Discursos João Paulo II 2001

MENSAGEM DO SANTO PADRE


PELA INAUGURAÇÃO DO SEMINÁRIO MAIOR


INTERDIOCESANO DE PINSK NA BIELO-RÚSSIA







Venerado Irmão Senhor Cardeal KAZIMIERZ SWIATEK
Arcebispo de Minsk-Mohilev


Foi com grande prazer que tomei conhecimento de que a inauguração do Seminário Maior interdiocesano de Pinsk já é iminente. Alegro-me com Vossa Eminência, venerado Irmão que, impelido pela solicitude paterna, promoveu esta obra, e com toda a Comunidade eclesial que vive na Bielo-Rússia, enquanto penso no serviço que esta estrutura renovada poderá oferecer tanto à formação dos candidatos para o presbiterado, como à promoção de uma pastoral vocacional eficaz.

Este edifício, hoje renovado, traz à mente significativas páginas da história vivida pela Igreja que está na Bielo-Rússia. Outrora ele era o Seminário do Servo de Deus Zygmunt Lozinski, inesquecível Pastor da grei de Cristo nesse País, durante os anos difíceis do século passado. Em seguida, o regime comunista apreendeu o edifício, destinando-o para outras funções. Reformado em conformidade com as finalidades originárias e oportunamente dedicado ao Padroeiro universal dos estudos teológicos, S. Tomás de Aquino, agora é inaugurado para oferecer os seus serviços às dioceses de Minsk-Mohilev, Pinsk e Vitebsk.

Como deixar de ver neste novo Seminário um sinal promissor para o futuro da Igreja nessa região? Com efeito, a solicitude pelas vocações sacerdotais é por excelência um trabalho apostólico que visa o futuro, a "messe" que é "grande" (cf. Mt Mt 9,37) e que exige operários zelosos e bem preparados. Por conseguinte, é importante o cuidado dos aspirantes à vida presbiteral: em primeiro lugar, ela supõe uma oração insistente e confiante ao "senhor da messe", a fim de que "mande operários para a sua messe" (Mt 9,38), e em seguida exige uma acção educativa paciente e atenta, que acompanhe e sustente no seu crescimento humano e cristão cada uma das pessoas chamadas.

O Senhor Cardeal sabe muito bem quanto tenho a peito a necessidade de uma formação séria dos futuros ministros do altar. O serviço pastoral de sacerdotes doutos e zelosos constitui uma garantia de desenvolvimento sereno para as Comunidades cristãs. Este é o motivo para nunca nos cansarmos de rezar por esta intenção. Formulo votos sinceros para que o Seminário Maior interdiocesano de Pinsk se torne, em primeiro lugar, uma casa de invocação incessante pelas vocações e pelos presbíteros. Maria Santíssima vele sobre o Seminário, a fim de que possa oferecer todos os subsídios oportunos a quantos ali vierem a passar os anos importantes da sua existência, tornando-se desta forma centro de numerosos presbíteros santos.

Além disso, exprimo o meu apreço agradecido a quantos, de várias maneiras, colaboraram para esta importante obra eclesial, que beneficiará enormemente todo o povo católico dessa região. Deus vos recompense a todos!

Com estes sentimentos, é de coração que lhe concedo, Vossa Eminência, assim como aos seus colaboradores, uma especial Bênção apostólica que, de bom grado, faço extensiva às Comunidades diocesanas e, de modo especial, a quantos se preparam para o Sacerdócio.


Castelgandolfo, 25 de Julho de 2001.




AO EMBAIXADOR DOS


ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA


POR OCASIÃO DA APRESENTAÇÃO DAS


CARTAS CREDENCIAIS


13 de Setembro de 2001

Senhor Embaixador

É com prazer que aceitar as Cartas Credenciais que o designam Embaixador Extraordinário e Plenipotenciário dos Estados Unidos da América junto da Santa Sé. Vossa Excelência dá início à sua missão num momento de grande tragédia para o seu País. Nesta hora de luto nacional pelas vítimas dos ataques terroristas perpetrados contra Washington e Nova Iorque, desejo assegurar-lhe pessoalmente o meu profundo sentimento de proximidade no sofrimento do povo americano e as minhas sinceras orações pelo Senhor Presidente e pelas Autoridades civis, por todas as pessoas empenhadas nas operações de socorro e na assistência aos sobreviventes, e de maneira especial pelas vítimas e as suas famílias. Rezo para que este acto desumano desperte nos corações dos povos do mundo uma firme resolução de rejeitar os caminhos da violência, de combater qualquer acção que semeie ódio e divisão no seio da família humana e de trabalhar pela promoção de uma nova era de cooperação internacional inspirada pelos mais elevados ideais da solidariedade, da justiça e da paz.

No recente encontro que tive com o Senhor Presidente Bush, realcei a minha profunda estima pelo rico património de valores humanos, religiosos e morais que, historicamente, formaram a índole americana. Expressei a minha convicção de que a incessante liderança moral dos Estados Unidos da América no mundo depende da sua fidelidade aos princípios fundadores. Por detrás do compromisso da sua Nação em favor da liberdade, da autodeterminação e da igualdade das oportunidades estão as verdades universais herdadas das suas raízes religiosas. É delas que derivam o respeito pela sacralidade da vida e pela dignidade de cada pessoa humana criada à imagem e semelhança do Criador; a responsabilidade de todos pelo bem comum; a solicitude pela educação dos jovens e pelo futuro da sociedade; e a necessidade de uma administração sábia dos recursos naturais concedidos gratuitamente pelo Deus da prodigalidade. Ao enfrentar os desafios do futuro, a América é chamada a estimar e a viver os valores mais profundos da sua herança nacional: a solidariedade e a cooperação entre os povos; o respeito pelos direitos humanos; e a justiça, que é a condição indispensável para a liberdade autêntica e a paz duradoura.

No século que acaba de iniciar, a humanidade tem a oportunidade de realizar grandes progressos contra alguns dos seus inimigos tradicionais: a pobreza, a doença e a violência. Como eu disse na sede da Organização das Nações Unidas em 1995, a nós cabe fazer com que um século de lágrimas, o século XX, seja seguido, no século XXI, de uma "primavera do espírito humano". As possibilidades que se apresentam à família humana são imensas, embora nem sempre sejam manifestas num mundo em que um número demasiado elevado dos nossos irmãos e irmãs padecem a fome e a subnutrição, e não têm acesso aos cuidados médicos nem à educação, ou são sufocados por governos injustos, conflitos armados, deslocamento forçado e novas formas de escravidão humana. Para aproveitar as oportunidades, são necessárias clarividência e generosidade, especialmente por parte das pessoas que foram abençoadas com a liberdade, a riqueza e a abundância dos recursos. Os urgentes problemas éticos levantados pela divisão entre quem beneficia da globalização da economia mundial e quem é excluído de tais benefícios exigem respostas novas e criativas por parte de toda a comunidade internacional. Aqui, gostaria de realçar de novo aquilo que disse no meu recente encontro com o Senhor Presidente Bush, ou seja, que a revolução da liberdade no mundo deve ser completada por uma "revolução das oportunidades", que há-de tornar todos os membros da família humana capazes de levar uma existência digna e compartilhar os benefícios de um desenvolvimento verdadeiramente universal.

Neste contexto, não posso deixar de mencionar, entre as inúmeras situações de dificuldade no mundo inteiro, a violência trágica que continua a atingir o Médio Oriente e que impede seriamente o processo de paz iniciado em Madrid. Graças também ao compromisso dos Estados Unidos da América, esse processo fez nascer a esperança nos corações de todas as pessoas que consideram a Terra Santa como uma singular sede de encontro e de oração entre os povos. Estou persuadido de que o seu País não hesitará em promover um diálogo realista que há-de levar as partes interessadas a alcançar a segurança, a justiça e a paz, no pleno respeito dos direitos humanos e da lei internacional.

Senhor Embaixador, a clarividência e a fortaleza moral que a América é desafiada a demonstrar, no início de um novo século e no contexto de um mundo em rápida transformação, exigem o reconhecimento das raízes espirituais da crise que as democracias ocidentais estão a viver, uma crise que se caracteriza pelo progresso de uma visão materialista, utilitária e, em última análise, desumanizadora do mundo, que se encontra tragicamente separada dos fundamentos morais da civilização ocidental. A fim de sobreviverem e prosperarem, a democracia e as suas correspondentes estruturas económicas e políticas devem ser orientadas por uma visão cujo âmago seja, segundo o desígnio de Deus, a dignidade e os direitos inalienáveis de cada ser humano, desde o momento da concepção até à morte natural. Quando a vida de determinados indivíduos, inclusivamente dos nascituros, é submetida às opções pessoais de terceiros, nenhum outro valor ou direito será garantido e, inevitavelmente, a sociedade passará a ser governada por interesses e conveniências particulares. A liberdade não pode ser sustentada num clima cultural que considera a dignidade humana segundo termos estritamente utilitários. Nunca foi tão urgente como hoje reforçar a visão e a resolução morais, essenciais para a manutenção de uma sociedade justa e livre.
Neste âmbito, o meu pensamento volta-se para os jovens da América, a esperança da Nação.

Nas minhas Visitas Pastorais aos Estados Unidos da América, e sobretudo na minha Visita a Denver em 1993, para a celebração da Jornada Mundial da Juventude, pude testemunhar pessoalmente os recursos de generosidade e de boa vontade, presentes na juventude do seu País. Sem dúvida, os jovens são o maior tesouro da sua Nação. É por isso que eles precisam urgentemente de uma educação integral, que os ajude a rejeitar o cinismo e o egoísmo, para atingir a sua estatura completa, como membros informados, sábios e moralmente responsáveis pela comunidade. No início de um novo milénio, aos jovens deve dar-se toda a oportunidade de assumir o seu papel como "artífices de uma nova humanidade em que irmãos e irmãs, todos membros da mesma família, possam finalmente viver em paz!" (Mensagem para o Dia Mundial da Paz de 2001, n. 22).

Senhor Embaixador, no momento em que Vossa Excelência dá início à missão como representante do seu País junto da Santa Sé, reitero a minha esperança de que, perante os desafios do presente e do futuro, o Povo americano se inspire nos recursos espirituais e morais que inspiraram e orientaram o desenvolvimento da sua Nação e que ainda hoje constituem a maior garantia da sua grandeza. Estou convicto de que a comunidade católica dos Estados Unidos da América, que historicamente desempenhou um papel crucial na educação de cidadãos responsáveis e no auxílio aos pobres, doentes e necessitados, participará de maneira activa no processo de discernimento do caminho futuro do seu País. Sobre Vossa Excelência, a sua família e todo o povo americano, invoco cordialmente as Bênçãos divinas da alegria e da paz.




ÀS PARTICIPANTES NO CAPÍTULO GERAL DO


INSTITUTO DA PIA SOCIEDADE DAS FILHAS DE SÃO PAULO


Quinta-feira, 13 de Setembro de 2001





Caríssimas Filhas de São Paulo

1. É com alegria que vos saúdo a todas vós, que vos reunistes em Ariccia para celebrar o Capítulo Geral do vosso Instituto. Trata-se de um importante encontro de "família", que desejais que seja rico de comunhão e de esperança. Graças à presença de delegadas provenientes dos cinco continentes, ele põe em evidência o rosto já "universal" da vossa Congregação.

Em primeiro lugar, apresento a minha respeitosa saudação à Superiora-Geral, Ir. Giovannamaria Carrara, e às suas directas colaboradoras. Depois, saúdo cada uma das Irmãs capitulares e, através delas, todas as Filhas de São Paulo, espalhadas em 50 nações do mundo.

Desejo expressar-vos o meu profundo reconhecimento pela caridade concreta que alimentais pela Igreja e pelo compromisso com que vos esforçais para reviver o espírito do Apóstolo Paulo no anúncio do Evangelho, no contexto do vasto e complicado "areópago", constituído hoje pelos meios de comuicação social.

2. Acabastes de comemorar a singular noite do início do século XX, em que o então jovem Padre Alberione, em oração diante de Jesus-Eucaristia na Catedral de Alba, recebeu a iluminação que em seguida teria caracterizado toda a sua existência de apóstolo e de evangelizador.

Ele mesmo recordava com emoção esta experiência, quando uma luz misteriosa se desprendeu da Hóstia sagrada, facilitando a sua aceitação do convite de Jesus: "Venite ad me omnes!" (cf. Mt Mt 11,28). Nessa noite, ele teve a impressão de poder compreender melhor os desejos do Papa e as exortações da Igreja acerca da missão autêntica do Sacerdote. Reconheceu com clarividência as exigências que derivam do dever que os cristãos têm de ser evangelizadores e entendeu que eles deviam aprender a utilizar os mesmos instrumentos que os adversários da fé usavam com frequência de maneira mais astuta e empreendedora. Então, sentiu-se como que impelido a preparar-se para realizar algo de novo ao serviço do Senhor no campo apostólico. Conhecia os seus próprios limites mas, ao mesmo tempo, sentia que as palavras do Mestre divino o tranquilizavam: "Vobiscum sum usque ad consummationem soeculi" (Mt 28,20).

Contemplando a Eucaristia, compreendeu plenamente que, no Santíssimo Sacramento, Jesus está sempre connosco. N'Ele encontramos a luz, o alimento e o conforto para vencer o mal e realizar o bem.

3. Através do Capítulo Geral, desejais regressar espiritualmente àqueles momentos de graça. O próprio tema da Assembleia capitular está em sintonia com aquilo que o Fundador viveu nessa momorável noite de oração: "Da Eucaristia à missão. Em conjunto, para comunicar o Evangelho nos dias de hoje". Trata-se de um tema que vos conduz até às raízes da vossa vocação e abre o espírito para as exigências da vossa missão ao serviço da nova evangelização. O Senhor atrai-vos para junto de si: "Vinde a mim, todos vós... ", para depois vos confiar um mandato missionário específico: "Ide para junto de cada um dos povos!".

Ide "juntos"! É assim que Ele vos repete durante os trabalhos capitulares. Parti com confiança, porque o vosso sustentáculo é a Eucaristia, manancial de vida renovada, onde podeis haurir a luz, a força e a graça necessárias para a vossa tarefa missionária. Deste mistério imenso podereis obter o ardor e o entusiasmo para anunciar a esperança que não desilude (cf. Fl Ph 1,20) aos homens do nosso tempo, mediante o uso de instrumentos cada vez mais rápidos e eficazes.

4. Compreendendo com clareza a urgência que caracteriza a vossa missão, o Padre Alberione imaginava-vos como "apóstolas que ardem de amor a Deus pela íntima vida espiritual"; ele desejava ver-vos sempre "a caminho", como "portadoras de Cristo e membros vivos e activos da Igreja".

Através do testemunho da sua vida, deixou-vos uma herança espiritual que se resume muito bem nestas suas palavras: "Estais assentes sobre a Hóstia. Chamai-vos umas às outras sempre "Paulinas": Jesus conquistou Paulo, e Paulo, enxertado em Cristo, produziu os frutos de Cristo... " (Exercícios e meditações, Estados Unidos da América 1952, pág. 168).

Todavia, para vos tornardes verdadeiras apóstolas de Cristo, é necessário que conserveis o vosso olhar fixo no seu rosto (cf. Hb He 12,2). Cristo represente o centro da vossa existência e da vossa missão. Orientai-vos para a santidade! Se, como aconteceu com os discípulos, vos cansardes sem obter qualquer êxito (cf. Lc Lc 5,4-6), transformai esta experiência aparentemente frustrante numa preciosa ocasião de oração e de amadurecimento espiritual. Na época actual os desafios são inúmeros, e os meios à disposição para os enfrentar, nem sempre parecem ser adequados. Porém, os problemas e os obstáculos não constituam uma causa de desânimo mas, pelo contrário, levem-vos a abrir o vosso coração para a graça divina a fim de que, fortalecidas pela palavra de Cristo, possais espalhar com a vossa presença e a vossa acção a alegria e a novidade do Evangelho.

4. Caríssimas Filhas de São Paulo! Estou-vos grato pelo serviço que prestais à Igreja, num campo missionário complexo e vasto como é o âmbito dos instrumentos de comunicação social. Nesta época, caracterizada pela comunicação global, é preciso fazer ressoar com vigor a mensagem da salvação. Para cumprir esta tarefa, é mais necessária do que nunca a presença de agentes competentes que sejam, ao mesmo tempo, testemunhas convictas e credíveis de Cristo. Esta é a vossa vocação. Sede fiéis a ela em todas as circunstâncias. Deveis sentir-vos verdadeiras "Paulinas", comunicadoras de Cristo, em total e dócil adesão aos ensinamentos e às directrizes da Igreja.

Reitero-vos a vós, queridas Filhas de São Paulo, as palavras do Redentor: "Duc in altum!" (Lc 5,4). Não hesiteis em vos fazer ao largo, no interminável oceano da humanidade contemporânea. Fazei palpitar em vós o fervoroso sentimento de Paulo, que exclamava: "Ai de mim, se não evangelizar!" (1Co 9,16). Seja este o anseio de toda a vossa existência. O Senhor está convosco e, na Eucaristia, ilumina-vos e consola-vos incessantemente.

Formulo votos do íntimo do coração para que estes dias de reflexão e de encontro vos ajudem a continuar com maior impulso o vosso itinerário apostólico, seguindo os passos do Padre Giacomo Alberione, da co-Fundadora Irmã Tecla Merlo, de cada um das Religiosas do Instituto e dos Irmãos que vos precederam.

Concedo-vos a todas a minha Bênção apostólica!




AOS PARTICIPANTES NO CAPÍTULO GERAL


DA CONGREGAÇÃO DOS MISSIONÁRIOS


DO PRECIOSÍSSIMO SANGUE


Sexta-feira, 14 de setembro de 2001



Aos membros da XVII Assembleia Geral da
Congregação dos Missionários do Preciosíssimo Sangue

É com afecto no Senhor que dou as boas-vindas à Assembleia Geral da Congregação dos Missionários do Preciosíssimo Sangue, na solenidade da Exaltação da Cruz. Como é oportuno que nos encontremos no dia em que toda a Igreja entoa hinos de louvor à glória da Cruz de Cristo e rejubila no poder do sangue que foi derramado da "sua fonte nos recessos mais secretos do seu coração, para dar aos sacramentos da Igreja o poder de conferir a vida da graça" (São Boaventura, Opusc. 3, 30). Juntamente convosco, prostro-me em adoração daquele fluxo infinitamente precioso que brota do lado ferido de Cristo, e rezo para que a Assembleia Geral procure assegurar que o poder do seu sangue seja derramado ainda mais abundantemente através da vossa Congregação, em benefício da Redenção do mundo inteiro.

O alvorecer do novo milénio é um tempo de planeamento audacioso (cf. Novo millennio ineunte, 29). Por conseguinte, é positivo o facto de terdes escolhido como tema da vossa Assembleia Geral "O futuro rosto dos Missionários do Preciosíssimo Sangue". Trata-se de um momento em que o Espírito Santo está a chamar toda a Igreja para uma nova evangelização, e o Sucessor de Pedro espera com confiança que os Missionários do Preciosíssimo Sangue desempenhem um papel repleto de imaginação e energia nos renovados esforços da Igreja, destinados a "ensinar todas as nações" (cf. Mt Mt 28,19), em conformidade com o mandamento de Cristo.

Desde o início, a vossa Congregação compreendeu a importância das palavras do Senhor: Duc in altum (Lc 5,4). Aparentemente, a exortação dirigida a Pedro era desprovida de sentido: ele tinha trabalhado a noite inteira, sem nada apanhar. Da mesma forma, agora a Igreja é convidada por Cristo a partir rumo a lugares e a povos em relação aos quais parece que há pouca esperança de obter qualquer êxito, e a realizar actos que parecem ter pouco sentido, segundo a lógica convencional. O Senhor pede-nos que abandonemos o nosso próprio ponto de vista e, ao contrário, confiemos na sua exortação, porque sabe que, diversamente, trabalharemos em vão.

Quando São Gaspar de Búfalo fundou a vossa Congregação em 1815, o meu Predecessor Papa Pio VII pediu que ele partisse para lugares aonde ninguém teria ido, e para empreender missões que não pareciam ser nada promissoras. Por exemplo, insistiu que enviasse missionários para evangelizar os salteadores que nessa época constituíam um perigo para a região entre Roma e Nápoles. Persuadido de que o pedido do Papa era o mandamento de Cristo, o vosso Fundador não hesitou em obedecer, embora alguns o criticassem por ser demasiado inovativo. Lançando as suas redes em águas profundas e perigosas, ele fez uma pesca extraordinária.

Dois séculos mais tarde, outro Papa exorta os filhos de São Gaspar a não serem menos audaciosos nas suas decisões e acções a irem aonde os outros não podem ou não querem ir, para empreender missões que parecem oferecer pouca esperança de bom êxito. Peço-vos que continueis os vossos esforços de edificação de uma civilização da vida, privilegiando a salvaguarda de toda a vida humana, desde a vida do nascituro até à vida das pessoas idosas e enfermas, e promovendo a dignidade de cada pessoa humana, de maneira especial dos indivíduos frágeis e despojados da sua justa participação na abundância dos recursos da terra. Exorto-vos a promover uma missão de reconciliação, enquanto trabalhais para reconstruir as sociedades dilaceradas pelos conflitos sociais, e até mesmo unindo as vítimas aos perpetradores da violência, num espírito de verdadeira reconciliação, a fim de que eles consigam descobrir que "precisamente esse sangue [o sangue de Cristo] é o motivo mais forte de esperança, ou melhor, é o fundamento da certeza absoluta de que, segundo o desígnio de Deus, a vitória será da vida" (Evangelium vitae, EV 25).

"O futuro rosto dos Missionários do Preciosíssimo Sangue" deve ser a face do Senhor crucificado, que derramou o seu sangue pela vida do mundo inteiro. Sem dúvida, a sua face é o rosto da agonia porque, "para transmitir ao homem o rosto do Pai, Jesus não só teve de assumir o rosto do homem, mas teve de assumir inclusivamente o "rosto" do pecado" (Novo millennio ineunte, 25). Todavia, o que é mais misterioso ainda, é o facto de que mesmo no meio de tanta aflição, Jesus não cessou de conhecer a alegria que provém da união com o seu Pai (cf. ibid., 26-27). E no momento da Páscoa, esta alegria chegou à sua plenitude, quando a luz da glória divina brilhou na face do Senhor ressuscitado, cujas chagas brilham eternamente como o sol. Esta é a verdade acerca da vossa identidade, queridos Irmãos; este é o rosto dos missionários do Preciosíssimo Sangue, ontem, hoje e para sempre; e este deveria ser o vosso testemunho no mundo.

Todavia, isto só se realizará se a vossa missão brotar das profundezas da contemplação, em que "o crente aprende a reconhecer e a apreciar a dignidade quase divina de cada homem, e pode exclamar com incessante e agradecida admiração: que grande valor deve ter o homem aos olhos do Criador, se "mereceu tão grande Redentor" (Precónio Pascal)" (Evangelium vitae, EV 25). A contemplação do rosto de Cristo foi a primeira herança do Grande Jubileu (cf. Novo millennio ineunte, 15) e permanece para sempre o centro da missão cristã. Por conseguinte, a nova evangelização exige uma nova profundidade de oração; e exorto-vos a fazer disto uma prioridade fulcral das vossas decisões durante a Assembleia Geral, de tal maneira que nestes dias de graça nunca cesseis de dizer: "É a vossa face, Senhor, que eu procuro!" (Ps 27 [26], 8).

Não foi por acaso que São Gaspar de Búfalo fundou a sua Congregação no dia da Solenidade da Assunção de Nossa Senhora, pois ele viu na glória da Virgem o fruto maravilhoso do sacrifício do Filho de Maria na Cruz. A Redenção de Cristo restitui extraordinariamente a humanidade àquele seu esplendor, que era a intenção do Criador desde o princípio; e este esplendor deve ser a finalidade de todos os desígnios e projectos dos Missionários do Preciosíssimo Sangue. Eis por que motivo deveis fixar o vosso olhar constantemente na Senhora "revestida de Sol, tendo a Lua debaixo dos seus pés e uma coroa de doze estrelas sobre a sua cabeça" (Ap 12,1). Enquanto vos confio ao cuidado amoroso de Maria e à intercessão do vosso Fundador, é de bom grado que concedo a minha Bênção apostólica a toda a Congregação, como penhor da misericórdia infinita d'Aquele "que, com o seu sangue, nos lavou dos nossos pecados" (Ibid., 1, 5).




AOS MEMBROS DA CONFERÊNCIA


EPISCOPAL DO HAITI POR OCASIÃO DA


VISITA "AD LIMINA APOSTOLORUM"


14 de Setembro de 2001




Estimados Irmãos no Episcopado

1. Sinto-me feliz por vos receber, Bispos da Igreja católica no Haiti, no momento em que realizais a vossa visita ad Limina. Cheios de reconhecimento a Jesus Cristo que vos dá a força e que em vós depôs confiança ao encarregar-vos do ministério (cf. 1Tm 1,12), viestes confirmar os vínculos de comunhão que vos unem ao Sucessor de Pedro. Desejo que estes momentos de encontro com o Papa e com os seus colaboradores, alimentados por uma intensa oração de acção de graças, consolide os laços de unidade no seio da vossa Conferência Episcopal e vos conforte no dom de vós próprios ao serviço do povo de Deus. Que o Espírito Santo torne fecunda a vossa peregrinação aos túmulos dos Apóstolos Pedro e Paulo, a fim de que sejais renovados no vosso impulso missionário!

"Damos sempre graças a Deus por todos vós, lembrando-nos sem cessar de vós nas nossas orações, recordando a actividade da vossa fé, o esforço da vossa caridade e a constância da esperança que tendes em Nosso Senhor Jesus Cristo, na presença de Deus nosso Pai" (1Th 1,3). Com esta saudação do Apóstolo Paulo, desejo fazer eco às amáveis palavras que acaba de me dirigir D. Hubert Constant, Bispo de Fort-Liberté e novo Presidente da vossa Conferência Episcopal, tornando-me partícipe da vossas alegrias e preocupações. Quando regressardes ao Haiti, dizei aos sacerdotes das vossas Dioceses, aos religiosos, às religiosas, aos catequistas e aos fiéis leigos, sobretudo aos jovens, que o Papa reza por eles, que está ao seu lado nos duros combates que enfrentam para anunciar o Evangelho e para promover uma humanidade renovada segundo o coração de Deus! Que a sua fé esteja cada vez mais enraizada na Palavra de Cristo, fortificada pelos sacramentos da Igreja, apoiada pelos ensinamentos dos seus Pastores! Que a sua esperança não desfaleça, haurindo no mistério pascal a certeza de que as forças da morte jamais serão a última palavra da história!

2. Os vossos relatórios quinquenais confirmam a dramática situação política e económica do Haiti. O importante crescimento da população e a precariedade da situação agrícola e industrial causaram um desemprego endémico, levando numerosos habitantes dos campos para as cidades. Este êxodo prejudica os equilíbrios ecológicos e debilita a família, célula vital da sociedade. Num semelhante contexto, os católicos são chamados a participar activamente na realização de uma política de desenvolvimento audaz no respeito dos direitos fundamentais de todos os haitianos; de igual modo se espera que a comunidade internacional saiba mostrar-se solidária também neste âmbito, a fim de ajudar as populações atingidas pela miséria. Se aliviar a pobreza constitui no Haiti um desafio importante, simultaneamente interpela o mundo no qual a própria Igreja deseja propor a fé e testemunhar a esperança. De facto, o sentimento religioso dos fiéis tem incessantemente necessidade de ser evangelizado, porque o sincretismo e a ignorância dos cristãos oferecem um terreno favorável para a proliferação de grupos sectários que procuram aproveitar-se da ingenuidade dos mais pobres.

Nestes anos dolorosos, não deixastes de denunciar tudo o que avilta a dignidade do homem na sua legítima busca de amor, justiça, verdade e liberdade, manifestando assim o vosso empenho perseverante e o das vossas comunidades em favor do povo muitas vezes desorientado. Convido-vos a desenvolver cada vez mais aquela caridade pastoral e aquele espírito missionário que vos animam. Através das vossas constantes intervenções e da vossa presença activa nas Dioceses, preocupai-vos sempre com a edificação das comunidades eclesiais e o bem comum da sociedade!

3. No difícil contexto que o vosso País vive, os germes de divisão são numerosos. Por isso, é fundamental tornar a comunhão cada vez mais forte e visível. Nesta perspectiva, recordei que as suas expressões devem ser alimentadas e alargadas ao tecido da vida de cada Igreja, sobretudo nas relações entre os Bispos, os sacerdotes e os diáconos, entre os Pastores e todo o povo de Deus, entre o clero diocesano e os religiosos, entre as associações e os movimentos eclesiais (cf Novo millennio ineunte, 45). Encorajo-vos a descobrir novos caminhos para que a Igreja no Haiti se torne uma casa e uma escola da comunhão.

Mediante uma reflexão teológica e propostas pastorais constantes, compete à vossa Conferência Episcopal favorecer o enraizamento desta espiritualidade de comunhão na vossa cultura, ao serviço da edificação de comunidades cristãs verdadeiramente missionárias. Na inculturação, a Igreja torna-se "um sinal mais compreensível daquilo que ela é e instrumento mais adequado para a missão" (cf. Redemptoris missio, RMi 52). Através de colaborações cada vez mais intensas entre os diversos agentes eclesiais, dai um rosto àquela caridade pastoral que vos anima, haurindo a força apostólica na fonte do amor trinitário!

4. Nesta perspectiva, convido-vos hoje a fazer da promoção do laicado uma das vossas prioridades pastorais. Por conseguinte, é necessário que seja proposta aos leigos uma sólida formação espiritual, intelectual e eclesial, a fim de que sejam capazes de agir na vida pública, orientando-a sempre para o bem comum. Confirmai os fiéis leigos na sua vocação de encarnar os valores evangélicos nos diversos âmbitos da vida familiar, social, profissional, cultural e política, para que não abandonem os lugares onde são convidados a testemunhar a sua fé! Dou graças pelas numerosas pessoas que se empenham com generosidade e competência nos organismos caritativos nacionais e internacionais. Elas testemunham com zelo que a Igreja deseja empenhar-se cada vez mais pelos pobres e recordam que "há na pessoa dos pobres uma especial presença de Cristo, obrigando a Igreja a uma opção preferencial por eles" (Novo millennio ineunte, 49).

Saúdo com afecto os catequistas, colaboradores preciosos, convidando-os a prosseguir sem se desencorajarem na sua insubstituível missão de estruturação da fé dos fiéis e de transmissão dos pontos de referência e dos valores evangélicos, sobretudo entre aos jovens. Faço votos para que possam beneficiar de uma formação teológica consistente, a fim de responderem plenamente à sua vocação cristã de anunciar a Verdade de Cristo Salvador. De igual modo, com o seu exemplo de vida cristã inspirada pela caridade de Cristo, sejam autênticas testemunhas do Evangelho, enraizando o seu serviço eclesial numa meditação assídua da Palavra de Deus e na participação regular nos Sacramentos!

Insisti acerca da necessidade de desenvolver uma pastoral familiar vigorosa para responder aos novos desafios que a Igreja deve enfrentar no Haiti. É também importante suscitar e animar uma pastoral familiar de proximidade que ajude as pessoas a descobrir a beleza e a grandeza da vocação ao amor e ao serviço da vida. Ao centrar esta pastoral nos valores fundamentais da família e do matrimónio cristão, apoiai os esforços dos sacerdotes e dos agentes de pastoral, para que despertem as pessoas para o testemunho insubstituível da família, escola fundamental da vida social! Que encoragem sobretudo os pais a educar os filhos no sentido da verdadeira justiça e do amor autêntico, que é feito de atenção sincera e de serviço abnegado ao próximo, em particular aos mais necessitados (cf. Familiaris consortio, FC 37).

5. Numa sociedade marcada pelo egoísmo, os jovens devem ser o objecto da vossa constante solicitude. Muitas vezes eles são tentados a responder com a violência, a marginalização, o exílio ou a resignação às gritantes desigualdades que os privam de perspectivas futuras e aniquilam a sua esperança. Faço votos para que se tenham em maior consideração as legítimas interrogações das novas gerações, que deverão assumir o património multiforme dos valores, dos deveres, das aspirações da nação à qual pertencem.

Convido-vos a reforçar uma pastoral dos jovens que os ajude a desenvolver a sua vida interior e eclesial, e a edificar uma sociedade justa, reconciliada e solidária. Transmiti aos jovens do Haiti o apelo que o Papa lhes dirige através de vós: "Queridos jovens, vós sois o presente e o futuro da sociedade e da Igreja no Haiti, que contam convosco. Sede o sal da terra, dai o sabor do Evangelho ao vosso País, ferido por tantos anos de sofrimentos! Enraizados em Cristo, que indica o caminho da vida oferecida pela salvação de todos, testemunhai que um mundo novo é possível. Sede a luz do mundo, mais brilhante do que a noite, como as sentinelas da manhã que esperam o nascer do dia, Cristo ressuscitado (cf. Mensagem para a XVII Jornada Mundial da Juventude, 3)!

A Igreja considerou sempre que a educação constitui um terreno insubstituível para um sadio crescimento das jovens gerações, contribuindo para fazer respeitar os seus direitos humanos fundamentais. De facto, "nunca será possível libertar os indigentes da sua pobreza, se primeiro não forem libertos da miséria resultante da carência de uma digna educação" (Ecclesia in America, ). Para combater o fragelo do analfabetismo e garantir aos jovens uma formação humana, espiritual e moral, as escolas católicas, na rica diversidade dos seus carismas e dos seus projectos pedagógicos, prestam um serviço fundamental à vida da Igreja e da nação. Agradeço às comunidades educativas o seu empenho ao serviço do progresso integral dos jovens que lhes estão confiados. Encorajo-as a prosseguir a sua nobre missão, desejando que a educação cristã que promovem faça amadurecer os frutos de uma cultura feita de respeito recíproco, de solidariedade e de diálogo, a fim de reduzir as fracturas sociais que ainda impedem o pleno progresso de todos os haitianos.

6. Queridos Irmãos no Episcopado, manifestai a todos os sacerdotes das vossas Dioceses a profunda gratidão do Papa pela dedicação ao seu ministério de Pastores, de evangelizadores e de animadores da comunhão eclesial. Sei que estão atentos aos problemas e às esperanças do seu povo. Conheço as difíceis condições em que devem anunciar o Evangelho. Apoiai-os no ministério, estai próximos deles, preocupando-vos pela sua vida espiritual e material, para que desempenhem com zelo a própria tarefa apostólica, através de uma presença activa nas paróquias e de uma vida simples!

Encorajo os sacerdotes a partir incessantemente de Cristo, a fim de encontrar n'Ele a fecundidade missionária do seu ministério e de responder à sede espiritual dos haitianos. É necessário que a oração pessoal e a maditação da Palavra de Deus alimentem quotidianamente o seu apostolado. A celebração da Eucaristia deve ser realmente o centro do seu ministério, recordando-lhes que estão ordenados para o serviço de uma única missão, em comunhão com o próprio Bispo e na unidade do presbitério. Por fim, é importante que testemunhem jubilosamente o seu apego sempre mais incondicionado a Cristo e à sua Igreja, respeitando as exigências do celibato eclesiástico que aceitaram livremente.

7. As comunidades eclesiais de base serão objecto de uma atenção renovada por parte dos sacerdotes. Vivendo verdadeiramente na unidade da Igreja, elas são "uma verdadeira expressão de comunhão e um meio eficaz para construir ainda uma comunhão mais profunda" (Redemptoris missio, RMi 51). Por isso, convido os Pastores a permanecer vigilantes a fim de que estas comunidades sejam deveras missionárias, evitando qualquer forma de retrocesso receoso ou qualquer apropriação indevida de identidade ou de partido. Dando provas de discernimento e de espírito apostólico, preocupar-se-ão também por edificar o Corpo de Cristo e por encontrar um lugar para todos os dons do Espírito.

Queridos Irmãos no Episcopado, sabeis como a santidade de vida dos sacerdotes, dos consagrados e dos leigos é um poderoso testemunho para os jovens que desejam responder ao apelo de Cristo, tornando-se disponíveis para servir a Igreja como sacerdotes, religiosos ou religiosas. A generosidade destes jovens constitui para a Igreja no Haiti um imenso motivo de esperança e de alegria. Como primeiros responsáveis da formação sacerdotal, vós deveis vigiar a aceitação, o acompanhamento e o discernimento das vocações presbiterais. É por conseguinte necessário escolher com atenção os formadores e os directores espirituais do seminário. Ao ajudar os seminaristas a fundar a sua vida em Cristo, permitirão que eles se tornem autênticos servidores da comunhão e permaneçam instrumentos da misericórdia do Senhor entre o povo, plenamente conscientes de que "não se pode considerar a vida sacerdotal como uma promoção simplesmente humana, nem a missão do ministro como simples projecto pessoal" (Pastores dabo vobis, PDV 36). Estimados Irmãos no Episcopado, amparai com a vossa oração e a vossa proximidade afectuosa a comunidade do Seminário Maior! Desta forma, não só a ajudareis a viver a sua inserção na Igreja particular em comunhão convosco, mas tornareis autêntica e servireis também a finalidade pastoral que caracteriza a formação dos candidatos ao sacerdócio.

8. Através de vós, saúdo de maneira particular as Congregações e os Institutos de Vida Consagrada presentes no vosso País. Desde há muitos anos, são testemunhas e artífices da evangelização no Haiti, tornam Cristo presente nos campos mais diversos, sobretudo nos da educação, da saúde e da promoção social. É necessário que se desenvolvam cada vez mais os vínculos de comunhão que unem a Conferência Episcopal aos Orgãos diocesanos e nacionais de vida consagrada, em particular à Conferência haitiana dos Religiosos. Convido-vos também a reflectir sobre as condições concretas de apoio espiritual e de assistência material das congregações religiosas que surgiram na vossa terra, cujos carismas correspondem a necessidades profundas da Igreja. Permitindo que a vida consagrada seja apreciada, promovida e integrada na pastoral das vossas Igrejas diocesanas, ajudareis os fiéis e os Pastores a descobrir a sua presença indispensável na vitalidade eclesial.

9. Queridos Irmãos no Episcopado, no final deste nosso enconrtro, desejo exprimir de novo a minha proximidade espiritual à Igreja no Haiti. No início deste terceiro milénio, chegou o momento de testemunhar com audácia a esperança que vos anima, realizando a unidade, através da vossa vida de santidade e das vossas iniciativas pastorais, o vínculo estreito que existe, no mistério pascal, entre o anúncio do Evangelho e a promoção do homem. Visto que no ano 2004 será celebrado o bicentenário da independência do País, desejo dirigir-me a todas as vossas comunidades: "Igreja do Haiti, rica da fé e do dinamismo dos teus Pastores e das tuas comunidades, corajosa nas provas, renova a tua confiança em Cristo Salvador! Para te fazeres ao largo, abre o teu coração ao Espírito que em ti quer fazer novas todas as coisas"!

Ao confiar as vossas Dioceses à intercessão de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, concedo-vos de coração uma afectuosa Bênção apostólica, que faço extensiva aos vossos sacerdotes, aos religiosos e às religiosas, aos catequistas e a todos os fiéis leigos do Haiti.




Discursos João Paulo II 2001