Josué (CNB) 1




Investidura de Josué

 Missão de introduzir o povo na terra prometida

1 1 Após a morte de Moisés, o servo do Senhor, falou o Senhor a Josué, filho de Nun e ajudante de Moisés: 2 “Moisés, meu servo, morreu. Agora, levanta-te e atravessa o rio Jordão, tu e todo este povo, para a terra que vou dar aos filhos de Israel. 3 Eu vos dou todo lugar que a planta de vossos pés pisar, conforme prometi a Moisés. 4 O vosso território se estenderá do deserto e do Líbano até o grande rio, o Eufrates, por toda a terra dos heteus, até ao Grande Mar, a ocidente. 5 Ninguém te poderá resistir enquanto viveres. Assim como estive com Moisés, estarei contigo. Não te deixarei nem te abandonarei.
6
Sê forte e corajoso, pois farás este povo herdar a terra que jurei dar a seus pais. 7 Sim, sê forte e muito corajoso, e cuida de agir segundo toda a lei que Moisés, meu servo, te prescreveu. Não te desvies nem para a direita nem para a esquerda, a fim de que tenhas êxito por onde quer que andes. 8 Não cesses de falar deste livro da Lei. Medita nele dia e noite, para que procures agir de acordo com tudo o que nele está escrito. Assim farás prosperar teus caminhos e serás bem sucedido. 9 Não te ordenei que sejas forte e corajoso? Não tenhas medo, não te acovardes, pois o Senhor, teu Deus, estará contigo por onde quer que vás”.

 Preparativos para a travessia do rio Jordão

10 Josué ordenou então aos que cuidavam do povo: 11 “Percorrei o acampamento e ordenai ao povo: Preparai víveres, porque dentro de três dias ireis atravessar o rio Jordão para tomar posse da terra que o Senhor vosso Deus vos dá em propriedade”.
12
Josué falou, pois, aos rubenitas, aos ga­ditas e à meia tribo de Manassés: 13 “Lembrai-vos daquilo que vos falou Moisés, o servo do Senhor: ‘O Senhor vosso Deus vos concede repouso e vos dá esta terra’. 14 Vossas mulheres, vossas crianças e vosso gado permanecerão na terra que Moisés vos deu no Além-Jordão. Vós, porém, todos os valentes guerreiros, passareis na frente de vossos irmãos, em ordem de batalha, para ajudá-los, 15 até que o Senhor tenha dado repouso aos vossos irmãos assim como a vós, para que eles também tomem posse da terra que o Senhor vosso Deus lhes dá. Depois voltareis para a terra de vossa propriedade, para tomar posse da terra que Moisés, o servo do Senhor, vos deu no Além-Jordão, a oriente”.
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Eles responderam a Josué: “Faremos tudo quanto nos ordenaste e iremos para onde quer que nos envies. 17 Assim como em tudo obedecemos a Moisés, também obedeceremos a ti. Basta que o Senhor, teu Deus, esteja contigo, assim como esteve com Moisés. 18 Todo aquele que se rebelar contra tuas ordens e não obedecer às tuas palavras em tudo o que nos tiveres ordenado, será morto. Apenas sê forte e corajoso!”


Conquista de Canaã

 Os espiões em Jericó

2 1 Josué filho de Nun enviou secretamente, de Setim, dois espiões, dizendo: “Ide reconhecer a terra e a cidade de Jericó”. Eles foram e entraram na casa de uma prostituta chamada Raab, e lá se hospedaram. 2 Então foram avisar o rei de Jericó: “Eis que esta noite vieram aqui alguns israelitas para espionar a região”. 3 O rei de Jericó mandou dizer a Raab: “Faze sair os homens que vieram a ti e entraram em tua casa, porque são espiões e vieram reconhecer todo o país”. 4 A mulher, porém, levou os dois homens a um esconderijo. Depois disse: “Os homens de fato vieram à minha casa, mas eu não sabia de onde eram. 5 Quando as portas da cidade iam ser fechadas, ao escurecer, os homens saíram e não sei para onde foram. Persegui-os sem demora e os alcan­çareis”. 6 Mas ela os havia feito subir ao terraço da casa e escondido entre os feixes de linho ali empilhados. 7 Os soldados, entre­tanto, se puseram a persegui-los pelo caminho dos vaus do Jordão e, à sua saída, as portas da cidade se fecharam atrás deles.
8
Antes que os espias se deitassem, a mulher foi vê-los no terraço e disse: 9 “Eu sei que o Senhor vos entregou esta terra, sei que o terror se apoderou de nós e que todos os habitantes do país tremeram diante de vós. 10 Ouvimos dizer que o Senhor secou as águas do Mar Vermelho à vossa frente, quando saístes do Egito. Ouvimos também o que fizestes aos dois reis dos amorreus do outro lado do Jordão, Seon e Og, os quais votastes ao extermínio. 11 Quando ouvimos isso, tivemos grande medo, nosso coração desfaleceu e todo o mundo perdeu o alento por causa de vossa presença, porque o Senhor vosso Deus é Deus lá em cima no céu e aqui embaixo na terra. 12 Agora, jurai-me pelo Senhor que, assim como eu tive misericórdia de vós, vós tereis misericórdia com a casa de meu pai. Dai-me um sinal seguro 13 de que salvareis meu pai, minha mãe, meus irmãos e minhas irmãs e todos os seus bens, livrando-nos da morte”.
14
Os homens disseram-lhe: “À custa de nossa vida salvaremos a vossa, contanto que não reveleis a ninguém o que viemos fazer. Quando o Senhor nos entregar esta terra, usaremos de misericórdia e lealdade para contigo”. 15 Ela, então, os fez descer com uma corda pela janela, pois a casa onde morava encontrava-se encostada na muralha. 16 E disse-lhes: “Ide para a montanha, para que os perseguidores não vos surpreendam aqui. E lá ficai escondidos durante três dias, até que os perseguidores passem aqui na volta. Depois, continuareis vosso caminho”.
17
Os homens disseram-lhe: “Para manter esse juramento a que nos obrigaste, vamos fazer o seguinte: 18 Quando entrarmos no país, vais amarrar este cordão escarlate na janela por onde nos fizeste descer e reunir em tua casa pai, mãe, irmãos e toda a família. 19 Se alguém sair da porta da casa, seu sangue lhe cairá sobre a cabeça e nós seremos inocentes. Mas quanto aos que ficarem contigo em casa, caia sobre nossa cabeça o sangue deles todos, se alguém puser a mão em um deles. 20 Se, contudo, traíres o que combinamos, estaremos livres do juramento a que nos obrigaste”. 21 Ela respondeu: “De acordo. Faremos assim”. E, deixando-os partir, amarrou o cordão de fio escarlate na janela.
22
Eles partiram para a montanha e permaneceram lá três dias, até que os perseguidores passassem de volta, tendo-os procurado por todo o caminho sem nada encontrar. 23 Os dois espias desceram então da montanha, atravessaram o rio Jordão e foram a Josué filho de Nun. Contaram-lhe tudo o que lhes havia acontecido 24 e disseram-lhe: “O Senhor­ entregou toda essa terra em nossas mãos, e todos os seus habitantes tremem de medo por causa de nós”.

 A travessia do Jordão

3 1 Josué levantou-se de madrugada e desfez o acampamento. Saindo de Setim, ele e os israelitas chegaram ao Jordão, onde se detiveram antes de atravessar. 2 Ao cabo de três dias, os responsáveis passaram pelo acampamento 3 e deram ao povo esta ordem: “Quando avistardes os sacerdotes-levitas levando a arca da aliança do Senhor vosso Deus, levantai vosso acampamento e ponde-vos a caminho atrás dela, 4 guardando distância de uns cem metros, sem dela vos aproximar. Assim sabereis qual o caminho a seguir, uma vez que nunca passastes por esse caminho”. 5 Josué disse ao povo: “Purificai-vos, porque amanhã o Senhor realizará maravilhas no meio de vós”. 6 E Josué ordenou aos sacerdotes: “Tomai a arca da aliança e passai à frente do povo”. Eles tomaram a arca da aliança e caminharam à frente do povo.
7
O Senhor disse a Josué: “Hoje começarei a engrandecer-te diante de todo o Israel, para que saibas que estou contigo assim como estive com Moisés. 8 E tu, ordena aos sacerdotes que carregam a arca da aliança: “Quando chegardes à beira das águas do Jordão, ficai parados ali”.
9
Depois, Josué disse aos israelitas: “Apro­ximai-vos para ouvir as palavras do Senhor, vosso Deus”. 10 E acrescentou: “Nisto sa­bereis que o Deus vivo está no meio de vós e que ele expulsará diante de vós os cana­neus, os heteus, os heveus, os fereseus, os gergeseus, os amorreus e os jebuseus: 11 a arca da aliança do Senhor de toda a terra vai atravessar o Jordão adiante de vós. 12 Preparai doze homens das tribos de Israel, um de cada tribo. 13 E logo que os sacerdotes que levam a arca do Senhor de toda a terra tocarem com a planta dos pés as águas do Jordão, elas se dividirão: rio abaixo, as águas continuarão a correr, mas rio acima, elas pararão, formando uma barragem”.
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Quando o povo levantou acampamento para atravessar o Jordão, os sacerdotes que carregavam a arca da aliança puseram-se à frente do povo. 15 Chegaram assim ao rio Jordão, e os pés dos sacerdotes se molharam nas águas da margem (pois durante todo o tempo da colheita o Jordão transborda e inunda suas margens). 16 Nesse momento, as águas de rio acima pararam, formando uma grande barragem até Adam, cidade vizinha de Sartã, e as de rio abaixo desceram para o mar da Arabá, o mar Salgado, até secarem completamente. Então o povo atravessou, na altura de Jericó. 17 E os sacerdotes que carregavam a arca da aliança do Senhor conservaram-se firmes sobre a terra seca, no meio do rio, e ali permaneceram até que todo o Israel acabasse de atravessar o Jordão a pé enxuto.

 As doze pedras comemorativas. Guilgal

4 1 Logo que toda a nação terminou a travessia do Jordão, o Senhor disse a Josué: 2 “Escolhei doze homens dentre o povo, um de cada tribo, 3 e ordenai-lhes: Daqui, do meio do Jordão, do lugar em que os pés dos sa­cerdo­tes se firmaram, escolhei doze pedras. Levai-as convosco e depositai-as no local em que ireis pernoitar”.
4
Josué escolheu doze homens dentre os israelitas, um de cada tribo, chamou-os 5 e disse-lhes: “Passai adiante da arca do Senhor vosso Deus, para o meio do Jordão, e que cada um carregue no ombro uma pedra, uma para cada tribo de Israel, 6 para servir como sinal no meio de vós. Amanhã, quando vossos filhos perguntarem: ‘Que significam para vós estas pedras’, 7 respondereis: ‘As águas do Jordão se dividiram diante da arca da aliança do Senhor. Quando ela passou pelo Jordão, as águas do Jordão se dividiram, e estas pedras ficaram como memorial para os israelitas para sempre’”.
8
Os israelitas fizeram conforme Josué lhes havia ordenado: tiraram doze pedras do meio do Jordão, como o Senhor dissera a Josué, uma para cada tribo de Israel, e levaram-nas consigo ao lugar de pernoite, onde as depositaram.
9
Josué levantou doze pedras no meio do Jordão, no lugar em que os sacerdotes que carregavam a arca da aliança haviam plantado os pés, e elas ali estão até hoje.
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Os sacerdotes que carregavam a arca ficaram parados no meio do Jordão até se cumprir tudo quanto o Senhor mandara Josué dizer ao povo, pois foi assim que Moisés tinha instruído a Josué. E o povo apressou-se em atravessar. 11 Quando todos acabaram de atravessar, a arca do Senhor também atravessou, com os sacerdotes, na presença do povo. 12 Na travessia dos israelitas, os rube­nitas, os gaditas e a meia tribo de Manassés tomaram a frente, em ordem de batalha, conforme Moisés, antes, lhes havia ordenado. 13 Cerca de quarenta mil homens de infantaria atravessaram à frente do Senhor para o combate, rumo à planície de Jericó.
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Naquele dia, o Senhor engrandeceu Josué à vista de todo o Israel. Eles o respeitaram por toda a vida, assim como haviam respeitado a Moisés. 15 O Senhor disse então a Josué: 16 “Ordena aos sacerdotes que carregam a arca do testemunho a subirem do Jordão”. 17 Josué ordenou aos sacerdotes: “Subi do Jordão”. 18 E assim que os sacerdotes que carregavam a arca da aliança do Senhor subiram e começaram a pisar a terra seca, as águas do Jordão voltaram para seu leito e correram como antes, cobrindo inteiramente as margens.
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O povo subiu do Jordão no décimo dia do primeiro mês e acampou em Guilgal, no limite oriental de Jericó. 20 Josué levantou em Guilgal as doze pedras que haviam tirado do Jordão 21 e disse aos israelitas: “Amanhã, quando vossos filhos perguntarem aos pais: ‘Que significam para vós estas pedras?’, 22 en­sinareis que aqui Israel atravessou o Jordão a pé enxuto. 23 O Senhor, vosso Deus, secou as águas do Jordão diante de vós, até completardes a travessia, 24 da mesma forma como o Senhor vosso Deus fizera com o mar Vermelho, ao qual secou, à nossa frente, até que o tivéssemos atravessado. 25 24Isso, para que todos os povos da terra saibam quão forte é a mão do Senhor, a fim de que temais ao Senhor, vosso Deus, todos os dias”.


 Temor em Canaã e circuncisão do povo

5 1 Quando ouviram dizer que o Senhor tinha secado a água do Jordão até os israelitas passarem, todos os reis dos amorreus (no lado ocidental do Jordão), e todos os reis de Canaã (nos territórios próximos ao Grande Mar), ficaram desencorajados e todo mundo perdeu o alento diante dos israelitas.
2
Naquele tempo o Senhor disse a Josué: “Faze facas de pedra e restabelece a circuncisão entre os israelitas”. 3 Ele preparou facas de pedra e circuncidou os israelitas no morro da Circuncisão.
4
Eis o motivo dessa circuncisão: todo o povo que saíra do Egito, todos os guerreiros, haviam morrido pelo caminho, no deserto. 5 Todos esses que saíram do Egito tinham sido circuncidados, mas o povo que nascera no caminho pelo deserto, depois da saída do Egito, não havia sido circuncidado. 6 (Durante quarenta anos, os israelitas tinham caminhado pelo deserto, até desaparecer toda a geração dos guerreiros que tinham saído do Egito e que tinham sido desobedientes à voz do Senhor. O Senhor havia jurado que não os deixaria ver a terra que jurara dar a seus pais, terra que mana leite e mel.) 7 Os filhos ocuparam o lugar dos pais e foram circuncidados por Josué. (Precisavam disto, porque ninguém os havia circuncidado no caminho.) 8 Depois que todos foram circuncidados, permaneceram acampados no mesmo lugar, até se restabelecerem. 9 E o Senhor disse a Josué: “Hoje afastei de vós o opróbrio do Egito”.
Deram àquele lugar o nome de Guilgal, como é chamado até hoje.

 A primeira Páscoa em Canaã

10 Os israelitas ficaram acampados em Guilgal e celebraram a Páscoa no dia catorze do mês, à tarde, na planície de Jericó. 11 No dia seguinte à Páscoa, comeram dos produtos da terra, pães ázimos e grãos tostados nesse mesmo dia. 12 O maná cessou de cair no dia seguinte, quando comeram dos produtos da terra. Os israelitas não mais receberam o maná, mas naquele ano comeram dos frutos da terra de Canaã.

 O chefe do exército é o Senhor

13 Nos arredores da cidade de Jericó, Josué levantou os olhos e viu diante de si um homem de pé, com uma espada desembainhada na mão. Josué foi até ele e perguntou: “Tu és dos nossos ou dos inimigos?” 14 Ele respondeu: “Não! Eu sou o chefe do exército do Senhor, eu acabo de chegar”. Então Josué prostrou-se com o rosto por terra e o adorou. Depois perguntou-lhe: “O que diz meu senhor a seu servo?” 15 O chefe do exército do Senhor respondeu a Josué: “Tira as sandálias dos pés, pois o lugar em que pisas é sagrado”. E Josué fez o que lhe fora ordenado.

 Liturgia guerreira ao redor de Jericó

6 1 Jericó estava fechada, trancada por causa dos israelitas, e ninguém ousava sair nem entrar.
2
O Senhor disse então a Josué: “Vê! Eu entreguei Jericó às tuas mãos, com seu rei e todos os valentes guerreiros. 3 Vós, agora, todos os guerreiros, dai a volta ao redor da cidade, uma vez por dia. Assim fareis durante seis dias. 4 Sete sacerdotes levarão sete trombetas de chifre de carneiro diante da arca. No sétimo dia dareis sete voltas à cidade, enquanto os sacerdotes tocarão as trombetas. 5 E quando o som das trombetas se fizer mais demorado e penetrante a ponto de vos ferir os ouvidos, todo o povo, numa só voz, levantará um grande clamor. Então cairão os muros da cidade, até os fundamentos, e cada um entrará pelo lugar que estiver à sua frente”.
6
Então Josué filho de Nun chamou os sacerdotes e ordenou-lhes: “Levai a arca da aliança. Sete sacerdotes tomem sete trombetas e marchem à frente da arca do Senhor”. 7 E ao povo ele disse: “Ide e rodeai a cidade. Quem estiver armado passe à frente da arca do Senhor”.
8
Logo que Josué acabou de falar ao povo, os sete sacerdotes tocaram as sete trombetas diante da arca da aliança do Senhor; a arca do Senhor seguia atrás. 9 Os guerreiros marchavam à frente dos sacerdotes que tocavam as trombetas e o resto da multidão seguia atrás da arca, ao som das trombetas retumbantes. 10 Josué tinha ordenado ao povo: “Não griteis nem façais ouvir a vossa voz e nenhuma palavra saia de vossa boca, até ao dia em que eu vos disser: ‘Gritai!’ Então gritareis”. 11 Assim, a arca do Senhor deu, naquele dia, uma volta à cidade. Retornando ao acampamento, pernoitaram ali.
12
No dia seguinte, ainda de noite, Josué levantou-se, os sacerdotes levaram a arca do Senhor e sete deles 13 tomaram as sete trombetas de chifre de carneiro e marcharam diante da arca do Senhor, andando e tocando. Os guerreiros iam à frente deles e o resto da multidão seguia a arca do Senhor, ao som das trombetas. 14 Também no segundo dia rodearam a cidade uma vez e voltaram ao acampamento. Assim fizeram durante seis dias.
15
Ora, no sétimo dia, levantando-se de madrugada, deram sete voltas à cidade, conforme o mesmo ritual; foi só naquele dia que rodearam a cidade sete vezes. 16 Quando os sacerdotes tocaram as trombetas na sétima volta, Josué disse ao povo: “Gritai, porque o Senhor vos entregou a cidade. 17 A cidade, com tudo o que nela houver, seja votada ao interdito em honra do Senhor. Sejam poupados apenas Raab, a prostituta, e todos os que com ela estiverem em casa, porque escondeu os mensageiros que enviamos. 18 Quanto a vós, guardai-vos de tocar alguma daquelas coisas votadas ao interdito, para que não sejais culpados de um grande pecado. Faríeis cair o interdito sobre o acampamento de Israel, o que seria uma desgraça. 19 Tudo o que se encontrar em ouro e prata, em utensílios de cobre e de ferro, tudo seja consagrado ao Senhor e depositado em seu tesouro”.

 Tomada da cidade e salvação de Raab

20 O povo inteiro lançou, então, o grito de guerra, enquanto ressoavam as trombetas. Logo que o povo, ao ouvir a trombeta, deu seu grito, desabaram de repente as muralhas. Cada um entrou pelo lugar que estava à sua frente, e assim tomaram a cidade, 21 matando tudo o que nela havia. Homens e mulheres, jovens e velhos, bois, ovelhas e jumentos, tudo foi passado ao fio da espada.
22
Josué disse então aos dois homens que haviam explorado a terra: “Ide à casa da prostituta e tirai-a de lá, com tudo o que estiver com ela, conforme lhe jurastes”. 23 Os jovens espias foram e fizeram sair a Raab, junto com o pai, a mãe, os irmãos e tudo quanto lhe pertencia. Fizeram sair todo o seu clã e os puseram em segurança fora do acampamento de Israel. 24 Quanto à cidade, incendiaram-na juntamente com tudo o que nela havia, a não ser a prata, o ouro e os objetos de bronze e de ferro, que foram destinados ao tesouro do Senhor. 25 Josué poupou a Raab, a prostituta, bem como a família de seu pai e tudo o que lhe pertencia. Ela continuou habitando no meio de Israel até hoje, por ter escondido os mensageiros que Josué havia mandado para explorar Jericó.
26
Naquele tempo Josué fez um juramento: “Seja maldito diante do Senhor quem tomar a iniciativa de reconstruir esta cidade de Jericó. Os alicerces lhe custem o primogênito, e as portas, o caçula!”
27
O Senhor estava com Josué, que ganhou fama por toda a região.

 Pecado de Acã e derrota em Hai

7 1 Os israelitas, porém, cometeram um ato de infidelidade quanto aos objetos votados ao interdito: Acã filho de Carmi, filho de Zabdi, filho de Zaré, da tribo de Judá, apoderou-se de algumas coisas consagradas. Por isso, a ira do Senhor acendeu-se contra os israelitas.
2
De Jericó, Josué enviou alguns homens a Hai, perto de Bet-Áven, a leste de Betel, e lhes disse: “Subi para explorar a terra”. Os homens subiram e exploraram Hai. 3 Depois voltaram a Josué, dizendo-lhe: “Não é preciso que suba todo o povo. Subam uns dois ou três mil homens para conquistar Hai. Não vale a pena engajar ali o povo todo contra um punhado de defensores”. 4 Cerca de três mil homens do povo subiram para lá, mas tiveram de fugir diante dos homens de Hai, 5 os quais mataram cerca de trinta e seis deles e perseguiram os outros, desde as portas da cidade até Sabarim, derrotando-os quando desciam da encosta. O coração do povo derreteu-se, tornou-se como água.

 Súplica de Josué e resposta do Senhor

6 Josué rasgou então as vestes e prostrou-se com o rosto por terra diante da arca do Senhor até à tarde, ele e os anciãos de Israel. Cobriram as cabeças de pó. 7 Josué disse: “Ah! Senhor Deus, por que fizeste este povo atravessar o rio Jordão? Foi para nos entregar às mãos dos amorreus e nos fazer perecer? Oxalá tivéssemos nos contentado em permanecer no outro lado do Jordão! 8 Ah! Senhor! Que direi, após Israel ter oferecido as costas aos inimigos? 9 Os cananeus e todos os habitantes do país ficarão sabendo, virão cercar-nos e arrancarão nosso nome da terra. E tu, o que farás então em honra de teu grande nome?”
10
O Senhor respondeu a Josué: “Levanta-te! Por que estás aí, prostrado com o rosto por terra? 11 Israel pecou. Violaram minha aliança, aquilo que eu lhes ordenei. Tomaram dos objetos votados ao interdito. Roubaram-nos e os esconderam entre os seus pertences. 12 Foi por isso que os israelitas não puderam resistir aos inimigos e lhes ofereceram as costas. Eles mesmos foram atingidos pelo interdito! Não continuarei a estar convosco enquanto não eliminardes do vosso meio o interdito. 13 Levanta-te, santifica o povo. Dize-lhes: ‘Santificai-vos para amanhã, porque assim diz o Senhor, Deus de Israel: Há um interdito no meio de ti, Israel. Não poderás resistir aos inimigos enquanto não extirpardes do vosso meio as coisas votadas ao interdito’. 14 Amanhã de manhã, vos aproximareis \do Senhor por tribos. A tribo que o Senhor indicar por sorte se aproximará por clãs; o clã que o Senhor indicar por sorte se aproximará por famílias; e a família que o Senhor indicar por sorte se aproximará homem por homem. 15 Quem for designado por sorte como responsável pelo interdito será queimado no fogo, ele e tudo o que lhe pertence, porque violou a aliança do Senhor e cometeu uma infâmia em Israel”.

 Descoberta do culpado. Castigo de Acã

16 Josué levantou-se de madrugada e fez Israel aproximar-se por tribos. A sorte caiu sobre a tribo de Judá. 17 Quando ele fez aproximarem-se os clãs de Judá, a sorte caiu sobre o clã de Zaré. Quando fez aproximar-se o clã de Zaré, família por família, a sorte caiu sobre Zabdi. 18 Quando fez aproximar-se esta família, homem por homem, a sorte caiu sobre Acã filho de Carmi, filho de Zabdi, filho de Zaré, da tribo de Judá.
19
Josué disse então a Acã: “Meu filho, dá glória ao Senhor, Deus de Israel. Apresenta-lhe a confissão. Conta-me o que fizeste; nada me escondas”. 20 Acã respondeu a Josué: “É verdade, eu pequei contra o Senhor, Deus de Israel. Eis o que eu fiz. 21 Vi entre os despojos uma capa babilônica muito bonita, duzentas moedas de prata e uma barra de ouro pesando meio quilo. Aí, minha cobiça me levou a roubá-los. Estão escondidos na terra, dentro de minha tenda, com a prata por baixo”. 22 Josué mandou então alguns homens, que foram correndo à tenda. De fato, tudo estava escondido na tenda, com a prata por baixo. 23 Tomaram então os objetos escondidos na tenda e os trouxeram a Josué e à assembléia dos israelitas, depositando-os em seguida diante do Senhor.
24
Josué tomou Acã filho de Zaré, com a prata, a capa e a barra de ouro, bem como seus filhos e filhas, bois, jumentos e ovelhas, sua tenda e tudo o que lhe pertencia. Acompanhado de todo o Israel levou-os ao vale de Acor, 25 e Josué lhe disse: “Como nos causaste desgraça, o Senhor hoje mesmo te trará desgraça. E todo o Israel o apedrejou, depois do que atearam fogo em seus pertences. 26 Ergueram sobre ele um montão de pedras que permanece até hoje. O Senhor então afastou sua ira ardente. Por isso aquele lugar se chama vale de Acor até hoje.

 Tomada de Hai

8 1 O Senhor disse a Josué: “Não temas nem te acovardes. Toma contigo todos os guerreiros, levanta-te e sobe a Hai! Vê, estou entregando em tua mão o rei de Hai, junto com o povo, a cidade e a terra. 2 Trata a cidade e o rei conforme trataste Jericó e seu rei. Entretanto, podeis saquear para vós os despojos e o gado. Prepara uma emboscada para a cidade por detrás dela”.
3
Josué pôs-se a caminho com todos os guerreiros para subir contra Hai. Escolheu trinta mil homens, guerreiros valentes e, de noite, enviou-os 4 com a seguinte instrução: “Atenção! Ficai de emboscada por detrás da cidade, não vos distancieis muito dela e ficai de prontidão. 5 Eu e o resto do povo aqui comigo nos aproximaremos da cidade. Quando saírem ao nosso encontro, como da primeira vez, vamos fugir à frente deles, 6 de modo que se ponham a perseguir-nos. Assim os atrairemos para longe da cidade, pois pensarão: ‘Estão fugindo à nossa frente como da primeira vez’. Quando, pois, estivermos fugindo à frente deles, 7 nesse momento saireis da emboscada e tomareis a cidade. O Senhor, vosso Deus, a entregará em vossas mãos. 8 Logo que ti­verdes ocupado a cidade, incendiai-a. Fazei tudo de acordo com a palavra do Senhor. Vede bem o que vos ordenei!” 9 Josué os despediu e eles se puseram de emboscada entre Betel e Hai, a oeste de Hai. Josué passou aquela noite com o restante do povo.
10
Josué levantou-se de madrugada, passou o povo em revista e, junto com os anciãos de Israel, subiu à frente do povo contra Hai. 11 Todos os guerreiros que estavam com ele subiram e aproximaram-se, até chegarem defronte da cidade. Acamparam ao norte de Hai. Um vale os separava da cidade. 12 Anteriormente, Josué havia escolhido cerca de cinco mil homens, que pusera de emboscada entre Betel e Hai, a oeste da cidade. 13 O povo estava, pois, distribuído da seguinte maneira: o acampamento inteiro ficou a norte da cidade, e os emboscados, a oeste. E quando veio a noite, Josué desceu dentro do vale.
14
Quando, de madrugada, o rei de Hai percebeu isso, ele e todo o exército da cidade saíram às pressas ao encontro de Israel para o combate, na descida que se abre para o lado do deserto, sem saber que por trás da cidade havia uma emboscada. 15 Josué e todo o Israel fingiram-se de derrotados e fugiram em direção ao deserto. 16 Todo o povo da cidade foi convocado para persegui-los. Ao perseguirem Josué, afastaram-se da cidade. 17 Não restou em Hai ou em Betel homem algum que não saísse ao encalço de Israel. Deixando a cidade aberta, puseram-se a perseguir Israel. 18 O Senhor disse então a Josué: “Estende a lança que tens na mão contra Hai, pois eu vou entregar-te a cidade”.
Josué estendeu a lança que tinha na mão contra a cidade, 19
e logo os que estavam na em­boscada levantaram-se de sua posição, correram, entraram na cidade e a tomaram, incendiando-a em seguida. 20 Os homens de Hai voltaram-se e viram subir ao céu a fumaça da cidade. Nem tiveram oportunidade de fugir para um ou outro lado, pois o povo que fingira estar fugindo para o deserto voltou-se contra os perseguidores. 21 Pela fumaça que subia da cidade, Josué e todo o Israel perceberam que os da emboscada haviam tomado a cidade. Foi esse o sinal para darem meia volta e lançarem-se ao ataque contra os homens de Hai. 22 Os que tomaram a cidade saíram então ao encontro deles, de modo que os homens de Hai ficaram cercados de ambos os lados por Israel, que os bateu a ponto de não lhes deixar sobrevivente nem fugi­tivo. 23 Quanto ao rei de Hai, capturaram-no vivo e o levaram a Josué.
24
Assim, Israel exterminou no campo todos os habitantes de Hai que os tinham perseguido quando fugiram ao deserto. Todos, até ao último, foram passados ao fio da espada. Então todo o Israel voltou a Hai e passou a cidade ao fio da espada. 25 O número dos que caíram naquele dia, entre homens e mulheres, foi de doze mil: toda a população de Hai. 26 Josué não retirou a mão com que estendera a lança, até que todos os habitantes de Hai fossem exterminados. 27 Israel tomou como saque o gado e os despojos da cidade, conforme a ordem que o Senhor dera a Josué. 28 Josué incendiou Hai e a reduziu para sempre a um monte de ruínas, que ali está até hoje. 29 Quanto ao rei de Hai, pendurou-o numa árvore, deixando-o até à tarde. Ao pôr-do-sol, Josué mandou que descessem da árvore o cadáver. Lançaram-no à porta da cidade e ergueram sobre ele um montão de pedras, que permanece até hoje.

 O altar no monte Ebal e a leitura da Lei

30 Josué edificou um altar ao Senhor, Deus de Israel, no monte Ebal, 31 conforme a ordem que Moisés, servo do Senhor, havia dado aos israelitas e conforme está escrito no livro da Lei de Moisés: um altar de pedras brutas, não trabalhadas pelo ferro. Sobre ele ofereceram holocaustos ao Senhor e apresentaram sacrifícios de comunhão. 32 Josué escreveu ali sobre as pedras uma cópia da lei que Moisés havia escrito na presença dos israelitas.
33
E todo o Israel, com seus anciãos, oficiais e juízes, estava de pé, de um lado e de outro da arca, diante dos sacerdotes-levitas que carregavam a arca da aliança do Senhor. Estavam aí os estrangeiros juntamente com os nativos. Metade deles estava do lado do monte Garizim e metade do lado do monte Ebal, como havia ordenado Moisés, o servo do Senhor, ao abençoar pela primeira vez o povo de Israel. 34 Em seguida, Josué leu todas as palavras da Lei – a bênção e a maldição – conforme tudo o que estava escrito no livro da Lei. 35 Não omitiu nenhuma das coisas que Moisés tinha ordenado, mas repetiu-as na presença de toda a assembléia de Israel, inclusive das mulheres, das crianças e dos estrangeiros que moravam entre eles.

 Liga dos cananeus e  astúcia dos gabaonitas

9 1 Ao ouvirem isso, todos os reis deste lado do rio Jordão, os da Montanha, da Planície e de toda a costa do Mar Mediterrâneo até à vizinhança do Líbano – heteus, amorreus, cananeus, fereseus, heveus, jebu­seus – 2 aliaram-se para juntos combaterem contra Josué e Israel.
3
Os habitantes de Gabaon, ouvindo o que Josué fizera com Jericó e Hai, 4 usaram de um estratagema: pegaram umas provisões, carregaram os jumentos com sacos velhos e odres de vinho usados, rasgados e remendados. 5 Calçaram os pés com sandálias gastas, consertadas com retalhos, e cobriram-se com roupas velhas. Todo o pão que levavam para comer era seco e esmigalhado. 6 Foram encontrar Josué no acampamento em Guilgal e disseram a ele e aos homens de Israel: “Estamos chegando de uma terra distante. Portanto, fazei uma aliança conosco”. 7 Os homens de Israel responderam então àqueles heveus: “Não morais por acaso entre nós? Como poderíamos fazer uma aliança convosco?” 8 Eles responderam a Josué: “Somos teus servos”. Josué insistiu: “Quem sois e de onde estais vindo?” 9 Responderam-lhe: “Teus servos vêm de uma terra muito distante, por causa do nome do Senhor, teu Deus, pois ouvimos falar da sua fama e de tudo o que realizou no Egito, 10 de tudo quanto fez aos dois reis amorreus do outro lado do Jordão, a Seon, rei de Hesebon, e a Og, rei de Basã, em Astarot. 11 Nossos anciãos e todos os habitantes de nossa terra nos disseram: ‘Tomai convosco provisões para o caminho e ide ao encontro deles, dizendo: Somos vossos servos’. Portanto, fazei uma aliança conosco. 12 Eis o nosso pão: estava quente quando o pegamos em nossas casas no dia em que partimos ao vosso encontro, e agora ei-lo aqui, seco e esmigalhado. 13 Estes odres de vinho eram novos quando os enchemos, e ei-los aqui, rasgados. Nossas roupas e sandálias envelheceram por causa do caminho longo demais”.
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Os homens de Josué provaram então das provisões, sem consultarem o Senhor. 15 Josué concedeu-lhes a paz e fez com eles uma aliança, prometendo poupar-lhes a vida. Também os responsáveis da comunidade lhes prestaram juramento.
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Ora, três dias após terem feito aliança com eles, os israelitas ficaram sabendo que eram seus vizinhos e que moravam no meio deles, 17 pois no terceiro dia de marcha chegaram às cidades deles: Gabaon, Cafira, Berot e Cariat-Iarim. 18 Os israelitas não os atacaram, porque os responsáveis da comunidade lhes haviam prestado um juramento pelo Senhor, Deus de Israel. Por isso toda a comunidade se pôs a murmurar contra os responsáveis.
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Os responsáveis explicaram então a toda a comunidade: “Nós lhes prestamos um juramento pelo Senhor, Deus de Israel. Por isso, doravante não podemos fazer-lhes mal. 20 Eis o que vamos fazer: respeitaremos suas vidas, para que não nos sobrevenha um castigo por causa do juramento que já lhes fizemos. 21 Que conservem, pois, a vida, mas tornem-se rachadores de lenha e carregadores de água para toda a comunidade”.
Enquanto os responsáveis assim falavam, 22
Josué mandou chamar os gabaonitas e lhes falou: “Por que nos enganastes, dizendo: ‘Somos de muito longe’, quando habitais entre nós? 23 Pois bem! doravante sois malditos! Ninguém de vós deixará de ser escravo – rachadores de lenha e carregadores de água – para a casa do meu Deus”. 24 Responderam então a Josué: “Foi anunciado como certo a teus servos o que o Senhor, teu Deus, ordenou a seu servo Moisés: que vos entregaria toda esta terra e extermi­naríeis da vossa frente todos os seus habitantes. Vossa presença nos fez recear muito por nossa vida. Por isso decidimos agir desse jeito. 25 Agora estamos em tuas mãos. Trata-nos como te parecer bom e justo”. 26 E assim os tratou Josué. Prote­geu-os da mão dos israelitas para que não os matassem. 27 Naquele dia, Josué tornou-os rachadores de lenha e carregadores de água para a comunidade e para o altar do Senhor, no lugar que o Senhor escolhesse, até hoje.


Josué (CNB) 1