AUDIÊNCIAS 1981

Durante a primeira audiência ele Outubro agradeci — fazendo referência aos Actos dos Apóstolos — que "uma oração subisse incessantemente da Igreja a Deus em favor dele" (isto é, em favor de Pedro). Hoje apelei para as palavras da Carta aos Efésios a fim de pedir, assim como Paulo, que prossigais na oração, agora que me é dado novamente retomar o serviço ao Evangelho. É um serviço de verdade e de amor. Serviço quanto à Igreja e, ao mesmo tempo, no que se refere ao mundo. O autor da Carta aos Efésios diz que este serviço de verdade é, ao mesmo tempo, autêntica luta "contra os espíritos do mal", contra os "dominadores deste mundo tenebroso". É luta e combate.

4. Desta luta fala também o Concílio Vaticano II na Constituição Gaudium et spes com as seguintes expressões: "Um duro combate contra os poderes das trevas atravessa toda a história humana; começou o princípio do mundo e, segundo a palavra do Senhor, durará até ao último dia. Inserido nesta luta, o homem deve combater constantemente, se quer ser fiel ao bem; e, só com grandes esforços e ajuda da graça de Deus, conseguirá realizar a sua própria unidade. Por isso a Igreja de Cristo, confiando no desígnio do Criador, ao mesmo tempo que reconhece que o progresso humano pode servir para a verdadeira felicidade dos homens, não pode deixar de repetir aquela palavra do Apóstolo: 'Não vos conformeis com este mundo (Rm 12,2), isto é, com aquele espírito de vaidade e malícia que transforma a actividade humana, destinada ao serviço de Deus e do homem" (Gaudium et spes GS 37).

E, em seguida, os Padres Conciliares ensinam: "Se alguém quer saber de que maneira se pode superar esta situação miserável, os cristãos professam que todas as actividades humanas, constantemente ameaçadas pela soberba e o amor próprio desordenado, devem ser purificadas e levadas à perfeição pela cruz e ressurreição de Cristo" (Ibid.).

Ao retornar de novo o meu serviço, depois da prova que a divina Misericórdia me concedeu vencer, dirijo-me a todos com as palavras de São Paulo: pedi "por mim, para que me seja dado anunciar corajosamente o Mistério do Evangelho...".

5. A experiência pessoal da violência fez-me sentir, de modo mais intenso, a proximidade com aqueles que, em qualquer lugar da terra e de qualquer modo, sofrem perseguições pelo nome de Cristo. E também com todos aqueles que sofrem opressão pela santa causa do homem e da dignidade, pela justiça e pela paz no mundo. Com aqueles, por fim, que selaram com a morte esta sua fidelidade.

Pensando em todos eles, repito as palavras do Apóstolo na Carta aos Romanos: "Nenhum de nós... vive por si mesmo e nenhum de nós morre por si mesmo. Se vivemos, pelo Senhor vivemos; se morremos, pelo Senhor morremos. Quer vivamos, quer morramos, pertencemos ao Senhor. Porque para este fim é que morreu Cristo e ressuscitou para a vida: Para ser Senhor dos mortos e dos vivos" (Rm 14,7-9).

Sejam estas palavras também para nós a preparação para a grande solenidade de Todos os Santos e para a data de 2 de Novembro em que recordamos Todos os Fiéis defuntos.

Saudações

Chegando ao fim do mês de outubro, quero lembrar novamente a importância da oração do Santo Rosário. Trata-se de uma prece pela qual o povo cristão se dirige a Maria unida a Cristo na sua missão salvífica. Rezando o terço recordamos os grandes mistérios da presença de Cristo e de Maria entre os homens.

Agradeço também, mais uma vez, a todos aqueles que, nos meses passados, quiseram amparar-Me com suas preces. A experiência pessoal da violência aproximou-Me, de modo particular, dos que sofrem perseguições e opressões por causa de Cristo e por causa do homem, pela defensa de sua dignidade.

Concedo a todos a minha Bênção Apostólica.

Uma cordial saudação de bons votos apraz-me dirigir às Superioras Provinciais e às Representantes das Religiosas de Maria Imaculada, ou Missionárias Claretianas, reunidas nestes dias em Capítulo Geral para completarem o trabalho de revisão das Constituições e elegerem a Superiora-Geral e o Conselho Geral.

Caríssimas Irmãs, sirva-vos de encorajamento o convite do Papa a perseverardes no vosso compromisso de difundir, por meio do vosso generoso testemunho, a mensagens de Jesus Salvador, especialmente no seio das gerações novas, conduzindo-as à maturidade humana e cristã. A intercessão da Virgem Maria vos ampare, e a minha Bênção vos acompanhe.

Dirijo uma cordial saudação aos jovens aqui presentes e convido-os a serem todos os dias testemunhas alegres do Evangelho no mundo.

Desejo saudar particularmente os doentes, que confio, de coração, à confortadora graça divina, e aos quais recomendo especialmente a recitação do Santo Rosário, assegurando-lhes que estou espiritualmente sempre ao seu lado.

Saúdo também os Jovens Casais, desejando-lhes uma vida serena de amor fecundo, cimentada sobretudo nas dificuldades por uma inabalável fé.

E por fim saúdo de bom grado os Membros da Associação Italiana "Sommeliers", que participam nestes dias em Roma no XV Congresso Nacional, e os Membros da "Nuova Orchestra Mandelinistica Staranzanese".

A todos, os meus mais cordiais votos de todo o bem e a minha Bênção.



                                                                        Novembre de 1981

PAPA JOÃO PAULO II

AUDIÊNCIA GERAL

Quarta-feira, 4 de Novembro de 1981




(Antes de se dirigir para a Sala Paulo VI, o Papa encontrou-se com os peregrinos alemães na Basílica de São Pedro)

São Carlos Borromeu: total dedicação a Cristo e à sua Igreja

1. Hoje, 4 de Novembro, a Igreja recorda, como todos os anos, a figura de São Carlos Borromeu, bispo e confessor. Dado que recebi no Baptismo precisamente o nome deste Santo, desejo dedicar-lhe a reflexão da hodierna audiência geral, fazendo referência a todas as precedentes reflexões do mês de Outubro. Procurei nelas — depois de alguns meses de intervalo, causado pela permanência no hospital — compartilhar convosco, caros Irmãos e Irmãs, aqueles pensamentos, que nasceram em mim sob o influxo do acontecimento de 13 de Maio. A reflexão de hoje insere-se também nesta trama principal. A todos aqueles, que no dia, do meu Santo Padroeiro se unem a mim na oração, desejo uma vez mais repetir as palavras da Carta aos Efésios, que referi na quarta-feira passada: Orai "por todos os santos, e também por mim, para que me seja dado anunciar corajosamente o Mistério do Evangelho, do qual.., sou embaixador..." (Ep 6,18-20).

2. São Carlos é precisamente um daqueles Santos, a que foi dada a palavra "para fazer conhecer o Evangelho" de que era "embaixador", tendo herdado esta missão dos Apóstolos. Desempenhou esta missão de modo heróico com total dedicação das suas forças. A Igreja olhava para ele e com ele se edificava: num primeiro tempo, no período do Concílio Tridentino, em cujos trabalhos participou activamente a partir de Roma, mantendo o peso de uma correspondência contínua, colaborando para levar a um favorável êxito a fadiga colegial dos Padres Conciliares segundo as necessidades do Povo de Deus de então. E eram necessidades urgentes. Em seguida, o mesmo Cardeal como Arcebispo de Milão, sucessor de Santo Ambrósio, torna-se o incansável realizador das resoluções do Concílio, traduzindo-as na prática por meio de diversos Sínodos diocesanos.

A ele a Igreja — e não só a de Milão — deve um radical renovamento do Clero, para o qual contribuiu a instituição dos Seminários, cujo início remonta precisamente ao Concílio de Trento. E muitas outras obras, entre as quais a instituição das confrarias, das associações pias, dos oblatos-leigos, que já prefiguravam a Acção Católica, os colégios, os hospitais para os pobres, e por último a, fundação em 1572 da Universidade de Brera. Os volumes da "Acta Ecclesiae Mediolanensis" e os documentos relativos às visitas pastorais manifesiam esta intensa e esclarecida actividade de São Carlos, cuja vida se poderia simplificar em três magníficas expressões: foi Pastor Santo, Mestre esclarecido, ilustrado e sagaz Legislador.

Quando, algumas vezes na minha vida, tive ocasião de celebrar o Santíssimo Sacrifício na cripta da Catedral de Milão, em que repousa o corpo de São Carlos, apresentava-se-me diante dos olhos toda a sua actividade pastoral dedicada até ao fim ao Povo, para o qual tinha sido mandado. Encerrou esta vida no ano de 1584, na idade de 46 anos, depois de prestar heróico serviço pastoral às vítimas da peste que tinha atacado

3. Eis algumas palavras pronunciadas por São Carlos, indicativas daquela total dedicação a Cristo e à Igreja, que inflamou o coração e a inteira obra pastoral do Santo. Dirigindo-se aos Bispos da região lombarda, durante o IV Concílio Provincial de 1576, assim os exortava: "São estas as almas, para cuja salvação mandou Deus o Seu Único Filho Jesus Cristo... Indicou também, a cada um de nós Bispos, que somos chamados a participar na obra de salvação, o motivo mais sublime do nosso ministério e ensinou que sobretudo o amor deve ser o mestre do nosso apostolado, o amor que' Ele (Jesus) quer exprimir, por nosso meio, aos fiéis a nós confiados, com a frequente pregação, com a salutar administração dos sacramentos, com os exemplos de uma vida, santa.., e com. o zelo incessante" (cf. Sancti Caroli Borromei Orationes XII, Romae 1963 — Oratio IV).

O que inculcava aos Bispos e aos Sacerdotes, o que recomendava, aos fiéis, era ele o primeiro a praticá-lo de modo exemplar.

4. No Baptismo recebi o nome de São Carlos. Foi-me dado viver nos tempos do Concílio Vaticano II, que, do mesmo modo que outrora o Concílio Tridentino, procurou mostrar a direcção do renovamento da Igreja segundo as necessidades dos nossos tempos. Neste Concílio foi-me dado participar do primeiro dia até ao último. Foi-me dado também — como ao meu Patrono — pertencer ao Colégio Cardinalício. Procurei imitá-lo„ introduzindo na vida da Arquidiocese de Cracóvia o ensinamento do Concílio Vaticano II.

Hoje, no dia de São Carlos, medito na importância que tem o Baptismo, no qual recebi precisamente o seu nome. Com o Baptismo, segundo as palavras de São Paulo, somos mergulhados na morte de Cristo para receber deste modo a participação na sua Ressurreição. Eis as palavras que o Apóstolo escreve na Carta aos Romanos: "Pelo Baptismo sepultamo-nos juntamente com ele, para que, assim como Cristo foi ressuscitado dos mortos, mediante a glória, do Pai, assim caminhemos nós também numa vida nova. Uma vez que nos tornámos com Ele num mesmo ser, por uma morte semelhante à Sua, também o seremos por uma ressurreição semelhante" (Rm 6,4-5).

Mediante o Baptismo cada um de nós recebe a participação sacramental nessa Vida que merecida através da Cruz — se revelou na ressurreição do Senhor nosso e Redentor. Ao mesmo tempo, radicando-nos com todo o nosso ser humano no mistério de Cristo, somos n'Ele pela primeira vez consagrados ao Pai. Realiza-se em nós o primeiro e fundamental acto de consagração, mediante o qual o Pai aceita o homem como Seu filho adoptivo: o homem é dado a Deus, para que nesta filiação adoptiva cumpra a Sua vontade e se torne de modo cada vez mais completo parte do Seu Reino. O Sacramento do Baptismo inicia em nós aquele "sacerdócio real", mediante o qual participamos na missão do próprio Cristo, Sacerdote, Profeta e Rei.

O Santo, de quem recebemos o nome no Baptismo, deve tornar-nos constantemente conscientes desta filiação divina que se tornou o nosso dote. Deve também sustentar cada um em formar toda a vida segundo a medida daquilo em que' se tornou por obra, de Cristo: por meio da Sua morte e ressurreição. Eis o papel que São Carlos desempenha na minha vida e na vida de todos aqueles que Usam o seu nome.

5. O acontecimento de 13 de Maio permitiu-me olhar para a vida de modo novo: esta vida cujo início anda unido à memória dos meus Pais e ao mesmo tempo ao mistério do Baptismo e com o nome de São Carlos Borromeu.

Cristo não falou acaso do grão que, sendo lançado à terra, morre para dar fruto (cf. Jo Jn 12,24)?

Não disse acaso Cristo: "Quem quiser salvar a sua vida, perdê-la-á, mas quem perder a sua vida por' Minha causa encontrá-la-á (Mt 16,25)?

E além disso: "Não temais os que matam o corpo e não podem matar a alma. Temei antes aquele que pode fazer crescer na Geena o corpo e a alma" (Mt 10,28).

E ainda: "Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida pelos seus amigos" (Jn 15,13).

Todas estas palavras aludem àquela maturidade interior, que a fé, a esperança e a graça de Nosso Senhor Jesus Cristo levam a que a alma humana atinja.

Olhando para a minha vida na perspectiva do Baptismo, olhando através do exemplo de S. Carlos Borromeu, agradeço a todos os que, hoje, em todo o período passado e continuamente ainda agora, me sustentam com a oração e por vezes também com grande sacrifício pessoal. Espero que, graças a esta ajuda espiritual, poderei atingir aquela maturidade que deve tornar-se o meu dote (assim como também o dote de cada, um de nós) em Jesus Cristo Crucificado e ressurgido — para o bem da Igreja e a salvação da minha alma —, assim como ela se tornou dote dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo, e de tantos Sucessores de São Pedro na Sé Romana, à qual, segundo as palavras de Santo Inácio de Antioquia, incumbe "presidir na caridade" (Carta aos Romanos, Inscr.: Funk, Patres Apostolici.



Encontro com os peregrinos de língua alemã na Basílica de São Pedro

Queridos Irmãos e Irmãs

Aqui, junto do túmulo de São Pedro, saúdo, com muita alegria, todos os grupos e peregrinos de língua alemã. Uma especial e cordialíssima saudação de boas-vindas dirijo à numerosa peregrinação de deficientes do Serviço Auxiliar de Malta. Agradeço aos organismos, aos acompanhadores e aos ajudantes que tornaram possível este encontro e desejo também animar todos os que sofrem alguma doença ou impedimento.

A vós, queridos irmãos e irmãs deficientes, desejaria recomendar à vossa reflexão e oração o que, faz agora quase um ano, vos disse em Osnabrück, quando visitei a Alemanha: "Como sempre nos foi demonstrado, a vontade de Deus é para nós, em última instância, uma mensagem de alegria, mensagem para a nossa salvação eterna. Isto também é válido para vós que, como homens fisicamente impedidos, fostes chamados de modo especial para seguirdes a Cristo, no caminho da cruz. Cristo convida-vos... a aceitar as vossas fraquezas como seu jugo, como a senda que seguem as suas ovelhas... Só o vosso pronto 'sim' à vontade de Deus, que muitas vezes foge ao nosso modo natural de ver as coisas, pode fazer-vos felizes e dar-vos desde agora uma alegria íntima que não pode ser anulada por nenhuma necessidade externa".

Desejo-vos força e disponibilidade para este "sim" interior à vossa personalíssima vocação e peço-o de todo o coração para, vós, como graça especial da vossa peregrinação a Roma.

A festa de hoje chama agora a nossa atenção para o grande bispo e confessor da fé, São Carlos Borromeu, cujo nome recebi no Baptismo. A todos aqueles que se unem a mim na oração da festa de hoje, quero repetir — como já fiz na quarta-feira passada — as palavras de São Paulo, na carta aos Efésios: "Orai... por todos os santos e também por mim, para que me seja dado anunciar corajosamente o Mistério do Evangelho..." (Ep 6,18-20). Este serviço ao Evangelho de Jesus Cristo realizou-o heroicamente São Carlos com todas as suas forças. O seu zelo pastoral e a sua infatigável entrega ao povo de Deus, a ele confiado, foram sempre um exemplo para mim.

A festa onomástica recorda-nos também a graça do nosso baptismo, através do qual fomos sepultados com Cristo para ressuscitarmos também com Ele de entre os mortos. Só poderemos realmente dar fruto se estivermos dispostos a ser na terra como o grão de trigo, e morrer com Cristo. O próprio Cristo nos anunciou: 'Quem quiser salvar a sua vida, perdê-la-á, mas quem perder a sua vida por Minha causa, encontrá-la-á" (Mt 16,25). Peçamos uns para os outros a coragens necessária para arriscarmos, como crentes, a nossa vida por Cristo e pelo seu Reino. Para isso, e com os meus melhores desejos de um dia feliz e alegre na Cidade Eterna, concedo-vos cordialmente a todos vós a minha Bênção Apostólica.

Saudações depois da Audiência Geral

A um grupo de peregrinos holandeses

Saúdo de todo o coração o Bispo de Roermond (Holanda) Dom Gijsen, e os participantes na segunda peregrinação de Roermond, de modo especial os que tomaram parte num curso de catequese de adultos. Oxalá esta visita ao vosso Bispo de Roma e Vigário de Cristo sirva para vivificar a vossa fé e revigorar a vossa adesão à Igreja de Roma! A minha Bênção Apostólica a todos vós e a todos aqueles que vos são queridos e se encontram na Holanda.

A um grupo de língua espanhola

Quero iniciar estas palavras em língua espanhola dirigindo uma saudação cordial a cada pessoa, família ou grupo desta língua aqui presente, de modo especial ao grupo proveniente de Rosas (Gerona). Peço para todos a fidelidade às exigências do próprio baptismo.

Convida-nos a aludir a este tema a festa de São Carlos, de quem recebi o nome no dia do meu baptismo. Com este sacramento convertemo-nos em filhos de Deus, o qual nos compromete a uma vida coerente, de acordo com os ensinamentos de Cristo.

Agradeço a todos as suas orações. Com elas confio chegar também através do sofrimento que tive de experimentar no passado 13 de Maio, a uma maior maturação interior — que deve ser real em todos — em Cristo crucificado e ressuscitado.

Hoje, festa litúrgica de São Carlos, cujo nome recebi no Baptismo, acabo de fazer algumas reflexões sobre aquela grande figura da Igreja, enquadrando-as nas apresentadas durante o mês de Outubro. Com efeito, o acontecimento do dia treze de Maio permitiu-me ver a vida de um modo novo: esta vida, cujo início está ligado à memória de meus Pais e contemporaneamente ao mistério do Baptismo e ao nome de São Carlos. Disse o Senhor: "Não temais os que matam o corpo mas não podem matar a alma".

Agradeço as vossas orações que me ajudam a chegar àquela madureza que deve ser a minha parte em Jesus Cristo Crucificado e Ressuscitado para o bem da Igreja e minha salvação.

A todos vós e a quantos vos são queridos dou a Bênção Apostólica.

Aos vários grupos de língua italiana

Está presente nesta Audiência a numerosa peregrinação organizada pela Congregação das Filhas do Sagrado Coração de Jesus, no 150º aniversário de fundação.

Saúdo, pois, de coração, as Religiosas aqui presentes com a Superiora-Geral e o Conselho, e também as Professoras, as Alunas das suas Escolas com os Pais, e os representantes de grupos paroquiais a elas unidos.

Alegra-me a vossa presença e, ao mesmo tempo que vos recomendo ao Senhor, exorto todos a uma vida de testemunho cristão cada vez mais luminosa.

Particular saudação vai também para os Religiosos do "Conselho Plenário" da Ordem dos Frades Menores, acompanhados pelo Ministro-Geral, e peço ao Senhor que o seu já benemérito compromisso eclesial nas pegadas de São Francisco, se torne cada vez mais fecundo.

Saúdo igualmente todos os jovens, de cujas vigorosas energias espero sempre muito para a renovação da Igreja.

Aos doentes asseguro o meu particular afecto e a minha constante recordação na prece.

E aos jovens Casais faço votos por uma ininterrupta vida de amor e de alegria em Comunhão com o Senhor.

Invoco sobre todos as abundantes graças divinas e abençoo a todos, de coração.

Aos Membros da Comissão Europeia para o Ensino Católico

Expresso as boas-vindas aos diversos grupos de peregrinos, de modo especial às religiosas, aos jovens, às famílias.

Saúdo particularmente os membros da Comissão europeia para o Ensino católico, em reunião de trabalho em Roma. Queridos amigos, com todos os Pastores da Igreja, principalmente com aqueles que enfrentam maiores dificuldades, estou convencido, e vós também, que a escola católica contribui de modo particular não só para apoiar a fé dos cristãos e iluminar outros neste caminho, dando uns ensino profundo e adequado nos vários âmbitos, mas também chama a dar testemunho da .mensagem evangélica nas condições novas da escolaridade e perante as mutações do mundo, e por conseguinte, tem um lugar de relevo entre as outras escolas.

É, pois, necessário que os responsáveis europeus do Ensino católico, mantenham a unidade da sua reflexão e acção, principalmente segundo dois objectivos: pois um lado; defender a liberdade de ensino que faz parte dos direitos humanos das pessoas e das famílias; por outro lado — porque este ensino tem as suas exigências — definir uni projecto educativo, inspirado em valores cristãos, que prepare os jovens para as responsabilidades da vida, e ao mesmo tempo formar professores .que se unam a fim de pôr eficazmente em prática este estilo educativo nas várias escolas primárias e secundárias. Os pais, a sociedade e a Igreja pedem esta qualidade. É neste sentido que se dirigem os votos e encorajamento do Papa que vos abençoa de todo o coração.



PAPA JOÃO PAULO II

AUDIÊNCIA GERAL

Sala Paulo VI

Quarta-feira, 11 de Novembro de 1981




(Antes de se dirigir para a Sala Paulo VI, o Papa encontrou-se com Alunos Bombeiros no Pátio de São Dâmaso)

Palavras essenciais para a teologia do corpo

1. Retomamos hoje, depois de uma pausa um tanto longa, as meditações feitas há tempos, que definimos como reflexões sobre a teologia do corpo.

Ao continuar, convém, desta vez, referirmo-nos às palavras do Evangelho, quando Cristo fala sobre a ressurreição: palavras que têm importância fundamental para entender o matrimónio no sentido cristão e também "a renúncia" à vida conjugal pelo "reino dos céus".

A complexa casuística do Antigo Testamento no campo matrimonial não somente levou os Fariseus a dirigirem-se a Cristo para Lhe expor o problema da indissolubilidade do matrimónio (cf. Mt Mt 19,3-9 Mc 10, 2-12) mas também, outra vez, os Saduceus para O interrogar sobre a lei do chamado levirato (1). Este colóquio é reproduzido concordemente pelos sinópticos (cf. Mt Mt 22,24-30 Mc 12,18-27 Lc 20,27-40). Ainda que todas as três redacções sejam quase idênticas, notam-se todavia entre elas algumas diferenças leves, mas, ao mesmo tempo, significativas. Porque o colóquio é referido em três versões — as de Mateus, Marcos e Lucas — requer-se análise mais aprofundada, pois ele compreende conteúdos que têm um significado essencial para a teologia do corpo.

Ao lado dos dois outros importantes colóquios — isto é aquele em que faz referência Cristo ao "princípio" (cf. Mt Mt 19,3-9 Mc 10,2-12), e o outro em que tem em vista a intimidade do homem (o "coração"), indicando o desejo e a concupiscência da carne como fonte do pecado (cf. Mt Mt 5,27-32) — o colóquio que nos propomos agora submeter a análise, constitui, diria, a terceira componente do tríptico das enunciações do próprio Cristo: tríptico de palavras essenciais e constitutivas para a teologia do corpo. Neste colóquio Jesus refere-se à ressurreição, desvelando assim urna dimensão completamente nova do mistério do homem.

2. A revelação desta dimensão do corpo, estupenda no seu conteúdo — mas ligada com o Evangelho relido o seu conjunto e até ao fundo — manifesta-se no colóquio com os Saduceus, "os quais afirmam que não há ressurreição" (Mt 22,23) (2); vieram ter com Cristo para Lhe expor um assunto que — segundo julgavam — confirma o bom fundamento da posição por eles tomada. Este argumento devia contradizer "a hipótese da ressurreição". O raciocínio dos Saduceus é o seguinte: "Mestre, Moisés prescreveu-nos que, se morresse o irmão de alguém, deixando a mulher e não deixando filhos, seu irmão teria de casar com a viúva para proporcionar descendência ao irmão" (Mc 12,19). Os Saduceus repetem aqui a chamada lei do levirato (cf. Dt Dt 25,5-10) e, atendo-se à prescrição desta antiga lei, apresentam o seguinte "caso". "Eram sete irmãos, e o primeiro casou e morreu sem deixar filhos. O segundo casou com a viúva e morreu também sem deixar filhos, e o mesmo aconteceu ao terceiro; e todos os sete morreram sem deixar descendência. Finalmente, morreu a mulher. Na ressurreição, de qual deles será ela mulher? Porque os sete a tiveram por mulher" (Mc 12,20-23) (3).

3. A resposta de Cristo é uma das respostas-chaves do Evangelho, em que é revelada — exactamente a partir dos raciocínios puramente humanos e em contraste com eles — outra dimensão da questão, isto é a que responde à sabedoria e à potência do próprio Deus. De maneira análoga, por exemplo, se tinha apresentado o caso da moeda do tributo com a imagem de César e da relação correcta entre o que, no âmbito do poder, é divino e o que é humano ("de César") (cf. Mt Mt 22,15-22). Desta vez Jesus responde assim: "Não andareis enganados por desconhecerdes as Escrituras e o poder de Deus? Quando ressuscitarem dentre os mortos, nem casarão, nem se darão em casamento, mas serão como anjos nos céus" (Mt 12,24-25). Esta é a resposta basilar do "caso", isto é do problema que nele está incluído. Cristo, conhecendo as ideias dos Saduceus, e intuindo as suas autênticas intenções, retoma, em seguida, o problema da possibilidade da ressurreição, negada pelos Saduceus mesmos: "E, acerca da ressurreição dos mortos, não lestes no livro de Moisés, no episódio da sarça, como Deus lhe falou, dizendo: Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaac e o Deus de Jacob? Não é Deus de mortos, mas de vivos" (Mc 12,26-27). Como se vê, Cristo cita o próprio Moisés a quem fizeram referência os Saduceus, e termina afirmando: "Andais muito enganados" (Mc 12,27).

4. Esta afirmação conclusiva, Cristo repete-a ainda uma segunda vez. De facto, a primeira vez pronunciou-a no princípio da exposição. Disse nesta altura: "Estais enganados, porque desconheceis as Escrituras e o poder de Deus": assim lemos em Mateus (22, 29). E em Marcos: "Não andareis enganados por desconhecerdes as Escrituras e o poder de Deus?" (Mc 12,24). Contudo, a mesma resposta de Cristo, na versão de Lucas (20, 27-36), é destituída de tom polémico, daquele "estais em grande erro". Por outro lado, ele proclama a mesma coisa pois introduz na resposta alguns elementos que não se encontram em Mateus nem em Marcos. Eis o texto: "Jesus respondeu-lhes: Os filhos deste mundo casam e são dados em casamento, mas aqueles que foram julgados dignos de participar do outro mundo e da ressurreição dos mortos, nem se casam, nem são dados em casamento, porque já não podem morrer; são semelhantes aos anjos e, sendo filhos da ressurreição, são filhos de Deus" (Lc 20,34-36). Quanto à possibilidade mesma da ressurreição, Lucas — como os dois outros sinópticos — refere-se a Moisés, ou seja à passagem do Livro do Êxodo 3, 2-6, em que de facto se narra que o grande legislador da Antiga Aliança tinha ouvido da sarça, que "ardia no fogo e não se consumia", as seguintes palavras: "Eu sou o Deus do teu pai, o Deus de Abraão, de Isaac e de Jacob" (Ex 3,6). Na mesma passagem, quando Moisés perguntou o nome de Deus, ouviu a resposta: "Eu sou Aquele que sou" (Ex 3,14).
Assim, pois, falando da futura ressurreição dos corpos, Cristo recorre ao poder mesmo do Deus vivo. Em seguida, teremos de considerar, de modo mais particularizado, este assunto.

Notas

1) Esta lei, encerrada no Deuteronómio 25, 7-10, diz respeito aos irmãos que habitavam sob o mesmo tecto. Se um deles morria sem deixar filhos, o irmão do defunto devia tomar como esposa a viúva do irmão falecido. A criança nascida deste matrimónio era reconhecida como filha do defunto, para que não ficasse extinta a sua estirpe e fosse conservada na família a herança (cf. 3, 9-14, 12).

2) No tempo de Cristo, os Saduceus formavam, dentro do judaísmo, uma seita ligada ao círculo da aristocracia sacerdotal. À tradição oral e à teologia elaboradas pelos Fariseus, contrapunham eles a interpretação literal do Pentateuco, que julgavam fonte principal da religião javista. Dado que nos livros bíblicos mais antigos não havia menção da vida de além campa, os Saduceus rejeitavam a escatologia proclamada pelos Fariseus, afirmando que "as almas morrem juntamente com o corpo" (cf. Joseph, Antiquitates Judaicae, XVII 14, 16).

As concepções dos Saduceus não nos são todavia directamente conhecidas, porque todos os seus escritos se perderam depois da destruição de Jerusalém no ano de 70, quando a seita mesma desapareceu. Escassas são as informações a respeito dos Saduceus; tomamo-las dos escritos dos seus adversários ideológicos.

3) Os Saduceus, dirigindo-se a Jesus para um "caso" puramente teórico, atacam ao mesmo tempo a primitiva concepção dos Fariseus sobre a vida depois da ressurreição dos corpos; insinuam na verdade que a fé na ressurreição dos corpos leva a admitir a poliandria, contrastante com a lei de Deus.

Encontro com os Alunos Bombeiros no Pátio de São Dâmaso

Caríssimos Jovens!

Também este ano, no término do Curso para "Alunos Voluntários Auxiliares Anti-incêdio", desejastes este encontro com o Papa; quisestes trazer aqui a vossa juventude, os vossos ideais, a vossa fé.

Agradeço-vos de coração o vosso gesto e, ao exprimir a minha sincera saudação aos vossos Superiores, ao Capelão-Chefe e a cada um de vós em particular, quero manifestar o meu vivo apreço pela boa vontade, com que vos preparastes para a corajosa e benéfica missão que vos compete.

Hoje a Liturgia faz-nos celebrar a solenidade de São Martinho, um santo muito célebre e popular, oficial romano convertido do paganismo e baptizado aos vinte anos, tornando-se depois diácono, em seguida presbítero e finalmente Bispo de Tours na França. Qual foi de modo particular a característica da sua vida? A coragem da fé e a generosidade para com todos. Pela fidelidade à mensagem de Cristo teve que lutar, sofrer, empenhar-se duramente contra os pagãos, heréticos e infiéis; ao amor pelo próximo consagrou toda a sua existência, a começar daquela famosa noite, em que, ainda catecúmeno, durante a ronda, em pleno inverno, encontrou um pobre seminu, e, tomando a espada, dividiu em dois o manto e deu metade ao pobre. Na noite seguinte viu em sonho o próprio Cristo, revestido com a metade do seu manto.

Sede corajosos também vós, vivendo e testemunhando a vossa fé cristã, convictos de que ela é verdadeiramente a solução dos mais graves problemas da vida! Sede generosos também vós, sempre, para com todos, com amor, caridade e espírito de sacrifício, certos de que a verdadeira alegria se encontra no amar e na doação!

Desejo-vos sinceramente, como rezamos na Santa Missa de hoje, em perfeita sintonia com a vontade do Senhor e obedecendo à sua vontade, que os vossos dias transcorram na paz e possais experimentar a alegria de ser verdadeiramente cristãos!

Com estes votos, concedo-vos com grande afecto a minha Bênção, extensiva de bom grado a todos os que vos são caros.

Saudações

Aos peregrinos e ouvintes de língua portuguesa

Falando do corpo, vem-nos à mente o tema da ressurreição. Sua realidade é fundamental para compreender tanto o sentido do matrimónio, como a sua renúncia por causa do Reino dos Céus.

Cristo, revelando-nos a verdade acerca da ressurreição, descobre uma dimensão completamente nova do mistério do homem. Mostra, de um lado, a sabedoria e o poder de Deus, em que radica esta estupenda possibilidade e, de outro lado, cria uma certeza para o homem, de modo a declarar em grande erro os que negam esta doutrina.

Para confirmar esta fé na ressurreição, dou a todos a minha Bênção Apostólica.

Aos vários grupos de língua italiana

Está presente nesta Audiência a numerosa peregrinação organizada pela Congregação das Filhas do Sagrado Coração de Jesus, no 150º aniversário de fundação.

Saúdo, pois, de coração, as Religiosas aqui presentes com a Superiora-Geral e o Conselho, e também as Professoras, as Alunas das suas Escolas com os Pais, e os representantes de grupos paroquiais a elas unidos.

Alegra-me a vossa presença e, ao mesmo tempo que vos recomendo ao Senhor, exorto todos a uma vida de testemunho cristão cada vez mais luminosa.

Particular saudação vai também para os Religiosos do "Conselho Plenário" da Ordem dos Frades Menores, acompanhados pelo Ministro-Geral, e peço ao Senhor que o seu já benemérito compromisso eclesial nas pegadas de São Francisco, se torne cada vez mais fecundo.

Saúdo igualmente todos os jovens, de cujas vigorosas energias espero sempre muito para a renovação da Igreja.

Aos doentes asseguro o meu particular afecto e a minha constante recordação na prece.

E aos jovens Casais faço votos por uma ininterrupta vida de amor e de alegria em Comunhão com o Senhor.

Invoco sobre todos as abundantes graças divinas e abençoo a todos, de coração.

Aos Membros da Comissão Europeia para o Ensino Católico

Expresso as boas-vindas aos diversos grupos de peregrinos, de modo especial às religiosas, aos jovens, às famílias.

Saúdo particularmente os membros da Comissão europeia para o Ensino católico, em reunião de trabalho em Roma. Queridos amigos, com todos os Pastores da Igreja, principalmente com aqueles que enfrentam maiores dificuldades, estou convencido, e vós também, que a escola católica contribui de modo particular não só para apoiar a fé dos cristãos e iluminar outros neste caminho, dando uns ensino profundo e adequado nos vários âmbitos, mas também chama a dar testemunho da .mensagem evangélica nas condições novas da escolaridade e perante as mutações do mundo, e por conseguinte, tem um lugar de relevo entre as outras escolas.

É, pois, necessário que os responsáveis europeus do Ensino católico, mantenham a unidade da sua reflexão e acção, principalmente segundo dois objectivos: pois um lado; defender a liberdade de ensino que faz parte dos direitos humanos das pessoas e das famílias; por outro lado — porque este ensino tem as suas exigências — definir uni projecto educativo, inspirado em valores cristãos, que prepare os jovens para as responsabilidades da vida, e ao mesmo tempo formar professores .que se unam a fim de pôr eficazmente em prática este estilo educativo nas várias escolas primárias e secundárias. Os pais, a sociedade e a Igreja pedem esta qualidade. É neste sentido que se dirigem os votos e encorajamento do Papa que vos abençoa de todo o coração.

Aos peregrinos de língua francesa

Os meus bons votos vão de modo particular para o Capítulo geral das Irmãs da. Congregação da Apresentação de Maria, reunido actualmente em Roma, e para todas as Irmãs deste Instituto, a fim de que elas mantenham bem vivo o espírito da sua fundação.

Saúdo com prazer um grupo de marinheiros do navio de escolta da esquadra "d'Estrées" assim como os alunos da Instituição Santa Maria de Neuilly.

A todos vós, às vossas famílias, concedo com alegria a minha Bênção Apostólica.

Aos peregrinos de língua inglesa

Os visitantes de língua inglesa compreendem grupos da Inglaterra, da Dinamarca e dos Estados Unidos; a todos eles apresento as boas-vindas.

Dirijo calorosas saudações aos Irmãos Cristãos que se encontram em Roma para um curso de renovação espiritual. A Igreja deseja testemunhar constantemente a sua estima por vós. A sua estima pelas vossas vidas de consagração ao Senhor Jesus, pelo vosso serviço à comunidade eclesial, e pelo testemunho que dais do Reino de Deus. Queridos Irmãos, sede fortes na fé e alegrai-vos na oração.

Apraz-me desejar as boas-vindas à delegação da Igreja de São Gregório Magno, de Danbury, Connecticut. Ao benzer a pedra angular para a vossa nova Igreja, envio as minhas saudações a toda a família paroquial. Sede sempre conscientes da vossa dignidade como membros do Corpo de Cristo. E dai sempre graças ao Senhor!

Aos peregrinos de língua alemã

Queridos Irmãos e Irmãs,

Saúdo cordialmente os vários grupos e cada um dos peregrinos dos países de língua alemã; e hoje, de modo particular, os numerosos austríacos e suíços que nos visitam.

Ao prosseguir, hoje, depois de longa interrupção, as nossas reflexões sobre a teologia do corpo, quero chamar-vos a atenção, nesta audiência, para a verdade da ressurreição do corpo. Jesus confirma-o na discussão com os Saduceus. Esta convicção da fé abre-nos para uma visão completamente nova do corpo humano e de toda a nossa existência terrena. Nesta verdade se funda a concepção cristã do matrimónio, e daí se explica também e se justifica uma possível renúncia ao matrimónio "pelo Reino dos Céus".

Deus vos confirme esta fé na ressurreição do corpo e na vida eterna e vos acompanhe sempre com a Sua bênção.

Aos peregrinos de língua espanhola

Quero expressar os meus sentimentos de profunda estima e agradecimento pela sua visita, a todas as pessoas, famílias e grupos dos diversos Países de língua espanhola que participam na audiência desta manhã. Encomendo ao Senhor as intenções e necessidades de todos vós, a fim de que sejais fiéis a Cristo e à Sua Igreja.

Retomando as reflexões iniciadas há algum tempo sobre a teologia do corpo e do matrimónio, convido-vos hoje a pensar na realidade da ressurreição, uma dimensão estupenda do mistério do homem. Cristo, com efeito, ensina-nos que os seres humanos ressuscitarão e depois não tornarão a unir-se em matrimónio, mas serão como os anjos no céu. Trata-se de uma realidade que corresponde à sabedoria e ao poder de Deus, eterno no seu ser, e que é Senhor dos vivos. Com a minha Bênção Apostólica para todos e cada uni.

Aos vários grupos de língua italiana

Dirijo agora cordiais boas-vindas aos grupos provenientes das várias partes da Itália. Saúdo, em primeiro lugar, os associados na "Liga de São Francisco" (para uma cruzada moral em defesa da natureza e dos animais), os quais, juntamente com outros sodalícios análogos de inspiração cristã, entre eles a "Lega Antivivisezionistica Nazionale", se reuniram em Roma para recordar a simbólica figura de São Francisco, inspirado cantor das criaturas, no oitavo centenário do seu nascimento.

Dá-me prazer encontrar-me convosco, beneméritos ecólogos, e de bons grado exprimo o meu encorajamento na obra que prestais para a salvaguarda do património da natureza e para a protecção dos animais, "nossos irmãos mais pequenos", como lhes chamava o Poverello de Assis.

O Senhor vos acompanhe e vos colme de abundantes recompensas no vosso nobre e meritório empenho.

Uma palavra de particular afecto vai também para as Voluntárias do movimento dos Focolares, reunidas no Centro "Mariapoli" de Rocca di Papa para um Congresso, cujo tema é "A unidade"; e para os peregrinos de Ferrara e de Comacchio, acompanhados pelo seu Arcebispo D. Filippo Franceschi.

Saúdo também cordialmente todos os jovens que com a sua festosa presença testemunham a perene juventude da Igreja. Desejo que esta vossa etapa em Roma e este encontro com o Sucessor de Pedro marquem urna renovação interior e um crescimento decisivo da vossa consciência cristã e da vossa fé, de modo a poderdes testemunhar cada vez mais fielmente Cristo nos vários ambientes em que vos encontrais a viver.

A vós também, queridos jovens Casais, cheguem as minhas saudações de bons votos pela celebração do sacramento do matrimónio que vos uniu para sempre num amor sagrado e indestrutível. Desejo-vos de coração que possais viver a vossa união cristã em plena alegria e harmonia.

Dirijo, sobretudo, um pensamento particularmente afectuoso a todos os doentes aqui presentes e, de modo especial, aos dois grupos pertencentes respectivamente ao Centro .de Reabilitação Motora "Padre Pio" em São João Rotondo, e ao de Reabilitação Psicomotora intitulado também ao Padre Pio, com sede em Manfredónia.

Caríssimos irmãos e irmãs provados pela dor e pelo sofrimento, depois da minha recente experiência como enfermo, compreendi-vos ainda melhor e estou ainda Mais próximo de vós do que habitualmente; asseguro-vos portanto a minha lembrança constante na oração, a fim de que o Senhor vos ajude e conforte nas horas mais difíceis dos vossos dias e vos ilumine a fim de compreenderdes cada vez melhor o valor do sofrimento aceito com força e coragem por amor de Deus e pela salvação de tantas almas. Junto a esta minha exortação uma especial bênção.



AUDIÊNCIAS 1981