caríssimos fiéis leigos, trabalhai sempre pela justiça e pela paz. Que vos acompanhe e vos proteja Maria, a discípula fiel de Cristo. Enquanto vos asseguro as minhas preces, abençoo-vos de coração.



DISCURSO DO PAPA JOÃO PAULO II


AO SENHOR MOHAMMAD JAVAD FARIDZADE


NOVO EMBAIXADOR DA REPÚBLICA DO IRÃO


JUNTO DA SANTA SÉ POR OCASIÃO


DA APRESENTAÇÃO DAS CARTAS CREDENCIAIS


Sexta-feira, 29 de Outubro de 2004






1. Sinto-me feliz por dar as boas-vindas a Vossa Excelência, por ocasião da apresentação das Cartas que o acreditam como Embaixador extraordinário e plenipotenciário da República do Irão junto da Santa Sé.

Agradeço-lhe as amáveis palavras que acabou de me dirigir e ficar-lhe-ia grato por se dignar transmitir a minha gratidão a Sua Excelência o Senhor Seyed Mohammad Khatami, Presidente da República, pelos votos que me enviou por seu intermédio.

As relações diplomáticas que existem entre o seu país e a Santa Sé desde há cinco anos, como realçou no início deste ano o colóquio realizado na Universidade gregoriana, confirma o desejo de conhecimento recíproco e a vontade comum de favorecer mediante os nossos intercâmbios uma cultura de paz.

2. Vossa Excelência, Senhor Embaixador, evocou as preocupações do seu país face à degradação da situação internacional e às ameaças que pesam sobre a humanidade, a vários níveis. Para a consecução de uma ordem internacional equilibrada, sobretudo em relação ao terrorismo que pretende impor a sua lei, a vontade de construir um futuro comum que garanta a paz para todos exige o comprometimento dos Estados a dotarem-se de meios estáveis, eficazes e reconhecidos, como a Organização das Nações Unidas e as outras Organizações Internacionais. Esta acção em favor da paz implica também uma acção corajosa contra o terrorismo e para construir um mundo no qual todos se possam reconhecer filhos do mesmo Deus Todo-Poderoso e misericordioso.

Certamente, a construção da paz exige a confiança recíproca para acolher o próximo não como uma ameaça mas como um parceiro, aceitando de igual modo os vínculos e os mecanismos de controle que os compromissos comuns implicam, como os tratados e os acordos multilaterais, nos diversos âmbitos das relações internacionais relativas ao bem comum da humanidade, como o respeito do ambiente, o controle do comércio das armas e da não proliferação das armas nucleares, a tutela das crianças, os direitos das minorias. Por seu lado, a Santa Sé não poupará esforços para convencer os responsáveis dos Estados a renunciar em todas as ocasiões à violência ou à força e a fazer prevalecer sempre a negociação como meio para superar as discórdias e os conflitos que possam surgir entre as nações, os grupos e os indivíduos.

3. O compromisso em favor do homem funda-se, para os crentes, na fé em Deus único, que criou o homem à sua imagem e semelhança, e que revelou aos homens a sua vontade. Para os cristãos este diálogo, necessário entre os homens a fim de conseguir estabelecer entre eles relações de fraternidade e de amor recíproco, é fundamentalmente uma resposta ao diálogo que o próprio Deus já iniciou com o homem revelando-lhe a sua Palavra e propondo-lhe a sua Aliança. Como Vossa Excelência realçou, Senhor Embaixador, o nosso dever de crentes é anunciar aos nossos contemporâneos os valores fundamentais expressos na religião, os quais garantem, através da lei natural, sinal da importância de Deus no homem, a dignidade de cada pessoa e que regulam as relações dos homens com os seus semelhantes. Como recordei tantas vezes, os fiéis católicos, por seu lado, preocupam-se em qualquer circunstância por dar testemunho a favor de uma cultura da vida, que respeite o ser humano desde a sua concepção até à sua morte natural, e que garanta a defesa dos seus direitos e dos seus deveres imprescindíveis. Entre estes direitos fundamentais encontra-se em primeiro lugar o direito à liberdade religiosa, que é um aspecto essencial da liberdade de consciência e que revela precisamente a dimensão transcendente da pessoa. A Santa Sé conta com o apoio das Autoridades iranianas para consentir aos fiéis da Igreja Católica presentes no Irão, assim como aos outros cristãos, a liberdade de professar a sua religião e para favorecer o reconhecimento da personalidade jurídica das instituições eclesiásticas, facilitando desta forma o seu trabalho no meio da sociedade iraniana. De facto, a liberdade de culto é apenas um aspecto da liberdade religiosa, que deve ser a mesma para todos os cidadãos de um país.

4. Como recordei com frequência, "as confissões cristãs e as grandes religiões da humanidade devem colaborar entre si a fim de eliminar as causas sociais e culturais do terrorismo, ensinando a grandeza e a dignidade da pessoa e difundindo uma maior consciência da unidade do género humano" (Mensagem para o Dia Mundial da Paz, 1 de Janeiro de 2002, n. 12). Elas devem também dialogar a fim de se conhecerem melhor, para apreciarem as suas riquezas recíprocas e para colaborar no bem comum da humanidade.

Alegro-me, de modo particular, pela realização de um encontro regular de diálogo a alto nível entre cristãos e muçulmanos no seu país, sob o patrocínio do Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-Religioso e das Autoridades religiosas xiitas iranianas. Tenho a certeza de que esta iniciativa consentirá melhorar cada vez mais as relações entre os crentes, com base no respeito mútuo e na confiança recíproca.

5. Através de Vossa Excelência, sinto-me feliz por poder saudar as comunidades católicas de diversos ritos que vivem no Irão, e que garantem com os seus irmãos ortodoxos, desde há séculos, a continuidade da presença cristã. Faço votos por que os cristãos, os quais sempre alimentaram o desejo de viver em bons relacionamentos com os muçulmanos, aprofundam cada vez mais as exigências do diálogo da vida quotidiana, através dos diversos aspectos da vida social comum. Desejo recordar também quanto é importante para mim a possibilidade efectiva para cada um, no respeito das leis do país, de exprimir livremente as próprias convicções religiosas, de se reunirem com os próprios irmãos para celebrar o culto devido a Deus, assim como garantir, através da catequese, a transmissão do ensinamento religioso às crianças, e o seu aprofundamento para os jovens e os adultos. Sei que os fiéis católicos estão afeiçoados ao seu país e desejam participar activamente no seu progresso em todos os âmbitos da vida social.

6. Senhor Embaixador, no momento em que inicia oficialmente a sua missão junto da Sé Apostólica, expresso-lhe os meus melhores votos para a nobre tarefa que o espera. Tenha a certeza de que encontrará aqui, junto dos meus colaboradores, o acolhimento atento e a compreensão cordial da qual poderá ter necessidade.

Sobre Vossa Excelência, sobre os seus colaboradores, os seus familiares e sobre todo o Povo iraniano invoco de coração a abundância das Bênçãos do Omnipotente.



DISCURSO DO PAPA JOÃO PAULO II


AO SENHOR TASSOS PAPADOPOULOS


PRESIDENTE DA REPÚBLICA DE CHIPRE


Sábado, 30 de Novembro de 2004


Senhor Presidente

É com prazer que o saúdo no momento em que Vossa Excelência visita o Vaticano. Peço-lhe que torne extensivos os meus cordiais bons votos inclusivamente ao povo da sua nação, que foi sempre profundamente fiel à mensagem cristã.

Encorajo Vossa Excelência e os seus compatriotas nos vossos esforços em vista de promover o diálogo e a tolerância entre os diversificados grupos étnicos e religiosos no vosso país. Efectivamente, só através do compromisso em vista da compreensão e do respeito mútuo que as antigas tensões podem ser resolvidas, levando para a unidade fundamentada sobre os princípios da solidariedade e da justiça.

Rezo para que Deus Todo-Poderoso lhe conceda, bem como a todo o povo de Chipre, as dádivas da paz e da harmonia.



DISCURSO DO PAPA JOÃO PAULO II


A SUA EX.CIA O SENHOR MAREK BELKA


PRIMEIRO-MINISTRO DA POLÓNIA


Sábado, 30 de Outubro de 2004




Senhor Primeiro-Ministro
Senhor Ministro
Ilustres Senhores

Dou as minhas cordiais boas-vindas as todos vós. É-me grato poder receber-vos num momento tão importante para a Polónia e para a Europa. Ontem, teve lugar a cerimónia da assinatura do Tratado Constitucional da União Europeia. Trata-se de um acontecimento que, num certo sentido, encerra o processo de ampliação da Comunidade àqueles Estados que sempre cooperaram para a formação dos fundamentos espirituais e institucionais do Velho Continente, mas que durante as últimas décadas permaneceram, por assim dizer, às margens do mesmo. A Sé Apostólica e eu pessoalmente procurámos apoiar este processo a fim de que a Europa pudesse respirar plenamente com os seus dois pulmões: com o espírito do Ocidente e do Oriente.

Estou convicto de que, embora na Constituição Europeia falte uma referência explícita às raízes cristãs da cultura de todas as nações que hoje compõem a Comunidade, os valores perenes elaborados com base no Evangelho, pelas gerações daqueles que nos precederam continuarão a inspirar os esforços daqueles que assumem a responsabilidade da formação do rosto do nosso continente. Faço votos a fim de que esta estrutura, que em última análise é uma comunidade de nações livres, não só fará o possível para não as privar do seu património espiritual, mas também o conservará como fundamento da unidade. Como afirmei em Gniezno, no ano de 1997, não é possível construir uma unidade duradoura, "separando-se das raízes, a partir das quais cresceram os países da Europa, e da grande riqueza da cultura espiritual dos séculos passados". "Não haverá a unidade da Europa, enquanto ela não se fundir na unidade do espírito".

Como Papa, estou grato aos Governos e ao Parlamento da Polónia pela compreensão deste desafio e porque soube enfrentá-lo. Agradeço ao Senhor Primeiro-Ministro a certeza, expressa na carta, de que "o Governo polaco fará tudo para que a nova Constituição da União Europeia seja compreendida no espírito dos valores europeus, em cuja base há uma visão cristã do homem e da política como serviço dedicado ao próprio homem e a toda a comunidade".

Senhor Primeiro-Ministro, formulo-lhe votos para que a completa dedicação de todas as pessoas às quais Vossa Excelência confiou as diversas tarefas no Governo da República da Polónia, mas inclusivamente daqueles que exercem os poderes legislativo e judiciário, com a co-participação da sociedade inteira, permita que no arco de tempo mais breve possível, se verifique uma abundante produção de frutos, para a prosperidade de todos os Polacos.

Deus oriente a nossa Pátria para um futuro feliz, conceda a graça da sabedoria àqueles sobre os quais pesa a responsabilidade pela sua sorte e abençoe todos os seus habitantes!

Obrigado pela vossa visita e por toda a vossa benevolência.





DISCURSO DO PAPA JOÃO PAULO II


À PEREGRINAÇÃO DAS FAMÍLIAS RELIGIOSAS


FUNDADAS POR DOM GUANELLA


30 de Outubro de 2004


Caríssimos Irmãos e Irmãs!

1. É com grande alegria que vos recebo e vos agradeço esta especial visita, que se realiza na conclusão das celebrações centenárias da vossa presença em Roma.

Saúdo o Superior-Geral dos Servos da Caridade, Pe. Nino Minetti, e a Superiora-Geral das Filhas de Santa Maria da Providência, Irmã Giustina Valicenti, à qual agradeço as gentis palavras com as quais interpretou os sentimentos comuns. Depois, dirijo a minha saudação aos representantes do Movimento Leigo Guanelliano, dos amigos da Obra e das comunidades paroquiais de Roma confiadas aos Religiosos Guanellianos. Dedico um pensamento particular aos doentes e às pessoas portadoras de deficiência aqui presentes.

2. Há cem anos o beato Luís Guanella entrou em Roma, com alguns colaboradores, "para fazer um pouco de bem em benefício do próximo". Desde então vós, queridos membros da sua família espiritual, não cessastes de seguir os seus passos, fiéis ao estilo do fundador, que gostava de dizer: "É preciso fazer bem o bem". E também agora, procurando ser "bons samaritanos" dos pobres, geris obras de vanguarda e correspondentes às mudadas exigências dos tempos com um multiforme apostolado caritativo.

Depois, que dizer dos cuidados que dedicais aos doentes em fase terminal? Desde sempre a morte e o falecer constituem um desafio que não está privado de angústia para o homem. Ao fundar a "Piedosa União do Trânsito de São José" para os moribundos, Pe. Guanella soube suscitar uma corrente de pensamento para ajudar quantos estão para passar a porta da eternidade.

3. Aprendestes do vosso beato Fundador que, para dar amor aos irmãos, é necessário hauri-lo na fonte da caridade divina, graças a um contacto constante com Cristo na oração. Anime-vos aquele forte espírito de fé que fazia repetir a Dom Guanella: "É Deus que faz, nós somos apenas instrumentos da Providência".

A presença nestes dias em Roma dos seus despojos mortais vos sirva de encorajamento para imitar as suas virtudes, para tender com todas as forças para a "medida alta" da vida cristã, que é a santidade.

Proteja-vos e acompanhe-vos neste caminho a Virgem Maria. Ao garantir-vos a minha recordação na oração, abençoo-vos com afecto a vós aqui presentes e a toda a Família Guanelliana.





                                                                               Novembro de 2004

DISCURSO DO PAPA JOÃO PAULO II


AO SENHOR AYAD ALLAWI


PRIMEIRO-MINISTRO DO IRAQUE


Quinta-feira, 4 de Novembro de 2004


Excelência

É-me grato recebê-lo no Vaticano e assegurar-lhe a minha contínua proximidade do povo iraquiano, tão profundamente provado pelos trágicos acontecimentos dos últimos anos. Rezo por cada uma das vítimas do terrorismo e da violência desenfreada, pelas suas famílias e por todos aqueles que trabalham generosamente em benefício da reconstrução do seu país.

Desejo encorajar os esforços que estão a ser feitos pelo povo iraquiano, em vista de estabelecer as instituições democráticas que sejam verdadeiramente representativas e comprometidas na salvaguarda dos direitos de todos, no respeito integral pela diversidade étnica e religiosa, que tem sido sempre uma fonte de enriquecimento para o seu país. Estou convicto de que a comunidade cristã, presente no Iraque desde os tempos apostólicos, saberá oferecer a sua própria contribuição para o progresso da democracia e para a construção de um futuro de paz nessa região.

Sobre Vossa Excelência, sobre os membros do seu Séquito e sobre todo o querido povo do Iraque, invoco cordialmente as abundantes graças de Deus Todo-Poderoso.



DISCURSO DO PAPA JOÃO PAULO II


A UM GRUPO DE COMPATRIOTAS


PROVENIENTES DE VÁRIAS REGIÕES DA POLÓNIA


Quinta-feira, 4 de Novembro de 2004



Dou as minhas cordialíssimas boas-vindas a todos vós: aos peregrinos da Arquidiocese de Danzigue, da Diocese de Tarnów e das outras regiões. Agradeço ao Arcebispo D. Tadeusz Goclowski as palavras de bons votos e as expressões de benevolência pronunciadas em nome de todos aqueles que se encontram aqui reunidos. Estou grato de maneira particular pelas orações que elevais a Deus, segundo as minhas intenções, vinculadas ao serviço na Sé de São Pedro.

Estamos aqui congregados na recordação de São Carlos Borromeu. Ontem foi comemorado o 420º aniversário da sua morte. Ele foi um Bispo zeloso, reformador da Igreja depois do Concílio de Trento, um grande defensor dos pobres. A sua piedade estava alicerçada sobre o amor pela Cruz de Cristo e pelo mistério da sua Morte e Ressurreição. Este amor expressou-se no cuidado pela devota celebração da Santa Missa e na adoração de Cristo, presente na Eucaristia.

Quero recordá-lo no início do Ano da Eucaristia, a fim de que o exemplo de São Carlos seja para todos nós uma inspiração a viver este período especial. Que ele faça arder em nós o amor pelo Salvador, que desejou permanecer connosco sob as espécies do pão e do vinho.

Uma vez mais, agradeço-vos a vossa visita. Transmiti a minha saudação às vossas Dioceses, às paróquias e aos lares. Deus vos abençoe!



DISCURSO DO PAPA JOÃO PAULO II


AOS PARTICIPANTES NA IX REUNIÃO


DO CONSELHO PÓS-SINODAL DA SECRETARIA


GERAL DO SÍNODO DOS BISPOS PARA


A ASSEMBLEIA ESPECIAL PARA A AMÉRICA


Sexta-feira, 5 de Novembro de 2004


Veneráveis Irmãos no Episcopado

1. É com alegria que vos recebo e vos dou as boas-vindas, por ocasião da IX reunião do Conselho pós-sinodal da Secretaria Geral do Sínodo dos Bispos para a Assembleia Especial para a América.

Estes vossos encontros, coordenados pelo Secretário-Geral do Sínodo dos Bispos, a quem agradeço as amáveis palavras que me dirigiu, permitem-vos verificar os esforços levados a cabo para pôr em prática os ensinamentos contidos na Exortação Apostólica pós-sinodal Ecclesia in America. Além disso, ajudam-vos a "verificar" as metas alcançadas e os progressos das Igrejas particulares no Continente americano, cuja existência quotidiana é caracterizada por múltiplas e diversificadas situações políticas, sociais e económicas. Agradeço-vos e encorajo-vos a continuar neste serviço colegial ao Sucessor de Pedro no governo pastoral de todo o Povo de Deus.

2. Precisamente a partir da experiência sinodal, os Bispos promoveram diversas iniciativas pastorais destinadas a aumentar a comunhão de quantos vivem na América, aplicando as orientações da Exortação Apostólica pós-sinodal. Aqui, limito-me a recordar: os "Congressos Missionários Americanos" (CAM), as "Reuniões dos Bispos da Igreja na América" e a celebração de Nossa Senhora de Guadalupe, Mãe e Evangelizadora da América, como festa litúrgica comum a todo o Continente.

Ainda há muito a realizar, para consolidar a identidade cristã do Continente. Com efeito, se na América Latina o catolicismo é predominante, nos outros países é mais consistente a presença de outras confissões cristãs. Se esta diversidade for vivida na caridade que irmana, constituirá um estímulo ao diálogo ecuménico, sem que isto diminua nos católicos "a firme convicção de que somente na Igreja Católica se encontra a plenitude dos meios de salvação estabelecidos por Jesus Cristo" (Ecclesia in America ).

3. Entre os desafios do momento presente, além da acção nefasta das seitas, devem enumerar-se outras dificuldades como, por exemplo, as consequências negativas da globalização, especialmente quando se atribui valor absoluto à economia; a crescente urbanização com o inevitável desarraigamento cultural; o comércio e o consumo de drogas; as ideologias modernas, que consideram superado o conceito de família fundada sobre o matrimónio; o aumento progressivo do fosso entre ricos e pobres; as violações dos direitos humanos; os movimentos migratórios e o complexo problema da dívida externa. Além disso, o que dizer da cultura da morte, que se exprime de múltiplas formas, como a corrida aos armamentos e a execrável prática da violência desenfreada pelas guerrilhas e pelo terrorismo internacional?

4. Estimados e veneráveis Irmãos, estes são alguns dos urgentes desafios que agora se apresentam à Igreja que está na América. Graças a Deus, o povo cristão pode contar com muitos recursos para continuar a sua missão com esperança renovada. Em primeiro lugar, pode contar com a fé, dádiva que não só forjou a identidade cristã do Continente mas que, ao longo da história, se manifestou nos princípios e nos ideais morais que alimentaram a cultura dos seus povos.

Um outro dom, que a graça divina suscitou na América, é a piedade popular, profundamente arraigada nas suas diversas nações. Esta característica peculiar do povo americano, oportunamente orientada, purificada e enriquecida com os elementos genuínos da doutrina católica, poderá ser um instrumento útil para ajudar os fiéis a enfrentar de modo adequado os desafios da secularização.
Enfim, a Igreja que está na América foi enriquecida pelo dom de uma singular sensibilidade social, especialmente para com os pobres, que se manifesta numa profunda solidariedade entre as pessoas e entre os vários povos. Recordo que precisamente os Padres sinodais da Assembleia Especial para a América salientaram a oportunidade de preparar um "Catecismo da Doutrina Social Católica", sugestão que desejei acolher na Exortação Apostólica pós-sinodal e que, recentemente, foi realizado pelo Pontifício Conselho "Justiça e Paz", com a publicação do "Compêndio da Doutrina Social da Igreja".

5. Caríssimos Irmãos, faço votos de pleno bom êxito para os vossos trabalhos, sobre os quais invoco a salvaguarda de Nossa Senhora de Guadalupe, Mãe da América. Peço-lhe que a Igreja que está naquele Continente possa florescer e aumentar os seus frutos de santidade, de sincera conversão a Cristo e de sólidas comunhão e solidariedade.

Com estes sentimentos, abençoo-vos a todos, bem como as vossas Comunidades e o Continente inteiro, enquando rezo a Deus para que a sua unidade cresça cada vez mais alicerçada na fé cristã.



DISCURSO DO PAPA JOÃO PAULO II


AOS MEMBROS DO CENTRO CULTURAL


"POPE JOHN PAUL II"


5 de Novembro de 2004



Estimado Cardeal Maida
Queridos Amigos em Cristo

É-me grato saudar-vos, Dirigentes do Centro Cultural "Pope John Paul II", por ocasião da vossa peregrinação anual ao Vaticano. Agradeço-vos a assistência que prestais ao trabalho deste Centro em favor da promoção do diálogo entre os mundos da fé e da cultura. Formulo votos a fim de que o Centro contribua para levar a verdade do Evangelho e a sabedoria da tradição da Igreja a influenciar as importantes questões que estão a forjar a sociedade contemporânea.

Que a vossa peregrinação à Cidade Eterna leve todos vós a aprofundar a vossa união com o Senhor e com a Igreja. Concedo-vos a todos, assim como às vossas famílias, a minha Bênção Apostólica.



DISCURSO DO PAPA JOÃO PAULO II


AOS PARTICIPANTES NO CAPÍTULO GERAL


DOS AGOSTINIANOS RECOLECTOS


Sexta-feira, 5 de Novembro de 2004




Ao Capítulo Geral
dos Agostinianos Recolectos

1. É-me grato receber-vos cordialmente, Presidente e demais participantes no Capítulo Geral dos Agostinianos Recolectos, representantes das diversas Províncias da Ordem. Desejo expressar o agradecimento da Igreja pelo testemunho de vida como consagrados e pela actividade apostólica, levada a cabo nos 18 países de três continentes, onde vos encontrais presentes.

O Capítulo é um momento decisivo para a vida da Ordem, pois deve assegurar a fidelidade ao próprio património espiritual de maneira criativa, para que o tesouro da vossa espiritualidade e missão específicas brilhe de modo mais resplandecente nos nossos tempos. É também expressão eminente da unidade que deve reinar entre todos os religiosos, à volta das mesmas vocação e missão na Igreja. Convido-vos, pois, a viver este clima de unidade e de caridade fraterna, para dar exemplo a todas as outras Comunidades e ser testemunhas na Igreja e diante da humanidade, da riqueza espiritual que o Espírito derramou sobre vós "para o proveito comum" (1Co 12,7).

2. Exorto-vos a ter em grande consideração, nas vossas reflexões e deliberações, a chave que desejei indicar para todos os programas apostólicos e espirituais: "Caminhar a partir de Cristo"; "Este programa de sempre é o nosso programa para o terceiro milénio" (Novo millennio ineunte NM 29). Compreendeis isto muito bem, em virtude da vossa própria consagração religiosa, que vos associa de maneira particular ao sacrifício de Cristo. A vida espiritual profunda, tão vinculada na vossa tradição à observância e à contemplação, à interioridade e à busca incansável de Deus, é sempre um ponto de partida para a autêntica renovação e a alma de toda a iniciativa apostólica.

Nada pode substituir esta íntima vivência da fé para cumprir a vossa vocação de ser profetas do Reino de Deus. Com efeito, "é precisamente a qualidade espiritual da vida consagrada que pode interpelar as pessoas do nosso tempo [...] transformando-se assim num testemunho fascinante" (Vita consecrata VC 93). É assim também no começo do terceiro milénio, lançando luz sobre a confusão que pode suscitar um mundo cada vez mais globalizado, irradiando paz e esperança em muitas situações difíceis, manifestando a beleza inefável de Deus diante da carência de valores supremos e dando demonstrações do seu amor por cada ser humano, criado à sua imagem, mesmo que muitas vezes esteja desfigurado e submetido a uma mentalidade destruidora, egoísta e excludente. Reflectindo no vosso ser e nas vossas acções Aquele que é a "luz do mundo" (Jn 8,12), servireis a Igreja e a humanidade, que tem sempre fome de Deus.

3. O progresso na vida sobrenatural, alicerçado sobre a oração assídua e sobre a participação nos sacramentos, constitui uma premissa fundamental para uma acção apostólica frutuosa. Em particular a Eucaristia, que é presença real do próprio Cristo na história humana. É também "fonte e epifania" desta comunhão fraterna (cf. Mane nobiscum Domine, 21) que deve reinar nas vossas comunidades e ser uma mensagem viva de concórdia num mundo frequentemente dominado pela rivalidade e o conflito.

Sentistes no seio da Ordem, como uma novidade, a presença de comunidades em países muito diferentes entre si e o progressivo aumento de religiosos provenientes de diversas nacionalidades. Sem dúvida, trata-se de um desafio, mas também de uma maravilhosa oportunidade para aprofundar as raízes do sentimento comunitário, que não está assente nas afinidades humanas, mas que se inspira no mistério da Santíssima Trindade.

Neste sentido, a vida compartilhada fraternalmente nas comunidades é como uma prova contínua de uma comunhão que, a partir do alto, sabe conjugar harmoniosamente a diversidade de índoles pessoais e das tradições próprias de cada país. É a comunhão de quem se alimenta do mesmo Pão, permanece unido pelo desejo incansável de buscar a Deus e se associa ao compromisso de servir incondicionalmente o Evangelho. Com efeito, Cristo, como "Verdade completa" (Jn 16,13), contém toda a variedade de formas em que a sua luz se reflecte na multiplicidade da realidade humana.

4. Peço ao Espírito Santo que vos infunda abundantemente os seus dons, para que nos trabalhos capitulares possais discernir aquilo que Ele mesmo "sugere às várias comunidades" (Tertio millennio adveniente TMA 23), vos incuta a fortaleza para enfrentar os desafios, presentes e vindouros, e a constância no vosso abnegado empenho apostólico, que a Igreja estima, reconhece e vos continua a pedir.

À distância de pouco mais de 75 anos da solene consagração da Ordem à Santíssima Virgem Maria, deposito nas suas mãos o desenvolvimento do Capítulo e o progresso espiritual de todos os vossos Irmãos de hábito, enquanto vos abençoo a todos de coração.



DISCURSO DO PAPA JOÃO PAULO II


AOS DIRIGENTES E SÓCIOS DO BANCO


DE CRÉDITO COOPERATIVO DE ROMA


6 de Novembro de 2004




Caríssimos Irmãos e Irmãs!

1. Com grande prazer recebo-vos hoje, por ocasião do cinquentenário de fundação do Banco de Crédito Cooperativo de Roma. Dou as boas-vindas a cada um de vós e aos vossos familiares.

Estendo a minha cordial saudação a todos os que trabalham nas várias sedes e filiais do vosso Instituto de Crédito. Saúdo e agradeço, de modo particular, o vosso Presidente, que se fez intérprete dos sentimentos de todos. Ele quis recordar o espírito que desde o início animou e continua a sustentar tantas iniciativas de bem promovidas pelo vosso Banco no Lácio e noutras partes da Itália.

2. Quando, há cinquenta anos, nasceu o Banco de Crédito Cooperativo de Roma, era muito clara a intenção dos seus fundadores de querer prestar um serviço de solidariedade e de mutualidade à sociedade, inspirando-se nos princípios e ensinamentos da doutrina social da Igreja. Hoje o vosso Banco cresceu notavelmente e muitas perspectivas se abrem para o seu futuro. Desejo de coração que, graças ao contributo de todos, ele possa prosseguir no seu caminho, tendo sempre presente as exigências do bem comum.

3. Gostaria de expressar um particular agradecimento ao Senhor Presidente e aos seus Colaboradores pela atenção que o vosso Instituto de Crédito reserva às comunidades eclesiais, às paróquias, especialmente àquelas rurais, e às obras de promoção humana gerenciadas por entes eclesiásticos ou por comunidades religiosas. Ajudando as actividades da Igreja vós contribuís para difundir o Evangelho e a consolidar a cultura do amor. Continuai a desempenhar a vossa actividade valorizando a experiência amadurecida nas estruturas católicas do Crédito Cooperativo. Como crentes, estai sempre conscientes de que, para desempenhar fielmente a vossa tarefa, deveis cultivar um assíduo contacto pessoal com Cristo.

Em todos os tempos, mas especialmente nesta nossa época, é necessário que em todos os campos os cristãos sejam fermento de autêntica renovação social e de esperança evangélica. Para tal finalidade, pode ser-vos um útil subsídio para a formação e o testemunho cristão também o Compêndio da doutrina social da Igreja, recentemente publicado.

Caríssimos Irmãos e Irmãs, confio a Maria cada um de vós, as vossas famílias e as múltiplas actividades do vosso Banco. Da minha parte, asseguro-vos uma recordação na oração, enquanto de coração vos abençoo a todos.



DISCURSO DO PAPA JOÃO PAULO II


AOS PARTICIPANTES NA SESSÃO PLENÁRIA


DA PONTIFÍCIA ACADEMIA DAS CIÊNCIAS


Segunda-feira, 8 de Novembro de 2004




Senhoras e Senhores
Prezados Amigos


DIscursos João Paulo II 2004