Discursos João Paulo II 2000 432

432 Nesta missão de humildes servidores da unidade do povo de Deus, inspirai-vos constantemente nos exemplos e ensinamentos dos Santos e dos Beatos que se formaram no âmbito da vossa Associação: penso de maneira especial nos Santos mártires mexicanos, nos Beatos Pier Giorgio Frassati, em Gianna Beretta Molla, em Pierina Morosini, em Antonia Mesina e ainda na Irmã Grabriela da Unidade.

Acompanhe-vos e proteja-vos Maria, a Virgem Imaculada, de quem, de forma muito especial, vos honrais, invocando-a como Mãe e Rainha da Acção Católica.

À comunidade do Pontifício Colégio Escocês

4. Proporciona-me grande alegria acolher aqui o Cardeal Thomas Winning e os Bispos, sacerdotes e seminaristas reunidos em Roma para as celebrações que assinalam o IV Centenário de Fundação do Pontifício Colégio Escocês. Enquanto agradeço a Sua Eminência as amáveis palavras que me dirigiu, apraz-me também estender as minhas calorosas boas-vindas ao Secretário de Estado da Escócia, ao Primeiro-Ministro, bem como aos outros distintos visitantes e benfeitores que estão a honrar esta ocasião com a sua presença.

Foi exactamente há quatro séculos que, durante o Ano jubilar de 1600, o Papa Clemente VIII fundou o Colégio, através da Bula In supremo militantis Ecclesiae, numa época de sublevações políticas e religiosas no vosso País. Neste ano aniversário, uno-me a vós em acção de graças por tudo o que o Colégio tem representado para a Igreja na Escócia e, de forma especial, pelas numerosas gerações de sacerdotes formados no Colégio, que se consagraram com generosidade ao serviço de Deus e do seu povo.

O seu exemplo deveria ser um manancial de inspiração para vós, que representais a actual geração de estudantes, enquanto vos preparais para proclamar o Evangelho às pessoas do nosso tempo. Fazei-lo, conscientes dos desafios e das dificuldades contemporâneos, mas persuadidos de que Jesus Cristo, "o mesmo ontem, hoje e para toda a eternidade" (
He 13,8), é o único a dar uma resposta plenamente satisfatória para as mais profundas aspirações do coração humano.

Durante os anos que passais em Roma, nesta cidade que se tornou santa em virtude do sangue dos mártires e da vida de inumeráveis outros Santos e Santas, encorajo-vos a seguir o seu exemplo desenvolvendo uma profunda intimidade com o Senhor e tornando-vos homens de intensa oração. Nos vossos estudos, procurai sempre a verdade e a sabedoria que vos há-de tornar capazes de responder às interrogações fundamentais que dizem respeito à vida das pessoas. Sede sempre inflamados com o amor de Jesus Cristo, de tal maneira que, ao ver-vos, os outros sejam guiados para Ele e o seu Reino.

No alvorecer do novo Milénio, a tarefa do Pontifício Colégio Escocês consiste em caminhar para a frente com confiança, cumprindo a sua missão de formar sacerdotes "segundo o coração de Cristo", impregnados de zelo pela difusão do Evangelho. O seu passado ilustre deve encorajar-vos a garantir um futuro ainda mais glorioso! Confio cada um de vós e as vossas famílias, bem como toda a Igreja que está na Escócia, à intercessão de Santo André e de Santa Margarida, assim como à protecção de Maria, Mãe dos sacerdotes.

Aos participantes no Seminário do Pontifício Conselho "Justiça e Paz"

5. Ao agradecer a D. François Xavier Nguyên Van Thuân as suas amáveis palavras proferidas hoje de manhã, dou calorosas boas-vindas a ele e aos participantes no Seminário organizado pelo Pontifício Conselho "Justiça e Paz" e por outras Organizações católicas sobre o tema "Da redução da dívida à diminuição da pobreza".

Na Mensagem que vos dirigi, evidenciei a necessidade de assegurar que não cessem os esforços despendidos durante este Ano jubilar, com vista a encontrar soluções para o pesado fardo da dívida dos países mais pobres, mas que continuem a dar fruto também nos anos vindouros. Não podemos permitir que o cansaço ou a inércia debilite o nosso compromisso lá onde a vida dos mais pobres está em perigo.

433 O Jubileu está centrado na pessoa de Jesus Cristo: oxalá Aquele que veio para "anunciar a Boa Notícia aos pobres" (Mt 11,5) vos assista nas vossas reflexões e vos fortaleça na esperança. Deus Omnipotente vos abençoe abundantemente, bem como as vossas famílias.
Por fim, mas não é menos importante, transmito uma especial saudação às Filhas de Santa Maria da Providência, aqui presentes com um grupo de enfermos e de portadores de deficiência, dos quais elas se ocupam. Queridas Amigos, o Senhor seja o vosso conforto, fortaleza e alegria.

Às Religiosas Servas da Encarnação

6. O meu pensamento afectuoso dirige-se agora a vós, queridas Religiosas Servas da Encarnação, que neste Ano Santo recordais com alegria o quinquagésimo aniversário de fundação do vosso Instituto. Esta coincidência providencial não somente põe em evidência o vínculo da vossa Família religiosa com a celebração destes dois Jubileus, mas sobretudo propõe de novo a centralidade do Mistério da Encarnação, no qual se inspiram a vossa espiritualidade e o vosso apostolado.

Seguindo os exemplos e os ensinamentos do Padre Camiliano Primo Fiocchi e da Madre Annunziata Montereali, a vossa Congregação compromete-se efectivamente a viver de maneira humilde na Igreja e pela Igreja, mostrando ao mundo contemporâneo a imagem do Verbo encarnado e descobrindo na face de cada homem o rosto do próprio Cristo. A eficácia da vossa acção apostólica brota da contemplação de Cristo, Verbo encarnado, que assumiu a condição humana, humilhando-Se a Si mesmo até à morte de Cruz.

Conscientes da actualidade do vosso carisma, levastes a mensagem da Encarnação não só a diversas regiões da Itália, onde desde há tempo estais comprometidas na catequese, na formação dos jovens e na assistência aos doentes e aos idosos, mas também a outros países, abrindo-vos um promissor horizonte missionário. O Senhor torne fecundo este empenhamento apostólico.

Formulo votos de coração a fim de que a celebração do cinquentenário de fundação, no contexto do Ano jubilar, vos confirme de forma especial na contemplação do Verbo encarnado e no desejo de servir o Filho de Deus nos irmãos, em particular nos mais pobres e sofredores.

7. Caríssimos Irmãos e Irmãs! Ao renovar a todos vós aqui presentes o meu vivo agradecimento pelo encontro de hoje e os meus cordiais bons votos pelas vossas actividades apostólicas, de formação e de solidariedade, desejo ainda que a celebração do Grande Jubileu do Ano 2000 suscite em cada um de vós um zelo espiritual mais ardente e um corajoso testemunho evangélico.

Com estes sentimentos, invoco sobre todos a celeste protecção da Virgem Imaculada, Mãe do Verbo encarnado e, do íntimo do coração, concedo a vós e às vossas Comunidades uma especial Bênção apostólica.




AOS MEMBROS DA ASSOCIAÇÃO


"SERRA INTERNATIONAL"


7 de Dezembro de 2000


Queridos Sócios
434 da Associação "Serra International"

1. Sinto-me feliz por viver convosco este intenso momento espiritual, por ocasião da vossa peregrinação jubilar aos túmulos dos Apóstolos Pedro e Paulo.

Saúdo D. Justin Francis Rigali, Arcebispo de São Luís, e agradeço-lhe as cordiais palavras que me dirigiu em vosso nome. Faço extensiva a minha saudação a todos vós, que viestes aqui de várias nações.

Trazeis a esta celebração a marca espiritual que vos distingue: refiro-me à compreensão particularmente profunda da existência cristã como "vocação". "Não fostes vós que Me escolhestes, fui Eu que vos escolhi..." (
Jn 15,16): estas palavras que Cristo dirigiu aos Apóstolos adaptam-se a cada baptizado. Devemos ter disto uma consciência jubilosa e grata. Ao virdes implorar a graça jubilar, viestes precisamente para vos abrirdes com uma nova disponibilidade ao chamamento fundamental recebido no baptismo, renovando a opção radical de coerência cristã e de santidade.

2. A vossa vocação baptismal orienta-vos para o próximo: é uma vocação essencialmente missionária, como aprendestes do exemplo do Beato Junipero Serra, o grande evangelizador da Califórnia. Seguindo as suas pegadas, chegastes a partilhar a solicitude do próprio Cristo: "A messe é grande, mas os trabalhadores são poucos" (Mt 9,37 Lc 10,2). Não podemos deixar de perceber a oportunidade e a urgência destas palavras! O horizonte de "messe" do Senhor é de facto ilimitado se não considerarmos apenas as necessidades pastorais da própria Igreja, mas também o grande número de pessoas que ainda espera o primeiro anúncio do Evangelho. Na complexidade do tempo actual, agora, no alvorecer do novo milénio, devemos reconhecer que a busca de significado, uma busca real e todavia muitas vezes silenciosa, se está a difundir na sociedade. Entre os jovens, no mundo da cultura e dos grandes desafios éticos e sociais do nosso tempo, existe um sentido não expresso da necessidade de Cristo. Para responder a esta necessidade toda a Igreja deve tornar-se completamente ministerial, uma comunidade de arautos e de testemunhas, rica de operários para a messe.

3. É o próprio Cristo, o "Senhor da messe", que escolhe os seus operários. A sua chamada é sempre imerecida e inesperada. E contudo, no mistério da aliança de Deus connosco, somos chamados a cooperar com a Sua Providência e a utilizar o poderoso instrumento que Ele confiou nas nossas mãos: a oração! Eis quanto o próprio Jesus pediu que fizéssemos: "Rogai, portanto, ao Senhor da messe que envie trabalhadores para a Sua messe" (Mt 9,38).

Queridos Membros do "Serra International", estais empenhados de maneira particular na promoção das vocações. Nunca esqueçais que o vosso empenho deve ser sobretudo um empenho na oração, oração que é constante, inabalável e repleta de confiança. A oração move o coração de Deus. É um instrumento poderoso para resolver o problema das vocações. Contudo, simultaneamente, a oração pelas vocações é também uma escola de vida, como tive ocasião de evidenciar recentemente: "Rezando pelas vocações, aprende-se a olhar com sabedoria evangélica o mundo e as necessidades de vida e de salvação de todo ser humano; além disso, vive-se a caridade e a compaixão de Cristo para com a humanidade..." (Mensagem para o XXXVIII Dia Mundial de oração pelas Vocações, 6, Ed. port. de 2/12/2000, pág. 9).

4. Juntamente com a oração, a obra de promoção das vocações requer também um esforço constante para chamar a atenção das pessoas para esta necessidade, através do testemunho pessoal, de forma que a chamada de Deus possa ser verdadeiramente ouvida e obtenha uma resposta generosa das pessoas às quais se dirige. Eis a finalidade dos vossos esforços que se destinam a difundir uma autêntica cultura das vocações.

A comunidade cristã tem urgente necessidade de compreender que a promoção das vocações é mais que uma simples questão de "programas".

É algo que diz respeito ao mistério da Igreja. Com efeito, as vocações estão relacionadas com o significado profundo da Igreja como Corpo de Cristo, formado e animado pelo Espírito Santo com a riqueza dos seus dons. O Concílio Vaticano II recordou-nos isto: "Também na edificação do Corpo de Cristo há diversidade de membros e de funções. Único é o Espírito, que para bem da Igreja distribui os seus vários dons" (Lumen gentium LG 7). Cada um dos membros do Povo de Deus tem uma missão específica para cumprir. A partir do momento em que as necessidades da "messe" são tão grandes, todos os membros do Povo de Deus devem tornar-se mais conscientes de "serem chamados". São significativos os dons e as tarefas associadas ao empenho dos cristãos na ordem temporal. É principalmente responsabilidade dos leigos. Contudo, uma tarefa pertence aos ministérios propostos à orientação e ao crescimento em santidade da comunidade eclesial, ou seja, ao sacerdócio e à vida consagrada. Como Membros do "Serra International" compreendeis isto muito bem e, como membros do laicado, estais empenhados na promoção destas vocações.

5. Neste quadro eclesial situa-se, estimados Serranos, o vosso empenho pela pastoral vocacional. Dedicando-vos a ela, fazeis com que o problema das vocações não permaneça um problema só para os Pastores, mas seja sentido pela sensibilidade de todos, envolvendo sobretudo as famílias e os educadores. Isto é de importância fundamental.

435 Para esta finalidade, continuai a dar o vosso contributo, em plena sintonia com os vossos Bispos. Sede pessoas de comunhão, colocando-vos com afecto laborioso ao lado dos sacerdotes. Ide ao encontro, com a caridade que vos distingue, das exigências das vocações pobres. O bem que daí deriva para a Igreja será penhor de abundantes dons celestes, que de bom grado invoco sobre cada um de vós e sobre o vosso movimento pela intercessão materna de Maria, Virgem Imaculada.

Com estes sentimentos, abençoo todos vós de coração.



HOMENAGEM DO SANTO PADRE


À IMACULADA CONCEIÇÃO


8 de Dezembro de 2000



1. Renova-se hoje, 8 de Dezembro,
a devota peregrinação dos romanos,
nesta histórica Praça de Espanha,
na qual o Beato Pio IX
quis levantar em 1856
este monumento mariano,
para recordar a proclamação
do dogma da Imaculada Conceição.

Prestamos homenagem
a Maria Santíssima
436 preservada desde o primeiro instante
do contágio da culpa original
e de toda a sombra de pecado,
em virtude dos méritos
de seu Filho Jesus Cristo,
nosso único Redentor.

Como todos os anos,
uno-me de boa vontade
a esta tradicional homenagem floral,
símbolo eloquente
de uma entrega de todos
437 ao Coração Imaculado da Mãe do Senhor.

2. No contexto do Grande Jubileu,
ressoa com singular realce
a verdade de fé
que a Igreja hoje professa e proclama:
"Porei inimizade entre ti e a mulher,
entre a tua descendência
e os descendentes dela.
Estes esmagar-te-ão a cabeça" (
Gn 3,15).

Palavras proféticas de esperança,
a ressoar nos alvores da história!
438 Elas anunciam a vitória que Jesus,
"nascido de mulher" (
Ga 4,4),
haveria de ter sobre satanás,
príncipe deste mundo.

"Esmagar-te-á a cabeça":
a vitória do Filho é vitória da Mãe,
a Imaculada Serva do Senhor,
que intercede por nós
como advogada de misericórdia.
Este é o mistério que hoje celebramos;
este é o anúncio que renovamos
439 com fé aos pés desta coluna mariana.

Roma, berço de história e de civilização,
escolhida por Deus para sede de Pedro
e seus sucessores,
terra santificada por numerosos mártires
e testemunhas da fé,
abre hoje os seus braços ao mundo inteiro.

Roma, centro da fé católica,
faz-se voz do povo cristão
espalhado pelos cinco continentes
e proclama com uma fé cheia de alegria:
440 em Ti, Maria, venceu o Amor.


3. "Eu porei inimizade entre ti e a mulher...".
Nestas misteriosas palavras
do Livro do Génesis
não está, porventura, condensada
a verdade dramática
de toda a história do homem?

Há trinta e cinco anos,
no termo dos seus trabalhos,
o Concílio Ecuménico Vaticano II
recordava que a história é,
441 na sua realidade profunda,
teatro de "um duro combate
contra os poderes das trevas,
que começou no princípio do mundo e,
segundo a palavra do Senhor,
durará até ao último dia"
(Gaudium et spes
GS 37).

Neste encontro sem tréguas,
está inserido o homem, todo o homem,
que "deve combater constantemente,
se quer ser fiel ao bem;
442 só com grandes esforços
e a ajuda da graça de Deus
conseguirá realizar
a sua própria unidade" (ibidem).

4. Virgem Imaculada,
Mãe do Salvador,
os séculos falam da tua presença maternal
como força do povo peregrino
sobre os caminhos da história.
Levantamos para Ti os nossos olhos
e pedimos o teu socorro
443 na luta contra o mal
e no empenho pela causa do bem.

Conserva-nos sob a tua maternal protecção,
ó Virgem toda bela e toda santa!
Ajuda-nos a avançar no novo milénio
revestidos daquela humildade
que Te tornou predilecta
aos olhos do Altíssimo.
Não se percam os frutos deste Ano jubilar!

Depomos nas tuas mãos
o futuro que nos espera,
444 invocando sobre o mundo inteiro
a tua constante protecção.
Por isso, como o apóstolo João,
queremos levar-te
para nossa casa (cf. Jo
Jn 19,27).

Fica connosco, Maria,
fica connosco para sempre!
Ora pro nobis, intercede pro nobis,
ad Dominum Iesum Christum!

Amen.




AOS FIÉIS VINDOS A ROMA EM


PEREGRINAÇÃO JUBILAR


Sábado, 9 de Dezembro de 2000




445 Caríssimos Irmãos e Irmãs

1. É com grande alegria que vos recebo hoje, no dia seguinte à solenidade da Imaculada Conceição de Maria, e vos agradeço a vossa amável visita. Viestes para atravessar a Porta Santa e celebrar o vosso Jubileu. Apresento a cada um a minha cordial saudação, e sinto-me feliz por compartilhar convosco a alegria do encontro com o Senhor.

Aos fiéis de Grumo Nevano

O meu pensamento volta-se em primeiro lugar para os inumeráveis peregrinos oriundos de várias paróquias da Itália. De modo especial, saúdo os fiéis de Grumo Nevano. Caríssimos, na sociedade contemporânea, caracterizada por rápidas e profundas transformações sociais e culturais, procurai actualizar constantemente a vossa formação religiosa, aprofundando os conteúdos da fé. Além disso, amadurecei no conhecimento e na comunhão com o Senhor, entretecendo com Ele um intenso relacionamento pessoal, feito de escuta da sua palavra e de oração genuína. Assim, podereis estar prontos a responder sem hesitações a quem vos perguntar a razão da vossa adesão a Cristo, Redentor de todo o homem e do homem todo.

Aos taxistas e aos transportadores rodoviários

2. Penso agora com afecto em vós, estimados membros da Cooperativa Rádio Táxi 35 70 de Roma, e naqueles que se uniram a vós, oriundos de várias nações da Europa para celebrar um especial Jubileu dos taxistas e dos transportadores rodoviários. E viestes acompanhados das vossas famílias. Obrigado pela vossa presença e pelos significativos dons que trazeis convosco.

Desempenhais um importante serviço à colectividade e passais não poucas horas do vosso dia nos veículos que conduzis. A vossa actividade de trabalho coloca-vos em contacto constante com as pessoas; assim, podeis conhecer os vários aspectos da sociedade, não raro recolhendo as confidências dos passageiros. Estai sempre prontos a escutar com amabilidade e paciência, esforçando-vos por transmitir serenidade a quantos encontrais. Podeis realizar um precioso serviço de evangelização, se souberdes comunicar aos vossos interlocutores a alegria da vossa fé e do vosso empenhamento cristão. Para que isto se concretize, vós mesmos não deixeis de crescer no conhecimento de Cristo e do seu Evangelho. Em cada pessoa de quem vos aproximais, procurai reconhecer um irmão a amar e a servir.

Aos membros da FOCSIV

3. Agora, dirijo a minha palavra à Federação dos Organismos Cristãos de Serviço Internacional de Voluntariado (FOCSIV). Caríssimos, no final da Assembleia geral anual, quisestes dirigir-me a vossa deferente saudação. Agradeço-vos a presença e o gesto cordial.
A vossa actividade benemérita em benefício dos países em vias de desenvolvimento brota de um profundo desejo de pôr em prática o Evangelho da caridade. Neste contexto, a vossa obra qualifica-se como uma peculiar vocação laical ao serviço não só do anúncio cristão, mas também da dignidade de cada pessoa e do desenvolvimento dos povos do mundo inteiro. Enquanto me faço intérprete da gratidão eclesial pela vossa generosa disponiblidade, encorajo os sócios dos 52 organismos que compõem a vossa Federação a prosseguirem com entusiasmo as iniciativas de sensibilização diante dos objectivos que vos propusestes e a perseverardes com espírito evangélico na vossa actividade a favor de muitos irmãos e irmãs em necessidade. Acompanho os meus bons votos com a certeza de uma particular lembrança na oração.

Aos componentes da UCID

446 4. Além disso, saúdo os membros da União Cristã de Empresários Dirigentes, congregados em Roma para a celebração do seu Jubileu. Caríssimos, a vossa benemérita Associação propõe-se o conhecimento, a actuação e a difusão da doutrina social da Igreja, contribuindo para a edificação de uma sociedade mais justa e fraterna através da formação cristã e profissional dos sócios e a colaboração entre os membros da empresa. Acolhendo o apelo jubilar à conversão, à justiça e à caridade, quisestes oferecer à Diocese de Roma o novo complexo paroquial de Santa Maria da Apresentação, no bairro romano de "Boccea". Obrigado por este nobre gesto de colaboração concreta na missão evangelizadora do Bispo de Roma, que confirma o prolongado e benemérito compromisso do vosso Sodalício no mundo empresarial e na sociedade italiana.

O acontecimento jubilar constitua uma renovada experiência de fé e de graça, e ofereça a cada um dos sócios da vossa União renovadas motivações para tornar as empresas em comunidades cada vez mais capazes de promover um bem-estar justo, fruto da busca conjunta de objectivos económicos, de valores morais e de atenção solidária às exigências dos jovens e dos pobres.

Aos peregrinos de língua alemã

5. Dirijo uma saudação cordial aos Notários que, de 17 diferentes países da Europa, vieram em peregrinação à Cidade Eterna. Estou feliz por desejardes encontrar também o Sucessor de Pedro no contexto da vossa peregrinação. E agradeço ao Presidente da Câmara dos Notários da Áustria esta iniciativa espiritual no Ano Santo. O vosso trabalho está ao serviço dos cidadãos e visa o justo equilíbrio entre os seus relacionamentos. Esta peregrinação vos ajude a cumprir esta elevada tarefa para o bem dos homens.

Como penhor, concedo-vos de bom grado a Bênção Apostólica.

Aos fiéis de expressão francesa

6. A todos vós, Notários de diversos países europeus em peregrinação na Cidade Eterna, dirijo a minha cordial saudação. Saúdo-vos de igual modo, peregrinos da Região apostólica da Provença Mediterrânea, vindos da França para realizar a peregrinação jubilar. Que o tempo do Advento seja para vós e para todos os discípulos de Cristo uma ocasião de viver mais intensamente a celebração da Encarnação do Senhor, conservando o olhar fixo no mistério da salvação! A todos concedo, do íntimo do coração, a Bênção apostólica!

À comunidade do Seminário Maior de Tarnów (Polónia)

Saúdo com alegria a Comunidade do Seminário Maior de Tarnów: os educadores, os professores e os estudantes. Chegastes à Cidade Eterna acompanhados do vosso Pastor, Mons. Wiktor Skwore, como peregrinos do Ano jubilar, para vos renovardes espiritualmente e obterdes as graças vinculadas a este Jubileu.

Roma é assinalada de maneira particular pela presença de São Pedro. Aqui vive Pedro! Tais palavras são pronunciadas nesta Cidade desde o dia do martírio daquele que, por vontade de Cristo, se tornou pedra. Nos arredores de Cesareia de Filipe, Simão filho de Jonas, que o Senhor chamou Pedro, fez a profissão de fé sobre a qual, como sobre uma pedra, se edifica a Igreja: "Tu és o Messias, o Filho de Deus vivo" (
Mt 16,16). É precisamente sobre esta fé de Pedro, vigorosa como como uma rocha, que se fundamenta a fé da Igreja e, por conseguinte, também a nossa fé.

Ele foi o primeiro, juntamente com o seu irmão André, a ser chamado para o serviço de pescador de homens (cf. Mc Mc 1,16-18). Foi ele que confessou, de maneira muito simples e ao mesmo tempo comovedor, por três vezes o amor a Jesus ressuscitado, antes que lhe fosse confiado o poder sobre toda a Igreja: "Apascenta as minhas ovelhas" (cf. Jo Jn 21,15-19).

447 7. Dilectos Alunos, Cristo presente na Igreja, único Redentor do homem, até aos nossos dias chama a segui-lo, como outrora chamou Pedro e os outros Apóstolos. A cena da vocação de André e do seu irmão Simão Pedro repete-se incessantemente, num certo sentido, na história do homem. Cada um de vós também ouviu no profundo da sua alma as palavras de Cristo: "Vem e segue-me!" (cf. Mt Mt 19,21) e traz esta chamada no próprio coração, dela vive e com ela se revigora todos os dias.

Toda a vocação cristã provém de Deus, é uma dádiva d'Ele. Porém, a vocação presbiteral constitui um especial dom da graça, o dom do amor inefável de Deus pelo homem. São João expressou muito profundamente esta verdade com as seguintes palavras: "Não fostes vós que me escolhestes, mas fui Eu que vos escolhi" (Jn 15,16). Em resposta a tal dádiva deveríamos demonstrar a Deus uma gratidão constante e a disponibilidade a entregarmo-nos sem reservas à causa do anúncio do Evangelho. A consciência desta especial eleição vos faça ser solícitos para com a vossa santificação. O sacerdócio para o qual vos estais a preparar deveria ser para vós uma singular vereda para a santidade, rumo à vida de íntima união interior com Jesus Cristo, porque somente "quem fica unido a Ele dá muito fruto" (cf. Jo Jn 15,5). Como escrevi na Exortação Apostólica Pastores dabo vobis: "A santidade é intimidade com Deus, é imitação de Cristo pobre, casto e humilde; é amor sem reservas às almas e entrega pelo seu próprio bem; é amor à Igreja que é santa e nos quer santos, porque assim é a missão que Cristo lhe confiou. Cada um de vós deve ser santo também para ajudar os irmãos a seguir a sua vocasção à santidade" (n. 33).

8. Viestes em peregrinação à Cidade Eterna para vos confiardes a Cristo, junto do túmulo do Apóstolo Pedro; todo o vosso futuro está, num certo sentido, assente sobre a rocha da sua fé e do seu amor. Reforçados interiormente e repletos de graça, podereis responder ao dom da vocação sacerdotal com fervor e generosidade ainda mais intensos. Tanto na nossa Pátria como fora das suas fronteiras, os homens esperam o ministério da palavra e dos sacramentos, contam com a vossa orientação ao longo do caminho rumo à casa do Pai. A Diocese de Tarnów goza de um grande número de presbíteros e de vocações sacerdotais. O Seminário de Tarnów é excepcional, sob o ponto de vista do número dos candidatos que ali se preparam para o sacerdócio. Trata-se de uma grande graça que devemos reconhecer com ardor perante o Senhor da messe, mas é também uma tarefa para a vossa Diocese, que ela cumpre muito bem. Desde há vinte e cinco anos os sacerdotes de Tarnów anunciam a Boa Nova no continente africano. O zelo missionário conduziu-os para os países da América do Sul, a Bielo-Rússia, a Ucrânia e até o Cazaquistão. O seu exemplo seja para vós um encorajamento para empreender esta grandiosa missão de anunciar Cristo a todos os povos.

9. Estimados Alunos, faço votos por que sejais fiéis à vossa vocação, até ao fim da vida. Os vossos corações estejam sempre repletos de júbilo e de entusiasmo juvenil. Fazei bom uso do tempo, progredindo a exemplo de Cristo, "em sabedoria e graça perante Deus e os homens" (cf. Lc Lc 2,52). Edificai com perseverança a comunidade do Seminário sobre o fundamento da fraternidade, da oração, da meditação da palavra de Deus e da Eucaristia. O mundo tem necessidade de vós. Precisa da vossa santidade e do vosso genuíno testemunho cristão. Transmiti o Evangelho aos homens do nosso tempo, que escutam com maior boa vontade as testemunhas que os mestres, e são mais sensíveis ao exemplo vivo que às palavras. Na oração, recomendo a Deus todos e cada um de vós que estais aqui presentes, assim como os vossos pais, educadores e professores. Confio-vos à protecção da Mãe Santíssima. Que Ela vos acompanhe pelo caminho da preparação para o presbiterado e vos sustente na realização da vocação sacerdotal.

Abençoo de coração toda a Comunidade do Seminário Maior de Tarnów.

Aos demais grupos de peregrinos

10. Enfim, dirijo a minha saudação cordial aos numerosos grupos de peregrinos que participam neste nosso encontro. Penso de maneira especial na Associação das famílias e dos portadores de espinha bífida e hidrocéfala, nos dirigentes e sócios da Associação Nacional de Agentes de Seguro, nos membros da Academia europeia para as Relações económicas e culturais, nos técnicos e jogadores da Sociedade de Basquetebol Roma, nos representantes da Associação dos Curtidores, nos Alpinos de Martinengo e no Coro dos Alpinos de Lauzacco, no Grupo de Operadores Radiofónicos de Emergência, de Bari, e nos peregrinos do Centro Don Orione, de Bérgamo. Além disso, saúdo os fiéis provenientes de Messina, Brindes, Santa Teresa Riva e todos os demais grupos aqui presentes.

Caríssimos Irmãos e Irmãs, renovando-vos a minha profunda gratidão pela vossa visita, convido-vos a voltar o olhar para Maria, muito presente neste tempo de Advento. A Virgem Imaculada, que com o seu "sim" ao Anjo Gabriel aderiu plenamente à vontade de Deus, vos sustente no propósito de tornar fecunda a graça do Jubileu. Acompanhe-vos também a minha Bênção, que de bom grado estendo às vossas famílias, às vossas comunidades de proveniência e a quantos vos são queridos.




AO NOVO EMBAIXADOR DA REPÚBLICA DOMINICANA


JUNTO À SANTA SÉ POR OCASIÃO DA APRESENTAÇÃO DAS


CARTAS CREDENCIAIS


: 11 de Dezembro de 2000



Senhor Embaixador Victor A. Hidalgo Justo!

1. É-me grato receber as Cartas Credenciais que o acreditam como Embaixador Extraordinário e Plenipotenciário da República Dominicana junto da Santa Sé, manifestando-lhe ao mesmo tempo a minhas mais cordiais boas-vindas e os melhores votos para a missão que o seu Governo lhe confiou. Agradeço as suas amáveis palavras e, em particular, a deferente saudação do Senhor Presidente da República, Engenheiro Hipólito Mejía, da qual se faz portador. Peço-lhe a bondade de lhe transmitir o meu apreço, juntamente com os melhores votos para o querido povo dominicano.

448 Não posso esquecer que, seguindo a rota dos primeiros evangelizadores, essa foi a primeira terra americana que me recebeu no início do meu Pontificado. Era como a porta de entrada para uma parte do mundo, cheia de riqueza humana e de hospitalidade, na qual se enraizou com vigor a Cruz de Cristo e floresceu a Igreja, à qual desejei levar "nova esperança à sua esperança" (Discurso de chegada a Santo Domingo, 25 de Janeiro de 1979, ed. port. de L'Osservatore Romano de 4/2/1979, pág. 1).

A este primeiro encontro sucedeu outro, particularmente significativo para a Igreja e para a América, quando, de novo na República Dominicana, celebrei o V Centenário da primeira evangelização. Naquela ocasião convidei os Bispos, reunidos para a IV Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano, a receber a herança do incomensurável esforço dos primeiros missionários, com outro não menos empenhativo e importante para o novo milénio, que é o da nova evangelização.

2. Nesta perspectiva da evangelização, que é a missão própria da Igreja, adquirem um significado particular as relações diplomáticas com a Santa Sé, que o seu Governo lhe confiou. A respeito disto, a mensagem de Cristo propõe a salvação para a pessoa humana na sua integridade e, por conseguinte, pregar o Evangelho significa oferecer luz, infundir esperança e dar renovado estímulo ao ser humano nas suas possibilidades como indivíduo e como sujeito essencialmente social. De facto, "a fé ilumina todas as coisas com uma luz nova e faz-nos conhecer a vontade divina sobre a vocação integral do homem, orientando assim o espírito para soluções plenamente humanas" (Gaudium et spes,
GS 11).

Portanto, a Igreja no respeito estrito das competências próprias das autoridades civis, busca o bem das pessoas, das famílias, das instituções sociais e da comunidade nacional. Por isso, uma estreita colaboração com quantos têm a responsabilidade de administrar o bem comum de um povo, será sem dúvida alguma em benefício do progresso humano, social e espiritual de todos.

3. Os pontos de encontro e de colaboração entre a Igreja e os Estados são bem conhecidos e, mais do que a interesses concretos e particulares, correspondem àqueles âmbitos nos quais se decide a plena dignidade humana e se cultivam os valores sobre os quais se deverá construir um mundo cada vez mais justo, solidário e pacífico. Num momento histórico como o actual, no qual muitos factores levam a pensar unicamente em resultados imediatos, causando desconcerto nas pessoas e instabilidade na sociedade, é extremamente importante velar por que não se perca o que há de mais genuíno e profundo na natureza humana.

Eis por que a Igreja pede um esforço da parte de todos, a fim de que a sociedade, que deve proteger e levar à plenitude a existência de todos os seres humanos, não se converta, através de fórmulas enganadoras, precisamente numa ameaça para a sua vida. A inviolabilidade da vida humana, nas diferentes fases do seu desenvolvimento ou em qualquer situação em que se encontre, é uma premissa dos restantes direitos humanos, limite para qualquer poder humano e fundamento para uma consciente e infatigável busca da paz.

4. A Igreja na República Dominicana não tem deixado de se preocupar pelo bem do seu povo e pelo progresso humano do País. Faz isto com as suas instituições educativas e assistenciais, mas sobretudo infundindo um espírito de esperança cristã e de empenho social, para que todos se sintam responsáveis pela construção de um futuro melhor. Com isto, só pretende cumprir a sua missão de evangelizar, firmemente persuadida de que esta é a forma mais nobre e eficaz de orientar a profunda convicção de cada dominicano para a excelsa dignidade que Deus lhe deu.

5. Senhor Embaixador, exprimo-lhe os meus melhores votos para o desempenho da sua importante Missão diplomática, e também para que Vossa Excelência e a sua distinta família tenham uma permanência em Roma repleta de felicidade e de proveito. Vossa Excelência chega num momento particular, quando o Jubileu do Ano 2000 da Encarnação de Cristo está a chegar à sua conclusão. A Igreja de Roma esteve aberta ao mundo, a todos os sectores da sociedade, aos fiéis de qualquer idade e condição social. Vieram procurar uma paz interior que unicamente a reconciliação com Deus e com os irmãos pode dar. Mas, ao mesmo tempo, encheram com as suas profundas experiências e enriqueceram com a sua diversidade todos os recantos desta antiquíssima Sede de Pedro.

Ao pedir-lhe que se digne transmitir as minhas saudações ao Senhor Presidente da República, garanto-lhe a minha oração ao Todo-Poderoso, pela materna intercessão de Nossa Senhora da Altagraça, para que assista sempre com os seus dons Vossa Excelência, os seus colaboradores, os governantes e cidadãos do seu nobre País, os quais recordo sempre com particular afecto.





Discursos João Paulo II 2000 432