Discursos João Paulo II 1980 - 16 de Fevereiro de 1980

b) O segundo critério é o da exemplaridade, que esta Universidade deve exercer diante das outras, especialmente diante das Faculdades filiadas. Quer isto dizer que, na sequência da sua posição de prestígio e da delicada função que lhe é entregue — pela Igreja, para a Igreja e na Igreja — deve ser digna de ser proposta como modelo às outras: pela alta qualidade do ensino; pelo fervor da investigação; pela educação requintadamente eclesial que saiba garantir aos alunos; pelo nível de preparação espiritual e cultural que assegure a estes últimos, especialmente se forem destinados ao sacerdócio; pela plena correspondência, numa palavra, às próprias finalidades institucionais. Uma Universidade como esta — direi com a persuasiva imagem evangélica — é como á cidade colocada no cimo do monte, que não pode ficar escondida; é como a candeia, que não há-de ficar oculta, mas sim colocada sobre o velador, para que a luz se espalhe e chegue a alumiar a todos os que estão em casa (Cfr. Mt 5,14-16). Nela a advertência do Senhor «Vós sois a luz do mundo» (Ibid.) pode e deve encontrar original e substancial aplicação.

c) Recordarei ainda, como terceiro critério, o sentida da catolicidade. O Concílio Vaticano II habituou-nos a ouvir outras vozes na Igreja: das várias Nações da Europa cristã, como dos Países da América Latina, vieram novas apresentações e novas problemáticas, que — em nome de são e definido pluralismo, e dentro da unidade dogmática da fé — podem ter direito de cidadania no âmbito da reflexão e da elaboração teológica. Não podendo agora entrar no valor de cada uma dessas posições (para algumas não faltaram aliás os necessários ajustamentos, como fiz eu próprio o ano passado, em Puebla, na mensagem ao Episcopado da América Latina), direi unicamente que, manifestar-se este facto, não deve deixar de lembrar o dever de se praticarem o discernimento e a síntese. Ora que melhor local, para esse trabalho de apreciação critica e de integração positiva, do que o oferecido por esta Universidade duas vezes Romana? É o sentido eminentemente católico que lhe é congénito, é esse seu apoiar-se no Magistério, o que lhe cria as condições mais favoráveis. A este propósito, alia-se a necessária ponderação com o preceito do Apóstolo: Não extingais o Espírito, não desprezeis as profecias. Examinai tudo e retende o que for bom (1Th 5,19-21).

Sector especial, em que semelhante trabalho se pode realizar, é constituído sem dúvida pela doutrina eclesiológica; e, neste capítulo, desejo tributar-vos merecido louvor, pois sei que tal estudo é por vós cultivado com particular assiduidade. Prossegui com perseverança, pois trata-se de campo vastíssimo e bem rico de germes fecundos. Bastaria recordar apenas os mais importantes documentos pontifícios e conciliares, que imediatamente ocorrem ao espírito e contêm em abundância matéria para análise, hermenêutica e aprofundamento: as Encíclicas Mystici Corporis de Pio XII e Ecclesiam Suam de Paulo VI, as Constituições Lumen Gentium e Gaudium et Spes do recente Concílio constituem, por assim dizer, um quadrilátero ideal, em que se deve realizar o estudo, sem esquecer obviamente a herança preciosa que a tradição patrística e escolástica nos oferecem a respeito da verdadeira Ecclesia Christi.

d) Mais um e último critério é imposto por aquele tipo de investigações, em que a Universidade do Latrão é chamada a desenvolver actividade realmente de vanguarda: refiro-me à pastoralidade, e desejo por isso nomear o Pontifício Instituto Pastoral, erecto em 1957 por Sua Santidade Pio XII, com a série de disciplinas antigas e modernas, humanas e religiosas, que os seus cursos incluem, e com a especialização em teologia pastoral. Na verdade, ao mesmo tempo que as Universidades Eclesiásticas Romanas têm especialmente a alta responsabilidade de formar para a Igreja professores, que venham depois a assegurar, nas escolas das dioceses, o adequado ensino das ciências sagradas, e para isso aproveitam pessoas e estruturas de insignes Ordens Religiosas — esta Universidade, por outro lado, sendo capaz de dar-nos óptimos professores (fê-lo no passado e fá-lo ainda agora), notabiliza-se pela preparação de Sacerdotes doutos e zelosos, que deverão alimentar a vitalidade pastoral das Comunidades eclesiais. Ela quer fornecer, numa palavra, peritos naquela «arte das artes», que é, segundo São Gregório Magno, a direcção das almas (Cfr. Regula Pastoralis I, 1; PL 77, 14) e, pelo nível atingido graças ao sobredito Instituto, pode contribuir eficazmente para a formação, não só dos leigos mas também dos Sacerdotes, devido ao trabalho dos Sacerdotes que saem desta escola. O objectivo fundamental é, de facto, a educação para a fé com acção diferenciada segundo as necessidades, as circunstâncias e as idades: escutando as vozes que levantam hoje homens crentes e não crentes, com dúvidas ou na indiferença, estudam-se os modos do anúncio, as técnicas da catequese, o serviço sacramental, a animação de grupos e comunidades, a presença religiosa nas escolas, as obras caritativas e assistenciais, que são meios para a vida cristã ou se implantar ou se desenvolver ou vir a produzir frutos maduros in sanctitate et iustitia (Lc 1,75). Como fiz para a eclesiologia, também para este campo vos indicarei dois documentos, cuja importância é igual à actualidade que revestem: as Exortações Evangelii Nuntiandi e Catechesi Tradendae, como textos para estudardes e traduzirdes na prática ministerial.

5. Falei até agora sobretudo de doutrina teológica e de arte pastoral, porque se trata de disciplinas que têm no Latrão grande relevo. Não esqueço porém — não poderia nem quereria fazê-lo — os outros ensinamentos de carácter filosófico, bíblico, jurídico, etc., que são aqui ministrados. Como haverá de omitir uma referência, embora rápida, ao Pontificium Institutum Utriusque Iuris e ás duas Faculdades que o formam? Vós conhecei-lo: representa no mundo científico um «unicum», com indiscutido prestígio, que não vem de hoje: corresponde a exigências reais, porque a Igreja sempre necessitará de insignes canonistas e juristas em todos os níveis: desde o governo à administração da justiça, e do ensino às relações com as autoridades políticas. Ele, promovendo o estudo científico de ambos os direitos, manifesta a interdependência, em profundidade, dos dois sistemas, canónico e civil, confirmando assim que o direito, naquilo que tem de absoluto, enquanto é sinónimo de justiça, é um só.

Mas, depois de recordar a função do original Institutum, desejaria aludir às possibilidades de activa presença que julgo se lhe abrem, e bem amplas, especialmente neste momento. São pelo menos três os âmbitos em que poderá oferecer importantíssimo contributo: na preparação e no sucessivo estudo do novo Codex luris Canonici; no aprofundamento daqueles direitos da pessoa que, precisamente porque tantas vezes são postergados na sociedade hodierna, mais devem ser considerados e salvaguardados pela Igreja, para a qual o homem sempre será o primeiro e fundamental caminho (Cfr. Enc. Redemptor Hominis RH 14); na grande causa da unidade europeia, causa que a Santa Sé tanto tem a peito, e na qual as instituições jurídicas — se nelas estiverem presentes cristãos bem preparados — poderão exercer salutar influxo, contribuindo para fazer com que melhor resplandeça o rosto humano-cristão do Continente. E bastante útil poderá ser ainda a função do nosso Institutum nas investigações tendentes a estabelecerem relações internacionais novas, inspiradas na justiça, na fraternidade e na solidariedade.

6. A variedade dos ensinamentos leva-nos, por outro lado, a fazer notar que, apesar da multiplicidade deles, se mantém fora de discussão, numa visão global, o carácter sagrado dos mesmos, ao mesmo tempo que aparece bem preciso e claro o perfil, diria, religioso de todos aqueles que — Sacerdotes e leigos —, por mandato da Igreja, são os legítimos mestres. Isto sugere-me também sublinhar um elemento que, na perspectiva da vida do Latrão, tem importância determinante. E o que deduzo do Título II da citada Constituição Sapientia Christiana, relativo à Comunidade académica e ao seu governo. Diz o artigo 11: «Uma vez que as Universidades (...) formam de certo modo comunidades, é necessário que nelas todas as pessoas (...) se sintam co-responsáveis pelo bem comum, cada uma segundo a própria condição, e prestem diligentemente a própria colaboração, a fim de se alcançarem as finalidades das mesmas instituições».

Aqui está uma indicação verdadeiramente preciosa: dado ser o Corpo Académico desta Universidade formado quer de membros do Clero secular de várias dioceses e nacionalidades, quer de Religiosos pertencentes a diversas Ordens e Congregações, e também de leigos — resulta desta situação a exigência mais clara de uma profunda comunhão entre os membros do mesmo Corpo, de maneira que se encontre, já no contexto mesmo do que é ensinado, uma concordância cada vez mais sólida e orgânica para uma real unidade de orientação, em ordem aos fins em vista.

Esta comunhão, entendida como esforço sério e aprofundado de investigação para o desenvolvimento das ciências sacras ensinadas, servirá para favorecer nos estudantes a formação de uma mentalidade doutrinalmente bem fundada, a fim de ter depois projecção pastoral mais fácil e quase natural. Mas, para isto mesmo, a comunhão deverá incluir também os estudantes que, já encaminhados e edificados pelo exemplo dos seus mestres, serão chamados a colaborar, primeiro que tudo com a diligência nas obrigações escolares e depois também com o desempenho de missões particulares. Se a Comunidade inteira dos professores souber mostrar forte espírito de comunhão eclesial, daí resultará um testemunho que aproveitará sobretudo aos alunos. Estes poderão assim voltar às próprias dioceses, bem adestrados para guiarem os seus irmãos com a segurança na doutrina e com o zelo pelo sagrado ministério, e voltar tanto mais disponíveis para um serviço pastoral corajoso, quanto mais solidamente tiverem sido edificados sobre a pedra que é Pedro (Cfr. Mt 16,18) e mais penetrados se encontrarem de sentido eclesial. Se esta é a perspectiva da chegada, pensai bem, ilustres e caros Professores, quão importante e delicada é a função, direi melhor, a missão pedagógica, que está confiada a cada um de vós. Trata-se de autêntico serviço eclesial, em que — ao acto de confiança realizado pela Igreja, ao encargo de confiança por ela conferido — deve corresponder, da vossa parte, sincera e constante lealdade no desempenho.

7. Agora passo a dirigir-me directamente a vós, caríssimos alunos. Também a vós a Constituição sobre as Universidades e Faculdades Eclesiásticas dedica um título especial, o IV: indica os critérios para se julgar da vossa idoneidade no comportamento moral e nos estudos precedentes (Constituição sobre as Universidades e Faculdades Eclesiásticas, art. 31); e recomenda-vos, além do respeito das normas e da disciplina, a participação na vida comunitária da Universidade (Ibid., art. 33-34). Desejaria porém acrescentar, num plano geral e preliminar, que de vós, filhos, se requer a consciência de uma coisa: a de vos encontrardes aqui num lugar privilegiado, onde, por feliz e providencial concurso de circunstâncias, podeis gozar dos meios mais idóneos para cuidar e conseguir a vossa formação em conjunto efectivo. Refiro-me à formação que melhor se adapta à vossa personalidade e confiadamente esperada pela Igreja. Vós, que sois chamados ao sacerdócio, reflecti em quais e em quão grandes oportunidades aqui encontrais para corresponder às exigências intrínsecas e irrenunciáveis da vocação. Na verdade os anos que estais agora vivendo são um tempus acceptabile: diria mesmo que são na perspectiva da vida adulta e do futuro ministério sacerdotal — dies salutis ( Cfr. 2Co 6,2) para as vossas almas e para as dos vossos irmãos, que já encontrastes e encontrareis um dia mais numerosos. Sirva este pensamento para sustentar o vosso esforço e o vosso juvenil entusiasmo; para vos incitar na aplicação ao estudo e nos sacrifícios que ele necessariamente comporta; para robustecer a vossa vontade, temperando-a com a força da disciplina e com o exercício da obediência. Sabei aproveitar santamente este período para chegar ao sacerdócio com a devida preparação: a doutrina, sim, em vós seja sã (Cfr. 2Tm 4,3) e copiosa, mas com ela deve estar, também e sobretudo, um amor ardente pelas almas, porque, segundo diz um grande Doutor da Igreja — est (...) tantum lucere vanum; tantum ardere parum; ardere et lucere perfectum (São Bernardo, Sermo 983, 3; P/ 183, 399).

8. Quando em Novembro de 1958, a menos de um mês da elevação ao pontificado, o meu venerado predecessor João XXIII quis visitar o então Ateneu Lateranense, que o acolhera como jovem estudante no início do século e mais tarde como professor, ele pronunciou algumas palavras sugestivas que desejo recordar agora: «Do vizinho altar da nossa Arquibasílica até estas aulas sagradas do nosso Pontifício Ateneu passa uma mesma corrente de luz e de graça celestial. Na verdade, a ocupação dominante do estudo universitário das Escolas Eclesiásticas consiste na investigação e na ilustração da ciência divina (...) não só em simples contemplação da verdade religiosa (...), mas também na dedução de orientações práticas para o apostolado das almas».

Seguiu-se, poucos meses depois, como bem sabeis, a atribuição do título de Universidade, conferido com o Motu proprio Cum inde, que, desde as primeiras linhas, confirma o vínculo efectivo que o amável Pontífice mantinha com ela e considerava mais acrescido ainda por ele ter assumido o ministério supremo na Igreja: ad Petri Cathedram evecti ( ..), Nos exinde de artioribus vinculus illi iuventutis nostrae veluti sacrario devinciri sentimus (Cfr. AAS 51, 1959, PP 401-403).

Ora, se me é permitido, destes comovidos sentimentos e pensamentos quereria agora apropriar-me para vos dizer, para vos assegurar, Irmãos e Filhos que me ouvis, o interesse vivíssimo, feito de estima, expectativa, consideração e predilecção, que eu sinto por esta «Alma Mater Studiorum», tão louvada e benemérita.

Para glória de Cristo Senhor, para enobrecimento da sua Igreja, para serviço da Ciência e da Fé, eu faço votos pelo seu contínuo e pujante desenvolvimento, ao mesmo tempo que, em penhor dos celestiais favores, abençoo de coração a todos vós que, da vida que nela pulsa, sois os protagonistas e propulsores.



DISCURSO DO PAPA JOÃO PAULO II


AOS ALUNOS DO SEMINÁRIO MAIOR ROMANO


Sábado, 16 de Fevereiro de 1980



Caros Seminaristas

1. Neste dia, dedicado à festa de Nossa Senhora da Confiança, não podia faltar, depois da visita à Pontifícia Universidade Lateranense, um encontro convosco, que sois aqueles que particularmente sinto mais próximos do meu espírito e representais a esperança desta Igreja de Roma.

Encontramo-nos aqui no coração da Diocese: ao lado da Cátedra episcopal floresce e trabalha um benemérito Instituto de ciências sagradas, que se propõe apresentar e aprofundar o Magistério vivo do Pontífice Romano e de todo o Episcopado Católico; e, ainda a poucos passos da Basílica Lateranense, ergue-se também o edifício que acolhe os futuros sacerdotes, os futuros colaboradores do Bispo. Por isso, o Seminário constitui a parte mais delicada e sensível de tal coração. De facto, os seus muros hospedam jovens que, querendo dar à sua vida uma expressão generosa e comprometida, se propõem seguir mais de perto o Senhor Jesus nos caminhos do mundo, para serem dispensadores dos divinos mistérios (Cfr. 1Co 4,1).

Por isso, alegra-me estar convosco, para expressar ao Senhor, mais que as palavras, a pujante vivacidade dos sentimentos e dos pensamentos dirigidos para as necessidades desta dilecta diocese de Roma e das outras dioceses a que vós pertenceis.

Em união com o Cardeal Vigário, que me ajuda a desempenhar as responsabilidades pastorais da comunidade eclesial, dirijo, antes de mais ao Reitor, aos seus colaboradores e a todos vós, uma saudação reconhecida pelo vosso férvido convite; urna saudação cheia de esperança no vosso futuro, e acompanhada da exortação para que escuteis fielmente e com alegria Aquele que vos chamou com eficaz e irresistível inflexão: Vinde e segui-me (Cfr. Mt 19,21).

Dirijo um pensamento particular também a vós, jovens, que aqui vindes com frequência para participar em encontros de oração e de reflexão, que possam iluminar o altíssimo ideal de vos doardes totalmente ao amor de Cristo (Cfr. Rm 10,15) na vida sacerdotal.

2. Detenhamo-nos agora sobre a passagem de Isaías que nos foi proposta na celebração destas Vésperas solenes, para daí extrairmos algumas considerações úteis.

No início do capítulo, o profeta, com palavras que fazem lembrar uma investidura sacerdotal, anuncia ter recebido uma mensagem de consolação a respeito de Israel (Cfr. Is 61,1 ss.). Com Israel, transformado já num povo de sacerdotes, concluirá Deus uma aliança eterna (Cfr. ibid., Is 61,6-8), fazendo antever assim a realidade da Igreja, Povo dos remidos. Frente a esta perspectiva messiânica, irrompe do coração do profeta um cântico de alegria reconhecida: Intensamente me alegro no Senhor, a minha alma exulta no meu Deus (Is 61,10).

A alegria da alma em Deus, manifestada com tais palavras por Isaías, conduz de imediato os nossos pensamentos para Maria que, assinaladamente, expressou a sua alegria no cântico do Magnificat. A alegria de Maria foi a alegria da graça, do dom recebido, ou seja da vocação, de ter sido chamada por Deus para uma missão que representa, de certo, o vértice da dignidade e da aspiração da mulher. Era por sua obra que se devia realizar o grande e insondável mistério, que o povo de Israel, interpretando o desejo e a esperança de toda a humanidade, guardava na sua mais profunda e viva tradição religiosa: a presença do "Emanuel", isto é, de Deus connosco.

A alegria de Maria foi, portanto, a alegria pela confiança que Deus lhe demonstrou ao confiar-se-lhe à si mesmo na pessoa do Filho Unigénito. Trazendo no Seu seio o Verbo Encarnado, e dando-o ao mundo, ela tornou-se a depositária singular da confiança de Deus para com , o homem, pelo que, e justamente, Maria é honrada como a Mãe da divina confiança.

A alegria expressa e cantada por Maria no Magnificat foi a maior que alguma vez invadiu e transformou o coração humano; uma alegria unida à gratidão mais viva e à humildade mais profunda. A humildade prepara e torna possível o dom de Deus; a gratidão guarda-o, interioriza-o e arranja-lhe lugar.

O dom oferecido por Deus é sempre o da salvação do homem, tornado justo e participante na santidade de Deus através de uma relação restabelecida de comunhão amorosa, de filiação adoptiva e de participação na natureza divina. De facto, Isaías, com uma imagem expressiva afirma: A minha alma exulta no meu Deus, porque me vestiu com as vestes da salvação e me envolveu com o manto da justiça (Is 61,10); no Magnificat, Maria canta a alegria da sua maternidade divina, que é a salvação para todos: O meu espírito exulta em Deus, meu salvador... de geração em geração se estende a sua misericórdia sobre aqueles que o temem (Lc 1,47-50).

3. Faço votos por que todos vós, aqui reunidos, tenhais a mesma alegria anunciada por Isaías e vivida intensamente por Maria: a alegria do dom salvífico de Deus que passa através da vossa vocação pessoal, expressão irrepetível da sua paternal confiança a vosso respeito. A vós que estais já conscientes e certos do vosso chamamento, e do consequente e responsável dever, desejo-vos a alegria de uma posse feliz do dom divino e de uma suave experiência do mesmo dom; enquanto que aos outros, quer já no Seminário quer fora dele, que, confiantes, estão à procura do próprio caminho, desejo a alegria de urna audição serena da voz de Deus e de uma caminhada feita na certeza de que o Senhor cumula de bens os famintos e socorre os seus servos, recordando-se da sua misericórdia (Cfr. Lc 1,53-54).

Para se deixar possuir desta alegria do Senhor, sobre a qual escreveu São Paulo nas cartas aos Romanos (Rm 15,13) e aos Filipenses (Ph 4,4), é necessário ser-se fiel e respeitador da graça que Deus nos comunica, tomando cada vez mais profundamente consciência do dom recebido e tornando-nos conscientes, ao mesmo tempo, da nossa indignidade: Sou um homem de lábios impuros (Is 6,5); Afasta-te de mim, Senhor, porque sou um homem pecador (Lc 5,8).

Em relação ao sacerdócio, não poderemos pensar, em conformidade com o exemplo de Maria, tanto nós que o recebemos já, como vós que estais a caminho dele, que Deus nos concede a confiança de um modo de todo particular, e que também a nós o próprio Jesus se confia? Foi precisamente através do sacerdócio que ele nos revestiu com uma especialíssima veste de salvação.

Caros seminaristas e caros jovens, para responder a uma tal confiança divina, isto é, à graça da vocação, é preciso sobretudo confiar: a graça do Senhor é maior que a nossa fraqueza, é maior que a nossa indignidade, como muito bem se exprime São João: Tranquilizaremos os nossos corações diante d'Ele, sabendo que, se o nosso coração nos condena, Deus é maior que os nossos corações (1Jn 3,19-20). Devemos confiar invencivelmente, de modo a merecermos sempre a confiança do Senhor; e Maria, que é a Mãe da confiança de Deus para connosco, tornar-se-á, assim e ao mesmo tempo, a mãe da nossa confiança n'Ele.

A piedosa invocação "Mater mea, fiducia mea", tão querida a quantos se formaram neste Seminário, encerra em si o maior é mais profundo sentido da nossa relação com Maria, a qual é louvada e venerada precisamente através dessa relação de confiança, de estima e de esperança. De facto "o eterno amor do Pai, manifestando-se na história da humanidade através do Filho,... aproxima-se de cada uni de nós por meio desta Mãe e, de tal modo, adquire sinais compreensíveis e acessíveis para cada homem. Por conseguinte, Maria deve encontrar-se em todas as vias da vida quotidiana da Igreja" (Carta Enc. Redemptor Hominis RH 22).

4. Concluindo assim as nossas reflexões, agrada-me terminar esta minha última exortação com uma expressão cara à tradição mariana do vosso Seminário: "Aucti fiducia tui, fac ut spem Ecclesiae cumulemus". Amparados e fortificados pela tua confiança em nós e pela nossa confiança em ti, faz, ó Maria, com que nós completemos a esperança da Igreja. Sim, caros jovens, os caminhos da Igreja são os de Maria. Que uma cada vez mais profunda confiança n'Ela, que é Mãe de todos os sacerdotes, vos ajude a percorrer, com bons frutos, o caminho da vossa vocação para verdadeira consolação de toda a Igreja.

Com estes votos e com grande afecto vos concedo a minha especial Bênção Apostólica.



DISCURSO DO PAPA JOÃO PAULO II


A UM GRUPO DE DEPUTADOS BRASILEIROS


20 de Fevereiro de 1980



Senhor Presidente da Câmara dos Deputados,
Excelentíssimos Senhores

A vossa qualificada presença é para mim um prazer e uma honra. Ao saudar cordialmente as vossas pessoas, na vossa representatividade de Deputados, saúdo também aqueles que servis, nas vossas altas funções: saúdo todo o dilecto Povo brasileiro, que, convosco, aqui sinto presente nesta hora, e para o qual vai um meu pensamento afectuoso.

Ao agradecer a vossa deferente visita, quero reafirmar o apreço que merece sempre à Igreja Católica a tarefa de servir o bem comum, quando assente em justa hierarquia de valores e iluminada por um nobre sentido de humanidade. Neste encontro convosco, permito-me repetir o que tenho vinco a dizer, em momentos significativos do meu Pontificado: “Toda a actividade política, nacional ou internacional - em última análise - vem "do homem", se exercita "mediante o homem" e é "para o homem"”. Ela não é nunca fim para si mesma, sob pena de perder multa da sua razão de ser.

Uma tal verdade, aprofundada e tornada força de paz, quando se deixa iluminar por Deus, que quis todos os homens a constituírem uma só família inumana, qual estrela de Belém, não pode não conduzir a Cristo, Redentor do homem e centro do cosmos e da história.

Que as vossas actividades, pois, sejam guiadas sempre pelo alto ideal do serviço do homem, nosso irmão, com “a sua única e irrepetível realidade inumana”; e, pelas vossas distintas pessoas, vão para a vossa inteira Nação os meus ardentes votos de sempre crescente progresso e prosperidade, com liberdade, justiça, solidariedade, amor fraterno e bem-estar de todos os brasileiros.

E para vós, Excelentíssimos Senhores, e para quantos vos estão no coração de modo particular, ao mesmo tempo que para todo o Brasil, invoco as melhores bênçãos de Deus.



DISCURSO DO PAPA JOÃO PAULO II

A UM GRUPO DE BUDISTAS E XINTOÍSTAS

Quarta-feira, 20 de Fevereiro de 2002



Veneráveis amigos, representantes do Budismo
e do Xintoísmo no Japão

Sinto muito prazer em dar-vos hoje as boas-vindas. Saúdo-vos primeiro como filhos do nobre e industrioso povo do Japão. O vosso país fez enormes progressos em muitos campos. Ao mesmo tempo manteve-se fiel ao seu estilo de vida, que insiste no respeito, na harmonia e na arte.

A Igreja Católica manifesta estima pelas vossas religiões e pelos vossos altos valores espirituais, como são a pureza, o desapego do coração, o amor pelo belo da natureza, e a benevolência e compaixão para com tudo quanto vive.

Traz-me grande alegria saber que viestes aqui para prosseguir o vosso diálogo e colaboração com o Secretariado da Santa Sé para os Não-Cristãos. Os temas que estais discutindo juntos, cada um do ponto de vista do seu próprio credo, são a relação entre o homem e a natureza e a relação entre religião e cultura. Estou profundamente convencido que são temas de grande importância para o futuro do nosso mundo. Na verdade, esta convicção reflecte-se na minha primeira Encíclica Redemptor Hominis. Tende pois a certeza que eu continuarei este diálogo, e os que se lhe seguirem, com interesse e apreço.

Nesta terra nós somos peregrinos do Absoluto e do Eterno, o único que pode salvar e satisfazer o coração da pessoa humana. Procuremos juntos a sua vontade para bem da humanidade inteira. Obrigado pela vossa visita. Espero que a vossa estadia em Roma vos traga felicidade. Transmiti por favor as minhas cordiais saudações e bênçãos às vossas famílias e aos vossos amigos no Japão.



JOÃO PAULO II

AUDIÊNCIA GERAL

Quarta-feira, 20 de Fevereiro de 1980



(Antes da Catequese de 20 de Fevereiro Papa recebeu os jovens na Sala das Bênçãos)

Com o "sacramento do corpo" o homem sente-se sujeito de santidade

1. O Livro do Génesis faz notar que o homem e a mulher foram criados para o matrimónio:... O homem deixará o pai e a mãe para se unir à sua mulher; e os dois serão uma só carne (Gn 2,24). Deste modo se abre a grande perspectiva criadora da existência humana, que sempre se renova mediante a «procriação» que é «auto-produção». Tal perspectiva está radicada na consciência da humanidade e também na particular compreensão do significado esponsal do corpo, com a sua masculinidade e feminilidade. Homem e mulher, no mistério da criação, constituem dom recíproco. A inocência original manifesta , e ao mesmo tempo determina, o ethos perfeito do dom.

Disto falámos durante o precedente encontro. Por meio do ethos do dom é delineado em parte o problema da «subjectividade» do homem, que é sujeito criado à imagem e semelhança de Deus. Na narrativa da criação (espécialmente em Gn 2,23-25), «a mulher» certamente não é só «objecto» para o homem, permanecendo embora ambos, um diante da outra, em toda a plenitude da própria objectividade de criaturas, como «carne da minha carne e osso dos meus ossos», como varão e mulher, ambos nus. Só a nudez, que torna «objecto» a mulher para o homem ou vice-versa, é fonte de vergonha. «Não sentiam vergonha», quer dizer que a mulher não era para o homem «objecto» nem ele para ela. A inocência interior como «pureza de coração», em certo modo, tornava impossível que dalguma maneira um fosse baixado pelo outro ao nível de mero objecto. Se «não sentiam vergonha», quer dizer que estavam unidos pela consciência do dom, tinham recíproca consciência do significado esponsal dos seus corpos, em que se exprimia a liberdade do dom e se manifestava toda a interior riqueza da pessoa como sujeito. Esta recíproca compenetração do «eu» das pessoas humanas, do homem e da mulher, parece excluir subjectivamente qualquer «redução a objecto». Revela-se nisto o perfil subjectivo daquele amor, do qual por outro lado se pode dizer que «é objecto» até ao fundo, uma vez que se alimenta da mesma «objectividade» recíproca do dom.

2. O homem e a mulher, depois do pecado de origem, perderão a graça da inocência original. A descoberta do significado esponsal do corpo deixará de ser para eles simples realidade da revelação e da graça. Todavia, esse significado ficará como dever imposto ao homem pelo ethos do dom, inscrito no fundo do coração humano, como eco longínquo da inocência original. Desse significado esponsal formar-se-á o amor humano na sua verdade interior e na sua autenticidade subjectiva. E o homem — mesmo através do véu da vergonha — nele se descobrirá continuamente a si mesmo como guarda do mistério do sujeito, isto é, da liberdade do dom, de tal maneira que a defenderá de qualquer redução a posições de puro objecto.

3. Por agora, todavia, encontramo-nos diante do limiar da história terrestre do homem. O homem e a mulher não o transpuseram ainda no sentido da consciência do bem e do mal. Estão mergulhados no mistério mesmo da criação, e a profundidade deste mistério, oculto no coração deles, é a inocência, a graça, o amor e a justiça; Deus, vendo toda a Sua obra, considerou-a muito boa (Gn 1,31). O homem aparece no mundo visível como a mais alta expressão do dom divino, pois inclui em si a dimensão interior do dom. E com esta traz ao mundo a sua particular semelhança com Deus, graças à qual ele transcende e domina também a sua «visibilidade» no mundo, a sua corporeidade, a sua masculinidade ou feminilidade, e a sua nudez. Reflexo desta semelhança é também a consciência primordial do significado esponsal do corpo, consciência penetrada pelo mistério da inocência original.

4. Assim, nesta dimensão, constitui-se um primordial sacramento, entendido como sinal que transmite eficazmente ao mundo visível o mistério invisível oculto em Deus desde a eternidade. E este é o mistério da Verdade e do Amor, o mistério da vida divina, da qual o homem participa realmente. Na história do homem, é a inocência original que inicia esta participação e é também fonte de felicidade original. O sacramento, como sinal visível, constitui-se com o homem, enquanto «corpo», mediante a sua «visível» masculinidade e feminilidade. O corpo, de facto, e só ele, é capaz de tornar visível o que é invisível: o espiritual e o divino. Foi criado para transferir para a realidade visível do mundo o mistério oculto desde a eternidade em Deus, e assim ser sinal d'Ele.

5. Portanto, no homem criado à imagem de Deus foi revelada, em certo sentido, a sacramentalidade mesma da criação, a sacramentalidade do mundo. O homem, com efeito, mediante a sua corporeidade, a masculinidade e feminilidade, torna-se sinal visível da economia da Verdade e do Amor, que tem a fonte no próprio Deus e foi revelada já no mistério da criação. Sobre este fundo extenso compreendemos plenamente as palavras constitutivas do sacramento do matrimónio, presentes em Génesis 2, 24: «O homem deixará o pai e a mãe para se unir à sua mulher; e os dois serão uma só carne». Sobre este fundo extenso, compreendemos, além disso, que as palavras de Génesis 2, 25 «Estavam ambos nus, tanto o homem como a mulher, mas não sentiam vergonha», mediante toda a profundidade do significado antropológico que abraçam, exprimem o facto de, juntamente com o homem, ter entrado a santidade no mundo visível, criado para ele. O sacramento do mundo, e o sacramento do homem no mundo, provém da fonte divina da santidade, e ao mesmo tempo é instituído para a santidade. A inocência original, ligada à experiência do significado esponsal do corpo, é a santidade mesma que permite ao homem exprimir-se de modo profundo com o próprio corpo, isto precisamente mediante o «dom sincero» de si mesmo. A consciência do dom condiciona, neste caso, «o sacramento do corpo»: o homem sente-se, no seu corpo de varão e de mulher, sujeito de santidade.

6. Com tal consciência do significado do próprio corpo, o homem, como varão e mulher, entra no mundo como sujeito de verdade e amor. Pode afirmar-se que Génesis Gn 2,23-25 narra, por assim dizer, a primeira festa da humanidade, em toda a plenitude original da experiência do significado esponsal do corpo: e é uma festa da humanidade, que se origina nas fontes divinas da Verdade e do Amor, no mistério mesmo da criação. Embora bem depressa, sobre aquela festa original, se venha a desdobrar o horizonte do pecado e da morte (Gn 3), todavia já desde o mistério da criação chegamos a uma primeira esperança: isto é, de que o fruto da economia divina da verdade e do amor, que se revelou «ao princípio», é não a Morte, mas a Vida, e não tanto a destruição do corpo do homem criado «à imagem de Deus», quanto de preferência a «chamada para a glória» (Cfr. Rm 8,30).

Saudações

Aos voluntários do Movimento dos Focolarinos

Uma especial saudação desejo reservar ao grupo dos voluntários dos Focolares, que se encontram nesta Audiência, vindos do Centro Mariopoli de Rocca di Papa, onde se reuniram para o seu Congresso anual, durante o qual meditaram sobre o tema: "A caridade como ideal".

Caríssimos, sinto grande satisfação por vos ver em tão grande número e cheios de entusiasmo, e faço votos por que leveis por toda a parte, com santa e serena alegria, o fogo e o ideal da caridade. O próprio Jesus fez da caridade o imperativo categórico para cada cristão: "Um novo mandamento vos dou: Que vos ameis uns aos outros; assim como Eu vos amei, vós também vos deveis amar uns aos outros" (Jn 13,34).

A caridade deve verdadeiramente ser o ideal do cristão, sempre, mas sobretudo na nossa sociedade moderna que tanta necessidade tem de bondade, compreensão, misericórdia, paciência, perdão e doação. Vivei, pois, corn grande alegria o ideal da caridade! A minha particular Bênção vos ajude também.

Aos participantes no Curso-Base para Casais animadores
da pastoral familiar

Dirijo agora as minhas boas-vindas aos participantes no Curso-Base para casais animadores da Pastoral Familiar, organizado pela Acção Católica Italiana e subordinado ao tema: "Noivos e Esposos na Comunidade".

Caríssimos, aprecio vivamente o vosso empenho em aprofundar que só Jesus Cristo, autenticamente conhecido, amado seguido e testemunhado, é a salvação também da família e sobretudo dos jovens que se preparam para o matrimónio. E exorto-vos a colaborardes generosamente com o vosso Pároco para a actuação das suas directrizes e dos seus programas de actividade nos vários campos do apostolado. A minha reconhecida e afectuosa Bênção vos acompanhe!

Ao Coro "Fischer" e à Orquestra sinfónica de Stuttgart (Alemanha)

Renovo com prazer ao "Coro Fischer" e à Orquestra sinfónica de Stuttgart a minha cordial saudação de boas-vindas à Cidade Eterna e ao Vaticano. Agradeço ao director e a todos os cantores o programa musical com que quisestes honrar-me a mim e a todos os participantes nesta Audiência. Vós planejastes não só esta viagem a Roma, mas também toda a múltipla e artística actividade do vosso coro, dentro e fora do vosso país, como um contributo à compreensão dos povos e à paz no mundo. A música e o canto coral são especialmente idóneos para unir os homens e fazer surgir uma comunidade, ainda que existam diferenças linguísticas e étnicas. Desejo de coração um grande êxito no vosso louvável esforço, e, por isso, peço a Deus que vos proteja e vos abençoe.

A um grupo de doentes de Innsbruck (Áustria)

Em nome de todos os presentes saúdo também muito cordialmente o grupo de jovens doentes de Innsbruck e aqueles que dos mesmos tomaram cuidado. A vossa presença é-me especialmente agradável porque vós, com a cruz dos vossos sofrimentos, estais unidos a Cristo de modo particular. A vossa doença, aceita e suportada a exemplo e com a força de Cristo que sofre, será para vós mesmos e para a Igreja unia preciosa fonte de consolação, de purificação e de fortaleza no mais profundo do ser humano. Oxalá seja isto o que Deus vos conceda com a sua graça e mediante a minha Bênção Apostólica.

Aos Doentes

Aos Doentes aqui presentes quero dirigir uma saudação muito particular. Caríssimos, sabei que o Papa está junto de vós. Sede fortes na fé e tende sempre diante dos olhos Jesus crucificado, conformando-vos a ele não só no facto de suportar pacientemente o sofrimento, mas também compreendendo quanto ele possa ser fecundo para vós e para os outros. Faço votos por que também vós possais repetir com São Paulo: "Alegro-me nos sofrimentos suportados por vossa causa e completo na minha carne o que falta aos sofrimentos de Cristo pelo Seu Corpo, que é a Igreja" (Col 1,24). E a minha Bênção cordial seja penhor da corroborante graça divina sobre vós e sobre aqueles que vos são queridos.

Aos jovens Casais

Uma afectuosa saudação dirijo, por fim, aos jovens Casais. Meus queridos, o matrimónio que contraístes é coisa tão grande que, como sabeis, os antigos Profetas e depois São Paulo vos consideraram um sinal da união entre Deus e o seu povo. Desejo-vos e peço ao Senhor que estejais sempre à altura desta nobreza, mediante um amor indefectível, que se exprima como uma constante doação recíproca numa comunhão total de pessoas, e seja fecundo de vida. Só sob esta luz podereis também enfrentar e superar as inevitáveis dificuldades que, longe de atenuar a vossa dedicação mútua, a consolidarão cada vez mais, segundo o texto do Cântico dos Cânticos: "As muitas águas não poderiam extinguir o amor, nem os rios o poderiam submergir" (Ct 8,7).

Assim seja com o auxílio da graça de Deus, que invoco em abundância sobre vós, ao conceder-vos também a minha Bênção.


Discursos João Paulo II 1980 - 16 de Fevereiro de 1980