Discursos João Paulo II 2000 232

DISCURSO DO SANTO PADRE AO NOVO EMBAIXADOR DA INDONÉSIA JUNTO A SANTA SÉ


12 de Junho de 2000

233 : Senhor Embaixador Widodo Sutiyo

Dou-lhe calorosas boas-vindas, no momento em que Vossa Excelência apresenta as Cartas Credenciais mediante as quais é designado Embaixador Extraordinário e Plenipotenciário da República da Indonésia junto da Santa Sé. Aproveito este ensejo para confirmar os meus sentimentos de estima e de amizade pelo povo do seu país. Estou grato pelas cordiais saudações transmitidas pelo Presidente, Sua Excelência o Senhor Abdurrachman Wahid e, com as agradáveis recordações da sua recente visita a Roma, peço que lhe assegure as minhas orações pela sua exigente missão e pela paz e o bem-estar da nação.

A amizade e a hospitalidade do povo da Indonésia não deixaram de me impressionar durante a minha visita ao seu país, realizada em 1989. Nessa ocasião, pude testemunhar pessoalmente a grande variedade de religiões, raças e culturas que forjam o mosaico da sociedade indonésia. Esta diversidade constitui um enorme manancial de enriquecimento, uma vez que amalgama os traços de complementaridade de diferentes grupos étnicos e, através da sua interacção, dá origem a uma comunidade nacional vibrante e produtiva. Ao mesmo tempo, esta diversidade também apresenta desafios formidáveis, enquanto a Indonésia luta para conservar a sua unidade e edificar um futuro em que todos os cidadãos sejam capazes de contribuir para o bem comum. A este propósito, reitero agora aquilo que disse em Jacarta em 1989: "A única base sólida da unidade nacional é o respeito por todos: o respeito pelas diferentes opiniões, convicções, costumes e valores que marcam muitos cidadãos da Indonésia". Efectivamente, "a base mais sólida para a unidade e o desenvolvimento duradouros duma nação é o profundo respeito pela vida humana, pelos direitos inalienáveis da pessoa humana" (Discurso durante a recepção oficial no Palácio "Istana Negara", 9 de Outubro de 1989: ed. port. de L'Osservatore Romano de 15.X.1989, pág. 7, n. 2).

Nos últimos tempos, tiveram lugar muitas transformações importantes no seu país. A Santa Sé está plenamente consciente dos numerosos aspectos positivos daquelas mudanças, mas também das dificuldades que a Indonésia deve enfrentar ao longo do caminho das reformas já iniciado e nos seus esforços em vista de desenvolver estruturas políticas e legais, capazes de satisfazer as expectativas e aspirações de todas as populações do arquipélago. Estou persuadido de que o compromisso do seu país em prol da democracia há-de contribuir para o progresso da nação e a promoção da harmonia e a reconciliação sociais. A democracia genuína está fundada no reconhecimento da dignidade inalienável de cada pessoa humana, da qual fluem os direitos e deveres humanos. O desrespeito desta dignidade leva a várias, e muitas vezes trágicas, formas de discriminação, exploração, sublevação social e conflito nacional e internacional, infelizmente muito familiares ao mundo. Somente quando a dignidade da pessoa é salvaguardada pode haver um desenvolvimento genuíno e uma paz duradoura.

Entre os direitos humanos fundamentais, a liberdade religiosa ocupa um lugar de importância primária. A liberdade dos indivíduos e das comunidades professarem e praticarem a própria religião é essencial para a pacífica coexistência humana. O recurso à violência em nome do credo religioso constitui uma paródia das doutrinas das principais religiões. O diálogo entre as religiões presentes num mesmo território é essencial a fim de que todos possam testemunhar que o credo religioso genuíno inspira a paz, encoraja a solidariedade, promove a justiça e defende a liberdade (cf. Discurso na celebração de encerramento da assembleia inter-religiosa, 28 de Outubro de 1999, n. 3).

Em conformidade com os valores da "Pancasila", a Indonésia tem grande consideração pela liberdade religiosa, que é essencial para o bem comum, e esta convicção torna as pessoas de diferentes tradições religiosas capazes de viver lado a lado, em harmonia. Ela permitiu aos seus concidadãos católicos, que sempre desejaram colaborar para o bem do próprio país, oferecer a plena contribuição à vida da nação, de modo muito especial no período da independência. A Igreja tem sido capaz de se demonstrar activa no campo da assistência médica e no sector social. Através das suas actividades educacionais, ela contribui para a formação dos cidadãos de todas as tradições e estilos de vida, em relação aos seus direitos e deveres como parte integrante da comunidade nacional. É essencial que os princípios que tornaram esta cooperação possível sejam proclamados de novo, a fim de impedir que a sua importância para a vida da nação não seja negligenciada ou esquecida.

No momento presente, é particularmente necessário repeti-lo, considerando o aumento da violência em algumas partes do seu país, entre as pessoas de diferentes pertenças religiosas. O meu pensamento volta-se de forma especial para as Molucas, onde têm ocorrido atrocidades, massacres e destruições, mesmo nos últimos dias, e onde a persistência das tensões continua a ser uma fonte de grave preocupação. A comunidade internacional faz votos por que a Indonésia adopte as medidas necessárias para resolver as tensões, assegurar que todos os cidadãos sejam tratados a nível de igualdade perante a lei e pôr termo imediato à violência. Convido todas as pessoas interessadas a voltarem a percorrer o caminho do diálogo e da negociação pacífica, num espírito de recíprocos respeito e tolerância. Exorto todos os que têm a peito o bem da Indonésia a trabalharem em benefício da cessação permanente do conflito.

Vossa Excelência referiu-se à questão de Timor Leste. Como o Senhor Embaixador sabe, desde há muito tempo este problema está no centro das solicitudes da Santa Sé, que se sente feliz porque enfim se chegou a uma solução global e internacionalmente aceite para o futuro dessa região. Não obstante os trágicos eventos do ano passado, agora o povo desse território tem a possibilidade de percorrer um novo caminho, de acordo com as suas aspirações mais profundas. A minha esperança mais veemente é de que as Autoridades de Díli e Jacarta despendam todos os esforços possíveis para entretecer um relacionamento de amizade e cooperação, assente nos princípios da justiça, do respeito mútuo e da solidariedade. Juntamente com as Autoridades e as Organizações internacionais, todos devem dedicar as próprias energias para identificar os meios que, a nível prático, melhor podem servir para aliviar o flagelo dos refugiados em Timor Leste, um problema ao qual até mesmo Vossa Excelência quis referir-se. Uma solução justa, que respeite a liberdade dos próprios refugiados e garanta a disponibilidade da assistência humanitária, exige uma maior cooperação entre as partes interessadas.

Excelência, ao formular-lhe os meus melhores bons votos no início da sua missão, asseguro-lhe a prontidão dos departamentos da Santa Sé em assisti-lo no seu trabalho. Sobre a sua pessoa e todos os cidadãos da República da Indonésia, invoco cordialmente as abundantes bênçãos de Deus Todo-Poderoso.





DISCURSO AOS


BISPOS DA IGREJA CALDEIA


REUNIDOS EM SÍNODO NO VATICANO


: 12 de Junho de 2000

Beatitude
Senhor Cardeal
234 Queridos Irmãos no Episcopado

1. "Quando chegou o dia de Pentecostes, todos eles estavam reunidos no mesmo lugar" (
Ac 2,1). Encontravam-se a Mãe de Jesus, os Apóstolos, os discípulos; todos esperavam em oração a vinda do Espírito Santo. Entre as testemunhas do Pentecostes encontrava-se também o "povo da Mesopotâmia" (Ac 2,9). Os que viriam a ser os primeiros discípulos do Messias ficaram assombrados, porque ouviram proclamar na sua língua as maravilhas de Deus (cf. Act Ac 2,11). Pedro, o Príncipe dos Apóstolos, anuncia-lhes, com a força do Espírito, a Boa Nova: "Deus ressuscitou este Jesus. E nós todos somos testemunhas disso" (Ac 2,23).

Para mim, Sucessor de Pedro, é uma grande alegria poder saudar-vos, Bispos da Igreja caldeia reunidos em redor do vosso Patriarca, e rezar convosco, sucessores dos Apóstolos desta amada Igreja, da qual tendes a responsabilidade pastoral, a qual sofre na própria carne. O meu pensamento dirige-se também a todo o povo iraqueno. Muitas vezes, ao longo destes anos, me senti próximo deste povo, dos seus filhos, dos idosos, dos seus doentes, das famílias e de todas as pessoas que padecem no corpo e na alma. Tive muitas vezes a ocasião de recordar à comunidade internacional o seu dever, para que fossem poupadas novas provações a um povo que já sofreu tanto. Hoje repito isto com um vigor mais intenso: todos se esforcem por pôr termo aos sofrimentos de tantas vítimas civis!

2. No dia sucessivo à festa do Pentecostes, que nos recordou o mistério da efusão do Espírito sobre a Igreja nascente, é particularmente significativo viver um Sínodo como o que iniciais hoje. "Todos eles estavam reunidos no mesmo lugar" (Ac 2,1).O vosso Sínodo dos Bispos da Igreja Caldeia é um encontro que, segundo a etimologia da palavra, constitui uma maneira particular de proceder juntos, para que os caminhos das diversas comunidades se encontrem. É uma manifestação da Igreja que se deixa orientar pelo Espírito e que se esforça por viver a comunhão, no seu interior e com a Igreja universal, segundo quanto recordou o Concílio Ecuménico Vaticano II (cf. Orientalium Ecclesiarum, OE 9). Durante o meu encontro com os Patriarcas orientais católicos, a 29 de Setembro de 1998, por ocasião da Assembleia plenária da Congregação para as Igrejas Orientais, ressaltei que: "A colegialidade episcopal, com efeito, encontra no ordenamento canónico das vossas Igrejas um exercício particularmente significativo. De facto, os Patriarcas agem em estreita união com os seus Sínodos. Finalidade de toda a autêntica sinodalidade é a concórdia, a fim de que a Trindade seja glorificada na Igreja" (Discurso aos Patriarcas das Igrejas orientais católicas, ed. port. de 10/10/1998, pág. 15, n. 3). Toda a história da Igreja mostra como é necessária a concórdia para exprimir o amor que a Igreja nutre pelo seu Esposo e para testemunhar aos homens o amor misericordioso que Deus lhes tem. Os Actos dos Apóstolos ensinam-nos que não são a ausência de opiniões diversas ou a falta de conflitos que permitem instaurar a concórdia, mas pelo contrário o ardente desejo que a Igreja sente de obedecer à vontade de Deus, desejo reavivado com a oração, a escuta recíproca, a abertura à voz do Espírito, a confiança mútua. Então a concórdia faz com que o rosto da Igreja não tenha mancha nem rugas e consente que o Espírito torne possível o impossível.

3. Falando dos Bispos que conheci pessoalmente, Santo Efrém de Nisibi delineia um lindo quadro do Pastor do rebanho de Cristo (Carmina Nisibena, 15-21). Quais são as características da beleza espiritual do Bispo? A ortodoxia da doutrina, a ciência e a arte da pregação, a ascese e a castidade, a modéstia que impede qualquer ciúme, o desprezo dos bens materiais, a busca da misericórdia e da doçura com o recurso à firmeza quando for necessário, a paternidade espiritual, e o amor aos Santos Mistérios. É um convite presente para cada um no mistério que lhe foi confiado, que torna os Pastores testemunhas através da sua vida exemplar e do seu ensinamento.

4. É de igual modo tarefa do Bispo encorajar e estimular os sacerdotes da sua eparquia, que são os seus colaboradores, formando em seu redor "uma preciosa coroa espiritual" (Santo Inácio de Antioquia, Carta aos Magnésios, n. 13). As circunstâncias dolorosas nas quais vivem muitos sacerdotes e fiéis da Igreja caldeia são um apelo, particularmente apropriado neste ano do Grande Jubileu, a cultivar as virtudes sacerdotais e cristãs, para conservar a esperança. Hoje mais que nunca o presbítero que vos assiste precisa de se reforçar mediante o vosso exemplo, de se sentir apoiado por vós vivendo em comunhão fraterna e partilhando a vossa missão apostólica, de ser directamente envolvido nos projectos pastorais elaborados ou em fase de elaboração para os territórios do vosso Patriarcado e para a diáspora.

5. A vossa Igreja alegra-se justamente pela considerável dedicação dos fiéis aos seus Pastores. Os leigos, em virtude da sua dignidade de filhos e filhas de Deus, têm também eles um papel na missão da Igreja. Como disse o Concílio Vaticano II : "Os sagrados Pastores reconhecem perfeitamente quanto os leigos contribuem para o bem de toda a Igreja. Sabem que não foram instituídos por Cristo para assumirem sozinhos toda a missão da Igreja para salvar o mundo, mas que seu excelso múnus é apascentar os fiéis e reconhecer-lhes os serviços e carismas, de tal maneira que todos, a seu modo, cooperem unanimemente na tarefa comum" (Lumen gentium, LG 30). Estas directrizes ajudar-vos-ão na vossa reflexão e na busca de meios a serem postos em prática para a missão que vos foi confiada. Desta forma todos os membros da Igreja caldeia, Patriarcas, Bispos, sacerdotes, religiosas, religiosos e fiéis leigos poderão anunciar dia após dia as maravilhas de Deus e ser testemunhas de Cristo ressuscitado, como a primeira comunidade cristã.

6. O aproximar-se da festa do Pentecostes chama a nossa atenção sobre a acção do Espírito Santo no povo de Deus. O culto prestado ao Senhor é o centro da vida da Igreja, e o Espírito desempenha uma acção particular na comunidade e no coração dos crentes. Mantende viva a vossa linda tradição litúrgica, que permite descobrir e viver os mistérios divinos, a fim de receberdes a vida em abundância! Os sacramentos da nossa salvação são uma fonte de renovamento para a Igreja. A propósito disto, com palavras repletas de poesia, Santo Efrém disse: "Eis o fogo e o Espírito no seio da tua Mãe, eis o fogo e o Espírito no nosso baptismo; no pão e no cálice Fogo e Espírito Santo" (Hinos à fé, 10, 17). Sois chamados a transmitir os tesouros do vosso património litúrgico e espiritual aos fiéis da vossa Igreja e a difundi-los em maior medida. A fim de transmitir bem um património como este é preciso, antes de tudo, recebê-lo com amor e depois vivê-lo na própria comunidade, porque o que é vivido é um testemunho aos olhos do mundo.

7. No final deste nosso encontro, confio-vos à intercessão de Nossa Senhora. A Santa Virgem Maria interceda por vós, Padres deste Sínodo da Igreja caldeia, que saúdo de novo com um afecto completamente fraterno! Oxalá possais ter a disposição de coração igual à da Mãe santíssima! "Vinde, admiremos a Virgem puríssima, maravilha em si mesma, única em toda a criação, deu a vida sem conhecer homem, alma pura repleta de admiração. Todos os dias o seu espírito se dedicava ao louvor, porque se alegrava com a dupla maravilha: virgindade conservada, filho mais amado! Bendito seja Aquele que ela gerou" (Hino a Maria, 7, 2 atribuído a Santo Efrém).

Peço ao Espírito Santo que vos acompanhe, para que o vosso Sínodo dê numerosos frutos à Igreja caldeia. Concedo-vos de coração a Bênção apostólica, extensiva aos vossos sacerdotes, diáconos, religiosos e religiosas, bem como a todo o povo cristão.





DISCURSO AO NOVO EMBAIXADOR DA GUATEMALA


JUNTO À SANTA SÉ


Quinta-feira, 15 de Junho de 2000


235 Senhor Embaixador Acisclo Valladares Molina

1. É com prazer que recebo as Cartas Credenciais que o acreditam como Embaixador Extraordinário e Plenipotenciário da República da Guatemala junto da Santa Sé. Agradeço-lhe sinceramente as palavras que me dirigiu, como demonstração das boas relações existentes entre esta Sede Apostólica e a nobre Nação centro-americana, "terra na qual surgiram notáveis culturas e cujas gentes se distinguem pela nobreza de espírito e por tantas demonstrações de aquilatada fé e amor a Deus, de veneração filial à Santíssima Virgem e de fidelidade à Igreja" (Discurso de chegada ao aeroporto "La Aurora", 5 de Fevereiro de 1996, ed. port. de L'Osservatore Romano de 10.II.1996, pág. 6, n. 1).

Agradeço outrossim a amável saudação transmitida pelo Senhor Presidente constitucional da República, Sua Ex.cia o Senhor Licenciado Alfonso Portillo Cabrera, na qual ele manifesta os seus sentimentos pessoais e o desejo de aumentar a tradicional cooperação entre a Igreja e o Estado, em vista da consecução do bem comum. Peço-lhe, Senhor Embaixador, que se faça intérprete do meu reconhecimento por isto diante do primeiro Mandatário do País, a quem formulo os meus melhores votos pela excelsa e delicada responsabilidade que assumiu no dia 14 do passado mês de Janeiro.

2. Vossa Excelência vem representar o seu País nesta missão diplomática junto da Santa Sé, que não lhe é alheia. Com efeito, já viveu aqui quando o seu pai, de quem me recordo com afecto, ocupava o mesmo cargo que Vossa Excelência agora assumirá, enquanto por alguns anos foi também Decano do Corpo Diplomático aqui acreditado. Por isso, ser-lhe-á familiar a naturalidade desta nova e importante responsabilidade que o seu Governo lhe confiou.

Contribuindo para fortalecer as boas relações entre a Guatemala e a Santa Sé, Vossa Excelência será inclusivamente uma testemunha dos constantes esforços por ela despendidos no concerto das nações, para aperfeiçoar e favorecer a colaboração mais estreita entre todos os povos. A sua actividade, de carácter eminentemente espiritual, inspira-se na convicção de que "a fé ilumina todas as coisas com uma luz nova e nos faz conhecer a vontade divina sobre a vocação integral do homem, orientando assim o espírito para soluções plenamente humanas" (Gaudium et spes,
GS 11). Por isso a Santa Sé, além de prestar atenção às Igrejas particulares de cada nação, preocupa-se também pelo bem dos cidadãos e procura fazer valer nos foros internacionais os direitos das pessoas e dos povos que honram a própria dignidade e a excelsa vocação que Deus outorgou a cada ser humano.

3. A sua presença aqui, Senhor Embaixador, traz à minha memória as duas viagens apostólicas que, na minha solicitude pastoral por todas as Igrejas, pude realizar à Guatemala, o "País da eterna Primavera". Assim, tive a oportunidade de conhecer a sua "riqueza multiétnica e plurilinguística... que a faz depositária de uma cultura variada e rica, que a Igreja vem evangelizando há quase cinco séculos. Trata-se de um bem digno de ser preservado, trabalhando com empenho para que cada um veja respeitados os seus direitos fundamentais inalienáveis, que todo o homem possui por ter sido criado à imagem e semelhança de Deus" (Discurso de despedida no aeroporto "La Aurora", 9 de Fevereiro de 1996, ed. port. de L'Osservatore Romano de 17.II.1996, pág. 7, n. 3).

4. Senhor Embaixador, desejo assegurar-lhe que me sinto muito próximo da Guatemala, me alegro com as suas realizações e compartilho as suas solicitudes. Quando em 1983 e em 1996 a visitei, a guerra civil interna ainda atingia vastas áreas do País e ceifava muitas vidas. Naquela circunstância, lancei um premente apelo em favor do diálogo entre as partes interessadas, para porem fim a tal situação que se prolongava indefinidamente. A assinatura dos Acordos de Paz no final de 1996 inaugurava uma nova era para todos os guatemaltecos, pondo termo a uma época entre as mais tristes e dramáticas da sua história nacional e dando início a uma etapa de esperança para a população afligida por uma tragédia que havia prejudicado muitíssimo todas as camadas sociais.

Neste sentido, é motivo de satisfação o facto de que nos últimos anos a Nação pôde viver num clima de serenidade política, sem grandes sobressaltos, embora tenha devido enfrentar uma herança de sérias dificuldades na convivência, entre as quais se deve destacar o assassinato ainda hoje não esclarecido de D. Girardi, e de delicadas situações no campo económico. O País demonstrou que pode enfrentar o seu próprio destino mediante uma normal actividade democrática, que garanta a participação de todos os cidadãos nas opções políticas da Nação.

Formulo ardentes votos por que esta maturidade cívica redunde cada vez mais na recta concepção da pessoa humana. Não obstante as legítimas diferenças, uma profunda consciência destes valores favorecerá a confluência entre as diversas forças políticas para resolver as questões mais prementes, que dizem respeito aos interesses gerais da nação e, sobretudo, às exigências da justiça e da paz. Para isso, faltam ideais verdadeiramente profundos e duradouros, ancorados na verdade objectiva sobre o ser humano, dos quais os mais altos responsáveis da sociedade devem dar testemunho com a sua disponibilidade ao serviço, transparência e lealdade, até contagiar por assim dizer, todo o povo com o seu próprio compromisso em construir um futuro melhor.

5. Assim também a paz alcançada com a assinatura dos Acordos acima mencionados, para a qual concorreram muitas pessoas de boa vontade e instituições nacionais e internacionais, exige a reconstrução do tecido social, tão gravemente danificado pelo flagelo da guerra passada. Se se quiser chegar até ao fim, deve-se continuar a edificar a Pátria sobre princípios sólidos e estáveis, como o respeito pela dignidade de toda a pessoa humana e dos direitos legítimos das comunidades e dos diversos grupos étnicos. É inclusivamente importante respeitar sempre, diante de qualquer tentativa de violação, os princípios da divisão e independência dos três Poderes, que constituem o fundamento da democracia num Estado de direito.

Um futuro sólido e esperançoso exige que não se abandonem os valores e as instituições básicas de toda a sociedade, como a família, a protecção dos menores e dos mais necessitados e, sobretudo, que não se espezinhem os fundamentos mesmos do direito, da liberdade e da dignidade das pessoas, atentando contra a vida desde o momento da sua concepção. Uma atenção especial merecem os povos indígenas, cujo acesso a uma vida cada vez mais digna a partir do ponto de vista qualitativo e quantitativo nos sectores como a educação, a assistência médica, as infra-estruturas e outros serviços deve realizar-se no respeito das suas próprias culturas, deveras dignas de consideração. A este respeito, deve-se destacar o facto de que as dioceses, em cujo âmbito vivem comunidades indígenas, promovem projectos específicos destinados a confirmarem tais comunidades na fé católica que os seus antepassados abraçaram e a promoverem o reconhecimento da sua dignidade como pessoas e como povo, facilitando-lhes ao mesmo tempo uma plena integração nas conquistas do progresso alcançado pelo resto da população guatemalteca.

236 6. Nas suas palavras, Vossa Excelência citou o propósito do Governo de iniciar uma campanha de alfabetização, prevista para o próximo mês de Outubro, com o objectivo de reduzir esta chaga que atenta gravemente contra a dignidade da pessoa humana, impedindo o desenvolvimento integral de numerosos homens e mulheres guatemaltecos e obstando a sua participação na edificação da nova sociedade. A este respeito, compraz-me constatar que a Conferência Episcopal da Guatemala, acolhendo o convite formal que se lhe dirigiu, manifestou a sua disponibilidade para colaborar com outras forças nacionais neste nobre compromisso, colocando à sua disposição as instituições educativas, o pessoal qualificado presente no inteiro País, assim como a experiência plurissecular nesta causa.

7. Senhor Embaixador, neste momento em que Vossa Excelência começa o exercício da excelsa função para a qual foi eleito, formulo-lhe os votos por que a sua tarefa seja fecunda e contribua a fim de que se consolidem cada vez mais as boas relações existentes entre esta Sede Apostólica e a Guatemala, no qual poderá contar sempre com a disponibilidade e o apoio dos meus colaboradores. Ao pedir-lhe que se faça intérprete dos meus sentimentos e bons votos perante o Senhor Presidente da República e o querido povo guatemalteco, garanto-lhe a minha oração ao Todo-Poderoso para que com os Seus dons assista sempre Vossa Excelência, a sua distinta família, o pessoal desta Missão diplomática e os governantes e cidadãos do seu País, que recordo com afecto e sobre o qual invoco as abudantes bênçãos do Senhor.





DISCURSO NA AUDIÊNCIA ÀS


IRMÃS FRANCISCANAS DA IMACULADA


REUNIDAS EM CAPÍTULO GERAL


Quinta-feira, 15 de Junho de 2000

Caríssimas Irmãs Franciscanas
da Imaculada

1. Estou feliz por vos receber e agradeço-vos esta visita com a qual, por ocasião do primeiro Capítulo geral, quisestes manifestar ao Sucessor de Pedro os vossos sentimentos de filial comunhão. Saúdo a vossa Superiora-Geral, Irmã Maria Francesca Perillo e, além dela, os Reverendos Padres Stefano Maria Manelli e Gabriele Maria Pellettieri, fundadores do vosso Instituto. Saúdo também cada uma de vós. A vossa presença oferece-me a grata oportunidade de dirigir um afectuoso pensamento a todas as vossas coirmãs, presentes em várias partes do mundo, onde desempenham actividades de evangelização e de assistência a pessoas provadas por várias formas de indigência.

A reunião capitular realiza-se no ano do grande Jubileu. Trata-se de uma feliz coincidência, que decerto vos ajudará a reflectir com particular intensidade sobre a vossa missão, seguindo os ensinamentos de São Francisco de Assis e daquele que soube actualizar eficazmente o espírito neste nosso tempo, São Maximiliano Kolbe. O seu testemunho heróico dos votos de castidade, pobreza e obediência foi coroado com o martírio, do supremo sacrifício da vida por amor a Cristo e aos irmãos.

Conservando o olhar fixo em Cristo, sustentadas pela ajuda de São Francisco e de São Maximiliano, podereis realizar plenamente a vossa missão na Igreja e no mundo.

2. A inspiração de toda a existência de São Maximiliano Kolbe foi a Imaculada. A Ela é dedicadao o vosso Instituto que, além dos três tradicionais votos religiosos, prevê o voto "mariano" com o qual cada religiosa se consagra totalmente a Maria para o advento do Reino de Cristo no mundo.

A contemplação dos prodígios que o Pai celeste realizou na humilde donzela de Nazaré oriente sempre a vossa vida consagrada no caminho exigente da santificação, nas pegadas daquela que, inteiramente consagrada ao serviço de Deus, foi constituída como nossa Mãe, Mãe da Igreja e da inteira humanidade.

De Maria imitais a atenção no serviço ao próximo, procurando ser sempre assíduas no trabalho e zelosas do apostolado. Este seja o estilo da vossa acção na Igreja; este seja o sinal distintivo da vossa obra evangelizadora e missionária, conservando o coração atento às necessidades de cada ser humano. Como pessoas consagradas e, de maneira especial, como Franciscanas Missionárias da Imaculada, sois chamadas a ser, através da fidelidade jubilosa à vossa Regra, "um sinal da ternura de Deus para com o género humano e um testemunho particular do mistério da Igreja que é virgem, esposa e mãe" (Vita consecrata VC 57).

237 Também por este motivo o vosso modelo seja Maria, que aos desígnios divinos respondeu prontamente: "Eis a escrava do Senhor. Faça-se em mim segundo a tua palavra" (Lc 1,38). O seu "fiat" foi o centro propulsor da sua missão. Assim, o vosso "fiat" a Deus será o segredo do sucesso da vossa missão. Para serdes eficazes testemunhas do Evangelho, de forma especial entre os pobres e as pessoas em dificuldade, é indispensável que vos abandoneis totalmente nas mãos do Senhor e conserveis aberto o vosso coração aos seus desígnios divinos.

3. A quantos, visitando a "Cidade da Imaculada", se surpreendiam diante das obras realizadas, São Maximiliano Kolbe indicava o Santíssimo Sacramento, explicando: "Toda a realidade de Niepokalanow depende disto". A Jesus presente na Eucaristia, ele dirigia-se com expressões de profunda fé: "O vosso Sangue escorre no meu sangue, a vossa Alma, ó Deus encarnado, compenetra a minha alma, dá-lhe força e nutre-a". Eis o segredo da sua santidade. Da Eucaristia irradiam-se as graças que sustêm os missionários na quotidiana actividade evangelizadora. Para que o vosso apostolado produza os almejáveis frutos de bem, bebei desta nascente inexaurível de amor, mediante uma intensa oração e vida interior.

Foi-me grato tomar conhecimento de que no vosso Instituto não faltam vocações. Dou graças por isso ao Senhor juntamente convosco e convido-vos a continuar a propor com discernimento a quantos encontrais a radicalidade do testemunho evangélico. Cuidai bem da formação humana e espiritual de quantas aspiram à vida consagrada.

Conscientes de que os cristãos "estão no mundo mas não são do mundo" (cf. Jo Jn 17,14-16), sede o bom fermento que faz crescer a massa (cf. Gl Ga 5,9), sede o sal que dá sabor e a luz que ilumina (cf. Mt Mt 5,13-14). Nunca percais de vista o exemplo do Verbo encarnado, que por amor se fez servo e se deu a si mesmo por nós. Caminhai no seu seguimento sem vos cansardes! Juntamente com Maria, a Virgem Imaculada a quem é consagrada a vossa Família religiosa, permanecei aos pés da Cruz!

Quanto a mim, asseguro-vos uma recordação na prece, enquanto vos concedo de coração uma especial Bênção, que torno extensiva ao venerado Irmão, Cardeal Augustin Mayer, que presidirá ao vosso Capítulo, assim como a todas as vossas coirmãs e a quantos fazem parte da vossa Família espiritual.



SAUDAÇÃO DO PAPA AOS 200 POBRES


PRESENTES NO ALMOÇO REALIZADO NO


ÁTRIO DA SALA PAULO VI


Quinta-feira, 15 de Junho de 2000


Caríssimos Irmãos e Irmãs

Entre os numerosos encontros do Jubileu, este é para mim sem dúvida um dos mais sentidos e mais significativos. Desejei encontrar-me convosco, quis compartilhar convosco a mesa para vos dizer que estais no coração do Papa. Com grande afecto abraço cada um de vós, meus amigos muito queridos.

Certamente, é pouco o tempo que posso transcorrer convosco, mas garanto-vos que todos os dias vos acompanho com a oração e o afecto. Enquanto olho para cada um de vós, penso em quantas pessoas em Roma, assim como em todas as partes do mundo, atravessam momentos de provação e de dificuldade. Gostaria de me aproximar de cada um de vós para dizer: não te sintas só, porque Deus te ama! Caríssimos, o Papa ama-vos e com ele toda a Igreja vos abre de par em par as portas da hospitalidade e da fraternidade.

Obrigado a todos por terdes aceite o meu convite, vindo em grande número a este encontro convivial, que se realiza a alguns dias do início do Congresso Eucarístico Internacional em Roma. Deste evento espiritual, que constitui o âmago do Ano jubilar, o nosso almoço na sua simplicidade representa uma significativa preparação. Com efeito, hoje encontramo-nos à volta da mesa material; juntos e ainda mais numerosos, na próxima semana congregar-nos-emos ao redor da mesa espiritual, no banquete da Eucaristia, para celebrarmos o amor de Deus que nos torna irmãos, solidários uns com os outros. Preparemo-nos bem para este extraordinário evento, que aguardamos com viva expectativa.

Uma vez mais, obrigado pela vossa presença, obrigado a quantos organizaram e prepararam o almoço, e a quem o animou com melodias e cânticos, transformando-o num momento de serenidade e alegria. A todos concedo de coração a minha Bênção.



DISCURSO DO SANTO PADRE ÀS


IRMÃS DE SÃO FÉLIX DE CANTALICE


PELO XXI CAPÍTULO GERAL


238

Sexta-feira 16 de Junho de 2000

Queridas Irmãs

1. "Desejo-vos a graça e a paz da parte d'Aquele que é, que era e que vem" (Ap 1,4). Estou particularmente feliz por vos dar as boas-vindas, no momento em que vos reunis para celebrar o XXI Capítulo geral da Congregação das Irmãs de São Félix de Cantalice, que se está a realizar durante o ano do grande Jubileu. Este é um ano em que toda a Igreja entoa cânticos de louvor a Deus pelo dom do Verbo que se fez homem e celebra a Encarnação não apenas como um evento do passado, mas como a manifestação do amor de Deus em todos os tempos e lugares. Também entre as Irmãs felicianas o Verbo veio para habitar de maneira profunda e poderosa; e é justo darmos graças ao Pai de toda a misericórdia, pelas grandes coisas que Ele vos fez.

2. A vossa Congregação nasceu durante um período de sublevações na Polónia. A nação tinha perdido a sua independência e o problema da reconquista da liberdade ardia no coração dos polacos. Para alguns, a única resposta era o conflito armado; não obstante, todas as tentativas de eliminar o jugo da opressão com a força só levou a ulteriores sofrimentos. Nessa situação, Deus apresentou a Beata Maria Ângela Truszkowska, que propôs uma resposta radicalmente diferente à questão da reconquista da liberdade, haurindo inspiração em São Francisco de Assis e em São Félix de Cantalice. Deles, a vossa Fundadora aprendeu que o caminho rumo à verdadeira liberdade não é a violência, mas o júbilo da abnegação. Esta não era a lógica do mundo, mas do Filho de Deus, que "se esvaziou a si mesmo, assumindo a condição de servo" (Ph 2,7); e era isto que haveria de caracterizar toda a vida da Beata Maria Ângela, auxiliando-a a despertar a nação da sua letargia espiritual.

A lógica da Encarnação conduziu o grande São Francisco a despojar-se a si mesmo do apego de todas as coisas, a fim de possuir tudo em Deus. Isto significava aceitar as feridas da Cruz em jubilosa imitação do sofrimento do Salvador. Para São Félix, a lógica da Encarnação significava caminhar pelas ruas de Roma, como o "jumento dos Capuchinhos", pedindo alimento para os seus irmãos, respondendo sempre com a sua famosa frase "Deo gratias" e nutrindo os pobres com as esmolas do seu alforge. Para a Beata Maria Ângela, isto significava imergir-se no sofrimento do tempo, abraçando "os pequeninos" numa vida de acção intensamente radicada na contemplação. Tal vida colocou-a firmemente na esteira duma tradição de santidade, alcançando o próprio Senhor crucificado através de São Félix e de São Francisco.

A vossa Fundadora levava com frequência as crianças ao seu cuidado até à igreja dos Capuchinhos em Varsóvia, onde há uma pintura que representa São Félix com o Menino Jesus nos braços. Na figura do Menino divino, a Beata Maria Ângela reconhecia os pequeninos que era chamada a servir. Ela sabia que São Félix era figurado com o Menino Jesus nos braços porque, ao carregar os fardos dos necessitados, ele tinha nos braços o próprio Cristo pobre; e ela reconhecia nisto a sua própria vocação. Carregando o peso dos mais frágeis, ela e as suas Irmãs tinham nos braços o "pequeno" Senhor Jesus. A Beata Maria Ângela sabia também que era Maria que colocara o Menino divino nos braços de São Félix, e que Maria agora punha o Menino divino nos braços das Irmãs de São Félix. Então, como era justo que ela dedicasse a Congregação ao Imaculado Coração de Maria!

3. Todavia, a espada que trespassara o coração de Maria (cf. Lc Lc 2,35), perfurara também o coração da Fundadora. "Amar significa dar", escrevia ela, "dar tudo o que o amor exige; dar imediatamente, sem arrependimentos, com alegria, e desejando que de nós se exija sempre mais". Obedecendo à lógica da Encarnação e tendo nos seus braços o próprio Senhor, a Beata Maria Ângela tornou-se vítima do amor. Passo a passo, subiu a montanha do Calvário numa viagem de sofrimento tanto físico como espiritual, até a sua vida resplandecer no mistério da Cruz.

Penetrando mais profundamente na escuridão do Calvário, ela insistia cada vez mais a fim de que no âmago da vida da Congregação houvesse a devoção sobretudo à Santíssima Eucaristia e ao Imaculado Coração de Maria. Às suas Irmãs, quis transmitir este mote: "Tudo através do Coração de Maria, em honra do Santíssimo Sacramento". Em longas horas de oração perante o Santíssimo Sacramento, aprendeu que ela e as suas Irmãs eram chamadas a ser "semelhantes a Ele [Cristo] na Sua morte" (Ph 3,10), a fim de poderem tornar-se Eucaristia. E na Mãe de Cristo, a Beata Maria Ângela reconhecia aquela que participou de maneira mais íntima na Paixão do seu Filho, e sabia que esta era a vocação também das suas Irmãs. Em Maria Imaculada, reconhecia a mulher do Magnificat, a mulher cuja completa abnegação permitiu a Deus torná-la repleta da alegria do Espírito Santo. Esta devia ser a vida das Irmãs de São Félix.

4. O nosso mundo é muito diferente, mas não somos menos desafiados pela letargia espiritual do nosso tempo e pelo problema da verdadeira liberdade. O sagrado dever da Igreja consiste em proclamar ao mundo a genuína resposta a este interrogativo; e os religiosos e as religiosas desempenham um papel fundamental nesta tarefa. Para as Irmãs felicianas, isto deve significar uma fidelidade cada vez mais radical ao programa de vida que vos foi transmitido pela Fundadora, uma vez que, se não houver esta fidelidade entre vós, também vós podeis ser vítimas da confusão espiritual da nossa época, e entre vós podem nascer a ansiedade e a desunião, que são os frutos dessa confusão.

Por conseguinte, exorto-vos queridas Irmãs, neste momento crítico da vida da vossa Congregação, a empenhar-vos neste Capítulo geral em benefício de uma adoração mais ardente do Santíssimo Sacramento, de uma devoção mais profunda a Maria Imaculada e de um amor mais radical ao carisma da vossa Fundadora. Abraçai a Cruz do Senhor, como fez a Beata Ângela!

Assim, tornar-vos-eis Eucaristia; a vossa vida inteira cantará o Magnificat; a vossa pobreza será cumulada com "a incalculável riqueza de Cristo" (Ep 3,8). Confiando o Capítulo geral e toda a Congregação a Maria, Mãe das Dores e Mãe de todas as alegrias, e à intercessão de São Félix, de São Francisco e da Beata Fundadora, é de bom grado que vos concedo a minha Bênção apostólica como penhor de graça e paz infinitas em Jesus Cristo, "a Testemunha fiel, o Primeiro a ressuscitar dos mortos" (Ap 1,5).





DISCURSO DO SANTO PADRE ÀS


IRMÃS CAPITULARES


FRANCISCANAS IMACULATINAS


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