Discursos João Paulo II 2000 83

DISCURSO DE JOÃO PAULO II


AOS PEREGRINOS DA REPÚBLICA CHECA


VINDOS PARA O JUBILEU DO ANO SANTO


Sábado, 1° de Abril de 2000

Senhor Cardeal
Venerados Irmãos no Episcopado
Ilustres Representantes
da vida política
Caríssimos peregrinos da República Checa!

1. A vossa presença, tão numerosa, causa-me grande alegria. Estais a realizar a peregrinação nacional do Grande Jubileu. Bem-vindos a Roma, caríssimos Irmãos e Irmãs!

Saúdo cordialmente o Senhor Cardeal Miloslav Vlk, e o Arcebispo Jan Graubner, Presidente da Conferência Episcopal Checa, a quem agradeço as nobres palavras com as quais quis manifestar os vossos sentimentos de comunhão e de afecto para com o Sucessor de Pedro. Faço o meu pensamento extensivo aos caríssimos Bispos, sacerdotes, consagrados, consagradas e a todos vós, vindos das terras da Boémia, da Morávia e da Silésia, assim como a quantos estão unidos a nós através da Rádio Proglas, com um particular pensamento para todas as pessoas anciãs, doentes e sofredoras. Por meio de vós quero renovar a certeza da minha proximidade espiritual à inteira Nação checa, a mim tão querida: as três visitas pastorais, que a Providência me concedeu realizar no vosso país, deixaram na minha alma uma recordação indelével.

84 2. A Quaresma que estamos a viver, amados Irmãos e Irmãs, traz-nos um premente convite à conversão. Só um coração consciente de ter necessidade de uma mais profunda e íntima união com Deus, está pronto a cruzar o limiar da Porta Santa; só quem realmente se converte pode ser no mundo testemunha fiel e crível da vida nova em Cristo. Eis o verdadeiro significado do Ano Santo!

Reunidos nesta Sala, vós ofereceis hoje um testemunho daquela unidade e daquele amor que condizem a verdadeiros cristãos. Exorto-vos a continuar a viver esta solidariedade e "perfeita união de pensamento e de parecer" (
1Co 1,10), que é um sinal inequívoco da presença actuante de Cristo no mundo.

Cultivai com espírito de humildade e obediência o entendimento e a efectiva colaboração com os vossos Bispos, segundo a exortação de Santo Inácio de Antioquia: "Procurai fortalecer-vos solidamente na doutrina do Senhor, sob a presidência do Bispo" (Ad Magn. 6, 1). E sede testemunhas e operadores de unidade, a fim de que todos os discípulos de Cristo cheguem quanto antes à plena comunhão. O Senhor, que é "a nossa paz" e destruiu "o muro de inimizade que separava" (Ep 2,14), continue a guiar o vosso caminho.

3. A vossa sociedade está finalmente a saborear o tempo da democracia e da liberdade. Todavia, uma progressiva secularização e um difundido relativismo moral interpelam a vossa comunidade cristã. Considerais, com razão, que a situação actual exige um consistente esforço no âmbito da catequese a todos os níveis: das crianças aos jovens, da família à escola, dos meios de comunicação ao mundo do trabalho e da cultura. Exorto-vos a não poupar energias em sector tão importante!

No caminho de formação evangélica é fundamental a obra da família. Queridos pais, sabei ajudar os vossos filhos a discernir os valores sobre os quais construir a existência. E vós, caríssimos jovens, não vos deixeis enganar por falsos mitos e sonhos. Não cedais à ilusão de um sucesso fácil; ao contrário, o vosso coração aspire sempre aos valores mais elevados, não excluindo do horizonte das vossas opções a perspectiva de uma doação total a Deus, através da consagração sacerdotal ou religiosa.

Uma família unida é certamente uma garantia para construir uma sociedade responsável. Cada um, porém, se empenhe no âmbito religioso, social e político pela defesa da família e por tutelar a vida humana, desde a sua concepção até ao seu termo natural.

4. A Igreja, ao longo da história, esforçou-se sempre por oferecer o próprio contributo ao progresso espiritual e civil do país. Inscrita de maneira vital na sociedade, ela não deseja senão servir o homem, indicando-lhe os vastos horizontes da sua dignidade e da vocação que recebeu de Deus, Criador e Redentor. Depois de ter passado através do crisol da perseguição, ela quer oferecer a todo o povo os seus tesouros espirituais. Sem dúvida, o almejado entendimento com o Estado, que regule de maneira estável e harmoniosa as mútuas relações num plano de respeito recíproco e de leal colaboração, contribuirá para uma maior eficácia da acção da Igreja a favor de todos os cidadãos da República Checa.

5. Caríssimos Irmãos e Irmãs, renovados e revigorados na vossa adesão a Cristo por esta vossa peregrinação, retornai à pátria ricos de uma fé pessoal convicta e de um amor intenso para com a Igreja, Corpo místico de Cristo.

A Mãe de Deus, por vós particularmente venerada em Savatá Hora e em Svat Kopecek, guie os vossos passos e vos sustente na quotidiana coerência com os valores do Evangelho. O exemplo de todos os vossos Santos Padroeiros vos fortaleça interiormente, para serdes na vossa pátria "luz do mundo e sal da terra" (cf. Mt Mt 5,13-14).

Com estes sentimentos, concedo-vos de todo o coração a vós aqui presentes, às vossas famílias e ao amado povo checo uma particular Bênção Apostólica.

Louvado seja Jesus Cristo!



DISCURSO DO SANTO PADRE JOÃO PAULO II


A UM GRUPO DE PEREGRINOS ITALIANOS


VINDOS A ROMA PARA O ANO SANTO


85

Sábado, 1° de Abril de 2000

Caríssimos Irmãos e Irmãs

1. Sinto-me feliz por dirigir a minha cordial saudação de boas-vindas a cada um de vós, reunidos junto do túmulo de Pedro para celebrar o Jubileu da encarnação de Cristo Salvador.

Aos peregrinos dos Abruzos e do Molise:

Em primeiro lugar desejo saudar a vós, queridos fiéis participantes na peregrinação da Região Pastoral dos Abruzos e Molise e, de modo especial, os vossos Bispos, juntamente com os sacerdotes, religiosos e religiosas que vos acompanham.

"Jesus Cristo é sempre o mesmo, ontem, hoje e por toda a eternidade" (He 13,8). Esta profissão de fé constitui o motivo principal que vos guiou ao passar a Porta Santa. Com este gesto devoto, quisestes renovar a vossa fidelidade a Cristo, nosso Redentor, e confirmar o vosso empenho na nova evangelização. Por este motivo, é necessário preocupar-se com o constante aprofundamento dos conteúdos da fé e a sua actualização de acordo com as exigências do nosso tempo, valorizando ao mesmo tempo as várias formas de piedade popular.

O Jubileu é uma ocasião propícia para vos fortalecerdes na comunhão eclesial, da qual brota aquela solidariedade, que hoje é tão necessária. Objecto da vossa solicitude sejam especialmente as famílias, os jovens e quantos estão marcados por formas de pobreza e de marginalização. Desta forma, tornareis crível o anúncio evangélico e sereis construtores de esperança.

Aos fiéis da Região da Calábria

2. Apresento as cordiais boas-vindas a vós, queridos fiéis da Região pastoral da Calábria, que com os vossos Pastores quisestes encontrar-vos com o Sucessor de Pedro, no contexto da celebração do vosso Jubileu. Este ano de misericórdia particular do Senhor e o tempo quaresmal que estamos a viver convidam-nos a dirigir o olhar para a Cruz, que constitui o fundamento da nossa esperança cristã. Da Cruz de Cristo podemos adquirir a força para dar sentido e valor a cada uma das nossas acções.

Como é oportuno que a Cruz dos jovens atravesse as várias dioceses da Itália neste tempo de preparação para o Dia Mundial da Juventude! Desejaria dizer-vos, jovens da Calábria, bem como a todos os calabreses: não vos subjugueis ao medo, mas contemplando o Crucificado e haurindo dos insondáveis tesouros que brotam do seu coração, encaminhai-vos no novo milénio oferecendo a todos o testemunho eficaz da caridade, do perdão e da misericórdia!

À Arquidiocese de Trento

86 3. Agora saúdo-vos a vós, queridos fiéis da Arquidiocese de Trento, juntamente com o vosso Arcebispo, D. Luigi Bressan, aos sacerdotes, religiosos e religiosas.

A vossa peregrinação aos túmulos dos Apóstolos Pedro e Paulo é motivada pelo desejo de voltar a dar fervor e estímulo à acção religiosa na vossa terra. A fé católica difundiu-se de Trento, a "Cidade do Concílio", a toda a cristandade, com um vigor renovado, suscitando propósitos e iniciativas de reforma, que a tornaram rica de santidade, de obras e de fervor. Recebei esta mesma fé e transmiti-a com entusiasmo. Sede sempre fiéis a Cristo, Caminho, Verdade e Vida e tornai-vos seus anunciadores, testemunhas corajosas e promotores de uma autêntica renovação espiritual e social na vossa diocese.

À Diocese de Jesi

4. O meu pensamento torna-se extensivo aos fiéis da Diocese de Jesi, que desejam, com a sua peregrinação, preparar-se para celebrar o quarto Congresso Eucarístico diocesano e recordam, ao mesmo tempo, o vigésimo quinto aniversário de Episcopado do seu Pastor, D. Óscar Serfilippi. Exprimo-lhe o meu afectuoso abraço e os votos fraternos de um ministério rico de frutos apostólicos.

Caríssimos Irmãos e Irmãs, oxalá a vossa meditação sobre o mistério da Eucaristia vos leve a compreender cada vez mais profundamente o lugar que o mistério eucarístico ocupa na vossa realidade de Igreja. Convido sobretudo as famílias a olhar para a Eucaristia como fonte da sua harmonia e união. Desta forma, estarão preparadas para aceitar com alegria o dom da vida, crescer no amor recíproco e enfrentar, com a oração e o perdão, as dificuldades quotidianas.

À peregrinação de Casale

5. Depois, desejo saudar com afecto D. Germano Zaccheo, Bispo de Casale, e a peregrinação diocesana que guia. Caríssimos fiéis, espero que a vossa vinda a Roma junto dos túmulos dos Apóstolos vos ajude a redescobrir o valor da graça baptismal e a alegria de pertencer à Igreja, Corpo de Cristo. Estou convencido de que esta redescoberta vos levará a ser, em qualquer ambiente, jubilosos arautos da mensagem evangélica. De maneira especial, encorajo-vos a anunciar o Evangelho no mundo do trabalho e a empenhar-vos a fim de que todos tenham uma ocupação e a possam desempenhar no respeito dos direitos e da dignidade da pessoa humana.

Aos Penitencieiros

6. Agradeço-vos também a vossa presença, queridos Prelados e Oficiais da Penitenciaria Apostólica, Padres Penitencieiros Ordinários e Extraordinários das Basílicas Patriarcais da Cidade, e a vós, participantes no Curso sobre o foro interno promovido pela Penitenciaria Apostólica. O ministério da Penitenciaria é como nunca precioso, e requer clareza de doutrina e misericórdia pastoral, adequada preparação e constante disponibilidade.

Exprimo-vos o meu sincero reconhecimento pela dedicação generosa com que desempenhais o vosso serviço e aproveito esta circunstância para exortar os participantes no Curso e todos os sacerdotes a valorizar ao máximo o sacramento da Penitência, especialmente durante o Ano Santo Jubilar.

À Associação do Rosário Perpétuo

87 7. Estimados membros da Associação italiana do Rosário Perpétuo, que viestes a Roma para a peregrinação jubilar, agradeço-vos a vossa visita. Congratulo-me convosco e com os Padres Dominicanos que vos guiam no vosso caminho espiritual. A vossa benemérita associação, fundada há um século pelo Pe. Costanzo Becchi, da Ordem dos Pregadores, deseja promover uma intensa devoção a Jesus Eucaristia e à Mãe do Senhor, mediante a adoração do Santíssimo Sacramento e a doce oração do Rosário.

Continuai a difundir o amor ao Senhor Jesus, que na Eucaristia permanece sempre entre os seus na Igreja. Recitai o santo Rosário e difundi a sua prática nos ambientes que frequentais. É uma oração que introduz na escola do Evangelho vivido, educa as almas para a piedade, torna perseverantes no bem, prepara para a vida e, principalmente, faz com que sejais queridos a Maria Santíssima.

À Obra "Ao serviço da Divina Misericórdia"

8. Por fim, o meu cordial pensamento dirige-se a vós, queridos peregrinos da Obra "Ao Serviço da Divina Misericórdia". Defendei sempre e oferecei em toda a parte a ternura de "Deus rico em misericórdia" (
Ep 2,4). O amor de Deus vos ampare e vos ajude a ser apóstolos de perdão e reconciliação.

Concedo de coração a vós aqui presentes e aos demais peregrinos que se reuniram na Praça de São Pedro para este agradável encontro, uma especial Bênção apostólica, penhor de abundantes graças celestes sobre as vossas pessoas, famílias e comunidades.



DISCURSO DO SANTO PADRE JOÃO PAULO II


NO FINAL DA RECITAÇÃO DO ROSÁRIO


COM OS ESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS


REUNIDOS NA PRAÇA SÃO PEDRO


Sábado, 1° de Abril de 2000

Caríssimos Irmãos e Irmãs

Saúdo com grande afecto todos vós, que participastes nesta sugestiva celebração e na recitação do santo Rosário, neste primeiro sábado de Abril. Agradeço-vos a presença. A nossa oração foi subordinada ao tema: "Cristo Redentor do homem". Trata-se de um tema importante, que orienta a reflexão sobre o argumento em programa para as próximas reuniões dos jovens universitários, previstas durante o Ano jubilar.

1. Obrigado, dilectos estudantes universitários de Roma, por terdes organizado este encontro.

Dirijo uma sentida saudação a cada um de vós, aos vossos assistentes espirituais e, em primeiro lugar, a D. Rino Fisichella, Bispo Auxiliar da nossa Diocese. Já é tradicional o nosso encontro durante o tempo quaresmal, para recitarmos o santo Rosário, em preparação para o Dia Mundial da Juventude. Desde agora, convido-vos a participar em grande número nesse evento e a acolher com generosidade os vossos amigos que chegarem de todas as partes do mundo. Porém, esta noite é uma ocasião especial, porque se insere no contexto do Ano jubilar e, graças aos modernos meios de comunicação, testemunha a participação dos vossos coetâneos de todos os continentes. Desejo enviar-lhes com grande cordialidade os meus paternos cumprimentos.

2. A minha cordial saudação dirige-se também a vós, estudantes do Colégio norte-americano, congregados na Basílica da Imaculada Conceição em Washington. Torno extensiva uma especial palavra de agradecimento ao Cardeal Hickey, Arcebispo de Washington, que está ali reunido convosco.

88 Queridos estudantes, obrigado por participardes nesta oração. Continuai a dar testemunho da vossa fé em Cristo, na vida universitária e nas actividades diárias. Defendei e promovei o respeito pela dignidade de cada ser humano. A Igreja e a sociedade têm necessidade destes apóstolos neste período de extraordinários progressos nos sectores da informação, da tecnologia e da biomedicina.

3. Saúdo todos vós, jovens de várias Universidades filipinas, reunidos na Capela da Universidade de S. Tomás em Manila. Queridos estudantes universitários, sinto-me feliz por saber que participais neste evento. Saúdo D. Yalung e D. Tirona, que estão a presidir à vossa celebração.

Evoco com profunda emoção o Dia Mundial da Juventude de 1995. Ainda conservo no meu coração a memória da vossa alegria e fidelidade ao Evangelho. É com grande afecto que o Papa se sente próximo de vós e tem confiança nos vossos esforços evangelizadores, de maneira especial entre os vossos coetâneos e no mundo da cultura. Espero ansiosamente ver-vos em Roma por ocasião dos eventos jubilares consagrados à juventude.

4. O meu pensamento vai agora ao Santuário de Fátima para vos saudar, estudantes universitários de Portugal, que aí vos congregastes, vindos de toda a Nação. Guia-vos D. Tomás da Silva Nunes, Secretário da Conferência Episcopal Portuguesa, a quem envio uma fraterna saudação.

Queridos estudantes universitários de Portugal, é importante criar entre vós momentos de encontro para discernirdes os caminhos mais idóneos, que levem a uma presença qualificada da Igreja na Universidade. Diante de vós, queridos jovens, apresentam-se muitos desafios, mas também grandes oportunidades. Sede corajosos e fiéis ao Evangelho. Nossa Senhora de Fátima, que se Deus quiser terei a alegria de visitar no próximo mês de Maio... vos ajude a ser, à sua imagem, discípulos e testemunhas de Jesus Cristo.

Espero-vos em Roma! Vinde participar nos encontros jubilares previstos tanto para os jovens como para a Universidade.

5. De Portugal vou agora, com o pensamento e o coração, ao Brasil para saudar a vocês, estudantes universitários reunidos no Santuário de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, na vigília de oração presidida pelo Cardeal Aloísio Lorscheider, a quem saúdo também com um fraternal abraço.

Queridos estudantes universitários brasileiros, quero agradecer a vocês esta numerosa participação. Confio muito na sua generosa e criativa presença na vida da Igreja e da Universidade. Neste Ano jubilar, procurem empenhar-se em proclamar, com renovado ardor, a Cristo Redentor, centro e raiz de toda a verdadeira cultura. Deste modo, vocês contribuirão também para o crescimento da sua sociedade.

Espero vocês em Roma, para celebrarmos juntos o amor que tudo renova e indica o caminho dos homens.

6. Depois saúdo-vos, estimados estudantes universitários reunidos no Santuário de Jasna Góra em Czestochowa. Saúdo em particular D. Stanislaw Novak e D. Henryk Tomasik, que guiaram a vossa oração.

Agradeço-vos a presença e o empenhamento de animação da pastoral universitária. O vosso encontro hodierno serve como preparação para a tradicional peregrinação dos estudantes universitários da Polónia a Nossa Senhora de Jasna Góra. Neste Ano jubilar, desejo que a vossa peregrinação seja animada por um renovado e criativo impulso missionário em todas as Universidades. O tema do Jubileu: "A Universidade para um novo humanismo", que nesta noite vos confio, vos sirva de estímulo e de orientação na preparação das vossas comunidades universitárias para o Jubileu e para o encontro dos jovens em Roma. Peço-vos que confieis a Maria o caminho da pastoral universitária na Polónia e em toda a Igreja. Louvado seja Jesus Cristo!

89 7. E agora a minha palavra retorna a vós, presentes aqui na Praça de São Pedro. Antes de concluir, desejo saudar os participantes na peregrinação dos Cavaleiros de Colombo e, de maneira especial, D. Thomas V. Daily, Bispo de Brooklyn e Capelão da Ordem. Estou-vos grato pela participação e pelo compromisso ao serviço do Evangelho. Continuai a sustentar com generosidade a acção da Igreja na Universidade, nas formas mais idóneas para que a cultura contemporânea possa ser animada pela luz do Evangelho.

Invocando a celeste protecção da Virgem Santíssima sobre vós, sobre as pessoas presentes nesta Praça e inclusivamente sobre quantos estão ligados a nós através da televisão e da rádio, a todos concedo com afecto a minha Bênção Apostólica.



MENSAGEM DO PAPA JOÃO PAULO II


AO SENHOR CARDEAL WILLIAM W. BAUM


PENITENCIÁRIO-MOR


Ao Venerado Irmão
Cardeal WILLIAM W. BAUM
Penitenciário-Mor

1. Com apreciável solicitude Vossa Eminência, Senhor Cardeal, cuidou de organizar também neste ano o habitual Curso sobre o foro interno, para os candidatos próximos ao sacerdócio e os sacerdotes ordenados recentemente, embora reservando cordial acolhimento também aos sacerdotes maduros e peritos do ministério.

Desejo exprimir-lhe a minha satisfação pela iniciativa, que assume particular significado no Ano Jubilar: com efeito, ele é essencialmente o Ano do grande retorno e do grande perdão e, como fiz observar na Bula de proclamação Incarnationis mysterium, o sacramento da Penitência tem um papel primordial para esta efusão da misericórdia divina. O foro interno, aliás, tem por objecto antes de tudo esse sacramento e em geral os conteúdos da consciência, os quais ordinariamente são com confiança manifestados à Igreja, em conexão com o sacramento da Penitência.

Aproveito de bom grado esta ocasião para exprimir o meu apreço também aos Prelados e aos Oficiais da Penitenciaria Apostólica, cujo precioso trabalho está de maneira institucional dirigido a matérias atinentes ao foro interno. Depois, faço extensiva a expressão da minha grata consideração aos Padres Penitencieiros das Basílicas Patriarcais da Urbe, os quais por missão, sublinhada e exaltada neste Ano Santo, vivem o seu sacerdócio num contínuo empenho pela pastoral da Reconciliação. Dirijo, enfim, uma saudação particularmente afectuosa aos jovens sacerdotes e aos candidatos ao sacerdócio que, aproveitando a próvida iniciativa da Penitenciaria Apostólica, se prepararam nestes dias para um frutuoso cumprimento da sua futura missão.

2. É minha intenção que o agradecimento e a exortação, aqui expressos, cheguem a todos os sacerdotes do mundo, encorajando-os e sustentando-os na obra dedicada à salvação dos irmãos mediante o ministério das confissões, expressão entre as mais significativas do seu sacerdócio.

Nosso Senhor Jesus Cristo remiu-nos mediante o Mistério pascal, do qual o momento do sacrifício cruento constitui, por assim dizer, o coração. O sacerdote, como ministro do perdão no sacramento da Penitência, age in persona Christi: como poderia ele não sentir-se empenhado em tomar parte com toda a sua vida na atitude sacrifical de Cristo? Esta perspectiva, tendo como certo o valor do sacramento ex opere operato - independentemente, portanto, da santidade e dignidade do ministro - manifesta diante dele uma imensa riqueza ascética, oferecendo-lhe os supremos motivos pelos quais deve, precisamente para e no exercício dos seus ofícios sacramentais, ser santo e haurir do próprio exercício do ministério estímulos e ocasiões de ulterior santificação. Obra divina, a remissão dos pecados deve ser por conseguinte realizada com disposições espirituais tão elevadas que possam afirmar que esse sublime ministério, por aquilo que é possível à limitação humana, é realizado digne Deo. Isto não deixará de incrementar a confiança dos fiéis. O anúncio da verdade, sobretudo na ordem moral-espiritual, será de facto tanto mais crível quanto mais quem a proclama for dela, não só doutor em sentido académico, mas antes de tudo existencialmente testemunha.

Os próprios penitencieiros, aliás, devido à consideração da essencial conotação oblativa que o Sacramento evoca, não poderão deixar de haurir um estímulo importante a corresponderem à misericórdia do Senhor, com uma santidade de vida que os une de modo cada vez mais íntimo Àquele que, para a nossa salvação, se fez Vítima.

90 3. Se o mistério pascal é realidade de morte - aspecto sacrifical - ele foi disposto por Deus só em ordem à vida da Ressurreição. Também o sacramento da Penitência - assimilação a Jesus morto e ressuscitado - traz consigo a restituição da vida sobrenatural da graça, ou o aumento dela quando se trata só de pecados veniais. Por isso, o mistério deste sacramento só se pode entender completamente na perspectiva da parábola do Filho pródigo: "Tínhamos de fazer uma festa e alegrar-nos, porque este teu irmão estava morto e reviveu; estava perdido e encontrou-se" (Lc 15,32).

4. O ministro do sacramento da Penitência é mestre, é testemunha e, com o Pai, é pai da vida divina restituída e votada à plenitude. O seu magistério é o da Igreja, porque ele, agindo in persona Christi, não anuncia a si mesmo, mas Jesus Cristo: "Pois nós, não pregamos a nós próprios, mas a Cristo Jesus, o Senhor; e nós não somos senão servos, por amor de Jesus" (2Co 4,5).

O seu testemunho está confiado à humildade das virtudes praticadas e não ostentadas: "Quando, pois, deres esmola, não permitas que toquem trombeta diante de ti... Tu, quando orares, entra no teu quarto, e, fechando a porta, reza em segredo a teu Pai" (Mt 6,2 Mt 6,6). O seu doar a vida da graça cumpre o preceito de Jesus aos Apóstolos na sua primeira missão: "Recebestes de graça, dai de graça" (ibid. 10, 8).

5. Na Reconciliação sacramental o perdão de Deus é fonte de renascimento espiritual e princípio eficaz de santificação, até ao ápice da perfeição cristã.

O sacramento da Reconciliação, se for recebido pelo pecador arrependido com as devidas condições, não só objectivamente lhe confere o perdão de Deus, mas dá-lhe também, pelo amor misericordioso do Pai, graças especiais, pelas quais é ajudado a superar as tentações, a evitar as recaídas nos pecados dos quais se arrependeu, e a fazer, nalguma medida, uma experiência pessoal daquele perdão. Neste sentido, íntimo é o nexo entre o sacramento da Penitência e o da Eucaristia, no qual, com a recordação da Paixão de Jesus, "mens impletur gratia et futurae gloriae nobis pignus datur".

Em concreto, na fidelidade ao desígnio salvífico de Deus, como de facto Ele quis actuá-lo, "há que superar a tendência, bastante generalizada, que recusa qualquer mediação salvífica, colocando o indivíduo pecador a tratar directamente com Deus" (Audiência aos Bispos de Portugal em visita "ad Limina", 30 de Novembro de 1999; ed. port. de L'Osservatore Romano de 4.XII.1999, pág. 9, n. 4). Assim, "possa um dos frutos do Grande Jubileu do Ano 2000 ser o regresso generalizado dos fiéis cristãos à prática sacramental da Confissão" (Ibid.).

6. O amor misericordioso de Deus, que convida ao retorno e está pronto ao perdão, não tem limites nem de tempo, nem de lugar. Mediante o ministério da Igreja, não só para Jerusalém, como na profecia de Zacarias, mas para o mundo inteiro está sempre disponível "uma fonte transbordante para a purificação do pecado e da impureza (cf. 13, 1), da qual derramará sobre todos "um espírito de benevolência e de súplica (12, 10).

A caridade de Deus, embora não esteja coarctada no tempo nem no espaço, resplandece de modo muito especial no Ano Jubilar: ao dom fundamental da restituição da Graça, em via ordinária mediante o sacramento da Penitência, e à consequente remissão da pena infernal, o Senhor, dives in misericordia, une, mediante o ministério da Igreja, a remissão também da pena temporal com o dom das indulgências, obviamente se obtidas com as devidas disposições de santidade ou pelo menos de tendência à santidade. As indulgências, portanto, "longe de serem uma espécie de "desconto" ao empenho de conversão, são antes uma ajuda para um compromisso mais pronto, generoso e radical" (Audiência geral de 29 de Setembro de 1999, ed. port. de L'Osservatore Romano de 2.X.1999, pág. 12, n. 5). A indulgência plenária, de facto, exige a perfeita separação do pecado, o recurso aos sacramentos da Penitência e da Eucaristia, na comunhão hierárquica com a Igreja, expressa mediante a oração segundo as intenções do Sumo Pontífice.

7. Exorto vivamente os sacerdotes a educarem os fiéis, com apropriada e aprofundada catequese, a fim de que se valham do grande bem das indulgências, segundo a mente e o espírito da Igreja. Em especial os sacerdotes confessores poderiam de modo muito útil indicar aos seus penitentes como penitência sacramental práticas indulgenciadas, salvaguardando sempre os critérios de justa proporção com as culpas confessadas.

A missão do sacerdote, além do ministério do perdão que o Senhor lhe confiou, já mereceria ser vivida em plenitude: a salvação dos irmãos não pode deixar de ser para ele motivo de profunda alegria do espírito.

Com esta certeza, por todos os membros da Penitenciaria Apostólica, pelos Padres penitencieiros, pelos jovens que se preparam para o seu amanhã sacerdotal, elevo a minha oração ao Senhor misericordioso a fim de que lhes conceda plena generosidade ao oferecerem-se ao serviço das almas na intimidade do colóquio penitencial: com efeito, especialmente então, o sacerdote é "colaborador de Deus" para a construção do edifício de Deus (cf. 1Co 3,9).

91 Em penhor de copiosos favores celestes envio-lhe, Senhor Cardeal, aos seus Colaboradores, aos Padres Penitencieiros e a todos os participantes no Curso sobre o foro interno uma especial Bênção Apostólica.

Vaticano, 1 de Abril de 2000.

PAPA JOÃO PAULO II




DISCURSO DO PAPA JOÃO PAULO II

AOS PARTICIPANTES NO XVI CONGRESSO INTERNACIONAL

DEDICADO AO TEMA "O FETO COMO PACIENTE"


Segunda-feira, 3 de Abril de 2000


Senhoras e Senhores!

1. É-me grato ter a oportunidade de vos dar as boas-vindas ao Vaticano, por ocasião do vosso Congresso internacional. Agradeço ao Professor Cosmi as cordiais palavras que me dirigiu em vosso nome, e asseguro-vos do interesse com que a Santa Sé acompanha os desenvolvimentos do vosso sector.

Permiti-me dizer quanto me sinto feliz pelo tema do Congresso "O feto como paciente". Ao concentrar-se sobre feto como sujeito de intervenção médica e de terapia, o vosso Congresso considera o feto em toda a sua dignidade humana, dignidade que o nascituro possui desde o momento da concepção.

2. Nas últimas décadas em que a percepção da humanidade a respeito do feto esteve ameaçada ou distorcida por interpretações restritas da pessoa humana e por leis que introduzem estados cientificamente privados de fundamento no desenvolvimento da vida concebida, a Igreja diversas vezes afirmou e defendeu a dignidade humana do feto. Com isto entendemos que "o ser humano deve ser respeitado e tratado como pessoa desde o momento da concepção; por isso, desde aquele mesmo momento devem ser reconhecidos os seus direitos de pessoa, entre os quais, em primeiro lugar, o direito inviolável à vida de todo o ser humano inocente" (cf. Instrução Donum vitae, I, 1; cf. Carta Encíclica Evangelium vitae EV 60).

3. As terapias embrionais que emergem agora nos campos genético, cirúrgico e médico oferecem novas esperanças de salvar a vida de quem sofre de patologias que são ou incuráveis ou muito difíceis de serem curadas depois do nascimento. Elas confirmam, por conseguinte, o ensinamento que a Igreja sustentou tendo como base quer a filosofia quer a teologia. Com efeito, a fé não diminui o valor e a validade da razão. Ao contrário, a fé sustenta e ilumina a razão, em particular quando a debilidade humana ou influências psicossociais diminuem a sua perspicácia.

No vosso trabalho, que deveria sempre basear-se sobre a verdade científica e ética, sois chamados a reflectir com seriedade sobre algumas propostas e práticas que derivam das tecnologias de procriação artificial. Na minha Carta Encíclica Evangelium vitae, fiz observar que várias técnicas de reprodução artificial, aparentemente ao serviço da vida, abrem na verdade a porta a novos atentados contra ela. Para além do facto que são moralmente inaceitáveis, uma vez que dissociam a procriação do contexto integralmente humano do acto conjugal, estas técnicas registam altas percentagens de insucesso, que se refere não tanto à fecundação, quanto ao sucessivo desenvolvimento do embrião, exposto ao perigo de morte dentro de tempos em geral muito breves (cf. Evangelium vitae EV 14).

4. Um caso de particular gravidade moral, muitas vezes derivante destes modos de proceder ilícitos, é o da chamada "redução embrional", ou eliminação de alguns fetos quando concepções múltiplas se verificaram no mesmo momento. Este modo de proceder é gravemente ilícito quando as concepções múltiplas acontecem no decurso normal das relações conjugais, mas é duplamente ilícito quando estas são o resultado da procriação artificial.

Aqueles que recorrem a métodos artificiais devem ser considerados responsáveis por concepção ilícita, mas qualquer que seja a modalidade da concepção, uma vez que ocorreu, a criança concebida deve ser absolutamente respeitada. A vida do feto deve ser tutelada, defendida e nutrida no seio materno por causa da sua intrínseca dignidade, uma dignidade que pertence ao embrião e não algo que é conferido ou concedido por outros, nem pelos pais genéticos, nem pelo pessoal médico nem pelo Estado.

92 5. Ilustres hóspedes, sois especialistas em acompanhar os inícios maravilhosos e delicados da vida humana no seio materno. Por isso, sabeis melhor do que outros de que modo a doutrina moral da Igreja fortalece e sustenta uma ética moral, baseada no respeito pela inviolabilidade de toda a vida humana. A doutrina moral católica ilumina questões conexas com o processo delicado do início da vida, tão repleto de esperança e rico de promessas para a vida futura, campo já amadurecido pelas descobertas maravilhosas da ciência médica. Confio no facto que o vosso trabalho seja sempre inspirado por um reconhecimento claro da dignidade dos seres humanos, cada um dos quais é um dom incomparável do amor criativo de Deus.

Desejo hoje prestar honra às vossas descobertas científicas e ao modo como as aplicais na tutela da vida e da saúde do nascituro. Invoco sobre vós e o vosso trabalho a ajuda incessante de Deus Omnipotente e, em penhor da assistência divina, concedo de coração a minha Bênção Apostólica.







Discursos João Paulo II 2000 83