AUDIÊNCIAS 1979

JOÃO PAULO II


AUDIÊNCIA GERAL


Quarta-feira, 30 de Maio de 1979

O dom do Pentecostes




1. Já nas primeiras frases dos Actos dos Apóstolos lemos que Jesus, depois da Sua Paixão e ressurreição, apareceu vivo... e deu-lhes numerosas provas com as Suas aparições, durante 40 dias, e com o que lhes dizia a respeito do Reino de Deus (Ac 1,3). Então anunciou-lhes que em breve seriam baptizados no Espírito Santo (Ac 1,5). E antes da separação definitiva, como nota o autor dos Actos dos Apóstolos, São Lucas — neste caso no seu Evangelho — ordenou-lhes ... ficai na cidade até serdes revestidos com a força lá do Alto (Lc 24,49). Por isso, os Apóstolos, depois de Ele os deixar subindo ao céu, voltaram a Jerusalém (Lc 24,52), onde — como de novo informam os Actos — se entregavam assiduamente à oração, em companhia dalgumas mulheres, entre as quais Maria, mãe de Jesus (Ac 1,14). Sem dúvida, o lugar desta oração comum, recomendada explicitamente pelo Mestre, era o templo de Jerusalém como lemos na conclusão do Evangelho de São Lucas (Lc 24,53). Mas era-o também o cenáculo, como se conclui dos Actos dos Apóstolos. O Senhor Jesus dissera-lhes: ides receber uma força, a do Espírito Santo, que descerá sobre vós, e sereis Minhas testemunhas em Jerusalém, por toda a Judeia e Samaria, e até aos confins do mundo (Ac 1,8).

Ano após ano, festeja a Igreja na Sua liturgia a Ascensão do Senhor no quadragésimo dia depois da Páscoa. Ano após ano, também esse período de dez dias, que decorre da Ascensão até ao Pentecostes, é passado em oração ao Espírito Santo. Em certo sentido a Igreja prepara-se, ano após ano, para o aniversário do Seu nascimento. Ela — como ensinam os Santos Padres — nasceu na Cruz sexta-feira santa; e revelou este Seu nascimento diante do mundo, no dia do Pentecostes, quando os Apóstolos foram revestidos com a força lá do Alto (Lc 24,49), quando foram baptizados no Espírito Santo (Ac 1,5). «Ubi enim Ecclesia, ibi et Spiritus Dei; et ubi Spiritus Dei, illic Ecclesia et omnis gratia: Spiritus autem veritas» (Onde está a Igreja, aí está também o Espírito de Deus; e onde está o Espírito de Deus, aí está a Igreja e toda a graça: o Espírito é verdade) (S. Irenaeus, Adversus haereses, III, 24, 1: ).

2. Procuremos perseverar neste ritmo da Igreja. No decurso destes dias, Esta convida-nos a participar na novena ao Espírito Santo. Pode dizer-se que, entre as diversas novenas, esta é a mais antiga; vai buscar a sua origem, em certo sentido, à instituição de Cristo Senhor. É claro que o Senhor não designou as orações, que devemos rezar durante estes dias. Mas, sem dúvida, recomendou aos Apóstolos que passassem estes dias em oração na expectativa da descida do Espírito Santo. Tal recomendação valia não só para essa altura. Valia para sempre. E o período de dez dias depois da Ascensão do Senhor traz em si mesmo, cada ano, a mesma chamada do Mestre. Esconde também, em si, o mesmo mistério da Graça, ligado ao ritmo do tempo litúrgico. É preciso tirar proveito deste tempo. Nele procuremos também recolher-nos, de modo especial, e, em certo modo, entrar no cenáculo juntamente com Maria e os Apóstolos, preparando a alma para receber o Espírito Santo e a Sua acção em nós. Grande importância tem tudo isto, para a maturidade interna da nossa fé, da nossa vocação cristã. E tem ainda grande importância para a Igreja como comunidade: cada comunidade na Igreja, e a Igreja inteira como comunidade das comunidades, cheguem à maturidade, ano após ano, mediante o Dom do Pentecostes.

«O sopro oxigenante do Espírito veio despertar na Igreja energias amodorradas, despertar carismas adormecidos, infundir aquele sentido de vitalidade e alegria, que em todas as épocas da história manifesta como é jovem e actual a Igreja, pronta e feliz por anunciar outra vez aos tempos novos a Sua mensagem eterna» (Paulo VI, Discurso aos Ex. mos Cardeais, a 21 de Dezembro de 1973: AAS 66, 1974, 18).

Também este ano é necessário prepararmo-nos para a recepção deste Dom. Procuremos participar na oração da Igreja. «... Il est impossible d'entendre 1'Esprit sans écouter ce qu'Il dit à 1'Eglise» (... é impossível ouvir o Espírito sem escutar o que Ele diz à Igreja») (H. de Lubac, Méditations sur 1'Eglise, Paris, Aubier, 168).

Oremos também sozinhos. Há uma oração especial que ressoará, com a devida força, na liturgia do Pentecostes; podemos contudo repeti-la muitas vezes, sobretudo no período actual de expectativa:

«Vinde, ó Santo Espírito, / mandai-nos do céu / um fulgor da vossa luz. / Vinde, ó pai dos pobres / vinde, dador dos bens / / vinde, luz dos corações. / ... doce hóspede da alma / dulcíssimo conforto. / No cansaço, repoiso, / no calor, brisa / no pranto, conforto. / ... Lavai as nossas manchas / Regai a aridez / Sarai o que sangra. / Abrandai as durezas / aquecei o que está frio / / guiai os errantes.

Talvez um dia voltemos a esta magnífica Sequência e procure-mos comentá-la. Por hoje, baste recordar brevemente algumas palavras e frases.

Dirijamos portanto as nossas orações neste período ao Espírito Santo. Peçamos os Seus dons. Peçamos a transformação das nossas almas. Peçamos a fortaleza na confissão, a coerência da vida com a fé. Peçamos que a Igreja cumpra a Sua missão no Espírito Santo; que a acompanhem o conselho e o Espírito do Esposo e do Seu Deus (Cfr. S. Bernardus, In vigilia Nativitatis Domini, Sermo 3, n. 1: PL 183, 941). Peçamos pela união de todos os cristãos. Pela união no cumprimento da mesma missão.

3. A descrição deste momento em que os Apóstolos, reunidos no cenáculo de Jerusalém, receberam o Espírito Santo, está de modo especial ligada com a revelação das línguas. Lemos: Subitamente ressoou, vindo do céu, um som comparável ao de forte rajada de vento, que encheu toda a casa onde se encontravam. Viram, então, aparecer umas línguas à maneira de fogo, que se iam dividindo, e poisou uma sobre cada um deles. Todos ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a falar outras línguas, conforme o Espírito Santo lhes inspirava que se exprimissem (Ac 2,2-4).

O acontecimento, que se realizou no cenáculo, não passou despercebido fora, à gente que então se encontrava em Jerusalém e eram — como lemos — judeus de diversas nações. ... a multidão reuniu-se e ficou estupefacta pois cada um os ouvia falar na sua própria língua (Ac 2,6). E os que pasmavam assim, ouvindo falar as suas próprias línguas, são enumerados em seguida na descrição dos Actos dos Apóstolos: Partos, medos, elamitas, habitantes da Mesopotâmia, da Judeia e da Capadócia, do Ponto e da Ásia, da Frigia e da Ponfília, do Egipto e das regiões da Líbia vizinha de Cirene, colonos de Roma, judeus e prosélitos, cretenses e árabes (Ac 2,9-11). Todos estes ouviam, no dia do Pentecostes, os Apóstolos, que eram galileus, falar nas suas próprias línguas e anunciar as grandes obras de Deus (Cfr. Act Ac 2,11).

Assim o dia do Pentecostes traz em si o visível e perceptível anúncio da realização do mandato de Cristo: Ide ... ensinai todas as nações (Mt 28,19). Por meio da revelação das línguas vemos já, de certo modo, e ouvimos a Igreja que, obedecendo a esse mandato, nasce e vive entre as várias nações da terra.

Daqui a alguns dias, ao decorrer o jubileu de Santo Estanislau, terei a felicidade de dirigir-me à Polónia, minha pátria. Lá precisamente celebrarei o Pentecostes, a festa da descida do Espírito Santo. Por me ser oferecida esta ocasião, já mais de uma vez expressei o meu agradecimento ao Episcopado e às autoridades estatais polacas ao receber tal convite. Renovo-o hoje uma vez mais.

Nesta perspectiva, desejo expressar especial alegria porque, àquela revelação das línguas no dia do Pentecostes, se veio juntar, no decorrer da história, também cada uma das línguas eslavas desde a Macedónia, através da Bulgária, a Croácia, a Eslovénia, a Boémia, a Eslováquia e a Lusácia, no ocidente. E do oriente: a Rus (hoje chamada Ucrânia), a Rússia e a Bielorússia. Desejo exprimir especialíssima alegria porque, à revelação das línguas no cenáculo de Jerusalém no dia do Pentecostes, se juntou também a minha nação e a sua língua: a língua polaca.

Uma vez que é oferecida a oportunidade de visitar, na solenidade do Pentecostes, a minha Pátria, desejo manifestar o meu agradecimento por ser o Evangelho anunciado, há tantos séculos, em todas estas línguas e particularmente na minha língua nacional. E ao mesmo tempo desejo servir a mesma importante causa nos nossos tempos: para que «as grandes obras de Deus» continuem a ser anunciadas com a fé e a coragem, como semente da esperança e do amor que, mediante o Dom do Pentecostes, enxertou em nós a Cristo.

A minha visita à Polónia, de 2 a 10 de Junho próximo, realizar-se-á enquanto na Itália e nalguns outros Países da Europa se realizarão acontecimentos de grande alcance: na Itália, a 3 e 4 de Junho, as eleições para o parlamento nacional; a 10 de Junho, nos nove Países da Comunidade Europeia, a eleição do primeiro Parlamento da mesma comunidade, designado com base popular.

Longe fisicamente, sentir-me-ei de coração próximo às dezenas e dezenas de milhões de homens e mulheres que se prepararão para cumprir um dever que é, ao mesmo tempo, acto de serviço ao bem comum. Pedirei ao Senhor, e estou certo que vós Lho pedireis comigo, que todos saibam cumprir esse seu dever com sentido de responsabilidade e maturidade, inspirando-se no ditame profundo da própria consciência.

Saudações

Aos Membros da "Comissão das Organizações familiares
junto das Comunidades europeias"

Desejo saudar de maneira especial os membros da "Comissão das Organizações familiares junto das Comunidades europeias": nas grandes mudanças que se estão a realizar, animo-vos de todo o coração na vossa actividade para salvaguardar e promover os interesses familiares, e para estudar os problemas numa perspectiva educadora e social.

Aos participantes na Assembleia plenária
da Comissão Euro-Internacional do betão

Saúdo os participantes na Assembleia plenária da Comissão Euro-Internacional do betão. Avaliamos as vossas responsabilidades: a técnica do betão reina já em quase todas as grandes construções através do mundo, quer se trate de imóveis, de obras públicas e até de trabalhos de arte. Este impressionante progresso técnico deve oferecer todas as garantias e harmonizar-se com as nossas cidades e as nossas paisagens. Compete a vós velar por isso. Faço votos por que chegueis a aliar cada vez mais a solidez, o carácter prático e a beleza, porque também vós podeis contribuir, para dar ao mundo um aspecto mais humano.

Aos Dirigentes do Instituto
para a Reconstrução Industrial (IRI)

Desejo dirigir uma saudação especial aos Dirigentes do Instituto para a Reconstrução industrial (IRI) e a todos quantos terminaram os cursos de aperfeiçoamento promovidos por esse Instituto e se preparar agora para regressar cada um à sua pátria.

Caríssimos, sei que provindes de vários países e vos aplicastes com empenho a cursos teóricos e práticos, que vos permitirão que sejais mais úteis às vossas respectivas nações.

A Igreja anima todas as iniciativas oportunas, tendentes a favorecer a colaboração fraterna entre os vários Países do mundo, para bem sobretudo dos que se encontram no caminho do desenvolvimento.

O Senhor sustente e abençoe a vós, aos vossos familiares e aos povos que esperam a vossa colaboração.

A diversos Grupos

O tempo não me permite dirigir uma palavra a cada grupo. Desejo contudo mencionar pelo menos os mais numerosos e qualificados, entre os quais:

— a peregrinação do Instituto "Pio IX ao Aventino", dos Irmãos das Escolas Cristãs;

— as Religiosas e as Leigas que pertencem ao Pontifício Instituto Teológico Internacional "Regina Mundi", que celebra este ano o 25° aniversário de Fundação;

— as Irmãs da Congregação da Caridade de Nevers, residentes em Roma, com os alunos, os pais e os professores deles; todos recordam o centenário da morte de Santa Bernadette Soubirous;

— as Filhas da Divina Providência;

— as Senhoras do "Movimento de espiritualidade da viuvez Madonnina del Grappa;

— os Alunos do Liceu Linguístico Tiraboschi de Módena;

— os Grupos juvenis da "Polisportiva Silenziosa Romana" e do Centro Desportivo do CONI com sede em Santa Maria "delle Mole" em Roma, que vieram a esta Audiência com numerosa "estafe-ta", que partiu da Igreja paroquial;

— saúdo ainda os numerosos Grupos das paróquias romanas.

Muito variam as idades, os ambientes e as espiritualidades de todos vós. Mas única é a fé, único o amor a Cristo e a veneração pelo Papa. A todos agradeço, a todos saúdo e abençoo no Senhor.

Aos jovens

Tenho agora a satisfação de saudar, com afecto paternal, as crianças, os rapazes e os jovens, que com o seu entusiasmo dão, corno sempre, a esta Audiência uma nota vibrante de alegria e vivacidade.

Agradeço-vos afectuosamente, caríssimos filhos, o dom da vossa presença, da vossa juventude e da vossa fé cristã.

Empenhai-vos, sem nunca vos cansardes, no crescimento espiritual e cultural, de maneira que verdadeiramente constituais a honra da vossa família e do Papa, que vos dedica muita confiança, pois sabe que sois capazes de coisas grandes, conhecendo bem a generosidade dos vossos corações e o ardor das vossas almas.

Para tantos jovens necessitados sede amigos, guias e apoio espiritual. O Espírito Santo vos ilumine e vos conceda muita fortaleza.

Aos Doentinhos

Agora dirige-se o meu pensamento para os doentes que, vencendo incómodos e dificuldades, quiseram estar presentes nesta Audiência e unem o seu entusiasmo ao de todos.

Desejo encarecer este acto de fé e coragem que fazem, e, ao exortá-los a sentirem-se sempre parte viva da comunidade a que pertencem, exprimo o meu apreço sincero pelo contributo, que oferecem à Igreja com a oferta dos próprios sofrimentos e o testemunho do próprio exemplo. A eles e a todos os que os auxiliam com amorosa dedicação, a minha confortadora Bênção Apostólica.

Aos jovens Casais

Estou certo de interpretar o pensamento de todos os presentes, dirigindo cordiais votos aos jovens esposos, que tomam parte nesta audiência.

Oxalá o vosso amor, corroborado pela graça do Sacramento, cresça com o tempo, se acrisole com o hábito da convivência quotidiana, consiga maior têmpera no confronto inevitável com as provas e as adversidades da existência. Nossa Senhora da Visitação, com cuja memória concluiremos amanhã o mês de Maio, esteja ao vosso lado todos os dias com a Sua maternal solicitude, para vos guiar os passos, recolher as invocações e encher os corações de serena confiança e de paz. Dê eficácia a estes votos a propriciadora Bênção Apostólica.



JOÃO PAULO II


AUDIÊNCIA GERAL


Quarta-feira, 13 de Junho de 1979

A Eucaristia: Sacramento da aproximação de Deus


1. «Pange, lingua, gloriosi / Corporis mysterium / Sanguinisque pretiosi ...» (São Tomás, Hino nas I Vésp. da Solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo).

Eis que se aproxima o dia, e praticamente já teve início, em que a Igreja falará, mediante a sua solene liturgia, em veneração deste mistério, de que ela vive todos os dias: a Eucaristia.Gloriosi Corporis mysterium. Sanguinisque pretiosi. O fundamento e, ao mesmo tempo, o ápice (Cfr. Const. sobre a Sagrada Liturgia, Sacrosanctum Concilium SC 10). da vida da Igreja. A sua festa incessante e, ao mesmo tempo, a sua «santa quotidianidade».

Todos os anos a Quinta-Feira Santa, o início do Tríduo Sacro, reúne-os no cenáculo, onde celebramos a Memória da Última Ceia. E seria precisamente este, o dia mais adequado para meditar com veneração em tudo aquilo que para a Igreja constitui a Eucaristia, o Sacramento do Corpo e do Sangue do Senhor. Manifestou-se porém, no decurso da história, que este dia mais adequado, único, não basta. Está, além disso, inserido organicamente no conjunto da Recordação pascal; toda a Paixão, a Morte e a Ressurreição ocupam então os nossos pensamentos e os nossos corações. Não podemos, por conseguinte, dizer da Eucaristia tudo aquilo de que estão repletos os nossos corações. Assim, desde a Idade Média, precisamente desde 1264, a necessidade da oração ao mesmo tempo litúrgica e pública do Santíssimo Sacramento, encontrou a sua expressão numa solenidade à parte, que a Igreja celebra na primeira quinta-feira depois do domingo da Santíssima Trindade, isto é, precisamente amanhã, começando com as vésperas do dia anterior, ou seja hoje. Desejo que esta meditação nos introduza na plena atmosfera da festa eucarística.

2. «Non est alia natio tam grandis, quae habeat deos appropinquantes sibi, sicut Deus noster adest nobis»: Não há outra nação tão grande que tenha a Divindade tão perto, quanto nós temos presente o nosso Deus» (São Tomás, Officium SS. Corporis Christi, II Nocturni; cfr. Opuscúlo 57).

Pode falar-se em diversos modos da Eucaristia. Em diversos modos já se falou dela no curso da história. É difícil dizer alguma coisa que não tenha sido já dita. E ao mesmo tempo, seja o que for que se diga, qualquer que seja a parte donde nos aproximemos deste grande Mistério da fé e da vida da Igreja, descobrimos sempre alguma coisa de novo. Não porque as nossas palavras revelem esta novidade. Ela encontra-se no mistério mesmo. Cada tentativa de viver com Ela no espírito da fé, traz consigo nova luz, nova admiração e nova alegria.

«E maravilhando-se disto, o filho do trovão, considerando a sublimidade do amor divino (...), exclamava: 'Deus amou de tal modo o mundo' (Jn 3,16) (...). Diz-nos, pois, ó bem-aventurado João, qual o sentido de tal modo? Diz-nos a medida, diz-nos a grandeza, ensina-nos a sublimidade. Deus amou de tal modo o mundo ...» (São João Crisóstomo, In cap. Genes. VIII Homilia XXVII, 1; Opera omnia (Migne), 4, 241).

A Eucaristia aproxima-nos de Deus de modo estupendo. E é Sacramento da vizinhança d'Ele em relação ao homem. Deus, na Eucaristia, é precisamente este Deus que desejou entrar na história do homem. Quis aceitar a humanidade mesma. Quis fazer-se homem. O Sacramento do Corpo e do Sangue recorda-nos continuamente a Sua Divina Humanidade.

Cantamos «Ave, verum corpus, natum ex Maria Virgine». E vivendo com a Eucaristia, encontramos de novo toda a simplicidade e profundidade do mistério da Encarnação.

É o Sacramento da descida de Deus até ao homem, da aproximação de tudo o que é humano. É o Sacramento da divina «condescendência» (Cfr. São João Crisóstomo, In Genes. 3, 8; Homilia XXVII, 1; ). A divina entrada na realidade humana atingiu o próprio auge mediante a paixão e a morte. Mediante a paixão e a morte na Cruz, o Filho de Deus Encarnado tornou-se, de maneira particularmente radical, o Filho do Homem, participou até ao fundo no que é a condição de cada homem. A Eucaristia, Sacramento do Corpo e do Sangue, recorda-nos sobretudo esta morte, que sofreu Cristo na cruz; recorda-a e renova em certo modo, isto é, de modo incruento, a sua realidade histórica. Testemunham-no as palavras pronunciadas no cenáculo sobre o pão e o vinho separadamente, as palavras que, na instituição de Cristo, realizam o Sacramento do seu Corpo e do seu Sangue; o Sacramento da morte, que foi sacrifício expiatório. O Sacramento da morte, em que se exprimiu todo o poder do amor. O Sacramento da morte, que esteve em dar a vida para reconquistar a plenitude da vida.

«Manduca vitam, bibe vitam: habebis vitam, et integra est vita» (come a vida, bebe a vida: terás a vida, e é a vida total) (Santo Agostinho, Sermones ad populum, Series I, Sermo CXXXI, I, 1).

Mediante este Sacramento é continuamente anunciada, na história do homem, a morte que dá a vida (Cfr. 1Co 11,26).

Continuamente se realiza naquele sinal simplicíssimo, que é o sinal constituído pelo Pão e o Vinho. Deus está nele presente e perto do homem com aquela penetrante vizinhança da sua morte na cruz, da qual brotou o poder da Ressurreição. O homem, mediante a Eucaristia, torna-se participante deste poder.

3. A Eucaristia é Sacramento da Comunhão. Cristo dá-se a si mesmo a cada um de nós, que O recebemos sob as espécies eucarísticas. Dá-se a si mesmo a cada um de nós, que comemos o Alimento eucarístico e bebemos a eucaristia Bebida. Este amor é sinal da Comunhão. É sinal da união espiritual, em que o homem recebe Cristo, é-lhe oferecida a participação no Seu Espírito, encontra n'Ele, particularmente íntima, a relação com o Pai; sente particularmente íntima a relação com o Pai; sente particularmente próximo o acesso a Ele.

Diz um grande poeta (Mickiewicz, Colóquios da tarde):

«Contigo falo eu, que reinas no céu e ao mesmo tempo és hóspede / na casa do meu espírito ... / Contigo falo eu! as palavras faltam-me para Ti; / o Teu pensamento escuta cada pensamento meu; / reinas longe e serves perto, / Rei nos céus e no meu coração na cruz ...».

Aproximamo-nos, de facto, da Comunhão eucarística rezando antes o «Pai nosso».

A Comunhão é laço bilateral. Convém-nos portanto dizer que não só recebemos nós a Cristo, não só cada um de nós O recebe neste sinal eucarístico, mas dizer também que recebe Cristo a cada um de nós. Ele aceita sempre, por assim dizer, o homem neste Sacramento, torna-o seu amigo, assim como disse no cenáculo: Vós sois meus amigos (Jn 15,14). Este acolhimento e a aceitação do homem por parte de Cristo é benefício inaudito. O homem sente profundissimamente o desejo de ser aceite,. Toda a vida do homem se orienta nesta direcção, para ser acolhido e aceite por Deus; e isto exprime-o sacramentalmente a Eucaristia. Todavia o homem deve, como diz São Paulo, examinar-se a si mesmo (Cfr. 1Co 11,26), se é digno de ser aceite por Cristo. A Eucaristia é, em certo sentido, um desafio constante para o homem procurar ser aceite, para adaptar a sua consciência às exigências da santíssima Amizade divina.

4. Desejamos exprimir, no quadro desta solenidade de hoje, como também no próximo domingo e em cada dia, esta particular e pública veneração e amor, com que rodeamos sempre o Santíssimo Sacramento. Permiti que, neste momento, os meus pensamentos voltem, uma vez mais, à Polónia, donde voltei há poucos dias. Foram dias aqueles, de especial peregrinação pela terra em que nasci e fui educado entre os homens, a que não deixo de estar ligado com os laços mais profundos da fé, da esperança e da caridade. Desejo, uma vez mais, agradecer cordialissimamente a todos os meus Compatriotas. Agradeço às Autoridades estatais; agradeço aos meus Irmãos no Episcopado; agradeço a todos.

Pois, lá precisamente, na minha terra natal, aprendi a fervorosa veneração e o amor da Eucaristia. Lá aprendi o culto ao Corpo do Senhor. Na festa do «Corpus Domini» realizam-se de há séculos as procissões eucarísticas, em que os meus Compatriotas procuravam exprimir comunitária e publicamente o que representa para eles a Eucaristia. E também hoje o fazem. Uno-me pois espiritualmente a eles, quando pela primeira vez tenho a alegria de celebrar a solenidade do Corpo e do Sangue de Cristo aqui, na Cidade Eterna, na qual Pedro, de geração em geração, responde em certo modo a Cristo: Senhor ..., tu sabes que te amo ... Senhor, tu sabes que te amo (Jn 21,15-17). A Eucaristia é, em certo modo, o ponto culminante desta resposta. Desejo repeti-la, juntamente com toda a Igreja, Àquele que manifestou o seu amor mediante o Sacramento do seu Corpo e do seu Sangue, permanecendo connosco até ao fim do mundo (Mt 28,20).

Solidariedade

Aos Missionários do Burundi

Não posso ocultar-vos, irmãos e irmãs caríssimos, o sentimento de aguda e profunda dor que sentiu o meu coração ao receber as graves noticias das expulsões de 70 missionários da República do Burundi, que se deram na semana passada enquanto eu estava na Polónia. São sacerdotes, religiosos e leigos, de instituições e iniciativas missionárias, conhecidas e estimadas pelo zelo de evangelização no mundo inteiro. A minha solidariedade vai, antes de tudo, para as comunidades católicas das dioceses, e em primeiro lugar para os seus Pastores, privados dum momento para o outro de auxílios válidos e qualificados em vários sectores da vida pastoral, da formação do clero, de escolas e obras de caridade e de promoção humana; o meu pensamento afectuoso vai para esses missionários arrebatados à vinha do Senhor a que se tinham dedicado. Do mesmo modo, fico profundamente entristecido com o pensamento de que a Igreja — universal na sua missão e na solicitude para com todos os povos, e que, mesmo entre dificuldades, não pode deixar de "sentir-se de casa" em qualquer País do mundo (o Burundi, além disso, tem número importante de população católica) — não teve tempo de examinar em que ponto cada um pode ter faltado — se faltou à lealdade e ao respeito que a nossa missão religiosa requer e que em toda a parte observamos para com Autoridades e instituições civis. Se acontece que alguém erre no seu comportamento, penso que a Autoridade da Igreja tem motivo para esperar confiança por parte da Autoridade civil, especialmente quando mantém com esta relações oficiais. A Igreja deu prova de espírito de colaboração e saberá, se necessário, intervir e corrigir, enquanto por seu lado Ela não pode deixar de confiar no espírito de compreensão e diálogo das autoridades civis.

Filhos caríssimos, rezai comigo para que à Igreja no Burundi seja conservado o auxílio espiritual dos Missionários, a ferida possa curar-se e o diálogo se retome e continue para vantagem da comunidade católica e de toda a Nação burundense a mim tão querida.

Saudações

Aos Doentinhos

Dirijo a minha habitual e afectuosa saudação a Vós, caríssimos enfermos, participantes na Audiência Geral de hoje.

Neste mês de Junho, consagrado ao Sagrado Coração de Jesus, é para mim natural e agradável exortar-vos a que dirijais o vosso ânimo, as vossas esperanças e as vossas orações a esse Coração "que tanto amou os homens" e continua a amá-los com o seu duplo amor, divino e humano, sobretudo aqueles que têm maiores tribulações, lágrimas e dores.

Do Coração de Cristo, "cheio de bondade e amor", podereis vós receber apoio e conforto para o vosso sofrimento, paz para o vosso espírito e mérito para todas as vossas penas.

Aos jovens Casais

Também a Vós, caríssimos Jovens Casais, ao mesmo tempo que transmito a expressão da minha cordial e augural saudação e do meu intenso gosto pela vossa agradável presença, dirijo a paternal exortação a que tenhais sempre fixo o vosso olhar no Sagrado Coração de Jesus, "rei e centro de todos os corações".

D'Ele aprendereis as grandes lições do amor, da bondade, do sacrifício e da piedade, tão necessárias a todo o lar cristão.

D'Ele recebereis força, serenidade, alegria autêntica e profunda para a vossa vida conjugal. Atraireis a Sua bênção se a Sua imagem, além de estar impressa nas vossas almas, estiver sempre exposta e honrada entre as vossas paredes domésticas.

À juventude

Desejo agora dirigir uma saudação especial aos rapazes e aos jovens que estão no meio de vós. Eles, como são objecto de amor para os seus pais, assim o são para o Papa. E como são levados por natureza a procurar e amar a verdade sem ficções, eu exorto-os vivamente a uma busca sempre profunda e amorosa de Jesus "Caminho, Verdade e Vida", e a abraçarem com entusiasmo a Sua mensagem. Com a minha afectuosa Bênção.



JOÃO PAULO II


AUDIÊNCIA GERAL


Quarta-feira, 20 de Junho de 1979

Aprendamos a ler o mistério do coração de Cristo

1. Depois de amanhã, na próxima sexta-feira, a liturgia da Igreja concentra-se, com adoração e amor particulares, à volta do mistério do Coração de Cristo. Desejo portanto já hoje, antecipando esse dia e essa festa, dirigir juntamente convosco o olhar dos nossos corações para o mistério daquele Coração. Ele falou-me desde a idade juvenil. Todos os anos volto a este mistério no ritmo litúrgico do tempo da Igreja.


É sabido que o mês de Junho é particularmente dedicado ao Coração Divino, ao Sagrado Coração de Jesus. A Ele exprimi-mos o nosso amor e a nossa adoração, por meio da ladainha que fala com particular profundidade dos seus conteúdos teológicos em cada uma das invocações.

Desejo por isso, ao menos brevemente, deter-me em vossa companhia diante deste Coração, ao qual se dirige a Igreja como comunidade de corações humanos. Desejo, pelo menos brevemente, falar deste mistério tão humano, no qual com tanta simplicidade e igual profundidade e força se revelou Deus.

2. Deixemos hoje que falem os textos da liturgia da sexta-feira próxima, começando pela leitura do Evangelho segundo João. O Evangelista refere um facto com a precisão de testemunha ocular.

Então os judeus, visto ser o dia da Preparação, para os corpos não ficarem na cruz ao sábado—pois era grande dia aquele sábado —, pediram a Pilatos que se lhes quebrassem as pernas e fossem retirados. Vieram então os soldados e quebraram as pernas ao primeiro, depois ao segundo dos que tinham sido crucificados com Ele. Ao chegarem a Jesus, vendo-O já morto, não Lhe quebraram as pernas, mas um dos soldados perfurou-Lhe o lado com uma lança e logo saiu sangue e água (Jn 19,31-34).

Nem sequer uma palavra sobre o coração.

O Evangelista fala só da lançada do costado, de que saiu sangue e água. A linguagem da descrição é quase médica, anatómica. A lança do soldado feriu sem dúvida o coração, para verificar se o condenado já estava morto. Este coração — este coração humano — parou de trabalhar. Jesus cessou de viver. Ao mesmo tempo, contudo, esta anatómica abertura do coração de Cristo depois da morte — não obstante toda a «aspereza» histórica do texto — leva-nos a pensar também a nível de metáfora. O coração não é só órgão que condiciona a vitalidade biológica do homem. O coração é símbolo. Fala de todo o homem interior. Fala do interior espiritual do homem. E a tradição logo descobriu este sentido da descrição joanina. Aliás, em certo sentido, o próprio Evangelista levou a isso, quando, referindo-se à atestação da testemunha ocular que era ele mesmo, se referiu ao mesmo tempo a esta frase da Sagrada Escritura:

Hão-de olhar para Aquele que trespassaram (Jn 19,37 Za 12,10).

Assim, na realidade, olha a Igreja; assim olha a humanidade. E eis que, no Trespassar da lança do soldado todas as gerações dos cristãos aprenderam e aprendem a ler o mistério do Coração do Homem Crucificado, que era e é Filho de Deus.

3. Diversa é a medida do conhecimento que deste mistério, no decurso dos séculos, adquiriram muitos discípulos e discípulas do Coração de Cristo. Um dos protagonistas neste campo foi certamente Paulo de Tarso, convertido de perseguidor em Apóstolo. Também ele nos fala na liturgia de sexta-feira próxima com as palavras da carta aos Efésios. Fala como homem que recebeu grande graça, porque lhe foi concedido anunciar aos gentios a insondável riqueza de Cristo e elucidar a todos qual a economia do Mistério escondido desde tempos antigos em Deus, que tudo criou (Ep 3,8-9).

Aquela «riqueza de Cristo» e ao mesmo tempo aquele «eterno desígnio de salvação» de Deus é dirigido pelo Espírito Santo ao «homem interior», para que assim Cristo habite pela fé nos vossos corações (Ep 3,16-17). E quando Cristo, com a força do Espírito Santo, habitar pela fé nos nossos corações humanos, então seremos capazes de compreender com o nosso espírito humano (quer dizer, exactamente com este «coração») qual seja a largura, o comprimento, a altura e a profundidade do amor de Cristo, e conhecer a sua caridade que excede toda a ciência ... (Ep 3,18-19).

Para tal conhecimento conseguido com o coração, com cada coração humano, foi aberto, no fim da vida terrestre, o Coração Divino do Condenado e Crucificado .no Calvário.

Diversa é a medida deste conhecimento por parte dos corações humanos. Diante da força das palavras de Paulo, interrogue-se a si mesmo cada um de nós sobre a medida do próprio coração. ...Tranquilizaremos os nossos corações diante d'Ele, sabendo que, se o nosso coração nos condena, Deus é maior que os nossos corações e conhece todas as coisas ...(1Jn 3,19-20). O Coração do Homem-Deus não julga os corações humanos. O Coração chama. O Coração «convida». Com este fim foi aberto com a lança do soldado.

4. O mistério do coração abre-se através das feridas do corpo; abre-se o grande mistério da piedade, abem-se as entranhas de misericórdia do nosso Deus (São Bernardo, Sermo LXI, 4; PL 183, 1072).

Cristo diz na liturgia de sexta-feira: aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração (Mt 11,29).

Talvez uma só vez, com palavras suas, tenha o Senhor Jesus apelado para o seu coração. E salientou este único traço: «mansidão e humildade». Como se dissesse que só por este caminho quer conquistar o homem; que mediante «a mansidão e a humildade» quer ser o Rei dos corações. Todo o mistério do Seu reinar se exprimiu nestas palavras. A mansidão e a humildade cobrem, em certo sentido, toda a «riqueza» do Coração do Redentor, da qual escreveu São Paulo aos Efésios. Mas também aquela «mansidão e humildade» o desvelam plenamente; e melhor nos permitem conhecê-lo e aceitá-lo; tornam-no objecto de admiração suprema.

A bela ladainha ao Sagrado Coração de Jesus é composta de muitas palavras semelhantes — além disso, das exclamações de admiração pela riqueza do Coração de Cristo. Meditemo-las com atenção nesse dia.

5. Assim, no fim deste fundamental ciclo litúrgico da Igreja — que se iniciou com o primeiro domingo do Advento, e passou pelo tempo do Natal, depois pelos da Quaresma e da Ressurreição, até ao Pentecostes, ao Domingo da Santíssima Trindade e ao Corpo de Deus — apresenta-se discretamente a festa do Coração de Jesus. Todo este ciclo se fecha definitivamente n'Ele; no Coração do Deus-Homem. D'Ele irradia cada ano toda a vida da Igreja.

Este Coração é «fonte de vida e de santidade».

Apelo

Em favor dos Refugiados Indochineses

Impelido pela caridade de Cristo — "Caritas Christi urget nos" — quero elevar esta tarde a minha voz para vos convidar a dirigirdes o vosso pensamento e o vosso coração para o drama que se está a desenrolar nas terras e nos mares distantes do Sudeste asiático, e que atinge centenas de milhares de irmãos e irmãs nossos. Eles andam à procura de uma pátria, porque os Países que inicialmente os acolheram chegaram aos limites das próprias possibilidades, enquanto as ofertas de inserção definitiva noutras terras até agora são insuficientes.

Por isso, o projecto de uma conferência internacional de Países interessados — e qual é o País que pode sentir-se estranho a esta tragédia não pode deixar de ser encorajado. Oxalá tal conferência se realize o mais depressa possível! A Santa Sé faz votos por que este encontro leve os Governos a tomarem disposições eficazes para o acolhimento, o trânsito e o alojamento definitivo dos refugiados indochineses.

Presto homenagem à acção já empreendida por alguns Países, como também por organizações internacionais e muitas iniciativas particulares. Mas o problema tem amplidão tal que não se pode deixar por muito tempo gravar o seu peso apenas sobre alguns. Faço apelo à consciência da humanidade, para que todos assumam a sua parte de responsabilidade, povos e governantes, em nome duma solidariedade que ultrapassa as fronteiras, as raças e as ideologias.

A comunidade da Igreja já realizou uma grande obra de caridade, de assistência mútua, e eu congratulo-me do coração com isso. Mas ela pode e, estou certo, quer fazer ainda mais. Os Pastores, nas suas dioceses, não deixarão de encorajar os fiéis, recordando-lhes, em nome do Senhor, que cada homem, cada mulher e cada criança em necessidade são o nosso próximo. As paróquias, as organizações católicas, as comunidades religiosas e também as famílias cristãs, encontrarão modo de exprimir a sua caridade para com os refugiados. Comprometa-se cada um pessoalmente a realizar um gesto concreto na medida da sua generosidade e da sua criatividade inspirada pelo amor.

Saudações

Aos Assistentes Eclesiásticos Diocesanos da Juventude da Acção Católica

Dirijo agora um pensamento afectuoso aos Assistentes Eclesiásticos Diocesanas da Juventude da Acção Católica que nestes dias se encontram reunidos em Roma para o seu Congresso. Caríssimos, agradeço-vos a vossa presença, mas sobretudo agradeço-vos o vosso compromisso em favor dos jovens, para a sua maturidade humana e a sua formação cristã. Que o Senhor vos acompanhe, vos ilumine e vos ampare sempre. Imitai Jesus, Mestre e Amigo, para a salvação espiritual e moral dos vossos jovens!

Aos Missionários do Preciosíssimo Sangue

Saúdo em seguida os Missionários do Preciosíssimo Sangue, com as Adoradoras do Sangue de Cristo, que acompanham uma numerosa peregrinação organizada por ocasião do 25° aniversário da Canonização do seu Fundador, São Gaspar do Búfalo.

Na recordação gloriosa do seu apaixonado Fundador, exorto-os a meditarem sempre com generoso compromisso o Mistério do Sangue de Cristo, derramado pela salvação da humanidade.

A Peregrinos italianos

As minhas boas-vindas também à numerosa peregrinação das Dioceses de Calvi e Teano, acompanhada pelo próprio Bispo. Caríssimos, sinto-me contente por vos saber unidos ao vosso Bispo; escutai-o, segui-o e amai-o, porque quem está com o Bispo está com o Papa e está com Jesus Cristo!

Aos pequeninos e aos jovens

Meninos e jovens muito queridos! Uma palavra de afecto particular desejo dirigir-vo-la a vós, que sois sempre numerosos e alegres.

Começastes as vossas férias de verão e certamente sentis-vos muito contentes! Também eu estou contente por vós, e convosco!

Gozai as vossas férias! Mas procurai também que elas sejam um período de compromisso constante e corajoso para vos tornardes melhores. Que as vossas distracções, a vossa estadia no campo ou na praia, os vossos passeios e a vossa despreocupada alegria, estejam sempre unidos ao propósito da bondade, na amizade com Jesus Eucarístico, como meditámos na solenidade do Corpo de Deus.

Acompanhe-vos a minha oração e a minha Bênção.

Aos doentinhos

E agora a minha saudação dirige-se aos queridos doentinhos, presentes nesta Audiência. No domingo passado, celebrámos a solenidade do Corpo e do Sangue do Senhor, do Emanuel, que significa Deus connosco, presente sob as aparências do pão e do vinho. Cristo, imutável nos seus sentimentos de ternura e de misericórdia, como já outrora ao longo dos caminhos da Palestina, da presença silenciosa, ou até eloquentíssima da Hóstia consagrada ainda hoje dirige às multidões e em particular aos doentes e aos que sofrem as confortantes palavras: "Vinde a Mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e aliviar-vos-ei" (Mt 11,28).

Fazei vosso este convite. Acolhei-o no vosso coração, com a minha Bênção.

Aos jovens Casais

Os meus votos mais fervorosos aos jovens casais, aqui reunidos para verem o Papa e receberem a sua Bênção para o próprio lar nascente.

Também a vós, caríssimos filhos, que recebestes recentemente, mediante o sacramento do matrimónio, um tesouro de graça, confiado a um frágil vaso de argila, desejo dirigir um pensamento encorajador, sugerido da festa do Corpo e do Sangue de Cristo, celebrada recentemente.

Jesus Eucaristia está à vossa disposição para vos socorrer com a sua presença, para vos fortificar com o seu perene sacrifício rústico sempre renovado, para vos alegrar com a sua doce comunhão. Que em Jesus Eucarístico o vosso amor seja puro, generoso, e fiel. Acompanhe-vos nos generosos propósitos a minha Bênção.

A um grupo da América do Norte

Desejo ainda dar especiais boas vindas aos Membros da Comissão de Religião e Arte da América. E-me grato afirmar que também eu, como o meu predecessor Paulo VI, desejo ver continuar o diálogo de salvação da Igreja coin os artistas do mundo, e ver fielmente expresso na arte o transcendente humanismo que reflecte uma visão total da pessoa humana. Estou-vos grato pela vossa generosa colaboração nesta causa, e invoco sobre vós e as vossas famílias excelsas bênçãos de alegria e paz.




AUDIÊNCIAS 1979