Discursos João Paulo II 1981 - Sexta-feira, 17 de Abril de 1981

DISCURSO DO PAPA JOÃO PAULO II


AOS CANTORES DA CAPELA SISTINA


Sala do Trono

Sábado, 18 de Abril de 1981



Caríssimos Cantores da Capela Sistina!

1. Há já tempos que desejava encontrar-me convosco, que, com o vosso canto, constriuís em grande parte para tornar solenes as Cerimónias pontifícias. Saúdo cordialmente o vosso benemérito Maestro-Director, Monsenhor Bartolucci, e a seguir, cada, um de vós, que, com generosa dedicação e com excelente estilo artístico, vos dedicais à execução da Sacra Polifonia, ao serviço da Liturgia, e por conseguinte ao serviço do Senhor. Alegra-me este encontro, na véspera da solenidade da Páscoa, que me proporciona a ocasião para vos exprimir o meu sincero afecto, o meu vivo apreço e o meu grande reconhecimento. O vosso canto é Liturgia, é oração, é participação no Sacrifício Divino que Jesus Cristo renova no altar em cada Missa. Ajuda os fiéis a elevarem a sua alma a Deus. E o nome de "Capela Sistina", como sabeis, é conhecido no mundo, pelas suas execuções. Pois bem, sede disso santamente orgulhosos, mas sirva-vos isso também de estímulo para um empenho cada vez mais convicto e diligente.

2. Gostaria de poder deter-me mais tempo e percorrer convosco os documentos do Magistério da Igreja que dizem respeito à Música e ao Canto Sacros.

Começando por São Gregório Magno até aos meus imediatos Predecessores, a Igreja cuidou sempre com particular solicitude desta importante parte da Liturgia.

Pio XII, na Encíclica Musicae sacrae disciplinae (25 de Dezembro de 1955) afirmava que a música deve ser incluída nos muitos e grandes dons de natureza com que Deus enriqueceu o homem criado à sua imagem e semelhança: ela, com as outras artes liberais, contribui para a alegria espiritual e o deleite da alma (Parte I).

Isto deve ser dito tanto mais a propósito da Música Sacra. De facto, São Pio X, no seu célebre "Motu Proprio" Tra le sollecitudini (22 de Novembro de 1903), escrevia: "A música sacra, como parte integrante da solene liturgia, participa no seu objectivo geral, que é a glória de Deus e a santificação e edificação dos fiéis. Ela concorre para dar maior decoro e esplendor às cerimónias eclesiásticas... a fim de que os fiéis sejam deste modo mais facilmente estimulados à devoção e se disponham melhor a acolher em si os frutos da graça, que são próprios da celebração dos sacrossantos mistérios".

E para esse fim o Santo Pontífice acrescentava que a Música Sacra deve possuir no grau mais elevado as qualidades próprias da liturgia, e precisamente a santidade, a beleza da forma e a universalidade.

A Constituição Sacrosanctum Concilium do Vaticano II sobre a Sagrada Liturgia salientou bem o grande valor do canto e abriu-o a novas formas, sempre segundo o mesmo fim, que é "a glória de Deus e a santificação dos fiéis" (cf. nn. 112-121).

É um complexo doutrinal precioso e sempre válido, que vos exorto a meditar, a fazer vosso, a fim de que a vossa fadiga para obter execuções sempre magníficas seja também acompanhada pela vossa sensibilidade espiritual e pela alegria de servir a Deus e às almas.

3. Caríssimos, estas reflexões vos estimulem a cantar cada vez melhor, com a voz e com o coração! Oxalá a "Capela Sistina" seja exemplo para todas as Igrejas da Cristandade! Desejo isto com ânsia apostólica!

E a alegria de Cristo Ressuscitado abunde sempre nas vossas almas! A Páscoa vos faça compreender cada vez mais que toda a vida deve ser um canto de bondade e de inocência, por meio da graça, de que Jesus nos tornou merecedores mediante a sua Paixão, Morte e Ressurreição.

Maria Santíssima, que com a sua vida compôs uma sinfonia de suprema beleza, vos acompanhe no vosso serviço. Fazei com que o vosso canto seja sempre um "magnificat" em sua honra!

Ao mesmo tempo que retribuo a cada um de vós e a todas as pessoas da vossa família os votos de Boa Páscoa, concedo-vos a minha Bênção Apostólica.



DISCURSO DO PAPA JOÃO PAULO II


AOS AGENTES DA POLÍCIA ESTRADAL


Sábado, 18 de Abril de 1981



Caríssimos!

1. Na manhã, tão singular e significativa, do "Sábado Santo", desejastes vir apresentar-me os vossos votos de Boa Páscoa. Estou muito feliz por este encontro, não só pela alegria proporcionada pela vossa presença, mas também porque me oferece a ocasião de vos manifestar o meu apreço e a minha gratidão pelo serviço tão delicado que prestais nas minhas saídas da Cidade do Vaticano em visita pastoral. Sei que cumpris de bom grado o vosso dever, ainda que ele exija cansaço e sacrifício. E conheço bem a vossa perícia e a vossa generosa solicitude. Com viva alegria, dirijo a minha afectuosa saudação também aos vossos familiares, que vos acompanharam aqui e a todos os que vos são queridos, retribuindo de coração os bons votos pascais e assegurando a lembrança. na oração.

2. A vigília da grande solenidade sugere-me uma consideração, que desejo deixar-vos como recordação.

Depois do silêncio deste dia de Sábado Santo, os sinos voltarão a repicar festivamente para anunciar a Ressurreição gloriosa e definitiva de Cristo. A vida e a morte debateram-se num terrível duelo, mas venceu a vida! É Jesus ressuscitado assegura com a sua vitória que também nós ressuscitaremos gloriosos, após o peregrinar da história humana, no fim dos tempos.

Eis, ó caríssimos, o estilo de vida que também deveis assumir, vós e as vossas famílias: a alegria da Páscoa, a certeza da, ressurreição gloriosa que infunde coragem e confiança, preserva, do mal, empenha numa vida, virtuosa, ilumina cada dia com a luz sobrenatural da graça e da eternidade.

Que a alegria da Páscoa acompanhe todos os dias da vossa vida e dê satisfação e serenidade também ao vosso trabalho! Estes, os meus sinceros bons votos.

Com estes votos, de todo o coração vos concedo a propiciadora Bênção Apostólica, afectuosamente extensiva a todos os que vos são caros.



SAUDAÇÃO DO PAPA JOÃO PAULO II


A UM GRUPO DE PEREGRINOS ESPANHÓIS SÓCIOS


DA "FEDERACIÓN ESPAÑOLA DE LOS SKAL CLUBS"


Sala Clementina

Quinta-feira, 23 de Abril de 1981



Caros irmãos e irmãs

Tenho o gosto de me ser possível ter este encontro convosco, membros do numeroso grupo composto por sócios dos Skal Clubs da Espanha aqui presentes.

Sei que desejastes com particular interesse vir visitar-me por ocasião do vigésimo quinto aniversário da fundação dos vossos Clubs. Nesta circunstância particularmente significativa para vós, desejo-vos que a permanência em Roma junto do Papa vos infunda novo alento para empregardes as vossas energias com autêntico espírito de serviço aos demais. Buscai a promoção do bem integral das pessoas no são desafogo, que ao mesmo tempo que oferece repouso físico para o corpo não esquece o enriquecimento do espírito e o adequado cultivo dos valores religiosos e morais.

Animo-vos a que vivais estes valores, primeiro que tudo em vós mesmos, a fim de conseguirdes apreciar devidamente a importância da difusão deles entre os outros.

Peço a Deus que assim seja e, em penhor do constante auxilio divino neste particular, dou-vos a vós e aos membros das vossas famílias uma especial Bênção Apostólica.



DISCURSO DO PAPA JOÃO PAULO II


AOS DIRECTORES DAS PONTIFÍCIAS


OBRAS MISSIONÁRIAS DOS ESTADOS UNIDOS


Sexta-feira, 24 de Abril de 1981



Meus caros Irmãos e colaboradores no Evangelho de Cristo

1. Dirijo muito cordiais boas-vindas a todos vós, Directores Diocesanos da Sociedade para a Propagação da Fé dos Estados Unidos da América. Apresento uma especial saudação ao novo Director nacional, Monsenhor McCormack, e ao seu zeloso predecessor, o Arcebispo Q'Meara. Sinto-me feliz de que, nesta ocasião, tenhais escolhido Roma para a vossa reunião quinquenal. A vossa escolha dá a oportunidade para nos reunirmos em nome de Cristo; mostra do mesmo modo a vossa determinação de realçar o carácter eclesial do vosso trabalho incorporando-o na universal missão da Igreja. Estou-vos verdadeiramente agradecido pelos sentimentos que moveram tal ministério ao serviço da fé.

2. Ao mesmo tempo, desejo exprimir a minha profunda estima pela missão especial a vós confiada pelos Bispos. Agradeço o auxílio que ofereceis às Igrejas locais através do mundo, e aquilo que fazeis pelas vossas próprias Dioceses. Numa palavra, agradeço a vossa participação no Evangelho, os esforços aturados para tornar o nome de Jesus ainda melhor conhecido e amado, na pátria e no estrangeiro.

3. As vossas actividades são missionárias, e dirigem-se primeiro que tudo para benefício das comunidades eclesiais nas terras de missão. Ao oferecerdes às jovens Igrejas a solidariedade da caridade fraterna, estais realizando um acto grande e meritório. Todo o apoio generoso, que se junta a esta solidariedade, é fiel expressão do Evangelho e está motivado por este mesmo. Com a vossa ajuda, o trabalho de Jesus continua nas Igrejas locais; Jesus fica com o Seu povo, "ensinando... e proclamando a Boa Nova do Reino, e curando todas as enfermidades e moléstias" (Mt 9,35). Todos os serviços, tornados possíveis por meio da vossa zelosa colaboração, pretendem ser expressão do amor do Salvador; estão destinados a centrar a atenção na pessoa e na palavra de Jesus Cristo, o único a revelar Deus ao homem. Mas também, porque só Cristo pode adequadamente revelar o homem a si mesmo, tudo o que vós fazeis, promovendo a pregação da palavra de Cristo, é serviço que eleva a humanidade mesma, dando-lhe maior penetração da sua própria natureza e maior conhecimento da sua própria dignidade

Sois chamados a ajudar inúmeros irmãos e irmãs por todo o mundo. Que grande privilégio é animar a evangelização, promover a catequese e mesmo facilitar o delicado aspecto da conversão dos corações humanos! É assim que a Igreja entende as exigências do Evangelho e pede a vossa colaboração, nem vós podeis nunca errar ao conceber a actividade missionária deste modo.

4. Mas, além da valiosa ajuda que dais a Igrejas locais distantes, tendes uma posição que vos permite estupenda contribuição para o vosso próprio povo.Como Directores Diocesanos da Sociedade para a Propagação da Fé trabalhando com os vossos Bispos na América, podeis criar uma mentalidade missionária na pátria, enriquecendo as vossas próprias comunidades com essa grande verdade tão energicamente proclamada pelo Concílio Vaticano II: "A Igreja peregrina é missionária por sua mesma natureza" (Ad Gentes AGD 2). Concentrando-vos nesta característica essencial da Igreja de Cristo, e nas consequências concretas desta verdade, estais a oferecer novos horizontes aos fiéis, novas ocasiões de exercício à fé deles. E, porque nós acreditamos na acção soberana do Espírito Santo nos corações dos fiéis, sabemos que o povo de Deus responde generosamente à grandiosa verdade que é chamado a viver. Esta grande generosidade de fé e amor do nosso povo é confirmada, dia após dia, pela vossa experiência pastoral e pela minha.

No verdadeiro acto de dar, as vossas Igrejas locais recebem com abundância, precisamente como Jesus predisse: "Dai e dar-se-vos-á. Uma boa medida, cheia, recalcada, transbordante..." (Lc 6,38). Por meio de uma realização prática da natureza missionária da Igreja universal, até as Igrejas locais se tornam verdadeiramente fortes e autenticamente pós-conciliares. Estando conscientes da necessidade de adoptar meios sobrenaturais para desempenhar o seu papel missionário, as Igrejas locais tornam-se comunidades de oração e intercessão, "para que a palavra do Senhor se propague rapidamente e seja acolhida..." (2Th 3,1). Correspondendo à graça, elas abrem-se às imensas necessidades dos outros, impondo a si mesmas uma medida de restrição, frugalidade e sacrifício; acima de tudo, tornam-se Igrejas incendiadas no zelo de Cristo Cabeça, que ainda hoje exclama nos Seus membros: "Tenho de anunciar a Boa Nova do Reino de Deus às outras cidades, pois para isso é que fui enviado" (Lc 4,43).

5. Espero que mantenhais sempre esses ideais correspondentes à vossa especial missão na Igreja. Tendo vós a convicção pessoal de estardes a trabalhar nalguma coisa não periférica mas com valor durável, de que ela é essencial para dilatar o Reino de Deus, procurai animar constantemente os que são vossos colaboradores no trabalho — aqueles que labutam nos seus departamentos, tanto como o grande número de homens, mulheres e crianças frequentam as paróquias e entenderam aquilo que Paulo VI declarou tão resumidamente: "Evangelizar é, de facto, a graça e a vocação própria da Igreja, a sua mais profunda identidade" (Evangelii Nuntiandi EN 14).

Mantende caros irmãos sacerdotes, com perseverança e profunda alegria, o vosso compromisso missionário de proclamar, directa e indirectamente, Jesus, o Cristo Ressuscitado, o Filho de Deus vivo. E Maria, Rainha das Missões e Mãe dos Sacerdotes, vos ajude com a sua intercessão hoje e sempre.



DISCURSO DO PAPA JOÃO PAULO II


A UM GRUPO DE SACERDOTES E DIÁCONOS


DE LÍNGUA INGLESA


Capela Paulina

Sexta-feira, 24 de Abril de 1981



Muito amados em Cristo

1. Depois da Ressurreição, Nosso Senhor Jesus Cristo volta à companhia dos Seus discípulos. Está feliz por se encontrar no meio deles uma vez mais. Mostra o Seu grande interesse pessoal por eles; chama-lhes "amigos" e come com eles. É a terceira vez, como São João realça no Evangelho desta manhã, que Ele se mostra aos Seus discípulos. Assim fazendo, Jesus manifesta a nova vida e a eficácia da Sua Ressurreição.

2. Para nós hoje é importante notar que os discípulos a quem apareceu Jesus — Pedro e Tomé, Natanael, Tiago e João — eram agora Seus sacerdotes; estavam entre aqueles que se tinham encontrado com Ele pouco antes, na Ultima Ceia; estavam entre os que Lhe tinham ouvido dizer: "Fazei isto em Minha memória" (Lc 22,19). Com estas palavras, segundo o ensinamento constante da Igreja e a solene declaração do Concílio Tridentino, Jesus comunicou o Sacerdócio aos Seus Apóstolos e ordenou que eles e os seus sucessores no Sacerdócio oferecessem o Sacrifício do Seu corpo e sangue (cf. Sess.22, cap. 1, cân. 2).

3. A celebração da Ressurreição do Senhor, desta manhã, está ligada com a celebração do Sacerdócio sagrado. Honramos este Sacerdócio no Senhor Ressuscitado, no próprio Jesus Cristo. Honramo-lo no Arcebispo White e nos outros seus contemporâneos, que estão a comemorar o vigésimo quinto aniversário de ordenação. E assim honramos este Sacerdócio do Novo Testamento como ele foi transmitido por meio da ininterrupta sucessão apostólica, e como ele será comunicado dentro em breve aos novos diáconos presentes aqui hoje — o Sacerdócio sacrifical que perpetuará a Igreja até Cristo vir de novo na glória, julgar os vivos e os mortos.

4. O Sacerdócio, que estamos celebrando, renova sacramentalmente na Eucaristia a morte e a glorificação do Senhor. A Eucaristia proclama a Ressurreição de Cristo na sua forma mais elevada, precisamente como é fonte e coroa de toda a evangelização (Presbyterorum Ordinis PO 5). E todos os esforços, daqueles que participam do Sacerdócio de Cristo, devem ser dirigidos para anunciar o mistério do Salvador Ressuscitado.

Quer pareça conveniente quer não, segundo as normas do mundo, o Sacerdócio da Igreja Católica deve sem descanso proclamar a doutrina da Ressurreição. Para o fazer, foi ele maravilhosamente dotado com o poder do Espírito Santo. E, por meio deste poder do Espírito Santo, proclamar a Ressurreição tem a mesma capacidade hoje, para causar a fé e converter os corações, que na altura em que isso foi feito pelos Apóstolos Pedro e João. O nome de Jesus Crucificado e Ressuscitado deve manifestar-se diante do mundo. Em nome de Jesus, a Igreja oferece a todos, indivíduos e povos, uma esperança invencível — esperança que pode subjugar toda a tristeza, destruir todo e pessimismo, dominar todo o pecado e finalmente vencer a própria morte. Cristo Ressuscitado dá esperança ao mundo. Em nome de Jesus há esperança de salvação, ressurreição e novidade de vida. Na verdade, ""não há debaixo do céu qualquer outro nome dado aos homens que nos possa salvar" (Ac 4,12).

5. Depois de passarmos bastantes anos no ministério sacerdotal — ministério exercido de maneiras diferentes como dispuseram a Igreja de Deus e a Sua providência — não há nenhum de nós, dos que estamos a concelebrar esta Missa hoje, que possa imaginar uma alegria, maior no nosso Sacerdócio, do que a alegria de proclamar repetidamente o Mistério Pascal na sua renovação sacramental no Sacrifício Eucarístico.

Em parte alguma é Jesus Cristo mais impressionantemente o Senhor da vida, do que na Eucaristia, da qual o Seu poder salvador e vivificante se derrama sobre a terra. Por meio da Eucaristia, a vitória e o triunfo da Ressurreição de Cristo comunicam-se à humanidade implorando reconciliação, cura e vida.

Vós que celebrais o jubileu: a proclamarão sacramental do Mistério Pascal de Cristo não é tudo no vosso ministério na Igreja, mas é certamente o seu aspecto mais importante. A Missa é o centro das vossas vidas sacerdotais. É a mais dinâmica e eficiente contribuição que podeis oferecer para o bem do povo de Deus: morrendo, Jesus mesmo destruiu a morte e, ressuscitando, restituiu o Seu povo à vida. Isto é comunicado por meio da Eucaristia, a qual só é possível mediante o Sacerdócio.

Estas reflexões essenciais não minimizam outros aspectos do vosso ministério sacerdotal; não vos tornam menos disponíveis para os muitos serviços que o povo de Deus vos pede. Mas tudo, além disso, vai buscar a sua perspectiva à relação que tem com a Eucaristia e à relação com a nova vida que Jesus goza devido à Sua Ressurreição para glória do Pai.

E assim, quando lançais um olhar retrospectivo para o dia feliz da vossa ordenação e recordais os vossos pais e pessoas de família, e todos os que vos ajudaram no caminho do Sacerdócio, deveis também esperar com antecipado prazer e pensar em todos aqueles que dependem de vós e virão a tornar-se capazes, graças ao vosso fiel ministério, "de caminhar numa vida nova" (Rm 6,4). Para vós, Sacerdotes meus irmãos, este é portanto um dia para agradecer e para renovar a fidelidade. Para vós, caros diáconos, esta é ocasião que deveria provocar confiança, generosidade e oração. E para toda a Igreja, representada aqui também pelas vossas famílias e amigos, é hora de alegria — alegria que todos nós partilhamos com Maria, a Rainha do Céu, que se regozija com a vitória pascal do seu Filho Ressuscitado, nosso Senhor e Sumo Sacerdote, Jesus Cristo. Amém.



DISCURSO DO PAPA JOÃO PAULO II


A UM GRUPO DE FIÉIS PARA A CELEBRAÇÃO


DO PRIMEIRO CENTENÁRIO DA MORTE


DE SANTA MARIA DOMINGAS MAZZARELLO


E 40 ANOS DA «UNITALSI»


Sábado, 25 de Abril de 1981



Caríssimos Irmãos e Irmãs em Cristo

1. Nesta especial Audiência geral na Praça de São Pedro, nesta festividade civil italiana, tenho a grande alegria de vos saudar, alunas das Filhas de Maria Auxiliadora, vindas a Roma de toda a Europa, juntamente com as vossas Educadoras, para comemorar o Centenário da morte da Fundadora Santa Maria Domingas Mazzarello, e a vós, doentes e assistentes da "Unitalsi" de Varese, que com a vossa peregrinação romana recordais 40 anos de actividade da instituição.

Na alegria destes dias pascais, recebei a minha saudação afectuosa e cordial, que apresento a todos e a cada um de vós, juntamente com a minha gratidão por este vosso gesto de fé cristã e de filial veneração para com a Pessoa do Papa. A vossa presença, tão cheia de entusiasmo e generosidade, conforta-me e alegra-me, e sinto a felicidade de poder manifestar-vos a minha complacência e a minha estima, quer pelos trabalhos de grupo realizados por vós, jovens, nestes dias de reflexão e de amizade, quer pelo esforço da "Unitalsi" de Varese para bem dos irmãos que sofrem.

2. Por ocasião do Centenário da Congregação das Filhas de Maria Auxiliadora, Paulo VI, dirigindo-se às Irmãs Salesianas, apresentava duas urgentes perguntas: "Saberá a vossa Congregação responder ao apelo da Igreja na hora atormentada que atravessa? Que meios usará para que a antiga vitalidade do cepo forte, plantado pelos vossos Santos Fundadores, continue a florescer em toda a sua plenitude?" (Insegnamenti Paolo VI, Vol. X, p. 753, 15 de Julho de 1972). E respondia não existir senão um meio: a santidade, assegurada pelo primado da vida interior, mediante o "amor adorante e operativo" de que é exemplo Maria Santíssima.

O grandioso encontro de hoje de tão numerosas alunas das Filhas de Maria Auxiliadora, para comemorar o centenário da morte da Fundadora, é sinal de essa vitalidade santa e santificadora estar ainda bem presente no espírito de quem segue Santa Maria Domingas Mazzarello.

Lê-se na sua biografia que, desde o primeiro encontro com Don Bosco, sucedido na aldeia de Mornese, da Diocese de Acqui, em Outubro de 1864, ela intuiu a santidade do sacerdote de Turim, e por isso, atraída pela sua espiritualidade, se pôs a exclamar: "Don Bosco é um santo, eu sinto-o!". Quando depois, em 1872, foi eleita Superiora da nova Congregação, Sor Maria Mazzarello não tinha medo de dizer às suas irmãs, de modo quase paradoxal: "Vivemos na presença de Deus e de... Don Bosco!". Por outro lado, o mesmo Don Bosco atrevia-se a confiar um dia a Don Cagliero: "A Congregação delas é igual à nossa: tem o mesmo fim e os mesmos meios". Esta, de facto, sentia e possuía profundamente o espírito "salesiano" de Don Bosco.

Vós, caras jovens, meditastes estes dias em que está esse "espírito salesiano"; e agora, voltando às vossas pátrias, às vossas famílias e aos vossos ambientes sociais e culturais, exorto-vos fervorosamente a que o vivais com profunda convicção e alegre coragem.

Ser "salesiano", seguindo as pegadas de Don Bosco e de Sor Maria Mazzarello, significa primeiro que tudo compreender, estimar e viver a todo o custo a realidade da "graça" recebida com o Baptismo. Esta foi a primeira e suprema preocupação dos dois Fundadores, e para este fim estava estruturada toda a pedagogia natural e sobrenatural deles. Antes de qualquer valor humano e antes de toda a opção, reflecti na vossa íntima amizade com Cristo, na vossa participação da Sua vida divina, no vosso chamamento à eterna felicidade. Desta verdade fundamental nascem a necessidade da oração e dos Sacramentos, a confiança em Maria Santíssima, o domínio dos sentidos e das paixões.

Ser "salesiano" significa depois possuir o sentido sobrenatural da alegria e do regozijo, que leva a um são e construtivo optimismo, apesar das dificuldades da vida. Cristo, que morre na cruz e depois ressuscita glorioso, diz-nos precisamente que é necessário ir para a frente, sem temores, com confiança, com esperança: "Tudo concorre para o bem dos que amam a Deus, que são eleitos segundo o Seu desígnio" (Rm 8,28). Levai portanto a alegria dos vossos corações ousados, das vossas almas puras e inocentes e das vossas vidas ardentes, para os locais de trabalho, da escola, do jogo, para os vossos encontros juvenis e para as vossas casas.

Por fim, ser "salesiano" significa sentir o zelo apostólico, a necessidade de fazer conhecer o amor e a misericórdia do Divino Redentor a toda a gente, a todos aqueles, e são milhares, que não O conhecem ainda, especialmente a tantos jovens que, extraviados e desiludidos numa sociedade que os deprime e amargura, muitas vezes são tentados pelo desespero. Sede apóstolas nos vossos ambientes, participando das alegrias e das dores dos outros, animadas por afecto fraternal, misericordiosas e humildes (cf. 1P 3,8); sede apóstolas, se o Senhor vos chama, consagrando a Ele e às almas toda a vossa vida.

Este é o compromisso e a palavra de ordem que vos indico no termo do vosso encontro romano, em nome de Santa Maria Domingas Mazzarello,

3. A vós, agora, doentes e assistentes da "Unitalsi" desejo confiar uma reflexão sobre o valor da Páscoa na vossa vida.

Somos todos testemunhas, por vezes atemorizadas, de que a sociedade moderna parece favorecer prevalentemente um regime de prazer e de gozo, ligado à utilidade individual, esquecendo a ética natural e revelada, descuidando os valores espirituais e sobrenaturais. Todavia, a necessidade de um significado último é ineliminável no homem e necessidade metafísica e religiosa não se pode desarraigar. A ética, embora atropelada, de algum modo renasce e ressurge, porque o homem está lançado para além do tempo e do espaço, e quer saber o significado da sua existência. Nos avanços e nas retiradas da história, revela-se que não é a revolução sócio-política que satisfaz as aspirações da humanidade, mas sim a revolução interior das consciências, à luz da mensagem de Cristo.

Cristo ressuscitado, que venceu a angústia do Getsémani e as humilhações da paixão, e ultrapassou a derrota da morte, esteja sempre diante dos vossos olhos, para terdes, em toda a parte e sempre, a coragem de testemunhar no mundo a vossa fé e a vossa confiança. Testemunho este que é de grande auxílio para o regresso de muitos à verdade.

Saúdo do coração também os outros grupos de peregrinos presentes nesta audiência e asseguro-lhes o meu afecto e a minha oração.

Faço ardentes votos por que a devoção a Maria Auxiliadora vos defenda a todos, ao mesmo tempo que de boa vontade vos concedo a minha confortadora Bênção Apostólica, que torno extensiva às pessoas das vossas famílias e a todas as que vos são queridas.



VISITA PASTORAL DO SANTO PADRE A BÉRGAMO (ITÁLIA)

26 DE ABRIL DE 1981

CERIMÓNIA DE BOAS-VINDAS A SOTTO IL MONTE

DISCURSO DO PAPA JOÃO PAULO II


Domingo, 26 de Abril de 1981



Excelentíssimo Senhor Ministro
Senhor Presidente da Câmara Municipal!

1. Exprimo a ambos o meu vivo e cordial agradecimento pelas deferentes e amáveis palavras que me foram dirigidas. Nelas senti vibrar os nobres sentimentos do querido povo italiano e, em particular, dos Cidadãos de Sotto il Monte e de todos os Bergamascos. E, ao dar-vos a minha cordial saudação, desejo também saudar com sincero afecto todos aqueles que vós representais, quer a nível nacional quer local.

É-me verdadeiramente grato encontrar-me em Sotto il Monte, universalmente conhecido por ser a terra natal do meu predecessor o Papa João XXIII cujo centenário de nascimento é celebrado este ano, e de quem uso o nome, juntamente com o de Paulo. Por isto vim aqui: para lhe prestar homenagem, à sua figura de homem bom e de Pastor iluminado, que de modo profundo caracterizou a história contemporânea da Igreja, sobretudo mediante a convocação do Concílio Ecuménico Vaticano II. Estou certo que ele adquiriu parte notável, e talvez a mais determinante da sua personalidade, das raízes humanas e cristãs desta terra, que o viu crescer e formar-se e contribuiu precisamente para a configuração definitiva da sua estatura moral e espiritual.

Para lhe prestar homenagem adequada, por conseguinte, devia necessariamente vir aqui, entre vós, onde de certo modo sobrevive uma parte dele: nesta bela paisagem, nestas casas, na igreja paroquial da terra, e sobretudo no coração desta gente, da qual ele foi e continua a ser representante eminente, porque seu espelho fiel.

Sei que a terra bergamasca, a que também pertence Sotto il Monte, é justamente conhecida na Itália pelas suas profundas tradições religiosas. E sei que estas inspiraram e animaram constantemente em tantos homens e mulheres uma dedicação generosa, ao mesmo tempo sofrida e alegre, ao trabalho e à sua execução. Pois bem, é a este conjunto que hoje também quero prestar homenagem. Precisamente o binómio fé e trabalho constitui a verdadeira grandeza do homem que encontra no cristianismo a possibilidade original de crescer e maturar segundo a medida que lhe é peculiar. Se é verdade que uma fé não encarnada nos empenhos quotidianos acaba por se tornar abstracta ou estéril, é também verdade que o trabalho, privado do seu timbre cristão, se torna amorfo, se não degradante, porque lhe é subtraído o fermento que transforma e potencia não só o trabalho mas o homem mesmo

Tudo isto foi aprendido e concretamente vivido por inúmeras gerações destas aldeias, pelos vossos antepassados e por vós mesmos. E de tais gerações o Papa João XXIII foi um fruto maduro, que fez honra à raiz das próprias origens, desenvolvendo e levando a dimensão universal aquelas virtudes de base.

Portanto, a minha visita de hoje abrange num só acto de homenagem o Papa João XXIII, a terra e a gente, de que ele nasceu. E se um voto me é permitido, é o de que aqueles clássicos fundamentos humanos e cristãos, embora na evolução social e dos costumes, não venham a faltar; que, pelo contrário, segundo a medida dos novos tempos, encontrem eles sempre lugar nas solicitudes de cada um e de todos para uma convivência e uma sociedade, que terá realmente dimensão humana, não rejeitando o passado mas valorizando-lhe continuamente o melhor, na fidelidade àqueles valores que constituem um património incomparável e no renovamento que requerem as instâncias da época presente.

E oxalá a recordação do Papa João nos inspire e nos ampare, ao mesmo tempo que, de coração, eu vos abençoo a todos.



VISITA PASTORAL DO SANTO PADRE A BÉRGAMO (ITÁLIA)

26 DE ABRIL DE 1981

ENCONTRO COM OS JOVENS DE BÉRGAMO

DISCURSO DO PAPA JOÃO PAULO II


Domingo, 26 de Abril de 1981



1. Sinto satisfação com apresentar daqui as minhas primeiras boas-vindas à cidade de Bérgamo, saudando com intenso afecto todos os presentes, e em primeiro lugar o Senhor Presidente da Câmara que, interpretando sentimentos cordiais e festivos da população inteira, me dirigiu palavras de hospitaleiras boas-vindas.

Mas é-me particularmente agradável ter o meu primeiro encontro convosco, caríssimos jovens, que representais aos meus olhos o presente e o futuro desta cidade, tão rica de nobres tradições de fé cristã, de laboriosidade e ordenada convivência.

Em ligação com Sotto il Monte, unistes-vos há pouco à reza da oração Regina caeli laetare, que nos convida a alegrarmo-nos neste tempo pascal pela vitória de Cristo Senhor sobre a morte: vitória da vida, vitória do bem sobre o mal; vitória da alegria e da esperança; vitória vossa, jovens de Bérgamo, e de quantos crêem na salvação pascal. É desta certeza cristã da vitória sobre todo o temor da morte, que deve tomar impulso a vossa marcha para um futuro mais justo e humano, um futuro de liberdade para os filhos de Deus.

2. Caros jovens, na alegria de Cristo Ressuscitado, na certeza da sua vitória, que é a de cada homem que n'Ele crê, sois chamados a empreender o colóquio da esperança invicta, da aceitação amadurecida e lúcida da realidade, da reconciliação e portanto da aliança convosco mesmos, com os adultos e com a sociedade nos seus multíplices aspectos.

Tal aliança com a realidade, tal adesão a ela para a melhorar e mudar, farão desprender-se dos vossos espíritos uma criatividade nova, fundada sobre a perspicaz análise das situações, das forças e dos mecanismos em jogo, e enfim sobre a retomada alegre do compromisso de libertar, salvar e promover.

No cumprimento de tal empresa, é necessário ter presente, antes de tudo, que o nível mais profundo da aliança com a realidade, o seu próprio fundamento, está situado na "Aliança" com Deus, na reconciliação com Ele. Se o homem encontra em Deus a união vital com as raízes do próprio ser, da própria harmonia e da própria unificação, tem nas mãos também a chave do superamento de toda a forma de temor, e portanto da libertação e da criação nova: "Eu renovo todas as coisas" (Ap 21,5).

Ouvi "as palavras desta aliança" com o Senhor (Jr 11,2), aliança de paz, tratado eterno (cf. Ez Ez 37,26), que é já celebrado definitivamente em Cristo Jesus e na Igreja, seu Corpo Místico,

3. A Igreja é o lugar privilegiado da celebração da "Aliança" de Deus com os homens, dos homens entre eles e do homem com o mundo, porque mediante ela, comunidade de crentes, se prolonga a reconciliação realizada por Cristo: "Deus reconciliou-nos conSigo por meio de Cristo... E n'Ele reconciliava conSigo o mundo" (cf. 2Co 18-19).

Na perspectiva de uma renovada relação existencial com a Igreja, deve ser aprofundada a vossa confiança no sacerdote, depositário e administrador dos mistérios divinos. A ele, que sob a dependência do Bispo foi constituído anunciador e garante da fé, está confiado o dever — sempre no respeito da vossa co-responsabilidade — de vos guiar, orientar e ajudar a decifrar os sinais dos tempos, à luz da verdade evangélica. E a este propósito, desejo acentuar, sustentar e solicitar, em sintonia com a radicada tradição bergamasca, a importância dos vossos Oratórios, como lugares de encontro para a juventude e de formação, que conservam também nos dias de hoje toda a sua importância pedagógica de instituições complementares da família e da escola. Neles, a oração, a instrução religiosa, a recreação e a amizade fundem-se juntas para fazer do jovem um cristão forte e consciente, um cidadão firme e leal (cf. Insegnamenti di Paolo VI, VI, pág. 934).

4. E desde o momento que também vós, jovens de Bérgamo e da laboriosa e próspera Lombardia, andais à procura — como a juventude de todas as latitudes — de modelos válidos e atraentes, não posso deixar de recomendar à vossa atenção a figura da Serva de Deus: Piera Morosini, nascida em terra bergamasca, a qual ofereceu o exemplo luminoso de alegre espírito de serviço e de coerência cristã, levada até à última consequência: o martírio; em confirmação da sublime visão transcendente que a inspirava, sinteticamente encerrada na frase a ela tão querida: "a virgindade é um silêncio profundo de todas as coisas da terra".

A castidade é valor nobilíssimo, caros jovens, se é dedicada a Cristo Senhor e inserida no pleno contexto da vida cristã, animada e dirigida pelo Espírito Santo. É-me agradável dirigir, neste momento, uma saudação à Mãe de Pierina, à Senhora Sara Giacomina, aqui presente, exprimindo-lhe reconhecimento por ter contribuído, com a sua obra educativa materna, para oferecer à juventude um modelo tão eloquente.

Na perspectiva de uma plenitude de vida cristã, é necessário que vós intensifiqueis a vossa preparação para os deveres da família, que deve ser colocada nos fundamentos mesmos de toda a solicitude pelo bem do homem, de todos os esforços para que o nosso mundo humano se torne cada vez mais humano. Devereis além disso estar despertos a fim de escutar toda a inspiração superior, se Deus chamar para uma consagração aos ideais do Reino, em benefício dos irmãos, fazendo vossa a atitude descrita pelo Profeta Isaías: "O Senhor Deus abriu-me os ouvidos, e eu não resisti, não me afastei para trás" (Is 50,5). O que desejo compreendais a este respeito, é precisamente isto: Deus espera que os jovens colaborem com Ele, mediante uma doação total, no desígnio da salvação; os seus planos, em certo sentido, dependem de vós, da livre oferta da vossa vida, e da generosidade com que quiserdes seguir a inspiração do Espírito no íntimo dos vossos corações. Em cada momento da vossa existência, Cristo seja para vós o Caminho, a Verdade e a Vida. Deixai que, mediante vós, Ele seja a salvação e a felicidade de muitos irmãos. Como se exprimia o Papa João XXIII, "ali incumbem a velhice e a decrepitude, ali onde os ideais não inflamam o coração, e não aplicam a vontade. A vida é a realização de um sonho de juventude. Tende cada um de vós o vosso sonho que se torne em maravilhosa realidade" (Discursos, Mensagens e Colóquios do Santo Padre João XXIII, II, 351).

5. É urgente, caros jovens, redescobrir valores tão sublimes, revigorar e aperfeiçoar aquela tensão moral que os exalta e torna possíveis, a fim de que eles estejam na base de uma sociedade que deseja construir um futuro digno do homem.

E como tais valores têm os seus instrumentos de expressão, defesa e difusão, entre os quais se evidencia a imprensa, desejo manifestar o meu encorajamento aos Directores e Responsáveis do vosso quotidiano "L'Eco di Bergamo", que chegou ao seu centésimo ano de vida. Ao mesmo tempo é-me grato honrar a memória dos pioneiros de tão previdente iniciativa: o Doutor Nicolò Rezzara e outros leigos corajosos, que se distinguiram pela sua fé e pelo seu compromisso em campo social. Ao recordá-los recordo também o Bispo Gaetano Camillo Guindani, sob cuja guia pastoral Bérgamo conheceu um desenvolvimento esplêndido de iniciativas de promoção humana.

A ninguém passa despercebida a importância que tem um diário de inspiração cristã, para favorecer um diálogo construtivo entre os fiéis e com outras forças animadas por sincero amor pelo bem comum, no sentido de fazer maturar opções responsáveis dignas e, quando necessário, corajosamente proféticas, no quadro de uma opinião pública demasiado frequentemente agredida por vozes e solicitações desencaminhadoras.

6. Caros jovens, Cristo Ressuscitado guia-nos para a salvação a fim de fazer de nós uma humanidade nova, um mundo plenamente renovado. Fascinados por esta maravilhosa vocação, pedi a Maria vos acompanhe, vos proteja e ampare no esforço para transformar o mundo com o amor, como nos ensinou com a palavra e o exemplo o Papa João XXIII, a fim de que a cidade terrena progrida na justiça, na fraternidade e na paz.



Discursos João Paulo II 1981 - Sexta-feira, 17 de Abril de 1981