DIscursos João Paulo II 2005

Invoco de todo o coração sobre Vossa Excelência, sobre os seus colaboradores, sobre a sua família, e sobre o povo senegalês, a abundância das Bênçãos divinas.

Da Policlínica "Gemelli", 10 de Março de 2005.

JOÃO PAULO II



MENSAGEM DO PAPA JOÃO PAULO II

AOS CLÉRIGOS MARIANOS REUNIDOS

EM CAPÍTULO GERAL


Caríssimos Irmãos!

1. Sinto-me feliz por vos enviar a minha saudação de bons-votos, por ocasião do Capítulo Geral do vosso instituto. Este é um acontecimento de graça que constitui para vós uma forte chamada a voltar às raízes da vossa Congregação e para aprofundar o vosso carisma, procurando discernir as formas mais adequadas para o viver no actual contexto sócio-cultural. Encorajo-vos a prosseguir pelo caminho da fidelidade ao vosso rico património espiritual. De facto, só graças a um forte fervor ascético, transmitido nas obras apostólicas, podereis realizar plenamente a vossa vocação, e ser-vos-á possível ver multiplicar-se os frutos de santidade e de laboriosidade missionária nas vossas actividades.

Neste ano, particularmente dedicado ao mistério da Eucaristia, fazei ainda mais deste admirável sacramento o centro da vossa existência pessoal e comunitária, colocando-vos com docilidade na escola da Virgem Santa, "Mulher eucarística". Seja ela quem vos ajuda a alcançar uma comunhão cada vez mais íntima com Cristo e vos obtenha "o dom de uma obediência imediata, de uma pobreza fiel e de uma virgindade fecunda" (Dia da vida consagrada, 2 de Fevereiro de 2005).
Se no vosso coração arder um amor fervoroso pela Eucaristia e por Nossa Senhora fareis com que os santuários, nos quais prestais o vosso precioso serviço em diversas partes do mundo, sejam cada vez mais verdadeiros "cenáculos" de oração e de acolhimento. Neles os peregrinos poderão experimentar a confortadora intimidade com Cristo e serão encorajados a seguir com alegria os seus passos.

2. Queridos irmãos! Vós pertenceis a um Instituto religioso que conta entre os seus membros religiosos exemplares, que serviram a Igreja em vários campos, encontrando-se com frequência em situações difíceis e arriscadas. Não são poucos os vossos irmãos que percorreram até ao fim o caminho do testemunho cristão intrépido. É suficiente recordar figuras como Rosita Antonio Leszczewicz, Jorge Kaszyra, Fabiano Abrantowicz e André Cikota. Amparados pelo testemunho destes vossos irmãos de hábito, fiéis discípulos de Cristo e generosos operários do Evangelho, não tenhais medo de enfrentar os desafios do nosso tempo.

Intensificai o vosso impulso apostólico, comprometendo-vos com renovado entusiasmo na promoção das vocações sacerdotais e religiosas e preparando adequadamente os aspirantes do vosso Instituto para que sejam generosos operários na messe do Senhor. Aumente também a vossa colaboração pastoral com os fiéis leigos, dedicando especial atenção aos jovens e aos necessitados, aos marginalizados e aos idosos. Sede, para todos, apóstolos e testemunhas da Misericórdia Divina.

Além disso, fiéis ao carisma que vos distingue, sede filhos devotos da Imaculada Conceição. Transcorreram poucos meses desde quando a Igreja celebrou o 150º aniversário da proclamação do dogma da Imaculada Conceição da Bem-Aventurada Virgem. Como se sabe, o vosso Fundador, o Venerável Servo de Deus Stanislau de Jesus Maria Papczynski, soube difundir e defender com coragem a verdade da Imaculada Conceição ainda antes que fosse definida como dogma de fé. Segui fielmente o seu exemplo e propagai em vosso redor a devoção mariana.

3. Ao pensar na missão que estais chamados a desempenhar em diversas partes do mundo e em vários ambientes sociais, gostaria de vos dirigir as palavras que escrevi na Carta Apostólica Mane nobiscum Domine: "Quando se faz verdadeira experiência do Ressuscitado, alimentando-se do seu Corpo e do seu Sangue, não se pode conservar para si só a alegria que se teve. O encontro com Cristo continuamente aprofundado na intimidade eucarística suscita na Igreja e em cada cristão a urgência de testemunhar e de evangelizar" (cf. n. 24).

"Pro Christo et Ecclesia": que este programa continue a ser o programa da vossa Família religiosa à qual desejo uma messe abundante de frutos apostólicos. Para esta finalidade garanto-vos a recordação na oração, ao conceder de bom grado a Bênção ao novo Superior-Geral, ao seu Conselho, aos membros do Capítulo Geral e a toda a vossa Congregação, assim como aos vossos Cooperadores.

Da Policlínica "Gemelli", 10 de Março de 2005.

JOÃO PAULO II




MENSAGEM DO PAPA JOÃO PAULO II


AOS BISPOS DA TANZÂNIA EM VISITA


"AD LIMINA APOSTOLORUM "


Amados Irmãos Bispos


1. Lamento não poder receber-vos no Vaticano, mas dou-vos contudo as minhas afectuosas boas-vindas, Pastores da Igreja na Tanzânia, por ocasião da vossa visita ad limina Apostolorum. Saúdo-vos a todos da Policlínica "Gemelli", de onde ofereço as minhas orações e os meus sofrimentos por vós, aos quais nestes dias me sinto particularmente próximo.

Dirigindo-me a vós pela primeira vez neste novo milénio, considerando os vossos relatórios quinquenais, desejo falar convosco de três partes integrantes do vosso ministério pastoral: solicitude pela família, solicitude pelo clero e solicitude pelo bem comum da sociedade na vossa região.

2. O mundo pode aprender muito do grande valor atribuído à família como elemento edificante da sociedade africana. Hoje a Igreja está chamada a dar uma prioridade especial à pastoral da família devido às grandes mudanças culturais que se estão a verificar no mundo moderno. Os novos ideais e estilos de vida propostos devem ser avaliados atentamente à luz do Evangelho, para que sejam tutelados os valores fundamentais para a saúde e o bem-estar da sociedade (cf. Ecclesia in Africa ). Por exemplo, a prática injusta de relacionar programas de assistência económica com a promoção da esterilização e da contracepção deve ser combatida corajosamente. Esses programas são "afrontas à dignidade da pessoa e da família" (Compêndio da Doutrina Social da Igreja, n. 234) e ameaçam minar a interpretação cristã autêntica da natureza e da finalidade do matrimónio.

Segundo o desígnio do Criador, o sagrado vínculo do matrimónio simboliza a nova e eterna aliança estabelecida com o sangue de Cristo (cf. Familiaris consortio FC 13). Uno e indissolúvel por sua natureza, o matrimónio permanece aberto à geração de nova vida, mediante a qual os esposos cooperam na obra criadora de Deus. Como mestres autênticos de fé, continuai a proclamar estes princípios e a edificar a Igreja no vosso País como Família de Deus (cf. Ecclesia in Africa ). Só assim, podem ser lançadas sólidas bases tanto para o futuro da sociedade africana como da Igreja local.

A promoção dos valores familiares autênticos é muito urgente devido ao terrível fragelo da Sida que aflige o vosso país e também o continente africano.

A fidelidade no matrimónio e a abstinência fora dele são os únicos métodos certos para limitar a ulterior difusão da infecção. A trasmissão desta mensagem deve ser o elemento-chave da resposta da Igreja à epidemia. É doloroso em particular considerar os milhares de crianças que permaneceram órfãs por causa deste vírus impetuoso. A Igreja desempenha um papel vital ao oferecer o apoio e a compaixão necessários a estas vítimas inocentes, tragicamente privadas do amor dos seus pais.

3. Os principais colaboradores do Bispo no desempenho da sua missão são os sacerdotes da Diocese, dos quais o Bispo está chamado a ser pai, irmão e amigo (cf. Directório sobre o Ministério Pastoral dos Bispos, n. 76). Ajudando-os a crescer em santidade e no compromisso incondicionado no seguimento, procurai suscitar neles um anseio autêntico pelo Reino de Deus. Continuai a encorajá-los nas suas capacidades, amparai-os nas dificuldades e ponde-os em condições de satisfazer as exigências da vida sacerdotal hoje. Sei o valor que atribuís à formação sacerdotal e à exigência de confiar esta tarefa aos vossos melhores sacerdotes. Sem descuidar os aspectos intelectuais e pastorais da formação, peço que exerçais sempre um particular controle sobre a formação espiritual. Só uma dedicação na oração, radicada numa compreensão madura da configuração pessoal do sacerdote com Cristo, lhe permitirá praticar o generoso dom de si na caridade pastoral à qual é chamado (cf. Pastores dabo vobis PDV 23). De igual modo, garantindo a todos os sacerdotes a recepção de uma formação permanente adequada, ajudá-los-eis a "reacender o dom de Deus que se encontra neles, pela imposição das mãos" (cf. 1Tm 1,6).

4. Como Conferência Episcopal, já destes passos importantes para combater a privação material que aflige tantos membros do vosso povo. O sucesso da vossa iniciativa na organização do Foro Internacional de 2002 foi claramente evidenciado na intenção proclamada pelo Governo de utilizar as suas conclusões na formulação da política pública. Esta cooperação entre Estado e Igreja sobre questões de grande interesse social é louvável, e é desejável que outros sigam o vosso exemplo neste campo. Tenho esperança no facto de que continuareis a exercer pressões a fim de obter medidas concretas destinadas a aliviar a pobreza e a aumentar o nível da educação, para que os pobres sejam postos em condições de se ajudarem a si mesmos e reciprocamente.

O vosso País já contribuiu de maneira significativa para criar paz e estabilidade na África oriental. No passado mencionei a generosidade com que destes uma casa a milhares de pessoas em fuga da perseguição nos seus Países (cf. Discurso ao Embaixador da Tanzânia junto da Santa Sé, 11 de Janeiro de 1997) e exorto-vos a que continueis a alargar este acolhimento aos vossos irmãos e irmãs que sofrem, seguindo o exemplo de Cristo. Desta forma, demonstrar-vos-eis seus autênticos vizinhos. Um futuro desafio consistirá em manter e fortalecer relações respeitosas com a comunidade muçulmana, em particular no arquipélago do Zanzibar. Um compromisso sério no diálogo inter-religioso e uma firme vontade de cooperar para resolver os problemas sociais e económicos do vosso País constituirão para outras nações um exemplo luminoso da harmonia que deveria existir entre diversos grupos étnicos e religiosos.

5. Queridos Irmãos Bispos, olhando confiantes para o futuro, rezai para que o Espírito Santo vos guie nos preparativos para a Segunda Assembleia Especial do Sínodo dos Bispos para a África, e as alegrias e tristezas, as amarguras e esperanças dos povos do vosso continente encontrem um eco nos corações de todos os seguidores de Cristo (cf. Gaudium et spes GS 19). Procurai sempre evangelizar a cultura do vosso povo para que Cristo fale do coração das vossas Igrejas locais com uma voz autenticamente africana.

Rezo a fim de que este ano da Eucaristia possa ser para vós "a ocasião preciosa para uma renovada consciência do tesouro incomparável que Cristo confiou à sua Igreja" (Mane nobiscum Domine, 29). Ao confiar-vos, assim como os vossos sacerdotes, diáconos, religiosos e leigos à intercessão de Maria, Estrela da Evangelização, concedo de coração a minha Bênção Apostólica como penhor de graça e força no seu Filho, nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.

Da Policlínica "Gemelli", 11 de Março de 2005.



JOÃO PAULO II




MENSAGEM DO PAPA JOÃO PAULO II


AO SENHOR LAWRENCE EDWARD CHEWING FÁBREGA


NOVO EMBAIXADOR DO PANAMÁ JUNTO DA SANTA SÉ


POR OCASIÃO DA APRESENTAÇÃO


DAS CARTAS CREDENCIAIS




Senhor Embaixador!

1. É-me grato acreditar Vossa Excelência como Embaixador Extraordinário, e dou-lhe as minhas cordiais boas-vindas no início da alta missão que o seu governo lhe confiou.

Aprecio particularmente os sentimentos de proximidade e adesão do Ex.mo Senhor Martíno Torrijos Espino, Presidente da República, e do Governo do País, dos quais Vossa Excelência é portador, e peço-lhe que lhes transmita a minha deferente saudação, juntamente com os meus melhores votos de paz e bem-estar para o querido povo do Panamá, que vive momentos de esperança face aos desafios de um mundo globalizado, o qual é preciso enfrentar com a solidariedade. Esta virtude deve inspirar a acção dos indivíduos, dos governos, dos organismos e instituições internacionais e de todos os membros da sociedade civil, comprometendo-os a trabalhar para um justo crescimento dos povos e das nações, tendo como objectivo o bem de todos e de cada um (cf. Enc. Sollicitudo rei socialis, SRS 40).

2. Vejo com satisfação a continuidade do bom entendimento e estreita colaboração entre as Autoridades públicas e a Igreja no Panamá. O encontro de hoje, pela sua cordialidade, reflecte também as boas relações que existem entre o seu País e a Santa Sé. Apraz-me verificar que o novo Governo da República manifestou a sua intenção de continuar e incentivar estas relações, porque, a partir da autonomia e da diferença dos seus empreendimentos e no respeito rigoroso das respectivas competências, a Igreja e os poderes públicos têm uma finalidade convergente: promover o bem integral de cada pessoa e o bem comum da sociedade.

Estou ao corrente da preocupação do seu Governo para combater a pobreza na qual ainda vive parte da população, estabelecendo condições mais favoráveis para a criação de empregos e de supervisão face ao flagelo da corrupção. Por outro lado, a Igreja contribuiu e continuará a contribuir para o progresso autêntico do povo com o anúncio da Boa Nova, portadora de sentido e de esperança, promovendo a convivência e a participação cívica responsável, e defendendo a dignidade da pessoa. A própria Igreja, ao longo dos séculos, foi geradora de cultura no Panamá e deseja continuar a sê-lo perante uma cultura que nega o respeito da vida e é indiferente às numerosas pessoas que sofrem.

3. O povo panamenho já celebrou o primeiro centenário de vida republicana. O caminho percorrido para afirmar a identidade histórica e geográfica oferece motivos para ter esperança. Firme nesta identidade, o seu País poderá continuar a dar um importante contributo, favorecendo a comunicação e as boas relações entre os demais povos do mundo.

O Panamá também se distingue pela sua diversidade de culturas e raças, as quais forjaram a sua identidade. Neste momento, os benefícios alcançados devem consolidar-se mediante firmes compromissos que permitam enfrentar os fenómenos que poderiam pô-los em perigo. Neste sentido, é preciso orientar a colocação dos recursos disponíveis em projectos destinados a erradicar a pobreza e a pôr remédio à enorme diferença na distribuição das riquezas; formar as diversas gerações no respeito da dignidade de cada grupo étnico; melhorar o sistema educativo; facilitar a actuação do poder judicial e tornar mais humana e justa a situação dos encarcerados para que se facilite a sua reinserção na sociedade e, por fim, proporcionar os meios necessários para o progresso integral do homem panamenho.

Em relação a isto, desejo estimular também o Governo de um povo tão acolhedor, dialogante e com profundas raízes cristãs como o do Panamá, a dedicar todos os seus esforços para obter melhores condições para o autêntico desenvolvimento da família, assim como tutelar o papel da mulher nos diferentes campos da sociedade e criar também melhores oportunidades para os jovens.

4. Senhor Embaixador, renovo as minhas cordiais boas-vindas a Vossa Excelência e à sua família, formulando os melhores votos pelo êxito da missão que agora inicia em representação do seu País. Peço à Santíssima Virgem, venerada no Panamá com o título de Santa Maria de Antígua, que proteja todos os panamenhos e lhes infunda a força necessária para progredir pelos caminhos da solidariedade e da paz e, com grande afecto, os abençoo a todos.

Vaticano, 17 de março de 2005.

JOÃO PAULO II




MENSAGEM DO PAPA JOÃO PAULO II


AOS JOVENS DE ROMA E DO LÁCIO


QUE PARTICIPARAM NO ENCONTRO


EM PREPARAÇÃO PARA A


XX JMJ


"Adoro Te devote, latens Deitas!".


1. Caríssimos jovens de Roma e das Dioceses do Lácio, o vosso encontro na Basílica de São João de Latrão para adorar a Eucaristia, neste ano a ela dedicado, quer ser uma ocasião para vos preparardes melhor para a Jornada Mundial da Juventude. Desejo unir-me espiritualmente a vós e expressar-vos todo o meu afecto: sei que estais sempre próximos de mim e nunca vos cansais de rezar comigo. Saúdo-vos e agradeço-vos de coração.

Saúdo com gratidão o Cardeal Vigário, os Bispos, os sacerdotes e as religiosas que vos acompanham, assim como quantos organizaram este vosso importante momento de reflexão e de oração.

2. "Adoro Te devote, latens Deitas!".

Elevemos juntos o olhar para Jesus Eucaristia; contemplemo-lo e repitamos juntos estas palavras de São Tomás de Aquino, que manifestam toda a nossa fé e todo o nosso amor: Jesus, adoro-Te escondido na Hóstia!

Numa época marcada por ódios, egoísmos, desejos de falsas felicidades, pela decadência dos costumes, ausência de figuras paternas e maternas, instabilidade em tantas jovens famílias e por numerosas fragilidades e mal-estar dos quais não poucos jovens são vítimas, nós olhamos para Ti, Jesus Eucaristia, com renovada esperança. Apesar dos nossos pecados, confiamos na Tua misericórdia divina. A Ti repetimos com os discípulos de Emaús: "Mane nobiscum Domine!", "Permanecei connosco Senhor!". Na Eucaristia Tu restituis ao Pai tudo aquilo que d'Ele provém e realiza-se assim um profundo mistério de justiça da criatura para com o seu Criador. O Pai celeste criou-nos à sua imagem e semelhança; d'Ele recebemos o dom da vida, que reconhecemos ser tanto mais precioso desde o seu primeiro momento até à morte, quanto mais é ameaçada e manipulada.

Nós Te adoramos, Jesus, e agradecemos-Te porque na Eucaristia se torna actual o mistério daquela oferenda ao Pai que Tu realizastes há dois mil anos com o sacrifício da Cruz; sacrifício que redimiu a humanidade inteira e toda a criação.

3. "Adoro Te devote, latens Deitas!"

Adoramos-Te, Jesus Eucaristia! Adoramos o Teu corpo e o Teu sangue oferecidos por nós e por todos em remissão dos pecados: o Sacramento da nova e eterna Aliança!

Enquanto Te adoramos, como não pensar nas numerosas coisas que deveríamos fazer para Te glorificar? Mas, ao mesmo tempo, não podemos deixar de dar razão a São João da Cruz, que costumava dizer: "Aqueles que são muito activos e que pensam abraçar o mundo com as suas pregações e com as suas obras exteriores recordem-se de que seriam de maior proveito para a Igreja e muito mais aceites por Deus, sem falar do bom exemplo que dariam, se usassem pelo menos metade do tempo para estar com Ele em oração".

Ajuda-nos, Jesus, a compreender que para "fazer" na tua Igreja, também no campo tão urgente da nova evangelização, é preciso antes de tudo aprender a "ser", isto é, a estar contigo em adoração, na tua doce companhia. Só de uma íntima comunhão contigo brota a acção apostólica autêntica, eficaz e verdadeira.

Uma grande Santa, que entrou no Carmelo de Colónia, Santa Benedita Teresa da Cruz, no século Edith Stein, gostava de repetir: "Membros do Corpo de Cristo, animados pelo seu Espírito, nós nos oferecemos vítimas com Ele, por Ele, n'Ele e unimo-nos à eterna acção de graças".

4. "Adoro Te devote, latens Deitas!".

Ó Jesus, pedimos-Te que cada jovem aqui presente deseje unir-se a Ti numa eterna acção de graças e se comprometa no mundo de hoje e de amanhã para ser construtor da civilização do amor.

Que Te coloque no centro da sua vida: Te adore e Te celebre. Cresça a sua familiaridade contigo, ó Jesus Eucaristia! Te receba, participando com assiduidade na Santa Missa ao domingo e, se possível, todos os dias. Desta intensa frequência surjam compromissos de doação livre da vida a Ti, que és liberdade total e verdadeira. Brotem santas vocações para o sacerdócio: sem o sacerdócio não há a Eucaristia, fonte e auge da vida da Igreja. Cresçam numerosas vocações para a vida religiosa; desabrochem generosas vocações para a santidade, que é a medida alta da vida cristã ordinária, especialmente nas famílias: hoje, mais do que nunca, a Igreja e a sociedade têm necessidade disto.

5. Ó Jesus Eucaristia, confio-Te os jovens de Roma, do Lácio e do mundo inteiro: os seus sentimentos, os seus afectos, os seus projectos. Apresento-os a Ti pelas mãos de Maria, tua e nossa Mãe.

Jesus, que Te oferecestes ao Pai: ama-os!
Jesus, que te oferecestes ao Pai: cura as feridas do seu espírito!
Jesus, que te oferecestes ao Pai, ajuda-os a adorar-Te na verdade e abençoa-os.
Agora e sempre.
Amen!

Concedo a todos com afecto a minha Bênção.

Do Vaticano, 15 de Março de 2005.

JOÃO PAULO II




MENSAGEM DO PAPA JOÃO PAULO II


AOS JOVENS DE DIVERSOS PAÍSES


E UNIVERSIDADES DO MUNDO VINDOS


A ROMA PARA O ENCONTRO "UNIV 2005"



Caríssimos jovens!

1. Sinto-me feliz por apresentar cordiais boas-vindas a todos vós, que viestes de diversas partes do mundo para participar no encontro anual da UNIV. Saúdo cada um com afecto, e convido-vos a aproveitar a oportunidade desta estadia em Roma para crescer no conhecimento e no amor a Jesus Cristo. Saúdo quantos vos acompanham; de modo especial, saúdo o Bispo-Prelado do Opus Dei, D. Javier Echevarría Rodríguez, que participa no vosso encontro.

A partir dos estudos universitários, vós comprometeis-vos a construir uma nova cultura, respeitadora da verdade do homem e da sociedade. Neste Congresso internacional enfrentais precisamente o tema: "Projectar a cultura", concentrando-vos na linguagem da música.

2. A música, como todas as linguagens artísticas, aproxima o homem de Deus, o qual preparou para todo aquele que o ama coisas "que os olhos não viram, os ouvidos não ouviram, o coração do homem não pressentiu" (1Co 2,9). Mas ao mesmo tempo, a arte por vezes pode veícular uma concepção do homem, do amor, da felicidade que não corresponde à verdade do desígnio de Deus. Por isso é necessário realizar um discernimento sadio. Repito a vós o que escrevi ao mundo inteiro na Mensagem para a próxima Jornada Mundial da Juventude: "Não cedais a falsas ilusões nem a modas efémeras, que muitas vezes deixam um trágico vazio espiritual!" ( n. 5). Compete também a vós, caríssimos jovens, renovar a linguagem da arte e da cultura. Portanto, seja vosso compromisso alimentar em vós a coragem para não aceitar comportamentos e diversões que levam ao excesso ou ao ruído.

3. Como vos é recordado nas numerosas actividades de formação promovidas pela Prelazia do Opus Dei sob a guia do Bispo-Prelado, cada pessoa, de qualquer condição e estado, está chamada a encontrar Cristo na própria existência, todos os dias. A vocação dos fiéis vós bem o sabeis é tender para a santidade, animando cristãmente as realidades temporais. E então, também para vós, queridos estudantes e professores universitários, como gostava de repetir S. Josemaría, o trabalho e o estudo devem ser uma "oração contínua, com as mesmas palavras apaixonadas, mas em cada dia com uma música diferente. É nossa missão típica transformar a prosa desta vida em decassílabos, em poesia heróica" (S. Josemaría Escrivá, Solco, n. 500).

Maria Santíssima vos ajude a encontrar o seu Filho Jesus na liturgia desta Semana Santa, e nos sacramentos da Penitência e da Eucaristia. A Virgem Mãe de Deus, Mulher Eucarística, guie cada um de vós à alegria do encontro com Cristo.

Com estes sentimentos abençoo a todos vós e às vossas famílias, e formulo de coração fervorosos bons votos para a Santa Páscoa.

Do Vaticano, 19 de Março de 2005.

JOÃO PAULO II




MENSAGEM DO PAPA JOÃO PAULO II


POR OCASIÃO DA CELEBRAÇÃO


DA MISSA CRISMAL NA QUINTA-FEIRA SANTA


24 de Março de 2005



Caríssimos Sacerdotes
Estimados Irmãos e Irmãs

Uno-me idealmente a todos vós, que estais reunidos na Basílica Vaticana para a celebração da solene Santa Missa do Crisma. Saúdo o Cardeal Giovanni Battista Re, que preside ao sagrado rito, juntamente com os venerados Irmãos Cardeais e Bispos. Saúdo-vos, prezados sacerdotes da Diocese de Roma, e vós que vindes de numerosas outras regiões do mundo. Saúdo-vos, caros diáconos, dilectos religiosos e religiosas, e estimados fiéis que representais todo o Povo de Deus.

Com a presente celebração litúrgica, comemoramos o dia em que Cristo comunicou o seu sacerdócio aos Apóstolos. Nós, sacerdotes, revivemos os momentos de intimidade espiritual que Jesus compartilhou no Cenáculo com os seus "amigos", na vigília da sua paixão, morte e ressurreição. Nós somos os seus "amigos" e, com o coração repleto de gratidão, renovamos as promessas sacerdotais, formuladas com entusiasmo generoso no dia da nossa Ordenação.

Caríssimos, dos meus aposentos estou espiritualmente no meio de vós, através da televisão.

Juntamente convosco, dou graças a Deus pelo dom e mistério do nosso sacerdócio; convosco e com toda a família dos fiéis, rezo a fim de que jamais faltem na Igreja numerosos e santos sacerdotes.

Confio estes bons votos e orações a Maria, Mãe de Cristo, sumo e eterno Sacerdote.
Concedo-vos a todos a minha Bênção!

Vaticano, 24 de Março de 2005.

JOÃO PAULO II




MENSAGEM DE SUA SANTIDADE


JOÃO PAULO II PARA A MISSA


"IN CENA DOMINI"


Quinta-feira Santa, 24 de Março de 2005

Caríssimos Irmãos e Irmãs!


Com a mente e com o coração estou próximo de vós, reunidos junto do túmulo do Apóstolo Pedro para a Santa Missa in Cena Domini, que constitui o primeiro acto do Tríduo Pascal, auge do ano litúrgico. Saúdo-vos com grande afecto e, de modo especial, saúdo e agradeço ao Cardeal Alfonso López Trujillo, que preside a solene celebração. Dirijo um pensamento de especial deferência ao Corpo Diplomático.

Nesta tarde de Quinta-Feira Santa, Cristo convida-nos a voltar espiritualmente com ele ao Cenáculo, para nos fazer entrar profundamente no mistério da sua Páscoa. Na vigília da sua morte, Ele realizou dois sinais, que cada ano se renovam na liturgia.

Primeiro, lavou os pés dos Apóstolos, querendo dar-lhes o exemplo de um amor que se faz humilde e de serviço concreto. Depois, consagrou o pão e o vinho, como sacramento do seu Corpo e do seu Sangue, oferecidos em Sacrifício para a nossa salvação. Quis dedicar, precisamente ao Sacramento da Eucaristia, o ano que estamos a viver: ele tem nesta celebração um seu momento altamente significativo.

Que Maria nos ajude a aproximarmo-nos com fé a este sumo e inestimável Mistério do amor divino. Espiritualmente presente, rezo convosco, e a todos abençoo com afecto.

Do Vaticano, 24 de Março de 2005.

JOÃO PAULO II




MENSAGEM DE SUA SANTIDADE


JOÃO PAULO II PARA A VIA-SACRA NO COLISEU


Sexta-Feira Santa, 25 de Março de 2005

Caríssimos Irmãos e Irmãs


Estou espiritualmente convosco no Coliseu, um lugar que evoca em mim muitas recordações e emoções, para celebrar o sugestivo rito da Via-Sacra nesta noite de Sexta-Feira Santa.

Uno-me a vós nesta invocação, tão densa de significado: "Adoramus te, Christe, et benedicimus tibi, quia per sanctam crucem tuam redemisti mundum". Sim, adoramos e abençoamos o mistério da cruz do Filho de Deus, porque é precisamente desta morte que brotou uma renovada esperança para a humanidade.

A adoração da Cruz remete-nos a um compromisso, ao qual não nos podemos subtrair: a missão que São Paulo expressava com as palavras "completo na minha carne o que falta às tribulações de Cristo, pelo seu Corpo, que é a Igreja" (CL 1,24). Também eu ofereço os meus sofrimentos, a fim de que o desígnio de Deus se realize e a sua palavra se difunda no meio dos povos. Estou também próximo daqueles que, neste momento, se sentem provados pelo sofrimento. Rezo por cada um deles.

Neste dia da memória de Cristo crucificado, juntamente convosco contemplo e adoro a Cruz, enquanto repito as palavras da liturgia: "O crux, ave spes unica!". Ave ó Cruz, única esperança, dá-nos paciência e coragem, e obtém a paz para o mundo!

É com estes sentimentos que vos abençoo, a vós e a quantos participam nesta Via-Sacra através da rádio ou da televisão.

Vaticano, 25 de Março de 2005.

JOÃO PAULO II




MENSAGEM DE SUA SANTIDADE JOÃO PAULO II


NA CELEBRAÇÃO EUCARÍSTICA DA VIGÍLIA PASCAL


Sábado Santo, 26 de Março de 2005



Caríssimos Irmãos e Irmãs!

No final do caminho penitencial da Quaresma e depois de ter meditado nos últimos dias a dolorosa paixão e a dramática morte de Jesus na cruz, celebramos nesta noite singular o mistério glorioso da sua ressurreição.

Graças à televisão, posso acompanhar dos meus aposentos a sugestiva Vigília pascal, que o Cardeal Joseph Ratzinger preside na Basílica de São Pedro. A ele envio a minha saudação fraterna, que estendo aos demais Cardeais, Arcebispos e Bispos presentes. Com afecto saúdo também os sacerdotes, os religiosos, as religiosas e os irmãos reunidos à volta do altar do Senhor, com um pensamento especial para os catecúmenos que, durante esta santa Vigília, estão para receber os sacramentos do Baptismo, da Confirmação e da Eucaristia.

Verdadeiramente extraordinária é esta Noite, na qual a luz fulgurante de Cristo ressuscitado vence de modo definitivo o poder das trevas do mal e da morte, e reacende nos corações dos crentes a esperança e a alegria. Caríssimos, guiados pela liturgia rezemos ao Senhor Jesus para que o mundo veja e reconheça que graças à sua paixão, morte e ressurreição se renova tudo e tudo retorna ainda mais belo do que antes, à sua integridade original.

Com grande cordialidade formulo para todos os ardentes bons votos e asseguro uma lembrança na oração para que o Senhor ressuscitado conceda a cada um de vós e às vossas famílias e comunidades o dom pascal da sua paz. Acompanho estes meus sentimentos com uma especial Bênção Apostólica.

Do Vaticano, 26 de Março de 2005, Vigília Pascal.

JOÃO PAULO II








DIscursos João Paulo II 2005