AUDIÊNCIAS 1982 - AUDIÊNCIA GERAL

                                                                         Agosto de 1982

PAPA JOÃO PAULO II


AUDIÊNCIA GERAL


Quarta-feira, 4 de Agosto de 1982




Amadíssimos peregrinos e ouvintes de língua portuguesa: sede bem-vindos a esta Audiência e que Deus vos encha dos Seus bens!

Continuando o tema de reflexão destes encontros semanais - na perspectiva de uma teologia do corpo humano - retomamos a Epístola aos Efésios, para nela enquadrar o texto sobre os deveres da vida em família: “Sede submissos uns aos outros, no temor de Cristo!”.

A Carta aos Efésios apresenta o plano eterno da Salvação do homem, em Jesus Cristo, Cabeça da Igreja que é o seu Corpo, na qual a humanidade é chamada por Deus a viver uma “vida nova”, animada pelo Espírito Santo. E é para levar esta “vida nova” que servem as directrizes dadas ao longo do escrito: um conjunto de normas morais para todo o homem, situado na comunidade cristã e na família.

É em Igreja e na família, de facto, que o homem deve realizar a vocação cristã - de baptizado e de ser social - num constante “combate” espiritual. Para vencer, ele precisa de ser “fortalecido pelo Senhor, pelo vigor do seu poder”, alcançado mediante “toda a espécie de orações e de súplicas”.

Com o pensamento em prece, por todas as famílias cristãs, pelas vossas famílias, dou-vos a Bênção Apostólica.



PAPA JOÃO PAULO II


AUDIÊNCIA GERAL


Quarta-feira, 11 de Agosto de 1982

Queridos peregrinos e ouvintes de língua portuguesa


A minha saudação cordial, com votos de felicidades em Cristo Senhor.

Continuamos a reflectir sobre o sentido da norma dada para os cônjuges cristãos, na Epístola aos Efésios: “sede submissos uns aos outros, no temor de Cristo”.

Este “temor”, que deve inspirar as relações mútuas marido-esposa, não quer dizer medo; mas sim, reverência ou “piedade”, dimanante da consciência profunda do mistério de Cristo; e, sendo uma instrução moral, deve tomar-se no conjunto da exposição, para se entender o que significa “ser submisso”: ambos os cônjuges, em pé de igualdade, olhos fixos no modelo, que é a relação de amor Cristo-Igreja, devem viver com amor a doação pessoal recíproca, “no temor de Cristo”.

Reflectindo usos e costumes e usando uma linguagem diversos da mentalidade de hoje, a mensagem do texto, o fundo doutrinal continua actual, na luz daquele desígnio eterno de Deus sobre o homem - já considerado - mistério revelado na humanidade de Jesus Cristo, que abrange também o matrimónio:

Marido e esposa devem viver e cultivar uma relação mútua de amor “à imagem”, análoga à relação de amor entre Cristo e a sua Igreja.



PAPA JOÃO PAULO II


AUDIÊNCIA GERAL


Quarta-feira, 18 de Agosto de 1982




A todos desejo do coração, saúde, paz e bênção, em Jesus Cristo, nosso Senhor e Salvador!

Continuamos a reflectir sobre o texto da Epístola aos Efésios em que se compara a relação de amor homem-mulher, no matrimónio, com a relação de amor de Cristo para com a sua Igreja: expressão e realização no tempo, do eterno amor de Deus para com o homem.

Inserido neste mistério salvífico, vislumbram-se aí as bases da sacramentalidade do matrimónio. Mas a primeira verdade que sobressai no texto em análise é esta:

Cristo, Cabeça do seu Corpo, que é a Igreja, ama-a incessantemente, como Salvador; e a Igreja, por sua vez, recebe de Cristo o dom da Salvação, fruto de um amor levado “até à última prova” - com que o mesmo Cristo se ofereceu ao Pai e se entregou por ela - e sente-se obrigada a viver esse amor redentor e esponsal.

Trata-se de uma analogia, destinada a ilustrar a verdade essencial do matrimónio, para inculcar uma obrigação moral: o matrimónio corresponderá à vocação cristã dos cônjuges, na medida em que nele se reflectir o amor de Cristo para com a Igreja e, em reciprocidade, o amor da Igreja para com o mesmo Cristo.



PAPA JOÃO PAULO II


AUDIÊNCIA GERAL


Quarta-feira, 25 de Agosto de 1982




Caríssimos peregrinos e ouvintes de língua portuguesa: com a minha saudação cordial, os meus votos das melhores felicidades em Cristo!

Continuamos a reflectir sobre o amor humano dos esposos, à luz dos ensinamentos do capítulo quinto da Epístola aos Efésios. Supondo a analogia principal, hoje detemo-nos noutra comparação suplementar, usada com o mesmo fim: realçar o amor de Cristo para com a Igreja e fazer ver as características e imperativos do amor conjugal.

Trata-se da analogia da relação existente entre a Cabeça, que se personifica em Cristo, e o seu Corpo, que é a Igreja; e diz-se que também no matrimónio o homem é cabeça da mulher; e a mulher, por seu turno, é corpo do homem. A necessária união mútua da cabeça com o corpo, a sustentar a harmonia da pessoa humana na sua integridade, é o termo de comparação para a relação de amor daqueles que se unem para “formar uma só carne”.

Nesta analogia não fica obscurecida a individualidade das pessoas, com a própria subjectividade; como no caso de Cristo, Cabeça da sua Igreja, Ele continua distinto, após ter-se unido a ela, com amor redentor e esponsal, para a “tornar santa”. Tal a purificação” ou santificação da Igreja começa no Baptismo, início de uma nova vida com Deus em amor, pelo qual cada pessoa, por Cristo, se torna participante, no tempo e numa perspectiva escatológica, do eterno amor de Deus para com o homem, integrada na única Igreja santa.

                                                                          Setembro de 1982

PAPA JOÃO PAULO II


AUDIÊNCIA GERAL


Quarta-feira, 1º de Setembro de 1982




Queridos peregrinos e ouvintes de língua portuguesa: desejo a todos as maiores felicidades no Senhor, ao saudar-vos cordialmente.

Continuamos a reflectir, seguindo a doutrina da Epístola aos Efésios, sobre a analogia do vínculo esponsal entre Cristo e a sua Igreja, e aquele outro vínculo que une os esposos no matrimónio.

A comparação da Igreja a uma esposa, bela e sem defeitos, leva a pensar, prevalentemente, na ausência de defeitos morais. No quadro da metáfora, de facto, salientam-se os atributos e qualidades morais que devem guiar as relações de amor entre o marido e a mulher.

Trata-se de um amor solícito pelo bem integral de outrem; embora vincando mais a solicitude do marido pelo bem da mulher, acentua-se a unidade moral, que levará a uma certa identificação de um com o outro, mantendo cada qual a própria subjectividade. E nesta solicitude e unidade até à identificação em plano moral, o corpo humano é imediatamente objecto de desvelo amoroso de parte a parte, excluindo o ódio, a divisão e o desamor, por causa da dignidade pessoal, da dignidade do mesmo corpo humano.

A comparação usada - da Igreja como corpo de Cristo, por Ele muito amada - deverá criar na consciência dos ouvintes da Epístola aos Efésios um sentido profundo de algo de “sagrado” a marcar sempre o corpo humano, em particular o corpo daqueles que se uniram para “formar uma só carne”, para a santidade do matrimónio.
* * *


Quero acrescentar uma palavra de saudação especial ao selecto grupo da Escola de Comando e do Estado-Maior da Aeronáutica do Brasil:

É-me grata a vossa presença aqui, a manifestar estima pela missão da Igreja. E faço votos de que, a serviço da pátria, com particular sentido de responsabilidade, ao sobrevoar a terra, vossos corações e vossos espíritos se elevem para Deus, Criador da beleza do universo e Pai de todos os homens, com pensamentos de fé, de paz e de fraternidade. Isto vos desejo, ao abençoar-vos; e, por vós, às vossas famílias e a toda a querida Nação brasileira.
* * *


É ainda com alegria e afecto que saúdo a numerosa representação da Sociedade Missionária Portuguesa com o Superior Geral, presente nesta audiência, a celebrar o seu cinquentenário.

Amados irmãos e irmãs: conheço a história e actividade da vossa benemérita Sociedade que - como o nome indica - se enquadra no zelo missionário da Igreja: na evangelização, em terras distantes, e na animação missionária das dioceses de Portugal. A vossa presença aqui fala dos vossos bons propósitos, de fidelidade ao ideal, pela fidelidade à Sé de Pedro. Convosco dou graças a Deus e, congratulando-me, exorto-vos a prosseguir, não obstante as provas e as dificuldades, no testemunhar e servir a caridade universal da Igreja e o mistério da Salvação e do amor de Deus.

Em vós e por vós, vejo neste momento os vossos missionários em Moçambique, Angola, Zâmbia, Brasil e em Portugal, e a todos abençoo de coração.



PAPA JOÃO PAULO II


AUDIÊNCIA GERAL


Quarta-feira, 8 de Setembro de 1982




Saúdo afectuosamente os peregrinos e ouvintes de língua portuguesa!

Reflectimos hoje sobre um “grande mistério” de que São Paulo fala na carta aos Efésios. O Apóstolo põe a união do esposo e da esposa em referência à união de Cristo com a Igreja. Por esta analogia diz que este mistério é grande. Traz em si uma “boa nova” e, ao mesmo tempo, inicia a obra da salvação, como fruto da graça que santifica o homem para a vida eterna, na união com Deus. Aqui se encontra a base da sacramentalidade do matrimónio, enquanto manifesta e realiza no homem, por meio de um sinal, este grande mistério da salvação.

Dou-vos a minha bênção para que toda a vossa vida seja marcada pela união com Deus.

PAPA JOÃO PAULO II

AUDIÊNCIA GERAL

Quarta-feira, 22 de Setembro de 1982


Dirijo agora a minha saudação aos peregrinos e ouvintes de língua portuguesa (de Portugal, do Brasil, de Angola, de Moçambique e de São Tomé e Príncipe).

Com palavras de boas vindas quero deixar-vos uma mensagem tirada da carta de São Paulo aos Efésios. O Profeta Isaías mostrara como o próprio Deus-Javé, em toda a sua majestade de Criador e Senhor, é chamado “esposo” do povo eleito. Nesta expressão percebe-se um grande afecto, como fundamento estável para uma aliança de paz. Deus não aparece apenas como Criador, mas também como Redentor de seu povo.

São Paulo mostra como este Redentor, que é o Filho muito amado do Pai, revela o amor salvífico na sua doação à Igreja. É o mistério que estava escondido em Deus e que agora se manifesta em Cristo.

Desejando-vos bom proveito nesta vossa estada em Roma, dou-vos a minha Bênção.

JOÃO PAULO II

AUDIÊNCIA GERAL

Quarta-feira, 29 de Setembro de 1982




Agora vai a minha saudação especial aos amados peregrinos e ouvintes de língua portuguesa!

Com a alegria de receber-vos nesta Praça de São Pedro, quero reflectir convosco sobre o amor, como dom total e irrevogável de Deus feito ao homem, em Cristo. De acordo com a carta de São Paulo aos Efésios, a analogia do matrimónio, no qual se encarna o amor esponsal, ajuda a entender o mistério da graça, enquanto realidade eterna em Deus e fruto histórico de redenção da humanidade em Cristo. Neste sentido, o sinal visível do matrimónio, posto em relação com o sinal visível da união de Cristo com a Igreja, dá ao plano eterno do amor de Deus uma dimensão histórica, tornando-o fundamento de toda a ordem sacramental. Este é o grande sinal, isto é o grande sacramento de que fala São Paulo.

Desejando-vos uma feliz estada em Roma, sob a protecção dos Santos Arcanjos, dou-vos a minha Bênção Apostólica.



                                                                           Outubro de 1982

PAPA JOÃO PAULO II


AUDIÊNCIA GERAL


Quarta-feira, 6 de Outubro de 1982




Saúdo agora afectuosamente os peregrinos e ouvintes de língua portuguesa!

Com as boas-vindas, desejo transmitir-vos um pensamento acerca do plano eterno de Deus para com o homem. São Paulo, na carta aos Efésios, diz que este plano precede a criação. Nele se inclui a inocência originária do homem, criado como varão e mulher, à semelhança de Deus, para ser santo e imaculado diante dele. A própria realidade da criação está pois permeada pela adopção do homem em Cristo. A redenção, realizada mediante o sangue, torna-se a fonte de gratificação sobrenatural do homem depois do pecado.

O corpo humano, através do matrimónio, destina-se a tornar visível o invisível. Traz para a realidade do mundo o mistério escondido desde a eternidade em Deus. Neste sentido o matrimónio faz parte integrante e, até se poderia dizer, central do sacramento da criação.

Para que possais viver intensamente este mistério do amor de Deus, por intercessão de Nossa Senhora do Rosário, dou-vos a minha Bênção.



PAPA JOÃO PAULO II


AUDIÊNCIA GERAL


Quarta-feira, 13 de Outubro de 1982




Uma saudação especial aos peregrinos e ouvintes de língua portuguesa!

Com alegria de acolher-vos nesta audiência, quero deixar-vos um pensamento sobre o “grande mistério” de que fala São Paulo na carta aos Efésios. Trata-se de um plano de Deus, escondido desde a eternidade e realizado no tempo. Põe em continuidade o sacramento primordial da gratificação sobrenatural do homem na criação e a nova gratificação feita pela Redenção de Cristo. O sacramento da criação representa uma gratificação originária, que constitui o homem, desde o início, em estado de inocência e justiça. O sacramento da Redenção, ao invés, concede ao homem principalmente a “remissão dos pecados”. Mas mesmo assim com a superabundância da graça.

O sacramento da Redenção, em base ao amor esponsal de Cristo para com a Igreja, torna-se uma permanente, fundamental e vivificante dimensão da própria vida da Igreja. Este é pois o grande mistério de Cristo e da Igreja, um mistério eterno, realizado por Cristo que se deu a si mesmo à Igreja, unindo-se a ela com um amor indissolúvel, como se unem os esposos no matrimónio.

Desejando-vos uma feliz viagem, dou-vos a minha Bênção.



PAPA JOÃO PAULO II


AUDIÊNCIA GERAL


Quarta-feira, 27 de Outubro de 1982

Queridos irmãos e irmãs de língua portuguesa!


Ao saudar-vos neste encontro, gostaria que levásseis um pensamento de fé extraído da carta aos Efésios. São Paulo ao exprimir a relação esponsal de Cristo com a Igreja ajuda-nos a compreender que a Igreja é o “grande sacramento”, o novo sinal da Aliança e da graça que brota do Sacramento da Redenção, assim como o matrimónio brota do sacramento da criação. É neste “grande sacramento” de Cristo e da Igreja que o casal cristão deve plasmar sua própria vida e vocação.

São Paulo nos fala também da “redenção do corpo”, como fonte de esperança. É fonte de esperança para este mundo pela nova criação com que Cristo estabelece o matrimónio na sua unidade e indissolubilidade queridas por Deus desde o princípio; e é fonte de esperança para a eternidade quando os filhos de Deus se encontrarão na glória celestial.

Desejando-vos um maior crescimento na fé em Cristo por meio deste vosso contacto com a Cidade Eterna, dou-vos a minha Bênção Apostólica.



                                                                            Novembre 1982

PAPA JOÃO PAULO II


AUDIÊNCIA GERAL


Quarta-feira 17 de Novembro de 1982

Queridos irmãos e irmãs de língua portuguesa,


Saúdo-vos com afecto em Cristo, nesta primeira Audiência geral o depois da minha viagem pastoral à Espanha; e quero partilhar convosco impressões que dela me ficaram e a gratidão que me vai na alma: gratidão para com Deus, em primeiro lugar, e para com todos aqueles que, de diversas maneiras, intervieram na sua realização.

Enquadrada no encerramento das comemorações do quarto centenário da morte de Santa Teresa de Jesus, esta viagem foi também peregrinação a vários lugares ligados com eminentes vultos de santidade, que a pátria espanhola deu à Igreja e ao mundo. Uni-me idealmente, ainda, ao longo cortejo de romeiros que, de há séculos, para aí peregrinam, em demanda de conhecidos centros e santuários de devoção cristã, em especial Santiago de Compostela e os famosos Santuários marianos.

Foi para mim grato o encontro com quase dois milénios de história da Igreja em terras de Espanha, que remonta à idade apostólica e de tão gloriosa tradição missionária; mas foi-o também, e sobretudo, o encontro com a realidade presente dessa grande Nação e com o Povo de Deus que nela vive.

Assim, glorifico o Senhor, pela confiança revigorada no contacto com as componentes e os servidores da vida eclesial, bem como pela esperança que me ficou de contacto com as pessoas e os grupos que integram a vida social; e conservo a melhor recordação de quantos tive a oportunidade e a alegria de encontrar nesses dez dias.

Recomendo às vossas preces esta visita pastoral realizada: para que ela dê frutos, para o dilecto Povo espanhol e para a Igreja, e possa servir também a causa da unidade na Europa. E, de todo o coração, dou-vos a Bênção Apostólica.



PAPA JOÃO PAULO II


AUDIÊNCIA GERAL


Quarta-feira, 24 de Novembro de 1982


Queridos irmãos e irmãs de língua portuguesa que me ouvis

Com as minhas saudações em Cristo, continuando a reflexão sobre a Epístola aos Efésios, enquadrando-a hoje na perspectiva da palavra de Cristo relatada no Evangelho de São Mateus, desejo dar-vos um pensamento acerca da sacramentalidade do matrimónio e comportamento moral por ela ditado, à luz do mistério da Redenção.

Jesus Cristo, de facto, referindo-se à instituição matrimonial pelo Criador, “ao princípio”, e confirmando-a, abre-a à acção salvífica de Deus e dá uma norma de comportamento para os homens: a dignidade do corpo humano, baseada na dignidade pessoal do homem e da mulher, a impor-lhes um modo de agir, em que se deve afirmar e salvaguardar a indissolubilidade da aliança e da união conjugal.

Com efeito, a Redenção, proporcionada ao homem como graça da Nova Aliança com Deus em Cristo, é ao mesmo tempo fonte de normas éticas, que Lhe demarcam um caminho e lhe apontam uma tarefa, a realizar em consonância com o querer e o agir de Deus. Por isso, o matrimónio, como Sacramento, como sinal eficaz da acção salvífica divina, deverá levar o homem a participar, e isso de modo consciente, na realidade da “redenção do corpo”.

Com votos dos favores divinos, para os peregrinos a Roma e para todos, dou-vos, de coração, a Bênção Apostólica.



                                                                           Dezembro de 1982

PAPA JOÃO PAULO II


AUDIÊNCIA GERAL


Quarta-feira, 1º de Dezembro de 1982




Caríssimos irmãos e irmãs de língua portuguesa

A todos saúdo, com afecto em Cristo. Meditamos sobre o matrimónio, como é apresentado na Sagrada Escritura na Carta aos Efésios, à luz do Evangelho e das Epístolas paulinas aos Coríntios e aos Romanos.

Enquanto Sacramento, expressão eficaz do poder salvífico de Deus, o matrimónio realiza um eterno desígnio divino, mesmo depois do pecado e apesar da concupiscência: como sacramento da Redenção, é proporcionado ao homem como “dom especial”, a facultar-lhe o comportamento moral adequado com as obrigações éticas da vida em casal; e como sacramento da Igreja, com a característica da indissolubilidade, é também sinal da palavra do Espírito, em apelo para que o homem e a mulher modelem a sua convivência de acordo com a vontade de Deus, valendo-se da força do mistério da “redenção do corpo”.

Isto comporta a esperança, que há-de iluminar o quotidiano dos cônjuges e levá-los a dominar a concupiscência e a buscar uma “vida segundo o Espírito”; a buscar a dignidade e nobreza de vida em casal, marcada sempre pela consciência da “santidade” das novas vidas que aí se transmitem e, precisamente, pela esperança: uma esperança que está no mundo e “não é do mundo”, mas sim “do Pai”; e uma esperança que não se confina às dimensões do “homem histórico”, mas lhe dá abertura para o seu fim escatológico, ultraterreno, à luz da verdade da “resurreição dos corpos”.

Enquadrado nesta perspectiva, o matrimónio sacramental encerra o germe do futuro extra-temporal, da vida futura do homem, tão lembrada neste tempo do Avento, que é tempo de esperança. Que Cristo em todos avive a esperança: é o que vos desejo, ao dar a Bênção Apostólica.



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