AUDIÊNCIAS 1980 - AUDIÊNCIA GERAL

4. Prescindindo de tal pormenor, é impossível não dar conta que nos textos dos Profetas se nota um significado do adultério diverso daquele que apresenta a tradição legislativa. O adultério é pecado porque constitui a ruptura da aliança pessoal do homem e da mulher. Nos textos legislativos é posta em realce a violação do direito de propriedade e, em primeiro lugar, do direito de propriedade do homem quanto àquela mulher, que foi a sua mulher legal: uma de muitas. Nos textos dos Profetas o fundo da efectiva e legalizada poligamia não alerta o significado ético do adultério. Em muitos textos a monogamia mostra-se a única e justa analogia do monoteísmo entendido segundo as categorias da Aliança, isto é, da fidelidade e entrega ao único e verdadeiro Deus-Javé: Esposo de Israel. O adultério é a antítese daquela relação esponsal, é a antinomia do matrimónio (também como instituição) enquanto o matrimónio monogâmico aplica em si a aliança interpessoal do homem e da mulher, realiza a aliança nascida do amor e acolhida pelas suas respectivas partes exactamente como matrimónio, (e, como tal, reconhecido pela sociedade). Este género de aliança entre duas pessoas constitui o fundamento daquela união pela qual «o homem... se unirá a sua mulher, e os dois serão uma só carne» (Gn 2,24). No contexto acima mencionado, não se pode dizer que tal unidade corpórea é direito (bilateral) de ambos e sobretudo que é o sinal regular da comunhão das pessoas, unidade constituída entre o homem e a mulher na qualidade de cônjuges. O adultério cometido por parte de cada um deles não só é a violação deste direito, que é exclusivo do outro cônjuge, mas ao mesmo tempo é radical falsificação do sinal. Parece que nos oráculos dos Profetas precisamente este aspecto do adultério encontra expressão suficientemente clara.

5. Ao verificar que o adultério é falsificação daquele sinal, que encontra não tanto a sua «normatividade» mas sobretudo a sua simples verdade interior no matrimónio — isto é, na convivência do homem e da mulher, que se tornaram cônjuges — então, em certo sentido, referimo-nos de novo às afirmações fundamentais, feitas precedentemente, considerando-as essenciais e importantes para a teologia do corpo, do ponto de vista seja antropológico seja ético. O adultério é «pecado do corpo». Atesta-o toda a tradição do Antigo Testamento e confirma-o Cristo. A análise comparada das Suas palavras, pronunciadas no sermão da montanha (Mt 5,27-28), como também das diversas enunciações a propósito, contidas nos Evangelhos e nas outras passagens do Novo Testamento, consente-nos estabelecer a razão própria da pecaminosidade do adultério. E é óbvio que determinamos tal razão de pecaminosidade, ou seja do mal moral, fundando-nos no princípio da contraposição perante aquele bem moral que é a fidelidade conjugal, aquele bem que pode ser realizado adequadamente só na relação exclusiva de ambas as partes (isto é, na relação conjugal de um homem com uma mulher). A exigência de tal relação é própria do amor esponsal. cuja estrutura interpessoal (como já fizemos notar) é dirigida pela interior normatividade da «comunhão das pessoas». E esta exactamente que dá significado essencial à Aliança (quer na relação homem-mulher, como também, por analogia, na relação Javé-Israel). Do adultério, da sua pecaminosidade, do mal moral que ele contém, pode-se julgar com base no princípio da contraposição com o pacto conjugal assim entendido.

6. E necessário ter presente tudo isto quando dizemos que o adultério é «pecado do corpo»; o «corpo» é aqui considerado no laço conceptual com as palavras de Génesis 2, 24, as quais de facto falam do homem e da mulher, que, como marido e mulher, se unem tão intimamente entre si que formam «uma só carne». O adultério indica o acto mediante o qual um homem e uma mulher, que não são marido e esposa, formam «uma só carne» (isto é, aqueles que não são marido e esposa no sentido da monogamia como foi estabelecida na origem, mas sim no sentido da casuística legal do Antigo Testamento). O «pecado» do corpo pode ser identificado só a respeito da relação das pessoas. Pode-se falar de bem ou de mal moral segundo esta relação torne verdadeira tal «unidade do corpo» e lhe confira ou não o carácter de sinal verídico. Neste caso, podemos então julgar o adultério como pecado, em conformidade com o conteúdo objectivo do acto.

E este é o conteúdo que tem na mente Cristo, quando, no sermão da montanha, recorda: «Ouvistes que foi dito: Não cometerás adultério». Cristo não se detém contudo em tal perspectiva do problema.

Saudações

A um grupo de fiéis da Austrália

Tenho hoje muita alegria em saudar os visitantes da Austrália. Constituem eles um grupo da Paróquia de Saint John Vianney em Melbourne e uma peregrinação de Sydney, promovida pela Sociedade de Nossa Senhora de Lourdes. Oxalá a vossa permanência em Roma vos traga um aumento de fé: a fé de Pedro e Paulo, fé em Jesus Cristo, o Filho de Deus e o Redentor do homem. Deus abençoe a Austrália!

Aos jovens de Dublin

Com grande alegria dou as boas-vindas à peregrinação de jovens de Dublin, conduzidos pelo Arcebispo Ryan e pelo Bispo Forristal, e acompanhados do Ministro de Estado para a Juventude e o Desporto, o Presidente da Câmara de Dublin, e o precedente Presidente da Câmara, que me deu as boas-vindas àquela cidade. Aprecio muitíssimo esta visita e conto estar convosco durante estes dias.

A Peregrinos austríacos e alemães

Permiti-me que dirija uma saudação especial a dois numerosos grupos presentes.

Saúdo em primeiro lugar a peregrinação diocesana do bispado de Graz-Seckau, na Áustria, com o seu venerado Bispo D. Johann Weber. Estes dias ajudar-vos-ão sem dúvida a encontrar nova alegria na vossa condição de cristãos católicos, que na unidade de uma Igreja difundida por todo o mundo ofereceis o dom da vossa fé aos homens dos nossos dias para a sua salvação e para dar graças a nosso Senhor Jesus Cristo ressuscitado.

Em seguida, saúdo igualmente de todo o coração, a peregrinação da Congregação beneditina da Baviera, vinda a Roma no ano jubilar de São Bento, com o venerável Abade de Ottobeuren, Padre Vitalis Maier. Ao mesmo tempo que visitais os veneráveis lugares do vosso fundador e seguis os seus caminhos, iluminou-vos sem dúvida, de forma perceptível, a resplandecente sabedoria e a amável figura de São Bento, com os seus ideais, como animação e alento para o vosso caminho na vida religiosa.

A estes dois grupos e, com eles, a todos os peregrinos dos países de língua alemã, desejo todo o bem e concedo de coração a minha Bênção Apostólica.

A uma Representação do Movimento Apostólico
"La Virgen en Familia" (Canárias)

Saúdo agora com afecto o Movimento Apostólico "La Virgen en Familia", do Arquipélago das Canárias.

A Mãe de Deus ocupa um lugar único e privilegiado no coração da Igreja e dos cristãos. Exorto-vos, amadíssimos irmãos, como fruto da vossa peregrinação ao túmulo do Apóstolo Pedro, a continuardes a viver e a testemunhar a devoção e o amor filial à Virgem Maria, que recebestes como dom precioso dos vossos antepassados, tanto na intimidade do lar como no âmbito social.

A uma peregrinação de Thiene (Itália)

Estão presentes nesta Audiência os peregrinos de Thiene, a bonita e industriosa cidade da Diocese de Pádua. No início das celebrações pelo quinto centenário do nascimento de São Caetano Thiene, vosso Padroeiro, desejastes o encontro com o Papa. Agradeço-vo-lo de coração! Em vós desejo saudar todos aqueles que representais: os sacerdotes, os religiosos e as religiosas comprometidos no aposta lado nas cinco paróquias da vossa cidade; aqueles que trabalham nos numerosos centros de estudo, de trabalho e de comércio; as famílias e todos os seus componentes, com particular e afectuosa referência as crianças, os jovens, os anciãos e os doentes. Faço votos por que todos tenhais, como reflexão e programa na realização do vosso particular trabalho, as palavras de Jesus, que foram, como bem sabeis, o impulso interior do grande santo da Providência: "Procurai primeiro o Seu Reino e a Sua justiça, e tudo o mais se vos dará por acréscimo" (Mt 6,33).

Confio-vos à sua protecção e peço-vos que lhe rezeis também por mim, ao mesmo tempo que de coração vos abençoo.

A um grupo de Religiosas

Dirijo uma saudação ao grupo de Religiosas pertencentes a vários Institutos e Congregações, reunidas nestes dias para a Semana anual promovida pela Associação Bíblica Nacional. Ao manifestar-vos grato aprazimento pelo vivo interesse que demonstrais pela Sagrada Escritura, formulo o voto de que a reflexão assídua e atenta sobre o mistério da salvação, através da leitura e da audição da palavra de Deus, vos dê estímulo para uma dedicação cada vez maior aos ideais da vida consagrada, na imitação no divino Modelo. Acompanhe-vos neste compromisso a minha Bênção Apostólica.

A fiéis de Beluno (Itália)

Há hoje nesta Audiência geral uma particularidade digna de menção. A "Associação Emigrantes de Beluno no mundo" e a "Associação Nacional Alpinos da Itália", com a ajuda também de cidadãos de Beluno, quiseram oferecer às Autoridades da Argentina, nação onde se encontram muitos emigrantes italianos, uma cópia da estátua de "Nossa Senhora das Dolomitas" que o ano passado tive a felicidade de benzer no cimo da Marmolada, e manifestaram o desejo de que também esta reprodução seja benzida pelo Papa.

De bom grado acedo a tão afectuoso pedido, e aproveito a ocasião para tornar a Bênção extensiva a todos os que generosamente fizeram a oferta.

Aos Membros da secção italiana
da Instituição Internacional "Auxilia"

Uma particular palavra de encorajamento chegue agora ao Grupo italiano da Instituição Internacional "Auxilia", Associação de Mestres Católicos que praticam a caridade pondo à disposição as suas capacidades profissionais de ensino em favor de doentes, deficientes e também de pessoas de todos os credos religiosos. A vós, da secção italiana, e aos vossos colegas da França, Bélgica e Espanha, dirige-se a minha cordial saudação e a exortação a perseverardes com alegria no vosso particular compromisso de caridade e testemunho cristão.



                                                                            Setembro de 1980

JOÃO PAULO II

AUDIÊNCIA GERAL

Quarta-feira, 3 de Setembro de 1980


O significado do adultério transferido do corpo para o coração

1. No Sermão da Montanha, Cristo limita-se a recordar o mandamento «Não cometerás adultério», sem julgar sobre o comportamento dos seus ouvintes. O que dissemos antes a respeito deste tema provém de outras fontes (sobretudo da conversa de Cristo com os fariseus, em que apelou para o «princípio»: cf. Mt Mt 19,8 Mc 10,6). No Sermão da Montanha, Cristo omite esse juízo ou, antes, pressupõe-no. O que dirá na segunda parte do enunciado, que principia com as palavras «Eu porém digo-vos...» será alguma coisa mais que a polémica com os «doutores da Lei», ou seja com os moralistas da Tora. E será também alguma coisa mais a respeito do «ethos» antigotestamentário. Será passagem directa ao «ethos» do novo. Cristo parece deixar de parte todas as disputas acerca do significado ético do adultério sobre o plano da legislação e da casuística, em que a relação essencial interpessoal do marido e da mulher tinha sido notavelmente ofuscada pela relação objectiva de propriedade — e adquire outra dimensão. Cristo diz: «Eu porém digo-vos que todo aquele que olhar para uma mulher, desejando-a, já cometeu adultério com ela no seu coração» (Mt 5,28); diante deste passo vem sempre ao espírito a antiga tradução «tornou-a já adúltera no seu coração», versão que, talvez melhor que o texto actual, exprime o facto de tratar-se de puro acto interior e unilateral. Assim, portanto, «o adultério cometido no coração» é em certo sentido contraposto ao «adultério cometido no corpo».

Devemos interrogar-nos sobre as razões porque é deslocado o ponto da gravidade do pecado, e perguntar-nos, além disso, qual é o autêntico significado da analogia: se de facto o «adultério», segundo o seu significado fundamental, pode ser somente um «pecado cometido no corpo», em que sentido aquilo que o homem comete no coração merece também ser chamado adultério? As palavras, com que põe Cristo o fundamento do novo «ethos», exigem por seu lado um profundo radicar-se na antropologia. Antes de responder a estas perguntas, detenhamo-nos algum tempo na expressão que, segundo Mateus 5, 27-28, efectua em certo modo a transferência ou a deslocação do significado do adultério do «corpo» para o «coração». São palavras que se referem ao desejo.

2. Cristo fala da concupiscência: «todo aquele que olhar desejando-a». Precisamente esta expressão requer uma análise particular para se compreender o enunciado na sua integridade. É preciso aqui referirmo-nos à precedente análise, que tendia, diria eu, a reconstruir a imagem «do homem da concupiscência» já nos inícios da história (cf. Gén Gn 3). Aquele homem de quem fala Cristo no Sermão da Montanha — o homem que olha «para desejar» — é indubitavelmente homem de concupiscência. Precisamente por este motivo, porque participa da concupiscência do corpo, «deseja» e «olha para desejar». A imagem do homem da concupiscência, reconstruída na fase precedente, ajudar-nos-á agora a interpretar o «desejo», de que fala Cristo segundo Mateus 5, 27-28. Trata-se aqui não só de uma interpretação psicológica, mas, ao mesmo tempo, de uma interpretação teológica. Cristo fala dentro do contexto da obra da salvação. Estes dois contextos em certo modo sobrepõem-se e compenetram-se reciprocamente: isto tem significado essencial e constitutivo para todo o «ethos» do Evangelho e em particular para o conteúdo do verbo «desejar» ou «olhar para desejar».

3. Servindo-se de tais expressões, o Mestre primeiro apela para a experiência daqueles que o estavam a ouvir directamente, e depois apela também para a experiência e para a consciência do homem de todos os tempos e lugares. De facto, apesar de a linguagem evangélica ter força comunicativa universal, todavia para um ouvinte directo, cuja consciência tinha sido formada pela Bíblia, o «desejo» devia ligar-se a numerosos preceitos e admoestações, presentes antes de tudo nos Livros de carácter sapiencial, nos quais apareciam repetidas advertências sobre a concupiscência do corpo e também conselhos dados com o fim de preservar dela.

4. Como é sabido, a tradição sapiencial tinha particular interesse para a ética e para os bons costumes da sociedade israelita. O que nestas advertências e conselhos, presentes por exemplo no Livro dos Provérbios (Cf. por ex., Prov. 5, 3-6.15-20; 6, 24; 7, 27; 21, 9.19; 22, 14; 30, 20. ) ou do Sirácide (Cf. por ex., Sir.7, 19.24-26; 9, 1-9; 23, 22-27; 25, 13; 26, 18; 36, 21-25; 42, 6.9-14. ) ou mesmo do Coelet (Cf. por ex., Ecle. 7, 26-28; 9, 9. ), nos impressiona de modo imediato é certa unilateralidade deles, pois as admoestações são sobretudo dirigidas aos homens. Isto pode significar que sejam para eles particularmente necessárias. Quanto à mulher, é verdade que nestas advertências e conselhos ela aparece mais frequentemente como ocasião de pecado ou mesmo como sedutora de que é preciso fugir. E todavia necessário reconhecer que tanto o Livro dos Provérbios quanto o Livro do Sirácide, além da advertência de precaver-se da mulher e da sedução da sua fascinação que levam o homem a pecar (cf. Prov Pr 5,1-6 Pr 6,24-29 Si 26,9-12); fazem também o elogio da mulher que é «perfeita» companheira de vida do próprio marido (cf. Prov Pr 31,10 ss), e também louvam a beleza e a graça de uma mulher virtuosa, que sabe tornar feliz o marido.

«A mulher santa e honesta é graça inestimável; / a alma casta não tem preço. / Como o sol que se levanta nas alturas de Deus, / assim é a beleza de uma mulher virtuosa, ornamento da sua casa. / Como a lâmpada que brilha no candelabro sagrado, assim é a beleza do rosto numa figura majestosa. / Como colunas de ouro sobre alicerces de prata, / assim são, sobre as suas plantas, os pés esbeltos da mulher ponderada... / A graça de uma mulher cuidadosa deleita o marido, / e o seu bom proceder revigora-lhe os ossos» (Si 26, 15-18, 13).

5. Na tradição sapiencial uma frequente admoestação contrasta com este elogio da mulher-esposa, e é a que se refere à beleza e à graça da mulher que não é a própria esposa, a qual forma causa de tentação e ocasião de adultério: «Não cobice o teu coração a sua formosura...» (Pr 6,25). No Sirácide (cf. 9, 1-9) a mesma advertência é expressa de modo mais peremptório:

«Afasta os teus olhos da mulher bela, / e não olhes com insistência para a formosura alheia. / Muitos pereceram por causa da beleza feminina, / e por ela se acende o fogo do desejo» (Si 9,8-9).

O sentido dos textos sapienciais tem dominante significado pedagógico. Ensinam a virtude e procuram proteger a ordem moral, referindo-se à lei de Deus e à experiência tomada em sentido lato. Além disso, distinguem-se pelo particular conhecimento do «coração» humano. Diremos que desenvolvem uma específica psicologia moral, mesmo sem caírem no psicologismo. Em certo sentido, estão perto daquele apelo de Cristo ao «coração», que Mateus nos transmitiu (cf. 5, 27-28), embora não se possa afirmar que revelem tendência para transformar o «ethos» de maneira fundamental. Os autores destes Livros utilizam o conhecimento da interioridade humana para ensinar a moral sobretudo no âmbito do «ethos» historicamente em acto e por eles substancialmente confirmado. As vezes algum deles, como por exemplo Coelet, sintetiza essa confirmação com a própria «filosofia» da existência humana, o que, porém, se influi no método com que formula advertências e conselhos, não muda a fundamental estrutura-base da apreciação ética.

6. Para tal transformação do «ethos» será necessário esperar até ao Sermão da Montanha. Apesar disso, aquele conhecimento muito perspicaz da psicologia humana, presente na tradição «sapiencial», não estava certamente destituído de significado para o círculo daqueles que escutavam pessoal e imediatamente este sermão. Se, em virtude da tradição profética, estes ouvintes estavam em certo sentido preparados para compreender de modo adequado o conceito de «adultério», também em virtude da tradição «sapiencial» estavam preparados para compreender as palavras que se referem ao «olhar concupiscente» ou ao «adultério cometido no coração».

À análise da concupiscência no Sermão da Montanha convir-nos-á voltar mais adiante.

Palavras do Santo Padre

Agora quero falar de um assunto muito importante para todos nós:

No dia 1 de Setembro decorreu outro aniversário, o 41°, do princípio da Segunda Guerra Mundial, guerra que provocou enormes prejuízos materiais e morais, e não cessa de constituir dolorosa ferida na história das nações, sobretudo das nações europeias neste século. É sobretudo ferida dolorosa na história da nossa Nação que, durante os acontecimentos bélicos a partir de Setembro de 1939, não só esteve sujeita à terrível ocupação, como sabemos, mas deu também em holocausto seis milhões dos seus filhos e filhas, nas várias frentes, nos campos e nas prisões. Não podemos esquecer esta data.

Não podemos esquecê-la, também porque a Segunda Guerra Mundial, através do enorme contributo da nossa Nação, justifica particularmente o direito moral à independência e à soberania na existência desta Nação. Soberania significa justo direito à autodeterminação, cujo respeito é requerido também pela ordem internacional, pela ordem moral internacional.

Por este motivo julgo que, independentemente da circunstância de eu ser natural da Polónia, tenho o direito e o dever, no exercício do meu ministério, de falar disto.

Nestes primeiros dias de Setembro que nos recordam cada ano a horrível violência feita à nossa Pátria, somente vinte anos depois da reconquista da independência a seguir à partilha da Polónia, devemos mais em particular pedir que a ordem moral internacional seja respeitada na Europa e em todo o mundo, que nem a nossa Pátria nem nenhuma outra Nação seja vítima da. agressão e da violência, seja de quem for. Devemos pedir isto e testemunhar isto, por outro lado todos o estamos fazendo, deve-se pedir isto e testemunhar isto para que as relações na Europa e no mundo inteiro se reforcem no respeito dos direitos de cada Nação que estão organicamente ligados aos direitos do homem.

Estas são, caros compatriotas, as reflexões necessárias, ligadas cada ano com o princípio de Setembro. Dirijo-as a vós aqui presentes, dirijo-as a todos os nossos compatriotas que estão na Pátria, e dirijo-as a todos os homens de boa vontade do mundo. Estas são as palavras da paz: aquela paz de que a Igreja, pela missão recebida de Cristo, quer fazer-se servidora para toda a humanidade, para todos os homens de boa vontade.

Saudações

A um grupo de Religiosos

Acolho com especial alegria os Oblatos e as Oblatas da Ordem beneditina, vindos em grande número da França, da Itália e até do Togo, venerar os lugares santificados por São Bento. Exorto-vos a intensificar esta "oblação" que um dia pronunciastes e assinastes com a vossa mão sobre o altar do Senhor. Dai a prioridade ao Louvor divino, à "lectio divina". Acolhei os outros como Cristo, e as vossas casas sejam hospitaleiras, recordando-vos que, sem viverdes em Claustro, sois chamados a prolongar e difundir no coração do mundo o espírito do mosteiro a que estais ligados pela vossa oblação. Obrigado ainda por terdes vindo visitar-me. Abençoo-vos paternalmente.

A dois grupos de Jovens franceses

Aos jovens da Diocese de Aire e Dax, vindos em peregrinação a Assis e Roma, com o seu Bispo, D. Robert Sarrabère e os seus capelães, dirijo a minha calorosa saudação e as minhas felicitações. Acrescentarei um só voto, que atinge — estou certo disso — as vossas próprias aspirações, como também a esperança do vosso Bispo, dos vossos Sacerdotes e dos vossos pais. Como o vosso compatriota, São Vicente de Paulo, sabei escutar e seguir a chamada do Senhor para que a vossa vida seja realmente cristã e, se ele vo-lo pedir, para vos consagrades inteiramente ao seu serviço.

Dirijo os mesmos encorajamentos aos jovens acólitos da Diocese de Reims. Sabei todos, caros amigos, que rezo por vós. Recomendo-vos à Virgem Maria e abençoo-vos afectuosamente.

A uma Peregrinação francesa

Quero dizer também uma palavra de acolhimento aos membros da União regional dos Ferroviários católicos das Dioceses de Estrasburgo e de Metz, e igualmente a todos os diocesanos de Autune de Belley, vindos com Monsenhor Le Bourgeois ao túmulo dos santos Apóstolos. Oxalá esta peregrinação, caros amigos, vos ajude a aprofundar a vossa vocação cristã, a vossa fidelidade ao vosso baptismo e à Igreja de Cristo. Dou-vos a todos, e àqueles que vos são queridos. a Bênção Apostólica.

A um grupo de Doentes e Deficientes vindos da França

Uma Bênção Apostólica muito particular, por fim, vai para os queridos doentes e deficientes de Ruillé-en-Champagne, e para os seus dedicados acompanhadores. A Virgem Maria obtenha para todos a graça de compreenderem o seu divino Filho, e a coragem de o seguir.

A um grupo de Irlandeses

Entre os grupos presentes esta tarde encontram-se os membros do "Irish White Plane Pilgrimage" a Roma e Loreto, incluindo alguns doentes. Sejam o Senhor e a sua Bendita Mãe Maria a força e a alegria de cada hora da vossa viagem de fé. E oxalá volteis para a Irlanda sempre mais conscientes da vossa união com Cristo na sua missão de salvação. Permaneça sempre o seu amor nos vossos corações!

A Sacerdotes alemães

Convido-vos a unir-vos à saudação que dirijo aos 30 Sacerdotes aqui presentes, alguns dos quais celebram 25 anos de Sacerdócio, e outros 40 anos. Alguns estudaram aqui em Roma, no Colégio Germânico-Húngaro. Outros provêm da Diocese de Munique. Estai convictos que o Senhor mantém a fidelidade ao seu sim ao Longo dos caminhos da vossa vida. Respondei a esta fidelidade de todo o coração e com todas as forças.

A dois grupos de Sacerdotes de Milão (Itália)

Desejo dirigir uma particular saudação a dois grupos de sacerdotes provenientes da Diocese de Milão: os primeiros celebram o quadragésimo aniversário de sacerdócio os segundos foram ordenados há vinte e cinco anos, pelos então Arcebispo de Milão, João Baptista Montini, chamado havia poucos meses para o governo da Igreja ambrosiana.

Filhos caríssimos, ao exprimir-vos o meu reconhecimento por esta visita, é-me grato exortar-vos a reavivardes em vós a consciência da dignidade singular a que o Sacramento vos elevou, e a renovardes, ao mesmo tempo, os propósitos de plena dedicação ao serviço ministerial, em espírito de filial caridade para com o vosso actual Arcebispo, o querido D. Carlos Maria Martini, e de comunhão sincera com os problemas, as ansiedades e as esperanças das vossas populações.

Abençoo-vos a todos, juntamente com os vossos familiares que vos acompanharam, e confio a cada um o encargo de levar a minha Bênção aos fiéis a quem se dedicam os seus cuidados pastorais.

A dois mil Cooperadores Salesianos

Estão presentes na Audiência Geral os dois mil Cooperadores e Cooperadoras Salesianos que participam no Encontro Nacional de fraternidade e de oração.

Caríssimos, viestes ao encontro do Papa, também em representação de todos os Cooperadores da Itália e por isso vos estou sentidamente grato. Desejo exprimir-vos reconhecimento pela vossa preciosa actividade. Recordando a visita que fiz ao túmulo de São João Bosco em Turim, em Abril passado, digo-vos: continuai a viver o maravilhoso ideal salesiano na família, na sociedade, no trabalho, na escola, na vida paroquial, na estrutura diocesana, nos Conselhos pastorais, na organização civil, nas exigências dos bairros e das cidades, no acolhimento à vida nascente, no cuidado pelos doentes e os marginalizados, e na fraterna ajuda a todos os que sofrem.

Mas sobretudo não esqueçais nunca a vossa vida espiritual corroborando-a com a oração quotidiana e a frequência aos Sacramentos. Assim sereis verdadeiras "testemunhas de Cristo", sob a maternal protecção de Maria Auxiliadora e com a intercessão de São Francisco de Sales e São João Bosco.

Acompanhe-vos a minha Bênção, que faço extensiva a todos os Cooperadores da Itália.

A um grupo de Crianças de Pove del Grappa (Itália)

Desejo agora dirigir uma saudação afectuosa aos jovenzinhos de Pove del Grappa. Caríssimos, a tocha que acendi e vós levareis para a vossa Paróquia, a fim de cintilar durante as festas quinquenais em honra do Divino Crucifixo, seja para vós e para todos o símbolo de um vivo amor a Cristo, fundamento autêntico da verdadeira paz. Com estes votos, concedo de coração a vós, aos vossos familiares e aos fiéis da vossa Comunidade paroquial, a minha propiciadora Bênção Apostólica.



JOÃO PAULO II


AUDIÊNCIA GERAL


Quarta-feira, 10 de Setembro de 1980


A CONCUPISCÊNCIA COMO AFASTAMENTO


DO SIGNIFICADO ESPONSAL DO CORPO




1. Reflictamos nas seguintes palavras de Jesus, tiradas do Sermão da Montanha: «Todo aquele que olha para uma mulher, desejando-a, já cometeu adultério com ela no seu coração» («tornou-a já adúltera no seu coração«) (Mt 5,28). Cristo pronuncia esta frase diante dos ouvintes, que, baseados nos livros do Antigo Testamento, estavam, em certo sentido, preparados para compreender o significado do olhar que nasce da concupiscência. Já na quarta-feira passada fizemos referência aos textos tirados dos chamados Livros Sapienciais.

Eis, por exemplo, outra passagem, em que o autor bíblico analisa o estado de alma do homem dominado pela concupiscência da carne:

«..,.uma paixão ardente como fogo aceso / não se acalmará antes de devorar alguma coisa. / O homem que abusa do seu próprio corpo, / não terá sossego enquanto não o devorar uma fogueira. / Para o homem impuro todo o pão é apetitoso, / e não se cansará de pecar até à morte. / O homem que desonra o seu leito conjugal / diz no seu coração: 'Quem me vê?/ As trevas cercam-me, as paredes escondem-me,/ ninguém me vê, e a quem temerei? / O Altíssimo não se lembrará dos meus pecados'. / Não considera que os olhos de Deus vêem todas as coisas, / que um semelhante temor humano afasta de si o temor de Deus. / Só teme os olhos dos homens. / E não sabe que os olhos do Senhor / são muito mais luminosos que o sol; / vêem todos os caminhos dos homens, / e penetram as profundezas do abismo e os corações dos mesmos homens / até aos seus mais íntimos recônditos. / Assim também perecerá toda a mulher que deixar o seu marido, / e lhe der como herdeiro um filho adulterino...» (Si 23,17-22).

2. Não faltam análogas descrições na literatura mundial (1). Certamente, muitas destas distinguem-se por mais penetrante perspicácia de análise psicológica, e por mais intensa sugestividade e força expressiva. Todavia, a descrição bíblica de Sirácide (23, 17-22) compreende alguns elementos que podem ser considerados «clássicos» na análise da concupiscência carnal. Elemento do género é, por exemplo, a comparação entre a concupiscência da carne e o fogo: este, ardendo no homem, invade-lhe os sentidos, excita o corpo, arrasta os sentimentos e em certo sentido apodera-se do «coração». Tal paixão, originada pela concupiscência carnal, sufoca no «coração» a voz mais profunda da consciência, o sentido da responsabilidade diante de Deus; e isto, por sinal, é especialmente posto em evidência no texto bíblico recém-citado. Persiste, por outro lado, o pudor externo a respeito dos homens — ou antes uma aparência de pudicícia, que se manifesta como temor das consequências, mais que do mal em si mesmo. Sufocando a voz da consciência, a paixão leva consigo inquietação do corpo e dos sentidos: é a inquietação do «homem exterior». Quando o homem interior foi reduzido ao silêncio, a paixão, depois de obter por assim dizer liberdade de acção, manifesta-se com insistente tendência para a satisfação dos sentidos e do corpo.

Tal satisfação, segundo o critério do homem dominado pela paixão, deveria extinguir o fogo; mas, pelo contrário, ela não atinge as fontes da paz interior e limita-se a tocar o nível mais exterior do indivíduo humano. E aqui o autor bíblico justamente verifica que o homem, cuja vontade está empenhada em satisfazer os sentidos, não encontra sossego nem se encontra a si mesmo, mas, pelo contrário, «consome-se». A paixão procura satisfazer-se; por isso embota a actividade reflexiva e desatende a voz da consciência; assim, sem ter em si qualquer princípio de indestrutibilidade, «extenua-se». É-lhe conatural o dinamismo do uso, que tende a «esgotar-se». É verdade que, estando a paixão inserida no conjunto das mais profundas energias do espírito, pode tornar-se força criadora; em tal caso, porém, deve sofrer uma transformação radical. Se, pelo contrário, sufoca as forças mais profundas do coração e da consciência (como acontece na narrativa de Si 23,17-22), «consome-se» e, de modo indirecto, nela se consome o homem que é sua presa.

3. Quando Cristo no Sermão da Montanha fala do homem que «deseja», que «olha com desejo», pode presumir-se que tem diante dos olhos também as imagens conhecidas daqueles que O ouvem usando a tradição «sapiencial». Todavia, contemporaneamente, refere-se a cada homem que, baseado na própria experiência interior, sabe o que significa «desejar», «olhar com desejo». O Mestre não analisa tal experiência nem a descreve, como fizera, por exemplo o Sirácide (23, 17-22); parece pressupor, diria eu, suficiente conhecimento daquele facto interior, para o qual chama a atenção dos ouvintes, presentes e potenciais. É possível que algum deles não saiba de que se trata? Se realmente nada soubesse, o conteúdo das palavras de Cristo não lhe diria respeito, nem qualquer análise ou descrição seria capaz de o esclarecer. Se, pelo contrário, souber — trata-se de facto em tal caso de uma ciência de todo interior, intrínseca ao coração e à consciência — compreenderá imediatamente, quando as sobreditas palavras a ele se refiram.

4. Cristo, portanto, não descreve nem analisa o que forma a experiência do «desejar», a experiência da concupiscência da carne. Tem-se mesmo a impressão de Ele não penetrar nesta experiência em toda a amplitude do seu interior dinamismo, como acontece por exemplo no texto citado de Sirácide, mas detém-se antes no limiar dela. O «desejo» não se transformou ainda numa acção exterior, ainda não se tornou o «acto do corpo»; é até agora o acto interior do coração: exprime-se no olhar, no modo de «olhar para a mulher». Todavia, já deixa entender, desvela, o seu conteúdo e a sua qualidade essenciais.

É necessário fazermos agora tal análise. O olhar exprime o que está no coração. O olhar exprime, diria eu, o homem completo. Se em geral se admite que o homem «opera em conformidade com o que é» (operari sequitur esse), Cristo neste caso quer pôr em evidência que o homem «olha» conformemente àquilo que é: intueri sequitur esse. Em certo sentido, o homem através do olhar revela-se exteriormente e aos outros; sobretudo revela o que percebe no «interior» (2).

5. Cristo ensina, portanto, a considerarmos o olhar quase como limiar da verdade interior. Já no olhar, «no modo como se olha», é possível reconhecer plenamente o que é a concupiscência. Procuremos explicá-lo.. «Desejar», «olhar com desejo», indica uma experiência do valor do corpo, em que o seu significado esponsal cessa de ser tal, precisamente por causa da concupiscência. Cessa, também, o seu significado procriativo, de que falámos nas nossas precedentes considerações. Este — quando diz respeito à união conjugal do homem e da mulher — está radicado no significado esponsal do corpo e quase organicamente dele deriva. Ora, o homem, «desejando», «olhando para desejar» (como lemos em Mt 5,27-28), experimenta de modo mais ou menos explícito o desapego daquele significado do corpo, que (segundo já observámos nas nossas reflexões) está na base da comunhão das pessoas: seja fora do matrimónio, seja — de modo particular — quando o homem e a mulher são chamados a constituir a união «no corpo» (como proclama o «evangelho do princípio» no clássico texto de Gn 2,24). A experiência do significado esponsal do corpo está subordinada, de modo particular, à chamada sacramental, mas não se limita a ela. Tal significado qualifica a liberdade do dom, que — segundo veremos com maior precisão nas seguintes análises — pode realizar-se não só no matrimónio, mas também de modo diverso.

Cristo diz: «Todo aquele que olha para uma mulher para a desejar (isto é, quem olha com concupiscência) já cometeu adultério com ela no seu coração» («tornou-a já adúltera no seu coração») (Mt 5,28). Não quer acaso Ele dizer com isto que precisamente a concupiscência — como o adultério — é desapego interior do significado esponsal do corpo? Não quer mandar os Seus ouvintes para as experiências interiores que têm - desse desapego? Não é acaso por isto que o define «adultério cometido no coração»?

Notas

1. Cf. p. ex. «Confissões» de S. Agostinho: «Deligatus morbo carnis mortifera suavitate trahebam catenam meam, solvi timens, et quasi concusso vulnere repellens verba bene suadentis tamquam manum solventis. (...) Magna autem ex parte arque vehementer consuetudo satiandae concupiscentiae me captum excruciabat» (Confessiones, VI, 12, 21-22).

«Et non stabam frui Deo meo, sed rapiebar ad te decore tuo; moxque deripiebar abs te pondere meo, et ruebam in ista cum gemitu: et pondus hoc, consuetudo carnalis» (Confessiones, 1. VII, c. 17).

«Sic aegrotabam et excruciabar accusans memetipsum solito acerbius nimis, ac volvens et versans me in vinculo meo, donec abrumperetur totum, quo iam exiguo tenebar, sed tenebar tamen. Et instabas tu in occultis Domine, severa misericordia, flagella ingeminans timoris et pudoris, ne rursus cessarem, et non abrumperetur idipsum exiguum et tenue quod.remanserat; et revalesceret iterum et me robustius alligaret...» (Confessiones, 1. V111, c. 11).

Dante descreve esta fractura interior e considera-a merecedora de pena:

«Quando giungon davanti alia ruiva / quivi le strida, il compianto, il lamento; / bestemmian quivi Ia virtú divina. / Intesi che a così fatto tormento / enno dannati i peccator carnali, / che la ragion sommettono al talento. / E come gli stornei ne portan l'ali / nel freddo tempo a schiera larga e piena, / così quel fiato gli spiriti mali: / di qua, di là, di giù, di sù li mena; / nulla speranza li conforta mai, / non che di posa, ma di minor pena». (Dante, Divina Commedia, Inferno, V, 37-43).

«Shakespeare descreveu a satisfação de uma tirânica concupiscência como algo de: 'Past reason hunted and, no sooner had, / past reason hated'». (C. S. Lewis, The Four Loves, New York 1960, Harcourt, Brace, p. 28).

2. A análise filológica confirma o significado da expressão ho blépo («o olhante» ou «quem quer que olha»: Mt 5,28).

«Se blépo de Mt. 5, 28 tem o valor de percepção interna, equivalente a «penso, fixo o olhar, reparo» — mais severo e mais elevado resulta o ensinamento evangélico quanto às relações interpessoais dos discípulos de Cristo.

Segundo Jesus não é necessário nem sequer um olhar luxurioso para fazer tornar adúltera uma pessoa. Basta mesmo um pensamento do coração» (M. Adinolfi, «Il desiderio della donna in Matteo 5, 28», in: Fondamenti biblici della teologia morale — Atti della XXII Settimana Biblica Italiana, Brescia 1973, Paideia, p. 279).



AUDIÊNCIAS 1980 - AUDIÊNCIA GERAL