AUDIÊNCIAS 1981




                                                                           Janeiro de 1981

PAPA JOÃO PAULO II

AUDIÊNCIA GERAL

Quarta-feira, 7 de Janeiro de 1981




A contraposição entre carne e Espírito e a "justificação" na fé

Caríssimos Irmãos no Episcopado e no Sacerdócio,
Irmãos e Irmãs da vida religiosa, e todos vós,
caríssimos Irmãos e Irmãs

Depois da pausa devida às recentes festividades, recomeçamos hoje os nossos encontros das quartas-feiras trazendo ainda no coração a serena alegria do Mistério do nascimento de Cristo, que a liturgia da Igreja neste período nos levou a celebrar e actualizar na nossa vida. Jesus de Nazaré, o Menino que dá vagidos na manjedoura de Belém, é o Verbo eterno de Deus que encarnou por amor do homem (Jn 1,15). Esta é a grande verdade a que adere o cristão com profunda fé. Com a fé de Maria Santíssima que, na glória da sua intacta virgindade, concebeu e gerou o Filho de Deus feito homem. Com a fé de São José que por Ele velou e O protegeu com imensa dedicação de amor. Com a fé dos pastores que imediatamente acorreram à gruta da natividade. Com a fé dos Magos que O entreviram no sinal da estrela e, depois de longas procuras, puderam contemplá-1'O e adorá-1'O nos braços da Virgem Mãe.

Que o novo ano seja vivido por todos sob o signo desta grande alegria interior, fruto da certeza de que Deus tanto amou o mundo que lhe deu o Seu Filho unigénito, para todo o que crê n'Ele não morra mas tenha a vida eterna: estes os votos que formulo por todos vós, que estais presentes nesta primeira audiência geral de 1981, e por todos os que vos são caros

1. Que significa a afirmação "A carne... tem desejos contrários ao Espírito, e o Espírito tem desejos contrários à carne" (Ga 5,17). Esta pergunta parece importante, mesmo fundamental, no contexto das nossas reflexões sobre a pureza de coração, de que fala o Evangelho. Todavia, a Autor da carta aos Gálatas abre diante de nós, a este respeito, horizontes ainda mais vastos. Nesta contraposição da "carne" ao Espírito (Espírito de Deus), e da vida "segundo a carne" à vida "segundo o Espírito", está contida a teologia paulina acerca da justificação, isto é, a expressão da fé no realismo antropológico e ético da redenção operada por Cristo, que Paulo, no contexto já nosso conhecido, chama também "redenção do corpo". Segundo a Carta aos Romanos 8, 23, a "redenção do corpo" tem ainda uma dimensão "cósmica" (referida a toda a criação), mas no centro dela está o homem: o homem constituído na unidade pessoal do espírito e do corpo. E precisamente neste homem, no seu "coração", e consequentemente em todo o seu comportamento, frutifica a redenção de Cristo, graças àquelas forças do Espírito que operam a "justificação", isto é, fazem que a justiça "abunde" no homem, como é indicado no Sermão da Montanha: Mt 5, 20, isto é, "abunde" na medida que o próprio Deus quis e espera.

2. É significativo que Paulo, falando das "obras da carne" (cf. Gal Ga 5,19-21), mencione não só "prostituição, impureza, desonestidade... embriaguez, orgias" — portanto tudo o que, segundo um modo de compreender objectivo, reveste o carácter dos "pecados carnais" e do gozo sensual ligado com a carne —, mas nomeie também outros pecados, a que nós seríamos levados a atribuir um carácter também "carnal" e "sensual": "idolatria, malefícios, inimizades, contendas, iras, rixas, discórdias..." (Ga 5,20-21). Segundo as nossas categorias antropológicas (e éticas), nós estaríamos propensos antes a chamar todas as "obras" aqui indicadas "pecados do espírito" humano, em vez de pecados da "carne". Não sem motivo poderíamos entrever nelas, antes os efeitos da "concupiscência dos olhos" ou da "soberba da vida", do que os efeitos da "concupiscência da carne". Todavia, Paulo qualifica-as todas como "obras da carne". Isto entende-se exclusivamente sobre o fundo daquele significado mais amplo (em certo sentido metonímico), que nas cartas paulinas assume o termo "carne", contraposto não só e não tanto ao "espírito" humano, quanto ao Espírito Santo que opera na alma (no espírito) do homem.

3. Existe, portanto, uma analogia significativa entre aquilo que Paulo define como "obras da carne" e as palavras com que explica Cristo aos seus discípulos o que primeiro dissera aos fariseus acerca da "pureza" e da "impureza" ritual (cf. Mt 15,2-20). Segundo as palavras de Cristo, a verdadeira "pureza" (como também a "impureza") em sentido moral está no "coração" e provém "do coração" humano. Como "obras impuras", no mesmo sentido, são definidos não só os "adultérios" e as "prostituições", portanto os "pecados da carne" em sentido estrito, mas também os "propósitos malvados... os furtos, os falsos testemunhos e as blasfémias". Cristo, segundo já pudemos verificar, serve-se aqui do significado tanto geral como especifico da "impureza", (e portanto indirectamente também da "pureza"). São Paulo exprime-se de maneira análoga: as obras "da carne" são entendidas no texto paulino em sentido tanto geral como específico. Todos os pecados são expressão da "vida segundo a carne", que está em contraste com a "vida segundo o Espírito". Aquilo que, em conformidade com a nossa convenção linguística (aliás parcialmente justificada), é considerado como "pecado da carne", e, neste sentido, um dos sintomas, isto é, das actualizações da vida "segundo a carne" e não "segundo o Espírito".

4. As palavras de Paulo escritas aos Romanos "Assim, pois, irmãos, não somos devedores à carne para que vivamos segundo a carne. Se viverdes segundo a carne, morrereis; mas, se pelo espírito fizerdes morrer as obras da carne, vivereis" (Rm 8,12-13) — introduzem-nos de novo na rica e diferenciada esfera dos significados, que os termos "corpo" e "espírito" têm para si. Todavia, o significado definitivo daquele enunciado é parenético, exortatório, portanto válido para o "ethos" evangélico. Paulo, quando fala da necessidade de fazer morrer as obras do corpo com a ajuda do Espírito, exprime exactamente aquilo de que falou Cristo no Sermão da Montanha, apelando para o coração humano e exortando-o ao domínio dos desejos, mesmo daqueles que se exprimem no "olhar" do homem dirigido para a mulher com o fim de satisfazer a concupiscência da carne. Tal superação, ou seja, como escreve Paulo, o "fazer morrer as obras do corpo com a ajuda do Espírito", é condição indispensável da "vida segundo o Espírito", quer dizer, da "vida" que é antítese da "morte" de que se fala no mesmo contexto. A vida "segundo a carne" frutifica, na verdade, a "morte", isto é, comporta como efeito a "morte" do Espírito.

Portanto, o termo "morte" não significa só morte corporal, mas também o pecado, que a teologia moral chamará mortal. Nas Cartas aos Romanos e aos Gálatas alarga continuamente o horizonte do "pecado-morte", seja para o "princípio da história do homem, seja para o seu termo. E por isso, depois de catalogar as multiformes "obras da carne", afirma que "os que as praticarem não herdarão o Reino de Deus" (Ga 5,21). Noutra passagem escreverá com semelhante firmeza: "Sabei-o bem, nenhum imoral, impuro ou avaro — o qual é como um idólatra — terá herança no Reino de Cristo e de Deus" (Ep 5,5). Também neste caso, as obras que excluem de ter "parte no reino de Cristo e de Deus" — isto é, as "obras da carne" — vêm catalogadas como exemplo e com valor geral, embora no primeiro lugar estejam aqui os pecados contra a "pureza" no sentido específico (cf. Ef Ep 5,3-7).

5. Para completar o quadro da contraposição entre o "corpo" e o "fruto do Espírito" — é necessário observar que em tudo o que é manifestação da vida e do comportamento segundo o Espírito, Paulo vê ao mesmo tempo a manifestação daquela liberdade, para a qual Cristo "nos libertou" (Ga 5,1). Assim precisamente escreve: "Vós, irmãos, fostes chamados à liberdade. Não tomeis, porém, a liberdade como pretexto para servir a carne. Pelo contrário, fazei-vos servos uns dos outros pela caridade, pois toda a Lei se encerra num só preceito: 'Amarás ao teu próximo como a ti mesmo'" (Ga 5 Ga 13-14). Como já precedentemente fizemos notar, a contraposição "corpo-Espírito", vida "segundo a carne-vida "segundo o Espírito", penetra profundamente toda a doutrina paulina sobre a justificação. O Apóstolo das Gentes, com excepcional força de convicção, proclama que a justificação do homem se completa em Cristo e por Cristo. O homem consegue a justificação na fé que opera por meio da caridade" (Ga 5,6), e não só mediante a observância de cada uma das prescrições da Lei vetero-testamentária (em particular, da circuncisão). A justificação vem portanto "do Espírito" (de Deus) e não "da carne". Ele exorta, por isso, os destinatários da sua carta a libertarem-se da errónea concepção "carnal" da justificação, para seguirem a verdadeira, isto é, a "espiritual". Neste sentido exorta-os a considerarem-se livres da Lei, e ainda mais a serem livres com a liberdade, para a qual Cristo "nos libertou".

Assim, pois, seguindo o pensamento do Apóstolo, convém-nos considerar e sobretudo realizar a pureza evangélica, isto é, a pureza de coração, segundo a medida daquela liberdade para a qual Cristo "nos libertou".

Saudações

Aos Sacerdotes Legionários de Cristo

Uma saudação particular aos Sacerdotes Legionários de Cristo neo-ordenados, aqui presentes com as suas famílias, amigos, benfeitores e companheiros do Colégio de Roma.

Desejo-vos, com palavras do Apóstolo Paulo, que vos dediqueis com todo o entusiasmo e generosidade ao ministério "de anunciar o evangelho da graça de Deus" (Ac 20,24). Podeis ter a certeza de que o Papa vos acompanha com o seu afecto, do qual é prova a cordial Bênção que vos concedo.

Aos peregrinos das Dioceses de Chiavari e de Savona (Itália)

Dirijo uma cordial saudação aos peregrinos das Dioceses de Chiavari e de Savona, vindos a Roma para participar na cerimónia que teve lugar ontem à tarde na Basílica de São Pedro para a Ordenação Episcopal de onze Prelados.

Caríssimos, ao voltardes para as vossas casas, após esta experiência de fé, levai convosco e transmiti àqueles que vos são queridos a certeza da minha paterna benevolência, e a minha Bênção Apostólica.

Aos Doentes

A vós, doentes, para mim tão queridos, a quem o Divino Redentor deu coma dom misterioso o sofrimento, dirijo a minha afectuosa saudação e a de todo o Povo de Deus. Jesus, que se fez criança frágil e fraca, vos dê também o dom da força, que é o da doação, da dedicação e da ocultação. Confio ao vosso meritório sofrimento toda a igreja, a fim de que seja sempre claro testemunho, constante e forte, da morte e da ressurreição de Jesus Cristo. A minha Bênção Apostólica vos sirva de conforto e àqueles que vos são queridos.



PAPA JOÃO PAULO II

AUDIÊNCIA GERAL

Quarta-feira, 14 de Janeiro de 1981




A vida segundo o o Espírito fundada na verdadeira liberdade

Caros Irmãos e Irmãs

1. São Paulo escreve na Carta aos Gálatas: "Vós, irmãos, fostes chamados à liberdade. Não tomeis, porém, a liberdade como pretexto para servir a carne. Pelo contrário, fazei-vos ser-vos uns dos outros pela caridade, pois toda a lei se encerra num preceito: amarás ao teu próximo como a ti mesmo" (Ga 5,13-14). Há uma semana, detivemo-nos neste enunciado; todavia retomamo-lo hoje, em relação com o argumento principal das nossas reflexões.

Se bem que a passagem citada se refira primeiramente ao assunto da justificação, todavia o Apóstolo tende explicitamente aqui para fazer compreender a dimensão ética da contraposição "corpo-espírito", isto é, entre a vida segundo a carne, e a vida segundo o espírito. E exactamente aqui toca ele o ponto essencial, desvelando quase as mesmas raízes antropológicas do "ethos" evangélico. Se, de facto, "toda a Lei" (lei moral do Antigo Testamento) "encontra a sua plenitude" no mandamento da caridade, a dimensão do novo "ethos" evangélico não é senão apelo dirigido à liberdade humana, apelo à sua plena prática e, em certo sentido, à mais plena "utilização" da potencialidade do espírito humano.

2. Poderia parecer que Paulo contrapõe somente a liberdade à Lei e a Lei à liberdade. Todavia, uma análise aprofundada do texto demonstra que São Paulo na Carta aos Gálatas sublinha, primeiro que tudo, a subordinação ética da liberdade àquele elemento em que se completa toda a Lei, ou seja, ao amor, que é o conteúdo do maior mandamento do Evangelho. "Cristo libertou-nos para que ficássemos livres", exactamente no sentido em que Ele nos manifestou a subordinação ética (e teológica) da liberdade à caridade e relacionou a liberdade com o mandamento do amor. Entender assim a vocação à liberdade ("Vós, irmãos, fostes chamados à liberdade": Ga 5,13) significa configurar o "ethos", em que se realiza a vida "segundo o Espírito". Existe, de facto, também o perigo de entender a liberdade de modo erróneo, e Paulo aponta-o com clareza, escrevendo no mesmo contexto: "Não tomeis a liberdade como pretexto para servir a carne. Pelo contrário, fazei-vos servos uns dos outros pela caridade" (ibid.).

3. Por outras palavras: Paulo coloca-nos de sobreaviso a respeito da possibilidade de usarmos mal da liberdade, uso em contraste com a libertação do espírito humano realizada por Cristo, a qual contradiga a liberdade com que "Cristo nos libertou". De facto, Cristo realizou e manifestou a liberdade que encontra a plenitude na caridade, a liberdade graças à qual somos "servos uns dos outros"; por outras palavras: a liberdade que se torna fonte de "obras" novas e de "vida" segundo o Espírito. A antítese e, em certo modo, a negação de tal uso da liberdade dão-se quando ela se torna para o homem "pretexto para servir a carne". A liberdade torna-se, então fonte de "obras" e de "vida" segundo a carne. Deixa de ser a autêntica liberdade, para a qual "Cristo nos libertou" e torna-se "pretexto para servirmos a carne", fonte (ou instrumento) de um especial "jugo" por parte da soberba da vida, concupiscência dos olhos e da concupiscência da carne. Quem deste modo vive "segundo a carne", isto é, se sujeita — ainda que de modo não de todo consciente — à tríplice concupiscência, e em particular a concupiscência da carne, deixa de ser capaz daquela liberdade para a qual "Cristo nos libertou"; deixa também de ser idóneo para o verdadeiro dom de si, que é fruto e é expressão de tal liberdade. Deixa, além disso, de ser capaz daquele dom, que está organicamente relacionado com o significado esponsal do corpo humano„ de que tratámos nas precedentes análises do Livro do Génesis (cf. Gén Gn 2,23-25).

4. Deste modo, a doutrina paulina acerca da pureza, doutrina em que encontramos o fiel e autêntico eco do Sermão da Montanha, consente-nos ver a "pureza do coração" evangélica e cristã, numa perspectiva mais ampla, e sobretudo permite-nos relacioná-la com a caridade em que toda "a lei encontra a sua plenitude". Paulo, de modo análogo ao usado por Cristo, conhece um significado duplo da "pureza" (e da "impureza"): sentido genérico e sentido especifico. No primeiro caso, o "puro" tudo o que é moralmente bom; "impuro", pelo contrário, o que é moralmente mau. Afirmam-no com clareza as palavras de Cristo segundo Mateus 15, 18-20, citadas precedentemente. Nos enunciados de Paulo acerca das "obras da carne", que ele contrapõe ao "fruto do Espírito", encontramos a base para análogo modo de entender este problema. Entre as "obras da carne" Paulo coloca o que é moralmente mau, ao passo que todo o bem moral é relacionado com a vida "segundo o Espírito". Assim, uma das manifestações da vida "segundo o Espírito" o comportamento conforme àquela virtude, que Paulo, na Carta aos Gálatas, parece definir sobretudo indirectamente, mas ele que fala de modo directo na primeira Carta aos Tessalonicenses.

5. Nos trechos da Carta aos Gálatas, que já anteriormente submetemos a análise pormenorizada, o Apóstolo menciona, em primeiro lugar, entre as "obras da carne", "a prostituição, a impureza e a desonestidade"; todavia, em seguida, quando a estas obras contrapõe "o fruto do Espírito" não fala directamente da "pureza", mas nomeia só o domínio de si", a enkcráteia.Este "domínio" pode-se reconhecer como virtude que diz respeito à continência quanto a todos os desejos dos sentidos, sobretudo na esfera sexual; contrapõe-se, portanto, à "prostituição, à impureza e à desonestidade" e também à "embriaguez" e às "orgias". Poder-se-ia portanto admitir que o "domínio de si" paulino contém o que é expresso no termo "continência" ou "temperança", correspondente ao termo latino temperantia. Em tal caso, encontrar-nos-íamos diante do conhecido sistema das virtudes, que a teologia posterior, em particular a escolástica, irá buscar, em certo sentido, à ética de Aristóteles. Todavia, Paulo certamente não se serve, no seu texto, deste sistema. Dado que por "pureza" se deve entender o justo modo de tratar a esfera sexual segundo o estado pessoal (e não necessariamente um abster-se absoluto da vida sexual), então indubiamente tal "pureza" é incluída no conceito paulino de "domínio" ou enkráteia. Por isso, no âmbito do texto paulino encontramos uma genérica e indirecta menção da pureza, tanto quanto a tais "obras da carne", como "prostituição, impureza e desonestidade", o autor contrapõe "fruto do Espírito" — isto é, obras novas, em que se manifesta "a vida segundo o Espírito". Pode deduzir-se que uma destas obras novas é precisamente a "pureza": isto é, aquela que se contrapõe à "impureza" e também à "prostituição" e à "desonestidade".

6. Mas já na primeira Carta aos Tessalonicenses, Paulo escreve sobre este assunto de modo explícito e inequívoco. Lemos nela: "Esta é a vontade de Deus, a vossa santificação: que eviteis a impureza, que cada um de vós saiba possuir o seu corpo [1] com santidade e honra, sem se deixar levar pelas paixões desregradas, como fazem os gentios que não conhecem a Deus" (1Th 4,3-5). E depois: "Deus não nos chamou para a impureza, mas para a santidade. Quem desprezar esses preceitos, não despreza a um homem, mas a Deus que vos dá o Seu Espírito Santo" (1Th 4,7-8). Embora ainda neste texto tenhamos de contar com o significado genérico da "pureza'', identificada neste caso com a "santificação" (pois se nomeia a "impureza" como antítese da "santificação"), apesar disso; todo o contexto indica claramente de que "pureza" ou de que "impureza" se trata, isto é em que consiste o que Paulo chama aqui "impureza", e em que modo a "pureza" contribui para a "santificação" do homem.

E por isso, nas reflexões sucessivas, convirá retomar o texto da primeira Carta aos Tessalonicenses, agora mesmo citado.

Nota

[1] Sem entrar nas discussões particularizadas dos exegetas, é necessário todavia assinalar que a expressão grega tò heauteû skeûos pode referir-se também à esposa (cf. 1P 3,7).

Saudações

A duas peregrinações de Nápoles (Itália)

Uma afectuosa saudação aos peregrinos napolitanos das Paróquias de Santa Maria do Carmo e de Maria Santíssima Dolorosa, do bairro de Poggioreale, acompanhados dos seus beneméritos Párocos.

Caríssimos, sede bem-vindos! Conheço os grandes sofrimentos que o terremoto vos provocou, mas sei que a vossa fé é tenaz. Não vos rendais nunca às provas da vida. A vossa rica humanidade, unida a uma profunda adesão ao Senhor, poderá certamente fazer grandes coisas. E sabei que o Papa vos ama e está convosco.

Com muito prazer benzo, ao mesmo tempo que vos abençoo e aqueles que vos são queridos, a estátua de Nossa Senhora do Carmo, a fim de que Maria Santíssima vos acompanhe todos os dias com maternal protecção.

A um grupo de voluntários italianos do Movimento dos Focolares

Saúdo também o grupo de voluntários italianos do Movimento dos Focolares que têm nestes dias o seu congresso anual sobre o tema: "A resposta do homem a Deus".

Meus queridos, no vosso ambiente de vida sois sempre testemunhas fiéis e generosas de Jesus Cristo e do seu Evangelho. As vossas ocupações quotidianas, longe de serem motivo de distracção, devem constituir quase a matéria-prima para uma sólida união com Deus, ao qual só se responde oferecendo-nos totalmente.

O meu paterno afecto vos acompanhe e seja dele penhor a Bênção que de coração vos concedo.

Aos Membros da Obra Redentora das Mercês

Dirijo particulares boas-vindas aos Religiosos Mercedários, às Religiosas Mercedárias e a todos os que fazem parte da Obra Redentora das Mercês, e que aqui vieram acompanhados pelo neo-Bispo D. Lucas Donnelly, que ordenei em São Pedro no passado dia 6 de Janeiro.

Caros Irmãos e Irmãs, ao mesmo tempo que vos saúdo vivamente, agradeço-vos também de coração tudo o que fizestes para a difusão do Novo Testamento nalguns países europeus que me são queridos. O Senhor recompense o vosso zelo e a vossa caridade eclesial, tirando deles frutos abundantes de renovada vida cristã.

E confio-vos todos à protecção de Nossa Senhora das Mercês, concedendo-vos ao mesmo tempo a minha paterna Bênção.

Aos Doentes

A luz que emana de Cristo, Verbo encarnado e adorado pelos Reis Magos, pode ser um dom também para vós, filhos e filhas doentes e parte verdadeiramente eleita desta Audiência. Se aquela luz, de facto, for acolhida, iluminará a vossa inteligência e torná-la-á mais idónea para compreender a função do sofrimento. Saber que Cristo sofreu desde que nasceu e que a Cruz o acompanhou, como lei inderrogável, desde o berço até ao Calvário, pode não só tornar mais suportável a vossa condição, mas ser até fonte de alegria, como nos Santos. Eles vos acompanhem sempre! Assim vos desejo com o amor do Senhor.

A peregrinos provenientes do Iraque

Saúdo com afecto e estima os membros das antigas comunidades Cristãs do Iraque, presentes nesta sala. Na segunda-feira passada, quando recebi o Corpo Diplomático acreditado junto da Santa Sé, exprimia meu pesar e preocupação pela destruição, sofrimento e mortes causados pela guerra que envolve o vosso país. Desejo assegurar-vos agora a minha continua e fervorosa oração a fim de que estas desgraças possam terminar quanto antes. restaurando-se a paz. Deus vos conceda esta graça e permaneça sempre convosco.

A um grupo de jornalistas do "Catholic Journalist Club" do Japão

Apraz-me dar as boas-vindas ao grupo do "Catholic Journalist Club" do Japão que se encontra aqui com o seu Presidente Senhor Takao Tokuoka. Como bons profissionais dos mass media, viestes para preparar a visita que o Papa vai fazer ao vosso país no próximo mês, e poderdes assim informar melhor o vosso público acerca do Papa e da Santa Sé.

Peço-vos o favor de dizerdes ao vosso povo que aguardo impacientemente esta visita que me permitirá um contacto directo com a Comunidade Católica do Japão e também de apresentardes os meus cumprimentos a toda a população da vossa culta e dinâmica nação. Sayonara!





PAPA JOÃO PAULO II

AUDIÊNCIA GERAL

Quarta-feira, 21 de Janeiro de 1981




Intensifiquemos a nossa oração pela unidade da Igreja

Caros irmãos e irmãs

A semana de orações pela unidade dos cristãos (18-25 de Janeiro), que está em pleno curso, convida todos os baptizados a uma comum reflexão e intensa oração. Por isto desejo, como todos os anos, dedicar as reflexões do encontro de hoje a este assunto, ao qual atribuo grandíssima importância.

1. Esta semana de orações volta pontualmente a solicitar a consciência dos cristãos para um exame diante de Deus, sobre o tema da recomposição da plena unidade. Volta também para recordar que a unidade é um dom de Deus e que, portanto, é necessário pedi-la intensamente ao Senhor. O facto, além disso, de que os cristãos das diversas confissões se unam numa oração comum — particularmente neste tempo ou na semana do Pentecostes, mas quero esperar que isto aconteça cada vez com mais frequência também noutras circunstâncias — reveste um significado absolutamente especial. Os cristãos descobrem de novo com lucidez crescente a parcial, mas verdadeira comunhão existente, e encaminham-se juntos, diante de Deus e com a Sua ajuda, para a plena unidade.

Encaminham-se para esta meta começando precisamente pela oração ao Senhor, Àquele que purifica e liberta, que redime e une.

A oração pela unidade difunde-se cada vez mais no mundo, tanto entre os católicos como entre os outros cristãos. Está a perder o carácter de acontecimento extraordinário e entra na vida normal das Igrejas. A semana de orações é já recordada nos calendários e nas guias litúrgico-pastorais. Neste período também as paróquias mais pequenas são convidadas a esta oração que deve envolver a comunidade cristã inteira. Este é um sinal positivo. É necessário, porém, estarmos atentos para evitar que a oração perca aquela força perturbadora, que deve despertar a consciência de todos perante a divisão dos cristãos, "que não só contradiz abertamente a vontade de Cristo, mas escandaliza o mundo e prejudica a santíssima causa da pregação do Evangelho a todas as criaturas" (cf. Decr. Unitatis Redintegratio UR 1).

A colaboração instaurada no campo da oração com o Conselho ecuménico das Igrejas mostrou-se fecunda. A elaboração de textos apropriados sobre um tema concordado e a divulgação dos mesmos feita em conjunto, além de facilitar uma divulgação da oração em zonas e ambientes que de outro modo seriam inacessíveis, oferece um testemunho de intenção e de acção comum dos cristãos para a unidade. Exprime a comum vontade de ouvir atentamente a Palavra de Deus para fazer a Sua vontade.

2. Esta semana de orações suscita anualmente também uma certa inquietude. Leva-nos de facto a verificar que, se ainda devemos implorar a unidade, se devemos procurá-la, a plena unidade de todos os cristãos ainda não foi alcançada e encontramo-nos em falta diante do Senhor. Também esta inquietude, que às vezes é velada de amargura, me parece um sinal positivo. Deveria impelir-nos a um compromisso de fé e de amor, e à busca da plena unidade. O Concílio Vaticano II recordou que a preocupação pela recomposição da unidade diz respeito a todos, pastores e fiéis, cada um segundo a própria missão e as próprias capacidades, também na vida de cada dia (cf. Unitatis Redintegratio UR 5).

3. Temos, contudo, também motivos fundamentais para agradecer ao Senhor. Referindo-nos apenas a este último ano, podem salientar-se acontecimentos e elementos extremamente positivos, densos de perspectivas e de esperanças. Tanto nas relações com as Igrejas do Oriente como com as Igrejas e comunidades eclesiais do Ocidente, também a mim pessoalmente concedeu o Senhor que me encontrasse, em Roma ou durante as minhas viagens, com tantos irmãos que desempenham importantes missões nas próprias Igrejas. Juntos falámos sobre a busca da unidade e notámos as dificuldades ainda existentes, mas também compreendemos a comum vontade de continuar todos os esforços para este fim. O Senhor, que preenche as lacunas humanas, fará o resto. O encontro fraterno e leal, em respeito recíproco, é essencial para o mútuo conhecimento e para um comum acordo sobre o restante caminho a percorrer. Tivemos encontros fecundos. Louvado seja o Senhor, por isso.

As relações com as Igrejas ortodoxas também registaram, este ano, um acontecimento particularmente importante: o início oficial do diálogo teológico mediante uma vasta comissão mista. Nela estão representadas todas as Igrejas ortodoxas. O diálogo teológico realizar-se-á assim com a Igreja ortodoxa no seu conjunto. As subcomissões de estudo já programaram e iniciaram com solicitude o próprio trabalho.

A orientação é positiva e construtiva. Mas não preserva automaticamente o diálogo de momentos de eventuais dificuldades. Se há quase um milénio as Igrejas do Oriente e do Ocidente já não concelebram a Eucaristia,, isto quer dizer que elas julgaram graves os problemas controversos. Não se pode reduzir tudo a factores históricos e culturais, embora estes tenham tido um influxo grave e deletério no progressivo afastamento entre Oriente e Ocidente.

É necessário, portanto, que o diálogo seja amparado pela fervorosa oração de todos. O diálogo por si é chamado a resolver todos os maiores problemas em aberto, que tenham relação com a fé; por outro lado constitui também um instrumento precioso para esclarecer malentendidos e preconceitos recíprocos e também para concordar sobre aquelas legítimas variedades e diversidades compatíveis na unidade da fé. Nesta perspectiva de diálogo, no contexto de relações fraternas com as Igrejas do Oriente, quis declarar os Santos orientais Cirilo e Metódio co-padroeiros da Europa, juntamente com São Bento. Para chegar à plena unidade devemos todos habituar-nos a ter uma mentalidade reciprocamente aberta tanto para a tradição oriental quanto para a ocidental.

No ano passado, continuaram as relações com as Igrejas pré-calcedónias, e também eu pessoalmente pude encontrar-me com dignos representantes das mesmas. De igual modo, o diálogo com as Igrejas e comunidades eclesiais do Ocidente prossegue o seu curso. Sobre temas essenciais para a vida da Igreja — como o baptismo, a Eucaristia e o ministério —, aprofunda-se um confronto positivo, quer em diálogo multilateral quer em conversações teológicas bilaterais, que leva a esperar um superamento das graves controvérsias do passado.

Sem dúvida, devemos estar certos, o que ampara estes passos delicados e este lento mas verdadeiro progresso é também e sobretudo a oração dos cristãos, que pela unidade se eleva em todas as partes do mundo.

Por isso vos convido a incluir na vossa oração, também na quotidiana, a intenção da unidade.

4. Este ano é proposto um tema rico de perspectivas espirituais e de implicações eclesiais: "um único Espírito, diversos dons, um só corpo" (cf. 1Co 12,3-13). São Paulo, ao escrever aos cristãos de Corinto, que eram exuberantes de vitalidade com expressões semelhantes aos fenómenos estáticos das assembleias religiosas pagãs, dá esclarecimentos sobre o modo de distinguir os carismas verdadeiros dos falsos. A recta fé, a adesão a Jesus Cristo, é a primeira norma da autenticidade dos mesmos. Ele afirma que entre os crentes pode manifestar-se grande variedade de dons, de serviços e de actividades. A um é dada a palavra de sabedoria, a outro palavras de ciência, a outro o dom da profecia, a outros o poder dos milagres e das curas, e a outros ainda a variedade das línguas ou a interpretação das línguas (cf. 1Co 12,8-10).

"Tudo isto porém — afirma ele — o opera o mesmo e único Espírito, que distribui a cada um, conforme entende" (ibid. 11). Os carismas autênticos provêm de uma única fonte. Para os discernir, São Paulo indica outro critério, o da unidade. Esta variedade de carismas não deve gerar a anarquia, como se se tratasse de orgulhosas expressões do instinto humano; pelo contrário, os autênticos carismas são orientados para consolidar e fecundar a unidade. "A manifestação do Espírito é dada a cada um para proveito comum" (Ibid.7). Para tornar mais compreensível o seu pensamento, São Paulo recorda uma imagem que os gregos de Corinto deviam compreender bem. Os filósofos estóicos já tinham utilizado a metáfora do corpo para sugerir a relação que cada indivíduo tem com a sociedade. Usando a imagem, São Paulo não faz uma simples comparação, mas confere-lhe novo conteúdo. Para ele a comunidade é o Corpo de Cristo. Eis o que escreve: "Pois, assim como o corpo é um só e tem muitos membros, e todos os membros do corpo, embora sejam muitos, constituem um só corpo, assim também Cristo. Foi num só Espírito que todos nós fomos baptizados, a fim de formarmos um só corpo" (Ibid. 12-13). Na comunidade cristã a variedade dos dons recebidos deve ser colocada ao serviço da edificação do único Corpo de Cristo e do harmónico exercício da sua vitalidade.

Deste modo, não só os carismas não devem gerar fracturas ou oposições, mas devem estar ao serviço da unidade. E quando esta unidade é ofendida, é preciso usar todos os dons para a restabelecer. A unidade e a harmónica articulação fazem parte da saúde do corpo mesmo e da sua normal actividade.

E assim é necessário que todos os carismas, presentes hoje em várias formas, sejam postos também ao serviço da unidade a fim de proporcionar à comunidade cristã as condições essenciais para anunciar e testemunhar que Jesus Cristo é o Senhor.

5. Por estas razões e até a plena unidade entre os cristãos não ser alcançada, temos motivo de intensificar também nós a nossa oração. Fazemo-lo brevemente agora, todos juntos: peço-vos respondais: "Ouvi-nos, Senhor".

— Pedimos ao Senhor que fortifique em todos os cristãos a fé em Cristo, Salvador do inundo.

— Pedimos ao Senhor que, com os seus dons; ampare e oriente os cristãos no caminho da plena unidade.

— Pedimos ao Senhor o dom da unidade e a paz para o mundo.

— Oremos: Pedimos-Te, Senhor, os dons do Teu Espírito, faz que possamos penetrar a profundidade da Verdade toda inteira, e concede-nos participemos também dos outros bens que Tu reservas para nós. Ensina-nos a superar as divisões. Envia-nos o Teu Espírito para conduzir à plena unidade todos os Teus filhos na caridade plena, em obediência à Tua vontade, por Cristo nosso Senhor. Amém.

Saudações

A um grupo de Advogados brasileiros

Saúdo com alegria uma particular presença do Brasil nesta Audiência: um grupo de Advogados que se encontra em Roma, pátria do direito e centro do Cristianismo, para sessões de estudo.

Sede bem-vindos!

Grato pela vossa presença, para além das vossas pessoas, famílias e colegas da profissão que representais, penso nesta hora, com saudosa lembrança da minha recente visita pastoral, em todos os brasileiros.

Com votos de que guiem sempre a vossa actividade ao serviço da justiça pensamentos de solidariedade fraterna e de amor, na luz de Cristo, desejo-vos todo o bem, com a paz em vossos corações: paz alicerçada na verdade, num sentido esclarecido do valor da vida humana e no respeito pela dignidade de todos e cada um dos homens, remidos por Cristo. E que Deus vos abençoe!

Às participantes no Capítulo Geral da Congregação das Religiosas do Menino Jesus

Desejo acrescentar uma palavra de encorajamento às queridas Irmãs do Menino Jesus, de Chauffailles, que terminaram o seu Capítulo geral. Minhas Irmãs, faço votos por que os vossos trabalhos, e de modo especial as vossas novas Constituições, consolidem em vós o sentido da vossa consagração religiosa, isto é, da oferta de toda a vossa vida a Cristo e ao Reino de Deus. E o mundo tem necessidade de perceber o seu sinal. Imbuindo nesta fonte espiritual, encontrareis o modo de servir hoje a Cristo nos pequeninos e nos pobres, que são os doentes, os anciãos, os deficientes e sobretudo as crianças. Esta dedicação desinteressada para com aqueles que têm tanta necessidade de amor, de educação profundamente humana e de luz para a sua consciência que está a despertar, corresponde a uma necessidade muito actual e a um testemunho essencial para a Igreja: este dom ocupa um lugar especial que outros apostolados completarão. Sede pois orgulhosas e felizes da vossa vocação. De todo o coração vos abençoo, assim como a todas as vossas Irmãs.

A um grupo de Cristãos e Judeus provenientes de Seattle

É-me grato dirigir uma especial saudação ao grupo proveniente de Seattle, composto por Cristãos e Judeus, acompanhados pelo Bispo Nicholas E. Walsh. Agradeço-vos esta visita. Louvo o vosso activo interesse na assistência aos que se encontram em dificuldade, e peço a Deus que torne prósperos os vossos esforços e vos abençoe juntamente com todos os que vos são queridos.

A um grupo de jovens trabalhadores provenientes do Peru, da Colômbia e do Equador

Uma cordial saudação ao grupo de jovens profissionais, peruanos, colombianos e equatorianos, participantes no "Curso de Especialização nos Organismos Internacionais e Regionais de Desenvolvimento", organizado pela Universidade de Piura (Peru).

Estais para terminar uma fase importante da vossa preparação científica sobre o desenvolvimento e os problemas que o mesmo apresenta a nível internacional. Tendes agora perante vós uma tarefa de grande importância. Empreendei-a com visão cristã, com claro conceito de serviço ao homem, à verdade e à justiça. Peço a Deus que vos estimule nesse caminho e dou-vos uma especial Bênção Apostólica.

Aos Missionários e às Missionárias da Consolata

Dirijo agora uma saudação particularmente sentida aos Missionários e às Missionárias do Instituto da Consolata, que frequentam um curso de renovação teológico-pastoral na Universidade Urbaniana.

Alegra-me muito a vossa presença, e regozijo-me sinceramente quer pela vossa vocação missionária de valor insubstituível, quer pela vossa boa vontade no empenho de sustentar um apostolado cada vez mais eficaz na Pátria e nas várias missões. Ao manifestar-vos o meu encorajamento, exorto-vos a aprofundardes com espírito de fé e de amor a mensagens de Cristo e a doutrina da Igreja, numa sólida síntese doutrinal que tenha também presentes as exigências da sociedade moderna, sem esquecer os ensinamentos os exemplos do vosso Fundador, o Cónego Giuseppe Allamano, sacerdote douto na ciência do amor de Deus e inflamado de fervor apostólico. A Virgem Consoladora, a quem estais consagrados, vos inspire sempre e vos guie, e a minha Bênção Apostólica vos acompanhe.

Aos peregrinos das Paróquias italianas de Montemassi (Grosseto) e de Palaino (Udine)

Dirijo também uma saudação especial aos fiéis da Paróquia de Montemassi (Grosseto) e da Paróquia de Plaino (Udine), que a caridade humana e cristã uniu na dolorosa circunstância do terremoto do Friuli. Caríssimos! Regozijo-me vivamente pelo acto de solidariedade que realizastes para com os irmãos tão provados pela desventura, e exorto-vos a perseverardes nesta disposição de espírito de amor recíproco. para realizardes de modo concreto a fé cristã que professais.

A várias peregrinações de paróquias italianas

Saúdo com particular afecto o numeroso grupo de peregrinos da Comunidade Paroquial de "Santa Maria do Socorro", na diocese de Prato, e também o grupo muito numeroso, proveniente de Montecatini Terme, por ocasião do 75° aniversário da constituição daquele Conselho Municipal e do 50° de fundação do Corpo de Polícia Municipal da cidade.

Agradeço profundamente a uns e outros este testemunho de fé em Cristo, de amor à Igreja e de apego à Cátedra de Pedro. Este encontro espiritual vos sirva para renovar a vossa vida cristã e conseguir cada vez mais aquelas virtudes cívicas, feitas de respeito recíproco e de pacífica convivência, que tanto nobilitam o homem e elevam a sua dignidade. Para este fim abençoo-vos de todo o coração.

Aos Jovens

Uma palavra agora para os jovens, entre os quais se distinguem os provenientes de toda a Europa do Movimento GEN 2, participantes no seu congresso no centro Mariapoli de Rocca di Papa. Hoje a Igreja recorda Santa Inês, a menina romana martirizada na metade do século III. As tradições que disso falam testemunham sobretudo a admiração universal pela coragem demonstrada pela jovem que, tendo apenas doze anos, soube enfrentar impávida o seu assassino.

Caríssimos, não é possível ser cristãos, se não se tem a coragem de fazer escolhas que saibam andar, na eventualidade, também contra a corrente, escolhas, por conseguinte, que possam também requerer heroísmo. Todavia uma coisa é certa o dom mais precioso que possais fazer aos vossos coetâneos é o de lhes oferecer um testemunho actual de vida, que se determine quotidianamente no Evangelho. Com estes votos abençoo-vos todos de coração.

Aos Doentes

A minha palavra dirige-se agora aos doentes, a fim de exprimir a profunda consideração que tenho pelo importante papel que eles são chamados a realizar na Comunidade cristã. Irmãs e Irmãos caríssimos, a luz da fé vos ajude a viver plenamente este particular momento da vossa existência, que se coloca em relação directa com a Cruz de Cristo. Se o Filho de Deus escolheu salvar o mundo mediante a Paixão, significa que o contributo mais decisivo para a salvação do mundo podeis dá-lo vós, com o vosso sofrimento santificado pela fé e sublimado pelo amor. A minha Bênção Apostólica vos anime a esta atitude de generosidade cristã.





AUDIÊNCIAS 1981