AUDIÊNCIAS 1981 - AUDIÊNCIA GERAL


PAPA JOÃO PAULO II

AUDIÊNCIA GERAL

Quarta-feira, 28 de Janeiro de 1981




Santidade e respeito do corpo na doutrina de São Paulo

1. São Paulo escreve na primeira Carta aos Tessalonicenses: "Esta é a vontade de Deus: A vossa santificação; que eviteis a impureza; que cada um de vós saiba possuir o seu corpo em santidade e honra, sem se deixar levar pelas paixões desregradas, como fazem os gentios, que não conhecem a Deus" (1Th 4,3-5). E alguns versículos depois, continua: "Deus não nos chamou para a impureza, mas para a santidade. Quem desprezar estes preceitos, não despreza um homem, mas Deus, que vos dá o Seu Espírito Santo" (ibid. 4, 7-8). A estas frases do Apóstolo fizemos referência durante o nosso encontro do passado dia 14 de Janeiro. Todavia hoje retomamo-las porque são particularmente importantes para o tema das nossas meditações.

2. A pureza, de que fala Paulo na primeira Carta aos Tessalonicenses (4, 3-5.7-8), manifesta-se no facto de que o homem "saiba possuir o seu corpo em santidade e honra, sem se deixar levar pelas paixões desregradas". Nesta formulação cada palavra tem um significado particular e merece, portanto, um comentário adequado.

Em primeiro lugar, a pureza é uma "capacidade", ou seja, na linguagem tradicional da antropologia e da ética: um comportamento. E neste sentido, é virtude. Se esta aptidão, isto é virtude, leva a evitar "a impureza", isto acontece porque o homem que a tem sabe "possuir o seu corpo em santidade e honra, sem se deixar levar pelas paixões desregradas". Trata-se aqui de uma capacidade prática, que torna o homem apto a agir de determinada maneira e ao mesmo tempo a não agir de modo contrário. A pureza, para ser tal capacidade ou comportamento, deve obviamente estar radicada na vontade, no fundamento mesmo do querer e do agir consciente do homem. Tomás de Aquino, na sua doutrina sobre as virtudes, vê de modo ainda mais directo o objecto da pureza na faculdade do desejo sensitivo, que ele chama appetitus concupiscibilis. Precisamente esta faculdade deve ser, em particular, "dominada", orientada e tornada capaz de agir de modo conforme com as virtudes, a fim de que a "pureza" possa ser atribuída ao homem. Segundo tal concepção, a pureza consiste antes de tudo em conter os impulsos do desejo sensitivo, que tem por objecto aquilo que no homem é corporal e sexual. A pureza é uma variante da virtude da temperança.

3. O texto da primeira Carta aos Tessalonicenses (4, 3-5) demonstra que a virtude da pureza, na concepção de Paulo, consiste também no domínio e na superação das "paixões desregradas"; isto quer dizer que da sua natureza faz parte necessariamente a capacidade de conter os impulsos do desejo sensitivo, isto é a virtude da temperança. Contemporaneamente, porém, o mesmo texto paulino dirige a nossa atenção para outra função da virtude da pureza, para outra dimensão sua — poder-se-ia dizer — mais positiva que negativa. Pois bem, a função da pureza, que o Autor da Carta parece colocar sobretudo em realce, é não só (e não tanto) a abstenção da "impureza" e daquilo que a ela conduz, portanto a abstenção de "paixões desregradas", mas, ao mesmo tempo, a posse do próprio corpo e, indirectamente, também do corpo dos outros em "santidade e honra".

Estas duas funções, a "abstenção" e a "posse" estão em estreita relação e são reciprocamente dependentes. Dado que, de facto, não se pode "possuir o corpo em santidade e honra", se falta aquela abstenção "da impureza" e daquilo a que ela conduz, em consequência pode-se admitir que a posse do corpo (próprio e, indirectamente, alheio) "em santidade e honra" confere adequado significado e valor àquela abstenção. Esta requer, de per si, a superação de alguma coisa que está no homem e que nasce espontaneamente nele como inclinação, como atractivo e também como valor que actua sobretudo no âmbito dos sentidos, mas, com muita frequência, não sem repercussões sobre as outras dimensões da subjectividade humana, e particularmente sobre a dimensão afectivo-emotiva.

4. Considerando tudo isto, parece que a imagem paulina da virtude da pureza — imagem que emerge do confronto muito eloquente da função da "abstenção" (isto é da temperança) com a da "posse do corpo em santidade e honra" — é profundamente justa, completa e adequada. Talvez este completamento não se deva senão ao facto de que Paulo considera a pureza não só como capacidade (isto é comportamento) das faculdades subjectivas do homem, mas, ao mesmo tempo, como concreta manifestação da vida "segundo o Espírito", em que a capacidade humana é interiormente fecundada e enriquecida por aquilo que Paulo, na Carta aos Gálatas 5, 22, chama "fruto do espírito". O respeito, que nasce no homem para com tudo aquilo que é corpóreo e sexual, quer nele quer em cada outro homem, varão e mulher, demonstra-se a força mais essencial para manter o corpo "em santidade". Para compreender a doutrina paulina sobre a pureza, é necessário entrar a fundo no significado do termo "respeito", compreendido aqui, obviamente, como força de ordem espiritual. É precisamente esta força interior a conferir plena dimensão à pureza como virtude, isto é como capacidade de agir em todo aquele campo em que o homem descobre, no próprio íntimo, os multíplices impulsos de "paixões desregradas", a que algumas vezes, por vários motivos, cede.

5. Para compreender melhor o pensamento do Autor da primeira Carta aos Tessalonicenses será bom ter presente ainda outro texto, que encontramos na primeira Carta aos Coríntios.Nela Paulo expõe a sua grande doutrina eclesiológica, segundo a qual a Igreja é o Corpo de Cristo; ele aproveita a ocasião para formular a seguinte argumentação sobre o corpo humano: "Deus dispôs os membros no corpo, cada um conforme entendeu" (1Co 12,18); e, mais adiante: "pelo contrário, os membros do corpo que parecem mais fracos é que são os mais necessários; as partes do corpo que nos parecem menos honrosas é que nós rodeamos da maior consideração, e os nossos membros menos decorosos são tratados com a maior decência, ao passo que os decorosos não precisam disto. Pois bem, Deus compôs o corpo, dispensando maior consideração ao que dela carecia, para não haver divisão no corpo, mas para os membros terem a mesma solicitude uns com os outros" (ibid. 12, 22-25).

6. Embora o argumento próprio do texto em questão seja a teologia da Igreja como Corpo de Cristo, todavia, paralelamente a esta passagem, pode dizer-se que Paulo, mediante a sua grande analogia eclesiológica (que aparece noutras Cartas, e que retomaremos a seu tempo), contribui, contemporaneamente, para aprofundar a teologia do corpo. Enquanto na primeira Carta aos Tessalonicenses ele escreve sobre a posse do corpo "em santidade e honra", na passagem agora citada da primeira Carta aos Coríntios quer mostrar este corpo humano, precisamente como digno de respeito; poder-se-ia também dizer que deseja ensinar aos destinatários da sua Carta a justa concepção do corpo humano.

Portanto esta descrição paulina do corpo humano na primeira Carta aos Coríntios parece estar em estreita relação com as recomendações da primeira Carta aos Tessalonicenses: "Que cada um de vós saiba possuir o seu corpo em santidade e honra" (1Th 4,4). Este é um argumento importante, talvez o essencial, da doutrina paulina sobre a pureza.

Saudações

Aos participantes num curso de espiritualidade

Dirijo a minha cordial saudação aos participantes no curso especial que se está a realizar no Centro Inaciano de Espiritualidade, em Roma. Faço votos por que as vossas vidas e as daqueles com quem tendes contactos beneficiem do mais profundo conhecimento e compreensão que estais a adquirir da decisiva e abnegada espiritualidade de Santo Inácio de Loyola. É uma forma de espiritualidade que resistiu à prova dos séculos e está a demonstrar, diariamente, a sua vitalidade e aplicarão nos nossos tempos e necessidades. Deus vos guie no vosso trabalho, e vos de sempre santidade cada vez maior em Cristo Jesus.

À Família Salesiana

Com muito prazer dirijo a minha cor-ial saudação aos membros da Família Salesiana, que representam cerca de trinta países, e se encontram reunidos em Roma para participar numa semana de espiritualidade por ocasião do centenário da morte de Santa Maria Domingas Mazzarello, a qual, com São João Bosco, deu vida à activa e difundida Congregação das Filhas de Maria Auxiliadora.

Dirigi sempre o vosso olhar para estes dois mestres da pedagogia católica, que formaram gerações de jovens para um iluminado e sereno compromisso de testemunho cristão. Hauri continuamente do seu carisma o necessário vigor espiritual, fundado, como foi para eles, na vida de oração e na confiança inabalável no auxílio de Deus e na intercessão da Virgem Santíssima. Com a minha Bênção Apostólica.

Aos Doentes

Dirijo também uma saudação muito particular aos queridos doentes aqui reunidos, entre os quais se encontra um grupo de crianças e um de adultos do Centro Sócio-Sanitário de Torre Spaccata, acompanhados das enfermeiras voluntárias da Cruz Vermelha italiana que os assistem.

Meus caríssimos filhos, digo-vos antes de tudo que vos tenho um grande amor que a vossa presença hodierna o torna ainda maior. Gostaria de poder aliviar os vossos sofrimentos, e por isso asseguro-vos que tendes um lugar muito especial na minha oração. Recomendo-vos vivamente ao Senhor a fim de que Ele vos dê toda a força necessária para viverdes a vossa condição com proveito cristão. Confiai-vos plenamente a Ele. E senti que estou junto de vós com o desvelo de um pai que vos abençoa de todo o coração.



                                                                           Fevereiro de 1981

PAPA JOÃO PAULO II

AUDIÊNCIA GERAL

Quarta-feira, 4 de Fevereiro de 1981




Descrição paulina do corpo e doutrina sobre a pureza

1. Nas nossas considerações de quarta-feira passada sobre a pureza segundo o ensinamento de São Paulo, chamámos a atenção sobre o texto da primeira Carta aos Coríntios. O Apóstolo apresenta ali a Igreja como Corpo de Cristo, e isto oferece-lhe a oportunidade de fazer a seguinte reflexão a respeito do corpo humano: "... Deus, porém, dispôs os membros no corpo, cada um conforme entendeu... Pelo contrário, os membros do corpo que parecem mais fracos é que são os mais necessários; as partes do corpo que nos parecem menos honrosos é que nós rodeamos da maior consideração, e os nossos membros menos decorosos são tratados com a maior decência, ao passo que os decorosos não precisam disso, Pois bem, Deus compôs o corpo, dispensando maior consideração ao que dela carecia, para não haver divisão no corpo, mas para os membros terem a mesma solicitude uns com os outros" (1Co 12,18 1Co 12,22-25).

2. A "descrição" paulina do corpo humano corresponde à realidade que o constitui: é portanto uma descrição "realista". No realismo de tal descrição é entretecido, ao mesmo tempo, um subtilíssimo fio de apreciação que lhe confere um valor profundamente evangélico, cristão. Certamente é possível "descrever" o corpo humano, exprimir a sua verdade com a objectividade própria das ciências naturais; mas tal descrição — com toda a sua precisão — não pode ser adequada (isto é comparável com o seu objecto), dado que não se trata apenas do corpo (entendido como organismo, no sentido "somático") mas sim do homem, que se exprime a si mesmo mediante aquele corpo e em tal sentido "é", diria, aquele corpo. Assim, pois, aquele fio de apreciação, considerando que se trata do homem como pessoa, é indispensável ao descrever o corpo humano. Além disso deve dizer-se quanto esta apreciação é justa. Esta é uma das tarefas e dos temas perenes de toda a cultura: da literatura, escultura, pintura e também da dança, das obras teatrais e por fim da cultura da vida quotidiana, particular ou social. Argumento que valeria a pena tratar em separado.

3. A descrição paulina da primeira Carta aos Corintios 12, 18-25 não tem certamente um significado "científico": não apresenta um estudo biológico sobre o organismo humano ou sobre a "somática" humana; deste ponto de vista é uma simples descrição "pré-científica", embora concisa, feita apenas com poucas frases. Tem todas as características do realismo comum e é, sem dúvida, suficientemente "realista". Todavia, o que determina o seu carácter específico, o que de modo particular justifica a sua presença na Sagrada Escritura, é precisamente aquela apreciação entretecida na descrição e expressa no seu mesmo entrecho "narrativo-realista". Pode dizer-se com certeza que tal descrição não seria possível sem toda a verdade da criação e também sem toda a verdade da "redenção do corpo", que Paulo professa e proclama. Pode-se também afirmar que a descrição paulina do corpo corresponde precisamente ao comportamento espiritual de "respeito" para com o corpo humano, devido em consequência da "santidade" (cf. 1Th 4,3-5 1Th 4,7-8) que resulta dos mistérios da criação e da redenção. A descrição paulina está igualmente longe quer do desprezo maniqueu do corpo, quer das várias manifestações de um "culto do corpo" naturalista.

4. O Autor da primeira Carta aos Coríntios 12, 18-25 tem diante dos olhos o corpo humano em toda a sua verdade; por conseguinte, o corpo permeado antes de mais (se assim nos podemos exprimir) de toda a realidade da pessoa e da sua dignidade. Ele é, ao mesmo tempo, o corpo do homem "histórico", varão e mulher, ou seja daquele homem que, depois do pecado, foi concebido, por assim dizer, dentro e da realidade do homem que tinha feito a experiência da inocência original. Nas expressões de Paulo sobre os "membros menos decorosos" do corpo humano, e também sobre os que "parecem mais fracos" ou os "que nos parecem menos honrosos", julgamos encontrar o testemunho da mesma vergonha que os primeiros seres humanos, varão e mulher, experimentaram depois do pecado original. Esta vergonha imprimiu-se neles e em todas as gerações do homem "histórico" como fruto da tríplice concupiscência (com particular referência à concupiscência da carne). E contemporaneamente, nesta vergonha — como foi já posto em relevo nas precedentes análises — imprimiu-se um certo "eco" da mesma inocência original do homem: quase um "negativo" da imagem, cujo "positivo" tinha sido precisamente a inocência original.

5. A "descrição" paulina do corpo humano parece confirmar perfeitamente as nossas análises anteriores. Há no corpo humano os "membros menos decorosos" não em consequência da sua natureza "somática" (dado que uma descrição científica e fisiológica trata todos os membros e os órgãos do corpo humano de modo "neutro", com a mesma objectividade), mas apenas, e exclusivamente, porque no homem mesmo existe aquela vergonha que faz sentir alguns membros do corpo como "menos decorosos" e leva a considerá-los tais. A mesma vergonha parece, igualmente, estar na base do que escreve o Apóstolo na primeira Carta aos Coríntios: "As partes do corpo que nos parecem menos honrosas é que nós rodeamos da maior consideração, e os nossos membros menos decorosos são tratados com a maior decência" (1Co 12,23), Assim, pois, pode dizer-se que da vergonha nasce precisamente o "respeito" pelo próprio corpo: respeito, a cuja conservação Paulo exorta na primeira Carta aos Tessalonicenses (4, 4). Precisamente tal conservação do corpo "em santidade e honra" deve ser considerada como essencial para a virtude da pureza.

6. Voltando ainda à "descrição" paulina do corpo na primeira Carta aos Coríntios 12, 18-25, queremos chamar a atenção para o facto que, segundo o Autor da Carta, aquele particular esforço que tende a respeitar o corpo humano e especialmente os seus membros mais "fracos" ou "menos decorosos", corresponde ao desígnio original do Criador ou seja àquela visão de que fala o Livro do Génesis: "Deus, vendo toda a Sua obra, considerou-a muito boa" (Gn 1,31). Paulo escreve: "Deus compôs o corpo, dispensando mais consideração ao que dela carecia, para não haver divisão no corpo, mas para os membros terem a mesma solicitude uns com os outros" (1Co 12,24-25). A "divisão no corpo", cujo resultado é que alguns membros são considerados "mais fracos", "menos honrosos", portanto "menos decorosos", é ulterior expressão da visão do estado interior do homem depois do pecado original, isto é, do homem "histórico". O homem da inocência original, varão e mulher, de quem lemos em Génesis 2, 25 que "estavam nus.., mas não sentiam vergonha", não sentia nem sequer aquela "divisão no corpo". A objectiva harmonia, de que o Criador dotou o corpo e que Paulo precisa como recíproco cuidado dos vários membros (cf. 1Co 12,25), correspondia análoga harmonia no intimo do homem: a harmonia do "coração". Esta harmonia, ou seja precisamente a "pureza de coração", consentia ao homem e à mulher no estado de inocência original experimentarem simplesmente (e num modo que originalmente os fazia felizes a ambos) a força unitiva dos seus corpos, que era, por assim dizer, o "insuspeitável" substrato da sua união pessoal ou communio personarum.

7. Como se vê, o Apóstolo na primeira Carta aos Coríntios (12, 18-25) relaciona a sua descrição do corpo humano com o estado do homem "histórico". Nos alvores da história deste homem está a experiência da vergonha relacionada com a "divisão no corpo", com o sentido de pudor por aquele corpo (e em especial por aqueles seus membros que somaticamente determinam a masculinidade e a feminilidade). Todavia, na mesma "descrição", Paulo indica também o caminho que (precisamente sobre a base do sentido de vergonha) conduz à transformação de tal estado até à gradual vitória sobre aquela "divisão no corpo", vitória que pode e deve ser actuada no coração do homem. Este é precisamente o caminho da pureza, ou seja do "possuir o próprio corpo com santidade e honra". Ao "respeito", de que trata a primeira Carta aos Tessalonicenses (4, 3-5), refere-se Paulo na primeira Carta aos Coríntios (12, 18-25) usando algumas locuções equivalentes, quando fala do "respeito" ou seja da estima para com os membros "menos honrosos", "mais fracos" do corpo, e quando recomenda maior "decência" no que se refere àquilo que no homem é considerado "menos decoroso". Estas locuções caracterizam mais de perto aquele "respeito" sobretudo no âmbito da convivência e dos comportamentos humanos em relação ao corpo; o que é importante quer em referência ao "próprio" corpo, quer evidentemente às relações recíprocas (especialmente entre o homem e a mulher, embora não limitadamente a elas).

Não temos dúvida alguma que a "descrição" do corpo humano na primeira Carta aos Coríntios tem um significado fundamental para o conjunto da doutrina paulina sobre a pureza.



Saudações

A um grupo de militares dos Estados Unidos da América

Todas as semanas encontro, entre os peregrinos de língua inglesa presentes na audiência, um grupo formado pelos "Homens e Mulheres das Forças Armadas dos Estados Unidos". Sei que para a sua presença aqui colaboram geralmente as "United Service Organizations" que hoje comemoram 40 anos de serviço. Calcula-se que a agência de Roma atendeu cerca de um quarto de milhão de membros das Forças Armadas Americanas, que desejavam assistir às audiências papais. Manifesto o meu apreço pelo trabalho que a agência tem realizado neste noutros campos, para ajudar aqueles que estão fora do seu país e das suas casas; e invoco as bênçãos de Deus para a continuidade desta obra.

Aos participantes nuns congresso

Desejo também saudar os participantes no congresso de hoteleiros que se está a realizar em Roma, e que se encontram presentes nesta audiência. Tendes um serviço particular a prestar ao vosso próximo, homens e mulheres que se encontram longe das suas casas. Peço a Deus que abençoe o vosso serviço, e que seja de proveito para vós e as vossas famílias esta graça.

Aos artistas e pessoal do "Circo Medrano"

Todos vimos e ouvimos nesta audiência a bravura e o grande entusiasmo dos artistas do "Circo Medrano" que actual-manta se encontra em Roma.

A todos vós, caríssimos irmãos e irmãs, que formais uma grande família viajante e que, mediante o vosso trabalho contínuo, ofereceis aos homens, especialmente às crianças, uma distracção serena e sadia, quero manifestar o meu sincero apreço e o meu paterno encorajamento. Sei bem que a vossa é também uma actividade árdua, fatigante e perigosa: nestes dias, precisamente. foi vítima de um acidente uma vossa trapezista a quem desejo, com particular afecto, as melhoras. Sabei que, na obra que realizais, a Igreja está junto de vós, a Igreja vos ama, o Papa vos ama.

No vosso longo caminho através de tantas Regiões e de tantas Nações, continuai a levar aos pequenos e aos grandes a vossa típica mensagem de solidariedade, de bondade, de alegria e de honestidade, recordando a todos que — segundo o convite da Sagrada Escritura — devemos sempre servir o Senhor com alegria (cf. Sl 99/100, 2), mesmo a custo do sacrifício pessoal.

Para todos vós a minha Bênção Apostólica.

Aos Suboficiais do Hospital Militar Provincial de Roma

Estão também presentes neste encontro os Suboficiais da "Sala Convegni" do Hospital Militar Provincial de Roma.

Para vós vão a minha afectuosa saudação e os meus sinceros votos por que, na luz e no compromisso da fé cristã, sejais sempre cidadãos exemplares da Pátria e, ao mesmo tempo, membros dinámicos da Igreja, sempre prontos a dar testemunho concreto e generoso da mensagem evangélica.

Peço ao Senhor que vos conceda, a vós, às vossas famílias e a todos os que vos são queridos, a abundância das graças celestes, com a minha cordial Bênção Apostólica.

Aos Doentes

Uma palavra de saudação, de conforto e de encorajamento também para os queridos doentes, pelo lugar de predilecção que ocupam no meu coração. Viestes aqui, superando as dificuldades da viagem, mas trazendo também a riqueza da vossa coragem de enfrentar os incómodos da vida quotidiana. O vosso sofrimento pode ser comparado semente que, na estação invernal, se desenvolve lentamente, na expectativa da florescência na Primavera. Assim é também o sofrimento de um doente: semente preciosa que receberá do Senhor prémios inesperados, símbolo daquela Cruz que regenerou o mundo e fez florescer em toda a parte os rebentos da comunidade cristã.

O Papa recorda-vos na sua oração, e de coração vos abençoa.



PAPA JOÃO PAULO II

AUDIÊNCIA GERAL

Quarta-feira, 11 de Fevereiro de 1981




A virtude da pureza realização da vida segundo o Espírito

1. Durante os nossos últimos encontros das quartas-feiras analisámos duas passagens da primeira Carta aos Tessalonicenses (4, 3-5) e da primeira Carta aos Coríntios (12, 18-25), a fim de mostrar o que parece ser essencial na doutrina de São Paulo sobre a pureza, compreendida em sentido moral, ou seja como virtude. Se no texto citado da primeira Carta aos Tessalonicenses se pode constatar que a pureza consiste na temperança, neste texto, todavia, como ainda na primeira Carta aos Coríntios, é também posto em relevo o momento do "respeito". Mediante tal respeito devido ao corpo humano (e acrescentamos que, segundo a primeira Carta aos Coríntios, o respeito é precisamente visto em relação com a sua componente de pudor), a pureza, como virtude cristã, revela-se nas Cartas paulinas caminho eficaz para afastar daquilo que no coração humano é fruto da concupiscência da carne. A abstenção "da impureza", que pressupõe a posse do corpo "em santidade e honra", permite deduzir que, segundo a doutrina do Apóstolo, a pureza é uma "capacidade" integrada na dignidade do corpo, isto é na dignidade da pessoa em relação ao próprio corpo, na feminilidade ou masculinidade que neste corpo se manifesta. A pureza, entendida como "capacidade", é precisamente expressão e fruto da vida "segundo o Espírito" no pleno significado da expressão, ou seja como nova capacidade do ser humano, no qual frutifica o dom do Espírito Santo. Estas duas dimensões da pureza — a dimensão moral, ou seja a virtude, e a dimensão carismática, ou seja o dom do Espírito Santo — estão presentes e estreitamente ligadas na mensagem de Paulo. Isto é posto em particular relevo pelo Apóstolo na primeira Carta aos Coríntios, em que ele chama ao corpo "tempo (por conseguinte: morada e santuário) do Espírito Santo".

2. "Não sabeis, porventura, que o vosso corpo é templo do Espírito Santo, que habita em vós, que recebestes de Deus, e que não vos pertenceis a vós mesmos?" — pergunta Paulo aos Coríntios (1Co 6,19), depois de os ter esclarecido com muita severidade sobre as exigências morais da pureza. "Fugi da imoralidade. Qualquer pecado que o homem comete é exterior ao seu corpo; mas aquele que pratica a imoralidade peca contra o seu próprio corpo" (ibid. 6, 18). O sinal peculiar do pecado que o Apóstolo estigmatiza está no facto que tal pecado, diversamente de todos os outros, é "contra o corpo" (enquanto os outros pecados são "exteriores ao corpo"). Assim, portanto, na terminologia paulina encontramos a motivação para as expressões: "os pecados do corpo" ou "os pecados carnais". Pecados que estão em contraposição precisamente com aquela virtude, em força da qual o homem deve possuir "o próprio corpo em santidade e honra" (cf, 1Th 4,3-5).

3. Tais pecados trazem consigo a "profanação" do corpo: privam o corpo da mulher ou do homem do respeito a ele devido em virtude da dignidade da pessoa. Todavia, o Apóstolo vai mais além: segundo ele o pecado contra o corpo é também "profanação do templo". Da dignidade do corpo humano, segundo Paulo, decide não só o espírito humano, graças ao qual o homem se constitui como sujeito pessoal, mas ainda mais a realidade sobrenatural que é a morada e a contínua presença do Espírito Santo no homem — na sua alma e no seu corpo — como fruto da redenção realizada por Cristo. Acontece assim que o "corpo" do homem já não é apenas "seu". E não só pelo motivo de ser corpo da pessoa, merece aquele respeito, cuja manifestação no comportamento recíproco dos homens, varões e mulheres, constitui a virtude da pureza. Quando o Apóstolo escreve: "O vosso corpo é templo do Espírito que habita em vós, que recebestes de Deus" (1Co 6,19), pretende indicar ainda uma outra fonte da dignidade do corpo, precisamente o Espírito Santo, que é também fonte do dever moral que deriva de tal dignidade.

4. É a realidade da redenção, que é também "redenção do corpo", a constituir esta fonte. Para Paulo, este mistério da fé é uma realidade viva, orientada directamente para cada homem. Por meio da redenção, cada homem recebeu de Deus quase novamente a própria existência e o próprio corpo. Cristo inscreveu no corpo humano — no corpo de cada homem e de cada mulher — uma nova dignidade, dado que nele mesmo o corpo humano foi admitido, juntamente com a alma, à união com a Pessoa do Filho-Verbo. Com esta nova dignidade, mediante a "redenção do corpo" nasceu ao mesmo tempo também uma nova obrigação, sobre a qual Paulo escreve de modo conciso, mas muitíssimo comovente: "Fostes comprados por um grande preço" (ibid. 6, 20). O fruto da redenção é de facto o Espírito Santo, que habita no homem e no seu corpo como num templo. Neste Dom, que santifica cada homem, o cristão recebe novamente o próprio ser como dom de Deus. E este novo, dúplice dom, obriga. O Apóstolo faz referência a esta dimensão da obrigação quando escreve aos crentes, conscientes do Dom, para os convencer que não se deve cometer a "imoralidade", não se deve "pecar contra o próprio corpo" (ibid. 6, 18). Ele escreve: "O corpo... não é para a imoralidade, mas para o Senhor, e o Senhor para o corpo" (ibid. 6, 13). É difícil exprimir de modo mais conciso o que traz consigo para cada crente o mistério da Encarnação. O facto que o corpo humano se torne em Jesus Cristo corpo de Deus-Homem obtém por tal motivo, em cada homem, uma nova elevação sobrenatural, que todos os cristãos devem ter em conta no seu comportamento para com o "próprio" corpo e, evidentemente, para com o corpo alheio: o homem para com a mulher e a mulher para com o homem. A redenção do corpo comporta a instauração, em Cristo e por Cristo, de um novo padrão da santidade do corpo. Precisamente a esta "santidade" exorta Paulo na primeira Carta aos Tessalonicenses (4, 3-5), quando escreve que se deve "possuir o próprio corpo em santidade e honra".

5. No capítulo 6 da primeira Carta aos Coríntios, Paulo precisa pelo contrário a verdade sobre a santidade do corpo, condenando com palavras até drásticas a "imoralidade", isto é o pecado contra a santidade do corpo, o pecado da impureza: "Não sabíeis que os vossos corpos são membros de Cristo? Iria eu, então, tomar os membros de Cristo para os fazer membros de uma prostituta? De modo algum! Não sabeis que aquele que se junta com a prostituta torna-se um mesmo corpo com ela? Porque serão dois numa só carne, como diz a Escritura. Aquele, porém, que se une ao Senhor constitui, com Ele, um só espírito" (1Co 6,15-17). Se a pureza é, segundo o ensinamento paulino, um aspecto da "vida segundo o Espírito", isto quer dizer que o mistério da redenção do corpo nela frutifica como parte do mistério de Cristo, iniciado na Encarnação e já através dela dirigido a cada homem. Este mistério frutifica também na pureza, entendida como particular empenho fundado na ética. O facto de termos "sido comprados por um grande preço" (1Co 6,20), isto é pelo preço da redenção de Cristo, faz nascer precisamente um compromisso especial, ou seja o dever de "possuir o próprio corpo em santidade e honra". A consciência da redenção do corpo actua na vontade humana em favor da abstenção da "impureza", antes, age a fim de fazer adquirir uma adequada habilidade ou capacidade, chamada virtude da pureza.

O que resulta das palavras da primeira Carta aos Coríntios (6, 15-17) a propósito do ensinamento de Paulo sobre a virtude da pureza como realização da vida "segundo o Espírito", é particularmente profundo e tem a força do realismo sobrenatural da fé. É necessário voltarmos a reflectir sobre este tema mais de uma vez.



Saudações

A um grupo de polacos

Conto de costume, também hoje desejo aproveitara ocasião deste encontro convosco, que representais aqui a minha pátria, os meus conterrâneos, seja os que vivem na Polónia, seja os que estão fora dela, para vos agradecer as orações. Quando me encontro convosco, dizeis-me sempre: rezamos pelo Santo Padre, rezamos especialmente agora devido sua iminente primeira viagem ao Extremo Oriente. Desejo agradecer-vos calorosamente essas orações e recomendar-me muito a elas.

Ao mesmo tempo vós me pedis para rezar pela Polónia. Desejo assegurar-vos que o faço ininterrupta e quotidianamente. Antes, rezam connosco muitas pessoas no mundo. Diversas pessoas asseguram-me isto pessoalmente e tantas me escrevem que rezam particularmente pela Polónia.

Na verdade, estão a suceder-se na Polónia factos muito importantes e difíceis, que exigem, responsabilidade sim, mas também a oração e um apoio espiritual. Pois, embora se trate de factos temporais, económicos, sociais e sócio-económicos, as raízes destas vicissitudes penetram no íntimo do homem, estão na sua alma, na sua consciência e na sua responsabilidade.

Pois bem, a nossa oração comum, a minha e a vossa, e a de tantos outros homens de boa vontade no mundo, visa precisamente isto: numa situação, sem dúvida difícil, continue a manifestar-se a plena maturidade da sociedade, de todos sem excepção. Ela está a manifestar-se, já se manifestou nos meses passados; que se manifeste ainda! necessário que haja maturação a fim de que se alcance uma forma adequada. E isto, com tranquilidade! Oxalá também, entre as tensões que acompanham este crescimento, se mantenha equilíbrio e sentido de responsabilidade por aquele grande bem comum, a nossa pátria.

Asseguro-vos isto, e por vosso intermédio a todos os que aqui representais. Aproveitando a vossa presença, envio a todos a minha calorosa saudação e, de coração, a minha Bênção.

A um grupo de Religiosas francesas da Sagrada Família de Bordéus

Saúdo de modo especial as Religiosas apostólicas da Sagrada Família de Bordéus que estão agora a realizar o seu Capítulo geral em Roma. Desejo-vos, minhas Irmãs — pois é ao ramo religioso que me dirijo — que realizeis bem a vossa vocação segundo a concepção da vida religiosa que a Igreja entende. Enraizai na vossa união fervorosa a Jesus Cristo, na vossa contemplação da Santíssima Trindade e no exemplo da Sagrada Família, o vosso apostolado destinado a auxiliar as famílias, os jovens, os doentes, os anciãos dos múltiplos países onde estais implantadas, ajudando-os a conhecer o amor que vem de Deus e a vivê-lo entre si. Mas, para isso é necessário que vós mesmas sejais o sal de que fala Jesus, viver, não segundo o espírito do mundo nem uma forma de vida secularizada, mas segundo o Espírito das Bem-aventuranças e com todo o testemunho e a forma de vida que correspondem a uma verdadeira consagração religiosa da qual a vossa profissão foi a aceitação e continua a ser a garantia. é seguindo este caminho que produzireis os frutos que a Igreja e a sociedade esperam. Para isso vos encorajo e vos abençoo de todo o coração.

A representação da comunidade filipina residente em Roma

Brevemente, na próxima semana, inicio a minha viagem pastoral à Ásia Oriental, em que está incluída uma visita às Filipinas. Estou por isso contente por notar a presença aqui de um grande número de Filipinos residentes em Roma. Obrigado por terdes vindo trazer-me os vossos bons votos para uma viagem que vou fazer sobretudo para beatificar, na sua terra natal, o vosso compatriota Lorenzo Ruiz.

É um exemplo luminoso o modo como o povo das Filipinas soube reconhecer o enorme valor da em Cristo e dar testemunho dele até ao haroísmo. Esta fé é também o vosso tesouro. Conservai aquilo que vos foi confiado. Mostrai que sois herdeiros beneméritos da grande tradição transmitida até vós. Sede testemunhas, por vosso lado, no meio das dificuldades de vida num pais estrangeiro, das convicções religiosas do vosso povo. Deus estará convosco e vos ajudará.

Peço a Deus que vos inspire e abençoe, assim como as vossas famílias. Invoco sobre aqueles que vos são queridos e que se encontram na pátria e sobre os vossos compatriotas as suas graças. Deus abençoe as Filipinas.

Aos alunos enfermeiros e assistentes sanitários de Bari e às alunas parteiras da Policlínica "Umberto I" de Roma

Saúdo agora com particular intensidade de afecto dois grupos aos quais, não obstante provenham de localidades diversas, estão todavia reunidos na mesma profissão; são: os Alunos e as Alunas da Escola Profissional "Sacro Cuore" para Enfermeiros e os da Escola para Assistentes Sanitárias Visitadoras da Universidade dos Estudos-Policlínico de Bari, e as Alunas Parteiras da Policlínica "Umberto I" de Roma.

Caríssimos, exprimo-vos o meu grato apreço pela delicadeza desta visita e exorto-vos a que saibais haurir dela energias renovadas para uma tomada de consciência, cada vez maior, da importância e delicadeza que este período de preparação reveste para o precioso cumprimento da vossa futura missão. O Senhor vos assista sempre a fim de que a vossa formação seja exemplar não só do ponto de vista profissional e técnico, mas também moral e espiritual, que vos leva a compreender o doente e vos permite confortá-lo e aliviá-lo nos seus momentos de abandono, nos seus sofrimentos e preocupações; por outras palavras, lava-vos a amar a Cristo nele, ao ponto de vos esquecerdes de vós mesmos e das vossas exigências. Para este fim sirva-vos de apoio a minha Bênção.

Aos Policiais Municipais de Montecatini Terme (Itália)

Dirijo também um especial pensamento ao grupo de Polícias Municipais de Montecatini Terme, que, juntamente com as autoridades religiosas e civis, e com as respectivas famílias, vieram aqui, vestidos de uniforme, para recordar o 75° aniversário da constituição daquela Câmara Municipal, e o 50° de fundação do Corpo de Polícia da Cidade.

Agradeço-vos este gesto de dedicada homenagem ao Sucessor de Pedro e de testemunho cristão; e exprimo-vos o meu apreço e o meu encorajamento principalmente por tudo aquilo que fazeis pelo pacífico e ordenado andamento da vossa Cidade, tão conhecida pelas suas fontes termais. Continuai a fazer reinar nas estradas e nos lugares públicos um clima de cortesia e de recíproco respeito, conformes às melhores tradições da civilização cristã. A minha Bênção, que desejo seja extensiva também a todos os membros das vossas famílias que ficaram em casa, vos acompanhe neste vosso nobre empenho.

Aos Doentes

Ao dirigir-vos a minha afectuosa saudação, a vós caríssimos doentes, vem-me ao pensamento a imagem de Lourdes, "cidadezinha de Maria", onde a Imaculada Mãe de Jesus apareceu como visão de luz e de esperança para chamar os homens às realidades celestes e para confortar e curar os doentes no espírito e no corpo. O acontecimento de Lourdes constitui um poema de amor materno de Maria, sempre atenta e dedicada para com os seus filhos, e resume também a história de tanto sofrimento humano, que se tornou oração, oferta e abandono confiante vontade de Deus, haurindo nele conforto, serenidade, significado e valor para o próprio partir. A Virgem Santíssima, da Gruta de Massabielle, conceda, hoje e sempre, também a vós, como a tantos outros doentes, um sorriso, um encorajamento, uma graça que vos alivie e conforte no vosso caminho de dor. Com estes votos vos abençoo.



                                                                              Março de 1981

AUDIÊNCIAS 1981 - AUDIÊNCIA GERAL