Discursos João Paulo II 1979 - 31 de Março de 1979

Abril de 1979


DISCURSO DO PAPA JOÃO PAULO II


A UMA PEREGRINAÇÃO DE TRABALHADORES GENOVESES


Segunda-feira, 2 de Abril de 1979



Meus caros irmãos e irmãs

Não posso esconder a minha grande alegria e a minha profunda consolação ao dar-vos as boas-vindas a vós, empregados e empregadas do Vicariato Forâneo de Génova-San Pier d'Arena. Enquanto preparava para vós estes pensamentos que agora tenho o prazer de vos comunicar, sentia-me perto de vós com o coração e esperava-vos com alegria.

Chegue, por isso, a minha calorosa saudação a todos vós, e em particular ao vosso venerando e incansável Arcebispo, Cardeal Giuseppe Siri, o qual, com Monsenhor Berto Ferrari, Vigário Episcopal para o mundo do trabalho, vos acompanhou até aqui.

Estou-vos muito grato por esta visita e pela vossa dedicada homenagem que eu aprecio muito, pois ela é reflexo de um testemunho cristão proveniente da terra da Ligúria, rica não só de raras belezas naturais, mas também e sobretudo de antigas e sólidas tradições religiosas, bem como de reconhecidas virtudes humanas.

Ao acolher-vos com coração paternal, que a todos se abre e com todos partilha aspirações, temores e esperanças, desejo deixar-vos, como recordação deste encontro familiar, algumas reflexões e exortações.

1. O primeiro pensamento, neste sagrado tempo da Quaresma que está a atingir o seu termo com a celebração dos acontecimentos centrais da Paixão, Morte e Ressurreição de Cristo, não pode ser outro senão um convite a procurar Jesus. Seja a vossa vida uma procura continua e sincera do Salvador, sem nunca vos cansardes, sem abandonardes nunca o propósito, ainda que nalgum momento se obscureça o vosso espírito, as tentações vos assaltem e a ,dor e a incompreensão vos apertem o coração. São estas, coisas que fazem parte da vida de cá de baixo, são inevitáveis, mas podem também fazer bem, porque amadurecem o nosso espírito. Nunca deveis, porém, voltar para trás, mesmo quando vos pareça que a luz de Cristo, "Luz dos povos", está enfraquecendo; continuai, antes, a vossa procura com fé renovada e com grande generosidade.

Aprofundai o conhecimento de Jesus, ouvindo a palavra dos ministros do Senhor e lendo algumas páginas do Evangelho. Procurai descobrir onde Ele se encontra, e de todos podereis recolher algum particular que vo-1'O indique, que vos diga onde é que Ele habita: perguntai às almas mansas, às penitentes, .às generosas, às humildes e recolhidas; perguntai aos vossos irmãos, vizinhos ou afastados, porque em todos encontrareis algo que vos indique Jesus. Perguntai sobretudo à vossa alma e à vossa consciência, porque são elas que vos podem indicar, de modo inconfundível, as pegadas dos seus passos, o rasto da sua passagem, os vestígios do seu poder e do seu amor. Porém, procurai-o com humildade: esteja a vossa alma disposta a ver, para além de si mesma, quanto da Sua bondade Deus semeou nas criaturas. Procurá-lo todos os dias quer dizer possuí-lo um pouco mais cada dia, ser admitido cada vez mais na Sua intimidade; podereis então entender melhor o timbre da sua voz, o significado da sua linguagem, o porquê da sua vinda â terra e da sua imolação na Cruz.

2. Como segunda palavra, dir-vos-ei ainda: Tende confiança! Esta palavra "confiança" enche os pulmões e dá asas ao coração, dá conforto sem medida, é qualquer coisa como sair dum pesadelo. A nossa época está em grande parte assinalada pela angústia e pelo temor, pela ânsia e pelo medo. A confiança contrapõe-se a quanto vos aflige: é, de facto, serenidade de compromisso, soberana intrepidez nas contrariedades, vitória sobre o mistério e também ajuda operante que a Providência não deixa que a ninguém falte. A confiança encontra a, sua máxima expressão nas palavras pronunciadas por Cristo na cruz: Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito (Lc 23,46). No meio de tantas e tantas dificuldades, a confiança ampara-vos e faz-vos erguer os olhos para o Céu, a pedir ao Pai que, quando vós tiverdes feito tudo, faça Ele o que falta ainda.

3. Finalmente, sede construtores de concórdia e de paz. Neste tempo assinalado, quase em toda a parte, por divisões sociais e por tantas formas de violência, é necessário que vós deis testemunho, perante o mundo, de fraternidade cristã no ambiente onde viveis e trabalhais. preciso um compromisso decidido para a construção de um mundo mais humano, mais justo, mais solidário. Não se quer, com isto, negar a legitima defesa dos direitos inalienáveis, como ainda a promoção económica e social dos trabalhadores menos favorecidos e menos retribuídos, e especialmente dos mais humildes, mais pobres, mais necessitados e oprimidos. Tenho o gosto de aproveitar esta ocasião para deplorar, uma vez mais, situações não correspondentes à dignidade humana e cristã, em que muitos trabalhadores chegam, infelizmente, a encontrar-se devido ao desemprego ou a esforços extenuantes, para além de tudo quanto é suportável. A técnica moderna tornou-se, com frequência, mais que instrumento de promoção do homem, mecanismo destinado a esmagá-lo, até a privá-lo, muitas vezes, dos seus atributos mais sagrados e intangíveis. Como insinuei na recente Encíclica: "O desenvolvimento da técnica e o desenvolvimento da civilização do nosso tempo, que é assinalado pelo domínio exercido pela própria técnica, exigem um proporcional desenvolvimento da vida moral e da ética" (Enc. Redemptor hominis RH 15).

Gostaria que, ao voltardes a vossas casas, às vossas famílias e ao vosso lugar de trabalho, levásseis a todos os vossos familiares e a todos os vossos colegas a minha saudação e a minha bênção: dizei a todos que os trago no coração e que me recomendo às suas orações a Deus e à Virgem Santíssima, tão venerada por todos os verdadeiros genoveses sob a invocação de Nossa Senhora "della Guardia", no seu celebrado Santuário em Val Polcevera. Sob a Sua "guarda" coloco agora as vossas aspirações, os vossos sofrimentos e as vossas fadigas, enquanto vos concedo, de todo o coração, a propiciadora Bênção Apostólica.



DISCURSO DO PAPA JOÃO PAULO II


AOS INSTITUTOS DE EDUCAÇÃO CATÓLICA DE ROMA


Quarta-feira, 4 de Abril de 1979



Irmãos e Filhos caríssimos!

1. Consenti-me que me dirija, antes de mais, ao Em.mo Cardeal Prefeito Gabriel-Marie Garrone, a quem desejo exprimir um obrigado sincero quer pela sua presença, quer pelas nobres palavras que acaba de pronunciar. É do conhecimento de todos o empenho que ele tem manifestado durante muitos anos, como primeiro responsável à frente da Sagrada Congregação para a Educação Católica; e é conhecido igualmente o contributo dado por ele ao Concílio Vaticano II, desde a fase preparatória, com a sensibilidade de um Pastor atento e aberto às exigências dos novos tempos. São méritos a que desejo no dia de hoje dar um reconhecimento público, enquanto estendo a mais viva gratidão aos Cardeais que, como Membros da mesma Congregação, se reuniram ao Secretário e ao Subsecretário para a sessão plenária anual. Dirijo depois minha saudação cordial aos Professores, aos Superiores e aos Estudantes dos Centros Romanos de Estudos Académicos.

No início deste encontro, gostaria de referir uma experiência pessoal: durante vários anos tive oportunidade de participar nos trabalhos desta Sagrada Congregação, e constituiu para mim experiência muito preciosa, porque não só aproveitei muito com ela, mas, ao mesmo tempo, pude confrontá-la com as experiências no meu campo de trabalho pastoral na Polónia.

Como bem sabeis, objecto da solicitude deste Dicastério são as Escolas Católicas, de qualquer ordem e grau, mas objecto de especialíssima solicitude são os Seminários Eclesiásticos; o que evoca imediatamente o grave e delicado problema das vocações sacerdotais, sem esquecer, naturalmente, o problema dos Institutos Superiores de vários tipos: as Universidades, as Faculdades Teológicas, as outras Faculdades de Estudos Eclesiásticos, etc. E também a este propósito devo recordar que tomei parte nos importantes trabalhos da Congregação relativos à preparação da nova Constituição Apostólica, que substituirá — como documento legislativo — a Constituição Deus scientiarum Dominus. Com base no mandato do Concílio Vaticano II foi já publicado, em Maio de 1968, um documento "transitório": Normae quaedam ad Constitutionent Apostolicam "Deus scientiarum Dominus" de studiis academicis ecclesiasticis recognoscendam.

Em seguida, depois da consulta a todos os ambientes interessados pela doutrina e pelo ensino católico, foi recolhido material abundante para a redacção da nova Constituição que deverá ser promulgada brevemente. Ora — e é um terceiro elemento de ordem psicológica e pessoal — o conjunto dos problemas que se referem à educação cristã, o significado particular da ciência na experiência histórica da Igreja e a actual missão da própria Igreja neste campo, são temáticas que me são particularmente próximas e conaturais. Com efeito, aprecio muito este sector da actividade da Igreja, porque tenho grande estima pela cultura humana: Genus humanum arte et ratione vivit. Se o homem — como escrevi na minha primeira Encíclica — constitui "o primeiro e fundamental caminho da Igreja" (Cfr. Encíclica Redemptor hominis, III, 14), como poderia esta desinteressar-se de tudo o que, mesmo a um simples nível natural, directamente tem a ver com a elevação do homem? Como poderia permanecer estranha às exigências e aos fermentos, aos trabalhos e às preocupações, às dificuldades e às conquistas da cultura hodierna? Não seriam o desinteresse e o alheamento uma como que fuga das próprias responsabilidades e um acto de omissão pelo "vulnus" que delas derivaria para a sua própria função evangelizadora? Na interpretação da ordem suprema de Cristo, penso que nunca se insistirá demasiado no significado premente e nas múltiplas implicações das palavras docete e docentes (Cfr. Mt Mt 28,18-19 no texto grego matheteúsate didáskontes ).

Compreendeis, portanto como, segundo uma tão ampla e alta perspectiva, se realiza o encontro de hoje não só convosco que aqui estais presentes, mas, pelo menos indirectamente e com certeza intencionalmente, se estenda aos professores e aos matriculados em todos os Institutos católicos de instrução e educação espalhados pelo mundo. As suas tarefas, a sua missão e a sua contribuição "criadora" para a missão universal da Igreja, são como que o pano de fundo desta solene audiência de hoje.

2. Num âmbito, contudo, mais imediato e directo, a audiência reúne uma escolhida e numerosa representação dos Institutos Superiores Romanos, o que é para mim motivo de grande alegria. Desejei vivamente este encontro, e alegro-me que ele decorra exactamente no tempo em que os Cardeais e os outros representantes do Episcopado estão reunidos para a sessão anual da Sagrada Congregação que se ocupa da organização e da animação da missão da Igreja no campo científico e educativo. A iniciativa de nos encontrarmos juntos partiu dos Reitores dos Institutos Romanos, com os quais já tive ocasião de tratar os preliminares de uma problemática tão importante para a vida da Igreja na Cidade Eterna. Estes Institutos, de facto, representam uma riqueza particular desta Igreja: por um lado, acolhem um numeroso grupo de professores, de especialistas e estudiosos, que, graças à sua inteligência e à sua preparação, honram a doutrina e a fé; por outro, estão abertos aos estudantes de todo o mundo e constituem, portanto, uma significativa e sugestiva "amostra" das nacionalidades, das línguas, dos elementos culturais e das variedades rituais do mundo católico. E por isso, e não é coisa de hoje, que lhes é devido um merecido reconhecimento internacional.

Pela minha parte, desejo aqui nomeá-los um por um, como prova da estima e da confiança que lhes dedico, e estes sentimentos desejam confirmar e continuar no tempo — por assim dizer — os de tantos meus Predecessores na Cátedra de Pedro. Eis, antes de mais, o grupo das Universidades distinguidas com o título de "Pontifícias": a Gregoriana, confiada aos Filhos de Santo Inácio e rica de uma plurissecular e bem provada experiência didáctica e científica; a Lateranense que, não apenas por ser topograficamente contígua à patriarcal Basílica de São João e ao Seminário Maior Romano, tem uma fisionomia típica de romanidade e uma singular função; depois a Universidade Urbaniana, destinada especialmente à causa primária da evangelização e à formação do Clero para as Missões; depois ainda a Universidade de São Tomás de Aquino, também chamada Angelicum, que tive a sorte de frequentar durante um biénio de trabalho que sempre recordarei; e por fim a Salesiana que, embora de fundação recente, quer afirmar-se com uma nota de originalidade no sector das disciplinas pedagógicas.

Seguem os Ateneus Pontifícios Anselmiano e Antoniano, dirigidos pelos Religiosos de São Bento e de São Francisco. Em seguida os Institutos Bíblico, Oriental, de Música Sacra, de Arqueologia Cristã. E finalmente as Faculdades Teológicas de São Boaventura, Teresianum e Marianum.Compreendendo também o Instituto de Estudos Árabes e a Faculdade Auxilium, são ao todo 16 os Centros Académicos existentes em Roma, com um número complexivo de mais de 950 professores e de cerca de 7.000 estudantes matriculados. São muitos, são poucos? Para além do dado quantitativo de per si variável e, por isso não absoluto, apresenta-se o panorama grandioso e consolador duma grande série de forças vivas e muito qualificadas; existe a realidade de uma riqueza que, antes de ser cultural e doutrinal, é de natureza espiritual; admira-se este conjunto de estruturas didácticas que está à disposição não só da Igreja católica, mas também da sociedade humana, que a Igreja é chamada a servir.

Para confirmar o prestígio e a ulterior potencialidade destas forças, basta considerarmos dois factos:

a) O primeiro é dado pela multiplicidade de especializações científicas, que existem dentro destes mesmos centros; não se pode falar de duplicações ou escolas inúteis, porque se em todas elas se encontra e funciona — como é óbvio — o esquema das disciplinas fundamentais (a começar pela ciência-rainha, a teologia), em cada uma existe como que uma característica, capaz de lhe conferir uma colocação original no quadro geral dos estudos eclesiásticos. Penso, a este propósito, nas várias "especializações" e nas "escolas superiores" de orientação moderna, que com genial intuição foram criadas, nos anos mais recentes. Foi uma resposta ao crescimento cultural do mundo.

b) O outro facto, que desejo recordar em termos elogiosos, é que as aludidas "especialidades" e, portanto, os respectivos Institutos especializados, estão disponíveis a uma fecunda colaboração com outras "especialidades" e Institutos. Deste modo, à necessidade objectiva e cada vez mais instante na actividade e na metodologia científica moderna — a necessidade da chamada interdisciplinaridade — e à necessidade de evitar o particularismo e o fragmentarismo cultural, correspondestes igualmente com uma colaboração aberta, inteligente, generosa e frutuosa. É gosto para mim reconhecer a importância deste activo intercâmbio cultural, quer dizer, melhor coordenação das iniciativas, oportuno confronto de resultados, equilibrada distribuição das investigações necessárias.

Tudo isto, da mesma maneira que favorece o incremento geral dos bons estudos, multiplica também os contactos entre pessoas com recíprocas vantagens, estimula a integração entre os diversos Institutos, testemunha a vivacidade e a vitalidade do ritmo dos estudos dentro da Igreja.

3. Mas, a este propósito, quereria insistir sobretudo na importância de uma autêntica formação científica na globalidade da formação sacerdotal, como recordo também na Carta que dirigirei aos Sacerdotes na próxima Quinta-feira Santa. Se a Igreja tem tanto a peito a promoção dos estudos superiores e, portanto, a preparação de estruturas adequadas, fá-lo "em última análise", para desempenhar melhor a sua missão no mundo e para servir melhor a causa do homem; mas fá-lo afinal para preparar aqueles a quem, em grande parte, tal missão e tal serviço são pedidos: isto é os Sacerdotes. Para ser completa e adaptada às exigências dos tempos, a formação dos Sacerdotes deve ser também científica. E a razão ou melhor, as razões desta mais exigente preparação são tão evidentes, que me parece supérflua qualquer explicação. Necessária é, antes de tudo, nos sagrados ministérios uma sólida cultura geral, como "humus" fecundo e receptivo a novos germes e susceptível de fecundos desenvolvimentos. Depois é necessário que sejam preparados e ajudados a atingir uma verdadeira e autêntica especialização a nível universitário que lhes dê a capacidade de participar nos processos criativos da cultura em todo o tipo de sociedade, na qual a Igreja se encontra a realizar a sua missão (Cfr. Decreto Optatam Totius OT 38).

Eis portanto os dois elementos desta formação: cultura geral e cultura especializada. Na realidade, nunca se sublinhará demais a necessidade de uma rica bagagem doutrinal para a formação de uma madura personalidade sacerdotal, como convém a quem deve ser pastor e mestre e é chamado a desempenhar múltiplos serviços ligados precisamente à vocação do sacerdote, do pastor e do mestre.

Hoje esta é uma tarefa de grande e singular responsabilidade. Necessitamos de homens que tenham profundo conhecimento dos problemas do homem e do mundo, mas tal conhecimento não se poderá limitar ao nível puramente humano e profano: deverá basear-se, sobretudo, na "ciência da fé", ou melhor ainda, deverá brotar de uma precisa atitude de fé, de um activo exercício da fé, que significa comunhão e colóquio com o próprio Verbo de Deus, o Mestre que ensina e se faz ouvir "ad intus": Ille... qui consulitur, docet, qui in interiore homine habitare dictus est Christus, idest incommutabilis Dei Virtus atque sempiterna Sapientia (Santo Agostinho, De Magistro 11, 38; PL 32, 1216; cfr. Ef Ep 3,16 1Co 1,24). Temos necessidade de Sacerdotes dotados de fundamentado sentido teológico, escutando atentamente a Sagrada Escritura, a Tradição e o Magistério. Temos necessidade de Sacerdotes que, ensinando a fé e a moral, construam e não destruam. Tudo isto pressupõe amplidão doutrinal, honestidade intelectual, adesão fiel ao "sagrado depósito", consciência da participação na "função profética" de Cristo: isto é, é necessária uma maturidade de qualidade superior.

4. Nesta problemática tão vasta, em que os temas indicados mereceriam um desenvolvimento bem mais longo, desejo ainda fazer notar um aspecto. Penso que e necessário dar especial atenção "experiência de Roma" , como elemento daquela formação que leva a cada Igreja local um são e fecundíssimo fermento de universalidade. Dizendo isto, recordo-me do tempo dos meus estudos romanos e, do mesmo modo, das experiências feitas durante os meus sucessivos contactos com a "Roma sacra", que oferece sucos e, alimentos vitais a todo o cristão e, sobretudo, a todo o Sacerdote. Que ensina Roma? Hic saxa ipsa loquuntur, poder-se-ia muito justamente dizer. Oh, não é retórico insistir neste dado histórico-ambiental: Roma, cidade única no mundo, é o centro da irradiação da fé cristã. E necessário, portanto, ter consciência deste facto, ser digno dele, corresponder e colaborar na função exemplar que a Roma compete em relação ao mundo católico inteiro. E vós, jovens, que tendes a oportunidade de fazer os estudos em Roma, deveis "aproveitar desta permanência e do ensinamento que aqui vos e concedido; deveis tirar firmeza de fé e largueza de perspectivas das memórias que o testemunho dos Apóstolos Pedro e Paulo, o sangue dos inumeráveis Mártires e os vestígios de um acontecimento religioso já bimilenário aqui reuniram.

5. É neste espírito que dirijo as minhas saudações a todos os componentes dos Institutos Superiores, na proximidade da Santa Páscoa. É neste espírito que expresso as minhas fervorosas saudações à Congregação para a Educação Católica, ao seu venerado e benemérito Prefeito, aos Senhores Cardeais e Bispos; A uns e a outros, ligados entre si por um empenho que, apesar de ter expressões e formas diferentes, tem finalidade unitária, porque orientado para a mesma meta, recomendo que vivam, com atenta e lúcida consciência, esta hora solene dar Igreja (Cfr. Encíclica Redemptor hominis, I, 1). Enquanto a humanidade está caminhando para o Ano dois mil, não é licito ao Povo de Deus atrasar-se, parar ou retroceder. A Igreja deve caminhar na história com o olhar dirigido para trás (Ecclesia retro-oculata) e ao mesmo tempo para a frente (Ecclesia ante-oculata), mas fixo sobretudo no alto em Cristo, seu Senhor (Ecclesia supra-oculata): levatis ad Dominum oculis... De facto é do alto, d'Ele que lhe vêm a inspiração, a força, a resistência, a coragem. E como poderiam, os membros do Povo de Deus permanecer inertes?

Irmãos e Filhos caríssimos, o período pós-conciliar trouxe consigo um conjunto de interrogações à Igreja, quase em continuação das interrogações de fundo do Concilio Vaticano II: Ecclesia Dei, quid dicis te ipsa? Ora, seria tuna espécie de reticências não falar da crise que veio em seguida, ou negar, por exemplo, que às vezes certas interrogações foram postas de maneira "radical" e assumiram um carácter de "contestação", ou ignorar que esta, sobretudo, interessou e quase atacou) o sacerdócio ministerial, a vocação sacerdotal; e também o Seminário como instituição. Não é necessário, aliás, recordar o calor de alguns debates e polémicas. Todavia, muitas discussões foram ocasião para oportunas precisações e ajustamentos. Retomado o estudo daqueles problemas — basta pensar no Sínodo de 1971 —, examinadas profundamente as objecções ou os novos elementos das diversas questões, as coisas retomaram o seu justo lugar e disso já surgiram significantes confirmações. Pode dizer-se que, graças a este esforço crítico e auto-crítico, da fase "negativa" começámos já a passar a uma actuação "positiva" do Vaticano II, isto é, àquele autêntico renovamento ou "aggiornamento", que estava entre os objectivos do amável Pontífice que animosamente o quis.

Com todos os presentes, peço eu ao Senhor Jesus, no seu mistério pascal, para que tal renovação se manifeste no sector da educação e da instrução, em particular por meio de um novo florescimento de santas vocações em todas as Igrejas locais. Quero dizer vocações sacerdotais, religiosas e missionárias; vocações amadurecidas através das respectivas Instituições, isto é dos Seminários, dos Estudantados e dos Centros Universitários; vocações amadurecidas com aquela maturidade, de, que têm necessidade as testemunhas do Evangelho, nos nossos tempos tão difíceis e cheios de responsabilidade. Spes non confundit (Rm 5,5)! Nem todas as dificuldades estão superadas, mas é tempo, não já com uma esperança confusa, de retomar o caminho contando com a ajuda que nunca falta d'Aquele que, se confiou a Igreja aos homens, garantiu também que nunca os abandonaria: Ecce ego vobiscum sum omnibus diebus (Mt 28,20). Com a expressão que foi cara ao meu Predecessor e Pai, Paulo VI, dir-vos-ei, portanto: Para a frente em nome do Senhor e com a minha afectuosa Bênção!



DISCURSO DO PAPA JOÃO PAULO II


AOS MEMBROS DA MESA DE PRESIDÊNCIA


DO PARLAMENTO EUROPEU


5 de Abril de 1979



Senhor Presidente
Meus Senhores

Agradeço a vossa visita, ficando impressionado pela importância que dais a um encontro com o Papa.

Na parte da Europa que vós representais, a construção laboriosa de maior unidade entra este ano numa fase importante, ao prepararem-se as eleições em cada um dos vossos países, para dotar doravante o Parlamento Europeu de elementos designados directamente para este efeito pela totalidade dos seus compatriotas. Esta consulta faz-se num campo em que o Papa não intervém a não ser no quadro da sua missão, de ordem religiosa e moral, entre outras coisas para convidar os cidadãos a bem cumprirem o seu dever eleitoral, associando-se voluntariamente às exortações dos outros Bispos europeus. A sua solicitude pastoral estende-se, de facto, às necessidades humanas e espirituais de centenas de milhões de homens que são atingidos por esta estrutura política.

Cada parlamentar europeu procura evidentemente orientar esta Europa na direcção que julga mais favorável aos interesses, ao progresso e ao bem-estar das populações. Para tal inspira-se na sua experiência, nas suas convicções, nos pontos de vista do seu partido político. Se tenho um desejo a formular, é este: que cada um, ultrapassando o espírito partidário ou, ao contrário, de desinteresse a que pode ser tentado, se ponha verdadeira, livre e conscientemente, as questões essenciais: como chegar a uma fraternidade mais larga sem se perder nada das tradições válidas que são próprias de cada país ou região? Como desenvolver as estruturas de coordenação sem diminuir a responsabilidade na base ou nos corpos intermédios? Como permitir aos indivíduos, às famílias, às comunidades locais e aos povos que exerçam os seus direitos e os seus deveres, abrindo-se, no interior desta Comunidade europeia e face ao resto do mundo, em particular ao resto da Europa e aos países mais desprovidos, a um bem comum mais largo e a uma maior harmonia? Quanto maior e mais complexo é o organismo, tanto mais se deve redobrar a vigilância no sentido de se determinar uma linha comum de acção. Tanto mais é necessário ainda ter em conta as reais necessidades de cada uma das partes, para evitar que se construa uma estrutura teórica, que despreze estas necessidades e se deixe guiar por interesses de grupos particulares. O teste continua a ser o respeito pelos direitos fundamentais da pessoa.

Para entender bem, é necessário reflectir sobre o significado da instituição. As instituições, quer as de uma Europa em vias de unidade, quer as de outras entidades nacionais ou internacionais, devem estar sempre ao serviço do homem, e nunca ao contrário. As instituições comunitárias são sempre instrumentos, instrumentos de certo importantes; mas nunca realizarão um trabalho fecundo se não colocarem no centro das suas preocupações o homem na sua integridade. As instituições, só por si, nunca farão a Europa; os homens é que a farão.

Mesmo procurando, como se impõe, tudo o que possa fazer progredir a unidade dos homens e, ao mesmo tempo, assegurar o seu desenvolvimento, é necessário sempre perguntarmo-nos — como o indiquei recentemente: «Este progresso, de que é autor e fautor o homem, torna de facto a vida humana sobre a terra, em todos os seus aspectos, 'mais humana'? Torna-a mais 'digna do homem'? ... o homem, enquanto homem, no contexto deste progresso, torna-se verdadeiramente melhor, isto é, mais amadurecido espiritualmente, mais consciente da dignidade da sua humanidade, mais responsável, mais aberto para com os outros, em particular para com os mais necessitados e os mais fracos, e mais disponível para proporcionar e prestar ajuda a todos» (Redemptor hominis RH 15)?

Por isso, é necessário, desde o início, situar a responsabilidade moral que cada ser humano deve conscientemente assumir frente ao desafio das tarefas que lhe competem como cidadão de uma pátria, cidadão de uma região demarcada por uma história e um destino comuns — e podemos falar aqui de uma história cristã no que diz respeito à Europa — ou cidadão até do mundo inteiro.

O homem, robustecido pelo sentido da sua responsabilidade moral, estará à altura de entrar em comunhão com os outros, porque o destino da humanidade nunca se joga no isolamento mas na solidariedade, na colaboração, na comunhão com os outros, através dos outros e pelos outros.

Falei em robustecer a responsabilidade moral dos homens. Mas neste caso, os homens que se aproximam pertencem a povos que têm já a sua história, as suas tradições, os seus direitos, e em particular o direito à sua identidade soberana. São estes povos que são convidados a unirem-se mais intimamente. A associação não deverá nunca confinar-se num nivelamento; deverá, antes, contribuir para valorizar os direitos e os deveres de cada povo, no respeito pela sua soberania, e realizar assim uma harmonia mais rica, tornando as nações capazes de entrarem em relação umas com as outras, com todos os seus valores, sobretudo os valores morais e espirituais.

Por outro lado, as partes assim reunidas não esquecerão, evidentemente, que não constituem, por si sós, toda a Europa; continuarão conscientes da sua responsabilidade comum pelo futuro de todo o continente, este continente que, para além das suas divisões históricas, das suas tensões e dos seus conflitos, tem uma profunda solidariedade, para a qual contribuiu em larga escala a própria fé cristã.

É, por isso, toda a Europa que deve beneficiar dos passos já dados, bem como os outros continentes, para os quais a Europa poderá voltar-se com a sua originalidade específica. É, na verdade, um grande serviço, um serviço delicado este que se confia ao Parlamento Europeu. Eu peço ao Senhor que vos esclareça, que vos assista, que vos dê a coragem de procurar, custe o que custar, a justiça e a verdade, o respeito pelas pessoas, pelas situações e pelos povos.





DISCURSO DO PAPA JOÃO PAULO II


A UM GRUPO DE BISPOS, SACERDOTES


E FIÉIS DA HUNGRIA


Sexta-feira, 6 de Abril de 1979



Venerados e queridos Irmãos!

1. Não posso deixar de vos manifestar a profunda alegria que sinto pelo meu primeiro encontro com um grupo tão numeroso de Prelados, de Sacerdotes e de Fiéis, acompanhados pelo Cardeal Lászlo Lékai, que se reuniram em Roma para celebrar c quarto centenário da fundação do Colégio Germânico-Húngaro.

Tal data foi já solenemente celebrada no domingo passado, na presença de Purpurados e Prelados, de altas Autoridades húngaras, dos Embaixadores da República Federal da Alemanha e da Áustria, e de outras Personalidades; e foi recordada, nessa ocasião, a alta missão desempenhada durante séculos, pelo Colégio Germânico-Húngaro na formação de Sacerdotes santos e doutos, que não raro chegaram a cargos de grande responsabilidade na Igreja.

Como se sabe, em 1579 o meu Predecessor Gregório XIII fundou o Colégio Húngaro. Pouco antes, no ano de 1573, havia instituído o novo Colégio Germânico, secundando idealmente uma intenção de Santo Inácio de Loyola.

Dado que o Colégio Húngaro não podia ser provido de meios suficientes, no ano seguinte à sua fundação, isto é em 1580, o Papa uniu-o ao Colégio Germânico e deu disposições ao Núncio Apostólico Malaspina no sentido de enviar para Roma doze estudantes da Hungria. Mas o Representante Pontifício pôde mandar apenas um, porque a vossa Nação, naquela época, estava sob o domínio estrangeiro.

Muitos e zelosos Sacerdotes, e também Bispos de grande prestígio, saíram deste Colégio: basta recordar as grandes personalidades de Emerico Losy, Jorge Lippay e Jorge Szelepcsenyi, que no século XVII organizaram a vida da Igreja, então dificultada por cisões. Nem quero deixar esquecida a figura de Bento Kisdy, cujos admiráveis cânticos ecoam ainda nas vossas igrejas. Mas acima de todos salienta-se o grande pensador, teólogo e orador do século passado, Otokar Prolaszka, Bispo de Szekesfehérvár.

Esta missão, no que diz respeito à Hungria, desde há tempo que foi interrompida; mas sabe-se que proximamente recomeçará. Formulo portanto fervorosos votos por que os Sacerdotes húngaros, que serão formados no Colégio Germânico-Húngaro, constituam glória para a Igreja e para a Pátria.

Saúdo de modo particular o já mencionado Cardeal Primaz, os Irmãos no Episcopado, e todos os outros ex-alunos do Colégio Germânico-Húngaro aqui presentes ou que ficaram na Hungria.

Mas nestes dias vós também celebrastes o quinquagésimo aniversário da abertura, na Urbe, do Instituto Eclesiástico Húngaro, que em 1940 recebeu o selo da aprovação da Santa Sé.

Apraz-me recordar que, também neste Instituto, foram educados e formados inúmeros sacerdotes, para o bem da Igreja e da Pátria. É-me grato saudar os Prelados, ex-alunos ou também Reitores do Instituto; e com eles desejo saudar, com estima e afecto, todos os sacerdotes que frequentaram o Instituto Eclesiástico Húngaro de Roma.

A Igreja, Mãe e Mestra, tem o direito e o dever de fundar e dirigir Institutos onde ela, com plena liberdade, possa educar e formar os seus filhos. "A Santa Mãe Igreja — afirma o Concílio Vaticano II — para cumprir o mandato recebido do seu divino Fundador, isto é, anunciar a todos os homens o mistério da salvação e instaurar em Cristo todas as coisas, deve cuidar de toda a vida do homem, mesmo terrena, enquanto ligada com a vocação celeste, tem a sua parte no progresso e expansão da educação" (Decr. Gravissimum Educationis, Introd). E ainda: "... Este Sagrado Concílio de novo proclama o direito que a Igreja tem de livremente instituir e dirigir escolas de qualquer ordem e grau, direito este proclamado já em vários documentos do Magistério, recordando que o exercício do mesmo direito muito pode contribuir para a liberdade de consciência e protecção dos direitos dos pais, bem como para o progresso da própria cultura" (Ibid., 8).

A fausta celebração do quinquagésimo aniversário de abertura na Urbe do vosso Instituto, dá ocasião, a mim e a vós, para uma breve reflexão sobre a importância fundamental e primária, para a vida mesma da Igreja, da formação de Sacerdotes que sejam, contemporaneamente, santos, isto é que vivam intensamente em união com Cristo (Cfr. Jo Jn 15,9 s.), modelando a sua vida sobre a d'Ele (Ga 2,20 Ph 1,21) e satisfazendo dia a dia as exigências, algumas vezes árduas do Evangelho (Cfr. Mt Mt 16,24 Mc 8,34); e sejam também doutos, isto é profundos conhecedores da Palavra de Deus, da Sagrada Escritura, do ensinamento do Magistério da Igreja, e capazes de comunicar tal ensinamento para iluminar e orientar os fiéis, mostrando-se assim autênticos "Ministros da Palavra" (Cfr. Lc Lc 1,2 Ac 6,4 Ac 20,24 2Co 6,7 2Tm 2,15).

Faço votos sinceros por que os dirigentes e os professores dos dois mencionados Institutos, e também os seus alunos, tendam com todas as energias para estas finalidades, realizando o que recomenda vivamente o Concilio Vaticano II quando fala dos Seminários Maiores e, por conseguinte, também dos Institutos Eclesiásticos: "Neles, a educação integral deve tendera que os alunos se formem verdadeiros pastores de almas, à imitação de Nosso Senhor Jesus Cristo, Mestre, Sacerdote e Pastor. Preparem-se, portanto, para o ministério da Palavra, de modo que entendam sempre melhor a Palavra de Deus revelada, a possuam meditando-a, e a manifestem com a língua e os costumes; preparem-se igualmente para o ministério do culto e da santificação, para que, orando e desempenhando-se das sagradas funções litúrgicas, exerçam a obra da salvação pelo Sacrifício Eucarístico e pelos Sacramentos; preparem-se, finalmente, para o ministério de pastores, de forma que saibam apresentar aos homens Cristo" (Cfr. Decr. Optatam Totius OT 4).

2. Perante este qualificado grupo de Prelados, de Sacerdotes e de Fiéis da nobilíssima Hungria, vêm espontâneas a recordação, a admiração e a veneração para com o Santo Rei Estêvão que, entre o século X e o século XI, obtendo do meu Predecessor Silvestre II o reconhecimento do reino, dava início à vossa gloriosa história e se tornava, justamente, o pai da Pátria, o apóstolo da fé católica e o fundador da Igreja na Hungria. Sede sempre orgulhosos deste grande Santo, que soube sintetizar, em perfeita harmonias a coerência com a fé cristã, a fidelidade à Igreja e o amor à própria Nação!

Os meus sentimentos de benevolência e de afecto para convosco manifestei-os na minha carta dirigida a 2 de Dezembro passado ao Cardeal Primaz, aos Prelados e, por conseguinte, também a todos os queridos irmãos e filhos da Hungria. Na mesma carta escrevia que estava persuadido que a Igreja Católica, que teve parte de tão grande importância na história húngara, possa também no futuro continuar, em certo sentido, a plasmar a face espiritual da vossa Pátria, irradiando sobre os seus filhos e sobre as suas filhas aquela luz do Evangelho de Cristo, que durante tantos séculos iluminou a vida dos vossos concidadãos.

Desejo, neste nosso encontro, renovar-vos a expressão dos meus sentimentos e recomendar-vos que continueis a trabalhar, com zelo e dedicação, sempre em harmonia entre vós. Soube com viva satisfação que vos dedicais, com particular e aumentado empenho, à formação da juventude. E dever primário da Igreja, que tem consciência de "os jovens exercerem na sociedade actual uma influência sumamente importante" (Decr. Apostolicam Actuositatem AA 12). Eles procuram a verdade, a solidariedade e a justiça; sonham e querem contribuir para a construção de uma sociedade melhor, da qual sejam banidos os egoísmos, mas em que sejam respeitadas a originalidade e a irrepetibilidade das pessoas humanas; procuram uma resposta global e exaustiva aos problemas fundamentais do homem, tais como os problemas relativos ao significado essencial e existencial da vida. A tais exigências, a tais interrogações dos jovens respondei com zelo constante, apresentando-lhes Cristo, a sua pessoa, a sua vida, a sua mensagem, exigente sim, mas cheia de esperança e de amor. "A única orientação do espírito — escrevi recentemente — , a única direcção da inteligência, da vontade e do coração, para nós é esta: na direcção de Cristo, Redentor do homem; na direcção de Cristo, Redentor do mundo. Para Ele queremos olhar, porque só n'Ele, Filho de Deus, está a salvação, renovando a afirmação de Pedro: 'Para quem iremos nós, Senhor? Tu tens as palavras de vida eterna' (Jn 6,68 cfr. Act Ac 4,8-12)" (Enc. Redemptor Hominis, II, 7). Continuai estes vossos esforços. O Senhor ajudar-vos-á em todas as circunstâncias com o seu conforto e com a sua graça.

3. Ao concluir este encontro, dirijo uma afectuosa saudação a vós aqui presentes; aos vossos Sacerdotes e Fiéis, e a todos os outros Prelados, Sacerdotes e Fiéis da Hungria, Reino de Maria. Sede sempre sólidos na fé em Deus e em Cristo (Cfr. 1Co 16,13 Col 1,23 Col 2,7 He 4,14 1P 5,9) e transmiti com clareza às futuras gerações este incomparável dom do Senhor (Cfr. Rom Rm 6,17 1Co 11,23 1Co 15,3 2Tm 2,2)!

Invoco sobre a vossa Nação a maternal protecção da Virgem Santíssima, sua Rainha celeste; do Santo Rei Estêvão; de Santa Isabel da Hungria, "pauperum consolatrix" e "famelicorum reparatrix"; da Beata Edviges, rainha da Polónia, dom esplêndido que, no século XIV, o vosso Povo ofereceu à minha Pátria de origem; de todos os Santos e Santas que a Hungria, para a glória de Deus, deu à Igreja e ao mundo.

A minha deferente saudação e os meus bons votos dirigem-se também às Autoridades civis, como ainda a todos os Húngaros que não compartilham a nossa fé.

A todos vós, aos Prelados, aos Sacerdotes, aos Religiosos, às Religiosas e aos Fiéis da Hungria dou uma copiosa Bênção Apostólica.






Discursos João Paulo II 1979 - 31 de Março de 1979