Isaías (CNB) 38

 Doença de Ezequias

38 1 Naquele tempo, Ezequias foi aco-metido de doença incurável. O profeta Isaías, filho de Amós, foi visitá-lo e disse-lhe: “Assim fala o Senhor: ‘Põe em ordem­ a tua casa, porque vais morrer, não escaparás!’” 2 Ezequias, então, virou-se para a parede­ e fez ao Senhor esta prece: 3 “Ah Senhor! Não te esqueças de que sempre andei na tua presença com toda a fidelidade e de coração limpo, sempre busquei fazer o que era bom a teus olhos!” E chorou convulsivamente.
4
Então veio a Isaías a palavra do Senhor: 5 Vai dizer a Ezequias: Assim fala o Senhor, Deus do teu pai Davi: ‘Ouvi tua oração, vi tuas lá­gri­mas. Vou aumentar em quinze anos a duração­ da tua vida. 6 E também te liberto das mãos do rei da Assíria, junto com esta cidade, que eu mes­mo vou proteger. 7 O sinal que terás da?par­te do Senhor de que ele fará o que disse, é este: 8 no relógio de sol de Acaz, farei a sombra­ voltar atrás os dez graus que já desceu”. Então­ o sol voltou atrás os dez graus já percorridos.

 Oração de Ezequias

9 Poema de Ezequias, o rei de Judá, quando­
ficou doente e depois sarou:
10
“Eu disse: No melhor da minha vida,
devo ir-me embora.
Na porta da morada dos mortos fico
esperando
o que sobra dos meus anos.
11
Eu disse: Não poderei mais ver o Senhor
na terra dos viventes,
não verei mais ninguém,
nenhum dos moradores deste mundo!
12
Minha existência foi desfeita
e de mim se afastou
qual tenda de pastor.
Qual tecelão eu ia tecendo minha vida,
mas cortaram-me a trama.
Foste acabando comigo
da manhã até à noite.
13
Ao amanhecer já estou arrasado,
como um leão ele me esmaga os ossos todos.
Do dia para a noite acabas comigo.
14
Pio como andorinha, arrulho como pomba.
Meus olhos estão cansados
de olhar para o alto:
Senhor, estou sendo oprimido, vem me ajudar!
15
Que direi, para que ele me responda?
Foi ele mesmo que fez isso!
Hei de passar todos os meus anos
curtindo a amargura de minha alma!
16
Senhor, em ti espera meu coração,
por ti viverá meu espírito,
cura-me, faze-me sobreviver.
17
Eis que minha amargura
transformou-se em paz.
Livraste-me a vida da cova do nada,
e os meus pecados jogaste para trás.
18
Pois a Morada dos mortos não te louva,
a Morte não vai cantar-te hinos.
Quem baixa à sepultura
não mais espera tua fidelidade.
19
Só os vivos podem louvar-te
como estou eu fazendo agora.
E cada pai contará a seus filhos
teus gestos de amor sempre fiel.
20
Senhor, vem salvar-me.
Na Casa do Senhor tocaremos nossas harpas
todos os dias da nossa vida!
21
Isaías mandou aplicar na parte doente um cataplasma de figos para que ele sarasse. 22 Ezequias perguntou: “Que sinal me garante que ainda vou até a Casa do Senhor?”

 Embaixada de Merodac-Baladã

39 1 Naquele tempo, o rei da Babilônia Merodac-Baladã, filho de Baladã, mandou uma carta e um presente a Ezequias, pois tivera notícia de sua doença e de sua cura. 2 Ezequias ficou muito contente com isso e mos­trou aos embaixadores toda a sua riqueza:­ a prata, o ouro, os perfumes, os óleos finos­ e tam­bém toda a casa de armas, tudo quanto ha­via nos seus depósitos. Ezequias nada dei­xou de mostrar de tudo o que  havia no palá­cio e nas suas dependências.
3
O profeta Isaías foi procurar o rei Ezequias para dizer-lhe: “Que disseram esses in­divíduos? De onde vieram eles?” Ezequias res­pondeu: “Eles vieram de longe para me visitar, vieram da Babilônia!” 4 Isaías lhe per­guntou: “Que viram eles em teu palácio?” Eze­quias respondeu: “Eles viram tudo o que  há no meu palácio. Não há nada em meus depósitos que eu não lhes tenha mostrado”.
5
Disse, então, Isaías a Ezequias: “Escuta a palavra do Senhor dos exércitos: 6 Um dia vai chegar quando tudo o que existe no teu palácio, tudo o que teus pais foram ajuntando até hoje, será levado para a Babilônia. Nada vai ficar! – disse o Senhor. 7 E a alguns dos teus filhos, gente saída de dentro de ti, gerada por ti, eles levarão para serem eunucos no palácio do rei da Babilônia”. 8 Ezequias respondeu a Isaías: “É de felicidade a palavra do Senhor que me transmites!” De fato, ele raciocinou assim: “Pelo menos durante a minha vida haverá paz e segurança”.


Deus, libertador de Israel

 O novo êxodo

40 1 “Consolai, consolai o meu povo!”,
diz o vosso Deus.
2
Falai ao coração de Jerusalém, anunciai-lhe:
seu cativeiro terminou, sua culpa está paga,
da mão do Senhor já recebeu
por suas faltas o castigo dobrado.
3
Grita uma voz:
“No deserto abri caminho para o Senhor!
No ermo rasgai estrada para o nosso Deus!
4
Todo vale seja aterrado,
toda montanha, rebaixada,
para ficar plano o caminho acidentado
e reto, o tortuoso.
5
A glória do Senhor vai, então, aparecer
e todos verão que foi o Senhor quem falou!
6
Atenção! Ele diz: “Anuncia!”
“Que devo anunciar?” – respondo eu.
– Toda a carne é erva,
toda a sua beleza, uma flor do pasto!
7
A erva seca, murcha a flor,
basta soprar sobre elas o vento do Senhor”.
(A erva é o povo.)
8
A erva seca, murcha a flor,
mas a palavra do nosso Deus permanece para sempre.
9
Sobe a uma alta montanha, Mensageira Sião,
levanta com força tua voz, Mensageira Jerusalém!
Grita, não tenhas medo!
Avisa às cidades de Judá: “Eis o vosso Deus!”
10
Lá vem o Senhor nosso Deus!
É com poder que ele vem, seu braço tudo vence.
Vem com ele o que ele ganhou,
à frente dele, o que conquistou.
11
Qual pastor que cuida com carinho do rebanho,
nos braços apanha os cordeirinhos,
para levá-los ao colo,
e à mãe ovelha vai tangendo com cuidado”.

 Contra os ídolos 

12 Quem foi que na concha da mão
calculou toda a água que há no mar?
Quem mediu a palmos o céu?
Quem pôs no alqueire todo o pó da terra inteira?
Quem calculou o peso das montanhas
ou pôs as serras na balança?
13
Quem terá orientado o espírito do Senhor?
Quem lhe apresentou seu conselheiro?
14
A quem pediu ele um conselho que o
fizesse entender,
ou que lhe mostrasse o caminho da justiça,
ou instruísse no conhecimento e
ensinasse a raciocinar?
15
As nações, são uma gota no balde!
Não pesam mais que uma poeirinha no
prato da balança.
Os continentes não passam de um grão
de areia fina.
16
A floresta do Líbano não bastaria para
acender o fogo,
todos os seus bichos não dariam para o
holocausto.
17
As nações todas diante dele são como se
não existissem,
não contam mais que o nada e o vazio.
18
Com quem imaginais que Deus se parece?
A que imagem ireis compará-lo?
19
O artista faz uma estátua,
vem o dourador e a cobre de ouro,
e outro, com lâminas de prata.
20
Até o pobre, para sua devoção,
escolhe madeira resistente
e busca um bom escultor
para que a imagem não fique mancando.
21
Não sabeis? Nunca ouvistes falar?
Não vos foi avisado desde o começo?
Dos fundamentos do mundo nada entendeis?
22
No mais alto dos céus ele se assenta,
e os habitantes da terra parecem-lhe gafanhotos.
Estende o céu como toldo,
arma-o como tenda para morar.
23
Reduz a nada os poderosos,
transforma em vazio os juízes do mundo.
24
Mal foram plantados ou semeados,
mal o broto solta raízes pelo chão,
Deus sopra sobre eles e eles secam,
e o vento, como palha, os carrega.
25
“A quem me haveis de comparar,
haverá alguém que se pareça comigo?”,
diz o Santo!
26
Levantai os olhos para o alto e observai:
Quem criou tudo isso?
Quem põe em marcha o exército das estrelas,
uma a uma, chamando cada uma pelo nome?
Por causa da grandeza do seu poder,
pela firmeza da sua autoridade,
não falta uma sequer.

 Deus revigora Israel

27 Por que isto dizes, Jacó,
 Israel, por que reclamas:
“O Senhor ignora meu destino,
Deus não vê o meu direito!”?
28
Acaso não sabes? Ainda não ouviste falar?
O Senhor é o Deus eterno!
Foi ele quem criou toda a extensão do
mundo.
Ele não corre nem se cansa,
nem é possível pesquisar sua inteligência.
29
É ele que dá ânimo ao cansado,
recupera as forças do enfraquecido.
30
Até os jovens se afadigam e cansam
e mesmo os guerreiros às vezes tropeçam!
31
mas os que esperam no Senhor,
renovam suas forças,
criam asas como águia,
correm e não se afadigam,
andam, andam e nunca se cansam.

 Deus convoca Ciro, rei da Pérsia

41 1 Calem-se os continentes diante de mim
e as nações armem-se de força,
depois, então, venham falar,
cheguemos juntos ao tribunal.
2
Quem foi que despertou lá no oriente
aquele que chama a vitória a seguir seus passos?
Quem lhe entregou as nações,
e põe os reis a seus pés?
Quem faz que sejam para sua espada como poeira
para o seu arco como um cisco que voa?
3
Ele os persegue avançando tranqüilamente,
seus pés quase nem tocam o caminho.
4
Quem faz e realiza tudo isso,
chamando à vida gerações desde o começo?
Eu, o Senhor, sou o primeiro
e estou também com os últimos.
5
Os continentes distantes vêem e respeitam,
os extremos da terra ficam com medo.
Aproximam-se e chegam.

 A fabricação dos ídolos

6 Cada um anima o companheiro, dizendo ao irmão: “Coragem!”
7
O fundidor anima o dourador, o polidor dá forças ao ferreiro:
falando da emenda, diz que está boa.
Depois firma a estátua com pregos, para que não venha a cair.

 Israel, servo do Senhor

8 Tu, porém, Israel, és o meu servo,
foste tu, Jacó, a quem eu escolhi,
descendência de Abraão, meu amigo!
9
Lá num canto do mundo eu te dei a mão,
eu te chamei lá dos confins da terra.
Eu te disse: “Tu és o meu servo.
Eu te escolhi e não te deixei”.
10
Não tenhas medo, que eu estou contigo.
Não te assustes, que sou o teu Deus.
Eu te dou coragem, sim, eu te ajudo.
Sim, eu te seguro com minha mão vitoriosa.
11
Ficarão envergonhados e desapontados
todos os que têm raiva de ti.
Ficarão como nada e destruídos
os que quiserem lutar contra ti.
12
Vais procurar sem nunca encontrar
quem queira combater contra ti.
Os que quiserem te armar guerra,
serão como o vazio e o nada.
13
Isso, porque eu sou o Senhor, o teu Deus,
eu te pego pela mão e digo:
“Não temas, que eu te ajudarei.
14
Não tenhas medo, vermezinho Jacó,
Não te assustes, Israel, mísero inseto!
Eu te ajudarei” – oráculo do Senhor,
que é o teu Libertador, o Santo de Israel.
15
Fiz de ti uma debulhadora nova, afiada, de dentes duplos.
Vais pisoar as montanhas e fazê-las em pedaços,
vais debulhar a serra até virar poeira.
16
E quando fores abanar, o vento tudo carrega,
a ventania vai espalhá-los.
E tu estarás dançando pelo Senhor,
fazendo festa ao Santo de Israel.

 O novo Êxodo

17 Os pobres e necessitados buscam água e... nada!
Estão com a língua seca de sede.
Então eu mesmo, o Senhor, vou olhar por eles!
Eu, que sou o Deus de Israel,
não vou me descuidar deles.
18
Rasgarei córregos nas montanhas áridas,
nas baixadas abrirei olhos d’água,
transformarei o deserto num brejo,
a terra seca, em minas d’água.
19
No deserto plantarei cedros, acácias,
murtas e oliveiras,
no chão árido porei juntos pinheiros,
olmeiros e ciprestes.
20
Assim ao mesmo tempo hão de ver e entender,
observar bem e pensar
que foi a mão do Senhor que fez tudo isso,
que foi o Santo de Israel que o criou.

 Desafio aos falsos deuses

21 “Apresentai vossa demanda”, diz o Senhor,
“trazei vossas provas”, diz o Rei de Jacó.
22
Chegai e mostrai o que vai acontecer.
Contai-nos quais foram as antigas previsões,
para a gente examinar e saber o resultado
ou, então, anunciai o que ainda vem!
23
Contai o que há de vir no futuro,
e teremos a certeza de que sois deuses de verdade.
Isso! Fazei o bem ou fazei o mal!
E todos vamos observar e ver.
24
Vós sois coisa alguma, o que fazeis é nada!
É absurdo alguém optar por vós.
25
Eu o despertei lá no norte,
do lado do nascer do sol ele veio,
pois eu o chamei pelo nome:
vai pisando governantes como se fossem lama,
tal como o oleiro amassando o barro.
26
Quem contou isso desde o começo
para a gente ficar sabendo?
Quem falou antes que acontecesse
para podermos dizer: “Está correto!”
Mas não houve quem levantasse a voz,
não houve quem falasse,
ninguém ouviu o que dissestes...
27
Fui eu quem primeiro anunciou a Sião,
quem mandou mensageiro a Jerusalém.
28
Olhei e não achei ninguém,
nem um que me pudesse aconselhar,
um sequer a quem pudesse fazer perguntas,
e que me respondesse qualquer coisa.
29
Acontece que esses deuses são mentira,
nada é o que eles fazem,
suas imagens, sopro e ilusão.

 Primeiro cântico do Servo do Senhor

42 1 Eis o meu servo, dou-lhe o meu apoio. É o meu escolhido, alegria do meu coração.
Pus nele o meu espírito,
ele vai levar o direito às nações.
2
Não grita, não levanta a voz,
lá fora ninguém escuta o que ele fala.
3
Não quebra o caniço já machucado,
não apaga o pavio já fraco de chama.
Fielmente promoverá o que é de direito,
4
sem amolecer e sem oprimir,
até implantar o direito no país
e as ilhas distantes aguardarem sua lei.

 Israel, luz das nações

5 Assim diz o Senhor Deus,
que criou o céu e no alto o estendeu,
que plantou a terra e tudo o que nela brota,
que dá o sopro da vida à população que
lhe está em cima,
o espírito, aos que andam sobre ela.
6
“Eu, o Senhor, te chamei para a justiça
e te tomei pela mão.
Eu te formei e te encarreguei
de seres a aliança do meu povo
e a luz das nações,
7
para abrires os olhos aos cegos,
tirares do cárcere os prisioneiros,
da masmorra os que estão na prisão escura.
8
Eu sou o Senhor, esse é o meu nome;
a outro não darei a minha glória,
nem cedo aos ídolos o louvor que me pertence.
9
As primeiras coisas já aconteceram,
coisas novas é o que agora eu anuncio.
Antes que brotem, eu vos faço saber.

 Canto de libertação

10 Cantai ao Senhor um canto novo,
cantem seu louvor os extremos da terra.
Cantem os que navegam pelo mar
e os seres todos que o povoam.
Cantem as ilhas distantes com os seus habitantes!
11
Soltem a voz o deserto e seus povoados,
como também os acampamentos de Cedar.
Os cidadãos de Petra comemorem
com aclamações do alto das montanhas!
12
Todos eles dêem glória ao Senhor,
e anunciem nas ilhas o seu louvor!
13
O Senhor vem surgindo como herói,
qual valente guerreiro, desperta seus brios,
solta seu grito de guerra e sustenta,
depois triunfa como herói sobre os adversários.
14
“Há muito tempo só tenho ouvido,
quieto e em silêncio.
Vou soltar a voz qual mulher parturiente,
gritando e gemendo ao mesmo tempo.
15
Vou arrasar as serras e montanhas,
todo o seu verde farei murchar,
os cursos d’água transformarei em terra firme
e os brejos vou secar.
16
Os cegos vou guiar
por caminhos que eles desconhecem,
por estrada que jamais conheceram
vou fazê-los transitar.
Transformo em luz o que para eles era escuro,
transformo em reta o que lhes parecia
tortuoso. É isso mesmo que farei, nunca hei de abandoná-los”.
17
Tiveram de recuar, cobertos de vergonha,
os que confiam nas imagens,
que dizem às estátuas: “Vós sois nossos deuses!”.
18
Escutai, ó surdos,
cegos, olhai bem para ver!
19
Quem é cego, senão o meu servo?
Quem é surdo, senão o mensageiro que estou mandando?
(Quem é tão cego como o que foi recuperado?
Quem é cego como o servo do Senhor?)
20
Muita coisa viste, mas nada guardas,
abriste os ouvidos e nada ouviste.
21
Por amor da sua justiça, o Senhor queria
engrandecer e glorificar a sua Lei.
22
Seu povo, porém, é um povo espoliado e roubado,
todos presos nas masmorras,
todos internados nos presídios.
É entregue ao saque, e ninguém para livrá-lo!
entregue ao roubo, e ninguém para mandar devolver!
23
Quem de vós vai escutar,
quem prestará atenção para mais adiante
\saber?
24
Quem entregou Jacó aos saqueadores,
entregou Israel aos ladrões?
Não foi o Senhor?
E foi contra ele que pecamos.
Ninguém quis andar por seus caminhos,
ninguém quis acatar a sua lei.
25
Ele, então, derramou sobre eles
o ardor de sua ira, na violência da guerra.
Ia incendiando tudo em volta,
mas ninguém compreendia,
queimou o próprio povo
e nem assim ele entendeu.

 O povo resgatado

43 1 E agora , assim diz o Senhor,
aquele que te criou, Jacó, aquele que te modelou, Israel:
“Não tenhas medo que fui eu quem te resgatou,
chamei-te pelo próprio nome, tu és meu!
2
Se tiveres de atravessar pela água,
contigo estarei
e a inundação não te vai submergir!
Se tiveres de andar sobre o fogo,
não te vais queimar,
as chamas não te atingirão!
3
Pois eu sou o Senhor, o teu Deus,
o Santo de Israel, o teu Forte!
Para pagar tua liberdade eu dei o Egito!
Para ficar contigo, entreguei a Etiópia e Sabá!
4
Pois és muito precioso para mim,
e mesmo que seja alto o teu preço,
é a ti que eu quero!
Para te comprar, eu dou, seja quem for;
entrego nações, para te conquistar!
5
Não tenhas medo, estou contigo!
No Oriente vou buscar tua semente
e do Ocidente vou reunir a tua gente.
6
Direi ao Norte: “Devolve!”
e ao Sul: “Não segures!
Traze de longe os meus filhos,
traze minhas filhas dos confins do mundo,
7
todos os que são conhecidos por meu nome,
os que, para minha glória, eu criei, modelei e fiz!”

 Israel, testemunha de Deus

8 “Manda vir este povo que é cego,
embora tenha olhos perfeitos,
manda vir este povo que é surdo
embora tenha ouvidos.
9
Que todas as nações se reúnam,
os povos juntos se apresentem.
Qual deles vai depor?
Quem nos fará ouvir os oráculos antigos?
Apresentem suas testemunhas, mostrem que têm razão,
que todos possam ouvir e confirmar:
‘É verdade!’
10
Minhas testemunhas sois vós – oráculo do Senhor –
sois vós o meu servo, o meu escolhido,
para entenderdes e acreditardes em mim,
para compreenderdes que eu sou.
Antes de mim não se fez outro deus
e depois de mim nenhum outro haverá.
11
Eu, eu sou o Senhor!
Além de mim não há libertador.
12
Fui eu quem anunciou, fui eu quem libertou!
Foi a minha voz que se ouviu,
pois nunca houve outro deus entre vós.
Sois vós as minhas testemunhas –
oráculo do Senhor!
E Deus, sou eu!
13
Desde sempre eu sou.
Não há quem possa livrar da minha mão!
Se eu faço, quem poderá desfazer?”

 A salvação

14 Assim diz o Senhor, o vosso Libertador,
o Santo de Israel:
“Por vossa causa mandei alguém à Babilônia,
para arrebentar todas as trancas
enquanto os caldeus festejam em seus navios.
15
Eu sou o Senhor, o vosso Santo,
o criador de Israel, vosso rei!”
16
Assim diz o Senhor, aquele que abriu
caminho pelo mar,
passagem entre as águas violentas
17
e trouxe carros e cavalos, batalhões de elite.
Foram derrubados, jamais se levantarão,
acabaram, apagaram-se como um pavio:
18
“Não deveis ficar lembrando as coisas de outrora,
nem é preciso ter saudades das coisas do passado.
19
Eis que estou fazendo coisas novas,
estão surgindo agora e vós não percebeis?
Sim, no deserto eu abro um caminho,
rasgo rios na terra seca.
20
Glorificam-me os animais selvagens,
chacais e avestruzes,
por eu ter feito brotar água no deserto,
rios na terra seca,
para dar de beber ao meu povo, o meu
escolhido.
21
O povo que formei para mim
vai recitar, então, o meu louvor.

 Deus perdoa porque quer

22 Tu, Jacó deixaste de me invocar,
tu, Israel, ficaste cansado de mim.
23
Não mais me ofereceste cordeiros em holocausto,
deixaste de me glorificar com teus sacrifícios.
Nunca te afadiguei por oferendas
nem te incomodei por causa de incenso.
24
Tu não me compraste com aromas como se fosse dinheiro,
nem me saciaste com as carnes gordas dos sacrifícios.
Tu, sim, me afadigaste com teus pecados,
e me incomodaste com tuas culpas.
25
Eu, eu sou aquele que apaga tuas maldades,
por causa de mim mesmo,
de teus pecados nunca mais me lembrarei.”
26
Ajuda minha memória,
vamos pôr o nosso caso em julgamento!
faze tuas contas para ver se vences!
27
Teu pai já pecou lá no princípio,
depois foram teus representantes
que se revoltaram contra mim;
28
e eu, então, demiti dirigentes sagrados
e votei Jacó ao interdito,
Israel, à humilhação”.

 Deus consola Israel 

44 1 E agora escuta, servo meu, Jacó,
Israel, meu escolhido.
2
Assim diz o Senhor, aquele que te criou,
que te formou desde o útero e te protege:
“Não temas, servo meu, Jacó,
Israel querido, a quem escolhi.
3
Derramarei água na terra seca,
ribeirões no terreno ressecado,
derramarei meu espírito nos teus descendentes,
minha bênção em teus rebentos.
4
E eles crescerão como mato à beira d’água,
como salgueiros ao longo dos córregos.
5
Um dirá: ‘Pertenço ao Senhor!’
Outro terá o nome de Jacó.
Um escreverá na mão: ‘Consagrado ao Senhor!’
outro tomará para si o nome de Israel”.
6
Assim diz o Senhor, o rei de Israel,
o seu Libertador é o Senhor dos exércitos:
“Eu sou o primeiro e sou também o último,
fora de mim não existe Deus.
7
Quem é igual a mim? Que tome a palavra,
faça seu depoimento e me apresente as provas!
Quem, há muito, anunciou o futuro?
Que nos faça saber o que vai acontecer!
8
Não tenhais medo, não vos deixeis perturbar.
Não fui eu que, há muito, anunciei e fiz saber?
Sois vós as minhas testemunhas:
Outro Deus existe que não seja eu?
Outra Rocha, que eu conheça, não existe!”

 Sátira contra a idolatria 

9 Os modeladores de ídolos são um nada, o que para eles tem valor, não vale coisa alguma, os que para eles são testemunhas, nada vêem, nada sabem. Assim, acabarão envergonhados. 10 Quem modela um deus ou funde um ídolo, sem pretensão de lucro? 11 Seus devotos ficarão todos decepcionados, pois os escultores são simples criaturas humanas. Reúnam-se todos e apresentem-se, ficarão todos apavorados e frustrados.
12
O mestre ferreiro vai fazendo um machado, nas brasas e na marreta dá-lhe forma e polimento, usando a força do seu braço. Mas ele sente fome e perde as forças. Se deixa de beber água, ele se esgota.
13
Já o escultor em madeira estira a linha e com instrumento de ponta traça um esboço. Vai, depois, trabalhando com o formão e com a ajuda do compasso acerta o desenho e segue dando-lhe as formas de um homem, de um ser humano de boa aparência, para guardá-lo dentro de casa. 14 Tinha cortado para si alguns cedros ou pegou um terebinto ou carvalho, escolhido entre as árvores da floresta, ou plantou um pinho que a chuva fez crescer. 15 Para qualquer um isso é lenha para queimar,­ ele próprio a usa para se aquecer, ou acende o fogo para assar uns pães. Com o resto, porém, fabrica um deus e o adora, faz uma está­tua e se curva diante dela. 16 A metade ele usa para acender um fogo e assar carne. Come, fica satisfeito e se aquece, dizendo: “Que coisa boa! Eu me aqueço e ainda tenho a luz!” 17 Do que sobra faz um deus, sua estátua. Inclina-se diante dela, adora e ora: “Salva-me, que tu és o meu deus!”
18
Não percebem, não entendem, porque seus olhos estão fechados para ver, o coração obtuso para entender. 19 Não lhes passa pela cabeça, não percebem nem entendem, a ponto de dizerem: “A metade eu queimei, assei uns pães no borralho, assei carnes e comi. Se do restante faço um ídolo, vou adorar um pau de lenha”. 20 Esse indivíduo se alimenta de cinzas, as fantasias de sua mente fazem-no perder o rumo, não consegue salvar a própria vida, é incapaz de dizer: “Não será mentira o que tenho nas mãos?”

 Redenção de Israel pelo Senhor 

21 Lembra-te dessas coisas, Jacó,
Israel, que és o meu servo.
Fui eu quem te formou, o meu servo és tu,
não te esqueças de mim.
22
Dissipei teus pecados como nevoeiro,
tuas culpas como nuvem.
Volta para mim, que sou teu libertador.
23
Aclama, ó céu, porque o Senhor entrou em ação,
comemora, ó terra, cá em baixo.
Prorrompei, ó montanhas, em aclamações,
florestas de árvores incontáveis,
pois o Senhor libertou Jacó
e mostrou em Israel a sua glória.
24
Assim diz o Senhor, o teu Libertador,
ele que te formou desde o ventre de tua mãe:
“Eu, o Senhor, sou o criador de tudo:
Sozinho estendi os céus,
quando nivelei a terra, quem estava comigo?
25
Eu confundo os sinais dos videntes,
e os adivinhos ficam abobalhados.
Faço os sábios retirarem a palavra,
e sua sabedoria vira tolice.
26
Confirmo, porém, a palavra do meu servo
e realizo os prognósticos dos meus mensageiros.
Eu digo a Jerusalém: ‘Serás habitada!’
e às cidades de Judá: ‘Sereis reconstruídas!’
Levanto suas ruínas.
27
Sou eu que mando o lago se esgotar
e faço secarem seus afluentes.
28
Sou eu que falo do rei Ciro: ‘É o meu pastor,
e todos os meus planos ele vai realizar.’
E digo a Jerusalém: ‘Tu serás reconstruída!’
e ao Templo: ‘De novo se lançam os teus alicerces!’”

 Ciro, o “ungido” de Deus

45 1 Assim diz o Senhor a Ciro, o seu ungido,
a quem tomou pela mão
para subjugar-lhe nações e desarmar reis,
para abrir diante dele todas as portas,
sem fechar qualquer portão:
2
“Irei eu caminhando à tua frente,
montanhas aplanarei,
arrombarei portões de bronze
e arrebentarei trancas de ferro.
3
Entrego-te até os mais secretos depósitos,
e os tesouros subterrâneos.
Tudo, para que fiques sabendo
que eu sou o Senhor, o Deus de Israel,
que te chamo pelo nome.
4
Foi por amor a meu servo Jacó,
a Israel, meu escolhido,
que eu te chamei pelo nome
e te dei um encargo,
sem que tu me conhecesses.
5
Eu sou o Senhor e outro não há!
Não existe deus fora de mim!
Armei-te guerreiro e tu não me conhecias.
6
Assim se ficará sabendo,
do nascer do sol até o poente,
que sem mim nada existe.
7
Eu é que formo a luz e crio as trevas,
faço o bem-estar e crio o sofrimento;
eu sou o Senhor, eu é que faço tudo isso.
8
Que os céus deixem escorrer lá de cima,
que as nuvens façam chover a justiça
abra-se a terra, deixando germinar a salvação
e ao mesmo tempo brote a justiça.
Eu, o Senhor, criei tudo isso”.
9
Ai daquele que questiona quem o modelou,
ele que é barro, barro do chão!
Acaso o pote vai dizer ao oleiro:
“Que estás fazendo?”
ou “Tua obra não tem asas!”
10
Ai daquele que diz ao pai:
“Que estás gerando?”
ou à mãe: “Que coisa dás à luz?”.
11
Assim diz o Senhor, o Santo de Israel,
Aquele que o modelou:
“Acaso estais pedindo satisfação
a respeito de meus filhos;
ou me quereis dar ordens
a respeito do que é obra minha?
12
Fui eu que fiz a terra e nela criei o homem,
foram as minhas mãos que estenderam os céus.
Ao exército dos astros eu é que dou ordens.
13
Fui eu que despertei \Ciro para fazer justiça,
e faço retos seus caminhos.
Ele reconstruirá a minha cidade
e porá em liberdade os meus cativos,
sem pagamento e sem suborno”,
diz o Senhor dos exércitos.
14
Assim diz o Senhor:
“Deverão passar para as tuas mãos,
tornar-se propriedade tua
os trabalhadores do Egito, os
negociantes da Etiópia,
e também os sabeus, aqueles homens altos.
Irão caminhando atrás de ti,
terão de viajar acorrentados,
estarão caindo a teus pés e implorando:
“Deus só está contigo,
não há outro, não existe outro deus!”
15
Realmente tu és um Deus que não se deixa ver
Deus de Israel, o Salvador.
16
Ficaram todos decepcionados e envergonhados,
e foram-se, humilhados, os fabricantes de ídolos.
17
Israel, porém, será salvo pelo Senhor
e será uma salvação para sempre.
Nunca mais ficareis decepcionados ou envergonhados.
18
Fala o Senhor, o criador do céu,
ele que é Deus,
Aquele que modelou e fez a terra
e firmou suas bases.
– não foi para ficar vazia que ele a criou,
para ser habitada ele a modelou.
“Eu sou o Senhor e outro não há.
19
Nunca falei em segredo, num lugar escuro da terra,
nunca disse aos descendentes de Jacó:
‘É inútil procurar-me!’
Sou o Senhor, sempre falo o que é justo,
anuncio o que é direito.
20
Vós que escapastes dentre as nações,
reuni-vos e vinde para mais perto.
Os que carregam ídolos de madeira são ignorantes,
oram a um deus que não pode salvar.
21
Declarai, apresentai-vos, e enfim, deliberai:
Quem noticiou isso lá no passado?
Quem, desde então, o anunciou?
Acaso não fui eu, o Senhor?
Não há Deus além de mim.
Deus justo e salvador fora de mim não existe.
22
Voltai-vos para mim,
todos os confins da terra, para serdes salvos,
pois eu é que sou Deus e outro não há.
23
Por mim mesmo eu juro:
De minha boca só sai o que é justo,
palavra que não volta atrás.
Para mim há de se dobrar todo joelho,
por mim há de jurar toda língua,
24
dizendo: Só no Senhor se encontram
a força e a justiça”.
Diante dele chegarão humilhados
os que se põem contra ele.
25
No Senhor a descendência de Israel
encontrará sua justiça e alegria.

 Os deuses da Babilônia desmoronam

46 1 O deus Bel caiu de bruços, Nebo tombou.
Suas imagens foram confiadas a jumentos, animais de carga.
É carga pesada para animais cansados.
2
Os ídolos tombam e caem de vez,
incapazes de socorrer quem os carrega.
Eles mesmos estão indo para o cativeiro.
3
Ouvi-me, ó casa de Jacó,
resto que sobrou da casa de Israel,
que desde o ventre eu carreguei,
que desde o útero eu levei.
4
Já na idade adulta, continuo eu
e na velhice eu mesmo sustentarei,
fui eu quem fez, eu mesmo hei de levar,
eu mesmo hei de carregar e hei de livrar:
5
Como reproduzir minha imagem? A quem me assemelhar?
Com quem me podereis comparar?
Há algo que se pareça comigo?
6
Há pessoas que despejam ouro da sacola,
ou pesam na balança certa quantidade de prata,
e contratam um ourives para fazer um deus.
Então de joelhos o adoram.
7
Colocam o deus nos ombros e o carregam.
Depois o instalam no pedestal, onde fica
e daquele lugar nunca mais se moverá.
E se alguém por ele clama, não responde,
a ninguém ele nunca salva da angústia.
8
Lembrai-vos sempre disso e envergonhai-vos,
fixai na vossa mente, rebeldes.
9
Lembrai-vos do princípio, há muito tempo,
pois eu sou Deus e outro não há.
Deus igual a mim não existe.
10
Eu anuncio lá no começo o que virá por último,
lá na origem, o que ainda não foi feito.
Eu digo: “O meu projeto fica de pé,
vou realizar tudo o que desejo”.
11
Eu chamo lá do oriente uma ave de rapina,
chamo, de um país distante, o homem dos meus planos.
Eu falei e hei de trazer,
imaginei e hei de fazer.
12
Escutai-me, corações valentes,
que estais longe da vitória:
13
Faço chegar minha justiça,
ela já não está longe,
a minha salvação não foi adiada.
Implantarei em Sião a salvação,
porei em Israel o meu esplendor.

 Lamento irônico sobre Babilônia e seus magos 

47 1 Desce, vem sentar no chão,
nascidos de adultério e de prostituição.
Senta na terra, sem trono,
cidade dos caldeus!
Nunca mais te chamarão
de meiga e delicada.
2
Pega na mó e mói a farinha,
tira o véu, levanta a saia, mostra as pernas,
atravessa os rios.
3
Que teu corpo fique descoberto,
que vejam tua nudez.
“Eu me vingo de verdade,
com ninguém faço acordo!”
4
É o que diz o nosso Libertador,
“Senhor dos exércitos” é o seu nome,
o Santo de Israel.
5
Senta calada, entra no escuro,
capital dos caldeus!
Nunca mais serás chamada
de Dominadora dos Reinos.
6
Eu estive irado contra o meu povo,
desonrei os que eram minha herança,
e os entreguei nas tuas mãos,
mas tu não tiveste compaixão para com eles,
carga pesada puseste aos ombros dos velhos,
em dura escravidão.
7
Tu dizias: “Vou dominar para sempre”,
mas nunca te vinham à mente essas coisas,
nem suspeitavas do teu fim.
8
Pois, agora, escuta aqui, deliciosa,
que moras em segurança e dizes a ti mesma:
“Eu e ninguém mais!
Jamais serei viúva
e nunca experimentarei
o que é ficar sem filhos!”
9
Pois as duas coisas chegarão para ti
num instante, no mesmo dia!
Viuvez e perda de filhos
te chegarão de uma vez!
Pela multidão dos teus malefícios,
pela força enorme dos teus feitiços.
10
Estavas confiante na tua maldade,
pensavas que ninguém te via.
Tua sabedoria e teu conhecimento te desviaram,
quando dizias a ti mesma:
“Eu e ninguém mais!”
11
Pois chega para ti uma desgraça
que não podes evitar,
chega para ti um castigo
que não podes aplacar,
aparece de repente um sofrimento
que não conhecias.
12
Fica, pois, com teus feitiços,
com a multidão dos malefícios
com que sempre trabalhaste
desde o começo de tua vida.
Quem sabe terás algum proveito?
Quem sabe, poderás amedrontar?
13
Estás cansada de tantos conselhos?
Que então se apresentem e te salvem
os astrólogos, que observam as estrelas,
e que te anunciam a cada mês o que vai acontecer.
14
Pois eles são iguais à palha que o fogo queima.
Nenhum deles consegue livrar das
chamas a própria vida:
não são braseiro para se esquentar,
nem fornalha para ao lado se sentar.
15
É o que vai acontecer aos feiticeiros
com quem sempre trabalhaste,
desde o começo da tua vida:
corre cada qual para um lado
e não há quem te possa socorrer.


Isaías (CNB) 38