AUDIÊNCIAS 1979


JOÃO PAULO II

AUDIÊNCIA GERAL

Quarta-feira, 9 de Maio de 1979

Na alegoria do Bom Pastor o sentido do mistério da Igreja




1. Nos 40 dias, que separam a Ascensão do Senhor da festa da Ressurreição, vive a Igreja o mistério pascal meditando-o na Sua liturgia, na qual ele se decompõe, poder-se-ia dizer, como num prisma. Lugar especial, nesta litúrgica contemplação pascal, ocupa a figura do Bom Pastor. No quarto domingo de Páscoa relemos a alegoria do Bom Pastor, que São João nos deixou no capítulo décimo do seu evangelho.

Já as primeiras palavras desta alegoria explicam o seu significado pascal. Cristo diz: Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá a vida pelas suas ovelhas (Jn 10,11). Sabemos que estas palavras foram de novo confirmadas durante a paixão. Cristo ofereceu a Sua vida na Cruz. E fê-lo com o amor. Sobretudo desejou corresponder ao amor do Pai, que amou de tal modo o mundo que lhe deu o Seu Filho único, para que todo o que n'Ele crer não pereça mas tenha a vida eterna (Jn 3,16). Cumprindo «este mandamento recebido ... do Pai» (Cfr. Jo Jn 10,18) e revelando o Seu amor, também Cristo provou, de modo especial, o amor mesmo do Pai. Afirma-o no mesmo discurso, quando diz: Por isto o Pai Me ama: porque dou a Minha vida para tornar a tomá-la (Jn 10,17). O sacrifício no Calvário é sobretudo a doação de Si mesmo, é o dom da vida, que, permanecendo nas mãos do Pai, é restituída ao Filho numa nova e esplêndida forma. Assim portanto a Ressurreição é o dom mesmo da Vida restituída ao Filho em paga do Seu sacrifício.Cristo tem disto consciência e exprime-a também na alegoria do Bom Pastor: Ninguém ma tira (a vida); sou eu que a dou por mim mesmo. Tenho poder para a dar e para retomá-la (Jn 10,18).

Estas palavras referem-se evidentemente à Ressurreição, e exprimem toda a profundidade do mistério pascal.

2. Jesus é Bom Pastor porque dá a Sua vida ao Pai deste modo: entregando-a em sacrifício, oferece-a pelas ovelhas.

Aqui entramos no terreno duma esplêndida e fascinadora semelhança, já tão querida aos profetas do Antigo Testamento. Eis as palavras de Ezequiel:

Com efeito, eis o que diz o Senhor Deus: Eu mesmo vou tomar conta das Minhas ovelhas e cuidarei delas ... Sou Eu que apascentarei as Minhas ovelhas, sou Eu quem as fará descansar ...(Ez 34,11 Ez 34,15 cfr. Jer Jr 31,30).

Retomando esta imagem, Jesus revelou um aspecto do amor do Bom Pastor que o Antigo Testamento não pressentia ainda: oferecer a vida pelas ovelhas.

Jesus no Seu ensinamento, como é sabido, servia-se muitas vezes de parábolas para tornar compreensível aos homens, geralmente simples e habituados a pensar por meio de imagens, a verdade divina que anunciava. A imagem do Pastor e do rebanho era familiar à experiência dos Seus ouvintes, como não deixa de ser familiar à mentalidade do homem contemporâneo. Embora a civilização e a técnica façam impetuosos progressos, esta imagem continua ainda a ser actual na presente realidade. Os pastores levam as ovelhas aos pastios (como, por exemplo, nas montanhas polacas donde provenho) e lá ficam com elas durante o verão. Acompanham-nas nas deslocações dentro dos pastios. Guardam-nas para que não se tresmalhem e de modo especial defendem-nas dos animais selvagens, como nos diz o texto evangélico: o lobo arrebata e dispersa as ovelhas (Jn 10,12).

O Bom Pastor, segundo as palavras de Cristo, é precisamente aquele que, «vendo vir o lobo», não foge, mas está pronto a expor a própria vida, lutando com o ladrão a fim de que nenhuma das ovelhas se perca. Se não estivesse pronto a isto, não seria digno do nome de Bom Pastor. Seria mercenário, mas não Pastor.

Este é o discurso alegórico de Jesus. O significado essencial dele está exactamente nisto: em que o bom pastor oferece a vida pelas ovelhas (Jn 10,11). Isto significa, no contexto dos acontecimentos da Semana Santa, que Jesus, morrendo na cruz, ofereceu a vida por cada homem e por todos os homens.

«Só Ele podia fazê-lo; Ele só podia levar o peso do mundo inteiro, o peso dum mundo culpado, a carga do pecado do homem, do presente e do futuro — os sofrimentos que nós deveríamos, mas não pudemos, pagar —, "no Seu corpo, sobre o madeiro da cruz" (1P 2,24) com um Espírito eterno "oferecendo-se a Si mesmo sem mancha a Deus ... para servir o Deus vivo" (He 9,14). Isto foi o que fez Cristo, que deu a Sua vida por todos: e por isso é chamado Bom Pastor» (Card. J. H. Newman, Parochial and Plain Sermons, 16, London 1899, pág. 235).

Mediante o sacrifício pascal, todos se tornaram o Seu rebanho — porque Ele a cada um assegurou aquela vida divina e sobrenatural, que desde a queda do homem, por causa do pecado original, fora perdida. Só Ele a podia restituir ao homem.

3. A alegoria do Bom Pastor e, nela, a imagem do rebanho têm importância fundamental para se compreender o que é a Igreja e quais as missões que Ela tem de exercer na história do homem. A Igreja não só deve ser «rebanho», mas deve realizar este mistério, que sempre se está a actuar entre Cristo e o homem: o mistério do Bom Pastor, que oferece a Sua vida pelas ovelhas. Assim fala dela Santo Agostinho: «Acaso Aquele, que primeiro te procurou quando O desprezavas, em vez de O procurar, te desprezará, ó ovelha, se o tornas a procurar? Começa pois a procurá-lo a Ele, que primeiro te procurou a ti e te conduziu aos Seus ombros. Faz que se torne verdadeira a Sua palavra: As ovelhas que me pertencem ouvem a Minha voz e seguem-Me» (Santo Agostinho, Enarrationes in Psatmos, Ps. LXIX, 6).

A Igreja, que é o Povo de Deus, é ao mesmo tempo realidade histórica e social, em que este mistério continuamente, e em diversos modos se renova e realiza. E homens diversos têm a sua parte activa nesta solicitude pela salvação do mundo, pela santificação do próximo, que é e não deixa de ser a solicitude própria de Cristo crucificado e ressuscitado. Sem dúvida tal é, por exemplo, a solicitude dos pais quanto aos próprios filhos. Mais: a solicitude de cada cristão, sem escolha, quanto ao próximo, aos irmãos e às irmãs, que Deus lhe apresenta no caminho.

Evidentemente, esta solicitude pastoral é, de modo especial, a vocação dos pastores: presbíteros e bispos. E eles devem de modo particular fixar os olhos na figura do Bom Pastor, meditar todas as palavras do discurso de Cristo e comensurar por elas a própria vida.

Demos uma vez mais a palavra a Santo Agostinho: «Oxalá não cheguem a faltar bons pastores! Longe de nós que faltem, e longe da misericórdia divina que deixe de os fazer surgir e estabelecer. Com certeza, se há boas ovelhas, haverá também bons pastores: de facto, é das boas ovelhas que derivam os bons pastores» (Santos Agostinho, Sermones ad populum, 1, Sermo XLIV. XIII, 30).

4. Segundo o discurso evangélico sobre o Bom Pastor, a Igreja cada ano reconstrói, na própria liturgia, a vida e morte de Santo Estanislau, Bispo de Cracóvia. A sua memória, no calendário litúrgico da Igreja Universal ocorre a 11 de Abril — data da morte que recebeu em 1079 das mãos do rei Boleslau o Temerário; mas na Polónia a festa deste Padroeiro principal é celebrada tradicionalmente no dia 8 de Maio.

Este ano completam-se 900 anos, nove séculos, desde o momento em que — seguindo os textos litúrgicos — podemos repetir d'Ele ter oferecido a vida pelas suas ovelhas (Cfr. Jo Jn 10,11). E, se bem que tal morte esteja tão longe de nós no tempo, não deixa de ter a eloquência dum testemunho especial.

No decorrer da história, os seus Compatriotas uniam-se espiritualmente à volta da figura de Santo Estanislau, sobretudo nos períodos difíceis.

No ano que decorre, ano de Grande Jubileu, desejo participar na solenidade em honra do santo Padroeiro da Polónia, eu como primeiro Papa Polaco, até há pouco ainda sucessor de Santo Estanislau na sé episcopal de Cracóvia.

Juntamente com todos aqueles que festejam esta solenidade, desejamos aproximar-nos de novo de Cristo Bom Pastor, que «oferece a vida pelas ovelhas», a fim de que Ele seja a nossa força pelos séculos futuros e pelas novas gerações.

Recordação de Aldo Moro

Há um ano foi encontrado o corpo sem vida do Prof. Aldo Moro: a trágica conclusão do impressionante acontecimento provocou na Itália e no mundo grande comoção e um enérgico protesto contra a cega e irracional violência que, com o assassínio do ilustre estadista, tinha humilhado e humanidade nas suas exigências fundamentais de verdade e de justiça.

Elevamos hoje uma particular oração por ele e pelos componentes da sua escolta, selvagem e friamente assassinados, e também por todos aqueles que neste ano, e ainda nestes últimos dias, foram vítimas de uma brutalidade inqualificável, que despoja a nossa milenária civilização dos seus valores humanos e cristãos. Aos gestos de ódio devemos todos responder com a mensagem de amor que Cristo nos deixou.

Oxalá que todos os cidadãos, com a sua honesta laboriosidade, possam construir, em serena e civil convivência, uma sociedade em que cada um viva plenamente os próprios direitos.

Seria bom pensarmos em tudo isto no contexto do discurso hodierno, sobre o tema do Bom Pastor; e dizermos a Cristo: "Oferecemos-Te estas vítimas pela paz no mundo, pela vitória da verdadeira justiça. Oferecemos-Te estas vítimas pela vitória do amor sobre o ódio!". Em tão grande sacrifício há uma força muito semelhante à de Cristo na Cruz.

Saudações

Aos Peregrinos provenientes de várias Dioceses italianas

Não obstante o pouco tempo que há à minha e â vossa disposição, não posso deixar de dirigir a minha cordial saudação e o meu sincero agradecimento aos numerosos grupos de peregrinos provenientes de várias Dioceses italianas, os quais, acompanhados pelos respectivos Bispos, vieram a esta Audiência para reavivarem a própria fé em Cristo ressuscitado e para testemunharem a sua fidelidade ao Papa. São eles os queridos fiéis das Dioceses unidas de Conza, Sant' Angelo dos Lombardos, Bisaccia e Nusco; das de Terni, Narni e Amelia; das de Sorrento e Castellammare di Stabia; de Fabriano e Matèlica; e ainda fiéis das Dioceses de Ancona, de Benevento e de Acerra.

Caríssimos filhos, o Senhor seja o vosso conforto nas dificuldades, o vosso apoio na fadiga quotidiana e o vosso prémio na vida futura. É este o voto que com grande benevolência formulo por todos v6s, e que faço acompanhar da Bênção Apostólica, desejando que ela atraia sobre todos que vos são queridos e sobre o vosso trabalho a plenitude dos dons celestes.

Aos jovens

A minha saudação dirige-se, agora aos jovens: a vós, numerosíssimos alunos das Escolas primárias e secundárias; e a vós, meninos que recebestes a Primeira Comunhão ou o Crisma!

Estamos no mês de Maio, dedicado a Maria Santíssima.

Na noite de 6 de Dezembro de 1876, Don Bosco viu em sonho Domingos Sávio, que morrera havia pouco. Vinha ele anunciar a Don Bosco que estava no Paraíso, e oferecer-lhe um ramo de flores que era símbolo das virtudes praticadas durante a vida.

A certa altura, Don Bosco perguntou-lhe: "Meu querido Domingos: depois de teres praticado durante toda a vida estas belas virtudes, que foi o que maior consolação te deu na hora da morte?". Domingos pensou um instante, e respondeu "O que mais me consolou na hora da morte foi a assistência de Maria, Mãe de Jesus! Di-lo aos rapazes! Que não se esqueçam nunca de Lhe rezar, durante a vida!".

Amai, pois, Nossa Senhora, queridos jovens e queridos meninos! Maria Santíssima, invocada, amada e imitada, vos ajude a manterdes-vos bons e santamente felizes.

Aos Doentinhos

Caríssimos doentes! Não obstante as preocupações e as fadigas, também hoje quisestes estar presentes na Audiência; para passardes alguns momentos com o Papa, para exprimirdes a vossa dedicação e o vosso amor ao Vigário de Cristo, e para ouvirdes a sua palavra e terdes a sua Bênção.

Saúdo-vos de modo muito particular e agradeço-vos de todo o coração a vossa presença, as vossas orações e os vossos sofrimentos oferecidos ao Senhor. Nos momentos de sofrimento e de solidão mais intensos, repeti as palavras de Santa Bernadete: "O Jesus, faz que eu te ame; ama-me Tu, e depois deixa-me na cruz por todo o tempo que quiseres!". "Virgem Santíssima, que eu possa permanecer contigo aos pés da Cruz!".

A minha Bênção vos encoraje e acompanhe.

Aos jovens casais

Caríssimos jovens casais! Na vossa viagem de lua-de-mel desejastes incluir Roma e a Audiência com o Papa! Recebei também vós as minhas boas-vindas e a minha afectuosa saudação.

O vosso sonho de amor realizou-se! Fazei com que a vossa alegria mais profunda nasça sempre e só do vosso amor fiel; paciente, compreensivo, sacrificado, inocente! Nossa Senhora vos ilumine todos os dias da vossa vida e vos guarde no amor de Cristo! Com a minha Bênção.









JOÃO PAULO II


AUDIÊNCIA GERAL


Quarta-feira, 16 de Maio de 1979

O conhecimento libertador que desperta confiança

1. Desejo hoje voltar mais uma vez à figura do Bom Pastor. Esta figura, como dissemos na semana passada, está profunda mente inserida na liturgia do período pascal. E é assim, porque. se imprimiu profundamente na consciência da Igreja, em especial na Igreja das primeiras gerações cristãs. Testemunham-no em especial as representações do Bom Pastor provenientes daquele período histórico. Evidentemente esta figura é singular síntese do mistério de Cristo e, ao mesmo tempo, da Sua missão sempre em actividade. «O bom pastor oferece a vida pelas ovelhas» (Jn 10,11).


Para nós que participamos constantemente na Eucaristia, que obtemos a remissão dos pecados no sacramento da Reconciliação; para nós que sentimos a solicitude incessante de Cristo pelo homem, pela salvação das almas, pela dignidade da pessoa humana e pela rectidão e limpidez dos caminhos terrestres da vida humana, a figura do Bom Pastor é tão eloquente como o era para os primeiros cristãos, que nas pinturas das catacumbas, ao figurarem Cristo como Bom Pastor, exprimiam a mesma fé, o mesmo amor e a mesma gratidão. E exprimiam-no nos períodos de perseguição, quando pela confissão de Cristo eram ameaçados de morte; quando eram obrigados a procurar os cemitérios subterrâneos para lá orarem juntos e participarem nos Santos Mistérios. As catacumbas de Roma e das outras cidades do antigo Império não deixam de ser eloquente testemunho do direito do homem a professar a fé em Cristo e a confessá-1'O publicamente. Nem cessam de ser também testemunho daquele poder espiritual que deriva do Bom Pastor. Mostrou-se mais poderoso que o antigo Império e o segredo desta força é a verdade, e o amor, de que sempre o homem tem a mesma fome e de que nunca está saciado.

2. Eu sou o bom pastor — diz Jesus —, conheço as Minhas ovelhas e as Minhas ovelhas conhecem-Me, como o Pai Me conhece e Eu conheço o Pai (Jn 10,14-15). Que maravilhoso é este conhecimento! Que conhecimento! Vai até à eterna Verdade e ao Amor, cujo nome é «Pai». Precisamente desta fonte provém aquele conhecimento particular, que faz nascer a confiança pura. O conhecimento recíproco: «Eu conheço ... e elas conhecem».

Não é conhecimento abstracto, certeza puramente intelectual, que se exprime na frase «tudo sei de ti». Aliás, tal conhecimento desperta medo, leva antes a que a pessoa se feche: «Não mexas nos meus segredos, deixa-me em paz». «Malheur à la connaissance ... qui ne tourne point à aimer!» («Ai do conhecimento ... que não se transforma em amor!») (Bossuet, De la connaissance de Dieu et de soi-même, Oeuvx Complètes, Bar-le-Duc 1870, pág. 86). Cristo diz todavia: «Conheço as minhas ovelhas», e di-lo do conhecimento libertador que desperta confiança. Porque, embora o homem defenda o acesso aos seus segredos, embora queira conservá-los para si mesmo, precisa ainda mais, «tem fome e sede» de Alguém, em cuja presença possa abrir-se, a quem possa manifestar e revelar-se a si mesmo. O homem é pessoa, e à «natureza» da pessoa pertence ao mesmo tempo a necessidade de se revelar a si mesma. Ambas estas necessidades estão intimamente unidas entre si. Uma explica-se pela outra. Ambas indicam, por sua vez, a necessidade de Alguém, em cuja presença o homem se possa revelar. Sem dúvida, mas mais ainda: precisa de Alguém que possa ajudar o homem a entrar no seu próprio mistério. Esse «Alguém» deve todavia conquistar a confiança absoluta; deve, revelando-se a si mesmo, confirmar que é digno de tal confiança. Deve confirmar e revelar que é Senhor e, ao mesmo tempo, Servo do mistério interior do homem.

Exactamente assim se revelou Cristo a si mesmo. As Suas palavras «conheço as minhas» e «as minhas ... conhecem-me» encontram confirmação definitiva nas palavras que seguem: «Ofereço a minha vida pelas ovelhas» (Cfr. Jo Jn 10,11 Jo Jn 10,15).

Eis aqui o perfil interior do Bom Pastor.

3. Durante a história da Igreja e do Cristianismo, nunca faltaram homens que seguissem Cristo-Bom Pastor.Certamente também não faltam hoje. A liturgia mais de uma vez se refere a esta alegoria, para apresentar-nos as figuras dalguns santos, quando no calendário litúrgico chega o dia da festa de cada um. Na passada quarta-feira recordámos Santo Estanislau, Padroeiro da Polónia, de quem celebramos este ano o nono centenário. Na festa deste Bispo-Mártir lemos mais uma vez o Evangelho do Bom Pastor.

Hoje desejava referir-me a outra personagem, uma vez que decorre este ano o 250° aniversário da sua canonização. Trata-se da figura de São João Nepomuceno. Nesta ocasião, a pedido do Cardeal Tomasek, Arcebispo de Praga, dirigi-lhe pessoalmente uma carta especial para a Igreja na Checoslováquia.

Eis algumas frases dessa carta:

«A figura grandiosa de São João tem exemplos e dons para todos. A história apresenta-o, primeiro, como entregue ao estudo e à preparação para o sacerdócio: consciente como era que, segundo a expressão de São Paulo, seria transformado noutro Cristo, encarna em si quer o ideal do conhecedor dos Mistérios de Deus, aplicado como foi à perfeição das virtudes; quer do Pároco, que santifica os seus fiéis com o exemplo da própria vida e com o zelo das almas; quer do Vigário-Geral, escrupuloso executor dos seus deveres, no espírito da obediência eclesial.

Neste cargo encontrou ele o seu martírio, para a defesa dos direitos e da legítima liberdade da Igreja diante dos caprichos do Rei Venceslau IV. Este participou em pessoa na sua tortura, depois mandou deitá-lo da ponte ao rio Moldava.

Alguns decénios depois da morte do homem de Deus, espalhou-se a voz de que o Rei o mandara matar por não querer violar o segredo da confissão. E assim o mártir da liberdade eclesiástica foi venerado também como defensor do sigilo sacramental.

Como ele foi sacerdote, parece natural que, antes de todos, hajam os sacerdotes de beber da fonte dos seus exemplos, hajam de revestir-se das suas virtudes e ser excelentes pastores. O bom pastor conhece as suas ovelhas, as exigências e carências delas. Ajuda-as a libertarem-se do pecado, a vencerem os obstáculos e as dificuldades que encontram. Ao contrário do mercenário, ele vai à procura delas, ajuda-as a levarem sempre o seu peso e sabe animá-las sempre. Medica-lhes as feridas e cura-as com a graça, sobretudo por meio do sacramento da Reconciliação.

De facto, o Papa, o Bispo e o Sacerdote não vivem para si mesmos mas para os fiéis, assim como os pais vivem para os filhos, e como Cristo se deu o o serviço dos seus Apóstolos: O Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida pelo resgate de muitos (Mt 20,28).

4. Cristo Senhor, na Sua alegoria do Bom Pastor diz ainda estas palavras: Ainda tenho outras ovelhas que não são deste aprisco e também tenho de as conduzir; ouvirão a Minha voz e haverá um só rebanho e um só Pastor (Jn 10,16).

Facilmente se pode adivinhar que Jesus Cristo, falando directamente aos filhos de Israel, indicava a necessidade da difusão do Evangelho e da Igreja e, graças a isto, a extensão da solicitude do Bom Pastor além dos limites do Povo da Antiga Aliança.

Sabemos que este processo começou a realizar-se já nos tempos apostólicos; que se realizou constantemente mais tarde e continua a realizar-se. Temos consciência do alcance universal do mistério da redenção e também do alcance universal da missão da Igreja.

Por isso, ao terminar esta nossa meditação de hoje sobre o Bom Pastor, pedimos com ardor especial por todas as «outras ovelhas» que deve ainda Cristo conduzir à unidade do aprisco (Cfr. Jo Jn 10,16). São talvez os que não conhecem ainda o Evangelho. Ou talvez os que, por qualquer motivo, o abandonaram; ou mesmo, talvez, ainda aqueles que se tornaram seus encarniçados adversários, os perseguidores.

Tome Cristo sobre os Seus ombros e aperte a Si aqueles que, sozinhos, não são capazes de regressar.

O Bom Pastor oferece a vida pelas ovelhas. Por todas.

Saudações

Aos Christian Brothers

Entre as muitas pessoas, que eu gostaria de saudar pessoalmente, há um grupo de "Christian Brothers", que se encontram em Roma para um curso de renovação espiritual. Desejo que vós e todos os vossos confrades saibais da minha profunda estima nela vossa vocação em favor da educação cristã e instrução da juventude. Mais importante todavia do que aquilo que fazeis é aquilo que sois: Homens que generosamente aceitastes um chamamento, Irmãos que estais totalmente consagrados ao Senhor Jesus, e dedicados à Sua Igreja e ao Seu apostolado. O vosso primeiro critério de êxito é a vossa capacidade de amar — amar Jesus Cristo, o Seu Pai e os Seus irmãos. A vossa mais profunda realização está na santidade de vida. O Papa é para vós, e Cristo está convosco — hoje e sempre.

A Peregrinos italianos

De bom grado dirijo agora uma palavra especial aos numerosos grupos de peregrinos provenientes de Bari, de Todi, de Bérgamo e de Vercelli. Acompanhados pelos seus Bispos respectivos, eles vieram a esta Audiência para testemunhar o: seu afecto ao Papa e para haurirem do alegre encontro com tantos fiéis, de todas as partes da Itália e do mundo, incitamento e estímulo para uma adesão a Cristo cada vez mais generosa.

Filhos muito queridos, ao exprimir-vos o meu apreço e a minha gratidão pelos sentimentos que a vossa presença e o vosso entusiasmo manifestam, desejo exortar-vos à perseverança nos bons propósitos, feitos por ocasião da Páscoa: que a vossa vida continue a ser uma vida de ressuscitados com Cristo. "Comportai-vos como homens livres, não como aqueles que fazem da liberdade como que um véu para encobrir a malícia, mas como servos de Deus" (1P 2,16).

Acompanho estes votos com a minha paternal Bênção Apostólica, que de bom grado faço extensiva aos vossos familiares.

Às Dirigentes dos Congressos "Venerável Maria Cristina"

Cordiais boas vindas, também às Dirigentes dos Congressos "Venerável Maria Cristina", aqui presentes para apresentarem ao Papa a sua filial homenagem e lhe oferecerem paramentos sacros, angariados em todas as regiões da Itália, para igrejas pobres de Roma. Ao mesmo tempo que vos agradeço do coração, filhas muito queridas, este testemunho de fé e de piedade cristã, faço votos por que a vossa benemérita Instituição tenha sempre bom êxito.

Aos jovens

Uma saudação particularmente sentida é dirigida a vós, crianças, rapazes, meninas e jovens, que desejastes vir visitar-me. Vejo-vos sempre de bom grado porque vós sois, na Sociedade, o florescer do coração e do espírito; e o vosso terreno é sempre fértil. Reparai, em redor de vós, neste Maio, tão belo e tão rico: é a vossa imagem. Conservai a longo este sorriso luminoso, com a graça e a alegria.

Ainda mais ternamente, vos saúdo e quase abraço, a vós meninos e meninas da Primeira Comunhão, que ainda trazeis o perfume do primeiro encontro com Cristo. Nenhuma Igreja no mundo é tão bela e santa como vós, que vos tornastes os tabernáculos vivos de Deus. Faço votos por que nenhum vento possa arrebatar-vos os dons levados ao vosso coração por Jesus.

Aos Doentinhos

No meio desta querida assembleia, não faltam os doentinhos e os que sofrem: desejo recordá-los e saudá-los a todos com particular afecto, porque eles merecem sempre especial atenção, têm necessidade de conforto; e são: uma presença singular e preciosa de Deus no nosso mundo. A minha oração não esquece aqueles que, na família humana inteira, carregam cruzes pesadas, no corpo e no espírito. Que todos sejam ajudados, e confortados com a graça do nosso divino Salvador, de que deseja ser penhor a minha Bênção.

Aos jovens casais

A minha oração, as minhas saudações e os meus bons votos vão também para os jovens casais presentes neste encontro. Esta sua presença é sem dúvida um acto cordial de afecto filial para com o Papa; mas é também um acto de fé: do Vigário de Jesus Cristo eles esperam um voto encorajaste e corroborante para a viagem da sua vida. Sede sempre, entre vós, generosos e serenos, queridos cônjuges, estai sempre ancorados no poder da graça divina e no auxílio da Mãe de Deus Maria Santíssima, que honramos com tanta alegria no mês de Maio. Acompanhe-vos a minha Bênção.



JOÃO PAULO II


AUDIÊNCIA GERAL


23 de Maio de 1979

A Igreja deve renovar a sua consciência missionária




1. Amanhã termina o período de 40 dias, que separa o momento da Ressurreição do Senhor Nosso Jesus Cristo da Sua Ascensão. Este é também a altura da separação definitiva entre o Mestre, e os Apóstolos e discípulos. Num momento tão importante, Cristo confia-lhes a missão que Ele próprio recebera do Pai e principiou na terra: Assim como o Pai Me enviou, também Eu vos envio a vós (Jn 20,21). Isto lhes disse durante o primeiro encontro depois da Ressurreição. Nesta altura encontravam-se na Galileia segundo escreve S. Mateus: Os onze Discípulos partiram para a Galileia, para o monte que Jesus lhes tinha designado. Quando O viram, adoraram-n'O; alguns, no entanto, duvidavam ainda. Aproximando-se deles, Jesus disse-lhes: «Foi-Me dado todo o poder no céu e na terra: Ide pois ensinar todas as nações, baptizando-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, ensinando-lhes a cumprir tudo quanto vos tenho mandado. E Eu estarei sempre convosco, até ao fim do mundo» (Mt 28,16-20).

As palavras citadas contêm o chamado mandato missionário. Os deveres que transmite Cristo aos Apóstolos definem ao mesmo tempo a natureza missionária da Igreja. Esta verdade encontrou a sua expressão particularmente plena no ensinamento do Concílio Vaticano II. «A Igreja que vive no tempo é, por sua natureza, missionária, visto ter a Sua origem, segundo o desígnio de Deus Pai, na missão do Filho e do Espírito Santo» (Ad Gentes AGD 2). A Igreja, nascida desta missão salvífica, encontra-se sempre «in statu missionis» (em estado de missão), e está sempre a caminho. Tal condição reflecte as forças interiores da fé e da esperança que animam os Apóstolos, os discípulos e os confessores de Cristo Senhor, durante todos os séculos. «Muitos deixam de se fazer cristãos nestas terras, por não haver quem se ocupe de tão santas obras. Muitas vezes me vem ao pensamento ir aos colégios da Europa, levantando a voz como homem que perdeu o juízo ... aos que têm mais letras que vontade para se disporem a frutificar com elas. Quantas almas deixam de ir para a glória por negligência deles! ... Muitos desses deveriam procurar exercitar-se em ouvir o que o Senhor lhes diz. Então exclamariam do fundo da alma: «Eis-me aqui, Senhor; que quereis que eu faça? Mandai-me aonde quer que desejeis» São Francisco Xavier, Carta a Santo Inácio de Loyola, de 1544: H. Tursellini, Vita Francisci Xaxerii, Romae 1956, lib. 4; cit. segundo o «Breviário Romano», Officium Lectionis para 3 de Dezembro)

Nesta nossa época, estas forças, chamadas pelo Concílio nominalmente, devem ressoar de novo. A Igreja deve renovar a sua consciência missionária, o que, na prática apostólica e pastoral dos nossos tempos, exige certamente muitas novas aplicações; entre elas, uma renovada actividade missionária da Igreja motiva, ainda mais profundamente, e postula, ainda mais fortemente, esta actividade.

2. Aqueles que o Senhor Jesus manda — ou aqueles que, dez dias depois da Ascensão hão-de sair do cenáculo do Pentecostes, ou todos os outros — geração após geração até aos nossos tempos — levam consigo um testemunho que é a primeira fonte e o conteúdo fundamental da evangelização: Ides receber uma força, a do Espírito Santo, que descerá sobre vós, e sereis Minhas testemunhas em Jerusalém, por toda a Judeia e Samaria, e até aos confins do mundo (Ac 1,8). São encarregados de ensinar testemunhando. «O homem contemporâneo escuta de melhor vontade as testemunhas que os mestres, ou se escuta os mestres fá-lo porque são testemunhas» (Paulo VI, Discurso aos Membros do «Consilium de Laicis», 2 de Outubro de 1974; AAS 66, 1974, pág. 31).

Quando relemos, quer nos Actos dos Apóstolos quer nas Epístolas, a narração da catequese apostólica, verificamos com que exactidão os primeiros executores do mandato apostólico de Cristo encarnaram na vida este encargo. Diz São João Crisóstomo: «Se o fermento, misturado com a farinha, não transformar toda a massa numa só qualidade, terá sido verdadeiramente fermento? Não digas que não podes levar os outros; na verdade, se fores verdadeiro cristão, é impossível que isto não aconteça» (S. Ioannes Chrysostomus, In Acta Apostolorum, Homilia XX, 4. PG ).

Quem realiza a obra da evangelização não é sobretudo professor. É mensageiro. Comporta-se como homem a quem está confiado um grande mistério. É ao mesmo tempo como aquele que descobriu pessoalmente o tesouro maior, como o «escondido num campo» da parábola de Mateus (Cfr. Mt Mt 13,44). O estado da sua alma é, então, caracterizado também pela prontidão em reparti-lo com os outros. Mais ainda que a prontidão, sente um imperativo interior, na linha daquele magnífico «urget» de Paulo (Cfr. 2Co 5,14).

Todos nós descobrimos esta fisionomia interior lendo e relendo as obras de Pedro. de Paulo, de João e doutros, para conhecermos — por meio das suas obras, das palavras pronunciadas e das cartas escritas — que eram verdadeiramente os Doze. A Igreja nasceu «in statu missionis» nos homens vivos.

E este carácter missionário da Igreja renovou-se em seguida noutros homens concretos. de geração em geração. É necessário caminhar segundo as pegadas destes homens a quem, nas diversas épocas, foi confiado o Evangelho como obra da salvação do mundo. É necessário vê-los como eram por dentro. Como os plasmou o Espírito Santo. Como os transformou o amor de Cristo. Só então vemos de perto a realidade que esconde em si a vocação missionária.

3. Na Igreja, em que é evangelizador cada homem, Cristo continua a escolher os homens que quer «para os ter consigo e para os enviar a pregar às nações» (Ad Gentes AGD 23): deste modo a narração do envio dos Apóstolos torna-se história da Igreja da primeira à última hora.

A qualidade e o número das vocações são sinal da presença do Espírito Santo, porque é o Espírito «que distribui como quer os seus carismas para bem das almas»: para este supremo bem, Ele «inspira no coração de cada um a vocação missionária» (Ibid). E sem dúvida o Espírito que inspira e move os homens antecipadamente escolhidos, para a Igreja poder assumir a Sua responsabilidade evangelizadora. Sendo, de facto, a Igreja a missão encarnada, revela esta sua encarnação primeiro que tudo nos homens da missão: Assim como o Pai Me enviou, também Eu vos envio a vós (Jn 20,21).

Na Igreja, a presença de Cristo que chama e envia como durante a Sua vida mortal, e do Espírito Pentecostal que inflama, é a certeza de que as vocações missionárias não faltarão nunca.

Estes separados e designados pelo Espírito (Ac 13,2) «são marcados com vocação especial entre os povos e são enviados pela legítima autoridade: homens e mulheres, autóctones e estrangeiros: sacerdotes, religiosos e leigos» (Ad Gentes AGD 23). Surgirem e multiplicarem-se pessoas consagradas por toda a vida às missões, é também índice do espírito missionário da Igreja: da geral vocação missionária da comunidade cristã brota a especial e específica vocação do missionário: a vocação de facto não é nunca directamente singular, mas toca o homem por meio da comunidade.

O Espírito Santo, que inspira a vocação de cada um, é o mesmo que «suscita na Igreja Institutos, que assumem como tarefa própria, o dever de evangelizar, que pertence a toda a Igreja» (Ibid). Ordens, Congregações e Institutos missionários representaram e viveram por séculos o compromisso missionário da Igreja e vivem-no ainda hoje em plenitude.

A estas Instituições, portanto, confirma a Igreja a Sua confiança e o Seu mandato; e com alegria e esperança saúda as novas que surgem na Comunidade do mundo missionário. Mas elas, por sua vez, sendo a expressão da missionariedade também das Igrejas locais de que surgiram, em que vivem e em cujo favor operam, pretendem dedicar-se à formação dos missionários que são os verdadeiros agentes da evangelização na linha dos Apóstolos de Cristo. O número destes não deve diminuir, antes deve proporcionar-se às necessidades imensas dos tempos não longínquos em que os povos se abram a Cristo e ao Seu Evangelho de vida.

Além disso, não passa despercebido a ninguém um sinal da nova época missionária que a Igreja espera e prepara: as Igrejas locais, antigas e novas, são vivificadas e agitadas por uma ansiedade nova, a de encontrarem formas de acção especificamente missionárias com o envio dos próprios membros aos povos, quer individualmente quer inscrevendo-se nas Instituições missionárias. A missão evangelizadora «que diz respeito (precisamente) à Igreja toda» é cada vez mais sentida como esforço directo das Igrejas locais que por isso dão aos campos missionários os seus sacerdotes, religiosos, religiosas e leigos. Bem o viu e descreveu o Papa Paulo VI: «Evangelizadora, a Igreja começa por evangelizar-se a si mesma ... Quer isto dizer, numa palavra, que Ela tem sempre necessidade de ser evangelizada, se quer conservar frescura, rasgo e força para anunciar o Evangelho».

Como consequência, cada Igreja deverá colocar-se na perspectiva daquela vocação apostólica, que Paulo reconhecia em si quanto aos gentios e por causa da qual dizia: Ai de mim se não evangelizar (1Co 9,16).

4. O primeiro domingo de Maio era consagrado de modo especial à oração pelas vocações. Prolongamos esta oração por todo o mês, recomendando este problema tão importante à Mãe de Cristo e da Igreja, Maria.

Agora no período da Ascensão do Senhor, preparando-nos para a solenidade do Pentecostes, desejamos exprimir nesta oração o carácter missionário da Igreja. Por isso, pedimos também que a graça da vocação missionária, concedida à Igreja desde os tempos apostólicos através de tantos séculos e tantas gerações, ressoe na geração contemporânea dos cristãos com novo vigor de fé e de esperança: Ide ... e ensinai todas as nações (Ac 28,19).

Saudações

A Peregrinações italianas

Dirijo cordiais boas vindas às numerosas peregrinações italianas, tão bem organizadas pelas respectivas Comunidades diocesanas e acompanhadas pelos seus Pastores. Em particular saúdo os fiéis das Dioceses de Monopoli e Conversano, de Matera e Irsina, de Tursi-Lagonegro, de Lanciano e Ortona, e com o meu pensamento igualmente afectuoso abranjo a peregrinação dirigida pelos Padres Passionistas para recordar o centenário do nascimento de Santa Gemma Galgani.

Caríssimos Irmãos e Irmãs, estamos num clima espiritualmente estimulante da estação litúrgica pascal que tem o seu auge nas festas da Ascensão de Jesus e do Pentecostes, as quais assinalam o triunfo final da missão salvífica de Cristo e a coroam com o envio do Espírito Santo para a sua acção iluminadora e protectora da Igreja: comprometa-se cada um a viver estes mistérios dando testemunho deles com fé viva e ardente caridade, seguindo o exemplo de Santa Gemma, flor gentil desta dilecta Itália.

Aos jovens

Desejo agora reservar uma particular saudação aos jovens aqui presentes: são estudantes provenientes de várias partes da Itália e são meninos e meninas que receberam recentemente a Primeira Comunhão ou o Sacramento do Crisma e se reuniram aqui para expressarem ao Papa os seus sentimentos de fé.

Sede bem-vindos, caríssimos. Faço votos cordiais por que os anos, florescentes è prometedores da vossa juventude, não passem em vão para vós, e peço do coração para que na fé ardente e na amizade com Cristo saibais encontrar a força para estardes sempre à altura das responsabilidades que vos esperam na vida. Acompanhe-vos a minha bênção.

Aos jovens Casais

Para vós, jovens Casais, vão a minha saudação e os meus bons votos. Obrigado pela vossa presença e pela vossa cordialidade!

Recordo-vos, como pensamento para as vossas núpcias, a primeira Bem-aventuranea: "Bem-aventurados os pobres de espírito".

Que significa ser "pobres de espírito"? Significa ser humildes perante a Majestade suprema de Deus: significa aceitar a sua vontade e, por conseguinte, a sua lei moral, como mistério de amor e de salvação, a que é necessário abandonarmo-nos com total confiança e coragem; significa saber encontrar a alegria nas pequenas coisas feitas bem, com paciência e sem pretensões.

Procurai viver com generosidade esta Bem-aventurança e saboreareis um pouco na vossa casa a felicidade do Reino dos Céus!

Aos Doentinhos

Ao apresentar a minha saudação particularmente afectuosa aos doentinhos, desejaria convidá-los a reflectirem um instante sobre Jesus condenado à morte.

Quem era Jesus? Era o inocente por natureza; era o Verbo de Deus Encarnado; era o Messias, o supremo benfeitor da humanidade!

E mesmo assim, foi condenado à morte, e a uma morte terrível, porque do seu Sacrifício redentor devia brotar a nossa vida.

Tomai também vós o vosso sofrimento, não como uma condenação, mas como um acto de amor redentor. Mediante o "Apostolado do sofrimento", também vós estais na vanguarda na obra da conversão e da salvação das almas.

Ampare-vos a minha bênção, que de coração faço extensiva a todos os que vos assistem.




AUDIÊNCIAS 1979