Discursos João Paulo II 1981 - Segunda-feira, 23 de Fevereiro de 1981

De facto, ela é parte integrante do anúncio do Evangelho. E simboliza o real objectivo do nosso ministério: promover a união com a Santíssima Trindade e consolidar a fraternidade entre todas as pessoas. Assim, o mesmo zelo que nos estimula a servir o nosso povo deve também inspirar-nos a estar unidos entre nós. Recordai como o desejo de Jesus pela unidade O leva a rezar na Última Ceia: "Para que todos sejam um só; como Tu, ó Pai, estais em Mim e Eu em Ti, que também eles estejam em Nós, para que o mundo creia que Tu Me enviaste" (Jn 17,21).

Portanto, exorto-vos com as palavras de São Paulo: "amai-vos uns aos outros com amor fraternal" (Rm 12,10). Entre todas as vossas ocupações pastorais, encontrai também a possibilidade de rezar juntos, de oferecer recíproca hospitalidade e de encorajar-vos mutuamente no trabalho do Senhor. Dedicai especial atenção para com aqueles vossos irmãos que estão isolados, doentes e até oprimidos pelos pesos da vida. Como "cooperadores na verdade" (cf. 3Jn 1,8), apoiai os vossos irmãos sacerdotes na grande tarefa que é nossa, a proclamação do amor misericordioso de Deus, que se manifestou em Cristo Jesus Nosso Senhor.

Ao exprimir o meu afecto e a minha estima por todos os sacerdotes e irmãos aqui presentes, desejo acrescentar uma palavra de particular apreço pelo contributo dos missionários à Igreja no Japão. Graças aos generosos esforços dos vossos predecessores, a Igreja foi implantada nesta terra, e o vosso fiel ministério continua a ser um eficiente serviço à causa do Evangelho. Estai certos de que a Igreja toda exalta muitíssimo a vossa vocação missionária e aquela de todos os vossos companheiros missionários em todas as partes do mundo.

Renovai hoje a vossa confiança em Jesus Cristo e o vosso compromisso para com a glória do seu santo nome.

E a todos os que estão reunidos nesta Igreja catedral, digo: "Graça e paz vos sejam dadas da parte de Deus, nosso Pai, e da do Senhor Jesus Cristo" (1Co 1,3).





VIAGEM APOSTÓLICA DO SANTO PADRE

AO EXTREMO ORIENTE (PAQUISTÃO, FILIPINAS,

GUAM, JAPÃO E ALASKA)

SAUDAÇÃO DO PAPA JOÃO PAULO II

NO PRIMEIRO ENCONTRO


COM A COMUNIDADE CATÓLICA JAPONESA


Catedral de Tóquio

Segunda-feira, 23 de Fevereiro de 1981



É uma alegria para mim pisar este solo do Japão. É realmente uma hora de grande exultação a que estou vivendo ao chegar a esta hospitaleira terra, onde a mãe natureza produziu maravilhas de incomparável beleza que proclamam a todo o mundo a glória do Criador. Sinto muito prazer, sobretudo, por estar entre os próprios Japoneses no seu país, formador de uma venerável cultura que abrange muitos séculos...

Venho ao Japão como peregrino da paz, trazendo uma mensagem de amizade e de respeito por todos vós. Desejo manifestar a minha estima e o meu amor por todos, homens, mulheres e crianças deste arquipélago. Outrossim, num espírito de gratidão, espero retribuir a visita feita por milhares de Japoneses a mim e aos meus predecessores, em Roma, a começar de Gregório XIII em 1585.

Ao longo dos anos, inúmeros cidadãos deste país honraram-nos com a sua presença. Muitos Japoneses vieram ao Vaticano para falar dos seus valores religiosos, mostrar a sua arte e exprimir os seus cordiais votos. Par tudo isto apresento hoje renovados agradecimentos.

Retribuindo, exprimo a todo o povo desta nobre nação os meus votos pelo seu bem-estar e pela sua paz. As minhas respeitosas saudações dirigem-se particularmente a Sua Majestade Imperial e à Família Imperial. Exprimo a minha gratidão às autoridades do Governo que facilitaram de tantos modos a minha visita.

Com grata antecipação saúdo todos os membros das diversas religiões do Japão. Pelos muitos contactos já mantidos no Vaticano, sinto-me unido a vós em amizade. Ao desejar vivamente encontrar-me com muitas outras categorias de pessoas durante a minha visita, apresento os meus cordiais votos à juventude do Japão, a qual deve trazer as esperanças por um mundo melhor, em que a eficaz protecção da dignidade de todo o ser humano será a medida do progresso e a garantia de paz.

E agora, permiti-me dizer uma palavra à comunidade católica desta terra. Sou grato aos Bispos que me convidaram e a todos os fiéis que prepararam tão devotamente a minha visita. Com profundo afecto fraterno, saúdo os meus irmãos e irmãs católicos que trabalham juntamente com os outros seus irmãos Japoneses, em plena liberdade de consciência e de religião. Além disso, sendo bons cidadãos, eles são uma parte importante e muito amada da comunidade universal da Igreja católica. Presto homenagem à sua fé religiosa, que por gerações foi expressa em boas obras e corroborada pelo extraordinário testemunho de heróicos mártires. Entre estes mártires incluis aqueles japoneses que há pouco foram beatificados em Manila, honram hoje todo o Japão e são aclamados no mundo inteiro. Por vós, fiéis católicos do Japão, com as palavras de S. Paulo ofereço a fervorosa prece por que "a paz de Deus, que sobrepuja todo o entendimento, guarde os vossos corações e os vossos pensamentos em Cristo Jesus" (Ph 4,7).

E como a minha visita começa hoje em Tóquio, visita que me levará a Hiroxima e a Nagasaqui, o meu grande desejo é assegurar, a cada um dos que vou encontrar, os meus sentimentos como irmão e amigo, os meus sentimentos de amor e de paz. Oxalá o Deus Altíssimo derrame as suas mais eleitas bênçãos sobre o Japão!





VIAGEM APOSTÓLICA DO SANTO PADRE

AO EXTREMO ORIENTE (PAQUISTÃO, FILIPINAS,

GUAM, JAPÃO E ALASKA)

DISCURSO DO PAPA JOÃO PAULO II

NA CERIMÓNIA DE DESPEDIDA DE GUAM


Aeroporto de Agaña

Segunda-feira, 23 de Fevereiro de 1981



Queridos irmãos e irmãs

1. Cedo demais, parece-me, encontro-me a dizer-vos adeus. Nestas horas que passei convosco, encontrámo-nos e encorajámo-nos mutuamente, e rezámos como uma família diante de Deus, nosso Pai celeste. Quantas alegrias e bênçãos estão contidas nestas actividades!

2. A minha visita pastoral aqui tinha como objectivo dar força a todos os meus irmãos e irmãs para a sua vida cristã. Oxalá esta minha responsabilidade como Sucessor de Pedro na Igreja tenha bom êxito!

Devo ainda dizer-vos que estar convosco renovou também o meu espírito. Através do entusiasmo e da solidariedade que me demonstrastes, vi eu mesmo a profundidade da vossa fé, da vossa esperança e do vosso amor. E esta experiência encheu-me de grande felicidade.

3. Ao partir, desejo repetir-vos as palavras de São Paulo: "Sede, pois, imitadores de Deus, como filhos muito amados" (Ep 5,1). Sim, caminhai sempre pelos caminhos do amor, tomando Jesus como vosso modelo e guia. Oferecei aos estrangeiros que estão no meio de vós a mesma hospitalidade que me manifestastes. Respeitai e salvaguardai a dignidade de toda a vida humana, especialmente a vida dos anciãos e dos nascituros. Reforçai os laços da vida de família, fazendo de cada lar um porto de paz, de respeito e de amor recíproco. Sede sempre vigilantes a fim de que os caminhos da justiça caracterizem todos os aspectos da vossa vida social. E sede sempre gratos a Deus pelas bênçãos materiais e espirituais que Ele vos concedeu. Sabei que elas não foram dadas por prazer momentâneo mas para vos ajudar a conhecer o seu constante cuidado paterno por vós.

4. Agradeço de todo o coração àqueles que tiveram uma parte nesta visita. Em primeiro lugar, manifesto a minha gratidão às autoridades civis que têm a responsabilidade do destino da população deste território. Em segundo lugar, desejo agradecer a todos os meus irmãos no Episcopado que estiveram comigo durante a minha permanência aqui, mas de modo particular ao Bispo Flores, cujas boas-vindas a esta Diocese foram tão calorosas e generosas. Não possa esquecer o clero, os religiosos e os leigos da Diocese — todos aqueles com quem me encontrei e aqueles que, por doença ou por outras razões, não puderam vir. Tende a certeza de que o Papa está com todos vós e que reza por vós. Permiti-me que diga a toda a gente desta vasta área: "Deus abençoe Guam e as ilhas Marianas! Deus proteja todo o povo da Micronésia! Ele vos conceda a verdadeira felicidade como a seus filhos! Ele vos abençoe sempre com a sua paz!»

Si Yuus maase yan adios! (Obrigado e adeus!).

Hu bendisi harnyu todos: Gi naan i Tata, yan i Lahinia, van i Espiritu Santu (Abençoo-vos a todos: Em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo).





VIAGEM APOSTÓLICA DO SANTO PADRE

AO EXTREMO ORIENTE (PAQUISTÃO, FILIPINAS,

GUAM, JAPÃO E ALASKA)

DISCURSO DO PAPA JOÃO PAULO II

NO ENCONTRO COM O CLERO E OS RELIGIOSOS


DA ILHA DE GUAM


Catedral de Agaña

Domingo, 22 de Fevereiro de 1981



Queridos irmãos e irmãs

"Damos sempre graças a Deus por todos vós, lembrando-nos sem cessar de vós nas nossas orações, recordando a actividade da vossa fé, o esforço da vossa caridade e a constância da esperança que tendes em Nosso Senhor Jesus Cristo" (1Th 1,2-3).

1. Faço minhas estas palavras de São Paulo e desejo que elas exprimam os sentimentos do meu coração ao mesmo tempo que dou graças a Deus omnipotente pelo testemunho da vossa fé. Encontrando-me convosco nesta catedral dedicada ao nome de Maria, estou satisfeito de ver tantas indicações de como a vossa fé em Jesus Cristo se manifestou sólida e verdadeira.

Como poderíamos deixar de estar gratos quando verificamos a rapidez com que foi aceita a fé pelo povo de Guam? Que enorme amor caracterizou os missionários, homens e mulheres, cujos esforços enriqueceram tão grandemente a vida da Igreja nesta ilha! A pregação e o ensino deles não tiveram só a força da persuasão humana, mas sobretudo comunicaram o fruto do poder do Espírito Santo.

Vós que vos reunistes aqui, hoje, sois os herdeiros desta rica tradição; herdastes uma viva comunhão de fé, de esperança e de amor. Ora, os laços que nos unem devem ser constantemente reforçados de maneira que possamos formar uma unidade cada vez mais perfeita de fraternidade e de serviço.

2. Porque a Igreja, em todos os tempos e lugares, é chamada por Cristo a fazer de muitos indivíduos um só povo, unido num "só Senhor, uma só fé e um só baptismo" (Ep 4,5). Como um só corpo, a Igreja deve irradiar a presença do seu Senhor no mundo. Jesus Cristo, portanto, é a razão de tudo o que a Igreja diz e realiza! Jesus Cristo é o ponto focal para aquela comunhão viva que é constitutiva da Igreja!

3. Convém-nos voltar muitas vezes à narração sagrada da vida dos primeiros tempos da Igreja e reflectir sobre aqueles elementos que formaram a sua comunhão eclesial. Lemos nos Actos dos Apóstolos: "Eram assíduos ao ensino dos apóstolos, à união fraterna, à fracção do pão e às orações" (Ac 2,42).

4. Desde o princípio, reconheceu a Igreja como seu dever transmitir tudo o que recebera do Senhor. O ensinamento apostólico tornou capazes os discípulos de serem "um só coração e uma só alma" (Ac 4,32). Assim os primeiros cristãos professaram uma fé comum diante do mundo, e nenhuma autêntica comunhão teria sido possível se tivesse faltado a fidelidade à tradição apostólica.

Não menos que então, é a Igreja hoje chamada a conservar na sua integridade a mensagem de Cristo, cuja palavra não foi confiada à Igreja para dela fazer aquilo que quisesse; pelo contrário, a Igreja é um instrumento de evangelização que difunde a mensagem de Cristo na sua integridade, com toda a riqueza do conteúdo que encerra.

5. Ao mesmo tempo, esta mensagem evangélica não é destinada a ser exposta como numa vitrina de museu, onde poderia ser apenas admirada ou estudada. Não, deve ser participada e difundida, de maneira que também os outros possam escutá-la, aceitá-la, e ser introduzidos na comunidade dos fiéis. O serviço da palavra é o modelo mediante o qual é conhecida a fé apostólica; e é um serviço que não exige nenhuma recompensa, senão apenas a do reconhecimento que o amor de Cristo, se torna presente no mundo.

Na sociedade encontram-se muitos exemplos de amor de tal modo manipulado que faz surgir a suspeita, nalgumas pessoas, de não existir amor desinteressado. A estas pessoas devemos manifestar uma vez mais o espírito de altruísmo, que foi o exemplo dos primeiros cristãos recordados nos Actos dos Apóstolos: "Ninguém chamava seu ao que lhe pertencia, mas entre eles tudo era comum" (Ac 4,32). Onde está presente tal atitude de generosa dedicação de si mesmos, aí pode florescer uma verdadeira comunidade.

6. Mas donde recebe a comunidade o impulso para ser verdadeira comunhão? A Igreja encontra esta fonte na "fracção do pão". A Eucaristia é o "cimo para o qual tende a acção da Igreja e é ao mesmo tempo fonte de que procede toda a sua virtude" (Sacrosanctum Concilium SC 10).

Na Eucaristia a comunhão eclesial não só é manifestada, é de facto realizada. "Uma vez que há um só pão, nós, embora sendo muitos, formamos um só corpo, porque todos participamos do mesmo pão" (1Co 10,17).

É essencial portanto que a nossa comunhão eucarística, fundada numa comum expressão de fé, não se torne nunca causa de dissentimento ou de divisão na comunidade. As formas individuais de expressão devem ceder o lugar à construção da comunhão eclesial de toda a Igreja.

7. Por fim, o chamamento à fé implica para todo o crente uma contínua chamada à santidade alimentada pela oração. Abandonado às suas fraquezas, o homem não possui a força necessária para superar o pecado do mundo. Só o Espírito Santo pode assegurar uma unidade verdadeira e duradoura porque, devido à Sua presença, cada membro da comunidade é transportado a mais numerosas expressões de caridade e misericórdia. Hoje a Igreja alegra-se com o profundo desejo, por parte de tantos, de conhecer melhor o Espírito Santo mediante a oração. Com todo o coração encareço tal interesse, e peço que o Espírito Santo queira comunicar a todos os sectores da Igreja um fervor de santidade que prefira o amor de Deus e o amor do próximo a qualquer outra consideração.

8. Meus irmãos e irmãs, amemo-nos mutuamente em Cristo. Façamos que os laços da fé se apertem cada vez mais em todas as coisas que praticarmos. Façamos que a nossa pregação e o nosso ensino sejam claro reflexo do rico depósito da fé. Pratiquemos a nossa comunhão de espíritos com coração alegre, e encontremos nas nossas celebrações eucarísticas maior realização daquela unidade que partilhamos entre nós na fé. Procuremos ser fervorosos na nossa vida de oração e imploremos, do Espírito Santo, que nos guie a todos — bispos, sacerdotes, religiosos e leigos — pelos caminhos da verdadeira santidade.

E, por último, não deixemos de olhar para o exemplo de Maria, cuja fé foi constante e perseverante. É venerada neste lugar sob o nome de Nossa Senhora de Camarin. Confiemo-nos a essa protecção e invoque-mos a sua intercessão poderosa: Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós pecadores agora e na hora da nossa morte. Amém.



VIAGEM APOSTÓLICA DO SANTO PADRE

AO EXTREMO ORIENTE (PAQUISTÃO, FILIPINAS,

GUAM, JAPÃO E ALASKA)

DISCURSO DO PAPA JOÃO PAULO II

NA CERIMÓNIA DE BOAS-VINDAS À ILHA DE GUAM


Aeroporto Internacional de Agaña

Domingo, 22 de Fevereiro de 1981



Caros irmãos e irmãs

1. Com o coração transbordante de gratidão, piso o solo desta vossa terra natal e beijo-a como expressão do meu respeito e de reverência ao povo deste território. Ao mesmo tempo agradeço a Deus Todo-Poderoso, cuja maravilhosa Providência me permite saudar a população de Guam e de todas as Ilhas Marianas.

Gof Magof na hai hu bisita i bonito na tano miyo yau hamyu man famaguon Yuos. (Estou feliz por ver a vossa bela ilha e a vós, filhos de Deus).

Gof magof yo na hu bisita hamyu ni i taotao islas Pacifico. (Estou feliz por estar convosco, povos das ilhas do Pacífico).

Percorri grande distância para poder-vos dizer pessoalmente o quanto estais junto do Bispo de Roma — nos seus pensamentos e nas suas orações. E, por causa deste afecto que tenho por vós, sinto particular consolação na alegria do nosso encontro.

Desejo por isso dirigir uma palavra de amizade a cada um e a todas as pessoas, em todo este vasto território da Micronésia: a todos os esposos, aos jovens, às crianças, aos anciãos, aos que sofrem, aos doentes e aos inválidos. Saúdo-vos a todos com estima cordial. Como desejaria, se possível fosse, falar com cada um de vós: visitar as vossas casas, rezar nas vossas igrejas, conhecer os vossos sofrimentos como também as vossas esperanças e aspirações! Mas não posso fazê-lo e devo limitar-me a um restrito programa. Todavia, quero que saibais que, profundamente interessado pelo vosso bem-estar, compartilho estas horas convosco.

2. Terei breve encontro com os representantes do clero católico e dos religiosos que trabalham no meio de vós. Por mais de três séculos a Igreja ofereceu o dom do tesouro da fé ao povo de Guam. E como foi recebida generosamente aquela mensagem! Num espírito de esperança foi iniciada a obra de evangelização neste território, e está a prosperar. Oxalá a Igreja em Guam — e todos vós que sois membros desta Igreja — continue a proclamar e a viver fielmente o Evangelho, servindo a todos! Oxalá testemunheis com zelo os verdadeiros valores morais em meio de um mundo muitas vezes confuso e transviado! E possais permanecer firmes contra qualquer tentativa para vos desencorajar na realização da plena maturidade em Cristo!

3. Irmãos e irmãs de Guam e das Marianas, nós vivemos um particular momento da história humana. Os progressos da ciência e da tecnologia abriram-nos possibilidades novas para a construção de uma sociedade mais justa. Uma consciência mais profunda dos direitos de todos os homens dá nova esperança e positiva certeza de uma ordem do mundo mais pacífica. As rápidas comunicações permitem-nos compreender os outros povos, de maneira mais directa e pessoal de quanto se teve antes. Aproveitemos as possibilidades da nossa época para favorecer em toda a parte a dignidade dos povos.

Dado que juntos nos reunimos neste dia e neste lugar, confirmemos o nosso propósito de amor recíproco e de querer bem a todos os outros. Com a graça de Deus os nossos esforços alcançarão êxito. Assim Deus permita!

Hu guiya todos hamyu! (Amo-vos a todos!)



VIAGEM APOSTÓLICA DO SANTO PADRE

AO EXTREMO ORIENTE (PAQUISTÃO, FILIPINAS,

GUAM, JAPÃO E ALASKA)

DISCURSO DO PAPA JOÃO PAULO II

NA CERIMÓNIA DE DESPEDIDA DAS FILIPINAS


Aeroporto Internacional de Manila

22 de Fevereiro de 1981



Meus caros amigos
Caros irmãos e irmãs em Nosso Senhor Jesus Cristo

1. Chegou o momento de dizer adeus. Preparando-me para deixar as Filipinas em continuação da minha viagem apostólica, levo comigo muitas recordações belas e alegres. Foi um grande privilégio passar seis dias no vosso Pais. Estou maravilhado ante a grande diversidade de valores culturais e de nobres tradições que enriquecem a vossa terra. Recordar-me-ei por longo tempo das pessoas de ambientes e tradições tão diversos, com as quais tive o prazer de me encontrar.

2. De modo particular levo comigo o testemunho da vitalidade da fé católica aqui nas Filipinas. Esta vitalidade é simbolizada pela santidade do primeiro mártir filipino, cuja beatificação motivou a minha visita pastoral. Por coincidência, despeço-me de vos ao celebrar-se a Cátedra de São Pedro, festividade que reevoca a missão do Bispo de Roma de preservar e promover a unidade na Igreja, e de confirmar os seus irmãos na fé. Precisamente para cumprir tal missão, que agora me compete como sucessor do Apóstolo Pedro, é que vim ao vosso País. Desejei também pedir-vos, meus irmãos e irmãs, considerando a vossa profunda e o vosso amor a Nosso Senhor Jesus Cristo, que assumais um compromisso sempre maior no trabalho de evangelização, fazendo que outros participem daquela fé por vós recebida como dom de Deus. Asseguro a todos vós as minhas orações e — usando as palavras de São Paulo — "estou persuadido de que Aquele que começou em vós a boa obra a completará até ao Dia de Cristo Jesus" (Ph 1,6).

3. Antes de partir desejo exprimir o meu reconhecimento a Sua Excelência o Presidente Marcos, pelas suas cordiais boas-vindas a esta terra e por tudo o que foi feito para facilitar a minha visita.

Agradeço também a todas as Autoridades do Governo e a quantos cooperam para manter a ordem pública ou na coordenação do programa da minha visita pastoral.

Estou particularmente grata ao Cardeal Rosales, ao Cardeal Sin e a todos os meus dilectos Irmãos no Episcopado, pelo acolhimento tão caloroso a mim reservado e por terem renovado na minha presença a sua dedicação à unidade da Igreja de Cristo e ao Evangelho da verdade.

Agradeço a todos os que estiveram ao meu lado com tanto amor e afecto, meus caros irmãos e irmãs na fé, e a todos os outros cidadãos das Filipinas. Em todos os instantes da minha visita, a vossa hospitalidade foi deveras expressão da vossa generosidade e bondade.

Ao despedir-me, estes são os meus votos a todos vós, dilecto povo das Filipinas: oxalá gozeis sempre paz nos vossos corações e nas vossas casas; a justiça e a liberdade reinem em todas as vossas ilhas; as vossas famílias sejam sempre fiéis, unidas na alegria e no amor!



VIAGEM APOSTÓLICA DO SANTO PADRE

AO EXTREMO ORIENTE (PAQUISTÃO, FILIPINAS,

GUAM, JAPÃO E ALASKA)

DISCURSO DO PAPA JOÃO PAULO II

ÀS COMISSÕES DE TRABALHO


E ORGANIZAÇÃO DA VIAGEM PAPAL


Manila, 21 de Fevereiro de 1981



Caros amigos

1. Sinto-me feliz por ter este encontro com os membros das Comissões de trabalho, que colaboraram para preparar e coordenar a minha visita pastoral às Filipinas. A cada um de vós em particular tenho uma dívida de gratidão.

Desde o início do meu pontificado desejei ardentemente vir em visita pastoral ao vosso País, em coincidência com a beatificação de Lorenzo Ruiz. E agora, graças a Deus, o meu desejo foi realizado. Mas a minha visita não teria tido êxito se não tivesse havido os vossos diligentes esforços, a vossa preparação e planificação. Deste modo participastes na missão que recebi de Deus, pois que assististes o Pastor da Igreja universal na sua tarefa de confirmar os próprios irmãos na fé.

2. Apreciei muito toda a assistência dada por Sua Excelência o Presidente Marcos e por todo o Governo das Filipinas. Sem isto, a minha visita não teria sido possível. Um devido reconhecimento dirige-se ainda ao Governador da cidade de Manila, à Excelentíssima Senhora D. Imelda Marcos, e a todas as Autoridades locais que colaboraram com generosidade e entusiasmo.

Desejo também exprimir a minha sincera gratidão a todos os membros das Comissões Governativas pela sua generosa assistência e cooperação. Oxalá o Senhor derrame sobre vós, e sobre os que vos são caros, as bênçãos de alegria e de paz.

3. E estendo igualmente a todos os membros das Comissões Eclesiásticas uma cordial palavra de agradecimento. Vós representais um sector de toda a Igreja neste amado País — Bispos, sacerdotes, religiosos e leigos; sei que muito da vossa colaboração permaneceu escondido e é conhecido só por Deus. E por todos os vossos esforços, sacrifícios e orações sou profundamente grato.

Rezo por que a minha peregrinação de fé sirva de encorajamento e graça na vida cristã de cada um de vós; por que possais encontrar novo vigor nas palavras de São Paulo: "Exorto-vos... que leveis uma vida digna da vocação à qual fostes chamados" (Ep 4,1)! Oxalá o Pai celeste vos torne, juntamente com as vossas famílias, fortes na fé, alegres na esperança, uma só coisa no amor, até à vinda do Senhor nosso Jesus Cristo na glória.



VIAGEM APOSTÓLICA DO SANTO PADRE

AO EXTREMO ORIENTE (PAQUISTÃO, FILIPINAS,

GUAM, JAPÃO E ALASKA)

DISCURSO DO PAPA JOÃO PAULO II

AOS REPRESENTANTES DE OUTRAS


IGREJAS CRISTÃS NAS FILIPINAS


Nunciatura de Manila, 21 de Fevereiro de 1981



Caros irmãos e irmãs em Jesus Cristo

Durante a minha visita pastoral à Igreja Católica nas Filipinas, é para mim grande alegria encontrar-vos, representantes das Igrejas e comunidades Cristãs, e representantes do Conselho Nacional das Igrejas nas Filipinas.

1. Toda a nação tem as suas características de coração e de mente. Nas Filipinas pensa-se imediatamente no vosso caloroso sentimento de comunidade, aquele sentimento que vos liga mutuamente, aquele sentido de solidariedade a que vós chamais o espírito de "pakikisama". Pessoalmente já o experimentei durante este breve período que transcorri convosco.

2. À luz deste espírito, as divisões entre os cristãos resultam ainda mais estranhas e impróprias. Isto é certamente base importante para a vossa sensibilidade ecuménica, mas, naturalmente, a nossa solicitude pela unidade dos cristãos possui uma razão mais profunda. Tudo o que é nobre e bom na comunidade humana foi realizado e aperfeiçoado naquela associação mais profunda e universal sobre a qual São Paulo escreve: "Vós todos, de facto, quantos fostes baptizados em Cristo, fostes revestidos de Cristo. Não existe já Judeu, nem Grego; não existe já escravo nem Livre; não existe já homem nem mulher, porque todos vós sois um em Cristo Jesus" (Ga 3,26-27). Esta é a comunhão que o superabundante amor de Deus operou por meio de Jesus Cristo no Espírito Santo. Esta Igreja, único rebanho de Deus, sinal e já antecipação do seu Reino, como uma bandeira levantada para ser vista pelas nações, anuncia o Evangelho de paz à humanidade inteira (cf. Unitatis redintegratio UR 2).

3. A unidade da Igreja é dom de Deus e não obra dos homens. Mas as dolorosas divisões entre os cristãos prejudicam este Corpo de Cristo, de modo que agora, entre as várias comunidades, a comunhão eclesial é incompleta a ponto de impedir e obscurecer um efectivo testemunho a Cristo. uma grande graça, e um impulso à renovação, que nos nossos dias Deus tenha despertado nos corações dos cristãos uma profunda aspiração "à Igreja de Deus única e visível, que seja verdadeiramente universal e mandada ao mundo inteiro, para que o mundo se converta ao Evangelho e assim se salve para a glória de Deus" (Unitatis redintegratio UR 1).

4. Como cristãos, somos já uma unidade. Justificados pela fé no nosso Baptismo e assim incorporados em Cristo (cf. Unitatis redintegratio UR 3), e vivendo do seu Espírito, nós estamos unidos numa comunhão real se bem que ainda imperfeita.

É nossa responsabilidade exprimir quanto é possível e tornar visível esta comunhão que nos une em Cristo, "procurando conservar a unidade do Espírito por meio do vínculo da paz" (Ep 4,3). "Nós podemos e devemos já, desde agora, conseguir e manifestar ao mundo a nossa unidade ao anunciar o mistério de Cristo" (Redemptor hominis RH 11). Igualmente não devemos poupar esforço algum para reconstituir aquela plenitude de comunhão em Cristo, nosso Senhor e Cabeça, que veio "para reunir os filhos de Deus que estavam dispersos" (Jn 11,52).

5. Diante das grandes nações da Ásia, os cristãos das Filipinas possuem uma vocação especial para testemunhar a comum esperança que depositam em Cristo. Aqui é especialmente necessário assegurar que "a cooperação de todos os cristãos exprime vivamente aquela união, que já está em vigor entre eles, e coloca numa luz mais plena a face de Cristo servo" (Unitatis redintegratio UR 12). Vós tendes uma oportunidade ao associar ou coordenar os vossos esforços para a promoção humana, aliviando as necessidades, ajudando a criar na sociedade aquelas condições que tornam a vida mais conforme à dignidade de todo o homem e mulher.

6. Estes esforços podem oferecer um testemunho comum ao único Evangelho de Jesus Cristo. O Evangelho é o nosso tesouro comum, e o dever missionário que vos impele como cristãos deve conduzir-vos também a procurar meios para proclamar juntos, na medida do possível, as verdades fundamentais que dizem respeito a Jesus Cristo e nele estão contidas, encontrando o que já vos une, ainda antes que a plena comunhão seja conseguida (cf. Redemptor hominis RH 12). Aqui, logo, fostes colocados diante de coisas que ainda vos dividem e limitam o testemunho que pode ser dado em conjunto. Esta é a tragédia das nossas divisões.

Longe de tornar frutuoso e eficaz o nosso testemunho a Cristo, o escândalo das nossas divisões diminuiu a nossa credibilidade. Isto é verdade não só entre os não-cristãos, mas também entre cristãos de fé simples. Com toda a honestidade, somos responsáveis por isto. Eis porque é tão urgente que a todos os níveis os cristãos estejam preparados para trabalhar activamente e rezar pela recomposição da plena comunhão. O esforço do diálogo teológico é parte integrante disto, mas o ponto central é a conversão pessoal, a santidade da vida e a oração pela unidade dos cristãos (cf. Unitatis redintegratio UR 8).

7. A situação ecuménica nas Filipinas é particular, enquanto a maioria dos cristãos são membros da Igreja Católica. Os católicos possuem, por isso, uma particular responsabilidade. Devem possuir um conhecimento seguro dos princípios católicos do ecumenismo, ser-lhes plenamente fiéis, e ter a vontade de aplicá-los com coragem e prudência. Faltar nisto, por impaciência ou inércia, significa impedir à Igreja Católica que aplique ao movimento ecuménico os dons de graça e de fé que lhe foram confiados. É importante saber usar estes dons em comunhão com o resto dos fiéis e com os Bispos.

8. Desejo terminar com uma palavra de encorajamento a todos os cristãos nas Filipinas. A vossa tarefa é real, porque as divisões, em muitos casos, são de origem recente; houve proliferação de numerosos grupos diferentes; para alguns, as divisões encontram ainda expressão em declarada má vontade e proselitismo. Mas, lembrai-vos, a unidade que Cristo quer para a sua Igreja é seu dom.Os vossos pacientes e sábios esforços para superar a separação e reconstruir a comunhão, o comum testemunho que agora também podeis dar, constituem uma obediência meritória à vontade de nosso Senhor. Sejam eles continuados sem parar e tornados fecundos pelas vossas orações. Em toda a paróquia e comunidade, em toda a Igreja, em cada capela e estação missionária e nas vossas famílias, sejam elevadas súplicas a Deus pela unidade que Ele quer para o seu povo e, por meio dele, para toda a família humana.

"O amor esteja com todos vós em Cristo Jesus. Amém" (1Co 16,24).





VIAGEM APOSTÓLICA DO SANTO PADRE

AO EXTREMO ORIENTE (PAQUISTÃO, FILIPINAS,

GUAM, JAPÃO E ALASKA)

DISCURSO DO PAPA JOÃO PAULO II

AOS REPRESENTANTES DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO


Sede da Rádio Veritas

Manila, 21 de Fevereiro de 1981



Caros amigos

1. Sinto muita felicidade em saudar-vos aqui, na Rádio Veritas, nesta importante emissora católica das Filipinas. Saúdo todos vós com grande cordialidade e respeito, porque — como correspondentes, fotógrafos, peritos de rádio ou de televisão — vós sois a centelha de vida e o espírito animador dos vários instrumentos modernos da comunicação.

Peço que estejais sempre profundamente convencidos da vossa responsabilidade. As imagens que girais, os sons que gravais, os programas que transmitis superam as barreiras do tempo e do espaço. Atingem — e, em alguma forma quase instantaneamente — os pontos mais remotos e as populações mais diversas do globo. Tudo aquilo que as pessoas vêem e ouvem, nas vossas transmissões e nos vossos comentários, influencia profundamente o seu modo de pensar e de agir.

Todos hoje, seja qual for a sua actividade; e particularmente a juventude, estão à procura de valores humanos e de princípios que os ajudem a construir um mundo melhor. As pessoas, em qualquer nível de responsabilidade, precisam de valores e de princípios para edificar uma ordem económica e social mais humana. É necessário ainda que estes valores e princípios atinjam tais pessoas. É aqui que os "meios de comunicação social" podem servir, de maneira muito especial, a humanidade. É esta, por certo, formidável responsabilidade e desafio — mas pode ser também maravilhoso contributo para a humanidade.

2. Durante estes dias da minha visita, o povo filipino relembra o alegre acolhimento dado pelos seus antepassados ao primeiro anúncio da mensagem cristã. Ele reflecte-se nos exemplos de generosidade e de heroísmo que tal anúncio provocou neste mesmo povo; reafirma os valores cristãos que ele deseja preservar como fundamento daquele progresso técnico, económico e social, a que justamente aspira. Em tudo isto, é ele ajudado pela contribuição dos "media", pelo vosso generoso serviço.

Vós tendes a tarefa de transmitir os acontecimentos destes dias ao mundo. Por algumas horas podeis oferecer ao mundo, atormentado por crescentes conflitos, algumas imagens alegres de solidariedade humana, acompanhadas de mensagens de encorajamento e de motivos de esperança.

3. Oxalá a consciência da importância da vossa missão vos sustente nas dificuldades que o vosso trabalho exige: mudanças de clima, rápidos deslocamentos, exigências várias, prazos improrrogáveis. Oxalá a alegria que acompanha o anúncio daquilo que é verdadeiro, bom e belo, faça crescer as vossas energias e vos com pense das vossas fadigas.

Peço a Deus Omnipotente queira conceder a cada um de vós êxito e satisfação na sua nobre missão êxito e satisfação que brotem da fidelidade à verdade e da dedicação ao amor fraterno. Sobre as vossas famílias, especialmente as mais distantes, invoco a abundância da paz e da felicidade. Sintam-se elas sempre orgulhosas de vós e beneficiem do vosso trabalho. Deus vos abençoe e abençoe também os que vos são queridos!



VIAGEM APOSTÓLICA DO SANTO PADRE

AO EXTREMO ORIENTE (PAQUISTÃO, FILIPINAS,

GUAM, JAPÃO E ALASKA)

DISCURSO DO PAPA JOÃO PAULO II

DURANTE O ENCONTRO


COM UM GRUPO DE DOENTES


DO LEPROSÁRIO DE TALA


Manila, 21 de Fevereiro de 1981




Discursos João Paulo II 1981 - Segunda-feira, 23 de Fevereiro de 1981