Discursos João Paulo II 1980




DISCURSO DO PAPA JOÃO PAULO II DE 1980



DISCURSO DO PAPA JOÃO PAULO II


AOS RELIGIOSOS E ÀS RELIGIOSAS


QUE TRABALHAM NA DIOCESE DE ROMA


4 de Janeiro de 1980



A graça e a paz de Deus nosso Pai, e de Jesus Cristo, nosso Senhor, estejam convosco (2Co 1,2).

1. É profunda alegria para mim poder-me encontrar, neste período natalício e no princípio do novo ano, convosco, Religiosos e Religiosas, que viveis e trabalhais em Roma, a diocese do Papa.

Desejava, neste momento, saudar a todos vós, não só por Famílias Religiosas, mas também um a um, para vos manifestar com grande simplicidade e autêntica franqueza, o meu apreço pelas vossas pessoas e pela escolha fundamental que fizestes da vossa existência, dando-vos total e incondicionalmente a Deus, a Cristo, à Igreja; a fim de comunicar-vos também a minha palavra de ânimo para continuardes a oferecer, com o mesmo empenho e o mesmo entusiasmo dos primeiros dias, o vosso testemunho de vida religiosa e evangélica na sociedade contemporânea, cada vez mais faminta de Deus e à procura de dar sentido profundo e verdadeiro às próprias opções.

A minha fraterna saudação dirige-se a vós Religiosos e Religiosas, que, unindo em síntese fecunda a contemplação e a acção, dedicais todas as vossas energias ao anúncio da mensagem evangélica na catequese e na escola, ou às várias formas de amor para com o homem nas múltiplas iniciativas de caridade, que brotaram do coração dos vossos Fundadores e das vossas Fundadoras, e em particular aos diversos tipos de assistência às crianças, aos anciãos, aos doentes, aos marginalizados, etc. Neles descobris vós, iluminados pela fé, a imagem de Cristo; aquele Cristo quevós, respondendo a um impulso interior, seguistes com generosidade no caminho da cruz, da doação e do sofrimento. Bem compreendestes e realizastes as palavras de Santo Agostinho: «Ille unus quaerendus est, quiet redemit, et liberos fecit, et sanguinem suum ut eos emeret dedit, et servos suos fratres fecit» (Deve ser procurado só Aquele que remiu e tornou livres, e derramou o Seu sangue para os resgatar e transformou em irmãos aqueles que eram escravos) (Enarr. in Ps 34, 15, Serm. I: PL 36, 333.).

Procurando e seguindo a Cristo, em particular na castidade, na pobreza e na obediência, dais ao mundo testemunho concreto do pri­mado da vida espiritual, como sublinhou eficazmente o Concílio Vaticano II: «Os que professam os conselhos evangélicos procurem e amem acima de tudo a Deus, que nos amou a nós primeiro (cfr. 1Jn 4,10), e tenham a preocupação de fomentar em todas as circunstâncias a vida escondida com Cristo em Deus (cfr. Col 3,3), donde dimana e onde se estimula o amor do próximo para a salvação do mundo e edificação da Igreja» (Decr. Perfectae Caritatis, PC 6). E dais ainda testemunho da esperança em Cristo Ressuscitado.

2. Nestes dias estais vós reunidos para um Encontro de estudo e orientação, que assumiu como tema a presença e a missão dos Religiosos e das Religiosas na diocese de Roma, com a finalidade de meditar e reflectir em conjunto sobre o documento «Mutuae relationes». Este Encontro, o primeiro do género, foi sugerido, proposto e decidido por vós. Não posso deixar de exprimir o meu cordial agrado por esta vossa louvável e exemplar sensibilidade pastoral e eclesial.

Não há dúvida que os Religiosos e as Religiosas constituem grande riqueza e força considerável para a Igreja universal e para as Igrejas particulares, por causa principalmente do bem espiritual imenso que eles fizeram e continuam a fazer inspirando-se nas próprias finalidades dos seus Institutos, mas também por causa das várias obras e instrumentos de que dispõem para bem das almas. Tal força e tal riqueza podem e devem ser utilizadas de maneira cada vez mais eficaz para o apostolado, e podem e devem tornar-se elementos vivos e vitais no conjunto da pastoral diocesana, a todos os níveis.

3. Como é sabido, o Concílio Vaticano II, ao tratar da vida religiosa, enfrentou várias vezes o problema da inserção e colaboração dos Religiosos — e portanto, por analogia também das Religiosas — na vida de cada diocese. O Concílio fala precisamente da «necessária unidade e concórdia no trabalho apostólico» (Const. Dogm. Lumen Gentium LG 45); define os Religiosos-sacerdotes como «providenciais colaboradores da Ordem episcopal» (Decr. Christus Dominus CD 34),e afirma que «também os outros Religiosos, homens e mulheres, que de modo especial pertencem à família diocesana, prestam grande auxílio às agrada Hierarquia, e podem, devem mesmo, aumentá-lo dia a dia» (Ibid. CD 34). Esta cooperação pastoral deve evidentemente prestar-se dentro da índole e das constituições de cada Instituto religioso.

Tal colaboração dentro da Igreja particular levará certamente à coordenação de iniciativas, que fará que se evitem duplicações às vezes inúteis e custosas em pessoas e energias; mas especialmente dará o sentido unitário duma finalidade coerente que se deve atingir «colatis consiliis» e«viribus unitis». Tudo isto, não devemos ocultá-lo, poderá também comportar e requerer sacrifícios: a plena disponibilidade para a realização dum desígnio pastoral mais orgânico e funcional, isto é, daquela «ratio pastorales» de que fala a Constituição Apostólica «Vicariae potestatis » (Const. Apost. Vicariae potestatis, n. 2, 7); a capacidade de renunciar a iniciativas e a projectos particula­res, que talvez não seria fácil inserir adequadamente num desígnio de «pastoral de conjunto». Mas estes são sacrifícios certamente fecundos para o bem autêntico das almas e para a edificação da Igreja.

4. Nestes dias de oração comum e de estudo intenso, vários Especialistas aprofundarão os textos conciliares a que aludi, como tam­bém o citado documento «Mutuae relationes», para que, na vasta e complexa diocese de Roma, a presença numericamente importante de Religiosos e Religiosas constitua prova e sinal de ardor apostólico e auxílio válido para enfrentar e resolver, com realismo, os variados problemas que derivam do contexto sócio-cultural da Urbe e são analisados pelos Grupos de estudo: os problemas da catequese permanente; da cultura, do mundo do trabalho; da escola; da política: da assistência nos arrabaldes dos Institutos educativo-assistenciais; dos centros de oração; das vocações sacerdotais e religiosas; da droga; das missões; e tantos outros, que certamente surgirão nas vossas serenas e francas discussões.

Conto muito com a vossa experimentada generosidade e o vosso amor à Igreja, para que, graças à vossa colaboração diligente e eficaz, também aos Romanos de hoje seja possível aplicar o que São Paulo dizia aos primeiros cristãos da capital do Império: Dou graças a Deus, por Jesus Cristo, a respeito de vós, porque a vossa fé é conhecida em todo o mundo (Rm 1,8).

Coragem! Trata-se, uma vez mais, de seguir a Cristo, de andar com Ele, apesar dos inevitáveis sacrifícios. Mas oiçamos e aproveitemos a recomendação de Santo Agostinho: «Ambula securus in Christo, ambula: ne offendas, ne cadas, ne retro respicias, ne in via remaneas, ne a via recedas». (Anda em Cristo sem preocupações, anda: não tropeces, não caias, não olhes para trás, não pares no caminho nem mudes de caminho) (SANTO AGOSTINHO, Sermo 170, II:PL 38, 932).

Com a minha Bênção Apostólica.



DISCURSO DO PAPA JOÃO PAULO II


AOS COLABORADORES DO «GOVERNATORATO» VATICANO


Sábado, 6 de Janeiro de 1980



1. Para todos vós a minha saudação cordial! Estou contente por este encontro especial que decorre no clima tão característico das festas natalícias e nos oferece a possibilidade — desejada por vós e por mim — de trocarmos bons votos para o novo ano, há pouco começado.

Eis-vos reunidos, vós que prestais os vossos serviços nas dependências do Governatorato, com os vossos familiares, e os operários das Empresas que prestam serviço no Vaticano, com as respectivas famílias. Encontrardes-vos reunidos consente, a vós e a mim, uma percepção, mesmo física, da realidade humana desta vossa comunidade que trabalha quotidianamente nos limites deste Estado, minúsculo no seu território mas muito importante sob o ponto de vista espiritual. Isto dá ao vosso trabalho — e vós tendes, com certeza, consciência disso — um "significado" de todo particular; isto é, o de uma colaboração que vos torna, embora sob planos diferentes, parte activa de um organismo complexo que se movimenta em torno do Papa possibilitando-lhe o seu trabalho e ajudando-o nele, na sua missão universal de Vigário de Cristo.

Uma consciência semelhante, a que se junta a da nobreza e dignidade do vosso esforço diário, seja este qual for, pode dar-vos a legítima altivez de estardes assim, mais que os outros, ligados intimamente ao Sucessor de Pedro, para quem todo o mundo católico olha como centro da própria comunhão na caridade.

2. O primeiro sentimento que, a vosso respeito, me vem ao espírito, é o da gratidão. Estou certo que cada um de vós cuida, com sentido de responsabilidade e generosa dedicação, dos próprios deveres, empenhando-se em dar o seu próprio e efectivo contributo ao bom funcionamento de toda a estrutura, que não é só conjunto de edifícios, mas é sobretudo estrutura social, que dá pelo nome de Vaticano.

É-me grato, portanto, aproveitar esta ocasião para a todos manifestar o meu apreço e para dizer a cada um o meu obrigado. Queria que a expressão deste meu sentimento de reconhecimento vos fizesse sentir melhor a cordialidade característica da minha relação convosco, cordialidade que, por vossa parte, de certo partilhais: relação que não é, que não pode limitar-se a ser a que liga — como se costuma dizer — um "dador de trabalho" aos prestadores de serviço, mas é, antes e sobretudo, a relação de um pai, necessitado de ajuda, com os filhos que lhe prestam essa ajuda. Isto não significa, naturalmente, que não devam reinar em tal relação os soberanos critérios da justiça e a atenção devida à dignidade do trabalho e à personalidade do trabalhador, quer este seja empregado ou operário: critérios e atenção que, pelo contrário, seguindo as pegadas dos meus grandes e mais próximos Predecessores, pretendo afirmar cada vez melhor, nos princípios e na prática; mas quer ainda dizer que, para além e acima de tais exigências, eu desejo ser para vós — e como tal vós quereis decerto ver-me e considerar-me — o pai que, além daquilo que vos é devido por justiça, vos quer dar o seu afecto.

3. Isto leva-me a testemunhar-vos, neste nosso encontro, um segundo sentimento: o da minha solicitude, sincera e profunda, por vós e pelas vossas famílias. Isto sinto por todos aqueles que, no mundo, vivem do próprio trabalho, e do trabalho tiram satisfações e também dificuldades; mas isto vale, em particular, para vós que me estais muito próximos. É sentimento em que entra, em primeiro lugar, a consideração dos problemas materiais da vossa existência; a que é meu desejo e propósito ir ao encontro, no que me seja possível e o consintam as condições da Sé Apostólica, na forma e no modo mais adequados.

Conheço esses problemas; conheço, em particular, as preocupações — e, por vezes, as angústias — de vós, pais; com o futuro dos vossos filhos.

A minha compreensão traduz-se em oração; uma oração, a que vos peço unais as vossas, de cristãos, convencidos de que se não é o Senhor a edificar a casa, em vão trabalham aqueles que se esforçam em construí-la (Cfr. Ps 127,1).

Decerto não vos admirareis que o Papa se valha desta ocasião para vos exortar a um empenho renovado de coerência com os princípios da fé que professais; ele encoraja-vos a conquistar cada vez mais profundamente a alegria de vos saberdes amados pessoalmente por Cristo, o qual se fez menino, pobre e inerme, para que ninguém tivesse medo d'Ele, mas antes se sentisse atraído a aproximar-se d'Ele com plena confiança e amor espontâneo. Ide, também vós, a Cristo e sede-Lhe fiéis antes de mais na intimidade dos vossos sentimentos pessoais, depois no testemunho corajoso das vossas palavras, e finalmente — e é isto o que mais conta — na límpida coerência das vossas acções.

Nunca vos envergonheis de vos dizerdes cristãos, e comportai-vos de modo que nunca tenha Cristo de se envergonhar de vós. Possam os vossos filhos, olhando para vós, sentir alegria de pertencerem à Igreja e vibrar de entusiasmo pela nobreza dos ideais que orientam a vossa existência. Fazei-lhes entender com a seriedade dos vossos costumes, com a rectidão do vosso proceder, com a caridade para com o próximo e a sensibilidade às necessidades de cada irmão — o que é um cristão e qual é a sociedade pacífica e justa que ele está em condições de construir.

4. Com estes sentimentos dirijo-vos os meus votos de Ano Bom. Os auspícios, sob os quais se abriu 1980, não são, infelizmente, encorajadores. Correndo os olhos pela panorâmica do mundo, somos instintivamente levados a aplicar ao nosso tempo as palavras do texto profético de Isaías, que ouviremos amanhã: A escuridão envolve a terra, e trevas densas cobrem as nações (Is 60,2). Nós, todavia, não podemos nem queremos abandonar-nos ao desencorajamento perante as escuras previsões que de muitos lados se levantam. Vem em nossa ajuda, o anúncio que Isaías proclama, no mesmo texto, a quantos, na fé, fazem parte do povo de Deus, a nova Jerusalém: Ergue-te e resplandece, que a tua luz desponta, e a glória do Senhor está sobre ti (Is 60,1). A luz, a que alude o Profeta, é Cristo. Durante estes vinte séculos de história, gerações inteiras encontraram na Sua mensagem, constantemente proclamada pela Igreja, a resposta satisfatória às suas interrogações, o conforto nas suas ansiedades, a guia e o amparo nos momentos difíceis. Na verdade "os povos caminharam à sua luz" (Cfr. Is Is 60,3)! Ora bem! Não são poucos os sinais que nos trazem o testemunho de um renovado interesse, por parte desta nossa geração, pela pessoa de Cristo e pelo seu Evangelho. Há, portanto, motivo para esperarmos e para nos sentirmos empenhados em cooperar mais generosamente na difusão da luz que vem de Cristo "Redentor do homem e centro do cosmos e da história".

Nesta perspectiva renovo, a vós e aos vossos familiares, sobretudo aos vossos filhos para quem se dirige, de modo particular, o nosso pensamento nestes dias em que contemplamos no Presépio o Deus feito menino, os meus votos mais fervorosos de serenidade interior; de bem-estar e de paz. Comprova-o a Bênção especial que, com paterno afecto, a todos concedo de coração.



DISCURSO DO PAPA JOÃO PAULO II


AOS JOVENS DO INSTITUTO DE REEDUCAÇÃO


«CASAL DEL MARMO» DE ROMA


Domingo, 6 de Janeiro de 1980



Caríssimos Rapazes

Sinto-me verdadeiramente feliz por estar convosco, nesta festa da Epifania do Senhor, para vos apresentar com sincero afecto os meus bons votos de Ano Novo, que vos desejo sereno, feliz e construtivo.

Começo por agradecer ao vosso Padre Capelão as cordiais palavras com que se aprouve manifestar os vossos sentimentos de boas-vindas. A vós dirijo a minha saudação de bons augúrios repetindo o convite do profeta Isaías, que ressoou na liturgia de hoje e ele dirigia à Cidade santa, a Jerusalém: Levanta-te e resplandece, Jerusalém, porque chegou a tua luz e brilha sobre ti a glória do Senhor (Is 60,1).

Caros jovens, despertai e alegrai-vos, porque surgiu para todos a luz: a glória do Senhor manifestou-se; a sua misericórdia e o seu amor brilham sobre cada um de nós, para dissipar e desfazer qualquer sombra, que possa velar e oprimir os corações. A sua radiosa estrela surgiu para iluminar todos os homens, todos nós. É o Salvador a luz verdadeira que, vindo ao mundo, a todo o homem ilumina (Jn 1,9), e trouxe a todos a graça e a verdade (Ibid. Jn 1,17), oferecendo assim a cada um a capacidade de reconhecer o bem e de o praticar, mediante a comunicação da vida divina.

Alegro-me ao reflectir, juntamente convosco, nesta certíssima verdade revelada, porque o Papa sente-se especialmente perto de quantos se encontram, dalgum modo, numa condição de mal-estar e de necessidade.

Desejo que se sinta cada um de vós destinatário desta minha saudação, que pretende constituir momento de encontro pessoal, instante de conversa e de intimidade. Conheço os vossos problemas, compreendo as vossas dificuldades; sei, em particular, como é difícil para vós sair das vossas íntimas e muitas vezes inconfessadas angústias e olhar para o futuro confiadamente; desejaria contudo que tomásseis consciência da força, imprevisível e oculta, ingénita na vossa juventude, que pode levar a um amanhã verdadeiramente rendoso.

As vezes somos lâmpadas sem luz, as possibilidades não se encontram realizadas, a luz não arde. Pois bem, eu vim para acender nos vossos corações uma chama, se as desilusões sofridas e as expectativas goradas a apagaram. Quero dizer a cada um de vós que tem capacidade de bem, de honestidade e laboriosidade; capacidades reais, profundas e muitas vezes insuspeitadas, feitas não raro ainda maiores e mais vigorosas pela vossa mesma fatigante experiência.

Sabei que eu vim ao meio de vós porque vos quero bem e tenho confiança em vós; para manifestar-vos pessoalmente este meu afecto, esta minha confiança; e para dizer-vos que não deixo de elevar a minha oração a Deus, para que vos ampare sempre com aquele amor que nos manifestou enviando-nos o seu Filho unigénito, Jesus Cristo nosso Irmão, que também conheceu Ele próprio o sofrimento e a necessidade, mas nos indicou o caminho e nos oferece a Sua ajuda para os vencermos. Se às vezes fostes invadidos pela tristeza — sou olhado com olhos que humilham e mortificam, talvez nem as pessoas que me são queridas tenham confiança em mim — pois bem, se assim for, ficai sabendo que o Papa se dirige a vós com estima, como a jovens que são capazes de fazer amanhã muito de bem na vida, e conta com a vossa responsável inserção na sociedade.

A este propósito, desejo exprimir a minha mais viva complacência a todos quantos, em particular neste Instituto, com dedicação vos rodeiam de cuidados e atenções, tendo em vista a vossa formação humana e sobretudo a chamada àquelas energias positivas, àqueles ardores generosos, que devem preparar em vós o homem reflectido de amanhã, capaz de praticar o bem e de colocar-se ao serviço dos outros.

É missão necessária, delicada e difícil, a requerer esquecimento de si mesmo e vigoroso esforço..O Papa dedica o seu ardente reconhecimento a todos os que se aplicam com zelo a tão importante missão de ensino e disciplina, de admoestação e de guia.

Assim, não posso esquecer, juntamente com a dedicação do pessoal do Instituto a todos os níveis, o contributo especializado dos profissionais, que dedicam às vossas especiais exigências a sagacidade da preparação científica que possuem e sobretudo os recursos dos seus corações.

Um pensamento de sincero agrado dirijo ao Capelão, generosamente oferecido pela Congregação dos Terceiros Capuchinhos de Nossa Senhora das Dores, e ainda a todos os que juntamente com ele têm cuidado das vossas almas e se preocupam com oferecer-vos o dom da palavra de Deus, dos Sacramentos e de todos aqueles auxílios espirituais que facilitam o vosso esforço de recuperação e de corajosa e comunitária iniciativa de bem.

Em tal perspectiva, julgo que merece recordar-se e elogiar-se o grupo de voluntários cooperadores mesmo no interior da vossa habitação, que procuram estabelecer convosco relações de família e criar à volta de vós uma comunidade maior de amigos, preocupados com o vosso bem espiritual e material.

Aqueles que provêem à vossa educação têm sem dúvida consciência que também vós constituís — como todos os da vossa idade — a esperança dos anos vindouros. Não podem esquecer que existem nos vossos corações — a experiência já os ensinou um ímpeto emotivo, muitas vezes exasperado por solidões amargas, uma vitalidade afectiva, cheia de intuições agudas, uma fantasiosa genialidade, cuja afirmação legítima, se faltou devido muitas vezes a circunstâncias adversas, pode ter-vos levado a caminhos escabrosos e de perigo. Deve-se portanto dar a vós e a todos os que se encontram na vossa situação estudada com penetrante perspicácia e segura competência — deve-se-vos dar verdadeira possibilidade de reintegração e recuperação, a fim de poderdes, com a assistência de todos os elementos válidos da sociedade, fazer frutificar e servir aquele veemente vigor que albergais no coração.

Caros jovens, esta reflexão, que diz sobretudo respeito à missão de todos os que tomam generoso e exigente encargo da vossa educação física, intelectual, moral e espiritual, leva-me de novo até vós, ao concluir esta minha afectuosa conversa.

Vós apresentais, diante da sociedade, direitos fundados, esperais ajudas, sabeis que não bastam as leis e os tribunais para formar homens novos, capazes de proceder rectamente, mas que é necessária uma estrutura civil que opere no sentido da fraternidade, no respeito dos valores éticos e morais, numa esclarecida exemplaridade e no respeito da lei de Deus, Sumo Bem. Por isso se deve a todo o custo evitar o mal, isto é, quanto ofende, nas situações mais concretas, o próprio Deus e o nosso próximo. Uma sociedade que não seja dominada por uma forte inspiração moral, que não receba a iluminação duma luz superior e não tenha rio devido respeito todas as expressões da vida humana e da sua dignidade, não poderá oferecer válidos contributos de recuperação, participação operante e mão segura aqueles que foram muitas vezes vítimas do egoísmo ou de carências de que não têm responsabilidade.

Também da Igreja, da comunidade daqueles que desejam dar testemunho de Cristo, esperais vós coerência entre a fé e as obras, que os habilite a transfundir vitalmente certezas e comportamentos humanos, dignos d'Aquele que se deu completamente aos Irmãos até ao extremo sacrifício. Vós solicitais justamente uma solidariedade espiritual e material, que vos consinta feliz inserção na comunidade civil.

Todavia — e neste ponto entre cada um em si mesmo para uma reflexão atenta — o vosso futuro, seguro e próspero como vós o quereis, não se poderá construir sem vós, sem a vossa responsável cooperação. Sede, pelo contrário, vós os verdadeiros agentes e principais responsáveis — no plano humano — do vosso futuro.

A luz da estrela de Belém, que é a luz de Jesus, vos leve a compreender a profundidade. do esforço que de vós se requer; ilumine-vos a respeito dos vossos deveres. A vida é verdadeiro dom de Deus, que sempre vale a pena aceitarmos com gratidão e coragem, na consciência de que, duma existência vivida com honestidade, fidelidade e esperança, vós podereis tirar frutos concretos de satisfação pessoal e assegurar preciosas vantagens à sociedade.

Tal encargo poderá parecer superior às vossas forças, mas não estais sós a desempenhá-lo, uma vez que o Senhor, nosso Pai e Amigo, tem a peito o vosso destino pessoal de maneira muito mais eficaz e amorosa do que talvez vós consigais imaginar. Ele, presente em nós mediante a graça que recebemos no Baptismo, ama-nos fielmente mesmo quando caímos na culpa e nunca nos deixa sós, em nenhuma circunstância. Par isso, com a maior confiança dirigi-vos na oração Aquele que está ao vosso lado, em vós, e confiai-vos com particular devoção à Virgem Santíssima, que, com ternura e solicitude materna, quer acompanhar-vos e sustentar-vos em todos os passos do vosso caminhar.

Anime-vos e conforte-vos a afectuosa Bênção que vos concedo agora, juntamente com o dilectíssimo Cardeal meu Secretário de Estado e sempre vosso caro "Padre Agostino", que há tantos anos vos segue e vos ama, e transfunde em vós com fidelidade os recursos do seu espírito sacerdotal. Juntos, desejamo-vos um ano rico de favores celestes, e juntos invocamos sobre vós a Bênção do Senhor, que imploramos também para as vossas famílias, a fim de que Deus as auxilie e ajude em todas as suas necessidades e lhes dê, em vós, as consolações que de vós estão em direito de esperar; assim as imploramos para todos aqueles que a vós dedicam as suas atenções e os seus cuidados, a começar pelos Superiores e pelos Assistentes que ao lado de vós passam tão grande parte das suas vidas.



DISCURSO DO PAPA JOÃO PAULO II


POR OCASIÃO DA VISITA AO INSTITUTO DE REEDUCAÇÃO


PARA OS JOVENS «CASAL MARMO» DE ROMA


Domingo, 6 de Janeiro de 1980



Senhor Ministro

Agradeço-lhe sinceramente, antes de tudo, a possibilidade que me foi oferecida de fazer uma visita a este Instituto, a fim de me encontrar com adolescentes e jovens, tão queridos ao meu coração, que têm particular necessidade de profundo afecto e grande compreensão.

Exprimo-lhe, além disso, vivo apreço pelas nobres palavras com que Vossa Excelência apresentou sinteticamente as várias iniciativas tomadas, ou em vias de elaboração, a fim de que, embora na salvaguarda da justiça e do direito, se dê àqueles que vivem neste lugar ou institutos análogos, a possibilidade de olharem para o futuro com serenidade, de levarem positivamente à maturidade a própria personalidade no bem, no estudo, na disciplina e no trabalho, para um dia também eles poderem dar à sociedade um válido e concreto contributo de exemplar actividade.

Vossa Excelência acentuou justamente que é dever de todos — dado corresponder ao próprio interesse geral da Nação — actuar de modo que aos jovens, sobretudo aos menos favorecidos, sejam asseguradas possibilidades de desenvolvimento e completa realização da sua personalidade. Os jovens são a esperança do mundo, porque são sempre portadores de ideias novas e entusiasmo, também os "menos favorecidos" por situações familiares arruinadas por condições económicas e sociais de particular precariedade, ainda aqueles que — por fraqueza, por falta de adequada e tempestiva orientação, ou por culpa dos exemplos dos "adultos" — se puseram contra ou fora da lei: sensatamente orientados e formados, poderão exprimir-se positivamente a si mesmos, poderão fazer emergir da própria personalidade as capacidades de bem, de generosidade e de altruísmo, que não raro estão latentes no homem.

Eis porque, como Vossa Excelência salientou ainda, a Igreja nutre profundo respeito para com o homem e imensa confiança nas suas potencialidades.

Será tarefa, empenho e dever da sociedade nas suas estruturas e nas suas leis, fazer que a devida tutela da segurança comum não se transforme em ofensa para o homem, e esta confiança não se transforme em humilhação para a pessoa.

A minha presença neste lugar quer ser portanto também encorajamento para todas aquelas sábias reformas da ordem judiciária e administrativa que tendam a não deprimir quem prevaricou, mas a ajudá-lo a encontrar-se a si mesmo, a reinserir-se com serenidade e consciência no concerto ordenado da convivência civil.

Com estes votos, apresento a minha deferente saudação a Vossa Excelência, Senhor Ministro, e a todos os que — em diversos níveis — prestam a sua obra neste ambiente, conscientes, sem dúvida, de que o seu trabalho não é um ofício, mas tarefa delicada e precioso serviço social, que exige em todos notário sentido moral e profissional, maturada e experimentada competência, profundo sentido de responsabilidade, grande capacidade de dedicação e sacrifício e humanidade intensa: mais ainda — quereria acrescentar — e na base de tudo, sólida e operosa fé em Deus, Pai de todos, e grande amor pelo homem, criatura frágil mas apesar disso sempre filho de Deus.

Com a minha Bênção Apostólica.



DISCURSO DO PAPA JOÃO PAULO II


AOS FIÉIS E FAMILIARES VINDOS A ROMA


POR OCASIÃO DA ORDENAÇÃO EPISCOPAL


DE D. GIOVANNI COPPA


Segunda-feira, 7 de Janeiro de 1980



Caríssimos Irmãos e Irmãs da Diocese de Alba

É me grato dirigir-vos, como também ao vosso zeloso Bispo aqui presente, D. Faustino Vallainc, a minha cordial saudação na festiva circunstância da vossa peregrinação a Roma para a Ordenação Episcopal de Dom Giovanni Coppa. É meu fiel colaborador, como já o foi por longos anos dos meus imediatos Predecessores. Mas é, também e antes de tudo, filho da vossa terra e membro ilustre da vossa Comunidade diocesana, de cuja vitalidade é digno fruto.

Fui informado, de facto, do dinamismo da vida católica de Alba, rica de fecundas e responsáveis contribuições para o crescimento e testemunho da Igreja do nosso tempo na Itália. Em particular, sei ainda que lá a Acção Católica sempre esteve florescente, a ponto de oferecer figuras excelentes e luminosas de Leigos, modelos de harmonioso conúbio entre fidelidade ao Evangelho e responsabilidade pelo mundo; aliás, é precisamente desta Associação que provém o próprio D. Giovanni Coppa. Também o Seminário diocesano goza de justificado prestígio pela sua longa tradição de estudo, principalmente nos vários ramos da Teologia, como ponto de referência não secundário no aprofundamento e na actualização da fé cristã. Mas na base de tudo sei que existe uma vida paroquial sólida e activa, que forma a verdadeira estrutura fundamental da Diocese; desejo portanto prestar homenagem a todos os Padres ocupados na cura de almas, quer a vós aqui presentes quer aos que ficaram na Diocese devido ao ministério dominical, e a todos os seus válidos colaboradores, pela própria dedicação inteligente e generosa. Não quero, nem sequer, esquecer que os zelosos sacerdotes de Alba dão significativo testemunho de amor eclesial, cheio de sacrifício, quer no Quénia quer no Brasil.

Nesta altura, não posso deixar de exprimir um sentido voto, para que tanta riqueza de vida eclesial não só não enfraqueça, mas cresça cada vez mais em plenitude e eficácia evangélica, na certeza de que também esta Ordenação Episcopal contribuirá para vivificar a vossa realidade diocesana.

Deste voto quer ser penhor a paternal Bênção Apostólica que de coração concedo ao vosso Pastor, ao Novo Bispo e a todos vós aqui presentes, convidando-vos a levá-la aos vossos Entes queridos, em sinal da minha benevolência.



DISCURSO DO PAPA JOÃO PAULO II


AO PRESIDENTE DA CÂMARA


E À JUNTA MUNICIPAL DE ROMA


Segunda-feira, 7 de Janeiro de 1980



É-me grato, Excelentíssimo Senhor Presidente da Câmara, poder hoje recebê-lo para uma visita que, depois do rápido encontro de há um mês na Praça de Espanha, me dá a oportunidade de me deter mais longamente com Vossa Excelência, na sua qualidade de primeiro cidadão de Roma. É-me grato, além disso, recebê-lo com os seus Colegas da Vereação Municipal e com uma selecta representação do Conselho Comunal inteiro. A Vossa Excelência e a eles desejo exprimir, antes de mais, o meu grato aprazimento, porque encontrarmo-nos assim juntos no início do novo ano não corresponde só ao gentil e tão apreciado costume da troca recíproca de bons votos, mas realiza-se no nome e — diria — sob o olhar de uma Cidade que, a títulos diversos e todavia objectivamente convergentes, todos nós temos o dever de servir.

2. E natural, por conseguinte, que do encontro das pessoas se passe à realidade da Urbe, como ela se apresenta no início dos anos Oitenta, no quadro mais amplo da realidade nacional e internacional. É-nos bem conhecida a história de Roma, na trama de acontecimentos de muitos séculos que a viu desde a idade mais antiga — desejo sintetizar ao máximo — ser conquistadora de um império, mestra de direito, centro de irradiação da fé de Cristo e sede do seu Vigário. Mas Roma tem também um presente, e é o de ser uma Metrópole moderna e dinâmica, em crescente desenvolvimento e aberta, legítima e confiadamente, para o futuro. Ora é, por sinal, este olhar "para a actualidade da Urbe" que faz descobrir ao mesmo tempo as suas exigências, as suas necessidades e os seus problemas consequentes.

Trata-se de problemas comuns a cada comunidade citadina em expansão, mas são também os problemas peculiares de uma Cidade que tem algumas funções típicas e originais, perante a Itália e o mundo. São, além disso, problemas de ordem civil-administrativa, mas também problemas de ordem moral e espiritual. Mesmo querendo só enumerá-los, empregar-se-ia não pouco tempo, pelo que prefiro aludir apenas a alguns deles, a fim de chegar a uma consideração que me está muito a peito e — estou certo — vós compartilhais comigo.

Penso, por exemplo, no problema da casa, que denuncia uma persistente sensação de mal-estar — especialmente para os jovens casais que dão vida a novas famílias. Se é notado especialmente nalgumas zonas da periferia, não é desconhecido, infelizmente, até nos bairros urbanos e no próprio centro histórico. Penso, ainda, no problema escolar, que, entre outras coisas (prescindindo das mais vastas temáticas da pedagogia moderna) significa falta de estruturas e de aulas, o que não raro impõe aos professores e aos alunos a necessidade de fatigantes turnos didácticos em horas impróprias. Poderia acrescentar o problema juvenil com os iminentes perigos da difícil procura de trabalho, do desemprego, da violência, da droga, do laxismo, etc. E é até muito fácil notar que nestes, como noutros casos, estamos perante gravíssimos problemas sociais.

Ora é precisamente aqui que quereria inserir a mencionada e para mim bastante importante consideração: tais problemas têm aspectos diversos, mas neles as distinções conceituais nem sempre se podem aplicar rigidamente na prática, nem as medidas legislativas ou as intervenções de ordem técnica servem para os resolver de todo. O problema da casa resolve-se, talvez, apenas construindo habitações. Mas depois dele, aliás antes dele, não existe acaso exactamente um legitimo "pedido humano", ou seja uma situação de real necessidade que solicita a intervir com urgência? A falta de casas não terá que ver, ou não se entrelaça com certas situações de precariedade e instabilidade familiar? E, no que diz respeito à escola, evidentemente não se trata só de edifícios, mas de uma questão bem mais complexa, em que se reflecte — como, de resto, noutros sectores — a própria crise da sociedade.

Quero concluir que, reflectindo sobre os problemas actuais da Urbe, não é certamente difícil descobrir, para cada um deles, a competência específica desta ou daquela Autoridade; mas é necessário também reconhecer-se um aspecto inseparável ou um reflexo de ordem moral e espiritual, e isto chama em causa outras responsabilidades, entre as quais não é última a da Igreja.

3. É precisamente a nível ético-religioso que se descobre a missão da Igreja: a demonstrar-se sensível, a tornar-se presente, para favorecer ou contribuir, no que lhe é possível, para a solução dos mencionados problemas de Roma. Estes, de facto, pela sua natureza complexa, pelo seu relacionamento mútuo, pela presença neles de elementos que reclamam competências diversas, impelem todos os responsáveis ao dever da colaboração.

Chamado pelo Senhor a guiar a Igreja universal, mas consciente de que o fundamento desta função é o de ser Bispo de Roma, eu não posso deixar de repetir perante Vós o que, já noutras ocasiões, tive oportunidade de declarar: isto é, a minha disponibilidade para fazer o que está ao meu alcance para o desenvolvimento integral de Roma. As próprias visitas que vou fazendo, de semana para semana, às várias Paróquias, do mesmo modo que obedecem à intenção primária de me comprometer em primeira pessoa para uma actividade evangelizadora renovada e capilar, assim também tendem a conhecer de perto pessoas e organizações, forças e possibilidades, mas sobretudo expectativas e problemas, tal como se apresentam em concreto em cada zona urbana e periférica. Para mim, vindo de longe, a condição preliminar para tal colaboração é o conhecimento, quanto possível directo e completo, da realidade citadina, a fim de que me seja consentido oferecer-lhe aquele contributo específico correspondente ao meu ofício pastoral. Se a solução dos numerosos problemas é árdua e requer o compromisso de todos, não se deve certamente pensar — seria ilusão — numa obra prevalecentemente pessoal, como se esta pudesse ter virtude miraculosa. Faz parte da natureza da colaboração basear-se na disponibilidade, na confiança, na lealdade e na boa vontade: todas estas qualidades são dotes morais, que vêm confirmar que, ao aproximarmo-nos desses problemas, não deverá nunca faltar um "suplemento de alma", isto é uma carga humana e uma solícita sensibilidade perante os necessitados e os direitos daqueles a quem o nosso serviço é dirigido.

Para este fim, além do meu compromisso, posso afirmar que há compromisso de toda a Igreja que está em Roma, com as forças vivas dos seus Sacerdotes, dos Religiosos e dos Leigos generosos, prontas a tomarem parte no trabalho comum. Poderá assim acontecer que, aplicando-se cada um na esfera das suas competências específicas, mas na direcção do objectivo de uma obrá destinada ao verdadeiro bem da Comunidade citadina indivisível, sejam levados à desejada solução os problemas do presente e se prepare para Roma aquele futuro mais seguro a que ela tem plenamente direito.

4. Aproveito de bom grado a oportunidade do mencionado costume cristão dos bons votos e desejo dar-lhes — por ocasião do Ano novo — uma dimensão dupla. Antes de tudo, desejo apresentar os meus fervorosos bons. votos a cada um de Vós, às vossas pessoas e às vossas famílias, e também às respectivas actividades, a fim de que, nos sectores que são da vossa competência, possais realizar aquela "parte de bem comum" que vos é pedida.

Depois, faço extensivos os votos mais cordiais à Cidade inteira, para que no próximo ano, com o indispensável auxílio da Providência de Deus "dador de todo o bem", se consolide e desenvolva nela uma operosa e fecunda concórdia: "Concordia — advertia um famoso historiador romano — parvae res crescunt, discordia maximae dilabuntur" (Salústio, Bellum Iugurthinum, X, 6). Assistir-se-á assim a novo crescimento da Urbe, segundo aquela linha de exemplar civilização humana e ao mesmo tempo cristã, que lhe caracteriza inconfundivelmente o perfil. Sobre todos os amados Concidadãos, aos quais se dirige a título directo e imediato o meu ministério de Bispo, invoco os mais escolhidos favores do Céu, com uma renovada Bênção especial.






Discursos João Paulo II 1980