João (CNB) 15

 A videira e o mandamento do amor

15 1 “Eu sou a videira verdadeira e meu Pai é o agricultor. 2 Todo ramo que não dá fruto em mim, ele corta; e todo ramo que dá fruto, ele limpa, para que dê mais fruto ainda. 3 Vós já estais limpos por causa da palavra que vos falei. 4 Permanecei em mim, e eu permanecerei em vós. Como o ramo não pode dar fruto por si mesmo, se não permanecer na videira, assim também vós não podereis dar fruto se não permanecerdes em mim. 5 Eu sou a videira e vós, os ramos. Aque­le que permanece em mim,  como eu nele, esse dá muito fruto; pois sem mim, nada podeis fazer. 6 Quem não permanecer em mim será lançado fora, como um ramo, e secará. Tais ramos são apanhados, lançados ao fogo e queimados. 7 Se permanecerdes em mim, e minhas palavras permanecerem em vós, pedi o que quiserdes, e vos será dado. 8 Nisto meu Pai é glorificado: que deis muito fruto e vos torneis meus discípulos.
9
Como meu Pai me ama, assim também eu vos amo. Permanecei no meu amor. 10 Se observardes os meus mandamentos, perma­ne­cereis no meu amor, assim como eu obser­vei o que mandou meu Pai e permaneço no seu amor. 11 Eu vos disse isso, para que a mi­nha alegria esteja em vós, e a vossa alegria seja completa.
12
Este é o meu mandamento: amai-vos uns aos outros, assim como eu vos amei. 13 Ninguém tem amor maior do que aquele que dá a vida por seus amigos. 14 Vós sois meus amigos, se fizerdes o que eu vos mando. 15 Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz o seu Senhor. Eu vos chamo amigos, porque vos dei a conhecer tudo o que ouvi de meu Pai. 16 Não fostes vós que me escolhestes; fui eu que vos escolhi e vos designei, para dardes fruto e para que o vosso fruto permaneça. Assim, tudo o que pedirdes ao Pai, em meu nome, ele vos dará. 17 O que eu vos mando é que vos ameis uns aos outros.

 O ódio do mundo

18 “Se o mundo vos odeia, sabei que primeiro odiou a mim. 19 Se fôsseis do mundo, o mundo vos amaria como ama o que é seu; mas, porque não sois do mundo, e porque eu vos escolhi do meio do mundo, por isso o mundo vos odeia. 20 Recordai-vos daquilo que eu vos disse: ‘O servo não é maior do que o seu senhor’. Se me perseguiram, perseguirão a vós também. E se guardaram a minha palavra, guardarão também a vossa. 21 Eles farão tudo isso por causa do meu nome, porque não conhecem aquele que me enviou. 22 Se eu não tivesse vindo e não lhes tivesse falado, eles não teriam pecado. Agora, porém, não têm desculpa para o seu pecado. 23 Quem me odeia, odeia a meu Pai, também. 24 Se eu não tivesse feito entre eles as obras que nenhum outro fez, não teriam pecado. Agora, porém, eles viram; e odiaram a mim e a meu Pai. 25 Mas isso é para que se cumpra a palavra que está escrita na Lei deles: ‘Odiaram-me sem motivo’.
26
Quando, porém, vier o Defensor que eu vos enviarei da parte do Pai, o Espírito da Verdade, que procede do Pai, ele dará testemunho de mim. 27 E vós, também, dareis testemunho, porque estais comigo desde o começo.

16 1 Eu vos disse estas coisas para que vossa fé não fique abalada. 2 Sereis expulsos das sinagogas, e virá a hora em que todo aquele que vos matar, julgará estar prestando culto a Deus. 3 Agirão assim por não terem conhecido nem ao Pai, nem a mim. 4 Eu vos falei assim, para que vos recordeis do que eu disse, quando chegar a hora.

 O Paráclito, ou Defensor

“Eu não vos disse isso desde o começo, porque eu estava convosco. 5 Agora, eu vou para aquele que me enviou, e nenhum de vós me pergunta: ‘Para onde vais?’ 6 Mas, porque vos falei assim, os vossos corações se encheram de tristeza. 7 No entanto, eu vos digo a verdade: é bom para vós que eu vá. Se eu não for, o Defensor não virá a vós. Mas, se eu for, eu o enviarei a vós. 8 Quando ele vier, acusará o mundo em relação ao pecado, à justiça e ao julgamento. 9 Quanto ao pecado: eles não acreditaram em mim. 10 Quanto à justiça: eu vou para o Pai, de modo que não mais me vereis. 11 E quanto ao julgamento: o chefe deste mundo já está condenado.
12
Tenho ainda muitas coisas a vos dizer, mas não sois capazes de compreender agora. 13 Quando ele vier, o Espírito da Verdade, vos guiará em toda a verdade. Ele não falará por si mesmo, mas dirá tudo quanto tiver ouvido e vos anunciará o que há de vir. 14 Ele me glorificará, porque receberá do que é meu para vos anunciar. 15 Tudo que o Pai tem é meu. Por isso, eu vos disse que ele receberá do que é meu para vos anunciar.

 A ausência-presença de Jesus

16 “Um pouco de tempo, e não mais me vereis; e mais um pouco, e me vereis de novo”. 17 Alguns dos seus discípulos comentavam: “Que significa isto que ele está dizendo: ‘Um pouco de tempo e não mais me vereis, e mais um pouco, e me vereis de novo’ e ‘Eu vou para junto do Pai’?” 18 Diziam ainda: “O que é esse ‘pouco’? Não entendemos o que ele quer dizer”. 19 Jesus entendeu que eles que­riam fazer perguntas; então falou: “Estais discutindo porque eu disse: ‘Um pouco de tempo, e não me vereis, e mais um pouco, e me vereis de novo’? 20 Em verdade, em verdade, vos digo: chorareis e lamentareis, mas o mun­do se alegrará. Ficareis tristes, mas a vossa tristeza se transformará em alegria. 21 A mulher, quando vai dar à luz, fica angustiada, por­que chegou a sua hora. Mas depois que a criança nasceu, já não se lembra mais das dores, na alegria de um ser humano ter vindo ao mundo. 22 Também vós agora sentis tris­te­za. Mas eu vos verei novamente, e o vosso co­ração se alegrará, e ninguém poderá tirar a vossa alegria. 23 Naquele dia, não me pergun­tareis mais nada.
Em verdade, em verdade, vos digo: se pe­dirdes ao Pai alguma coisa em meu nome, ele vos dará. 24
Até agora, não pedistes nada em meu nome. Pedi e recebereis, para que a vossa alegria seja completa.

 Jesus venceu o mundo

25 Eu vos falei estas coisas por meio de fi­guras. Vem a hora em que não mais vos falarei em figuras, mas vos falarei claramente do Pai. 26 Naquele dia pedireis em meu nome. E não digo que eu rogarei ao Pai por vós. 27 Pois o próprio Pai vos ama, porque vós me amastes e acreditastes que saí de junto de Deus. 28 Eu saí do Pai e vim ao mundo. De novo, deixo o mundo e vou para o Pai”.
29
Os seus discípulos disseram: “Agora, sim, falas abertamente, e não em figuras. 30 Agora vemos que conheces tudo e não precisas que ninguém te faça perguntas. Por isso acreditamos que saíste de junto de Deus!” 31 Jesus respondeu: “Credes agora? 32 Eis que vem a hora, e já chegou, em que vos disper­sareis, cada um para seu lado, e me deixareis sozinho. Mas eu não estou só. O Pai está sem­pre comigo. 33 Eu vos disse estas coisas para que, em mim, tenhais a paz. No mundo tereis aflições. Mas tende co­ragem! Eu venci o mundo”.

 A oração de Jesus na hora da glória

17 1 Assim Jesus falou, e elevando os olhos ao céu, disse: “Pai, chegou a hora. Glorifica teu filho, para que teu filho te glorifique, 2 assim como deste a ele poder sobre todos, a fim de que dê vida eterna a todos os que lhe deste. 3 (Esta é a vida eterna: que conheçam a ti, o Deus único e verda­deiro, e a Jesus Cristo, aquele que enviaste.) 4 Eu te glorifiquei na terra, realizando a obra que me deste para fazer. 5 E agora Pai, glorifica-me junto de ti mesmo, com a glória que eu tinha, junto de ti, antes que o mundo existisse.
6
Manifestei o teu nome aos homens que, do mundo, me deste. Eles eram teus e tu os deste a mim; e eles guardaram a tua palavra. 7 Agora, eles sabem que tudo quanto me deste vem de ti, 8 porque eu lhes dei as palavras que tu me deste, e eles as acolheram; e reconheceram verdadeiramente que eu saí de junto de ti e creram que tu me enviaste.
9
Eu rogo por eles. Não te rogo pelo mundo, mas por aqueles que me deste, porque são teus. 10 Tudo o que é meu é teu, e tudo o que é teu é meu. E eu sou glorificado neles. 11 Eu já não estou no mundo; mas eles estão no mundo, enquanto eu vou para junto de ti.
Pai Santo, guarda-os em teu nome, o nome que me deste, para que eles sejam um, como nós somos um. 12
Quando estava com eles, eu os guardava em teu nome, o nome que me deste. Eu os guardei, e nenhum deles se perdeu, a não ser o filho da perdição, para se cumprir a Escritura. 13 Agora, porém, eu vou para junto de ti, e digo estas coisas estando ainda no mundo, para que tenham em si a minha alegria em plenitude. 14 Eu lhes dei a tua palavra, mas o mundo os odiou, porque eles não são do mundo, como eu não sou do mundo.
15
Eu não rogo que os tires do mundo, mas que os guardes do maligno. 16 Eles não são do mundo, como eu não sou do mundo. 17 Consagra-os pela verdade: a tua palavra é a verdade. 18 Assim como tu me enviaste ao mundo, eu também os enviei ao mundo. 19 Eu me consagro por eles, a fim de que também eles sejam consagrados na verdade.
20
Eu não rogo somente por eles, mas também por aqueles que vão crer em mim pela palavra deles. 21 Que todos sejam um, como tu, Pai, estás em mim, e eu em ti. Que eles estejam em nós, a fim de que o mundo creia que tu me enviaste. 22 Eu lhes dei a glória que tu me deste, para que eles sejam um, como nós somos um: 23 eu neles, e tu em mim, para que sejam perfeitamente unidos, e o mundo conheça que tu me enviaste e os amaste como amaste a mim.
24
Pai, quero que estejam comigo aqueles que me deste, para que contemplem a minha glória, a glória que tu me deste, porque me amaste antes da criação do mundo.
25
Pai justo, o mundo não te conheceu, mas eu te conheci, e estes conheceram que tu me enviaste. 26 Eu lhes fiz conhecer o teu nome, e o farei conhecer ainda, para que o amor com que me amaste esteja neles, e eu mesmo esteja neles”.

 Traição e prisão

18 1 Dito isso, Jesus saiu com seus discípulos para o outro lado da torrente do Cedron. Lá havia um jardim, no qual ele entrou com os seus discípulos. 2 Também Ju­das, o traidor, conhecia o lugar, porque Jesus muitas vezes ali se reunia com seus discípulos. 3 Judas, pois, levou o batalhão  romano e os guardas dos sumos sacerdotes e dos fariseus, com lanternas, tochas e armas, e chegou ali. 4 Jesus, então, sabendo tudo o que ia acontecer com ele, saiu e disse: “A quem procurais?” 5 – “A Jesus de Nazaré!”, responderam. Ele disse: “Sou eu”. Judas, o traidor, estava com eles. 6 Quando Jesus disse “Sou eu”, eles recuaram e caíram por terra. 7 De novo perguntou-lhes: “A quem pro­curais?” Responderam: “A Jesus de Nazaré”. 8 Jesus retomou: “Já vos disse que sou eu. Se é a mim que procurais, deixai que estes aqui se retirem”. 9 Assim se cumpria a palavra que ele tinha dito: “Não perdi nenhum daqueles que me deste”. 10 Simão Pedro, que tinha uma espada, puxou-a e feriu o servo do sumo sacerdote, cortando-lhe a ponta da orelha direita. O nome do servo era Malco. 11 Jesus disse a Pedro: “Guarda a tua espada na bainha. Será que não vou beber o cálice que o Pai me deu?”

 Interrogatório de Anás e negação de Pedro

12 O batalhão, o comandante e os guardas dos judeus prenderam Jesus e o amarraram. 13 Primeiro, conduziram-no a Anás, sogro de Caifás, o sumo sacerdote daquele ano. 14 Cai­fás é quem tinha aconselhado aos judeus: “É conveniente que um só homem morra pelo povo”.
15
Simão Pedro e um outro discípulo seguiam­ Jesus. Este discípulo era conhecido do sumo sacerdote. Ele entrou com Jesus no pátio do sumo sacerdote. 16 Pedro ficou do lado de fora, perto da porta. O outro discípulo, que era co­nhecido do sumo sacerdote, saiu, conversou com a criada que atendia a porta e levou Pedro para dentro. 17 A criada disse a Pedro: “Não pertences tu também aos discípulos desse homem?” Ele respondeu: “Não”. 18 Os servos e os guardas tinham feito um fogo, porque fazia frio; estavam se aquecendo, e Pedro estava com eles para se aquecer.
19
O sumo sacerdote interrogou Jesus a respeito dos seus discípulos e do seu ensinamento. 20 Jesus respondeu: “Eu falei abertamente ao mundo. Eu sempre ensinei nas sina­gogas e no templo, onde os judeus se reú­nem. Nada falei às escondidas. 21 Por que me interrogas? Pergunta aos que ouviram o que eu falei; eles sabem o que eu disse”. 22 Quando assim falou, um dos guardas que ali estavam deu uma bofetada em Jesus, dizendo: “É assim que respondes ao sumo sacerdote?” 23 Jesus replicou-lhe: “Se falei mal, mos­tra em que falei mal; e se falei certo, por que me bates?” 24 Anás, então, mandou-o, amarrado, a Caifás.
25
Simão Pedro continuava lá, aquecendo-se. Disseram-lhe: “Não és tu, também, um dos discípulos dele?” Pedro negou: “Não”. 26 Então um dos servos do sumo sacerdote, parente daquele a quem Pedro tinha cortado a orelha, disse: “Será que não te vi no jardim com ele?” 27 Pedro negou de novo, e na mesma hora o galo cantou.

 Primeiro interrogatório de Pilatos   e soltura de Barrabás

28 De Caifás, levaram Jesus ao palácio do governador. Era de madrugada. Eles mesmos não entraram no palácio, para não se contaminarem e poderem comer a páscoa. 29 Pilatos saiu ao encontro deles e disse: “Que acusação apresentais contra este homem?” 30 Eles responderam: “Se não fosse um malfeitor, não o teríamos entregue a ti!” 31 Pilatos disse: “Tomai-o vós mesmos e julgai-o segundo vossa lei”. Os judeus responderam: “Não nos é permitido matar ninguém”. 32 Assim se realizava o que Jesus tinha dito, indicando de que morte havia de morrer.
33
Pilatos entrou, de volta, no palácio, chamou Jesus e perguntou-lhe: “Tu és o Rei dos Judeus?” 34 Jesus respondeu: “Estás dizendo isto por ti mesmo, ou outros te disseram isso de mim?” 35 Pilatos respondeu: “Acaso sou eu judeu? Teu povo e os sumos sacerdotes te entregaram a mim. Que fizeste?” 36 Jesus respondeu: “O meu reino não é deste mundo. Se o meu reino fosse deste mundo, os meus guardas lutariam para que eu não fosse entregue aos judeus. Mas, o meu reino não é daqui”. 37 Pilatos disse: “Então, tu és rei?” Jesus respondeu: “Tu dizes que eu sou rei. Eu nasci e vim ao mundo para isto: para dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade escuta a minha voz”. 38 Pilatos lhe disse: “Que é a verdade?”
Dito isso, saiu ao encontro dos judeus e declarou: “Eu não encontro nele nenhum motivo de condenação. 39
Mas existe entre vós um costume de que, por ocasião da Páscoa, eu vos solte um preso. Quereis que eu vos solte o Rei dos Judeus?” 40 Eles, então, se puseram a gritar: “Este não, mas Barrabás!” Ora, Barrabás era um assaltante.

 Flagelação, escárnio, novo  interrogatório, “julgamento”

19 1 Pilatos, então, mandou açoitar Jesus. 2 Os soldados trançaram uma coroa de espinhos, a puseram na cabeça de Jesus e o vestiram com um manto de púrpura. 3 Aproximavam-se dele e diziam: “Viva o Rei dos Judeus!”; e batiam nele.
4
Pilatos saiu outra vez e disse aos judeus: “Olhai! Eu o trago aqui fora, diante de vós, para que saibais que eu não encontro nele nenhum motivo de condenação”. 5 Então, Jesus veio para fora, trazendo a coroa de espinhos e o manto de púrpura. Ele disse-lhes: “Eis o homem”! 6 Quando o viram, os sumos sacerdotes e seus guardas começaram a gritar: “Crucifica-o! Crucifica-o!” Pilatos respondeu: “Levai-o, vós mesmos, para o crucificar, porque eu não encontro nele nenhum motivo de condenação”. 7 Os judeus responderam-lhe: “Nós temos uma Lei, e segundo esta Lei ele deve morrer, porque se fez Filho de Deus”.
8
Quando Pilatos ouviu isso, ficou com mais medo ainda. 9 Entrou no palácio outra vez e perguntou a Jesus: “De onde és tu?” Jesus ficou calado. 10 Então Pilatos disse-lhe: “Não me respondes? Não sabes que tenho poder para te soltar e poder para te crucificar?” 11 Jesus respondeu: “Tu não terias poder algum sobre mim, se não te fosse dado do alto. Por isso, quem me entregou a ti tem maior pecado”. 12 Por causa disso, Pilatos procurava soltar Jesus. Mas os judeus continuavam gritando: “Se soltas este homem, não és amigo de César. Todo aquele que se faz rei, declara-se contra César”.
13
Ouvindo estas palavras, Pilatos trouxe Jesus para fora e sentou-se no tribunal, no lugar conhecido como Pavimento (em hebraico: Gábata). 14 Era o dia da preparação da páscoa, por volta do meio-dia. Pilatos disse aos judeus: “Eis o vosso rei”. 15 Eles, porém, gritavam: “Fora! Fora! Crucifica-o!” Pilatos disse: “Vou crucificar o vosso rei?” Os sumos sacerdotes responderam: “Não temos rei senão César”. 16 Pilatos, então, lhes entre­gou Jesus para ser crucificado.

 A crucificação e o letreiro

Eles tomaram conta de Jesus. 17 Carregando a sua cruz, ele saiu para o lugar chamado Calvário (em hebraico: Gólgota). 18 Lá, eles o crucificaram com outros dois, um de cada lado, ficando Jesus no meio. 19 Pilatos tinha mandado escrever e afixar na cruz um letreiro; estava escrito assim: “Jesus de Nazaré, o Rei dos Judeus”. 20 Muitos judeus leram o letreiro, porque o lugar onde Jesus foi crucificado era perto da cidade; e estava escrito em hebraico, em latim e em grego. 21 Os sumos sacerdotes disseram então a Pilatos: “Não escrevas: ‘O Rei dos Judeus’, e sim: ‘Ele disse: Eu sou o Rei dos Judeus’”. 22 Pilatos respondeu: “O que escrevi, escrevi”.

 O sorteio das vestes

23 Depois que crucificaram Jesus, os soldados pegaram suas vestes e as dividiram em quatro partes, uma para cada soldado. A túnica era feita sem costura, uma peça só de cima em baixo. 24 Eles combinaram: “Não vamos rasgar a túnica. Vamos tirar sorte para ver de quem será”. Assim cumpriu-se a Escritura:
Repartiram entre si as minhas vestes e tiraram a sorte sobre minha túnica”.
Foi isso que os soldados fizeram.

 A mãe e o discípulo ao pé da cruz

25 Junto à cruz de Jesus, estavam de pé sua mãe e a irmã de sua mãe, Maria de Cléofas, e Maria Madalena. 26 Jesus, ao ver sua mãe e, ao lado dela, o discípulo que ele amava, disse à mãe: “Mulher, eis o teu filho!” 27 Depois disse ao discípulo: “Eis a tua mãe!” A partir daquela hora, o discípulo a acolheu no que era seu.

 A morte. “Está consumado”

28 Depois disso, sabendo Jesus que tudo estava consumado, e para que se cum­prisse a Escritura até o fim, disse: “Tenho sede”! 29 Havia ali uma jarra cheia de vinagre. Amar­raram num ramo de hissopo uma esponja embebida de vinagre e a levaram à sua boca. 30 Ele tomou o vinagre e disse: “Está con­sumado”. E, inclinando a cabeça, entregou o espírito.

 O lado aberto

31 Era o dia de preparação do sábado, e este seria solene. Para que os corpos não ficassem na cruz no sábado, os judeus pediram a Pilatos que mandasse quebrar as pernas dos crucificados e os tirasse da cruz. 32 Os soldados foram e quebraram as pernas, primeiro a um dos crucificados com ele e depois ao outro. 33 Chegando a Jesus, viram que estava morto. Por isso, não lhe quebraram as pernas, 34 mas um soldado golpeou-lhe o lado com uma lança, e imediatamente saiu sangue e água. (35 Aquele que viu dá testemunho, e o seu testemunho é verdadeiro; ele sabe que fala a verdade, para que vós, também, acrediteis.) 36 Isto aconteceu para que se cumprisse a Escritura que diz: “Não quebrarão nenhum dos seus ossos”. 37 E um outro texto da Escritura diz: “Olharão para aquele que traspassaram”.

 A sepultura

38 Depois disso, José de Arimatéia pediu a Pilatos para retirar o corpo de Jesus; ele era discípulo de Jesus às escondidas, por medo dos judeus. Pilatos o permitiu. José veio e retirou o corpo. 39 Veio também Nicodemos, aquele que anteriormente tinha ido a Jesus de noite; ele trouxe uns trinta quilos de perfume feito de mirra e de aloés. 40 Eles pegaram o corpo de Jesus e o envolveram, com os perfumes, em faixas de linho, do modo como os judeus costumam sepultar. 41 No lugar onde Jesus foi crucificado havia um jardim e, no jardim, um túmulo novo, onde ninguém tinha sido ainda sepultado. 42 Por ser dia de preparação para os judeus, e como o túmulo estava perto, foi lá que eles colocaram Jesus.

 O sepulcro vazio

20 1 No primeiro dia da semana, bem de madrugada, quando ainda estava escuro, Maria Madalena foi ao túmulo e viu que a pedra tinha sido retirada do túmulo. 2 Ela saiu correndo e foi se encontrar com Simão Pedro e com o outro discípulo, aquele que Jesus mais amava. Disse-lhes: “Tiraram o Senhor do túmulo e não sabemos onde o colocaram”. 3 Pedro e o outro discípulo saíram e foram ao túmulo. 4 Os dois corriam juntos, e o outro discípulo correu mais depressa, chegando primeiro ao túmulo. 5 Inclinando-se, viu as faixas de linho no chão, mas não entrou. 6 Simão Pedro, que vinha seguindo, chegou também e entrou no túmulo. Ele observou as faixas de linho no chão, 7 e o pano que tinha coberto a cabeça de Jesus: este pano não estava com as faixas, mas enrolado num lugar à parte. 8 O outro discípulo, que tinha chegado primeiro ao túmulo, entrou também, viu e creu. 9 De fato, eles ainda não tinham compreendido a Escritura, segundo a qual ele devia ressuscitar dos mortos. 10 Os discípulos, então, voltaram para casa.

 Aparição a Maria Madalena

11 Maria tinha ficado perto do túmulo, do lado de fora, chorando. Enquanto chorava, inclinou-se para olhar dentro do túmulo. 12 Ela enxergou dois anjos, vestidos de branco, sentados onde tinha sido posto o corpo de Jesus, um à cabeceira e outro aos pés. 13 Os anjos perguntaram: “Mulher, por que choras?” Ela respondeu: “Levaram o meu Senhor e não sei onde o colocaram”. 14 Dizendo isto, Maria virou-se para trás e enxergou Jesus em pé, mas ela não sabia que era Jesus. 15 Jesus perguntou-lhe: “Mulher, por que choras? Quem procuras?” Pensando que fosse o jardineiro, ela disse: “Senhor, se foste tu que o levaste, dize-me onde o colocaste, e eu irei buscá-lo”. 16 Então, Jesus falou: “Maria!” Ela voltou-se e exclamou, em hebraico: “Rabûni!” (que quer dizer: Mestre). 17 Jesus disse: “Não me segures, pois ainda não subi para junto do Pai. Mas vai dizer aos meus irmãos: subo para junto do meu Pai e vosso Pai, meu Deus e vosso Deus”. 18 Então, Maria Madalena foi anunciar aos discípulos: “Eu vi o Senhor”, e contou o que ele lhe tinha dito.

 Aparição aos discípulos

19 Ao anoitecer daquele dia, o primeiro da semana, os discípulos estavam reunidos, com as portas fechadas por medo dos judeus. Jesus entrou e pôs-se no meio deles. Disse: “A paz esteja convosco”. 20 Dito isso, mostrou-lhes as mãos e o lado. Os discípulos, então, se alegraram por verem o Senhor. 21 Jesus disse, de novo: “A paz esteja convosco. Como o Pai me enviou também eu vos envio”. 22 Então, soprou sobre eles e falou: “Recebei o Espírito Santo. 23 A quem perdoar­des os pecados, serão perdoa­dos; a quem os retiverdes, lhes serão retidos”.

 Aparição aos Onze com Tomé

24 Tomé, chamado Gêmeo, que era um dos Doze, não estava com eles quando Jesus veio. 25 Os outros díscipulos contaram-lhe: “Nós vimos o Senhor!” Mas Tomé disse: “Se eu não vir a marca dos pregos em suas mãos, se eu não puser o dedo nas marcas dos pregos, se eu não puser a mão no seu lado, não acreditarei”.
26
Oito dias depois, os discípulos encontravam-se reunidos na casa, e Tomé estava com eles. Estando as portas fechadas, Jesus entrou, pôs-se no meio deles e disse: “A paz es­teja convosco”. 27 Depois disse a Tomé: “Põe o teu dedo aqui e olha as minhas mãos. Estende a tua mão e coloca-a no meu lado e não sejas incrédulo, mas crê!” 28 Tomé respondeu: “Meu Senhor e meu Deus!” 29 Jesus lhe disse: “Creste porque me viste? Bem-aven­turados os que não viram, e creram!”

 Conclusão do evangelista

30 Jesus fez diante dos discípulos muitos outros sinais, que não estão escritos neste livro. 31 Estes, porém, foram escritos para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais a vida em seu nome.


epílogo: Depois da Ressurreição

 Aparição junto ao lago

21 1 Depois disso, Jesus apareceu de novo aos discípulos, à beira do mar de Tiberíades. A aparição foi assim: 2 Estavam juntos Simão Pedro, Tomé, chamado Gêmeo, Natanael, de Caná da Galiléia, os filhos de Zebedeu e outros dois discípulos dele. 3 Simão Pedro disse a eles: “Eu vou pescar”. Eles disseram: “Nós vamos contigo”. Saíram, entraram no barco, mas não pescaram nada naquela noite.
4
Já de manhã, Jesus estava aí na praia, mas os discípulos não sabiam que era Jesus. 5 Ele perguntou: “Filhinhos, tendes alguma coisa para comer?” Responderam: “Não”. 6 Ele lhes disse: “Lançai a rede à direita do barco e achareis”. Eles lançaram a rede e não conseguiam puxá-la para fora, por causa da quantidade de peixes. 7 Então, o discípulo que Jesus mais amava disse a Pedro: “É o Senhor!” Simão Pedro, ouvindo dizer que era o Senhor, vestiu e arregaçou a túnica (pois estava nu) e lançou-se ao mar. 8 Os outros discípulos vieram com o barco, arrastando as redes com os peixes. Na realidade, não estavam longe da terra, mas somente uns cem metros.
9
Quando chegaram à terra, viram umas brasas preparadas, com peixe em cima e pão. 10 Jesus disse-lhes: “Trazei alguns dos peixes que apanhastes”. 11 Então, Simão Pedro subiu e arrastou a rede para terra. Estava cheia de cento e cinqüenta e três grandes peixes; e apesar de tantos peixes, a rede não se rasgou. 12 Jesus disse-lhes: “Vinde comer”. Nenhum dos discípulos se atrevia a perguntar quem era ele, pois sabiam que era o Senhor.
13
Jesus aproximou-se, tomou o pão e deu a eles. E fez a mesma coisa com o peixe. 14 Esta foi a terceira vez que Jesus, ressuscitado dos mortos, apareceu aos discípulos.

 O pastoreio de Pedro

15 Depois de comerem, Jesus perguntou a Simão Pedro: “Simão, filho de João, tu me amas mais do que estes?” Pedro respondeu: “Sim, Senhor, tu sabes que te amo”. Jesus lhe disse: “Cuida dos meus cordeiros”. 16 E disse-lhe, pela segunda vez: “Simão, filho de João, tu me amas?”. Pedro respondeu: “Sim, Senhor, tu sabes que te amo”. Jesus lhe disse: “Apascenta minhas ovelhas”. 17 Pela terceira vez, perguntou a Pedro: “Simão, filho de João, tu me amas?” Pedro ficou triste, porque lhe perguntou pela terceira vez se o amava. E respondeu: “Senhor, tu sabes tudo; tu sabes que te amo”. Jesus disse-lhe: “Cuida das minhas ovelhas. 18 Em verdade, em verdade, te digo: quando eras jovem, tu mesmo amarravas teu cinto e andavas por onde querias; quando, porém, fores velho, estenderás as mãos, e outro te amarrará pela cintura e te levará para onde não queres ir”. (19 Disse isso para dar a entender com que morte Pedro iria glorificar a Deus.) E acrescentou: “Segue-me”.

 Pedro e o Discípulo Amado

20 Voltando-se, Pedro viu que também o seguia o discípulo que Jesus mais amava, aquele que na ceia se tinha inclinado sobre seu peito e perguntado: “Senhor, quem é que vai te entregar?” 21 Quando Pedro viu aquele discípulo, perguntou a Jesus: “E este, Senhor?” 22 Jesus respondeu: “Se eu quero que ele permaneça até que eu venha, que te importa? Tu, segue-me”. 23 Por isso, divulgou-se entre os irmãos que aquele discípulo não morreria. Ora, Jesus não tinha dito que ele não morreria, mas: “Se eu quero que ele permaneça até que eu venha, que te importa?”

 Conclusão do editor

24 Este é o discípulo que dá testemunho destas coisas e as pôs por escrito. Nós sabemos que seu testemunho é verdadeiro. 25 Ora, Jesus fez ainda muitas outras coisas. Se todas elas fossem escritas uma por uma, creio que nem o mundo inteiro poderia conter os livros que seria preciso escrever.



João (CNB) 15