Lucas (CNB) 20

20 1 Num daqueles dias, quando Jesus ensinava no templo e anunciava a Boa-Nova, os sumos sacerdotes, os escribas e os anciãos chegaram 2 e lhe perguntaram: “Dize-nos com que autoridade fazes estas coisas, e quem é que te deu esta autoridade?” 3 Ele respondeu: “Eu também vos farei uma pergunta. Dizei-me: 4 o batismo de João era do céu ou dos homens?” 5 Eles começaram a ponderar: “Se respondermos: ‘Do céu’, ele dirá: ‘Por que, então, não acreditastes nele?’ 6 Se dissermos: ‘Dos homens’, todo o povo nos jogará pedras, pois está convencido de que João era um profeta”. 7 Responderam portanto que não sabiam. 8 Jesus, então lhes retrucou: “Pois eu também não vos direi com que autoridade faço essas coisas”.

 Os agricultores assassinos 

9 Jesus se pôs a contar ao povo a seguinte?pa­rábola: “Um homem plantou uma vinha e de­pois a alugou a uns agricultores; e viajou para o exterior, onde permaneceu muito tempo. 10 Quando chegou o tempo da colheita, enviou um servo aos agricultores, para que lhe dessem sua parte dos frutos; mas os agricultores o maltrataram e o mandaram embora de mãos va­zias. 11 Enviou outro servo, mas também nes­te bateram, o insultaram e o mandaram embo­ra de mãos vazias. 12 Enviou ainda um terceiro.­ Tam­bém a este feriram e expulsaram. 13 Então,­ o proprietário da vinha disse: ‘Que farei? Mandarei meu filho único; com certeza vão respeitá-lo’. 14 Entretanto, os agricultores, logo que o viram, começaram a combinar entre si: ‘Este é o herdeiro! Vamos matá-lo, para que a herança seja nossa!’ 15 E o empurraram para fora da vinha e o mataram. Que lhes fará então o dono da vinha? 16 Voltará, matará esses agri­cultores e dará a vinha a outros”.
Quando ouviram isso, disseram: “Que Deus não permita!” 17
Mas Jesus os encarou e respondeu: “Que significa isto que está escrito:
A pedra que os construtores rejeitaram, esta é que se tornou a pedra angular’?
18
Quem cair sobre esta pedra, ficará despe­daçado, e se ela cair sobre alguém, o esmagará”. 19 Nessa hora, os escribas e os sumos sacerdotes quiseram prendê-lo, mas tiveram medo do povo. Tinham entendido muito bem que ele havia contado aquela parábola com referência a eles.

 O imposto pago a César 

20 Começaram então a vigiá-lo; e contrataram alguns espiões, com aparência de pessoas honestas, para flagrá-lo em suas palavras e entregá-lo ao poder e à autoridade do go­vernador. 21 Perguntaram-lhe: “Mestre, sabemos que falas e ensinas retamente, sem acepção de pessoas, ensinas segundo a verda­de o caminho de Deus. 22 É permitido ou não pagar tributo a César?” 23 Ele, porém, percebendo-lhes a astúcia, respondeu: 24 “Mostrai a moeda do tributo. De quem traz a figura e a inscrição?” Responderam: “De César”. Ele, então, lhes disse: 25 “Pois bem, devolvei a César o que é de César e a Deus, o que é de Deus”. 26 E não conseguiram flagrá-lo diante do povo em nenhuma de suas palavras. Assombrados diante daquela resposta, eles se calaram.

 A ressurreição dos mortos 

27 Aproximaram-se de Jesus alguns saduceus, os quais negam a ressurreição, 28 e lhe perguntaram: “Mestre, Moisés deixou-nos escrito: ‘Se alguém tiver um irmão casado e este mor­rer sem filhos, deve casar-se com a mulher para dar descendência ao irmão’. 29 Ora, havia­ sete irmãos. O primeiro casou e morreu, sem deixar filhos. 30 Também o segundo 31 e o terceiro se casaram com a mulher. E assim os sete: todos morreram sem deixar filhos. 32 Por fim, morreu também a mulher. 33 Na ressurreição, ela será esposa de qual deles? Pois os sete a tiveram por esposa”. 34 Jesus respondeu-lhes: “Neste mundo, homens e mulheres­ casam-se, 35 mas os que forem julgados dignos de participar do mundo futuro e da ressurreição dos mortos não se casam; 36 e já não pode­rão morrer, pois serão iguais aos anjos; se­rão filhos de Deus, porque ressusci­taram. 37 Que os mortos ressuscitam, também foi mostrado por Moisés, na passagem da sar­ça ardente, quando chama o Senhor de ‘Deus de Abraão, Deus de Isaac e Deus de Ja­có’. 38 Ele é Deus não de mortos, mas de vi­vos, pois todos vivem­ para ele”.
39
Alguns escribas responderam a Jesus: “Mes­tre, falaste muito bem”. 40 E não mais tinham coragem de lhe perguntar coisa alguma.

 O senhor é filho de Davi

41 Jesus por sua vez lhes disse: “Por que?di­zem­ que o Cristo é filho de Davi? 42 Pois o pró­prio Davi afirma, no livro dos Salmos:
Disse o Senhor ao meu Senhor: Senta-te
à minha direita,
43
   até que eu reduza os teus inimigos a
 apoio dos teus pés’.
44
Davi, pois, o chama de ‘senhor’. Como então ele pode ser seu filho?”

 Advertência contra os escribas 

45 Na presença de todo o povo que o escutava, Jesus falou aos discípulos: 46 “Cuidado com os escribas, que fazem questão de perambular com amplas túnicas e de serem cumprimentados nas praças, que gostam dos primeiros assentos nas sinagogas e dos lugares de honra nos banquetes. 47 Eles devoram as casas das viúvas enquanto ostentam longas orações. Por isso, serão julgados com maior rigor”.

 A oferta da viúva 

21 1 Ao levantar os olhos, Jesus viu pessoas ricas depositando ofertas no cofre. 2 Viu também uma viúva necessita­da que deu duas moedinhas. 3 E ele comentou: “Em verdade, vos digo: esta viúva pobre deu mais do que todos os outros. 4 Pois todos eles depositaram­ como oferta parte do que tinham de sobra, mas ela, da sua pobreza, ofereceu tudo que tinha para viver.”

 Predição da destruição do templo 

5 Algumas pessoas comentavam a respeito do templo, que era enfeitado com belas pedras­ e com ofertas votivas. Jesus disse: 6 “Admirais es­sas coisas? Dias virão em que não ficará pedra sobre pedra. Tudo será destruído”.

 Tempos de aflição 

7 Mas eles perguntaram: “Mestre, quando será, e qual o sinal de que isso está para acontecer?” 8 Ele respondeu: “Cuidado para não ser­des enganados, porque muitos virão em meu nome, dizendo: ‘Sou eu!’, e ainda: ‘O tem­po está próximo’. Não andeis atrás dessa gente! 9 Quando ouvirdes falar em guerras e revoluções, não fiqueis apavorados. É preciso­ que essas coisas aconteçam primeiro, mas não será logo o fim”.
10
E Jesus continuou: “Há de se levantar povo contra povo e reino contra reino. 11 Haverá gran­des terremotos, fomes e pestes em vários­ lugares; acontecerão coisas pavorosas, e haverá grandes sinais no céu. 12 Antes disso tudo, porém, sereis presos e perseguidos; sereis en­tregues às sinagogas e jogados na prisão; sereis levados diante de reis e governadores por causa do meu nome. 13 Será uma ocasião para dardes testemunho. 14 Determinai não preparar vossa defesa, 15 porque eu vos darei palavras tão acertadas que nenhum dos inimi­gos vos poderá resistir ou rebater. 16 Sereis en­tregues até mesmo pelos próprios pais, irmãos, parentes e amigos. A alguns de vós matarão. 17 Sereis odiados por todos, por causa de meu nome. 18 Mas nem um só fio de cabelo cairá da vossa cabeça. 19 É pela vossa perseverança que conseguireis  salvar a vossa vida!

 A destruição de Jerusalém 

20 “Quando virdes Jerusalém cercada de exér­citos, ficai sabendo que a sua destruição­ está próxima. 21 Então, os que estiverem na Judéia fujam para as montanhas; os que esti­verem na cidade afastem-se dela, e os que estiverem fora da cidade, nela nem entrem. 22 Pois esses dias são de vingança, para que se cumpra tudo o que dizem as Escrituras. 23 Ai das mulheres grávidas e daquelas que es­tiverem amamentando naqueles dias, pois haverá grande angústia na terra e ira contra este povo. 24 Serão abatidos pela espada e le­vados presos para todas as nações. E Jerusalém será pisada pelos pagãos, até que se com­plete o tempo marcado para eles.

 A vinda do Filho do Homem 

25 “Haverá sinais no sol, na lua e nas estrelas. Na terra, as nações ficarão angustiadas, apavoradas com o bramido do mar e das on­das. 26 As pessoas vão desmaiar de medo, só em pensar no que vai acontecer ao mundo, porque as potências celestes serão abaladas. 27 Então, verão o Filho do Homem, vindo nu­ma­ nuvem, com grande poder e glória. 28 Quando estas coisas começarem a acontecer, le­van­tai-vos e erguei a cabeça, porque a vossa libertação está próxima”.

 A lição da figueira: discernir os sinais 

29 E Jesus contou-lhes uma parábola: “Olhai a figueira e todas as árvores. 30 Quando começam a brotar, basta olhá-las para saber que o ve­rão está perto. 31 Vós, do mesmo modo, quando virdes acontecer essas coisas, ficai sa­bendo que o Reino de Deus está perto. 32 Em ver­dade vos digo: esta geração não passará an­tes que tudo aconteça. 33 O céu e a terra pas­sarão, mas as minhas palavras não passarão.

 Exortação final: vigilância 

34 “Cuidado para que vossos corações não fiquem pesados por causa dos excessos, da embriaguez e das preocupações da vida, e esse dia não caia de repente sobre vós, 35 pois cairá como uma armadilha sobre todos os habitantes de toda a terra. 36 Portanto, ficai atentos e orai a todo momento, a fim de conseguirdes escapar de tudo o que deve acontecer e para ficardes de pé diante do Filho do Homem”.

 Jesus ensinando em Jerusalém 

37 Jesus passava os dias no templo ensinando; saindo dali, pernoitava no monte chamado das Oliveiras. 38 E de madrugada, o povo todo já se dirigia ao templo para ouvi-lo.

 Complô para matar Jesus 

22 1 Estava próxima a festa dos Pães sem fermento, chamada Páscoa. 2 Os sumos sacerdotes e os escribas procuravam uma maneira de se livrar de Jesus. De fato, ti­nham medo do povo. 3 Entretanto, Satanás en­trou em Judas, chamado Iscariotes, um dos doze, 4 e ele foi combinar com os sumos sacerdotes e com os comandantes da guarda co­mo entregar-lhes Jesus. 5 Eles ficaram mui­to contentes e concordaram em dar-lhe dinheiro. 6 Judas comprometeu-se e procurava­ uma oportunidade para entregá-lo, sem que a multidão percebesse.

 Preparação da ceia pascal 

7 Chegou o dia dos Pães sem Fermento, quando se devia sacrificar o cordeiro pascal. 8 Jesus mandou Pedro e João, dizendo: “Ide fazer os preparativos para comermos a ceia pascal”. 9 Eles perguntaram: “Onde queres que a prepa­remos?” 10 Jesus respondeu: “Quando en­trar­des na cidade, virá ao vosso encontro um ho­mem carregando uma bilha de água. Segui-o até a casa onde ele entrar 11 e dizei ao dono da casa: “O Mestre manda perguntar: ‘Onde está a sala em que poderei comer a ceia pascal com os meus discípulos?’ 12 Ele então vos mos­trará uma grande sala arrumada, no andar de cima. Preparai ali”. 13 Eles foram, encontraram tudo como Jesus tinha dito e prepararam a ceia pascal.

 Ceia, eucaristia e anúncio da traição 

14 Quando chegou a hora, Jesus pôs-se à mesa com os apóstolos 15 e disse: “Ardentemente desejei comer convosco esta ceia pascal, antes de padecer. 16 Pois eu vos digo que não mais a comerei, até que ela se realize no Rei­no de Deus”. 17 Então pegou o cálice, deu gra­ças e disse: “Recebei este cálice e fazei passar entre vós; 18 pois eu vos digo que, de ago­ra em diante, não mais beberei do fruto da videira, até que venha o Reino de Deus”. 19 A seguir, tomou o pão, deu graças, partiu-o e lhes deu, dizendo: “Isto é o meu corpo, que é dado por vós. Fazei isto em memória de mim”. 20 Depois da ceia, fez o mesmo com o cá­lice, dizendo: “Este cálice é a nova aliança no meu sangue, que é derramado por vós. 21 Todavia, a mão de quem vai me entregar está perto de mim, nesta mesa. 22 Sim, o Filho do Homem se vai, como está determinado. Mas ai daquele por quem ele é entregue”. 23 Então começaram a perguntar uns aos outros qual deles haveria de fazer tal coisa.

 Quem é o maior? 

24 Houve ainda uma discussão entre eles sobre qual deles devia ser considerado o maior. 25 Jesus, porém, lhes disse: “Os reis das nações dominam sobre elas, e os que exercem o poder se fazem chamar benfeitores. 26 Entre vós, não deve ser assim. Pelo contrário, o maior entre vós seja como o mais novo, e o que manda, como quem está servindo. 27 Afinal, quem é o maior: o que está à mesa ou o que está servindo? Não é aquele que está à mesa? Eu, porém, estou no meio de vós como aquele que serve.
28
Vós sois aqueles que permaneceram comigo em minhas provações. 29 Por isso, assim como o meu Pai me confiou o Reino, eu também vos confio o Reino. 30 Havereis de comer e beber à minha mesa no meu Reino, e vos sentareis em tronos para julgar as doze tribos de Israel.

 Predição da negação de Pedro 

31 “Simão, Simão! Satanás pediu permissão para peneirar-vos, como se faz com o trigo. 32 Eu, porém, orei por ti, para que tua fé não desfaleça. E tu, uma vez convertido, confirma os teus irmãos”. 33 Simão disse: “Senhor, eu estou pronto para ir contigo até mesmo à prisão e à morte!” 34 Jesus, porém, respondeu: “Pedro, eu te digo que hoje, antes que o galo cante, três vezes negarás que me conheces”.

 A hora decisiva

35 E Jesus lhes perguntou: “Quando vos enviei sem bolsa, sem sacola, sem sandálias, faltou-vos alguma coisa?” Eles responderam: “Nada.” 36 Jesus continuou: “Agora, porém, quem tiver bolsa, pegue-a; do mesmo modo, quem tiver sacola; e quem não tiver espada, venda o manto para comprar uma. 37 Pois eu vos digo: é preciso que se cumpra em mim a palavra da Escritura: ‘Ele foi contado entre?os transgressores’. O que foi dito a meu respei­to está se consumando”. 38 Mas eles disseram: “Senhor, aqui estão duas espadas!” Jesus respondeu: “Basta!”

 Oração no monte das Oliveiras 

39 Jesus saiu e, como de costume, foi para o monte das Oliveiras. Os discípulos o acompanharam. 40 Chegando ao lugar, Jesus lhes disse: “Orai para não cairdes em tentação”. 41 Então afastou-se dali, à distância de um arre­messo de pedra, e, de joelhos, começou a orar. 42 “Pai, se quiseres, afasta de mim este cálice; contudo, não seja feita a minha vontade, mas a tua!” 43 Apareceu-lhe um anjo do céu, que o fortalecia. 44 Entrando em agonia, Jesus orava com mais insistência. Seu suor tornou-se co­mo gotas de sangue que caíam no chão. 45 Levantando-se da oração, Jesus foi para junto dos discípulos e encontrou-os dormindo, de tan­ta tristeza. 46 E perguntou-lhes: “Por que es­tais dormindo? Levantai-vos e orai, para não cairdes em tentação”.

 A traição. Prisão de Jesus 

47 Jesus ainda falava, quando chegou uma mul­tidão. Na frente, vinha um dos Doze, cha­mado Judas, que se aproximou de Jesus para beijá-lo.48 Jesus lhe disse: “Judas, com um bei­jo tu entregas o Filho do Homem?” 49 Vendo o que ia acontecer, os que estavam com Jesus disseram: “Senhor, vamos atacá-los com a es­pada?” 50 E um deles feriu o servo do sumo sa­cerdote, cortando-lhe a orelha direita. 51 Jesus, porém, ordenou: “Deixai, basta!” E to­cando a orelha do homem, o curou. 52 Depois­ Jesus disse aos sumos sacerdotes, aos comandantes da guarda do templo e aos anciãos, que ti­nham vindo prendê-lo: “Saístes com espadas­ e paus, como se eu fosse um bandido? 53 Todos­ os dias eu estava convosco no templo, e nunca­ levantastes a mão contra mim. Mas esta é a vossa hora, e o poder das trevas”.

 A negação de Pedro 

54 Eles prenderam Jesus e o levaram, conduzindo-o à residência do sumo sacerdote. Pedro acompanhava de longe. 55 Eles acenderam uma fogueira no meio do pátio e sentaram-se ao redor. Pedro sentou-se no meio deles. 56 Ora, uma criada viu Pedro sentado perto do fogo; encarou-o bem e disse: “Este aqui também estava com ele!” 57 Mas ele negou: “Mulher, eu nem o conheço!” 58 Pouco depois, um outro viu Pedro e disse: “Tu também és um deles.” Mas Pedro respondeu: “Não, homem, eu não”. 59 Passou mais ou menos uma hora, e um outro insistia: “Certamente, este aqui também estava com ele, pois é galileu!” Mas Pedro respondeu: 60 ”Homem, não sei de que estás falando!” E, enquanto ainda falava, o galo cantou. 61 Então o Senhor se voltou e olhou para Pedro. E Pedro lembrou-se da palavra que o Senhor lhe tinha dito: “Hoje, antes que o galo cante, três vezes me negarás”. 62 Então Pedro saiu do pátio e pôs-se a chorar amargamente.

 “Profetiza!” 

63 Os homens que vigiavam Jesus escarne­ciam dele e o espancavam. 64 Cobriam o seu?ros­-to­ e lhe diziam: “Profetiza! Quem é que te?ba-­teu?”­ 65 E o insultavam de muitos outros modos.­

 Diante do Sinédrio 

66 Ao amanhecer, os anciãos do povo, os su­mos sacerdotes e os escribas reuniram-se e le­varam Jesus ao sinédrio. 67 E o interpelavam: “Se tu és o Cristo, dize-nos!” Ele respondeu:­ “Se eu vos disser, não me acreditareis, 68 e se eu vos fizer perguntas, não me respondereis. 69 Mas, de agora em diante, o Filho do Homem­ estará sentado à direita do Deus Todo-Podero­so”. 70 Então todos perguntaram: “Tu és, portanto, o Filho de Deus?” Jesus respondeu: “Vós mesmos estais dizendo que eu sou!” 71 Eles disseram: “Será que ainda precisamos de testemunhas? Nós mesmos o ouvimos de sua própria boca!”

 Diante de Pilatos

23 1 Em seguida, toda o grupo deles se levantou, e levaram Jesus a Pilatos. 2 Começaram então a acusá-lo, dizendo: “Achamos este homem fazendo subversão entre o nosso povo, proibindo pagar os tributos a César e afirmando ser ele mesmo o Cristo, o Rei”. 3 Pilatos o interrogou: “Tu és o Rei dos Judeus?” Jesus respondeu: “Tu o dizes!” 4 Então Pilatos disse aos sumos sacerdotes e à multidão: “Não encontro neste homem nenhum crime”. 5 Eles, porém, insistiam: “Ele agita o povo, ensinando por toda a Judéia, desde a Galiléia, onde começou, até aqui”. 6 Quando ouviu isto, Pilatos perguntou: “Este homem é galileu?” 7 E, depois de verificar que Jesus estava sob a autoridade de Herodes, enviou-o a este, pois também Herodes estava em Jerusalém naqueles dias.

 Diante de Herodes 

8 Herodes ficou muito contente ao ver Jesus, pois havia muito tempo desejava vê-lo. Já ou­vira falar a seu respeito e esperava vê-lo fazer algum milagre. 9 Ele interrogou-o com muitas perguntas. Jesus, porém, nada lhe respondia. 10 Os sumos sacerdotes e os escribas estavam presentes e o acusavam com insistência. 11 He­rodes, com seus soldados, tratou Jesus com des­prezo, zombou dele, vestiu-o com uma rou­pa vistosa e mandou-o de volta a Pilatos. 12 Naquele dia, Herodes e Pilatos se tornaram amigos, pois antes eram inimigos.

 Condenação do inocente, soltura de Barrabás 

13 Então Pilatos convocou os sumos sacerdotes, as autoridades e o povo, e lhes disse: 14 “Vós me trouxestes este homem como se fosse um agitador do povo. Pois bem! Já o interroguei diante de vós e não encontrei nele nenhum dos crimes de que o acusais; 15 nem Herodes encontrou, pois o mandou de volta para nós. Como podeis ver, ele nada fez para merecer a morte. 16 Portanto, vou castigá-lo e depois o soltarei”. [17
18
Toda a multidão começou a gritar: “Fora com ele! Solta-nos Barrabás!” 19 Barrabás tinha sido preso por causa de uma rebelião na cidade e por homicídio. 20 Pilatos falou outra vez à multidão, pois queria libertar Jesus. 21 Mas eles gritavam mais alto: “Crucifica-o! Crucifica-o!” 22 E Pilatos falou pela terceira vez: “Que mal fez este homem? Não encontrei nele nenhum crime que mereça a morte. Portanto, vou castigá-lo e depois o soltarei”. 23 Eles, porém, continuaram a gritar com toda a força, pedindo que fosse crucificado. E a gritaria deles prevaleceu. 24 Então Pilatos decidiu que fosse feito o que eles pediam. 25 Soltou o homem que eles queriam (aquele que fora preso por rebelião e homicídio) e entregou Jesus à vontade deles.

 A crucificação 

26 Enquanto levavam Jesus, pegaram um certo Simão, de Cirene, que voltava do campo,­ e mandaram-no carregar a cruz atrás de Jesus. 27 Seguia-o uma grande multidão do povo, bem como de mulheres que batiam no peito e choravam por ele. 28 Jesus, porém, voltou-se para elas e disse: “Mulheres de Jerusalém, não cho­reis por mim! Chorai por vós mesmas e por vossos filhos! 29 Porque dias virão em que se dirá: ‘Felizes as estéreis, os ventres que nunca­ de­ram à luz e os seios que nunca amamentaram’. 30 Então começarão a pedir às montanhas: ‘Caí sobre nós!, e às colinas: ‘Escon­dei-nos!31 Pois, se fazem assim com a árvore verde, o que não farão com a árvore seca?”
32
Levavam também dois malfeitores para se­rem executados com ele.
33
Quando chegaram ao lugar chamado Cal­vário, ali crucificaram Jesus e os malfeitores:­ um à sua direita e outro à sua esquerda. 34 Je­sus dizia: “Pai, perdoa-lhes! Eles não sabem o que fazem!”
Repartiram então suas vestes tirando a sorte. 35
O povo permanecia lá, olhando. E até os chefes zombavam, dizendo: “A outros ele salvou. Salve-se a si mesmo, se, de fato, é o Cristo de Deus, o Eleito!” 36 Os soldados também zombavam dele; aproximavam-se, ofereciam-lhe vinagre 37 e diziam: “Se és o rei dos judeus, salva-te a ti mesmo!” 38 Acima dele havia um letreiro: “Este é o Rei dos Judeus”.
39
Um dos malfeitores crucificados o insultava, dizendo: “Tu não és o Cristo? Salva-te a ti mesmo e a nós!” 40 Mas o outro o repreendeu: “Nem sequer temes a Deus, tu que sofres a mesma pena? 41 Para nós, é justo sofrermos, pois estamos recebendo o que merecemos; mas ele não fez nada de mal”. 42 E acrescentou:­ “Jesus, lembra-te de mim, quando começares a reinar”. 43 Ele lhe respondeu: “Em verdade te digo: hoje estarás comigo no Paraíso”.

 Morte de Jesus 

44 Já era mais ou menos meio-dia, e uma escuridão cobriu toda a terra até às três da tarde, 45 pois o sol parou de brilhar. O véu do Santuário rasgou-se pelo meio, 46 e Jesus deu um forte grito: “Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito”. Dizendo isto, expirou. 47 O centurião, vendo o que acontecera, glorificou a Deus dizendo: “Realmente! Este homem era justo!” 48 E as multidões que tinham acorrido para assistir à cena, viram o que havia acontecido e foram embora, batendo no peito.
49
Todos os conhecidos de Jesus, bem como as mulheres que o acompanhavam desde a Galiléia, se mantinham a distância, olhando essas coisas.

 A sepultura 

50 Havia um homem bom e justo, chamado José, membro do sinédrio, 51 o qual não tinha aprovado a decisão nem a ação dos outros membros. Ele era de Arimatéia, uma cidade da Judéia, e esperava a vinda do Reino de Deus. 52 José foi ter com Pilatos e pediu o corpo de Jesus. 53 Desceu o corpo da cruz, enrolou-o num lençol e colocou-o num túmulo escavado na rocha, onde ninguém ainda tinha sido sepultado. 54 Era dia de preparação, e o sábado estava para começar.
55
As mulheres que com Jesus vieram da Galiléia, acompanharam José e observaram o túmulo e o modo como o corpo ali era colocado. 56 Depois voltaram para casa e prepararam perfumes e bálsamos. E, no sábado, repousaram, segundo o preceito.

 Ressurreição 

24 1 No primeiro dia da semana, bem de madrugada, as mulheres foram ao túmulo, levando os perfumes que tinham preparado. 2 Encontraram a pedra do túmulo removida, 3 mas, ao entrarem, não encontraram o corpo do Senhor Jesus 4 e ficaram sem saber o que estava acontecendo. Nisso, dois homens com vestes resplandecentes pararam perto delas. 5 Tomadas de medo, elas olhavam para o chão. Eles, porém, disseram-lhes: “Por que procurais entre os mortos aquele que está vivo? 6 Não está aqui. Ressuscitou! Lembrai-vos do que ele vos falou, quando ainda estava na Galiléia: 7 ‘É necessário o Filho do Homem ser entregue nas mãos dos pecadores, ser crucificado e, no terceiro dia, ressuscitar’. 8 Então as mulheres se lembraram das palavras de Jesus. 9 Voltando do túmulo, anunciaram tudo isso aos Onze e a todos os outros. 10 Eram Maria Madalena, Joana e Maria, mãe de Tiago. Também as outras mulheres que estavam com elas contaram essas coisas aos apóstolos, 11 mas estes acharam tudo isso um delírio e não acreditaram. 12 Pedro, no entanto, levantou-se e correu ao túmulo. Olhou para dentro e viu apenas os lençóis. Então voltou para casa, admirado com o que havia acontecido.

 Os discípulos de Emaús 

13 Naquele mesmo dia, o primeiro da semana,­ dois dos discípulos iam para um povoado, cha­mado Emaús, a uns dez quilômetros de Jerusa­lém. 14 Conversavam sobre todas as coisas que ti­nham acontecido. 15 Enquanto conversavam e discutiam, o próprio Jesus se aproximou e começou a caminhar com eles. 16 Os seus olhos, porém, estavam como vendados, incapazes de reconhecê-lo. 17 Então Jesus perguntou: “O que andais conversando pelo caminho?” Eles para­ram, com o rosto triste, 18 e um deles, chamado Cléofas, lhe disse: “És tu o único peregrino?em Jerusalém que não sabe o que lá aconteceu nes­tes dias?” 19 Ele perguntou: “Que foi?” Eles res­ponderam: “O que aconteceu com Jesus, o Na­zareno, que foi um profeta poderoso em obras e palavras diante de Deus e diante de todo o povo. 20 Os sumos sacerdotes e as nossas autori­dades o entregaram para ser condenado à morte e o crucificaram. 21 Nós esperávamos que fosse­ ele quem libertaria Israel; mas, com tudo isso, já faz três dias que todas essas coisas aconteceram! 22 É verdade que algumas mulheres do nosso grupo nos assustaram. Elas foram de madrugada ao túmulo 23 e não encontraram o corpo­ dele. Então voltaram, dizendo que tinham visto­ anjos e que estes afirmaram que ele está vivo. 24 Alguns dos nossos foram ao túmulo e encontraram as coisas como as mulheres tinham dito. A ele, porém, ninguém viu”.
25
Então ele lhes disse: “Como sois sem inteligência e lentos para crer em tudo o que os pro­fetas falaram! 26 Não era necessário que o Cristo sofresse tudo isso para entrar na sua glória?” 27 E, começando por Moisés e passando por todos os Profetas, explicou-lhes, em todas as Escrituras, as passagens que se referiam a?ele.
28
Quando chegaram perto do povoado para onde iam, ele fez de conta que ia adiante. 29 Eles, porém, insistiram: “Fica conosco, pois já é tarde e a noite vem chegando!” Ele entrou para ficar com eles. 30 Depois que se sentou à mesa com eles, tomou o pão, pronunciou a bênção, partiu-o e deu a eles. 31 Neste momento, seus olhos se abriram, e eles o reconheceram. Ele, porém, desapareceu da vista deles. 32 Então um disse ao outro: “Não estava ardendo o nosso coração­ quando ele nos falava pelo caminho e nos expli­cava as Escrituras?” 33 Naquela mesma hora, levantaram-se e voltaram para Jerusalém, onde encontraram reunidos os Onze e os outros discípulos. 34 E estes confirmaram: “Realmente, o Senhor ressuscitou e apareceu a Simão!” 35 Então os dois contaram o que tinha acontecido no caminho, e como o tinham reconhecido ao partir o pão.

 Aparição de Jesus aos Onze 

36 Ainda estavam falando, quando o próprio Jesus apareceu no meio deles e lhes disse: “A paz esteja convosco!” 37 Eles ficaram assustados e cheios de medo, pensando que estavam vendo um espírito. 38 Mas ele disse: “Por que estais preocupados, e por que tendes dúvidas no coração? 39 Vede minhas mãos e meus pés: sou eu mesmo! Tocai em mim e vede! Um espírito não tem carne, nem ossos, como estais vendo que eu tenho”. 40 E dizendo isso, ele mostrou-lhes as mãos e os pés. 41 Mas eles ainda não podiam acreditar, tanta era sua alegria e sua surpresa. Então Jesus disse: “Tendes aqui alguma coisa para comer?” 42 Deram-lhe um pedaço de peixe assado. 43 Ele o tomou e comeu diante deles. 44 Depois disse-lhes: “São estas as coisas que eu vos falei quando ainda estava convosco: era necessário que se cumprisse tudo o que está escrito sobre mim na Lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos”. 45 Então ele abriu a inteligência dos discípulos para entenderem as Escrituras, 46 e disse-lhes: “Assim está escrito: o Cristo sofrerá e ressuscitará dos mortos ao terceiro dia, 47 e no seu nome será anunciada a conversão, para o perdão dos pecados, a todas as nações, começando por Jerusalém. 48 Vós sois as testemunhas destas coisas. 49 Eu enviarei sobre vós o que meu Pai prometeu. Por isso, permanecei na cidade até que sejais revestidos da força do alto”.

 Elevação de Jesus ao céu  

50 Então Jesus levou-os para fora da cidade,­ até perto de Betânia. Ali ergueu as mãos e abençoou-os. 51 E enquanto os abençoava, afastou-se deles e foi elevado ao céu. 52 Eles o adoraram. Em seguida voltaram para Jerusalém, com grande alegria, 53 e estavam sempre no templo, bendizendo a Deus.



Lucas (CNB) 20