João (CNB) 1




Prólogo

 Jesus, Palavra de Deus

1 1 No princípio era a Palavra, e a Palavra estava junto de Deus, e a Palavra era Deus. 2 Ela existia, no princípio, junto de Deus. 3 Tudo foi feito por meio dela, e sem ela nada foi feito de tudo o que existe. 4 Nela estava  a vida, e a vida era a luz dos homens. 5 E a luz brilha nas trevas, e as trevas não conseguiram dominá-la.
6
Veio um homem, enviado por Deus; seu nome era João. 7 Ele veio como testemunha, a fim de dar testemunho da luz, para que todos pudessem crer, por meio dele. 8 Não era ele a luz, mas veio para dar testemunho da luz.
9
Esta era a luz verdadeira, que vindo ao mundo a todos ilumina. 10 Ela estava no mundo, e o mundo foi feito por meio dela, mas o mundo não a reconheceu. 11 Ela veio para o que era seu, mas os seus não a acolheram.
12
A quantos, porém, a acolheram, deu-lhes poder de se tornarem filhos de Deus: são os que crêem no seu nome. 13 Estes foram gerados não do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus.
14
E a Palavra se fez carne e veio morar en­tre nós. Nós vimos a sua glória, glória que recebe do seu Pai como filho único, cheio de graça e de verdade.
15
João dá testemunho dele e proclama: “Foi dele que eu disse: ‘Aquele que vem depois de mim passou à minha frente, porque antes de mim ele já existia’”.
16
De sua plenitude todos nós recebemos, graça por graça. 17 Pois a Lei foi dada por meio de Moisés, a graça e a verdade vieram por meio de Jesus Cristo. 18 Ninguém jamais viu a Deus; o Filho único, que é Deus e está na intimidade do Pai, foi quem o deu a conhecer.


O tempo dos “sinais”

 O testemunho de João Batista

19 Este é o testemunho de João, quando os judeus enviaram, de Jerusalém, sacerdotes e levitas para lhe perguntar: “Quem és tu?” 20 Ele confessou e não negou; ele confessou: “Eu não sou o Cristo”. 21 Pergun­taram: “Quem és, então? Tu és Elias?” Respondeu: “Não sou”. – “Tu és o profeta?” – “Não”, respondeu ele. 22 Perguntaram-lhe: “Quem és, afinal? Precisamos dar uma res­posta àqueles que nos envia­ram. Que dizes de ti mesmo?” 23 Ele declarou:
“Eu sou a voz de quem grita no deserto:Endireitai o caminho para o Senhor!’”,
conforme disse o profeta Isaías.
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Eles tinham sido enviados da parte dos fariseus, 25 e perguntaram a João: “Por que, então, batizas, se não és o Cristo, nem Elias, nem o profeta?” 26 João lhes respondeu: “Eu batizo com água. Mas entre vós está alguém que vós não conheceis: 27 aquele que vem depois de mim, e do qual eu não sou digno de desatar as correias da sandália!”
28
Isso aconteceu em Betânia, do outro lado do Jordão, onde João estava batizando.

 O Cordeiro de Deus

29 No dia seguinte, João viu que Jesus vinha a seu encontro e disse: “Eis o Cordeiro de Deus, aquele que tira o pecado do mundo. 30 É dele que eu falei: ‘Depois de mim vem um homem que passou à minha frente, porque antes de mim ele já existia’! 31 Eu também não o conhecia, mas vim batizar com água para que ele fosse manifestado a Israel”. 32 João ainda testemunhou: “Eu vi o Espírito descer do céu, como pomba, e permanecer sobre ele. 33 Pois eu não o conhecia, mas aquele que me enviou a batizar com água disse-me: ‘Aquele sobre quem vires o Espírito descer e permanecer, é ele quem batiza com o Espírito Santo’. 34 Eu vi, e por isso dou testemunho: ele é o Filho de Deus!”

 Os primeiros discípulos

35 No dia seguinte, João estava lá, de novo, com dois dos seus discípulos. 36 Vendo Jesus caminhando, disse: “Eis o Cordeiro de Deus”! 37 Os dois discípulos ouviram esta declaração­ de João e passaram a seguir Jesus. 38 Jesus vol­tou-se para trás e, vendo que eles o seguiam, perguntou-lhes: “Que procurais?” Eles responderam: “Rabi (que quer dizer Mestre), on­de moras?” 39 Ele respondeu: “Vinde e vede”! Foram, viram onde morava e perma­neceram com ele aquele dia.
Era por volta das quatro horas da tarde.
40
André, irmão de Simão Pedro, era um dos dois que tinham ouvido a declaração de João e seguido Jesus. 41 Ele encontrou primeiro o próprio irmão, Simão, e lhe falou: “En­contra­mos o Cristo!” (que quer dizer Mes­sias). 42 Então, conduziu-o até Jesus, que lhe disse, olhando para ele: “Tu és Simão, filho de João. Tu te chamarás Cefas!” (que quer dizer Pedro).

 Vocação de Filipe e de Natanael

43 No dia seguinte, ele decidiu partir para a Galiléia e encontrou Filipe. Jesus disse a este: “Segue-me”! (44 Filipe era de Betsaida, a cidade de André e de Pedro.) 45 Filipe encontrou-se com Natanael e disse-lhe: “Encontramos Jesus, o filho de José, de Na­zaré, aquele sobre quem escreveram Moisés, na Lei, bem como os Profetas”. 46 Natanael perguntou: “De Nazaré pode sair algo de bom?” Filipe respondeu: “Vem e vê”! 47 Jesus viu Natanael que vinha ao seu encontro e declarou a respeito dele: “Este é um verdadeiro israelita, no qual não há falsidade”! 48 Natanael disse-lhe: “De onde me conheces?” Jesus respondeu: “Antes que Filipe te chamasse, quando estavas debaixo da figueira, eu te vi”. 49 Natanael exclamou: “Rabi, tu és o Filho de Deus, tu és o Rei de Israel!” 50 Jesus lhe respondeu: “Estás crendo só porque falei que te vi debaixo da figueira? Verás coisas maiores que estas”. 51 E disse-lhe ainda: “Em verdade, em verdade, vos digo: vereis o céu aberto e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do Homem!”

 As bodas de Caná

2 1 No terceiro dia, houve um casamento em Caná da Galiléia, e a mãe de Jesus estava lá. 2 Também Jesus e seus discípulos foram convidados para o casamento. 3 Faltando o vinho, a mãe de Jesus lhe disse: “Eles não têm vinho!” 4 Jesus lhe respondeu: “Mulher, para que me dizes isso? A minha hora ainda não chegou”.
5
Sua mãe disse aos que estavam servindo: “Fazei tudo o que ele vos disser!” 6 Estavam ali seis talhas de pedra, de quase cem litros cada, destinadas às purificações rituais dos judeus. 7 Jesus disse aos que estavam servindo: “Enchei as talhas de água”! E eles as encheram até à borda. 8 Então disse: “Agora, tirai e levai ao encarregado da festa”. E eles levaram. 9 O encarregado da festa provou da água mudada em vinho, sem saber de onde viesse, embora os serventes que tiraram a água o soubessem. Então chamou o noivo 10 e disse-lhe: “Todo mundo serve primeiro o vinho bom e, quando os convidados já beberam bastante, serve o menos bom. Tu guardaste o vinho bom até agora”. 11 Este início dos sinais, Jesus o realizou em Caná da Galiléia. Manifestou sua glória, e os seus discípulos creram nele.
12
Depois disso, Jesus desceu para Ca­far­naum, com sua mãe, seus irmãos e seus discí­pulos. Lá, permaneceram apenas alguns dias.

 Subida a Jerusalém e gesto profético no templo

13 Estava próxima a Páscoa dos judeus; Jesus, então, subiu a Jerusalém. 14 No templo, encontrou os que vendiam bois, ovelhas e pombas, e os cambistas nas suas bancas. 15 Então fez um chicote com cordas e a todos expulsou do templo, juntamente com os bois e as ovelhas; jogou no chão o dinheiro dos cambistas e der­rubou suas bancas, 16 e aos vendedores de pombas disse: “Tirai daqui essas coisas. Não façais da casa de meu Pai um mercado”! 17 Os discípulos se recordaram do que está escrito: “O zelo por tua casa me há de devorar”.
18
Então os judeus perguntaram a Jesus: “Que sinal nos mostras para agires assim?” 19 Jesus respondeu: “Destruí vós este templo, e em três dias eu o reerguerei”. 20 Os judeus, então, disseram: “A construção deste templo levou quarenta e seis anos, e tu serias capaz de erguê-lo em três dias?” 21 Ora, ele falava isso a respeito do templo que é seu corpo. 22 Depois que Jesus fora reerguido dos mortos, os discípulos se recordaram de que ele tinha dito isso, e creram na Escritura e na palavra que Jesus havia falado.

 Jesus em Jerusalém. Nicodemos

23 Estando em Jerusalém, na festa da Páscoa, muitos creram no seu nome, vendo os sinais que realizava. 24 Jesus, no entanto, não lhes dava crédito, porque conhecia a todos 25 e não precisava de ser informado a respeito do ser humano. Ele bem sabia o que havia dentro do homem.

3 1 Havia alguém dentre os fariseus, chamado Nicodemos, um dos chefes dos judeus. 2 À noite, ele foi se encontrar com Jesus e lhe disse: “Rabi, sabemos que vieste como mestre da parte de Deus, pois ninguém é capaz de fazer os sinais que tu fazes, se Deus não está com ele”. 3 Jesus respondeu: “Em verdade, em verdade, te digo: se alguém não nascer do alto, não poderá ver o Reino de Deus!” 4 Nicodemos perguntou: “Como pode alguém nascer, se já é velho? Ele poderá entrar uma segunda vez no ventre de sua mãe para nascer?” 5 Jesus respondeu: “Em verdade, em verdade, te digo: se alguém não nascer da água e do Espírito, não poderá entrar no Reino de Deus. 6 O que nasceu da carne é carne; o que nasceu do Espírito é espírito. 7 Não te admires do que eu te disse: É necessário para vós nascer do alto. 8 O vento sopra onde quer e ouves a sua voz, mas não sabes de onde vem, nem para onde vai. Assim é também todo aquele que nasceu do Espírito”.
9
Nicodemos, então, perguntou: “Como pode isso acontecer?” 10 Jesus respondeu: “Tu és o mestre de Israel e não conheces estas coisas? 11 Em verdade, em verdade, te digo: nós falamos do que conhecemos e damos testemunho do que vimos, mas vós não acei­tais o nosso testemunho. 12 Se não acre­ditais quando vos falo das coisas da terra, como ireis crer quando eu vos falar das coisas do céu? 13 Ninguém subiu ao céu senão aquele que desceu do céu: o Filho do Homem. 14 Co­mo Moisés levantou a serpente no deserto, assim também será levantado o Filho do Homem, 15 a fim de que todo o que nele crer tenha vida eterna”.

 Finalidade da missão de Jesus

16 De fato, Deus amou tanto o mundo, que deu o seu Filho único, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna. 17 Pois Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por ele. 18 Quem crê nele não será condenado, mas quem não crê já está condenado, porque não acreditou no nome do Filho único de Deus. 19 Ora, o julgamento consiste nisto: a luz veio ao mundo, mas as pessoas amaram mais as trevas do que a luz, porque as suas obras eram más. 20 Pois todo o que pratica o mal odeia a luz e não se aproxima da luz, para que suas ações não sejam denunciadas. 21 Mas quem pratica a verdade se aproxima da luz, para que suas ações sejam manifestadas, já que são praticadas em Deus.

 Último testemunho do Batista

22 Depois disso, Jesus e seus discípulos fo­ram para a região da Judéia. Ele ficava lá com eles e batizava. 23 João também estava ba­tizando, em Enon, perto de Salim, onde ha­via muita água. As pessoas iam lá para se­rem batizadas. 24 João ainda não tinha sido lan­çado na prisão.
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Surgiu então, da parte dos discípulos de João, uma discussão com um judeu, a respeito da purificação. 26 Eles foram falar com João: “Mestre, aquele que estava contigo do outro lado do Jordão, e de quem tu deste testemunho, está batizando, e todos vão a ele”. 27 João respondeu: “Ninguém pode receber coisa alguma, se não lhe for dada do céu. 28 Vós mesmos sois testemunhas daquilo que eu disse: ‘Eu não sou o Cristo, mas fui enviado à sua frente’. 29 Quem recebe a noiva é o noivo, mas o amigo do noivo, que está presente e o escuta, enche-se de alegria, quando ouve a voz do noivo. Esta é a minha alegria, e ela ficou completa. 30 É necessário que ele cresça, e eu diminua”.

 Aquele que vem do alto

31 Aquele que vem do alto está acima de todos. Quem é da terra, pertence à terra e fala coisas da terra. Aquele que vem do céu está acima de todos. 32 Ele dá testemunho do que viu e ouviu, mas ninguém aceita o seu testemunho. 33 Quem aceita o seu testemunho atesta que Deus é verdadeiro. 34 De fato, aquele que Deus enviou fala as palavras de Deus, pois ele dá o espírito sem medida. 35 O Pai ama o Filho e entregou tudo em suas mãos. 36 Aquele que crê no Filho tem a vida eterna. Aquele, porém, que se recusa a crer no Filho não verá a vida, mas a ira de Deus permanece sobre ele.

 Jesus na Samaria. A samaritana

4 1 Jesus soube que os fariseus ouviram dizer que ele reunia mais discípulos e batizava mais do que João 2 – se bem que Jesus mesmo não batizasse, mas os seus discípulos. 3 Por isso, saiu da Judéia e voltou para a Galiléia.
4
Era preciso que ele passasse pela Samaria. 5 Chegou, pois, a uma cidade da Samaria, chamada Sicar, perto da propriedade que Jacó tinha dado a seu filho José. 6 Havia ali a fonte de Jacó. Jesus, cansado da viagem, sentou-se junto à fonte. Era por volta do meio-dia.
7
Veio uma mulher da Samaria buscar água. Jesus lhe disse: “Dá-me de beber!” 8 Os seus discípulos tinham ido à cidade comprar algo para comer. 9 A samaritana disse a Jesus: “Como é que tu, sendo judeu, pedes de beber a mim, que sou uma mulher samaritana?” De fato, os judeus não se relacionam com os samaritanos. 10 Jesus respondeu: “Se conhecesses o dom de Deus e quem é aquele que te diz: ‘Dá-me de beber’, tu lhe pedirias, e ele te daria água viva”. 11 A mulher disse: “Senhor, não tens sequer um balde, e o poço é fundo; de onde tens essa água viva? 12 Serás maior que nosso pai Jacó, que nos deu este poço, do qual bebeu ele mesmo, como também seus filhos e seus animais?” 13 Jesus respondeu: “Todo o que beber desta água, terá sede de novo; 14 mas quem beber da água que eu darei, nunca mais terá sede, porque a água que eu darei se tornará nele uma fonte de água jorrando para a vida eterna”.
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A mulher disse então a Jesus: “Senhor, dá-me dessa água, para que eu não tenha mais sede, nem tenha de vir aqui tirar água”. 16 Ele lhe disse: “Vai chamar teu marido e volta aqui!” 17 – “Eu não tenho marido”, respondeu a mulher. Ao que Jesus retrucou: “Disseste bem que não tens marido. 18 De fato, tiveste cinco maridos, e o que tens agora não é teu marido. Nisto falaste a verdade”.
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A mulher lhe disse: “Senhor, vejo que és um profeta! 20 Os nossos pais adoraram sobre esta montanha, mas vós dizeis que em Jerusalém está o lugar em que se deve adorar”. 21 Jesus lhe respondeu: “Mulher, acredita-me: vem a hora em que nem nesta montanha, nem em Jerusalém adorareis o Pai. 22 Vós adorais o que não conheceis. Nós adoramos o que conhecemos, pois a salvação vem dos judeus. 23 Mas vem a hora, e é agora, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e verdade. Estes são os adoradores que o Pai procura. 24 Deus é Espírito, e os que o adoram devem adorá-lo em espírito e verdade”. 25 A mulher disse-lhe: “Eu sei que virá o Messias (isto é, o Cristo); quando ele vier, nos fará conhecer todas as coisas”. 26 Jesus lhe disse: “Sou eu, que estou falando contigo”.

 A missão na Samaria

27 Nisto chegaram os discípulos e ficaram admirados ao ver Jesus conversando com uma mulher. Mas ninguém perguntou: “Que procuras?”, nem: “Por que conversas com ela?”. 28 A mulher deixou a sua bilha e foi à cidade, dizendo às pessoas: 29 “Vinde ver um homem que me disse tudo o que eu fiz. Não será ele o Cristo?” 30 Saíram da cidade ao encontro de Jesus.
31
Enquanto isso, os discípulos insistiam com Jesus: “Rabi, come!” 32 Mas ele lhes disse: “Eu tenho um alimento para comer, que vós não conheceis”. 33 Os discípulos comentavam entre si: “Será que alguém lhe trouxe alguma coisa para comer?” 34 Jesus lhes disse: “O meu alimento é fazer a vontade daquele que me enviou e levar a termo a sua obra. 35 Não dizeis vós: ‘Ainda quatro meses, e aí vem a colheita!’? Pois eu vos digo: levantai os olhos e vede os campos, como estão dourados, prontos para a colheita! 36 Aquele que colhe já recebe o salário; ele ajunta fruto para a vida eterna. Assim, o que semeia se alegra junto com o que colhe. 37 Pois nisto está certo o provérbio ‘Um é o que semeia e outro é o que colhe’: 38 eu vos enviei para colher o que não é fruto do vosso cansaço; outros se cansaram e vós entrastes no que lhes custou tanto cansaço”.

 Jesus entre os samaritanos

39 Muitos samaritanos daquela cidade acreditaram em Jesus por causa da palavra da mulher que testemunhava: “Ele me disse tudo o que eu fiz”. 40 Os samaritanos foram a ele e pediram que permanecesse com eles; e ele permaneceu lá dois dias. 41 Muitos outros ainda creram por causa da palavra dele, 42 e até disseram à mulher: “Já não é por causa daquilo que contaste que cremos, pois nós mesmos ouvimos e sabemos que este é verdadeiramente o Salvador do mundo”.

 Na Galiléia. O filho do funcionário real

43 Passados os dois dias, Jesus foi para a Galiléia. (44 Jesus mesmo tinha declarado, de fato, que um profeta não é reconhecido em sua própria terra.) 45 Quando então chegou à Galiléia, os galileus o receberam bem, porque tinham visto tudo o que fizera em Jerusalém, por ocasião da festa. Pois também eles tinham ido à festa.
46
Jesus voltou a Caná da Galiléia, onde tinha mudado a água em vinho. Havia um funcionário do rei, cujo filho se encontrava doente em Cafarnaum. 47 Quando ouviu dizer que Jesus tinha vindo da Judéia para a Galiléia, ele foi ao encontro dele e pediu-lhe que descesse até Cafarnaum para curar o seu filho, que estava à morte.
48
Jesus lhe disse: “Se não virdes sinais e prodígios, nunca acreditareis”. 49 O funcionário do rei disse: “Senhor, desce, antes que meu filho morra!” 50 Ele respondeu: “Podes ir, teu filho vive”. O homem acreditou na palavra de Jesus e partiu. 51 Enquanto descia para Cafarnaum, os empregados foram-lhe ao encontro para dizer que seu filho vivia. 52 O funcionário do rei perguntou a que horas o menino tinha melhorado. Eles responderam: “Ontem, à uma da tarde, a febre passou”. 53 O pai verificou que era exatamente nessa hora que Jesus lhe tinha dito: “Teu filho vive”. Ele, então, passou a crer, juntamente com toda a sua família.
54
Também este segundo sinal, Jesus o fez depois de voltar da Judéia para a Galiléia.

 O enfermo de Bezata

5 1 Depois disso, houve uma festa dos judeus, e Jesus subiu a Jerusalém. 2 Ora, existe em Jerusalem, perto da Porta das Ovelhas, uma piscina com cinco pórticos, cha­mada Bezata em hebraico. 3 Muitos doentes, cegos, coxos e paralíticos ficavam ali deitados.  [3b-4] .
5
Encontrava-se ali um homem enfermo havia trinta e oito anos. 6 Jesus o viu ali deitado e, sabendo que estava assim desde muito tempo, perguntou-lhe: “Queres ficar curado?” 7 O enfermo respondeu: “Senhor, não tenho ninguém que me leve à piscina, quando a água se movimenta. Quando estou chegando, outro entra na minha frente”. 8 Jesus lhe disse: “Levanta-te, pega a tua maca e anda”. 9 No mesmo instante, o homem ficou curado, pegou sua maca e começou a andar.
Aquele dia, porém, era um sábado. 10
Por isso, os judeus disseram ao homem que tinha sido curado: “É sábado. Não te é permitido carregar a tua maca”. 11 Ele respondeu: “Aquele que me curou disse: ‘Pega tua maca e anda!’” 12 Então lhe perguntaram: “Quem é que te disse: ‘Pega a tua maca e anda’?” 13 O homem que tinha sido curado não sabia quem era, pois Jesus se afastara da multidão que se tinha ajuntado ali. 14 Mais tarde, Jesus encontrou o homem no templo e lhe disse: “Olha, estás curado. Não peques mais, para que não te aconteça coisa pior”.
15
O homem saiu e contou aos judeus que tinha sido Jesus quem o havia curado. 16 Por isso, os judeus começaram a perseguir Jesus, porque fazia tais coisas em dia de sábado. 17 Jesus, porém, deu-lhes esta resposta: “Meu Pai trabalha sempre, e eu também trabalho”. 18 Por isso, os judeus ainda mais procuravam matá-lo, pois, além de violar o sábado, chamava a Deus de Pai, fazendo-se assim igual a Deus.

 Jesus tem poder de julgar

19 Jesus então deu-lhes esta resposta: “Em verdade, em verdade, vos digo: o Filho não pode fazer nada por si mesmo; ele faz apenas o que vê o Pai fazer. O que o Pai faz, o Filho o faz igualmente. 20 O Pai ama o Filho e lhe mostra tudo o que ele mesmo faz. E lhe mostrará obras maiores ainda, de modo que ficareis admirados. 21 Assim como o Pai ressuscita os mortos e lhes dá a vida, o Filho também dá a vida a quem ele quer. 22 Na verdade, o Pai não julga ninguém, mas deu ao Filho o poder de julgar, 23 para que todos honrem o Filho assim como honram o Pai. Quem não honra o Filho, também não honra o Pai que o enviou. 24 Em verdade, em verdade, vos digo: quem escuta a minha palavra e crê naquele que me enviou possui a vida eterna e não vai a julgamento, mas passou da morte para a vida. 25 Em verdade, em verdade, vos digo: vem a hora, e é agora, em que os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus e os que a ouvirem viverão. 26 Pois assim como o Pai possui a vida em si mesmo, do mesmo modo concedeu ao Filho possuir a vida em si mesmo. 27 Além disso, deu-lhe o poder de julgar, pois ele é o Filho do Homem. 28 Não fiqueis admirados com isso, pois vem a hora em que todos os que estão nos túmulos ouvirão sua voz, 29 e sairão. Aqueles que fizeram o bem ressuscitarão para a vida; e aqueles que praticaram o mal, ressuscitarão para a condenação. 30 Eu não posso fazer nada por mim mesmo. Julgo segundo o que eu escuto, e o meu julgamento é justo, porque procuro fazer não a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou.

 O testemunho do Pai

31 “Se eu dou testemunho de mim mesmo, o meu testemunho não é verdadeiro. 32 Um outro é quem dá testemunho de mim, e eu sei que o testemunho que ele dá de mim é verdadeiro. 33 Vós mandastes perguntar a João, e ele deu testemunho da verdade. 34 Ora, eu não recebo testemunho da parte de um ser humano, mas digo isso para a vossa salvação. 35 João era a lâmpada que iluminava com sua chama ardente, e vós gostastes, por um tempo, de alegrar-vos com a sua luz.
36
Mas eu tenho um testemunho maior que o de João: as obras que o Pai me concedeu realizar. As obras que eu faço dão testemunho de mim, pois mostram que o Pai me en­viou. 37 Sim, o Pai que me enviou dá testemu­nho a meu favor. Mas vós nunca ouvistes a sua voz, nem vistes a sua face, 38 e não tendes­ a sua palavra morando em vós, pois não acre­ditais naquele que ele enviou. 39 Exami­nais as Escrituras, pensando ter nelas a vida eterna, e são elas que dão testemunho de mim. 40 Vós, porém, não quereis vir a mim para terdes a vida!
41
Eu não recebo glória que venha dos homens. 42 Pelo contrário, eu vos conheço: não tendes em vós o amor de Deus. 43 Eu vim em nome do meu Pai, e vós não me recebeis. Mas, se um outro viesse em seu próprio no­me, a esse receberíeis. 44 Como podereis acreditar, vós que recebeis glória uns dos outros e não buscais a glória que vem do Deus único? 45 Não penseis que eu vos acusarei dian­te do Pai. Há alguém que vos acusa: Moi­sés, no qual colocais a vossa esperança. 46 Se acreditásseis em Moisés, também acredi­ta­ríeis em mim, pois foi a meu respeito que ele escreveu. 47 Mas, se não acreditais nos seus escritos, como podereis crer nas minhas palavras?”

 O sinal do pão

6 1 Depois disso, Jesus foi para o outro lado do mar da Galiléia, ou seja, de Tiberíades. 2 Uma grande multidão o seguia, vendo os sinais que ele fazia a favor dos doentes. 3 Jesus subiu a montanha e sentou-se lá com os seus discípulos. 4 Estava próxima a Páscoa, a festa dos judeus.
5
Levantando os olhos e vendo uma grande multidão que vinha a ele, Jesus disse a Filipe: “Onde vamos comprar pão para que estes possam comer?” 6 Disse isso para testar Filipe, pois ele sabia muito bem o que ia fazer. 7 Filipe respondeu: “Nem duzentos denários de pão bastariam para dar um pouquinho a cada um”. 8 Um dos discípulos, André, irmão de Simão Pedro, disse: 9 “Está aqui um menino com cinco pães de cevada e dois peixes. Mas, que é isso para tanta gente?” 10 Jesus disse: “Fazei as pessoas sentar-se”. Naquele lugar havia muita relva, e lá se sentaram os homens em número de apro­ximadamente cinco mil. 11 Jesus tomou os pães, deu graças e distribuiu aos que estavam sentados, tanto quanto queriam. E fez o mesmo com os peixes. 12 Depois que se far­taram, disse aos discípulos: “Juntai os pedaços que sobraram, para que nada se perca!” 13 Eles juntaram e encheram doze cestos, com os pedaços que sobraram dos cinco pães de cevada que comeram.
14
À vista do sinal que Jesus tinha realizado,­ as pessoas exclamavam: “Este é verdadeiramente o profeta, aquele que deve vir ao mun­do”. 15 Quando Jesus percebeu que queriam levá-lo para proclamá-lo rei, novamente­ se retirou sozinho para a montanha.

 Andando sobre a água

16 Ao anoitecer, os discípulos desceram para a beira-mar. 17 Entraram no barco e foram na direção de Cafarnaum, do outro lado do mar. Já estava escuro, e Jesus ainda não tinha vin­do a eles. 18 Soprava um vento forte, e o mar estava agitado. 19 Os discípulos tinham remado uns cinco quilômetros, quando avistaram Jesus andando sobre as águas e aproximando-se do barco. E ficaram com medo. 20 Jesus, porém, lhes disse: “Sou eu. Não te­nhais me­do!” 21 Eles queriam receber Jesus no barco, mas logo o barco atingiu a terra para onde estavam indo.

 Reencontro em Cafarnaum

22 No dia seguinte, a multidão que tinha ficado do outro lado do mar notou que antes havia aí um só barco e que Jesus não tinha entrado nele com os discípulos, os quais tinham partido sozinhos. 23 Entretanto, outros barcos chegaram de Tiberíades, perto do lu­gar onde tinham comido o pão depois de o Senhor ter dado graças. 24 Quando a multidão percebeu que Jesus não estava aí, nem os seus discípulos, entraram nos barcos e fo­ram procurar Jesus em Cafarnaum. 25 Encontrando-o do outro lado do mar, perguntaram-lhe: “Rabi, quando chegaste aqui?”
26
Jesus respondeu: “Em verdade, em verdade, vos digo: estais me procurando não porque vistes sinais, mas porque comestes pão e ficastes saciados. 27 Trabalhai não pelo alimento que perece, mas pelo alimento que permanece até à vida eterna, e que o Filho do Homem vos dará. Pois a este, Deus Pai o as­si­nalou com seu selo”. 28 Perguntaram então: “Que devemos fazer para praticar as obras de Deus?” 29 Jesus respondeu: “A obra de Deus é que acrediteis naquele que ele enviou”.

 O verdadeiro pão do céu

30 Eles perguntaram: “Que sinais realizas para que possamos ver e acreditar em ti? Que obras fazes? 31 Nossos pais comeram o maná no deserto, como está escrito: ‘Deu-lhes a co­mer o pão do céu’”. 32 Jesus respondeu: “Em verdade, em verdade, vos digo: não foi Moisés quem vos deu o pão do céu. É meu Pai quem vos dá o verdadeiro pão do céu. 33 Pois o pão de Deus é aquele que desce do céu e dá vida ao mundo”. 34 Eles então pe­diram: “Senhor, dá-nos sempre desse pão!” 35 Jesus lhes disse: “Eu sou o pão da vida. Quem vem a mim não terá mais fome, e quem crê em mim nunca mais terá sede. 36 Contudo, eu vos disse que me vistes, mas não credes. 37 Todo aquele que o Pai me dá, virá a mim, e quem vem a mim eu não lan­ça­rei fora, 38 porque eu desci do céu não para fazer a minha vontade, mas a vontade daque­le que me enviou.
39
E esta é a vontade daquele que me enviou: que eu não perca nenhum daqueles que ele me deu, mas os ressuscite no último dia. 40 Esta é a vontade do meu Pai: quem vê o Filho e nele crê tenha a vida eterna. E eu o res­suscitarei no último dia”.

 Ensinados por Deus

41 Então, os judeus começaram a murmurar contra Jesus, porque ele dissera: “Eu sou o pão que desceu do céu”. 42 Diziam: “Este não é Jesus, o filho de José? Não conhecemos nós o seu pai e sua mãe? Como pode, então, dizer que desceu do céu?”
43
Jesus respondeu: “Não murmureis entre vós. 44 Ninguém pode vir a mim, se o Pai que me enviou não o atrair. E eu o ressuscitarei no último dia. 45 Está escrito nos Profetas: ‘Todos serão discípulos de Deus’. Ora, todo aquele que escutou o ensinamento do Pai e o aprendeu vem a mim. 46 Ninguém jamais viu o Pai, a não ser aquele que vem de junto de Deus: este viu o Pai. 47 Em verdade, em verdade, vos digo: quem crê, tem a vida eterna. 48 Eu sou o pão da vida. 49 Os vossos pais comeram o maná no deserto e, no entanto, morreram. 50 Aqui está o pão que desce do céu, para que não morra quem dele comer.

 O dom da vida de Jesus

51 “Eu sou o pão vivo que desceu do céu. Quem come deste pão viverá eternamente. E o pão que eu darei é a minha carne,  entregue pela vida do mundo”.
52
Os judeus discutiam entre si: “Como é que ele pode dar a sua carne a comer?” 53 Jesus disse: “Em verdade, em verdade, vos digo: se não comerdes a carne do Filho do Homem e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós. 54 Quem se alimenta com a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia. 55 Pois minha carne é verdadeira comida e meu sangue é verdadeira bebida. 56 Quem se alimenta com a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim, e eu nele. 57 Como o Pai, que vive, me enviou, e eu vivo por meio do Pai, assim aquele que de mim se alimenta viverá por meio de mim. 58 Este é o pão que desceu do céu. Não é como aquele que os vossos pais comeram – e no entanto morreram. Quem se alimenta com este pão viverá para sempre”.

 Palavras de vida eterna

59 Jesus falou estas coisas ensinando na sinagoga, em Cafarnaum. 60 Muitos discípulos que o ouviram disseram então: “Esta palavra é dura. Quem consegue escutá-la?” 61 Percebendo que seus discípulos estavam murmurando por causa disso, Jesus perguntou: “Isso vos escandaliza? 62 Que será, então, quando virdes o Filho do Homem subir para onde estava antes? 63 O Espírito é que dá a vida. A carne para nada serve. As palavras que vos falei são Espírito e são vida. 64 Mas há alguns entre vós que não crêem”. Jesus sabia desde o início quem eram os que acreditavam e quem havia de entregá-lo. 65 E acrescentou: “É por isso que eu vos disse: ‘Ninguém pode vir a mim, a não ser que lhe seja concedido pelo Pai’”.
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A partir daquele momento, muitos discípulos o abandonaram e não mais andavam com ele. 67 Jesus disse aos Doze: “Vós também quereis ir embora?” 68 Simão Pedro respondeu: “A quem iremos, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna. 69 Nós cremos firmemente e reconhecemos que tu és o Santo de Deus”. 70 Jesus respondeu: “Não vos escolhi a vós, os Doze? Contudo, um de vós é um diabo!” 71 Ele falava de Judas, filho de Simão Iscariotes, pois este, um dos Doze, iria entregá-lo.

 A festa das Tendas.  Jesus vai à festa secretamente

7 1 Depois disso, Jesus percorria a Galiléia; não queria andar pela Judéia, porque os judeus procuravam matá-lo.
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Estava próxima a festa dos judeus, chamada das Tendas. 3 Os irmãos de Jesus disseram-lhe: “Sai daqui e vai para a Judéia, para que também os teus discípulos vejam as obras que fazes. 4 Ninguém faz algo em segredo quando procura ser publicamente conhecido. Já que fazes essas coisas, manifesta-te ao mundo”. 5 Pois nem os seus irmãos acreditavam nele. 6 Jesus, então, disse a eles: “Ainda não chegou o tempo certo para mim. Para vós, ao contrário, é sempre o tempo certo. 7 A vós, o mundo não pode odiar, mas a mim odeia, porque eu dou testemunho dele, mostrando que suas obras são más. 8 Vós podeis subir para a festa. Eu não subo para esta festa, porque meu tempo ainda não se cumpriu”. 9 Dito isso, permaneceu na Galiléia.
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Depois que seus irmãos subiram para a festa, Jesus subiu também, não publicamente, mas em segredo. 11 Os judeus, no entanto, o procuravam na festa e perguntavam: “Onde está ele?” 12 Muito se murmurava a seu respeito no meio do povo. Uns diziam: “Ele é bom!”, outros: “Não, ele engana a multidão!” 13 Ninguém, entretanto, falava dele publicamente, por medo dos judeus.

 Discussão no meio da festa

14 Lá pelo meio da festa, Jesus subiu ao templo e começou a ensinar. 15 Os judeus comentavam admirados: “Como ele é tão letrado, sem nunca ter recebido instrução?” 16 Jesus respondeu: “O meu ensinamento não vem de mim mesmo, mas daquele que me enviou. 17 Se alguém quiser fazer-lhe a vontade, saberá se meu ensinamento é de Deus ou se falo por mim mesmo. 18 Quem fala por si mesmo procura a sua própria glória; mas quem procura a glória daquele que o enviou é verdadeiro e nele não há falsidade. 19 Moisés não vos deu a Lei? No entanto, nenhum de vós cumpre a Lei. Por que procurais matar-me?” 20 A multidão respondeu: “Tu tens um demônio! Quem é que te quer matar?” 21 Jesus replicou: “Fiz uma obra só, e vós todos ficastes espantados. 22 Moisés vos deu a circuncisão (embora ela não venha de Moisés, mas dos patriarcas); por isso, fazeis a circuncisão mesmo no dia de sábado. 23 Então, se alguém pode receber a circuncisão num dia de sábado, para não faltar com a Lei de Moisés, por que estais indignados comigo por ter curado um homem todo em dia de sábado? 24 Não julgueis pelas aparências; julgai de acordo com a justiça”.
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Alguns de Jerusalém diziam: “Não é este a quem procuram matar? 26 Olha, ele fala publicamente e ninguém lhe diz nada. Será que os chefes reconheceram que realmente ele é o Cristo? 27 Mas este, nós sabemos de onde é. O Cristo, quando vier, ninguém saberá de onde é”. 28 Enquanto, pois, ensinava no templo, Jesus exclamou: “Sim, vós me conheceis, e sabeis de onde eu sou. Ora, eu não vim por conta própria; aquele que me enviou é verdadeiro, mas vós não o conhe­ceis. 29 Eu o conheço, porque venho dele e foi ele quem me enviou!” 30 Eles procuravam, então, prendê-lo, mas ninguém lhe pôs as mãos, porque ainda não tinha chegado a sua hora. 31 Da multidão, muitos acreditavam nele, e comentavam: “Quando vier o Cristo, acaso fará mais sinais do que este?”
32
Os fariseus perceberam que a multidão murmurava tais coisas a respeito de Jesus. Os sumos sacerdotes e os fariseus mandaram então guardas para prendê-lo. 33 Mas, Jesus lhes disse: “Por pouco tempo ainda estou convosco; depois vou para aquele que me enviou. 34 Vós me procurareis e não me encontrareis. E lá, onde eu estou, vós não podeis ir”. 35 Os judeus comentavam: “Para onde irá, de modo que não o poderemos encontrar? Acaso irá aonde vivem os judeus dispersos entre os gregos? Irá ensinar aos gregos? 36 Que significa a palavra que ele falou: ‘Vós me procurareis e não me acha­reis’ e: ‘Lá onde eu estou, vós não podeis ir’?”

 No último dia da festa

37 No último e mais importante dia da festa, Jesus, de pé, exclamou: “Se alguém tem sede, venha a mim, e beba 38 quem crê em mim” – conforme diz a Escritura: “Do seu interior correrão rios de água viva”. 39 Ele disse isso falando do Espírito que haviam de receber os que acreditassem nele; pois não havia ainda o Espírito, porque Jesus ainda não fora glorificado.
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Ouvindo estas palavras, alguns da multidão afirmavam: 41 “Verdadeiramente, ele é o profeta!” Outros diziam: “Ele é o Cristo!” Mas outros discordavam: “O Cristo pode vir da Galiléia? 42 Não está na Escritura que o Cristo será da descendência de Davi e virá de Belém, o povoado de Davi?” 43 Surgiu, assim, uma divisão entre o povo por causa dele.
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Alguns queriam prendê-lo, mas ninguém lhe pôs as mãos. 45 Os guardas então voltaram aos sumos sacerdotes e aos fariseus, que lhes perguntaram: “Por que não o trouxestes?” 46 Responderam: “Ninguém jamais falou como este homem”. 47 Os fariseus disseram a eles: “Vós também vos deixastes iludir? 48 Acaso algum dos chefes ou dos fariseus acreditou nele? 49 Mas essa gente que não conhece a Lei são uns malditos!” 50 Nicodemos, porém, um dos fariseus, aquele que tinha ido a Jesus anteriormente, disse: 51 “Será que a nossa Lei julga alguém antes de ouvir ou saber o que ele fez?” 52 Eles responderam: “Tu também és da Galiléia? Examina as Escrituras, e verás que da Galiléia não surge profeta”.

 A mulher adúltera

53 Depois que cada um voltou para sua casa,


João (CNB) 1