DIscursos João Paulo II 2005

Queridos Amigos da Finlândia

Apresento as cordiais boas-vindas à Delegação Ecuménica, que desejou vir a Roma por ocasião da celebração da festa do Padroeiro da Finlândia, Santo Henrique.

É com alegria que recordo as numerosas visitas da Delegação Ecuménica da Finlândia ao Vaticano. Desejamos dar graças pelos calorosos relacionamentos entre a Igreja Católica, a Igreja Ortodoxa Finlandesa e a Igreja Luterana da Finlândia. Ao longo dos anos, o nosso diálogo foi fortalecido pelas visitas recíprocas, pelas orações comuns e, de maneira particular, pela Declaração Conjunta sobre a Justificação. Tudo isto constitui uma evidência do progresso significativo que pudemos alcançar na busca da plena unidade entre os cristãos.

No momento em que a população da Finlândia está a celebrar em conjunto oitocentos e cinquenta anos de cristandade, encorajo-vos a construir sobre as raízes cristãs da Europa, tão vitais para o futuro deste Continente. Sobre vós e todo o querido povo da Finlândia, invoco as abundantes bênçãos de Deus Todo-Poderoso.



DISCURSO DO PAPA JOÃO PAULO II


AOS DIRIGENTES E AOS AGENTES DO INSPECTORADO


DE SEGURANÇA PÚBLICA JUNTO AO VATICANO


Sábado, 15 de Janeiro de 2005

Senhor Dirigente, Senhores Funcionários

e Agentes do Inspectorado
de Segurança Pública junto do Vaticano

1. É-me grato receber-vos e dirigir a cada um a minha cordial saudação de boas-vindas. Saúdo-vos a todos com afecto. Em particular, saúdo o Dr. Salvatore Festa, e estou-lhe grato pelas deferentes expressões que me dirigiu em nome de todos. Desejo formular a vós e às vossas famílias os meus mais sinceros bons votos para o ano que se inicia. Seja ele sereno e rico, especialmente de bênçãos e consolações celestes!

Para os cristãos o maior dom é certamente Jesus, nossa salvação. Ele quis permanecer connosco na Eucaristia: fez-se o nosso "viático", isto é, o nosso nutrimento espiritual para o caminho da vida. Ele sustenta-nos nas provações e nas dificuldades; torna-nos fortes na esperança e no empenho de cada dia.

2. No curso deste ano, dedicado especialmente à Eucaristia, todos os fiéis estão chamados a participar com fervor sempre mais vivo nas celebrações da Santa Missa, particularmente aos Domingos. Também para vós, caríssimos, a Missa dominical constitua uma ocasião privilegiada para um encontro pessoal com Cristo!

Enquanto garanto a minha lembrança na oração, reitero-vos a expressão do meu reconhecimento e do meu apreço pelo trabalho que desempenhais com abnegação e fidelidade, e de coração abençoo-vos juntamente com as vossas famílias.



DISCURSO DO PAPA JOÃO PAULO II


AOS DIRIGENTES, PILOTOS, MECÂNICOS


E OPERÁRIOS DA "FERRARI"


Segunda-feira, 17 de Janeiro de 2005

Caríssimos Irmãos e Irmãs!


1. Sinto-me feliz por receber cada um de vós, representantes da grande "família" da Ferrari, que ao longo dos anos totalizou sucessos e troféus. Em particular congratulo-me convosco pela vitória no recente campeonato mundial.

Saúdo-vos a todos com afecto: dirigentes, pilotos e técnicos, que viestes para me entregar o "modelo" do carro da Fórmula1. Saúdo especialmente o Presidente Luca di Montezemolo, e agradeço-lhe as palavras que me dirigiu em vosso nome. Dirijo um pensamento afectuoso aos funcionários, aos operários que em Maranello estão unidos a nós através da televisão. Chegue a todos a minha saudação mais cordial.

2. Queridos amigos da Ferrari! A vossa presença oferece-me a oportunidade de realçar como é importante o desporto na sociedade de hoje. A Igreja considera a actividade desportiva, praticada no respeito total das regras, um válido instrumento educativo especialmente para as jovens gerações.

Além disso, a Ferrari, como há pouco realçou o vosso Presidente, é uma singular "comunidade de homens", dentro da qual vigora grande entendimento. É sobretudo ao entusiasmo que deriva do espírito comunitário que ela deve os seus notáveis resultados desportivos e industriais. Caríssimos, continuai a cultivar este estilo de trabalho, e fazei do crescimento constante na solidariedade um dos vossos principais objectivos. Desta forma difundireis os valores do desporto e contribuireis, ao mesmo tempo, para construir uma sociedade mais justa e solidária.

3. Com estes sentimentos, enquanto garanto a vós e às vossas famílias uma particular recordação na oração, concedo de bom grado a todos a minha Bênção.



DISCURSO DO PAPA JOÃO PAULO II


AOS MEMBROS DA FUNDAÇÃO "PAVE THE WAY"


18 de Janeiro de 2005




Queridos Amigos

É com afecto que vos saúdo, membros da Fundação "Pave the Way", por ocasião da vossa visita ao Vaticano, enquanto agradeço a Sua Ex.cia o Senhor Krupp, as amáveis palavras de saudação que me quis dirigir em nome de todos vós.

No corrente ano, celebraremos o quadragésimo aniversário da Declaração conciliar Nostra aetate, que contribuiu de maneira significativa para o revigoramento do diálogo judaico-católico. Que esta seja uma ocasião para o renovado compromisso numa maior compreensão e cooperação no serviço em prol da construção de um mundo cada vez mais firmemente fundamentado sobre o respeito pela imagem divina, presente em todos os seres humanos.

Sobre cada um de vós, invoco as abundantes bênçãos de Deus Todo-Poderoso e, de forma particular, a dádiva da paz.

Shalom aleichem!



DISCURSO DO PAPA JOÃO PAULO II


À UNIÃO INTERNACIONAL


DAS FAMÍLIAS DE SCHÖNSTATT


Quinta-feira, 20 de Janeiro de 2005



Queridos Irmãos e Irmãs
da União Internacional das Famílias de Schönstatt!

1. Por ocasião da abertura do vosso Capítulo Geral viestes a Roma para vos deter em oração junto dos túmulos dos Apóstolos e para renovar a vossa fidelidade à Igreja diante do Sucessor de Pedro. Sinto-me feliz pela vossa visita e dou-vos as boas-vindas de todo o coração à casa do Papa.

Que estes dias transcorridos na "Cidade eterna", possam ser um tempo de graça, durante o qual todos vós podeis experimentar a proximidade de Deus e dos seus santos!

2. "O futuro da humanidade passa através da família" (Carta Apostólica, Familiaris consortio FC 86). Encorajo-vos a uma compreensão profunda do matrimónio e da família à luz da fé. É positivo que precisamente a família represente o carisma da vossa federação. A família é uma "escola de amor".

Que o vosso entusiasmo pelo matrimónio e pela família se transmita às outras pessoas! A sociedade tem necessidade, hoje como nunca, de famílias sadias para poder garantir o bem comum. Se fortalecermos a sagrada instituição do matrimónio e da família segundo o plano de Deus, então o amor e a solidariedade entre os homens aumentarão!

3. Queridos Irmãos e Irmãs! O Ano da Eucaristia é um convite premente para que todos vós encontreis "no máximo Sacramento do amor a fonte de qualquer comunhão" (Mensagem para o Dia Mundial da Paz de 2005). Redescobri o grande dom da Eucaristia! Assim sereis capazes de "viver plenamente a beleza e a missão da família" (Carta Apostólica Mane nobiscum Domine, 30).

Por intercessão da Mater Admirabilis concedo-vos de coração a Bênção Apostólica.



DISCURSO DO PAPA JOÃO PAULO II


AOS PARTICIPANTES NA REUNIÃO PLENÁRIA


DA PONTIFÍCIA COMISSÃO PARA A AMÉRICA LATINA


Sexta-Feira, 21 de Janeiro de 2005

Senhores Cardeais

Queridos irmãos no episcopado!

1. É com grande prazer que vos saúdo a todos, Conselheiros e Membros da Pontifícia Comissão para a América Latina, participantes nesta Reunião Plenária, que tem como tema: "A Missa dominical, centro da vida cristã na América Latina". O vosso Continente ocupa um lugar muito especial no meu coração, tanto devido ao grande número de católicos como pela vitalidade religiosa que caracteriza os países que o integram. Pessoalmente conservo uma grata recordação das minhas visitas pastorais às vossas terras.

Estou muito grato ao Cardeal Giovanni Battista Re pelas amáveis e significativas palavras que me dirigiu apresentando-me os trabalhos destes dias.

2. Apraz-me que neste ano dedicado à Eucaristia, tenhais querido reflectir sobre as diversas iniciativas para "redescobrir e viver plenamente o domingo como dia do Senhor e dia da Igreja" (Carta apostólica Mane Nobiscum Domine, 23). Não foi a Igreja que escolheu esse dia, mas o próprio Cristo Ressuscitado, e por isso, os fiéis devem acolhê-lo com gratidão, fazendo do domingo o sinal da sua fidelidade ao Senhor e um elemento irrenunciável da vida cristã.

3. Já na minha carta apostólica Dies Domini escrevi: "é de importância verdadeiramente capital que cada fiel se convença de que não pode viver a sua fé, sem tomar parte regularmente na assembleia da eucaristia dominical" (n. 81). Participar na Missa dominical não é só uma obrigação importante, como assinala claramente o Catecismo da Igreja Católica (cf. n. 1389), mas, antes de mais, uma exigência profunda de cada fiel. Não se pode viver sem participar habitualmente na Missa dominical, sacrifício de redenção, banquete comum da Palavra de Deus e do Pão eucarístico, coração da vida cristã.

4. A importância do tema exige de nós, Pastores da Igreja, um renovado esforço para fazer descobrir a centralidade do domingo na vida eclesial e social dos homens e mulheres de hoje. Para todos os Bispos e sacerdotes é um desafio convocar os fiéis a uma participação constante na Eucaristia dominical, encontro com Cristo vivo.

Por isso, é necessário concentrar os esforços numa melhor e mais atenta instrução e catequese dos fiéis sobre a Eucaristia, assim como velar para que a celebração seja digna e decorosa, de modo que inspire verdadeiro respeito e piedade autêntica perante a grandeza do Mistério Eucarístico.

A missa dominical deve ser convenientemente preparada pelo celebrante, com a sua disposição espiritual, que se transforma depois em gestos e palavras e prepara convenientemente a homilia.

Deve ser dada especial atenção também à selecção e preparação dos cantos, sinais e outros recursos que enriquecem a liturgia, sempre dentro do respeito devido às normas estabelecidas, valorizando toda a riqueza espiritual e pastoral do Missal Romano e as disposições propostas pela Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos.

5. Convido-vos depois, em união com os sacerdotes, religiosos e fiéis, a dedicar o maior empenho à reflexão e aprofundamento desta dimensão eclesial da vida sacramental da Igreja e a trabalhar para despertar um amor cada vez maior ao Mistério eucarístico nas dioceses. Não é uma tarefa fácil, e por isso requer-se a colaboração de todos: presbíteros e diáconos, consagrados e fiéis que estão presentes nas paróquias ou pertencem a associações ou movimentos eclesiais. Aceitai a colaboração de todos, juntai os esforços e trabalhai em comunhão!

6. Coloco todos estes desejos e propósitos que surgiram desta Reunião Plenária aos pés da Santíssima Virgem Maria, venerada em toda a América com o título de Guadalupe. Devemos imitá-la na sua relação com este Santíssimo Sacramento (cf. Carta apostólica Mane Nobiscum Domine, 31). Que ela interceda pelos frutos das reflexões destes dias, de forma que as conclusões alcançadas, sejam plasmadas em acções mais decididas e firmes, a fim de que os fiéis amem cada vez mais Jesus, presente na Eucaristia, e aproveitem os frutos de valor inestimável que podem obter com a sua participação neste Mistério.

Com estes sentimentos, concedo-vos de coração a Bênção Apostólica.



DISCURSO DO PAPA JOÃO PAULO II


AOS PARTICIPANTES NA SESSÃO PLENÁRIA


DO PONTIFÍCIO CONSELHO PARA


A PASTORAL NO CAMPO DA SAÚDE


Sexta-feira, 21 de Janeiro de 2005

Senhor Cardeal

Venerados Irmãos no Episcopado
e no Sacerdócio
Caríssimos Irmãos e Irmãs

1. Dirijo-vos a minha cordial saudação, com um particular pensamento de gratidão ao Cardeal Javier Lozano Barragán, que se fez intérprete dos sentimentos de todos.

A vossa Assembleia Plenária realiza-se na celebração do vigésimo aniversário do Pontifício Conselho para a Pastoral no Campo da Saúde, instituído em 1985 com o "Motu Proprio" Dolentium hominum. Por conseguinte, esta é uma ocasião mais propícia do que nunca para dar graças ao Senhor pelo bem realizado ao longo destes anos por parte do Pontifício Conselho, ao serviço da difusão do Evangelho da esperança cristã no vasto mundo daqueles que sofrem e daqueles que são chamados a cuidar das pessoas que sofrem.

2. Além disso, este momento torna-se para vós um estímulo eficaz para um renovado compromisso em vista de pôr em prática os vossos programas para "difundir, explicar e defender os ensinamentos da Igreja em matéria de saúde e favorecer a sua penetração na prática sanitária", como afirma o "Motu Proprio" Dolentium hominum (cf. ed. port. de L'Osservatore Romano de 17 de Fevereiro de 1985, pág. 3, n. 6). Efectivamente, o Pontifício Conselho tem a tarefa de orientar, sustentar e encorajar aquilo que, neste campo, é promovido pelas Conferências Episcopais e pelas Organizações e Instituições católicas dos profissionais da medicina e da promoção da saúde.

A este propósito, é consolador pensar em toda a obra pastoral que o Pontifício Conselho pode desempenhar com uma animação harmónica e específica, recordada com as Conferências Episcopais e os Organismos católicos, para "difundir uma formação ético-religiosa cada vez melhor dos operadores sanitários cristãos no mundo, tendo em conta as diferentes situações e os problemas específicos que eles devem enfrentar no desempenho da sua profissão. [...] para salvaguardar valores e direitos essenciais conexos com a dignidade e o destino supremo da pessoa humana" (Dolentium hominum, op. cit., pág. 1, n. 5).

Na sua acção pastoral, a Igreja é chamada a enfrentar as questões mais delicadas e não eludíveis que brotam na alma humana diante do sofrimento, da doença e da morte. É da fé em Cristo morto e ressuscitado que estas interrogações podem haurir o alívio da esperança que não engana.

O mundo contemporâneo, que muitas vezes não possui a luz desta esperança, sugere soluções de morte. Daqui, a urgência de promover uma nova evangelização e um vigoroso testemunho de fé diligente nestes vastos sectores secularizados.

3. Portanto, é oportuno que o Pontifício Conselho centralize as suas reflexões e os seus programas na santificação do momento da doença e no papel especial que o enfermo desempenha na Igreja e na família, em virtude da presença viva de Cristo em cada pessoa que sofre. Sob este ponto de vista, o ano dedicado à Eucaristia apresenta-se como uma circunstância oportuna para um compromisso pastoral mais intenso na administração tanto do Viático como da Unção dos Enfermos. Configurando plenamente o doente a Cristo morto e ressuscitado, tais Sacramentos permitem que o próprio enfermo e a comunidade dos fiéis experimentem o conforto que provém da esperança sobrenatural.

Oportunamente iluminado pela palavra do sacerdote e das pessoas que o coadjuvam, o enfermo pode descobrir com alegria a missão particular que lhe é confiada no Corpo místico da Igreja: em união com Cristo que sofre, ele pode cooperar para a salvação da humanidade, valorizando a sua oração com a oferta do seu próprio sofrimento (cf. Cl CL 1,24).

4. Contudo, isto não pode dispensar os responsáveis da Igreja de uma atenção estimuladora e diligente às estruturas onde o doente às vezes ainda sofre em virtude de determinadas marginalizações e a carência do apoio social. Esta atenção deve alargar-se também aos campos do mundo em que aos doentes mais necessitados, apesar dos progressos da medicina, ainda faltam remédios e uma assistência adequada.

Além disso, a Igreja deve reservar uma solicitude particular àquelas regiões do mundo em que os doentes de sida são desprovidos de assistência. Foi para eles que se instituiu de modo especial a Fundação "O Bom Samaritano", cuja finalidade consiste em contribuir para ajudar as populações mais expostas com o necessário sustentáculo de ajudas terapêuticas.

As obras de evangelização, a actividade de formação das consciências e o testemunho de caridade que o vosso Pontifício Conselho promove no mundo constituem uma preciosa contribuição não apenas para o conforto das pessoas que sofrem, mas inclusivamente para a orientação das próprias sociedades civis rumo às metas exigentes da civilização do amor.

5. Portanto, caríssimos Irmãos e Irmãs, agradeço-vos todo o trabalho que está a ser levado a cabo ao longo destes anos e exorto-vos a continuar com um impulso renovado. Bem sabeis que estou constantemente próximo de vós e que vos acompanho nos compromissos do vosso Pontifício Conselho com a minha oração e a plena confiança na dedicação com que desempenhais as vossas tarefas mais importantes. Encorajo-vos no cumprimento das mesmas e, como penhor de conforto para o vosso trabalho, é do íntimo do coração que vos concedo uma especial Bênção Apostólica, com que desejo abraçar também todos aqueles que são beneficiados pelo vosso trabalho.



DISCURSO DO PAPA JOÃO PAULO II


À SENHORA MONIQUE PATRICIA ANTOINETTE FRANK


NOVA EMBAIXADORA DOS PAÍSES BAIXOS


JUNTO DA SANTA SÉ POR OCASIÃO


DA APRESENTAÇÃO DAS CARTAS CREDENCIAIS


22 de Janeiro de 2005

Senhora Embaixadora


1. Sinto-me feliz por receber Vossa Excelência para a apresentação das Cartas que a acreditam como Embaixadora Extraordinária e Plenipotenciária do Reino dos Países Baixos junto da Santa Sé.

Agradeço-lhe sentidamente por me ter transmitido a mensagem gentil de Sua Majestade a Rainha Beatriz, e ficar-lhe-ia grato por se dignar transmitir-lhe em retribuição os meus melhores votos pela sua pessoa, pela família real, assim como pelo povo holandês.

2. Todos os dias, as notícias do mundo recordam a todos a necessidade imperiosa de construir um futuro de paz entre os homens e, para o alcançar, consolidar uma ordem internacional estável e garantida, sobretudo mediante uma partilha mais equilibrada dos recursos a nível internacional e uma poítica activa de ajuda ao desenvolvimento. Como Vossa Excelência realçou, Senhora Embaixadora, o seu próprio País confrontou-se recentemente com novas tensões, que têm origem na transformação rápida das nossas sociedades, num mundo, cada vez mais aberto à diversidade das culturas. Também neste ponto se revela urgente a necessidade de um diálogo aprofundado entre os diferentes grupos que compõem a nação, para que todos aprendam a conhecer-se e a respeitar-se. Esta abertura ao próximo é indispensável a fim de ultrapassar as fronteiras de cada grupo, como recordei na minha Mensagem para a celebração do Dia Mundial da Paz de 1 de Janeiro de 2001: "Um antídoto eficaz para que o sentido de pertença cultural não provoque isolamento é o conhecimento, sereno e livre de preconceitos negativos, das outras culturas" (n. 7). Sob esta condição será possível estabelecer entre as diferentes comunidades relações pacíficas, a fim de construirmos todos juntos o edifício comum da nação.

3. A fim de garantir um grande contributo da Igreja católica a este processo que prepara de certa forma "uma nova cultura política" (Mensagem para a celebração do Dia Mundial da paz de 1 de Janeiro de 2005, n. 10), tomei novamente a iniciativa, desde há quase três anos, de reunir em Assis representantes das grandes religiões do mundo, para manifestar juntos os nossos comuns propósitos de paz; convoquei-os a suscitar um diálogo aprofundado entre todas as religiões, e pedi-lhes em particular que renunciem absolutamente a qualquer legitimação do recurso à violência por motivos religiosos e, mais ainda, a condená-lo explicitamente. Em seguida, a Santa Sé, comprometeu-se na promoção, a todos os níveis, de um autêntico diálogo inter-religioso, convidando os cristãos, em todas as sociedades em que vivem, a agir neste mesmo espírito, como artífices de paz e de diálogo, sobretudo com os fiéis das outras religiões com os quais vivem. Sei que a Igreja católica nos Países Baixos se expressou recentemente neste sentido através dos Bispos e garanto-lhes o meu total apoio para este compromisso.

4. Vossa Excelência realçou a parte importante que o seu País ocupa na luta contra a fome e a pobreza no mundo, e o seu compromisso em favor do desenvolvimento e da assistência no campo da saúde em benefício das populações particularmente expostas ao drama das pandemias, como a Sida, que se difundiu tão rapidamente na África, causando inúmeras vítimas. A Santa Sé, como Vossa Excelência sabe, considera necessário em primeiro lugar, para combater esta doença de modo responsável, incrementar a prevenção, sobretudo através da educação para o respeito do valor sagrado da vida e da formação para a prática correcta da sexualidade, que exige castidade e fidelidade. Ao meu pedido, também a Igreja se mobilizou em favor das vítimas e sobretudo para que lhes seja garantido o acesso às curas e aos medicamentos necessários através de numerosos centros de tratamento.

Os Países Baixos acabam de garantir a Presidência da União Europeia, no momento em que ela recebe no seu âmbito novos países e se preparam novas adesões. A Santa Sé sempre seguiu e encorajou o projecto europeu como um contributo construtivo para a paz no próprio continente mas além disso, considerando-o como uma perspectiva de cooperação para outras regiões do mundo. Como pedi com insistência na recente Mensagem para a celebração do Dia Mundial da paz de 1 de Janeiro de 2005 (n. 10), faço apelo aos governos da União Europeia a fazerem juntos novos esforços em favor do desenvolvimento, sobretudo da África, continente que se tornou tão próximo da Europa pelos vínculos da história, estabelecendo acordos de verdadeira cooperação e de parceria.

5. Depois de vários anos, a sociedade holandesa, marcada pelo fenómeno da secularização, comprometeu-se numa renovada política em matéria de legislação relativa ao começo e ao fim da vida humana. A Santa Sé não deixou de fazer conhecer a sua clara posição e de convidar os católicos dos Países Baixos a testemunhar em primeiro lugar a sua opção pelo respeito absoluto da pessoa humana, desde a sua concepção até ao seu fim natural. Mais uma vez convido as Autoridades e o pessoal médico, bem como todas as pessoas que desempenham um papel educativo, a avaliar a gravidades destas problemáticas e, por conseguinte, a considerar a importância das opções que empreendem, a fim de construir uma sociedade cada vez mais atenta às pessoas e à sua dignidade.

A juventude do seu País, que tem a sorte de viver em paz no seio da União Europeia desde há muitos anos e que aspiram por um desenvolvimento e um bem-estar legítimos, têm necessidade, a fim de se prepararem para assumir as responsabilidades que lhes competirão no futuro, de receber uma educação sólida, que desenvolva e unifique a sua personalidade, fortaleça neles "o homem interior" segundo a bonita expressão do Apóstolo Paulo (cf. Ef Ep 3,16), e que os predisponha de modo especial para o encontro com o próximo, numa sociedade cada vez mais cosmopolita e multicultural. A Igreja católica, que sempre dedica especial atenção à juventude, continuará por seu lado a ter esta preocupação da educação integral dos jovens e estará disponível a dar o seu contributo aos esforços que toda a Nação não deixará de fazer neste sentido.

6. Excelência, gostaria de saudar por seu intermédio a comunidade católica dos Países Baixos e os seus Pastores. Sei que ela está profundamente empenhada na vida do País, atenta às evoluções da sociedade e decidida a dar a sua total contribuição ao bem comum, testemunhando aquilo em que ela crê e espera, e esforçando-se por viver em conformidade com o mandamento do amor, recebido do seu Senhor. Encorajo-a a estar particularmente atenta a promover sempre o diálogo entre as pessoas e entre os grupos que compõem a sociedade, principalmente nos grandes centros urbanos, onde a complexidade das relações humanas podem gerar grandes solidões. Chamo-a também a colocar-se sem reservas ao serviço dos mais débeis, com frequência marginalizados nas sociedades modernas marcadas pela competição económica e social.

7. Vossa Excelência inicia hoje a nobre missão de representar o seu País junto da Santa Sé. Tenha a amabilidade de aceitar os votos mais cordiais que formulo pelo seu bom êxito e tenha a certeza de que encontrará sempre junto dos meus colaboradores a compreensão e o apoio necessários!
Sobre Vossa Excelência, sobre a sua família, sobre todos os seus colaboradores e compatriotas, invoco de coração a abundância das Bênçãos divinas.



DISCURSO DO PAPA JOÃO PAULO II


À COMUNIDADE DO ALMO COLÉGIO CAPRÂNICA


NA FESTIVIDADE DE SANTA INÊS


Sábado, 22 de Janeiro de 2005




Senhor Cardeal
Caríssimos Alunos
do Almo Colégio Caprânica

1. É com profunda alegria que vos recebo, também no corrente ano, por ocasião da festividade de Santa Inês, vossa Padroeira celestial. Dirijo a minha cordial saudação a cada um de vós. Em primeiro lugar, saúdo o Senhor Cardeal Camillo Ruini e agradeço-lhe as expressões de filial devoção e de proximidade espiritual que me transmitiu no nome de todos vós.

Saúdo o Reitor, Mons. Ermenegildo Manicardi, os Superiores, os ex-Alunos e quantos colaboram para a vossa formação, dilectos estudantes, comprometidos no caminho educativo proposto pela Igreja em preparação para o ministério ordenado.

Nos anos que transcorreis no Colégio, a graça do Senhor modela a vossa personalidade, em vista de uma presença marcante na comunidade cristã e na sociedade.

2. Para realizar um discernimento justo, é indispensável um diálogo intenso e confiante, mesmo a diversificados níveis, com os Superiores e com os discípulos. Além disso, é necessário prestar uma atenção constante às expectativas da Igreja e do mundo inteiro, e de modo especial dos pobres.

Permanecei em dócil escuta da tradição cristã, em particular tornando vossos os precípuos valores típicos da "Família Capranicense". Depois, ao estudo das ciências teológicas deveis unir a meditação da Palavra de Deus a um intenso diálogo pessoal com Jesus, nosso Mestre divino.

O ponto de referência da vossa vida seja sobretudo a Eucaristia: este Sacramento, que é "o compêndio e a síntese da nossa fé" (Código de Direito Canónico, CIC 1327), se torne na realidade de todos os dias a fonte da graça, da qual brota a vossa acção, e o ápice da perfeição para o qual tendeis constantemente.

3. Há vinte e cinco anos, tive a oportunidade de visitar o vosso Almo Colégio. Desejastes recordar este acontecimento com um recente compromisso dedicado à teologia do sacerdócio e às formas históricas que no vosso Instituto, desde o início, caracterizaram o itinerário formativo. Também este aniversário significativo constitua para vós um ulterior estímulo para crescer na comunhão com o Sucessor de Pedro e no amor à Igreja.

A Virgem Maria, Mãe da Eucaristia, e a querida Santa Inês, esposa mística do Cordeiro, vos sustentem com a sua intercessão e o seu exemplo.
Concedo-vos a minha bênção do íntimo do coração.



DISCURSO DO PAPA JOÃO PAULO II


AO PRIMEIRO GRUPO DE BISPOS


DA CONFERÊNCIA EPISCOPAL DA ESPANHA


EM VISITA "AD LIMINA APOSTOLORUM"


Segunda-feira, 24 de Janeiro de 2005

Queridos Irmãos no Episcopado


1. É com prazer que vos recebo, pastores da Igreja de Deus que peregrina na Espanha, integrantes do primeiro grupo que vem a Roma para realizar a visita ad Limina e fortalecer os vínculos estreitíssimos que vos unem a esta Sede Apostólica.

Saúdo com afecto o Senhor Cardeal Arcebispo de Madrid e Presidente da Conferência Episcopal Espanhola, com os seus três Bispos Auxiliares; o Arcebispo de Toledo e Primaz da Espanha, com os seus dois Bispos Auxiliares; o Arcebispo Castrense e os Arcebispos de Burgos, Oviedo, Valladolid, Saragoça, Mérida-Badajoz e os Bispos sufragâneos dessas sedes metropolitanas e de Pamplona, a cujo Arcebispo desejo imediato restabelecimento. Através de vós a minha saudação deseja chegar com afecto e estima aos sacerdotes, religiosos, religiosas e fiéis das vossas Igrejas particulares.

Agradeço cordialmente as amáveis palavras que me dirigiu, em nome de todos, o Senhor Cardeal Antonio Maria Rouco Varela, apresentando-me as preocupações e as esperanças da vossa acção pastoral, na qual exerceis com fortaleza o ministério guiando o Povo de Deus pelo caminho da salvação e proclamando com vigor os princípios da fé católica para uma maior formação dos fiéis.

2. A Espanha é um país com profundas raízes cristãs. A fé em Cristo e a pertença à Igreja acompanharam a vida dos espanhóis ao longo da sua história e inspiraram as suas obras no decorrer dos séculos. A Igreja na vossa Nação possui uma gloriosa trajectória de generosidade e de sacrifício, de grande espiritualidade e altruísmo e ofereceu à Igreja universal numerosos filhos e filhas que se distinguiram com frequência pela prática das virtudes a nível heróico ou pelo seu testemunho de martírio. Eu mesmo tive a alegria de canonizar ou beatificar numerosos filhos e filhas da Espanha.

Na minha Carta apostólica Tertio millenio adveniente propus o estudo, a actualização e a apresentação aos fiéis do "património de santidade" (n. 37), certo de que este momento da história será uma preciosa e valiosa ajuda para os pastores como ponto de referência para a sua vida cristã, tanto mais quando muitos dos desafios e problemas ainda presentes na vossa Nação já existiram noutros momentos, tendo sido os santos que deram respostas brilhantes com o seu amor a Deus e ao próximo. As profundas raízes cristãs da Espanha, como realcei na minha última Visita pastoral em Maio de 2003, não podem ser estirpadas, porque elas devem continuar a nutrir o crescimento harmonioso da sociedade.

3. Os vossos relatórios quinquenais evidenciam a preocupação pela vitalidade da Igreja e os desafios e dificuldades a enfrentar. Nos últimos anos, em Aragão, Astúrias, Cantábria, Castela-La Mancha, Castela-Leão, Estremadura, Madrid, Navarra e País de Vasco, regiões nas quais exerceis a caridade pastoral guiando o Povo de Deus, muitas coisas mudaram no âmbito social, económico e também religioso, dando por vezes lugar à indiferença religiosa e a um certo relativismo moral, que incidem sobre a prática cristã e, por conseguinte, afectam as próprias estruturas sociais.

Algumas zonas vivem na abundância enquanto que outras têm graves carências. Por vezes, o que foi fonte de riqueza em tempos passados por exemplo, a produção mineira e siderúrgica, a construção naval e diversas empresas sofrem um certo declínio perante o qual é necessário manter a esperança. Noutras zonas vive-se o confronto social por um recurso natural: a água; sendo ela um bem comum não se pode desperdiçar nem esquecer o dever solidário de partilhar o seu usufruto. As riquezas não podem ser monopólio dos que delas dispõem, nem o desespero ou a aversão podem justificar certas acções incontroladas dos que delas carecem.

4. No âmbito social está a difundir-se também uma mentalidade inspirada no laicismo, ideologia que leva gradualmente, de maneira mais ou menos consciente, à restrição da liberdade religiosa a ponto de promover o desprezo ou a ignorância do âmbito religioso, encerrando a fé na esfera privada e opondo-se à sua expressão pública. Isto não faz parte da tradição espanhola mais nobre, porque a marca que a fé católica deixou na vida e na cultura dos espanhóis é muito profunda para que se ceda à tentação de a silenciar. Um conceito correcto de liberdade religiosa não é compatível com esta ideologia, que por vezes se apresenta como a única voz da racionalidade. Não se pode limitar a liberdade religiosa sem privar o homem de algo que é fundamental.

No actual contexto social estão a crescer as novas gerações de espanhóis, que se caracterizam pelo indiferentismo religioso, pela ignorância da tradição cristã com o seu rico património espiritual, e expostas à tentação de um permissivismo moral. A juventude tem direito, desde o início do seu processo formativo, a ser educada na fé. A educação integral dos mais jovens não pode prescindir do ensinamento religioso também na escola, quando os pais o pedirem, com uma valorização escolar em sintonia com a sua importância. Os poderes públicos, por seu lado, têm o dever de garantir este direito dos pais e proporcionar as condições reais para o seu efectivo exercício, como está escrito nos Acordos Parciais entre a Espanha e a Santa Sé de 1979, actualmente em vigor.

5. No que diz respeito à situação religiosa, reflecte-se nos vossos relatórios uma séria preocupação pela vitalidade da Igreja na Espanha, pondo em realce ao mesmo tempo vários desafios e dificuldades. Atentos aos problemas e expectativas dos fiéis perante esta nova situação, vós, como Pastores, sentis-vos interpelados a permanecer unidos para tornar mais palpável a presença do Senhor entre os homens através de iniciativas pastorais que melhor se adequem às novas realidades.

Para esta finalidade é primordial conservar e incrementar o dom da unidade que Jesus pediu ao Pai para os seus discípulos (cf. Jr Jr 17,11). Na vossa própria Diocese, estais chamados a viver e a dar testemunho da unidade querida por Cristo para a sua Igreja. Por outro lado, a diversidade dos povos, com as suas culturas e tradições, longe de ameaçar esta unidade, deve enriquecê-la partindo da sua fé comum. E vós, como sucessores dos Apóstolos, deveis esforçar-vos por "preservar a unidade do Espírito com o vínculo da paz" (Ep 4,3). Por isso, desejo recordar-vos que "na transição histórica que estamos a viver devemos cumprir uma importante missão: fazer com que a Igreja seja o lugar no qual se vive e a escola onde se ensina o mistério do amor divino. Como será isto possível sem redescobrir uma autêntica espiritualidade de comunhão" (Mensagem a um grupo de Bispos, 14/2/2001, n. 3), válida para todas as pessoas e em todos os momentos?

6. Os sacramentos são necessários para o crescimento da vida cristã. Por isso os pastores devem celebrá-los com dignidade e decoro. Deve ser dedicada importância especial à Eucaristia, "Sacramento de piedade, sinal de unidade, vínculo de caridade" (Santo Agostinho, In Johannis Evangelium, 26, 13). A sua participação, como recordam os Santos Padres, torna-nos concorpóreos e consaguíneos de Cristo" (São Cirilo de Alexandria, Catequeses mistagógicas, IV, 3), e estimula o cristão a comprometer-se na propagação do Evangelho e na animação cristã da sociedade.

A este respeito, por ocasião do encerramento do Ano Jacobino, convidei os fiéis espanhóis a procurar no Santíssimo Sacramento a força para superar os obstáculos e enfrentar as dificuldades do momento presente. Ao mesmo tempo, apoiados pelos seus Bispos, sentir-se-ão fortalecidos na própria fé para darem um testemunho público crível ao defender "o respeito efectivo da vida, em todas as suas fases, a educação religiosa dos filhos, a protecção do matrimónio e da família, a defesa do nome de Deus e do valor humano e social da religião cristã" (Carta ao Arcebispo de Compostela, 8/12/2004). Deve também ser incrementada uma acção pastoral que promova uma participação mais assídua dos fiéis na Eucaristia dominical, a qual deve ser vivida não só como um preceito mas também como uma exigência inscrita profundamente na vida de cada cristão.

7. Nos relatórios quinquenais realçastes a vossa solicitude pelos sacerdotes e seminaristas. Os sacerdotes estão na primeira linha da evangelização e suportam "o peso do dia e do calor" (Mt 20,12). Eles têm necessidade de modo especial do vosso cuidado e proximidade pastoral, porque são os vossos "filhos" (LG 16) e "irmãos" (PO 7).

O relacionamento com os sacerdotes não devem ser unicamente de tipo institucional e administrativo, mas, animado antes de mais pela caridade (cf. 1P 4,8), deve revelar a paternidade episcopal que será modelo da que depois os presbíteros deverão manifestar para com os fiéis que lhes estão confiados. De um modo especial, essa paternidade deve manifestar-se na situação actual com os sacerdotes enfermos, com os idosos, e também com quantos têm a responsabilidade de maiores cargos pastorais.

Os sacerdotes, por seu lado, devem recordar-se de que, em primeiro lugar, são homens de Deus, e por isso não podem descuidar a sua vida espiritual e a sua formação permanente. Todo o seu trabalho ministerial "deve começar efectivamente com a oração" (Santo Alberto Magno, Comentário da teologia mística, 15). Entre as numerosas actividades que enchem o dia de cada sacerdote, deve ser dada a prioridade à celebração da Eucaristia, que o conforma com o Sumo e Eterno Sacerdote. Na presença de Deus ele encontra a força para viver as exigências do ministério e a docilidade para cumprir a vontade d'Aquele que o chamou e consagrou, enviando-o para lhe confiar uma missão particular e necessária. Também a celebração devota da Liturgia das Horas, a oração pessoal, a meditação assídua da Palavra de Deus, a devoção à Mãe do Senhor e da Igreja e a veneração dos Santos, são instrumentos preciosos dos quais não podemos prescindir para afirmar o esplendor da própria identidade e garantir o proveitoso exercício do ministério sacerdotal.

8. O incremento das vocações sacerdotais que se verifica em algumas partes, constitui uma esperança viva. É verdade que a situação social e religiosa não favorece a escuta da chamada do Senhor a segui-lo na vida sacerdotal ou consagrada. Por isso é importante rezar incessantemente ao Dono da messe (cf. Mt Mt 9,38) para que continue a abençoar a Espanha com numerosas e santas vocações. Para isto, deve-se fomentar uma pastoral vocacional específica, ampla e pormenorizada, que estimule os responsáveis pela juventude a serem mediadores audazes da chamada do Senhor. Não devem ter receio de a propor aos jovens nem de os acompanhar depois assiduamente, a nível humano e espiritual, para que saibam discernir a sua opção vocacional.

9. Os fiéis católicos, aos quais compete procurar o Reino de Deus ocupando-se das realidades temporais e ordenando-as de acordo com a vontade divina, estão chamados a ser testemunhas valiosas da sua fé nos diferentes âmbitos da vida pública. A sua participação na vida eclesial é fundamental e, por vezes, sem a sua colaboração o vosso apostolado de pastores não alcançaria "todos os homens de todos os tempos e lugares" ().

Os jovens, futuro da Igreja e da sociedade, devem ser objecto especial dos vossos cuidados pastorais. Neste sentido, devem ser feitos os esforços necessários, mesmo se por vezes não dão resultados imediatos. A este respeito, como não recordar a impressionante e comovedora vigília que presidi com centenas de milhar de jovens em Cuatro Vientos, recordando-lhes que se pode ser moderno e cristão? Agora muitos deles preparam-se para ir a Colónia participar na Jornada Mundial da Juventude. Dizei-lhes que o Papa os espera lá, sob o lema "Viemos adorá-l'O" (Mt 2,2) para, juntamente com coetâneos de outros países, descobrir em Cristo o rosto de Deus e da Igreja como "a casa e a escola da comunhão" (Novo millennio ineunte NM 43).

10. Queridos Irmãos, tomastes a iniciativa de dedicar um ano especial à Imaculada, Padroeira da Espanha, em comemoração do 150° aniversário da proclamação deste dogma mariano. Trata-se de um convite ao povo fiel para que renove a sua consagração pessoal e comunitária à nossa Mãe e aceite o convite que fiz a toda a Igreja para se colocar, "sobretudo à escuta de Maria Santíssima, porque nela, como em mais ninguém, o mistério eucarístico aparece como o mistério da luz" (Ecclesia de Eucharistia EE 62).

A evangelização e a prática da fé em terras espanholas estiveram sempre unidas a um amor particular à Virgem Maria. Disto dão testemunho os numerosos templos, santuários e monumentos que se elevam em todas as partes da vossa terra, as confrarias, irmandades, corporações e os campus universitários, que persistiam na defesa dos seus privilégios, assim como as práticas de piedade e festas populares em honra da Mãe de Deus, que também foram fonte de inspiração de tantos artistas, célebres pintores e escultores famosos.

A Espanha é terra de Maria. Recomendo a ela as vossas intenções pastorais. Confio à sua materna protecção todos os sacerdotes, os religiosos e religiosas, os seminaristas, as crianças, os jovens e os idosos, as famílias, os enfermos e os necessitados. Levai a todos a minha saudação e o carinho do Papa, acompanhados da Bênção Apostólica.




DIscursos João Paulo II 2005