Lucas (CNB) 12

 O fermento dos fariseus 

12 1 Entretanto, milhares de pessoas se ajuntaram, a ponto de uns pisarem os outros. Jesus começou a falar, primeiro a seus discípulos: “Cuidado com o fermento dos fari­seus, que é a hipocrisia. 2 Não há nada de ocul­to que não venha a ser revelado, e não há nada de escondido que não venha a ser conhecido. 3 Portanto, tudo o que tiverdes dito na escuridão, será ouvido à luz do dia; e o que tiverdes pro­nunciado ao pé do ouvido, nos quartos, será proclamado sobre os telhados.

 Não temer, dar testemunho 

4 “A vós, porém, meus amigos, eu digo: não tenhais medo dos que matam o corpo e depois não podem fazer mais nada. 5 Vou mostrar-vos a quem deveis temer: temei Aquele que, depois de fazer morrer, tem o poder de lançar-vos no inferno. Sim, eu vos digo, a este deveis temer. 6 Não se vendem cinco pardais por duas moedinhas? No entanto, nenhum deles é esquecido por Deus. 7 Até mesmo os cabelos de vossa cabeça estão todos contados. Não tenhais medo! Vós valeis mais do que muitos pardais.
8
Eu vos digo: todo aquele que se declarar por mim diante do povo, o Filho do Homem também se declarará a favor dele diante dos anjos de Deus. 9 Aquele, porém, que me renegar diante do povo será renegado diante dos anjos de Deus.
10
Todo aquele que falar uma palavra contra o Filho do Homem será perdoado. Mas quem blasfemar contra o Espírito Santo não será perdoado.
11
Quando vos conduzirem diante das sinagogas, magistrados e autoridades, não vos preocupeis com os argumentos para vos defender, nem com o que dizer. 12 Pois nessa hora o Espírito Santo vos ensinará o que deveis dizer”.

 O rico insensato 

13 Alguém do meio da multidão disse a Jesus: “Mestre, dize ao meu irmão que reparta a herança comigo”. 14 Ele respondeu: “Homem, quem me encarregou de ser juiz ou árbitro entre vós?” 15 E disse-lhes: “Atenção! Guardai-vos de todo tipo de ganância, pois mesmo que se tenha muitas coisas, a vida não consiste na abundância de bens”. 16 E contou-lhes uma parábola: “A terra de um homem rico deu uma grande colheita. 17 Ele pensava consigo mesmo: ‘Que vou fazer? Não tenho onde guardar minha colheita’. 18 Então resolveu: ‘Já sei o que fazer! Vou derrubar meus celeiros e construir maiores; neles vou guardar todo o meu trigo, junto com os meus bens. 19 Então poderei dizer a mim mesmo: Meu caro, tens uma boa reserva para muitos anos. Descansa, come, bebe, goza a vida!’ 20 Mas Deus lhe diz: ‘Tolo! Ainda nesta noite, tua vida te será tirada. E para quem ficará o que acumulaste?’ 21 Assim acontece com quem ajunta tesouros para si mesmo, mas não se torna rico diante de Deus”.

 Os lírios do campo 

22 Então, Jesus disse a seus discípulos: “Por isso, eu vos digo: não vivais preocupados com o que comer, quanto à vida; nem com o que vestir, quanto ao corpo. 23 A vida é mais que o alimento, e o corpo, mais do que a roupa. 24 Olhai os corvos: não semeiam nem colhem, não têm celeiro nem despensa. No entanto, Deus os sustenta. Será que vós não valeis mais do que os pássaros? 25 Quem dentre vós pode, com sua preocupação, acrescentar um só dia à duração de sua vida? 26 Se não está em vos­so­ poder fazer a menor coisa, como então vos preocupar com o resto? 27 Olhai como crescem os lírios. Não trabalham, nem fiam. No entanto, eu vos digo: nem Salomão, em toda a sua glória, jamais se vestiu como um só dentre eles. 28 Ora, se Deus veste assim a erva do campo, que hoje existe e amanhã é lançada ao forno, quanto mais não fará convosco, gente de pouca fé. 29 Também vós, não fiqueis ansiosos com o que comer ou beber. Não vos inquieteis! 30 Os pagãos deste mundo é que vi­vem procurando todas essas coisas, mas o vos­so Pai sabe que delas precisais. 31 Buscai, pois, o seu Reino, e essas coisas vos serão dadas por acréscimo.
32
Não tenhas medo, pequeno rebanho, pois foi do agrado do vosso Pai dar a vós o Reino. 33 Vendei vossos bens e dai esmola. Fazei para vós bolsas que não se estraguem, um tesouro no céu que não se acabe; ali o ladrão não chega nem a traça corrói. 34 Pois onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração.

 A vigilância 

35 “Ficai de prontidão, com o cinto amarrado e as lâmpadas acesas. 36 Sede como pessoas que estão esperando seu senhor voltar de uma festa de casamento, para lhe abrir a porta, logo que ele chegar e bater. 37 Felizes os servos que o Senhor encontrar acordados quando chegar. Em verdade, vos digo: ele mesmo vai arregaçar sua veste, os fará sentar à mesa e passará para servi-los. 38 E caso ele chegue pela meia-noite ou já perto da madrugada, felizes serão, se assim os encontrar!

 O vigilante dono de casa 

39 “Ficai certos: se o dono da casa soubesse a que horas viria o ladrão, não deixaria que fosse arrombada sua casa. 40 Vós também ficai preparados! Pois na hora em que menos pensais, virá o Filho do Homem”.

 O servo fiel e atento

41 Então Pedro disse: “Senhor, é para nós ou para todos que contas esta parábola?” 42 O Senhor respondeu: “Quem é o administrador fiel e atento, que o senhor encarregará de dar à criadagem a ração de trigo na hora certa? 43 Feliz aquele servo que o senhor, ao chegar, encontrar agindo assim! 44 Em verdade, vos digo: ele lhe confiará a administração de todos os seus bens. 45 Ora, se um outro servo pensar: ‘Meu senhor está demorando’ e começar a bater nos criados e nas criadas, a comer, beber e embriagar-se, 46 o senhor daquele servo chegará num dia inesperado e numa hora imprevista, ele o excluirá e lhe imporá a sorte dos infiéis.
47
O servo que, conhecendo a vontade do senhor, nada preparou, nem agiu conforme a sua vontade, será chicoteado muitas vezes. 48 O servo, porém, que não conhecendo essa vontade fez coisas que merecem castigo, será chicoteado poucas vezes. Portanto, todo aquele a quem muito foi dado, muito lhe será pedido; a quem muito foi confiado, dele será exigido muito mais!

 Jesus veio trazer fogo sobre a terra 

49 “Fogo eu vim lançar sobre a terra, e como gostaria que já estivesse aceso! 50 Um batismo eu devo receber, e como estou ansioso até que isto se cumpra! 51 Pensais que eu vim trazer a paz à terra? Pelo contrário, eu vos digo, vim trazer a divisão. 52 Pois daqui em diante, numa família de cinco pessoas, três ficarão divididas contra duas e duas contra três; 53 ficarão divididos: pai contra filho e filho contra pai; mãe contra filha e filha contra mãe; sogra conta nora e nora contra sogra”.

 Os sinais do tempo 

54 Jesus dizia também às multidões: “Quando vedes uma nuvem vinda do ocidente, logo dizeis que vem chuva. E assim acontece. 55 Quando sentis soprar o vento sul, logo dizeis que vai fazer calor. E assim acontece. 56 Hipócritas! Sabeis avaliar o aspecto da terra e do céu. Como é que não sabeis avaliar o tempo presente? 57 Por que não julgais por vós mesmos o que é justo?
58
Quando, pois, estás indo com teu adversário apresentar-te diante do magistrado, procura resolver o caso com ele enquanto ainda a caminho. Senão ele te levará ao juiz, o juiz te entregará ao oficial de justiça, e o oficial de justiça te jogará na prisão. 59 Eu te digo: dali não sairás, enquanto não pagares o último centavo”.

 Os galileus e a torre de Siloé 

13 1 Nesse momento, chegaram algumas pessoas trazendo a Jesus notícias a respeito dos galileus que Pilatos tinha matado, misturando o sangue deles com o dos sacrifícios que ofereciam. 2 Ele lhes respondeu: “Pen­sais que esses galileus eram mais pecadores do que qualquer outro galileu, por terem sofrido tal coisa? 3 Digo-vos que não. Mas se vós não vos converterdes, perecereis todos do mesmo modo. 4 E aqueles dezoito que morreram quando a torre de Siloé caiu sobre eles? Pensais que eram mais culpados do que qualquer outro morador de Jerusalém? 5 Eu vos digo que não. Mas, se não vos converterdes, perecereis todos do mesmo modo”.

 A figueira estéril 

6 E Jesus contou esta parábola: “Certo homem tinha uma figueira plantada na sua vinha.­ Foi lá procurar figos e não encontrou. 7 Então disse ao agricultor: ‘Já faz três anos que venho­ procurando figos nesta figueira e nada encon­tro. Corta-a! Para que está ocupando inutilmente a terra?’ 8 Ele, porém, respondeu: ‘Senhor, deixa-a ainda este ano. Vou cavar em vol­ta e pôr adubo. 9 Pode ser que venha a dar fruto. Se não der, então a cortarás”.

 Cura da mulher encurvada, no sábado 

10 Jesus estava ensinando numa sinagoga, num dia de sábado. 11 Havia aí uma mulher que, dezoito anos já, estava com um espírito que a tornava doente. Era encurvada e totalmente incapaz de olhar para cima. 12 Vendo-a, Jesus a chamou e lhe disse: “Mulher, estás livre da tua doença”. 13 Ele impôs as mãos sobre ela, que imediatamente se endireitou e começou a louvar a Deus.
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O chefe da sinagoga, porém, furioso por­que Jesus tinha feito uma cura em dia de sá­ba­do, se pôs a dizer à multidão: “Há seis dias para trabalhar. Vinde, pois, nesses dias pa­ra serdes curados, mas não em dia de sába­do”. 15 O Senhor respondeu-lhe: “Hipócritas! Não solta cada um de vós seu boi ou o jumen­to do curral, para dar-lhe de beber, mesmo que seja em dia de sábado? 16 Esta filha de Abraão, que Satanás amarrou durante dezoito anos, não devia ser libertada dessa prisão, mesmo em dia de sábado?” 17 Essa resposta envergonhou todos os inimigos de Jesus. E a multidão inteira se alegrava com as maravilhas que ele fazia.

 O grão de mostarda e o fermento 

18 E Jesus dizia: “A que é semelhante o Rei­no de Deus, e com que poderei compará-lo? 19 É como um grão de mostarda que alguém pegou e semeou no seu jardim: cresceu, tornou-se um arbusto, e os pássaros do céu fo­ram fazer ninhos nos seus ramos”. 20 Jesus dis­se ainda: “Com que mais poderei comparar o Reino de Deus? 21 É como o fermento que uma mulher pegou e escondeu em três por­ções de farinha, até tudo ficar fermentado”.

 A porta estreita 

22 Jesus atravessava cidades e povoados, en­sinando e prosseguindo o caminho para Jerusalém. 23 Alguém lhe perguntou: “Senhor, é ver­dade que são poucos os que se salvam?” Ele respondeu: 24 ”Esforçai-vos por entrar pela porta estreita. Pois eu vos digo que muitos ten­tarão entrar e não conseguirão. 25 Uma vez que o dono da casa se levantar e fechar a porta, vós, do lado de fora, começareis a bater, dizen­do: ‘Senhor, abre-nos a porta!’. Ele responde­rá: ‘Não sei de onde sois’. 26 Então começareis a dizer: ‘Comemos e bebemos na tua presença, e tu ensinaste em nossas praças!’ 27 Ele, po­rém, responderá: ‘Não sei de onde sois. Afas­tai-vos de mim, todos vós que praticais a iniqüidade!’ 28 E ali haverá choro e ranger de dentes, quando virdes Abraão, Isaac e Jacó, jun­to com todos os profetas, no Reino de Deus, enquanto vós mesmos sereis lançados fora. 29 Virão muitos do oriente e do ocidente, do norte e do sul, e tomarão lugar à mesa no Reino de Deus. 30 E assim há últimos que serão­ primeiros, e primeiros que serão últimos”.

 Herodes, a raposa. Lamentação sobre Jerusalém 

31 Naquela hora, alguns fariseus aproximaram-se e disseram a Jesus: “Sai daqui, porque­ Herodes quer te matar”. 32 Ele disse: “Ide dizer­ a essa raposa: eu expulso demônios e faço?cu­ras hoje e amanhã; e no terceiro dia chega­rei ao termo. 33 Entretanto, preciso caminhar hoje, amanhã e depois de amanhã, pois não convém­ que um profeta morra fora de Jerusalém.
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Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas e apedrejas os que te foram enviados! Quantas vezes eu quis reunir teus filhos, co­mo a?ga­linha reúne os pintainhos debaixo?das asas, mas não quiseste! 35 Vede, vossa casa ficará abandonada. Eu vos digo: não mais me vereis, até que chegue o tempo em que digais: ‘Bendito aquele que vem em nome do Senhor’”.

 Cura do hidrópico, no sábado

14 1 Num dia de sábado, Jesus foi comer na casa de um dos chefes dos fariseus. Estes o observavam. 2 Em frente de Jesus estava um homem que sofria de hidropisia. 3 Tomando a palavra, Jesus disse aos doutores da Lei e aos fariseus: “Em dia de sábado, é permitido curar ou não?” 4 Eles ficaram em silêncio. Então Jesus tomou o homem pela mão, curou-o e o despediu. 5 Depois lhes disse: “Se algum de vós tem um filho ou um boi que caiu num poço, não o tira logo daí, mesmo em dia de sábado?” 6 E eles não foram capazes de responder a isso.

 Os lugares no banquete 

7 Jesus notou como os convidados esco­lhiam os primeiros lugares. Então contou-lhes uma parábola: 8 “Quando fores convidado para uma festa de casamento, não ocupes o primeiro lugar. Pode ser que tenha sido convidado alguém mais importante, 9 e o dono da casa, que convidou os dois, venha a te di­zer: ‘Cede o lugar a ele’. Então irás cheio de vergonha ocupar o último lugar. 10 Ao contrá­rio, quando fores convidado, vai sentar-te no último lugar. Quando chegar então aquele que te convidou, ele te dirá: ‘Amigo, vem pa­ra um lugar melhor!’ Será uma honra para ti, à vista de todos os convidados. 11 Pois todo aquele que se exalta será humilhado, e quem se humilha será exaltado”.
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E disse também a quem o tinha convidado: “Quando ofereceres um almoço ou jantar, não convides teus amigos, nem teus irmãos, nem teus parentes, nem teus vizinhos ricos. Pois estes podem te convidar por sua vez, e isto já será a tua recompensa. 13 Pelo contrário, quando deres um banquete, convi­da os pobres, os aleijados, os coxos, os cegos!­ 14 Então serás feliz, pois estes não têm como te retribuir! Receberás a recompensa na ressurreição dos justos”.

 Os convidados do banquete 

15 Tendo ouvido isso, um dos que estavam jun­to à mesa disse a Jesus: “Feliz quem come o pão no Reino de Deus!” 16 Ele respondeu: “Al­guém deu um grande banquete e convidou­ mui­tas pessoas. 17 Na hora do banquete, mandou seu servo dizer aos convidados: ‘Vinde! Tu­do está pronto’. 18 Mas todos, um a um, co­meçaram a dar desculpas. O primeiro disse: ‘Comprei?um campo e preciso ir vê-lo. Peço que me desculpes’. 19 Um outro explicou: ‘Com­prei cinco jun­tas de bois e vou experi­men­tá-las. Peço que?me desculpes’. 20 Um terceiro justificou: ‘Acabo de me casar e, por isso, não posso ir’. 21 O servo voltou e contou tudo a seu senhor. Então o dono da casa ficou irritado e disse ao servo: “Sai depressa pelas praças e ruas da cidade. Traze para cá os po­bres, os aleijados, os cegos e os coxos’. 22 E quando o servo comunicou: ‘Senhor, o que man­daste fazer foi feito, e ainda há lugar’, 23 o senhor ordenou ao servo: ‘Sai pelas estradas e pelos cercados, e obriga as pessoas a entrar, para que minha casa fique cheia. 24 Pois eu?vos digo: nenhum daqueles que foram convidados­ provará do meu banquete’”.

 As exigências do seguimento 

25 Grandes multidões acompanhavam Jesus. Voltando-se, ele lhes disse: 26 “Se alguém vem a mim, mas não me prefere a seu pai e sua mãe, sua mulher e seus filhos, seus irmãos e suas irmãs, e até à sua própria vida, não pode ser meu discípulo. 27 Quem não carrega sua cruz e não caminha após mim, não pode ser meu discípulo. 28 De fato, se algum de vós quer construir uma torre, não se senta primeiro para calcular os gastos, para ver se tem o suficiente para terminar? 29 Caso contrário, ele vai pôr o alicerce e não será capaz de acabar. E todos os que virem isso começarão a zombar: 30 ‘Este homem começou a construir e não foi capaz de acabar!’ 31 Ou ainda: um rei que sai à guerra­ contra um outro não se senta primeiro e examina bem se com dez mil homens poderá enfrentar o outro que marcha contra ele com vinte mil? 32 Se ele vê que não pode, envia uma delegação, enquanto o outro ainda está longe, para negociar as condições de paz. 33 Do mesmo modo, portanto, qualquer um de vós, se não renunciar a tudo o que tem, não pode ser meu discípulo!

 O sal

34 “O sal é bom. Mas se até o sal perder o sabor, com que se há de salgar? 35 Não serve nem para a terra, nem para o esterco, mas só para ser jogado fora. Quem tem ouvidos para ouvir, ouça”.

 A ovelha perdida. A moeda perdida

15 1 Todos os publicanos e pecadores aproximavam-se de Jesus para o escutar. 2 Os fariseus e os escribas, porém, murmuravam contra ele. “Este homem acolhe os pecadores e come com eles”. 3 Então ele contou-lhes esta parábola: 4 “Quem de vós que tem cem ovelhas e perde uma, não deixa as noventa e nove no deserto e vai atrás daquela que se perdeu, até encontrá-la? 5 E quando a encontra, alegre a põe nos ombros 6 e, chegando em casa, reúne os amigos e vizinhos, e diz: ‘Alegrai-vos comigo! Encontrei a minha ovelha que estava perdida!’ 7 Eu vos digo: assim haverá no céu alegria por um só pecador que se converte, mais do que por noventa e nove justos que não precisam de conversão.
8
E se uma mulher tem dez moedas de prata e perde uma, não acende a lâmpada, varre a casa e procura cuidadosamente até encontrá-la? 9 Quando a encontra, reúne as amigas e vizinhas, e diz: ‘Alegrai-vos comigo! Encontrei a moeda que tinha perdido!’ 10 Assim, eu vos digo, haverá alegria entre os anjos de Deus por um só pecador que se converte”.

 O filho perdido e reencontrado 

11 E Jesus continuou. “Um homem tinha dois fi­lhos. 12 O filho mais novo disse ao pai: ‘Pai, dá-me a parte da herança que me cabe’. E o pai dividiu os bens entre eles. 13 Poucos dias de­pois, o filho mais novo juntou o que era?seu e partiu para um lugar distante. E ali esbanjou tudo numa vida desenfreada. 14 Quando?ti­nha esbanjado tudo o que possuía, chegou uma grande fome àquela região, e ele começou a passar necessidade. 15 Então, foi pedir trabalho a um homem do lugar, que o mandou para seu sítio cuidar dos porcos. 16 Ele queria matar a fome com a comida que os porcos comiam, mas nem isto lhe davam. 17 Então caiu em si e disse: “Quantos empregados do meu pai têm pão com fartura, e eu aqui, morrendo de fome. 18 Vou voltar para meu pai e dizer-lhe: ‘Pai, pe­quei contra Deus e contra ti; 19 já não mere­ço ser chamado teu filho. Trata-me como a?um dos teus empregados’. 20 Então ele partiu e vol­tou para seu pai. Quando ainda estava longe, seu pai o avistou e foi tomado de compaixão. Correu-lhe ao encontro, abraçou-o e o co­briu de beijos. 21 O filho, então, lhe disse: ‘Pai, pe­quei contra Deus e contra ti. Já não me­reço ser chamado teu filho’. 22 Mas o pai disse aos empregados: ‘Trazei depressa a me­lhor túnica para vestir meu filho. Colocai-lhe um anel no dedo e sandálias nos pés. 23 Trazei um novilho gordo e matai-o, para comermos?e festejarmos. 24 Pois este meu filho estava morto e tornou a viver; estava perdido e foi encontrado’. E começaram a festa. 25 O filho mais velho estava no campo. Ao voltar, já perto de casa, ouviu música e barulho de dança. 26 Então chamou um dos criados e perguntou o que estava acontecendo. 27 Ele respondeu: ‘É teu irmão que voltou. Teu pai matou o novilho gordo, porque recuperou seu filho são e salvo’.­ 28 Mas ele ficou com raiva e não queria entrar. O pai, saindo, insistiu com ele. 29 Ele, porém, respondeu ao pai: ‘Eu trabalho para ti há tantos­ anos, jamais desobedeci a qualquer ordem tua. E nunca me deste um cabrito para eu festejar com meus amigos. 30 Mas quando chegou esse teu filho, que esbanjou teus bens com as prostitutas, matas para ele o novilho gordo’. 31 Então o pai lhe disse: ‘Filho, tu estás sempre comigo, e tudo o que é meu é teu. 32 Mas era preciso festejar e alegrar-nos, porque este teu irmão estava morto e tornou a viver, estava per­dido e foi encontrado”.

 O administrador previdente

16 1 Depois, Jesus falou ainda aos discípulos: “Um homem rico tinha um administrador que foi acusado de esbanjar os seus bens. 2 Ele o chamou e lhe disse: ‘Que ouço dizer a teu respeito? Presta contas da?tua administração, pois já não podes mais administrar meus bens’. 3 O administrador, então, começou a refletir: ‘Meu senhor vai me tirar a administração. Que vou fazer? Para cavar não tenho força; de mendigar tenho vergonha. 4 Ah! Já sei o que fazer, para que alguém me receba em sua casa quando eu for afastado da administração’. 5 Então chamou cada um dos que estavam devendo ao seu senhor. E perguntou ao primeiro: ‘Quanto deves ao meu senhor?’ 6 Ele respondeu: ‘Cem barris de óleo!’ O admi­nistrador disse: ‘Pega a tua conta, senta-te, de­pressa, e escreve: cinqüenta!’ 7 Depois perguntou a outro: ‘E tu, quanto deves?’ Ele res­pondeu: ‘Cem sacas de trigo.’ O administrador disse: ‘Pega tua conta e escreve: oitenta’. 8 E o senhor elogiou o administrador desonesto, porque agiu com esperteza. De fato, os filhos deste mundo são mais espertos em seus negócios do que os filhos da luz.

 Ditos sobre o “Dinheiro”

9 “Eu vos digo: usai o ‘Dinheiro’, embora iníquo, a fim de fazer amigos, para que, quando acabar, vos recebam nas moradas eternas.
10
Quem é fiel nas pequenas coisas será fiel também nas grandes, e quem é injusto nas pequenas será injusto também nas grandes. 11 Por isso, se não sois fiéis no uso do ‘Dinhei­ro iníquo’, quem vos confiará o verdadeiro bem? 12 E se não sois fiéis no que é dos outros, quem vos dará aquilo que é vosso?
13
Ninguém pode servir a dois senhores. Pois vai odiar a um e amar o outro, ou se apegar a um e desprezar o outro. Não podeis servir a Deus e ao ‘Dinheiro’”.

 Reação dos fariseus

14 Os fariseus, amigos do dinheiro, ouviam tudo isso e zombavam de Jesus. 15 Então, ele lhes disse: “Vós gostais de parecer justos diante dos outros, mas Deus conhece vossos corações. Com efeito, o que as pessoas exaltam é detestável para Deus.

 A Lei e o Reino. O repúdio da mulher 

16 “Até João, a Lei e os Profetas! A partir de então, o Reino de Deus está sendo anunciado, e todos procuram violentamente entrar nele. 17 Na verdade, é mais fácil passar o céu e a terra do que cair um só tracinho da Lei.
18
Todo aquele que despede a sua mulher e se casa com outra, comete adultério. E quem se casa com a que foi despedida, também comete adultério.

 O rico e o indigente, Lázaro 

19 “Havia um homem rico, que se vestia com roupas finas e elegantes e dava festas esplêndidas todos os dias. 20 Um pobre, chamado Lázaro, cheio de feridas, ficava sentado no chão junto à porta do rico. 21 Queria matar a fome com as sobras que caíam da mesa do rico, mas, em vez disso, os cães vinham lamber suas feridas. 22 Quando o pobre morreu, os anjos o levaram para junto de Abraão. Morreu também o rico e foi enterrado. 23 Na região dos mortos, no meio dos tormentos, o rico levantou os olhos e viu de longe Abraão, com Lázaro ao seu lado. 24 Então gritou: ‘Pai Abraão, tem compaixão de mim! Manda Lázaro molhar a ponta do dedo para me refrescar a língua, porque sofro muito nestas chamas’. 25 Mas Abraão respondeu: ‘Filho, lembra-te de que durante a vida recebeste teus bens e Lázaro, por sua vez, seus males. Agora, porém, ele encontra aqui consolo e tu és atormentado. 26 Além disso, há um grande abismo entre nós: por mais que alguém desejasse, não poderia passar daqui para junto de vós, e nem os daí poderiam atravessar até nós’. 27 O rico insistiu: ‘Pai, eu te suplico, manda então Lázaro à casa de meu pai, 28 porque eu tenho cinco irmãos. Que ele os avise, para que não venham também eles para este lugar de tormento’. 29 Mas Abraão respondeu: ‘Eles têm Moisés e os Profetas! Que os escutem!’ 30 O rico insistiu: ‘Não, Pai Abraão. Mas se?al­guém dentre os mortos for até eles, certamente vão se converter’. 31 Abraão, porém, lhe disse:­ ‘Se não escutam a Moisés, nem aos Profetas, mesmo se alguém ressuscitar dos mortos, não acreditarão’”.

 Escândalo, correção, perdão 

17 1 Jesus disse a seus discípulos: “É inevitável que ocorram escândalos, mas ai daquele que os provoca! 2 Seria me­lhor para ele ser atirado ao mar com uma pedra de moinho amarrada ao pescoço, do que fazer cair um só desses pequenos. 3 Cuidado, portanto!
Se teu irmão pecar, repreende-o. Se ele se ar­repender, perdoa-lhe. 4
Se pecar contra ti se­te vezes num só dia, e sete vezes vier a ti, di­zendo: ‘Estou arrependido’, perdoa-lhe”.

 A força da fé

5 Os apóstolos disseram ao Senhor: “Aumenta a nossa fé!” 6 O Senhor respondeu: “Se tivésseis fé, mesmo pequena como um grão de mostarda, poderíeis dizer a esta amoreira:­ ‘Arranca-te daqui e planta-te no mar’, e ela vos obedeceria.

 Somos simples servos

7 “Se alguém de vós tem um servo que trabalha a terra ou cuida dos animais, quando ele volta da roça, lhe dirá: ‘Vem depressa para a mesa’? 8 Não dirá antes: ‘Prepara-me o jantar, arruma-te e serve-me, enquanto eu como e bebo. Depois disso, tu poderás comer e be­ber’? 9 Será que o senhor vai agradecer o servo­ porque fez o que lhe havia mandado? 10 Assim­ também vós: quando tiverdes feito tudo o que vos mandaram, dizei: ‘Somos simples servos; fizemos o que devía­mos fazer’”.

 Os dez leprosos 

11 Caminhando para Jerusalém, Jesus passa­va entre a Samaria e a Galiléia. 12 Estava pa­ra entrar num povoado, quando dez leprosos vieram ao seu encontro. Pararam a certa distância 13 e gritaram: “Jesus, Mestre, tem compaixão de nós!” 14 Ao vêlos, Jesus disse: “Ide apresentar-vos aos sacerdotes”. Enquanto estavam a caminho, aconteceu que ficaram cu­rados. 15 Um deles, ao perceber que estava curado, voltou glorificando a Deus em alta voz; 16 prostrou-se aos pés de Jesus e lhe agra­deceu. E este era um samaritano. 17 Então Je­sus perguntou: “Não foram dez os curados? E os outros nove, onde estão? 18 Não hou­ve quem voltasse para dar glória a Deus, a não ser este estrangeiro?” 19 E disse-lhe: “Le­vanta-te e vai! Tua fé te salvou”.

 A vinda do Reino não é ostensiva 

20 Os fariseus perguntaram a Jesus sobre o momento em que chegaria o Reino de Deus. Ele respondeu: “O Reino de Deus não vem ostensivamente. 21 Nem se poderá dizer: ‘Está aqui’, ou: ‘Está ali’, pois o Reino de Deus está no meio de vós”.

 Como nos dias de Noé e de Ló 

22 E ele disse aos discípulos: “Dias virão em que desejareis ver um só dia do Filho do Homem e não podereis ver. 23 Dirão: ‘Ele está aqui’ ou: ‘Ele está ali’. Não deveis ir, nem cor­rer atrás. 24 Pois como o relâmpago de repente brilha de um lado do céu até o outro, assim também será o Filho do Homem, no seu dia. 25 Antes, porém, ele deverá sofrer mui­to e ser rejeitado por esta geração.
26
Como aconteceu nos dias de Noé, assim também acontecerá nos dias do Filho do Ho­mem. 27 Comiam, bebiam, homens e mulheres­ casavam-se, até ao dia em que Noé entrou na arca. Então chegou o dilúvio e fez morrer todos. 28 Acontecerá como nos dias de Ló: co­miam e bebiam, compravam e vendiam, plantavam e construíam. 29 Mas no dia em que Ló saíu de Sodoma, Deus fez chover fogo e enxo­fre do céu e fez morrer todos. 30 O mesmo acon­tecerá no dia em que se manifestar o Filho do Homem.
31
Naquele dia, quem estiver no terraço não entre para apanhar objeto algum em sua casa. E quem estiver no campo não volte atrás. 32 Lembrai-vos da mulher de Ló! 33 Quem procurar salvar a vida, vai perdê-la; e quem a perder, vai salvá-la. 34 Eu vos digo: naquela noite, dois estarão na mesma cama; um será tomado e o outro será deixado. 35 Duas mulhe­res estarão juntas moendo farinha; uma será tomada e a outra­ será deixada. [36] ”.
37
Os discípulos perguntaram: “Senhor, onde acontecerá isto?” Ele respondeu: “Onde estiver o cadáver, aí se ajuntarão os abutres”.

 A viúva e o juiz 

18 1 Jesus contou aos discípulos uma parábola, para mostrar-lhes a necessidade de orar sempre, sem nunca desistir: 2 “Numa cidade havia um juiz que não temia a Deus, nem respeitava homem algum. 3 Na mesma ci­dade havia uma viúva, que vinha à procura?do juiz, e lhe pedia: ‘Faze-me justiça contra o meu adversário!’ 4 Durante muito tempo, o juiz se recusou. Por fim, ele pensou: ‘Não temo a Deus e não respeito ninguém. 5 Mas esta viúva já está me importunando. Vou fazer-lhe justiça, para que ela não venha, por fim, a me agredir!’” 6 E o Senhor acrescentou: “Escutai bem o que diz esse juiz iníquo! 7 E Deus, não fará justiça aos seus escolhidos, que dia e noite gritam por ele? Será que vai fazê-los esperar? 8 Eu vos digo que Deus lhes fará justiça bem depressa. Mas o Filho do Homem, quando vier, será que vai encontrar fé sobre a terra?”

 O fariseu e o publicano 

9 Para alguns que confiavam na sua própria justiça e deprezavam os outros, Jesus contou esta parábola: “10 Dois homens subiram ao templo para orar. Um era fariseu, o outro publicano.­ 11 O fariseu, de pé, orava assim em seu íntimo: ‘Deus, eu te agradeço porque não sou como os outros, ladrões, desonestos, adúlteros, nem co­mo este publicano. 12 Jejuo duas vezes por sema­na e pago o dízimo de toda a minha renda’. 13 O publicano, porém, ficou a distância e nem se atrevia a levantar os olhos para o céu; mas batia no peito, dizendo: ‘Meu Deus, tem compaixão de mim, que sou pecador!’ 14 Eu vos di­go: este último voltou para casa justificado, mas o outro não. Pois quem se exalta será hu­milhado, e quem se humilha será exaltado”.

 Jesus e as crianças 

15 Algumas pessoas trouxeram criancinhas para que Jesus as tocasse. Vendo isso, os dis­cípulos começaram a repreendê-las. 16 Jesus, no entanto, as chamou para perto de si, dizen­do: “Deixai as crianças virem a mim e não as impeçais, pois a pessoas assim é que pertence o Reino de Deus. 17 Eu vos digo: quem não receber o Reino de Deus como uma criança não entrará nele”.

 O rico querendo seguir Jesus 

18 Um homem de alta posição perguntou-lhe: “Bom Mestre, que devo fazer para herdar a vida eterna?” 19 Jesus lhe respondeu: “Por que me chamas bom? Ninguém é bom senão Deus. 20 Conheces os mandamentos: não cometerás adultério, não cometerás homicídio, não roubarás, não le­vantarás falso testemunho, honrarás pai e mãe”. 21 Ele respondeu: “Tenho observado tudo isso desde a minha juventude”. 22 Ouvindo estas­ palavras, Jesus lhe disse: “Uma coisa ainda te falta: vende tudo o que tens, dá aos pobres, e terás um tesouro no céu. Depois vem e segue-me”. 23 Quando ouviu isso, ele ficou triste, pois era muito rico. 24 Vendo que ele tinha ficado muito triste, Jesus disse: “Como é difícil para os que possuem riquezas entrar no Reino de Deus! 25 É mais fácil um camelo passar pelo bu­raco de uma agulha do que um rico entrar no Reino de Deus”. 26 Os que ouviram disseram: “Quem então poderá salvar-se?” 27 Jesus respondeu: “O que é impossível aos homens é possível a Deus”. 28 Pedro, então, disse: “Olha, nós deixamos os nossos bens e te segui­mos”. 29 Jesus respondeu: “Em verdade vos?di­go: todo aquele que tiver deixado casa, mulher, irmão, pais ou filhos por causa do Reino de Deus, 30 receberá muitas vezes mais no pre­sente e, no mundo futuro, a vida eterna”.

 Terceiro anúncio da Paixão

31 Chamando de lado os Doze, disse-lhes: “Vede, estamos subindo para Jerusalém, e vai se cumprir tudo o que foi escrito pelos profetas­ sobre o Filho do Homem. 32 Ele será entregue aos gentios, zombarão dele, o insultarão e nele cuspirão. 33 Depois de o açoitar, vão matá-lo, mas no terceiro dia, ele ressuscitará”. 34 Eles nada compreenderam de tudo isso: o sentido da palavra lhes ficava encoberto e eles não entendiam o que lhes era dito.

 O cego de Jericó 

35 Quando Jesus se aproximou de Jericó, um cego estava sentado à beira do caminho, pedindo esmola. 36 Ouvindo a multidão passar, perguntou o que estava acontecendo. 37 Dis­se­ram-lhe: “Jesus Nazareno está passando”. 38 O cego então gritou: “Jesus, Filho de Da­vi, tem compaixão de mim!” 39 As pessoas que iam na frente mandavam que ele ficasse ca­lado. Mas ele gritava mais ainda: “Filho de Davi, tem compaixão de mim!” 40 Jesus parou e mandou que lhe trouxessem o cego. Quando ele chegou perto, Jesus perguntou: 41 “Que queres que eu te faça?” O cego respondeu: “Senhor, que eu veja”. 42 Jesus disse:­ “Vê! A tua fé te salvou”. 43 No mesmo instan­te, o cego começou a enxergar de novo e foi seguindo Jesus, glorificando a Deus. Vendo isso, todo o povo deu glória a Deus.

 Zaqueu 

19 1 Tendo entrado em Jericó, Jesus estava passando pela cidade. 2 Havia ali um homem chamado Zaqueu, que era chefe dos publicanos e muito rico. 3 Ele procurava ver quem era Jesus, mas não conseguia, por causa­ da multidão, pois era baixinho. 4 Então ele cor­reu à frente e subiu numa árvore para ver Je­sus, que devia passar por ali. 5 Quando Jesus che­gou ao lugar, olhou para cima e disse: “Za­queu, desce depressa! Hoje eu devo ficar­ na tua casa”. 6 Ele desceu depressa, e o recebeu com alegria. 7 Ao verem isso, todos começa­ram a murmurar, dizendo: “Foi hospedar-se na casa de um pecador!” 8 Zaqueu pôs-se de pé, e disse ao Senhor: “Senhor, a metade dos meus bens darei aos pobres, e se prejudiquei alguém, vou devolver quatro vezes mais”. 9 Jesus lhe disse: “Hoje aconteceu a salvação para esta casa, porque também este é um fi­lho de Abraão. 10 Com efeito, o Filho do Ho­mem veio procurar e salvar o que estava perdido”.

 O dinheiro com juros 

11 Enquanto estavam escutando, Jesus acres­centou uma parábola, porque estava perto de Jerusalém e eles pensavam que o Reino de Deus ia se manifestar logo. 12 Disse: “Um homem nobre partiu para um país distante, a fim de ser coroado rei e depois voltar. 13 Chamou então dez dos seus servos, entregou a cada um uma bolsa de dinheiro e disse: ‘Ne­gociai com isto até que eu volte’. 14 Seus concidadãos, porém, tinham aversão a ele e enviaram uma embaixada atrás dele, dizendo: ‘Não queremos que esse homem reine sobre nós’. 15 Mas o homem foi nomeado rei e voltou. Mandou chamar os servos, aos quais havia dado o dinheiro, a fim de saber que ne­gócios cada um havia feito. 16 O primeiro chegou e disse: ‘Senhor, a quantia que me deste rendeu dez vezes mais’. 17 O homem disse: ‘Pa­rabéns, servo bom. Como te mostraste fiel nesta mínima coisa, recebe o governo de dez cidades’. 18 O segundo chegou e disse: ‘Senhor­, a quantia que me deste rendeu cinco vezes mais’. 19 O homem disse também a este: ‘Tu, recebe o governo de cinco cidades’. 20 Chegou­ o outro servo e disse: ‘Senhor, aqui está a quantia que me deste: eu a guardei num lenço,­ 21 pois eu tinha medo de ti, porque és um homem severo. Re­cebes o que não deste e colhes­ o que não semeaste’. 22 O homem disse: ‘Servo mau, eu te julgo pela tua própria boca. Sabias que sou um homem severo, que recebo o que não dei e colho o que não semeei. 23 Então,­ por que não depositaste meu dinheiro no banco? Ao chegar,­ eu o retiraria com juros’. 24 Depois disse­ aos que estavam aí presentes: ‘Tirai dele sua quantia e dai àquele que fez render dez vezes mais”. 25 Os presentes disseram: ‘Senhor, esse?já tem dez vezes a quantia!’ 26 Ele respondeu: ‘Eu vos digo: a todo aquele que tem, será dado,?mas àquele que não tem, até mesmo o que tem lhe será tirado. 27 E quanto?a esses meus inimigos, que não queriam que eu reinasse sobre eles, trazei-os aqui e matai-os na minha frente”.


Jerusalém, Jerusalém...

 Entrada em Jerusalém 

28 Depois dessas palavras, Jesus caminhava à frente dos discípulos, subindo para Jerusalém. 29 Quando se aproximou de Betfagé e Be­tânia, perto do monte chamado das Oliveiras, enviou dois de seus discípulos, dizendo: 30 “Ide ao povoado ali na frente. Logo na entrada en­contrareis um jumentinho amarrado, no qual nin­guém nunca montou. Desamarrai-o e tra­zei-o aqui. 31 Se alguém, por acaso, vos pergun­tar: ‘Por que o desamarrais?’, respondereis as­sim: ‘O Senhor precisa dele”. 32 Os enviados par­tiram, e encontraram tudo exatamente co­mo Jesus lhes havia dito. 33 Quando desamarra­vam o jumentinho, os donos perguntaram: “Por que estais desamarrando o jumentinho?” 34 Eles responderam: “O Senhor precisa dele”. 35 E o levaram a Jesus. Então puseram seus mantos sobre o jumentinho e ajudaram Jesus a montar. 36 Enquanto Jesus passava, o povo ia es­tendendo seus mantos no caminho. 37 Quando chegou perto da descida do Monte das Oli­veiras, a multidão dos discípulos, aos gritos e cheia de alegria, começou a louvar a Deus por todos os milagres que tinham visto. 38 Todos exclamavam:
Bendito o Rei, que vem em nome do Senhor!
Paz no céu e glória nas alturas!”
39
Do meio da multidão, alguns dos fariseus interpelaram Jesus: “Mestre, repreende teus discípulos!” 40 Ele, porém, respondeu: “Eu vos digo: se eles se calarem, as pedras gritarão”.

 Jesus chora sobre Jerusalém 

41 Quando Jesus se aproximou de Jerusalém e viu a cidade, começou a chorar. E disse: 42 “Se tu também compreendesses hoje o que te pode trazer a paz! Agora, porém, está escondido aos teus olhos! 43 Dias virão em que os inimigos farão trincheiras, te sitiarão e te apertarão de todos os lados. 44 Esmagarão­ a ti e a teus filhos, e não deixarão em ti pedra sobre pedra, porque não reconheceste o tempo em que foste visitada”.

 Expulsão do comércio e ensino no templo 

45 Depois, Jesus entrou no templo e começou a expulsar os que ali estavam vendendo. 46 E disse: “Está escrito: ‘Minha casa será?ca­sa de oração’. Vós, porém, fizestes dela um antro de ladrões”.
47
Todos os dias, ele ficava ensinando no templo. Os sumos sacerdotes, os escribas e os notáveis do povo procuravam um modo de matá-lo. 48 Mas não sabiam o que fazer, pois o povo todo ficava fascinado ao ouvi-lo falar.

 A autoridade de Jesus 


Lucas (CNB) 12