AUDIÊNCIAS 2001

Deus e o homem estão, deste modo, unidos por um diálogo composto de palavras e de obras, de ensino e escuta, de verdade e de vida.

4. Voltemos, agora, à nossa estrofe (cf. vv. 145-152), que se adapta bem à atmosfera das Laudes matutinas. De facto, a cena, que é posta no centro deste conjunto de oito versículos, é nocturna, mas aberta ao novo dia. Depois de uma longa noite de espera e de vigília de oração no templo, quando a aurora aparece no horizonte e se começa a liturgia, o fiel está certo de que o Senhor ouvirá aquele que passou a noite a rezar, esperar e a meditar a Palavra divina. Confortado por esta consciência, perante a jornada que se abre diante dele, não temerá mais os perigos. Sabe que não será arrastado pelos seus perseguidores que, traiçoeiramente, o atacam, (cf. v. 150), porque o Senhor está a seu lado.

5. A estrofe exprime uma intensa oração: "Invoco-Vos com todo o coração: ouvi-me, Senhor... Pela manhã apresso-me a invocar-Vos; nas Vossas palavras eu espero..." (vv 145.147). No Livro das Lamentações lê-se este convite: "Levanta-te, grita durante a noite ao começo das vigílias; derrama o teu coração como água ante a face do Senhor; ergue para Ele as mãos" (Lm 2,19). Santo Ambrósio repetia: " Não sabes, ó homem, que em cada dia deves oferecer a Deus as primícias do teu coração e da tua voz? Apressa-te, ao alvorecer, para levar à igreja as primícias da tua piedade" (Exp. in ps. CXVIII: PL 15, 1476A).

Ao mesmo tempo, a nossa estrofe é ainda, a exaltação de uma certeza: nós não estamos sós, porque Deus escuta e intervém. Di-lo aquele que reza: "Vós, Senhor, estais perto" (v. 151). Também o dizem outros Salmos: "Aproximai-Vos de mim e salvai-me, respondei aos meus inimigos, resgatando-me" (Ps 68,19); "O Senhor está perto dos aflitos do coração e salva os de espírito torturado" (Ps 33,19).

Saudações

Queridos irmãos e irmãs!

Dou as boas-vindas aos peregrinos de língua portuguesa, com votos de que, conformando a vida à Palavra de Deus, vos torneis zelosos mensageiros e testemunhas da fé, que viestes afirmar e consolidar nesta vossa romagem que, para todos, desejo rica de graças e consolações celestes ao abençoar-vos, a vós e a quantos vos são queridos.

É com alegria que recebo os peregrinos de língua francesa, sobretudo os antigos alunos do Sagrado Coração de Meylan. Cristo vos manifeste a sua presença e a sua luz vos dê paz e alegria! Concedo-vos a todos de bom grado a Bênção apostólica.

Dou as calorosas boas-vindas aos peregrinos de língua inglesa que hoje se encontram aqui, sobretudo aos que provêm das Filipinas e dos Estados Unidos da América. Saúdo cordialmente os membros do Colégio de Defesa da NATO, confiando em que neste momento atormentado desempenheis a vossa profissão como um nobre serviço à paz e ao bem comum. Deus vos abençoe a todos!

Saúdo cordialmente os peregrinos vindos da Espanha e da América Latina, especialmente o grupo de Calella. Convido-vos a rezar todos os dias, tanto pessoalmente como com as vossas famílas e comunidades, a fim de progredirdes no caminho da santidade, à qual todos somos chamados.
Muito obrigado.

Caríssimos irmãos e irmãs, o ponto central da Liturgia da Igreja é a Celebração eucarística. Ela é acção de graças e de louvor, que Cristo e a Igreja oferecem ao Pai; é memória viva e sacrifício autêntico que no sacramento actualiza o único Sacrifício de Cristo na Cruz.
Saúdo cordialmente os peregrinos croatas aqui presentes, concedendo a todos a Bênção apostólica.
Louvados sejam Jesus e Maria!

Dirijo agora a minha saudação aos jovens, aos doentes e aos novos casais.

Celebraremos amanhã a festa do bispo Santo Alberto Magno, que se esforçou continuamente por restabelecer a paz entre as populações do seu tempo. O seu exemplo vos sirva de estímulo a vós, queridos jovens, para serdes operários de justiça e artífices de reconciliação. Seja para vós, queridos doentes, encorajamento a confiar no Senhor, que nunca nos abandona no momento da prova. E para vós, queridos novos casais, estímulo a encontrar no Evangelho a alegria de acolher e servir generosamente a vida, dom incomensurável de Deus.

Por fim, o meu pensamento dirige-se às queridas populações da Argélia, atingidas recentemente por uma inundação, que provocou milhares de vítimas e deixou muitas famílias sem casa.
Enquanto confio à bondade misericordiosa de Deus todos os que desapareceram tragicamente, exprimo a minha espiritual proximidade aos seus familiares e a todos os que sofrem devido a esta grave calamidade. Que não falte a estes nossos irmãos, tão duramente provados, a nossa solidariedade e o apoio concreto da Comunidade internacional.





JOÃO PAULO II


AUDIÊNCIA


Quarta-feira 21 de novembro de 2001

Hino de vitória pela travessia do Mar Vermelho

Caríssimos Irmãos e Irmãs:


1. Este hino de vitória (cf. Êx Ex 15,1-18), proposto para as Laudes do sábado da primeira semana, conduz-nos a um momento-chave da história da salvação: ao acontecimento do Êxodo, quando Israel foi salvo por Deus numa situação humanamente desesperada. Os factos são conhecidos: depois de uma longa escravidão no Egipto, já a caminho para a terra prometida, os Hebreus tinham sido alcançados pelo exército do faraó, e nada os subtrairia à destruíção, se o Senhor não tivesse intervindo com a sua mão poderosa. O hino tarda a descrever a arrogância dos desígnios do inimigo armado: "Corramos, alcancemo-los! Repartamos os despojos!..." (Ex 15,9).

Mas que poder tem o maior dos exércitos, diante da omnipotência divina? Deus ordena que o mar abra um carreiro para deixar passar o povo atacado e que o feche quando passam os agressores: "Mandaste o teu sopro. O oceano engoliu-os: afundaram-se como o chumbo nas águas majestosas" (Ibid. 15, 10).

São imagens fortes, que querem mostrar a medida da grandeza de Deus, enquanto exprimem a admiração de um povo que quase não acredita no que vê, e se abandona em uníssono num cântico comovido: "O Senhor é a minha força e a minha glória, foi Ele que me salvou. Ele é o meu Deus, glorificá-Lo-ei; é o Deus de meu pai, louvá-Lo-ei" (Ibid., 15, 2).

2. O cântico não fala apenas da libertação obtida; indica também a sua finalidade positiva, ou seja, a entrada na casa de Deus para viver em comunhão com Ele: "Tu guias, pela Tua misericórdia, este povo que libertaste; e com o Teu poder o diriges para a Tua santa morada" (Ibid., 15, 13).

Compreendido desta forma, este acontecimento não esteve só na base da aliança entre Deus e o seu povo, mas tornou-se o "símbolo" de toda a história da salvação. Em muitas outras ocasiões Israel conhecerá situações análogas, e o Êxodo actualizar-se-á pontualmente. De maneira especial, aquele acontecimentio prefigura a grande libertação que Cristo realizará com a sua morte e ressurreição.

Por isso o nosso hino é cantado de modo especial na liturgia da Vigília pascal, para ilustrar com a intensidade das suas imagens o que se realizou em Cristo. N'Ele fomos salvos não só de um opressor humano, mas daquela escravidão de satanás e do pecado, que desde as origens pesa sobre o destino da humanidade. Com Ele a humanidade põe-se de novo a caminho, pelas estradas que conduzem à casa do Pai.

3. Esta libertação, já realizada no mistério e presente no Baptismo como uma semente de vida destinada a crescer, alcançará a sua plenitude no fim dos tempos, quando Cristo voltar glorioso e entregar "o Reino a Deus Pai" (1Co 15,24). A Liturgia das Horas convida-nos a olhar precisamente para este horizonte final, escatológico, introduzindo o nosso Cântico com uma citação do Apocalipse: "os que venceram a Besta...cantavam o cântico de Moisés, servo de Deus" (Ap 15,2 Ap 15,3).

No final dos tempos, realizar-se-á plenamente para todos os que foram salvos aquilo que o acontecimento do Êxodo prefigurava e a Páscoa de Cristo realizou de maneira definitiva, mas aberto ao futuro. De facto, a nossa salvação é real e profunda, mas situa-se entre o "já" e o "ainda não" da condição terrena, como nos recorda o apóstolo Paulo: "Porque na esperança é que fomos salvos" (Rm 8,24).

4. "Cantemos ao Senhor, que é solenemente grande" (Ex 15,1). Pondo nos nossos lábios estas palavras do antigo hino, a Liturgia das Laudes convida-nos a orientar o nosso dia para o horizonte da história da salvação. Esta é a forma cristã de compreender o passar do tempo. Nos dias que se acumulam não há uma fatalidade que nos oprime, mas um desígnio que se desvenda lentamente, e que os nossos olhos devem aprender a ler como em filigrana.

Os Padres da Igreja eram particularmente sensíveis a esta perspectiva histórico-salvífica, e gostavam de ler os factos relevantes do Antigo Testamento do dilúvio do tempo de Noé à chamada de Abraão, da libertação do Êxodo ao regresso dos Hebreus depois do exílio em Babilónia como "prefigurações" de acontecimentos futuros, reconhecendo naqueles factos um valor "arquétipo": neles eram prenunciadas as características fundamentais que se iriam repetir, de certa forma, durante toda a história humana.

5. Contudo, já os profetas tinham lido os acontecimentos da história da salvação, mostrando o seu sentido sempre actual e indicando a sua realização plena no futuro. Desta forma, ao meditar sobre o mistério da aliança estabelecida por Deus com Israel, eles falam de uma "nova aliança" (Jr 31,31 cf. êx Ex 36,26-27), na qual a lei de Deus teria sido escrita no próprio coração do homem. Não é difícil ver nesta profecia a nova aliança estabelecida no sangue de Cristo e realizada através do dom do Espírito. Ao recitar este hino de vitória do antigo Êxodo à luz do Êxodo pascal, os fiéis podem viver a alegria de se sentirem Igreja peregrina no tempo, rumo à Jerusalém celeste.
6. Por conseguinte, trata-se de contemplar com admiração sempre renovada tudo o que Deus dispôs para o seu Povo: "Tu o introduziste e o estabeleceste no monte da Tua herança, no lugar que reservaste para Tua morada, Senhor! Santuário preparado pelas Tuas mãos, ó meu Deus!" (Ex 15,17). O hino de vitória não exprime o triunfo do homem, mas o triunfo de Deus. Não é um cântico de guerra, é um cântico de amor.

Deixando que os nossos dias sejam invadidos por este estremecimento de louvor dos antigos Hebreus, nós caminhamos pelas estradas do mundo, cheias de insídias, de perigos e de sofrimentos, com a certeza de estarmos envolvidos pelo olhar misericordioso de Deus: nada pode resistir ao poder do seu amor.

Saudações

Saúdo os peregrinos e ouvintes de língua portuguesa. Desejo a todos felicidades, paz e graça no Senhor. Na perspectiva da Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo, façamos o propósito de colaborar humilde e fervorosamente para que Cristo habite no coração de todo o cristão; que não haja mais ódios nem crueldades, que estendamos pela terra o bálsamo forte e pacífico do amor. Recebam todos a minha Bênção Apostólica.

Acolho com alegria os peregrinos de língua francesa. Que Cristo Salvador, que pelo baptismo vos fez passar da morte à vida, vos fortaleça na esperança para lutar contra a violência sob todas as formas e para construir uma humanidade segundo o coração de Deus! A todos concedo, de boa vontade, a Bênção Apostólica.

Dou as calorosas boas-vindas aos participantes na Visita de Estudo a Roma, organizado pelo Instituto Ecuménico de Bossey. Que a vossa experiência da Roma Cristã possa ser uma fonte de enriquecimento para o vosso trabalho ao serviço da reconciliação e da unidade entre os que seguem a Cristo. Sobre todos os peregrinos e visitantes de expressão inglesa, especialmente os que vêm da Irlanda, da Formosa e dos Estados Unidos, invoco as bênçãos de Deus e a alegria da paz.

Com estes pensamentos saúdo os peregrinos e visitantes das regiões alemãs das Pias Associações reunidas numa Escola de Ciências Agrárias, no Alto Ádige. A esperança, tornada viva pelo poder do amor salvífico de Deus, torne a vossa vida serena e cheia de luz. Com estes votos, concedo-vos de coração a vós e aos que vos são queridos, assim como a todos os que me escutam pela Rádio Vaticano ou seguem pela Televisão, a Bênção Apostólica.

Dirijo uma cordial saudação aos peregrinos de língua italiana. Saúdo em particular o grupo dos presbíteros participantes no curso de Exercícios espirituais promovido pelo Instituto secular "Sacerdotes Missionários da Realeza de Cristo" e desejo que encontrem, pela oração, um novo impulso apostólico, para um tetemunho cada vez mais incisivo de Cristo e do seu Evangelho.

Saúdo, depois, com afecto, os representantes da Asscociação "Il mio Dio canta giovane", vindos de várias Regiões italianas. Caríssimos, alegro-me convosco e com todos os que partilham o vosso nobre ideal de testemunhar o Evangelho da vida, promovendo e difundindo o cântico de inspiração religiosa. Possam as vossas canções ser o eco do mandamento de Cristo: "Amai-vos como eu vos amei".

O meu pensamento vai agora para os membros da Legião de Maria, vindos aqui em tão grande número na ocasião do octogésimo aniversário de fundação dessa associação mariana. Enquanto exprimo o meu apreço pelo seu serviço eclesial, convido cada um a ver em Maria Santíssima um modelo para vossa constante referência. Que a Virgem seja o exemplo que arrasta e o guia seguro que conduz a Cristo.

Saúdo, por fim, os jovens, os doentes e os novos casais.

No próximo Domingo, último do tempo comum, celebraremos a solenidade de Cristo, rei do Universo. Caros jovens, ponde Jesus no centro da vossa vida e recebereis dele luz e coragem nas opções de cada dia. Cristo, que fez da Cruz um trono real, vos ensine, queridos doentes, a compreender o valor redentor do sofrimento vivido em união com Ele. A vós, queridos novos casais, faço votos para que reconheçais a presença do Senhor no vosso caminho matrimonial para, assim, participar na construção do seu Reino de amor e de paz.

Hoje, memória litúrgica da Apresentação de Maria Santíssima no Templo, celebra-se o Dia das Religiosas de Clausura. Às Irmãs chamadas pelo Senhor à vida contemplativa, desejo assegurar a minha especial lembrança e de toda a Comunidade eclesial. Renovo, ao mesmo tempo, o convite a todos os cristãos, a fim de que não deixem faltar aos mosteiros de clausura o necessário apoio espiritual e material. Devemos muito, efectivamente, a estas pessoas que se consagram inteiramente à oração incessante pela Igreja e pelo mundo!

A todas estas queridas Irmãs envio, de todo o coração, uma especial Bênção Apostólica.
Estou profundamente desolado pela recente notícia da morte brutal de quatro jornalistas, no Afeganistão. Exprimo os meus vivos sentimentos aos familiares e a quantos foram atingidos por este dramático acontecimento.

Confiamos à misericórdia de Deus as almas destes defuntos e por eles, como por todas as outras vítimas da violência, rezemos, agora, cantando em conjunto, o Pai-Nosso.





JOÃO PAULO II


AUDIÊNCIA


Quarta-feira 28 de novembro de 2001

O Salmo 116:

Convite a louvar a Deus pelo seu amor

Queridos irmãos e irmãs,


1. Este é o Salmo mais curto, composto no original hebraico apenas por dezassete palavras, das quais nove são particularmente relevantes. É uma pequena doxologia, isto é, um cântico essencial de louvor, que em pensamento poderia fazer as vezes de fecho a orações hínicas mais amplas. Assim se verificou por vezes na liturgia, um pouco como acontece com o nosso Gloria Patri, com o qual concluímos a recitação de qualquer Salmo.

Na verdade, estas poucas palavras de oração revelam-se significativas e profundas para exaltar a aliança entre o Senhor e o seu povo, no âmbito de uma perspectiva universal. Nesta luz, o primeiro versículo do Salmo é tomado pelo apóstolo Paulo para convidar todos os povos do mundo a glorificar Deus. De facto, ele escreve aos cristãos de Roma: "os gentios dão glória a Deus, pela sua misericórdia, como está escrito... Nações, louvai todas ao Senhor; e que todos os povos o celebrem" (Rm 15,9 Rm 15,11).

2. Por conseguinte, o breve hino que estamos a meditar começa, como acontece muitas vezes a este género de Salmos, com um convite ao louvor, que não se destina só a Israel, mas a todos os povos da terra. Um alleluia deve brotar dos corações de todos os justos que procuram e amam Deus com o coração sincero. Mais uma vez o Saltério reflecte uma visão de amplo alcance, provavelmente alimentada pela experiência vivida por Israel durante o exílio na Babilónia no sexto século a.C.: o povo hebraico encontrou então outras nações e culturas e sentiu a necessidade de anunciar a própria fé àqueles entre os quais ele vivia. Encontra-se no Saltério a consciência de que o bem floresce em tantos terrenos e pode ser como que canalizado e dirigido para o único Senhor e Criador.

Por isso, poderíamos falar de um "ecumenismo" da oração, que inclui num único abraço povos diferentes por origem, história e cultura. Encontramo-nos na linha da grande "visão" de Isaías que descreve "no final dos tempos" a afluência de todas as nações para "o monte do templo do Senhor". Então, cairão das mãos as espadas e as lanças, e serão transformadas em relhas de arados e foices, para que a humanidade viva em paz, cantando o seu louvor ao único Senhor de todos, ouvindo a sua palavra e observando os seus mandamentos (cf. Is Is 2,1-5).

3. Israel, o povo da eleição, tem neste horizonte universal uma missão a cumprir. Deve proclamar duas grandes virtudes divinas, que conheceu ao viver a aliança com o Senhor (cf. v. 2). Estas duas virtudes, que são as duas feições fundamentais do rosto divino, o "bom binómio" de Deus, para dizer com São Gregório de Nissa (cf. Sobre os títulos dos Salmos, Roma 1994, p. 183), são expressas com igual número de palavras hebraicas que, nas traduções, não conseguem brilhar em toda a sua riqueza de significado.

A primeira é hésed, uma palavra usada repetidas vezes pelo Saltério e sobre a qual já falei noutra ocasião. Ela indica a rede dos sentimentos profundos que existem entre duas pessoas, ligadas por um vínculo autêntico e constante. Por isso, abraça valores como o amor, a fidelidade, a misericórdia, a bondade, a ternura. Por conseguinte, existe ente nós e Deus uma relação que não é fria, como a que pode existir entre um imperador e o seu súbdito, mas palpitante, como a que se desenvolve entre dois amigos, entre dois esposos, entre pais e filhos.

4. A segunda palavra é 'emét que é quase sinónimo da primeira. Também ela é querida ao Saltério, que a repete quase metade de todas as vezes em que ressoa no resto do Antigo Testamento.

Em si, a palavra exprime a "verdade", ou seja, a genuinidade de uma relação, a sua autenticidade e lealdade, que se conserva apesar dos obstáculos e das provas; é a fidelidade pura e jubilosa que não conhece faltas. Não é sem motivo que o Salmista declara que ela "dura eternamente" (v. 2). O amor fiel de Deus nunca faltará e não nos abandonará a nós próprios ou à obscuridade do contra-senso, de um destino cego, do vazio e da morte.

Deus ama-nos com um amor incondicionado, que não se cansa, que nunca esmorece. Eis a mensagem do nosso Salmo, breve como uma ladainha, mas intenso como um cântico grande.

5. As palavras que ele nos sugere são como um eco do cântico que ressoa na Jerusalém celeste, onde uma grande multidão de todas as línguas, povos e nações, canta a glória divina diante do trono de Deus e do Anjo (cf. Ap Ap 7,9). A este cântico a Igreja peregrina une-se com infinitas expressões de louvor, muitas vezes moldadas pelo génio poético e pela arte musical. Pensamos dando um exemplo no Te Deum, do qual se serviram gerações de cristãos ao longo dos séculos, para louvar o Senhor e agradecer-Lhe: "Te Deum Laudamos, te Dominum confitemur, te aeternum Patrem omnis terra veneratur". Por seu lado, o pequeno Salmo que hoje estamos a meditar é uma síntese eficaz da perene liturgia de louvor com que a Igreja se faz voz no mundo, unindo-se ao louvor perfeito que o próprio Cristo dirige ao Pai.

Por conseguinte, louvamos o Senhor! Louvamos sem nos cansarmos. Mas o nosso louvor exprime-se com a vida, mais do que com as palavras. De facto, seríamos muito pouco credíveis, se com o nosso Salmo convidássemos os povos a glorificar o Senhor, e não levássemos a sério a admoestação de Jesus: "Brilhe a vossa luz diante dos homens de modo que, vendo as vossas boas obras, glorifiquem o vosso Pai, que está nos Céus" (Mt 5,16). Ao cantar o Salmo 116, como todos os Salmos dirigidos ao Senhor, a Igreja, Povo de Deus, esforça-se por se tornar, ela mesma, um cântico de louvor.



Queridos irmãos e irmãs!

Amados peregrinos de língua portuguesa, saúdo cordialmente a todos os presentes, nomeadamente os membros da Associação dos Juízes Federais do Brasil, pedindo a Deus todo-poderoso que vos abençoe, a vós e às vossas famílias, e vos ilumine na vossa importante missão em prol da justiça e recuperação da humanidade ofendida.


Por fim, dirijo a minha saudação aos jovens, aos doentes e aos novos casais. A figura do apóstolo Santo André, cuja festa se celebrará nos próximos dias, seja para vós, queridos jovens, um modelo de seguimento e de testemunho cristão. Santo André interceda por vós queridos doentes, para que o conforto divino prometido por Jesus aos aflitos encha os vossos corações e fortifique a vossa fé. E vós, queridos novos casais, empenhai-vos em corresponder fielmente ao projecto de amor do qual Cristo vos fez participantes com o sacramento do matrimónio.



                                                                            Dezembro de 2001

JOÃO PAULO II


AUDIÊNCIA


Quarta-feira 5 de dezembro de 2001

Cântico de alegria e de vitória




Caríssimos Irmãos e Irmãs:

1. Quando o cristão, em sintonia com a voz orante de Israel, canta o Salmo 117 que acabamos de ouvir entoar, sente dentro de si um particular frémito. De facto, ele encontra neste hino que se caracteriza por uma grande marca litúrgica duas frases que se repetem no Novo Testamento com uma nova tonalidade. A primeira é constituída pelo versículo 22: "A pedra que os construtores rejeitaram, tornou-se pedra angular". Esta frase é citada por Jesus, que a aplica à sua missão de morte e de glória, depois de ter narrado a parábola dos vinhateiros (cf. Mt Mt 21,42). A frase é citada também por Pedro nos Actos dos Apóstolos: "Ele é a pedra que vós, os construtores, desprezastes e que se transformou em pedra angular. E não há salvação em nenhum outro, pois não há debaixo do céu qualquer outro nome dado aos homens que nos possa salvar" (Ac 4,11-12). Cirilo de Jerusalém comenta: "Um só é o Senhor Jesus Cristo, para que a filiação seja única; proclamamos um só, para que não penses que haja outro... Com efeito, é chamado pedra, não inanimada nem cortada por mãos humanas, mas pedra angular, porque aquele que crê nela não ficará desiludido" (Catequeses, Roma 1993, PP 312-313).

A segunda frase que o Novo Testamento extrai do Salmo 117 é proclamada pela multidão na solene entrada messiânica de Cristo em Jerusalém: "Bendito seja Aquele que vem em nome do Senhor!" (Mt 21,9 cf. Sl Ps 117,26). A aclamação é envolvida por um "Hossana" que retoma a invocação hebraica hoshiana', "Ó Deus, salvai-nos!".

2. Este maravilhoso hino bíblico está situado no âmbito da pequena recolha de Salmos, do 112 ao 117, chamada o "Hallel pascal", ou seja, o louvor salmódico usado pelo culto hebraico para a Páscoa e também para as principais solenidades do ano litúrgico. O fio condutor do Salmo 117 pode ser considerado o rito da procissão, talvez marcado por cânticos para o solista e para o coro, tendo como fundo a cidade santa e o seu templo. Uma bonita antífona abre e encerra o texto: "Louvai o Senhor porque Ele é bom, porque é eterno o Seu amor" (vv. 1. 29).

A palavra "misericórdia" traduz a palavra hebraica hesed, que designa a fidelidade generosa de Deus em relação ao seu povo aliado e amigo. São três as categorias de pessoas que cantam esta fidelidade: Israel inteiro, a "casa de Aarão", isto é, os sacerdotes, e "quem teme Deus", uma expressão que indica os fiéis e sucessivamente também os prosélitos, ou seja, os membros das outras nações desejosos de aderir à lei do Senhor (cf. vv. 2-4).

3. Parece que a procissão se desenrola pelas ruas de Jerusalém, porque se fala das "tendas dos justos" (cf. v. 15). Contudo, eleva-se um hino de agradecimento (cf. vv. 5-18), cuja mensagem é fundamental: mesmo quando estamos angustiados é necessário manter alta a chama da confiança, porque a mão poderosa do Senhor conduz o seu fiel à vitória sobre o mal e à salvaçao.

O poeta sagrado usa imagens fortes e vivazes: os adversários cruéis são comparados com um enxame de abelhas ou a uma frente de chamas que progride reduzindo tudo a cinzas (cf. v. 12). Mas a reacç¢o do justo, apoiado pelo Senhor, é veemente; é repetida três vezes: "No nome do Senhor esmagá-las-ei" e o verbo hebraico evidencia uma intervenção destruidora em relação ao mal (cf. vv. 10.11.12). De facto, na base encontra-se a direita poderosa de Deus, ou seja, a sua obra eficaz, e, indubitavelmente, nao a mão débil e incerta do homem. E é por isto que a alegria pela vitória sobre o mal se abre a uma profissão de fé muito sugestiva: "O Senhor é a minha fortaleza e o meu cantar, é a minha salvaçao" (v. 14).

4. Parece que a procissão chegou ao templo, às "portas da justiça" (v. 19), à porta santa de Sião. Entoa-se aqui um segundo cântico de agradecimento, que é aberto por um diálogo entre a assembleia e os sacerdotes para serem admitidos ao culto. "Abri-me as portas da justiça, desejo entrar para dar graças ao Senhor", diz o solista em nome da assembleia em procissao. "Esta é a porta do Senhor; por ela entram os justos" (vv. 19-20), respondem outros, provavelmente os sacerdotes.

Depois de terem entrado, podem dar voz ao hino de gratidão ao Senhor, que no templo se oferece como "pedra" estável e certa sobre a qual se edifica a casa da vida (cf. Mt Mt 7,24-25). Desce uma benção sacerdotal sobre os fiéis, que entraram no templo para exprimir a sua fé, elevar a sua oração e celebrar o culto.

5. O último cenário que se apresenta aos nossos olhos é constituído por um rito jubiloso de danças sagradas, acompanhadas por um festivo agitar de ramos: "Ordenai o cortejo com ramos de palmeiras, até aos ângulos do altar" (v. 27). A liturgia é alegria, encontro de festa, expressão de toda a existência que louva o Senhor. O rito dos ramos faz pensar na solenidade hebraica dos Tabernáculos, memória da peregrinação de Israel no deserto, solenidade na qual se realizava uma procissão com ramos de palmeiras, murta e salgueiro.

Este mesmo rito evocado pelo Salmo é reproposto ao cristão com a entrada de Jesus em Jerusalém, celebrado na liturgia do Domingo de Ramos. A Cristo são elevados "Hossanas" como "filho de David" (cf. Mt Mt 21,9) pela multidão que, "veio à Festa... tomou ramos de palmeira e saiu ao seu encontro, clamando: "Hossana! Bendito seja Aquele que vem em nome do Senhor, o Rei de Israel!"" (Jn 12,12-13). Naquela celebração de festa que, contudo, anuncia o momento da paixão e morte de Jesus, realiza-se e compreende-se em sentido pleno também o símbolo da pedra angular, proposta na abertura, adquirindo um valor glorioso e pascal.

O Salmo 117 encoraja os cristãos a reconhecer no acontecimento pascal de Jesus "o dia que o Senhor fez", em que "a pedra que os construtores rejeitaram, tornou-se pedra angular". Por conseguinte, eles podem cantar com o Salmo cheios de gratidão: "O Senhor é a minha fortaleza e o meu cantar, é a minha salvação" (v. 14); "O Senhor actuou neste dia, cantemos e alegremo-nos n'Ele" (v. 24).

Saudações

Caríssimos Irmãos e Irmãs

Saúdo cordialmente quantos me escutam, nomeadamente os peregrinos portugueses, vindos do Porto. Desejo-lhes todo o bem, com as graças e as luzes do Espírito Santo, em frutuosa preparação espiritual de um santo Natal. Com a minha Bênção apostólica.

É-me grato saudar o grupo de peregrinos provenientes de Bratislava.
Caros Irmãos e Irmãs, no domingo passado entrámos no tempo litúrgico do Advento. Vivei este período de alegre expectativa do Redentor que vem, segundo o exemplo da Virgem Imaculada. Concedo-vos de bom grado, a vós e aos vossos entes queridos, a minha Bênção apostólica.
Louvado seja Jesus Cristo!

Saúdo-vos a vós, peregrinos de expressão francesa, presentes nesta Audiência. Num mundo assinalado pelo sofrimento e pela confusão, sede as testemunhas da ternura de Deus. A todos vós, concedo do íntimo do coração a Bênção apostólica.

Dou as calorosas boas-vindas aos peregrinos e aos visitantes de língua inglesa, hoje aqui presentes, de modo especial aos grupos provenientes da Coreia, dos Camarões e dos Estados Unidos da América. Neste tempo do Advento, enquanto olhamos para a Natividade do Príncipe da Paz, peço-vos que vos unais a mim na oração pela paz no mundo inteiro. Deus vos abençoe a todos!

Estimados Irmãos e Irmãs, a Eucaristia é um sacramento de amor e um sinal visível da unidade de quantos, consagrados no único Baptismo e unidos pelo Espírito Santo, se encontram congregados à volta do Bispo, seu Pastor, e dos sacerdotes, seus colaboradores no ministério eclesial. Ela é a força vital da Igreja e manifesta a sua natureza.

Saúdo os peregrinos provenientes da Diocese de Mostar-Duvno e os outros peregrinos croatas. A todos concedo a minha Bênção apostólica.

Louvados sejam Jesus e Maria!

Saúdo com afecto todos os fiéis de língua espanhola aqui presentes. De modo especial, o Grupo cultural "Lo Rat Penat", de Valença; os alunos do Colégio Sagrado Coração, de Logroño; e os alunos da Escola de Cadetes do Serviço penitenciário de Buenos Aires, bem como os outros peregrinos da Espanha e da América Latina. Muito obrigado pela vossa atenção.
Enfim, saúdo os jovens, os doentes e os novos casais.

O tempo do Advento, que há pouco se iniciou, apresenta-nos durante estes dias o exemplo resplandecente da Virgem Imaculada. Que Ela vos oriente, a vós dilectos jovens, no vosso caminho espiritual de adesão a Cristo. Para vós, queridos doentes, seja o sustento de uma esperança renovada. Oxalá Ela vos guie, estimados novos casais, para descobrirdes cada vez mais o amor de Cristo.

Apelo em prol da paz na Terra Santa


"Sinto a necessidade de expressar as minhas sentidas condolências pelas novas vítimas da absurda violência que continua a ensanguentar a região do Médio Oriente. Uma vez mais repito, com ânimo sincero, que a violência nunca resolve os conflitos, mas somente aumenta as suas dramáticas consequências.

Lanço um renovado apelo à Comunidade internacional a fim de que, com determinação e coragem cada vez maiores, ajude os Israelitas e os Palestinos a interromper esta inútil espiral de morte. As negociações sejam imediatamente retomadas para que, enfim, se possa alcançar a paz tão desejada".





JOÃO PAULO II


AUDIÊNCIA


Quarta-feira 12 de dezembro de 2001

Todas as criaturas louvem ao Senhor




Queridos irmãos e irmãs,

1. O cântico que acabou de ser proclamado é constituído pela primeira parte de um longo e bonito hino que se encontra inserido na tradução grega do livro de Daniel. Cantam-no três jovens hebreus lançados numa fornalha por terem recusado adorar a estátua do rei de Babilónia, Nabucodonosor. Outra parte do mesmo cântico é proposto pela Liturgia das Horas para as Laudes do domingo, na primeira e na terceira semana do Saltério litúrgico.

O livro de Daniel, como se sabe, reflecte os fermentos, as esperanças e também as expectativas apocalípticas do povo eleito, o qual, na época dos Macabeus (II século a. C.) lutava para poder viver de acordo com a Lei dada por Deus.

Na fornalha, os três jovens, milagrosamente preservados das chamas, cantam um hino de louvor dirigido a Deus. Este hino é semelhante a uma ladainha, repetitiva e, ao mesmo tempo, nova: as suas invocações elevam-se até Deus como espirais de incenso, que percorrem o espaço em formas semelhantes mas nunca iguais. A oração não teme a repetição, como o apaixonado não hesita declarar infinitas vezes à amada todo o seu afecto. Insistir nas mesmas questões é sinal de intensidade e de numerosas formas nos sentimentos, nas pulsações interiores e nos afectos.

2. Ouvimos proclamar o início deste hino cósmico, contido no terceiro capítulo de Daniel, nos versículos 52-57. É a introdução, que precede o grandioso desfile das criaturas envolvidas no louvor. Um olhar panorâmico para todo o cântico no seu prolongamento litânico, faz-nos descobrir uma sucessão de elementos que constituem o enredo de todo o hino. Ele começa com seis invocações dirigidas directamente a Deus; a elas, segue-se um apelo universal a "todas as obras do Senhor", para que abram os seus lábios imaginários ao louvor (cf. v. 57).

É esta a parte sobre a qual hoje reflectimos e que a liturgia propõe para as Laudes do domingo da segunda semana. Logo a seguir, o cântico prolonga-se convocando todas as criaturas do céu e da terra para louvar e engrandecer o seu Senhor.

3. O nosso trecho inicial será retomado outra vez pela liturgia, nas Laudes do domingo da quarta semana. Por isso, escolheremos agora apenas alguns elementos para a nossa reflexão. O primeiro é o convite ao louvor: "Bendito, sois, Senhor...", que, no final, se transforma em "Bendizei...!".
Existem na Bíblia duas formas de bênção, que se entrelaçam entre si. Por um lado, encontra-se a que vem de Deus: o Senhor abençoa o seu povo (cf. Nm NM 6,24-27). É uma bênção eficaz, fonte de fecundidade, felicidade e prosperidade. Por outro, encontra-se o louvor que da terra se eleva para o céu. O homem, beneficiado pela generosidade divina, bendiz a Deus, louvando-o, agradecendo-lhe, exclamando: "Bendiz, ó minha alma, o Senhor!" (Ps 102,1 Ps 103,1).

A bênção divina é muitas vezes mediada pelos sacerdotes (cf. Nm NM 6,22-23 NM 27 Sir 50, 20-21) através da imposição das mãos; ao contrário, o louvor humano é expresso no hino litúrgico, que a assembleia dos fiéis eleva ao Senhor.

4. Outro elemento que consideramos no âmbito do trecho agora proposto à nossa meditação é constituído pela antífona. Poderíamos imaginar que o solista, no templo repleto de povo, entoasse o louvor: "Bendito sois vós, Senhor...", enumerando as várias maravilhas divinas, enquanto a assembleia dos fiéis repetia constantemente a fórmula: "Sois digno de louvor e de glória pelos séculos dos séculos". Era o que já acontecia com o Salmo 135, o chamado "Grande Hallel", ou seja, o grande louvor, onde o povo repetia: "É eterna a vossa misericórdia", enquanto um solista enumerava os vários actos de salvação realizados pelo Senhor em favor do seu povo.

Objecto de louvor, no nosso Salmo, é em primeiro lugar o nome "glorioso e santo" de Deus, cuja proclamação ressoa no templo, também ele "santo glorioso". Os sacerdotes e o povo, enquanto contemplam, na fé, Deus que está sentado "no trono do Seu reino", sentem o Seu olhar sobre si, que "penetra os abismos" e esta consciência faz surgir do seu coração o louvor. "Bendito... bendito...". Deus, que "está sentado em cima dos querubins" e tem como habitação o "firmamento do céu", contudo está próximo do seu povo, que por isso se sente protegido e seguro.

5. A proposta deste cântico repetida na manhã de domingo, a Páscoa semanal dos cristãos, é um convite a abrir os olhos diante da nova criação que teve origem precisamente com a ressurreição de Jesus. Gregório de Nissa, um Padre da Igreja grega do quarto século, explica que com a Páscoa do Senhor "são criados um novo céu e uma nova terra... é plasmado um homem diferente renovado à imagem do seu criador através do nascimento do alto" (cf. Jo Jn 3,3 Jo Jn 3,7). E continua: "Assim como quem olha para o mundo sensível deduz por meio das coisas visíveis a beleza invisível... assim quem olha para este novo mundo da criação eclesial vê nele Aquele que se tornou tudo em todos, orientando a mente pela mão, através das coisas compreensíveis da nossa natureza racional, isto é, para quem supera a compreensão humana" (Langerbeck H., Gregorii Nysseni Opera, VI, 1-22 passim, pág. 385).

Por conseguinte, ao entoar este cântico, o crente cristão é convidado a contemplar o mundo da primeira criação, entrevendo nele o perfil da segunda, inaugurada com a morte e a ressurreição do Senhor Jesus. E esta contemplação conduz a todos pela mão, para entrarem, quase dançando de alegria, na única Igreja de Cristo.

Saudações

Amados peregrinos de língua portuguesa, também vós sois convidados a bendizer o Criador, que é "digno de louvor e glória para sempre". Sois uma bênção de Deus e obra do seu amor. Eu bendigo o Senhor por cada um de vós; e imploro, para o coração e o lar de todos, a alegria e a paz do natal do Deus Menino.

Saúdo cordialmente os peregrinos de língua espanhola, em especial os oficiais e cadetes da Escola Penitenciária da Nação e da Escola Federal da Polícia, da Argentina. Convido-vos ardentemente a todos, reconhecendo e louvando a Deus, criador e pai do género humano, a incrementar o vosso respeito por cada pessoa e a fomentar a paz.
Obrigado pela vossa atenção.

É com alegria que recebo os peregrinos de língua francesa. Oxalá este tempo do Advento, durante o qual todos somos convidados a rezar e a jejuar pela paz entre os povos, renove a vossa fé e vos prepare para receber o Príncipe da paz! Concedo de bom grado a todos a Bênção apostólica.

Louvado seja Jesus Cristo!

Saúdo os peregrinos da Ucrânia, que vieram a Roma para me retribuir a Visita que realizei à sua terra.

Queridos Irmãos e Irmãs, agradeço-vos a vossa presença e desejo de coração a cada um de vós que a vossa peregrinação seja rica de frutos espirituais. Oxalá a visita aos túmulos dos Apóstolos Pedro e Paulo fortaleça a vossa fé, de maneira a que vos torneis testemunhas cada vez mais credíveis do Evangelho.

Concedo de coração a todos vós e aos vossos queridos a Bênção apostólica.
Louvado seja Jesus Cristo.

Por fim, a minha saudação dirige-se aos jovens, aos doentes, e aos novos casais. No clima espiritual do Advento, tempo de esperança que nos prepara para o Natal, está presente de maneira particular Maria, a Virgem da espera. Confio-vos a ela, queridos jovens, para que possais aceitar com vigor o convite de Cristo para realizar plenamente o seu Reino. Exorto-vos a vós, queridos doentes, e de modo especial a vós, caros pequenos hóspedes do "Piccolo Cottolengo Don Orione", de Tortona, a oferecer o vosso sofrimento juntamente com Maria, para a salvação da humanidade. Que a materna intercessão de Maria, vos ajude a vós, estimados novos casais, a fundar a vossa família num amor fiel e aberto ao acolhimento da vida.




AUDIÊNCIAS 2001