Discursos João Paulo II 1981 - Sábado, 12 de Dezembro de 1981

Este não é só, para o sistema, ponto firme do seu método educativo, mas pode dizer-se que é o princípio inspirador do mesmo. Reflexo e participação da paternidade de Deus, o "carinho" salesiano tem no coração mesmo de Cristo a sua fonte e em Maria Santíssima o modelo e a inspiradora. Ele é zelo ardente pela salvação integral dos jovens; é solicitude extremamente respeitosa da pessoa; é poder efectivo, capaz de ganhar o coração, que tem um valor determinante segundo o espírito salesiano, no processo educativo.

Traduzindo na prática as exigências do "carinho", aparece imediatamente como fundamental o respeito quanto aos talentos das jovens, isto é dos dons e das orientações do Senhor em referência a elas. É uma atitude de profundo respeito da acção de Deus, e de radicada fé n'EIe.

Tal respeito confiado levará inevitavelmente a uma segunda etapa muito importante, isto é a fazer a pessoa que lhe queiram bem. Para que a vossa solicitude pelas jovens lhes atinja os corações, é necessário fazer-vos aceitar, apresentar-vos corajosamente como aquilo que sois na realidade e como tais ser acolhidos. Se não é salvaguardada tal aquisição, todo o zelo quanto às jovens arrisca-se a ficar sem resultado, sem os desejados frutos, porque não se chegará nunca à etapa sucessiva, isto é a de fazer que vos escutem e fazer que vos obedeçam.

É necessário portanto impordes-vos com a serena coerência do próprio testemunho em ordem a todos aqueles valores, em que se crê e em que se deseja participar. É este um dever imprescindível; nada de valioso passará de nós aos jovens, nada de estável poderemos transmitir-lhes, se não nos preocupamos de ser consequentes com a nossa consagração. A esse respeito desejaria chamar a vossa atenção para a importância de um testemunho mesmo externo, que abraça as palavras, as atitudes e o hábito mesmo como sinal de uma missão e participação.

A jovem precisa de modelos que vençam também a sua sensibilidade e a tornem assim disposta — como aludi acima — a escutar e a obedecer. É exigência profunda, embora por vezes inconfessada pela nossa juventude e dela distante: ser--se encaminhado para uma formação exigente mediante a confiança em todos os que lhes propõem ideias de vida.

As outras reflexões, que poderiam brotar de um aprofundamento deste tema, confio-as à vossa perspicaz intuição, ao mesmo tempo que peço a Maria Santíssima Auxiliadora, por vós tão amada, que vo-las sugira e as radique nos vossos corações. A ela entrego toda a vossa Família, desejada por Don Bosco como "monumento vivo de amor mariano", e peço-Lhe que vos proteja em todo o momento do vosso progresso pelos caminhos do mundo.

Em penhor destes fervorosos votos, concedo-vos de coração a minha Bênção Apostólica.



DISCURSO DO PAPA JOÃO PAULO II


AOS BISPOS ESPANHÓIS DA PROVÍNCIA


ECLESIÁSTICA DE COMPOSTELA EM VISITA


«AD LIMINA APOSTOLORUM»


Segunda-feira, 14 de Dezembro de 1981

: Queridos Irmãos no Episcopado
da Província eclesiástica de Compostela

1. Depois de me ter ocupado com cada um de vós individualmente, acerca dos problemas das vossas respectivas dioceses, alegro-me de poder dar-vos as boas-vindas a este encontro que reúne comigo os Pastores das cinco circunscrições eclesiásticas da Galiza.

É um momento de comunhão, de profundo significado eclesial, entre o Sucessor de Pedro, a quem vindes ver, e vós Irmãos que, unidos a ele e sob a sua guia, tendes a responsabilidade imediata do governo e santificação nas vossas Igrejas particulares. Por isso, também cada um dos membros das vossas dioceses — sacerdotes, seminaristas, religiosos, religiosas e leigos — está presente nesta caridade mútua que nos une e é, ao mesmo tempo, um acto de fé no Espírito de Jesus. Ele nos preside e congrega nessa realidade misteriosa da comunhão com o Pai.

2. Sendo os Pastores dessas terras que têm como centro espiritual Compostela, tendes vinculação muito particular com o Apóstolo São Tiago, o primeiro dos Apóstolos que derramou o seu sangue pela fidelidade a Jesus Cristo (Ac 12,2). Ele é o vosso pai na fé, o advogado e protector das vossas gentes, o patrono da Espanha, que de maneira determinante contribuiu para construir a sua história e para a manter unida pelos vínculos de uma mesma fé professada por todos os povoados e regiões da vossa Pátria.

Ao fazer a visita ad limina, vindes venerar também os túmulos dos Apóstolos que trouxeram a fé a esta Igreja de Roma que preside na caridade. Quereis com isto estreitar cada vez mais os laços com toda a Igreja de Cristo, aqui junto do sepulcro de Pedro, a quem o Mestre constituiu como o fundamento eclesial, confiando-lhe deste modo as chaves do reino dos céus (cf. Mt Mt 16,18 s.), como Pastor de todo o Povo de Deus (cf. Jo Jn 21,15 ss.; Lumen gentium LG 22).

Alegra-me que esta vossa vinda a Roma se realize na vigília da abertura do Ano Santo Compostelano 1982, cujo profundo significado eclesial bem conheço. Não só porque os antigos caminhos de São Tiago foram o sulco ordinário — juntamente com Roma e a Terra Santa — das multidões de peregrinos europeus de toda a idade e condição, que na Idade Média se dirigiam para o Apóstolo e nos quais surgiu precisamente, depois de São Bento, a consciência de Europa; mas também continuam a ser ainda hoje — como o demonstrou o último Ano Santo de 1976 — um acontecimento religioso de profunda raiz popular.

Será necessário que não deixeis passar essa boa oportunidade pastoral, para ser um ano de intensa evangelização e renovamento da vida de fé nas vossas comunidades eclesiais. Assim como em tantos peregrinos que se acercarão do Apóstolo.

3. Sei que para dar novo impulso à vida eclesial nas vossas dioceses, os Bispos — juntamente com os presbíteros, religiosos e leigos — celebrastes nos anos de 1974 a 1979 o Concílio Pastoral da Galiza. Era vosso intento infundir novo alento nas vossas comunidades, seguindo as directrizes do Concílio Vaticano II. Para isto vos ocupastes de temas tão importantes como o ministério da palavra; o leigo na Igreja e na construção cristã do mundo; a liturgia renovada na pastoral da Igreja; sacerdotes, religiosos e pastoral vocacional da Galiza; a promoção da justiça e das obras de caridade (cf. Concílio Pastoral da Galiza, Proposições).

4. Permiti-me salientar particularmente, de entre todos estes temas, a importância da catequese nas paróquias, tradicionalmente atendida com verdadeiro zelo nas vossas dioceses. Pois, se bem é verdade que se pode e deve catequizar em todas as partes, também em família, nas escolas e colégios, "a comunidade paroquial deve continuar a ser a animadora da catequese e o seu lugar privilegiado". Para isto, cada paróquia, grande ou pequena, "tem o grave dever de formar responsáveis totalmente dedicados à animação catequética — sacerdotes, religiosos, religiosas e leigos — de prover o equipamento necessário para uma catequese em todos os seus aspectos, de multiplicar e adaptar os lugares de catequese na medida em que seja possível e útil, de velar pela qualidade da formação religiosa e pela integração de distintos grupos no corpo eclesial" (Catechesi tradendae CTR 67).

É uma obra que conserva nos nossos dias toda a sua importância e urgência, para edificar cada vez mais solidamente a fé do povo e orientá-lo de modo progressivo para a plenitude da vida em Cristo.

Daí surgirão os leigos que, fiéis à sua vocação própria, compartilhem a realidade do mundo, introduzindo nela uma orientação de fé, com testemunho na vida particular e pública; leigos que sejam protagonistas imediatos da renovação dos homens e das coisas e que, com a sua presença activa como crentes, trabalhem na progressiva consagração do mundo a Deus (cf. Tg Jc 2,17 Lumen gentium LG 34 João Paulo II, Homilia na Catedral Oaxaca Janeiro ).

5. É óbvio, por outra parte, que esta tarefa de catequese, de formação e animação cristã dos leigos no apostolado, reclama com urgência novas e suficientes vocações para a vida sacerdotal e consagrada. Sei que este problema vos preocupa profundamente e vos esforçais por dar-lhe solução adequada. Congratulo-me convosco e vos estimulo a não poupar esforços nesse campo. Inculcai essa intenção nos vossos sacerdotes e nas almas consagradas, para que semeiem generosamente a boa semente e peçam ao Senhor da messe que envie novos operários para a sua messe. Trata-se de um problema de capital importância para a Igreja e que deve ser considerado como absolutamente prioritário.

Não se devem ignorar as dificuldades existentes para fazer chegar aos jovens o convite da Igreja. Mas isto não deve paralisar o vosso entusiasmo e iniciativas. Também a juventude do nosso tempo sente a atracção para as coisas árduas, para os grandes ideais. Não se exauriu a generosidade na juventude. Mas deseja ela que se lhe proponham metas que vale a pena alcançar; não ideais fugazes nos quais não pode reconhecer-se.

Por isto mesmo não se há-de iludir com perspectivas de um sacerdócio menos exigente em sacrifício e renúncia ou desligado da obrigação do celibato eclesiástico, como se isto pudesse aumentar o número dos fiéis seguidores de Cristo (cf. Optatam totius OT 2 João Paulo II, Homilia no Rio Janeiro Julho ).

6. Para que estes objectivos sejam realizáveis, atendei com todo o esmero os vossos seminários e procurai que sejam verdadeiramente tais. Ajudai sempre os vossos sacerdotes, para que vivam o seu ideal e missão com profundo espírito de fé e alegre entrega. Cuidai da família cristã, para que tome a sério a sua responsabilidade no campo das vocações para a vida consagrada à causa de Cristo e do Evangelho. Que os confessores e directores de almas de ambos os cleros estejam sempre atentos à voz de Deus, que chama em todas as idades a quem quer, quando quer e como quer (cf. João Paulo II, Homilia em Filadélfia, 4 de Outubro de 1979 e Homilia no Rio de Janeiro, 2 de Julho de 1980).

7. Não desconheço que as vossas dioceses são formadas sobretudo por homens e mulheres que vivem do campo e do mar. E que muitos deles se vêem obrigados a emigrar a fim de se manterem dignamente e ganhar quanto é necessário para a sua família. Tudo isto apresenta sérios problemas sob o ponto de vista humano e pastoral.

De facto, a emigração supõe uma perda para o pais ou lugar que se abandona, produz um vazio difícil de ser preenchido, obriga os esposos e as esposas a uma separação forçada que põe às vezes em perigo a estabilidade e coesão da família e, com frequência, os coloca diante de situações de injustiça e sem defesa (cf. Laborem exercens LE 23,21 LE 10).

Colocai, pois, todo o empenho em promover a dignidade de todo o trabalho, e em particular do trabalho agrícola e do mar. Estai junto das famílias emigrantes, formai-as bem nas suas comunidades de origem, para que possam enfrentar convenientemente as novas circunstâncias da vida. Estabelecei contactos com os Pastores das comunidades que as acolhem a fim de não se sentirem desarraigadas. É um campo muito importante e no qual são possíveis iniciativas muito diversas, que o vosso zelo pastoral vos sugerirá.

8. Recebei finalmente, queridos Irmãos, a minha palavra de encorajamento. Agradeço-vos, em nome da Igreja, a vossa dedicação e os sacrifícios oferecidos no cumprimento da vossa missão de Pastores. Não desfaleçais nela. E levai essa mesma gratidão a todos os vossos colaboradores na missão de pregar e testemunhar o Evangelho. Peço que o Senhor vos ampare a todos com a sua graça e corrobore a vossa fidelidade à Igreja de Cristo. Maria Santíssima, Mãe de Jesus e nossa, vos ajude sempre! E seja penhor dessa constante protecção divina a Bênção Apostólica que vos concedo com afecto.



DISCURSO DO PAPA JOÃO PAULO II


AOS BISPOS ITALIANOS DA SARDENHA


EM VISITA «AD LIMINA APOSTOLORUM»


Terça-feira, 15 de Dezembro de 1981



Caríssimos Irmãos no Episcopado

1. Hoje tenho a grande alegria de poder encontrar-me com todos vós, Arcebispos e Bispos que presidis as onze Dioceses da Região Sarda. Dou-vos a minha fraterna e afectuosa saudação no Senhor! Juntamente convosco tenho presente o povo a vós confiado que, por vosso intermédio, desejo saudar cordialmente. Penso na vossa Sardenha "ilha rupestre e antiga — como a definiu Paulo VI de venerada memória —, rica de monumentos de arte e de fé... nobre e forte, generosa e paciente, laboriosa e cheia de pundonor" (Ensinamentos de Paulo VI, VIII, pág. 350, 24 de Abril de 1970); vejo as vossas Cidades, os territórios onde desempenhais a vossa missão juntamente com os Sacerdotes e os Religiosos, vejo as aldeias e os montes, as costas marinhas e as outras ilhas, onde operários, mineiros, pescadores e pastores trabalham com fadiga e tenacidade para a manutenção das suas famílias e para o progresso da Região; procuro compreender quer as dificuldades do vosso ministério de Mestres e de Guias, quer as várias situações dos fiéis inseridos na sociedade actual, com as suas luzes e as suas sombras; vejo o bem realizado em grande abundância, o infatigável empenho do Clero, o dinamismo de tantos leigos qualificados, o particular cuidado pelas Vocações sacerdotais e religiosas, o anseio apostólico para a animação da vida cristã, para a aproximação dos que estão afastados e para a pastoral do turismo, fenómeno tão importante e significativo para a vossa Ilha. E portanto manifesto-vos o meu apreço, a minha estima, a minha plena adesão ã vossa solicitude e também o meu encorajamento, unido à lembrança na oração.

2. A Sardenha tem sem dúvida características geográficas, psicológicas e linguísticas que a tornam um "mundo" particular, uma espécie de pequeno continente, com estruturas e comportamentos originais e diversos. Todavia, pode e deve dizer-se que as raízes do povo são profundamente religiosas e cristãs: tal é a cultura sarda, e tal se manteve através dos séculos. Deve também dizer-se que tal sentido religioso e cristão, como aliás em todas as Regiões da terra, é insidiado, e ao mesmo tempo também purificado, pelos vários fenómenos da sociedade moderna, como a urbanização, o turismo internacional, a mentalidade consumista, o permissivismo moral, o risco do desemprego, do desamor e da inflação. São fenómenos bem conhecidos, que provocaram em toda a parte a chamada "crise dos valores". Pois bem, é neste quadro que a visita "ad limina" constitui um ponto de referência fundamental: viestes até junto do Sucessor de Pedro, do Vigário de Cristo, para escutar a sua palavra de conforto e de confirmação, para receber os seus sentimentos de apreço e de encorajamento, a fim de recomeçardes depois com novo impulso e novo fervor o vosso trabalho nas dioceses a vós confiadas. Nenhum temor deve surpreender nem agitar os vossos corações! A Igreja, em nome de Cristo, não se atemoriza com as dificuldades, e prossegue, com rapidez mas certa de que deve ser a luz para os homens, os quais através das canseiras da vida e dos contrastes da história, aspiram ao Eterno e ao Infinito; certa de que deve ser o fermento na massa da humanidade. Por conseguinte, parafraseando São Paulo na sua carta a Timóteo, digo-vos: pregai a Palavra, insisti oportuna e inoportunamente, repreendei, censurai e exortai com bondade e doutrina... Sede prudentes, suportai os trabalhos, evangelizai e consagrai-vos ao vosso ministério! (cf. 2Tm 4,1-5).

3. Para o vosso ministério ser eficaz, sempre confiando na ajuda do Senhor, que dá força a quantos esperam n'Ele (cf. Is Is 40,28-31), desejo sugerir-vos algumas directrizes práticas, que eu considero úteis nas circunstâncias actuais.

— Cuidai em primeiro lugar e de modo particular das vocações sacerdotais. Soube que todas as Dioceses têm o seu Seminário Menor, com alunos desde a Escola Média até ao Liceu. Há depois o Seminário Regional, com a sede e a direcção em Cagliari, que praticamente formou quase todo o Clero sardo, criando um clima de fraternidade e de auxilio recíproco. É-me grata esta realidade consoladora e exorto-vos a revigorar cada vez mais estas instituições. Sem dúvida verificou-se em toda a parte uma diminuição de alunos nos nossos Seminários menores e maiores, determinada por tantas causas, não sendo última a atmosfera de secularização de que a sociedade está impregnada. Tal situação significa que agora e no futuro a presença nos Seminários já não tem motivações ambientais, sociológicas e tradicionais, mas é uma verdadeira escolha pessoal, decisiva, corajosa, que se realiza depois da misteriosa chamada do Senhor, verificada pelo Bispo, e com o contributo convergente e consciente da família e de toda a comunidade cristã. Além disso, a situação social, tornada notavelmente mais difícil, exige maior fervor pessoal e apostólico tanto no Clero, qualquer que seja o cargo que ocupa, como no ambiente do Seminário mesmo. Enquanto a Obra Diocesana das Vocações deve aumentar cada vez mais e sempre melhor o seu trabalho, especialmente mediante a oração e a pastoral dos ministrantes, dos leitores e dos jovens cantores, o Seminário por seu lado deve empenhar-se com grande seriedade e método na formação dos meninos e dos jovens, de maneira que eles possam especificar de modo claro a própria vocação e formar-se positiva e decididamente para a vida apostólica, desde que tenham escolhido ser sacerdotes. A este propósito, é de suma importância que os responsáveis do Seminário, de modo particular o Director Espiritual, sejam sacerdotes iluminados por uma sã e equilibrada pedagogia e, sobretudo, inflamados de amor de Deus.

— Cuidai também do bom andamento do Conselho Presbiteral. A principal preocupação do Bispo deve ser a santidade dos seus sacerdotes. E certamente o primeiro meio de santificação é o ministério quotidiano de cada presbítero, de modo que ele se sinta sempre, empenhado, fervoroso e dinâmico. Na carta que escrevi por ocasião da Quinta-feira Santa de 1979 dizia: "É necessário um profundo sentido de fé... De facto resultará sempre necessário para os homens somente o sacerdote que é consciente do sentido pleno do seu sacerdócio: o sacerdote que crê profundamente, que professa com coragem a própria fé, que reza com fervor, que ensina com profunda convicção, que serve, que realiza na própria vida o programa das Bem-aventuranças, que sabe amar desinteressadamente, que está ao lado de todos e, em particular, dos mais necessitados" (n. 7). Para conseguir coordenar uma "pastoral de conjunto", de modo que cada sacerdote possa exprimir-se a si mesmo e ser apreciado justamente, possa fazer sentir as suas dificuldades e ter um auxilio e um apoio, é sumamente útil o Conselho Presbiteral. Sem dúvida, tal Conselho, que não elimina a tarefa do Cabido dos Cónegos, pode ser ou tornar-se uma forma de ascética para o Bispo, porque é empenhativo e fatigante. De facto, è necessário saber escutar; saber individuar, considerar, respeitar e avaliar as atitudes e os dons de cada um, e fazê-los concorrer para o bem comum; é também necessário, ao mesmo tempo, propor, dirigir e exigir sempre com caridade e prudência, porque a responsabilidade última é sempre a do Bispo. Mas o Conselho Presbiteral pode servir para criar aquele clima de fraternidade e de amizade necessário para que cada um esteja sempre santamente empenhado no próprio trabalho.

A este propósito, não posso deixar de recordar a obra assídua e inesquecível do Senhor Manzella, o apóstolo da Sardenha, que catequizou durante cerca de quarenta anos, percorrendo-a de ponta a ponta: ele, primeiro como Director Espiritual no Seminário de Sássari, e depois nas suas "missões", teve sempre como ideal apaixonado o amor e o auxílio ao clero, amparando-o com a sua fé integérrima e com a sua obra infatigável. E precisamente a existência inteira do Senhor Manzella demonstra quanto é necessária a sintonia entre o Clero e os Religiosos nas várias actividades paroquiais, diocesanas e regionais e como é fácil realizá-la, desde que se queira, segundo as directrizes dadas recentemente pelo documento "Mutuae Relationes".

4. Caríssimos Irmãos!

Concluindo esta minha amigável conversão, é-me grato recordar as palavras que disse Paulo VI durante a peregrinação apostólica na vossa Ilha: "Non turbetur cor vestrum" (Jn 14,1 Jn 14,27) — dizia — Não deixeis que se aposse de vós nenhuma perturbação. A hora que atravessamos — a Igreja e o mundo — é uma hora de grandes mudanças. Podem acometer-nos vertigens, como quando se navega por entre a borrasca. E, ainda por cima, nesta altura a Igreja, depois do Concílio, propõe-se aproximar-se do mundo; do mundo tal qual ele é. Pode existir o perigo de que, para inserir-nos no mundo, nos ponhamos a assimilar do mundo também aqueles aspectos incompatíveis com a integridade do nosso cristianismo. Por isso, impõe-se neste ponto, estarmos vigilantes" (Op. cit. pág. 371). AJude-vos e inspire-vos no vosso ministério quotidiano Maria Santíssima, que é particularmente venerada no Santuário de Bonaria e tão invocada pelo bom povo sardo: interceda Ela a fim de que todos os fiéis da Sardenha sejam na Igreja "activos, perseverantes, disciplinados, unidos, confiantes" (Paulo VI, ibid.). Ajudem-vos os antigos mártires venerados nas Igrejas locais, entre os quais o Papa São Ponciano († 235), os Santos Salvador da Horta († 1567) e Inácio de Laconi († 1791) e os Servos de Deus Irmã Maria Gabriela Sagheddu e Nicolau de Gesturi, cujas causas de Beatificação estão em curso.

E acompanhe-vos também a minha propiciadora Bênção Apostólica, que de todo o coração vos concedo e torno extensiva a todos os caros fiéis da Sardenha!



DISCURSO DO PAPA JOÃO PAULO II


AO SENHOR MANUEL DE GUZMÁN POLANCO


NOVO EMBAIXADOR DA REPÚBLICA DO EQUADOR


POR OCASIÃO DA APRESENTAÇÃO


DAS CARTAS CREDENCIAIS


Quinta-feira, 17 de Dezembro de 1981



Senhor Embaixador

As palavras que Vossa Excelência acaba de pronunciar neste acto de apresentação das suas Cartas Credenciais como Embaixador Extraordinário e Plenipotenciário da República do Equador, são-me particularmente gratas, pois testemunham o sincero afecto que os filhos dessa Nação sentem pelo Sucessor de Pedro.

Ao dar-lhe as minhas cordiais boas-vindas, desejo agradecer-lhe as suas expressões de congratulação pelo restabelecimento da minha saúde e pelo retomo ao meu serviço pastoral na Sé Apostólica. Desde já lhe asseguro o meu apoio e benevolência para que a sua missão seja muito fecunda.

Vossa Excelência aludiu aos esforços da Igreja e do povo equatoriano para conservar e incrementar os valores cristãos, recebidos como valioso legado dos seus antepassados, e que estão na base de uma convivência justa, estável e pacífica entre as pessoas, os grupos sociais e as nações. Referiu-se igualmente à supremacia dos princípios, que dizem respeito à pessoa humana, entre eles o direito ao trabalho.

De facto, o ser humano sente a obrigação irrenunciável de trabalhar e de procurar ao mesmo tempo que todos cumpram o mandamento divino "comerás o pão com o suor do teu rosto" (Gn 3,19). Por isso, os homens, de maneira especial os que estão unidos por vínculos de um mesmo sangue, raça, história, cultura e fé religiosa, devem esforçar-se também por procurar resolver solidariamente o gravíssimo problema do desemprego que afecta tantas pessoas e povos, que sem responsabilidade alguma sua vivem a trágica realidade de se converterem em "marginalizados".

De modo especial, os dirigentes da vida pública das Nações não podem esquecer que todo o homem, independentemente da sua cor e classe social, sente o impulso de realizar-se como ser humano. Por isso eu disse, referindo-me ao trabalho, que: "é um bem do homem — é um bem da sua humanidade —, porque, mediante o trabalho, o homem não somente transforma a natureza, adaptando-a às suas próprias necessidades, mas também se realiza a si mesmo como homem e até, num certo sentido, se torna mais homem" (Laborem exercem, 9). Desta forma contribui também para dar glória ao Criador.

A Igreja, fiel à sua irrenunciável missão, considera obrigação sua recordar aos responsáveis da vida sócio-económica que devem estar muito atentos às exigências do ser humano e às suas necessidades vitais. Não se deve esquecer que cada homem é um irmão para o homem. Esta atitude eclesial de interesse pelo ser humano é uma consequência da fidelidade aos ensinamentos de Jesus de Nazaré, que comporta implicitamente a primazia do amor recíproco, ajudando todos os seres humanos a interpretarem rectamente o papel existencial que Deus lhes confiou enquanto verdadeiros protagonistas da história.

Ao concluir este encontro, é-me grato renovar-lhe, Senhor Embaixador, os meus melhores votos pelo feliz desempenho da sua alta missão, ao mesmo tempo que do íntimo do meu coração elevo orações ao Altíssimo para que ilumine o Senhor Presidente, as Autoridades e todos os amadíssimos filhos do Equador na tarefa de implantar os genuínos valores de amor, justiça e paz e os irradiar por sua vez a todos os homens de boa vontade.





DISCURSO DO PAPA JOÃO PAULO II


AO SENHOR CARLOS DOBAL MARQUEZ


NOVO EMBAIXADOR DA REPÚBLICA DOMINICANA


JUNTO DA SANTA SÉ POR OCASIÃO


DA APRESENTAÇÃO DAS CARTAS CREDENCIAIS


Sábado, 19 de Dezembro de 1981



Senhor Embaixador

Seja bem-vindo a este acto com o qual, ao apresentar as Cartas Credenciais, inicia a sua missão de Embaixador Extraordinário e Plenipotenciário da República Dominicana junto da Santa Sé.

Agradeço-lhe antes de tudo as expressões de cordial estima para com esta Sé Apostólica, que demonstram a proximidade desse povo que, fiel à sua história, continua a beneficiar de um património cultural e espiritual, fruto da secular presença evangelizadora da Igreja.

A terra dominicana, primeiro lugar evangelizado pelos missionários no Continente americano — como Vossa Excelência recordou —, constituiu também a primeira etapa da minha visita pastoral à América Latina, no inicio do meu ministério de Sucessor de Pedro, e da qual conservo profunda e muito grata recordação.

Quis assim seguir também eu os caminhos da evangelização que a igreja dominicana — em continuidade com a realidade dos séculos passados — prossegue hoje, querendo ser intérprete das necessidades do seu povo, confidente dos anseios dele, especialmente dos mais humildes. Continua "anunciando a Mensagem e realizando a caridade que o Espírito difunde nela para a promoção integral do homem e dando testemunho de que o Evangelho tem força para o elevar e dignificar" (Puebla, 965).

Já os primeiros missionários procuraram criar condições que tornaram possível a aceitação da fé cristã, que deu uma característica à alma latino-americana, marcando a sua identidade histórica essencial e constituindo-se em matiz cultural dos novos povos.

Hoje, no chamado "Continente da esperança", a Igreja deseja intensificar a sua tarefa religiosa e humana, mediante as suas instituições de formação cristã, de assistência e promoção social. Com isto quer "contribuir para a construção de uma nova sociedade, mais justa e fraterna, clamorosa exigência dos nossos povos. De tal modo, tradição e progresso, que antes pareciam antagónicos na América Latina, reforçando-se mutuamente, hoje conjugam-se buscando uma nova síntese que reúna as possibilidades do futuro com as energias provenientes das nossas raízes comuns" (ibid., 12).

Para que essa missão evangelizadora não sofra diminuição alguma, é lógico que a Igreja necessita de um ambiente de suficiente liberdade: liberdade para pregar a sua fé e praticá-la; liberdade para amar a Deus e servi-1'O; liberdade para viver e levar aos homens a sua mensagem de vida e salvação.

Por seu lado, esta Sé Apostólica encoraja os Governantes, a fim de serem promotores de concórdia e paz entre os homens. Continua a dirigir-se-lhes com as mesmas palavras da Mensagem que lhes dedicou o Concílio Vaticano II: "deixai-nos anunciar por toda a parte, sem impedimento, a boa nova do Evangelho da paz... Os vossos povos serão os seus primeiros beneficiários, porque a Igreja forma para vós cidadãos leais, amigos da paz social e do progresso" (n. 5).

Perante a nova etapa que a República Dominicana quer empreender — como Vossa Excelência acaba de dizer — para, com liberdade e paz, conseguir maior justiça social, económica e politica, os Pastores dessa Igreja local, em comunhão intima com o Sucessor de Pedro, continuarão a oferecer a sua colaboração, os seus serviços e as suas energias espirituais e morais.

Para que tudo isto seja uma pronta realidade no seu País, peço ao Altíssimo, pela intercessão de Nossa Senhora da Altagracia, abençoe todos e cada um dos seus filhos, o Senhor Presidente da República e as Autoridades, e torne muito frutífera a missão de Vossa Excelência junto da Sé de Pedro



DISCURSO DO PAPA JOÃO PAULO II


NO CENTENÁRIO DO NASCIMENTO


DO CARDEAL AUGUSTIN BEA


Sábado, 19 de Dezembro de 1981



Eminências
Excelências
Senhores

Estou reconhecido pela vossa visita e pela ocasião que me é dada de tomar conhecimento dos importantes trabalhos que vos reuniram aqui e têm em vista pôr em realce a contribuição que o Cardeal Augustin Bea trouxe às grandes realizações do Concílio Vaticano II. Trata-se de um acto de fidelidade à verdade histórica, de uma homenagem de gratidão a Deus por aquilo que Ele nos deu através de quem foi Seu grande servidor, de um estimulante para nos ajudar a desenvolver cada vez mais os germes fecundos nascidos do Concílio, mas que têm necessidade da nossa colaboração para que possam dar os frutos que nele se encontram em potência.

Penso, entre outros, em três documentos que foram especialmente caros ao Cardeal Bea e não cessaram de inspirar numerosas iniciativas da Igreja, graças à intervenção do Secretariado para a Unidade dos Cristãos e de outros organismos da Santa Sé; quero falar do decreto sobre o ecumenismo, da declaração Nostra aetate sobre as relações da Igreja com as religiões não cristãs — a começar pelo judaísmo —, e da declaração sobre a liberdade religiosa. Tenho muitas vezes ocasião de esclarecer o compromisso da Igreja nestas três direcções; hoje, detenho-me preferentemente em considerar como a contribuição do Cardeal Bea para a acção do Concílio esclarece e estimula o nosso compromisso para que a árvore plantada pelo Concílio no solo da Igreja cresça e se desenvolva cada vez mais. Com efeito, a vida do Cardeal dá-nos a este propósito várias indicações importantes.

1. A primeira indicação diz respeito ao espírito que alimentava a sua acção ecuménica. Disso encontramos o testemunho explícito nas suas notas espirituais. Em 1960, meditando sobre a missão dos apóstolos apoiados por Cristo, escreve: "Considero a tarefa que me é confiada como a 'missão' essencial de que o Salvador agora me encarrega. Quero-a desempenhar com a mais completa dedicação... É preciso, primeiro que tudo, manifestar aos meus irmãos o meu amor: nas relações, nas conversas, na correspondência e nas negociações. Os irmãos separados devem reconhecer que actuo unicamente por amor a Cristo... A obra deverá fazer-se com espírito interior e no espírito de fortaleza, portanto com uma força sobrenatural (1Th 1,5 cf. 1Co 4,20). Cada um deverá reconhecer que não há nisso qualquer desejo de poder, interesse terrestre e puro activismo, nada de rotina, mas o verdadeiro espírito de Cristo" (Augustin Bea, Ma vie pour mes frères, Paris 1971, p. 109).

Contudo, o Cardeal Bea não se iludia sobre as dificuldades da empresa. Nas suas notas espirituais do retiro de 1962, lemos a este propósito: "Quanto mais uma alma está perto do Senhor, mais também vale para ela a alusão à cruz. Ela vale portanto também para mim, sobretudo na minha tarefa particular que não se pode exercer sem muitas fadigas, sem reservas e mal-entendidos. É preciso que eu vá buscar a minha coragem e a minha força à 'transfiguração', nesta transfiguração que se opera em mim pela oração" (l.c., pp. 179 ss.).

2. Uma segunda indicação que nos vem do Cardeal Bea é o seu profundo conhecimento da Palavra de Deus contida no Antigo e no Novo Testamento, e a sua dedicação, não só para a aprofundar, mas para a comunicar e a fazer extensamente penetrar na Igreja. Foi a esta tarefa que ele consagrou uma vida inteira de sábio, através das publicações e sobretudo através do ensino. Durante decénios, fez que partilhassem milhares de futuros professores da Sagrada Escritura, disseminados em seguida por toda a Igreja, as riquezas propostas pelo Pontifício Instituto Bíblico. Esta tarefa realizou-se tanto mais quanto ele dirigiu mesmo este Instituto durante 19 anos e teve por isso responsabilidade particular no ensino, nas publicações, nas investigações, e de modo especial nas escavações arqueológicas que o Instituto efectuou na Palestina. A isto é preciso juntar a colaboração dedicada e eficaz nos trabalhos da Comissão Bíblica. Como deixar de notar, em seguida, a sua acção de Padre conciliar? Nas suas numerosas intervenções, insistia na necessidade de fazer que aparecessem claramente, nos textos conciliares, as bases bíblicas da doutrina proposta. E quando desenvolvia a teologia do baptismo e as suas consequências para as relações entre cristãos separados entre si, colocava em realce o fundamento bíblico essencial dessa doutrina. De maneira mais geral, repetia sem cessar que a Sagrada Escritura constitui a herança e o tesouro comuns de todos os cristãos e por isso base essencial para nos reencontrarmos para além das divisões. Foi ainda esta convicção que o inspirou ao iniciar a colaboração com as "Sociedades bíblicas" para preparar "traduções ecuménicas" da Bíblia. Neste mesmo espírito, assumiu a tarefa delicada de apresentar ao Concílio a declaração Nostra aetate, pondo em vista as relações entre o povo eleito do Antigo Testamento e o do Novo.

3. Um terceiro testemunho precioso do Cardeal Bea diz respeito às suas ligações com a Igreja. Sentir assim a Igreja animada por Cristo acompanha com efeito todas as actividades agora mesmo evocadas, como o exprimem duas palavras tiradas das suas notas espirituais: "A Igreja não é portanto simplesmente uma piedosa associação, é Cristo que segue vivendo com todos os seus dons e as suas graças (cf. 1Co 12,12 1Co 12,27)" (l.c., p. 211). Daí esta consequência: "O meu trabalho deve sempre proceder no cuidado de participação na vida da Igreja e na sua sorte. É ela que deve dar a forma" (l.c., p. 288 ss.). De facto, todo o seu trabalho no Instituto Bíblico era dirigido para serviço da Igreja que lho tinha confiado e de tantas Igrejas locais onde os seus alunos do Instituto continuariam a semear o que tinham aprendido. Mas foi chamado a servir a Igreja na Cúria e na pessoa mesma do Sucessor de Pedro. Todos sabem a confiança profunda que lhe reservaram sucessivamente — e cada um à sua maneira — os Papas Pio XII, João XXIII e Paulo VI, que tanto apreciaram os seus serviços qualificados. Baste citar o facto de ter sido chamado ao Cardinalato e ter sido nomeado primeiro Presidente do novo Secretariado para a Unidade dos Cristãos.

À Igreja trouxe ainda o seu trabalho de consultor dos Dicastérios da Cúria Romana, e em particular a sua colaboração com aquele que era na altura o Santo Ofício e do mesmo modo com a Congregação dos Ritos para a reforma litúrgica. Foi sempre para o serviço da Igreja que ele trabalhou, como primeiro Presidente, sustentando os inícios da Comissão para a Neovulgata, isto é a revisão da Vulgata latina, para a tornar fiel aos textos originais da Sagrada Escritura. Esta tarefa encontra-se já terminada.

4. A profundidade de tais ligações com a Igreja — ou "sentire cum Ecclesia" no sentido mais profundo da palavra — abria-o ao mesmo tempo às necessidades do mundo, fazendo-lhe observar e interpretar os sinais dos tempos, para compreender o que hoje o Espírito diz às Igrejas (cf. Apoc Ap 2,7). Assim a profunda união com Cristo por quem ele se sentia enviado, o estudo e a meditação da Palavra de Deus, o laço profundo com a Igreja, e a sua sensibilidade diante das necessidades espirituais do mundo, visavam em última análise um fim muito elevado: que a Igreja se tornasse cada vez mais como "o sacramento, isto é, ao mesmo tempo o sinal e o meio da união intima com Deus e da unidade de todo o género humano" (Lumen gentium LG 1). Noutros termos, tudo se colocava na perspectiva que o Senhor nos abriu na profecia de Sofonias: "Então, darei aos povos lábios puros, para que todos invoquem o nome do Senhor e O sirvam de comum acordo" (3, 9). O meu desejo é que os vossos trabalhos possam fornecer contributo precioso para a realização deste desígnio divino, e é para isso que invoco, sobre eles e sobre vós, a bênção do Deus todo-poderoso, nosso Pai.






Discursos João Paulo II 1981 - Sábado, 12 de Dezembro de 1981