Discursos João Paulo II 1982 - Quarta-feira, 12 de Maio de 1982

Quereria realçar aqui a importância dos pequenos e humildes conventos de clausura, onde continua vivo o espírito do Fundador e de Santa Clara, elevando-se aí de contínuo preces para que o múltiplo e activo labor dos outros Irmãos e Irmãs “não extinga o espírito de oração e devoção, ao qual as demais coisas devem servir”, como diz a Regra (Regula Bullata, cap. 5, ed. Esser. Opuscula, 231). Como eu gostaria de dispor de tempo para reflectir convosco sobre este ponto! A oração é sempre a alma da evangelização, a alma de todo o apostolado, a nossa grande força espiritual.

3. Inspiradas na irradiante simpatia de Santo António, também entre os jovens, de Portugal partiram, especialmente no século passado, beneméritas iniciativas em favor da juventude, que depois se estenderam a outras partes do mundo. Que estas comemorações antonianas sirvam de estímulo para intensificar o interesse franciscano pelos jovens, de acordo com as directrizes da Igreja universal e em espírito de colaboração com as Igrejas locais, aliás conforme a orientação de São Francisco e de Santo António.

E não quereria deixar sem uma palavra benevolente a Ordem Terceira que sei estar activa e a renovar-se entre vós. É esperança da Igreja e confiança do Papa que ela rejuvenesça, bem sintonizada com o Concilio Vaticano II, com novas forças e o entusiasmo de quem se sente “fermento na massa” e participante na missão de Cristo.

4. O perfil biográfico do universalmente venerado Taumaturgo português, amados Filhos e Filhas de São Francisco, é de todos vós bem conhecido: da escola da Catedral aqui ao lado, a São Vicente de Fora, até Santa Cruz de Coimbra, é viandante enamorado evangelicamente de Deus, à procura de uma maior interiorização e vivência do ideal religioso, abraçado em plena juventude, entre os Cónegos Regrantes de Santo Agostinho. Depois de ordenado sacerdote, em Coimbra, a sua ânsia de uma resposta mais radical ao apelo divino leva-o a maturar o propósito de maior dedicação e amor a Deus, no desejo ardente de ser missionário e mártir em África. Com esta intenção se tornou Franciscano.

A Providência, porém, encaminhou Frei António para terras de Itália e da França. Nas primeiras experiências de Franciscano aceita as contrariedades, fiel ao ideal, e responde com alegria aos desígnios divinos, numa entrega total de serviço generoso, pregando e ensinando teologia aos Frades, em atitude paciente, como o lavrador que aguarda, até receber a chuva temporã e a tardia, até se manifestar, de algum modo, o Senhor (cf. Iac 5, 7). Que bela lição de vida, Irmãos e Irmãs! Depois consuma a sua breve existência, chegando a exercer, servindo sempre com humildade, o múnus de ministro ou superior na Ordem. Ao morrer, com cerca de quarenta anos, dele se poderiam repetir as palavras da Sabedoria: “chegado em pouco tempo à perfeição, completou uma grande carreira” (Sap 4, 13).

O seu ensino e ministério da Palavra, como a sua vivência de frade e sacerdote, são marcados pelo seu amor à Igreja, inculcado pela Regra (Regula non Bullata, cap. 17, ed. Esser, Opuscula, 271). “Exegeta perfeitíssimo na interpretação das Sagradas Escrituras, exímio teólogo no perscrutar os dogmas, doutor e mestre insigne no tratar os assuntos da ascética e mística”, como diria o Papa Pio XII (Pio XII, Exulta, Lusitania Felix: AAS 38 [1946] 201. Lopes, S. António de Lisboa, 296-297), prega insistentemente a Palavra (cf. 2Tm 4,2), movido pelo desejo evangelizador de “reconduzir os transviados aos caminhos da rectidão”. Fá-lo; porém, com a liberdade de um coração de pobre, fiel a Deus, fiel à sua resposta a Deus, em adesão a Cristo e em conformidade com as directrizes da Igreja. Uma verdadeira comunhão com Cristo exige que se cultive e ponha em prática uma harmonia real com a comunidade eclesial, regida pelos legítimos Pastores.

5. O Doutor Evangélico fala ainda aos homens do nosso tempo, sobretudo indicando-lhes a Igreja, veículo da salvação de Cristo. A língua incorrupta do Santo e o seu aparelho fonético encontrado maravilhosamente intacto parecem atestar a perenidade da sua mensagem. A voz de Frei António, através dos Sermões, é ainda viva e penetrante; em particular, as suas coordenadas contêm um apelo vivo para os religiosos dos nossos dias, chamados pelo Concílio Vaticano II a testemunhar a santidade da Igreja e a fidelidade a Cristo, como colaboradores dos Bispos e Sacerdotes (S. Antonii Patavini, O. Min. Doctoris Evangelici Sermones Dominicales et Festivi, Dominica II de Adventu, Patavii 1979, 478-491. Trad. HENRIQUE PINTO REMA, O. F. M., Santo António de Lisboa. Obras Completas, Lisboa 1970, 39-43).

É assaz conhecido o bilhete de saudação de São Francisco a Frei António, escrevendo-lhe: “apraz-me que leias teologia aos Frades, contanto que, nesse estudo, não extingas o espírito de oração e devoção, como se contém na Regra” (Epist. ad Sanctum Antonium, ed. critica Esser, Opuscula, cap. IV, 95. HENRIQUE PINTO REMA, O. F. M., Santo António de Lisboa. Obras Completas, I, Lisboa 1970, XVII). E um conceituado teólogo atesta que o Doutor Evangélico soube permanecer fiel a este princípio: “... a exemplo de João Baptista, também ele ardia; e desse ardor provinha a luz: era uma lâmpada que ardia e brilhava” (cf. Francisco da Gama Caeiro, Santo António de Lisboa, I, Lisboa 1967, 147-148). Por isso, Santo António ficou na história como precursor da Escola Franciscana, permeada pela finalidade sapiencial e prática do saber.

6. Caríssimos Irmãos e Irmãs:

Sei que o Senhor Cardeal Patriarca, a Câmara Municipal de Lisboa e a Família Franciscana estão a envidar esforços para que seja erguido nesta Cidade um grande templo, futura Catedral, dedicado a Santo António, também para perpetuar a devoção das Comunidades Portuguesas espalhadas pelo mundo. Bela e louvável iniciativa! Oxalá ela possa congregar todos os portugueses à volta do grande Santo António de Lisboa, em unidade de fé e harmonia de corações, para a glória de Deus.

Mas esse templo material há-de ser sobretudo expressão de “vós mesmos, como pedras vivas, aplicadas na construção de um templo espiritual”(cf. 1P 2,5), com a vida, o ministério e serviço apostólico, que devem ser sempre portadores de valores evangélicos. Que o exemplo de Santo António cale profundamente no vosso ânimo, para continuardes a sua obra, como dispensadores de salvação e da bondade de Cristo e servidores da Sua Igreja, com o testemunho e o anúncio da Boa Nova.

A vossa vida consagrada e a vossa colaboração para difundir o Evangelho são motivo de ânimo e de alegria para mim, na minha missão de Pastor da Igreja universal. Que Deus vos ajude e chame muitos outros a seguir Cristo na vida religiosa, segundo o espírito do “Pobrezinho de Assis”, como o soube assimilar Santo António. Por sua intercessão imploro para todos “Paz e Bem”, com a minha Bênção Apostólica.





PEREGRINAÇÃO APOSTÓLICA EM PORTUGAL

DISCURSO DO PAPA JOÃO PAULO II

AO GENERAL ANTÓNIO RAMALHO EANES


PRESIDENTE DA REPÚBLICA PORTUGUESA


12 de Maio de 1982



Excelentíssimo Senhor General António Ramalho Eanes
Presidente da República Portuguesa

1. ESTOU MUITO AGRADECIDO a Vossa Excelência pela requintada hospitalidade com que acaba de receber-me. E, neste momento, desejo reiterar-lhe a expressão do meu agradecimento também pela diferente presença, no Aeroporto à minha chegada a Portugal. Por Vossa Excelência, vai a minha gratidão para todo o querido Povo português e para os seus ilustres Representantes, pelo empenho e disponibilidade que demonstraram para se tornar realidade esta viagem que agora faço à “Terra de Santa Maria”. Neste delicado interesse manifestado, quero salientar os convites que me foram feitos, sobretudo por Vossa Excelência pessoalmente; eles vieram juntar-se a um desejo do Episcopado de Portugal, que há muito me fora expresso pelo Senhor Cardeal Patriarca de Lisboa, Dom António Ribeiro, na qualidade, então, de Presidente da Conferência Episcopal Portuguesa.

Toda a estima, sensibilizante – nesses convites e nos gestos de homenagem com que se quis distinguir o Sucessor de São Pedro na Sé de Roma – não se detêm, certamente, na minha pessoa: o preito vai para o Pastor da Igreja universal que, nessa qualidade, visita terras portuguesas; vai, em última análise, para o Senhor e Mestre da mesma Igreja, Jesus Cristo, com o seu iniludível direito de cidadania na história do homem.

Encontro-me em Portugal, portanto, em visita pastoral; e sobretudo, em peregrinação a Fátima; e é-me grato, ao mesmo tempo, satisfazer os imperativos da amizade, de uma amizade antiga, que existe entre este dilecto País e a Sé Apostólica de Roma.

2. Com efeito, vêm de longa data as relações que ligam Portugal com a Sé Romana de São Pedro. Perde-se na bruma dos séculos aquele momento em que, pela primeira vez ressoou, neste torrão pátrio das gentes lusitanas, ao tempo da presença romana na Península ibérica, o nome bendito de Cristo. E deste então, com a fé cristã, os povos da Lusitânia aceitaram também a Igreja, que o mesmo Jesus Cristo quis firmar sobre a “rocha” de Pedro, ao qual também quis confiar a responsabilidade do magistério e ministério de todo o Povo de Deus, espalhado sobre a face da terra. Gradualmente foram-se instaurando as relações estruturais como expressão e sustentáculo do amor e da fidelidade à Igreja, una e católica, dos fiéis das dioceses destas Regiões, de Braga a Ossónoba, em termos actuais das terras que vão do Minho ao Algarve.

E creio poder afirmar-se, numa visão retrospectiva, que esse amor dos fiéis destas terras ao Sumo Pontífice Romano, só terá sido superado pela sua conhecida devoção a Cristo Redentor – sob os mistérios da Paixão e da Eucaristia – e a Nossa Senhora que, invocada sob uma das suas prerrogativas mais belas – a Imaculada Conceição – viria a ser escolhida e aclamada como “Rainha” e Padroeira de Portugal (Cfr. Auto da Aclamação de N. Senhora da Conceição como Padroeira de Portugal, pelas Cortes de Lisboa, em 1646); estas devoções animaram constantemente o culto de Deus e a firme adesão aos outros deveres religiosos, que deixaram marcas profundas na história e na vida do dilecto Povo português.

Como é sabido, a Igreja, onde quer que se encontre, deseja poder servir a vocação pessoal e social dos seus membros, que são ao mesmo tempo os membros de determinada comunidade política. Com efeito, em razão da sua missão e competência, de ordem espiritual, ela não se confunde com a sociedade nem está ligada a qualquer sistema político; mas intenta ser sinal em toda a parte da transcendência da pessoa humana; o que faz, pregando a verdade evangélica e iluminando, com a sua doutrina e com o testemunho dos seus fiéis, todos os campos da actividade humana (Cfr. Gaudium et spes GS 76).

Assim as relações da Nação portuguesa com a Sé de São Pedro que, com o andar dos tempos, tomariam a forma de reconhecimentos e compromissos, como se sabe (ainda há três anos atrás tive o gosto de participar na comemoração do oitavo centenário do primeiro desses reconhecimentos, na Igreja de Santo António dos Portugueses em Roma) se enquadram nesta perspectiva. Cônscia do dever que lhe é ditado pela própria missão – de ajudar os homens na busca de uma resposta às eternas perguntas que se põem, acerca do sentido da vida presente e da futura e da relação entre ambas – também aqui a Igreja procurou caminhar com o homem, no desejo de ser-lhe prestável.

A esta luz, há-de ser vista a caminhada conjunta da Igreja e de Portugal, com relações amistosas deste com a Sé de Roma, o que alguma vez lhe mereceu, do meu Predecessor Bento XIV, o apelativo de Nação “fidelissima”, na pessoa dos seus Reis (cf. Breve Apost., die 23 dec. 1748, in “Bullarium Romanum”, Venetiis, tip. Gatti, 1778, t. III, p. 1).

3. A trajectória histórica de Portugal, como aliás sucede com os demais Povos em geral, não se delinea isenta de alternativas de luz e sombra, nos diversos aspectos da vida da sua população, mas subjacente a isso permaneceram como coordenadas muitas coisas que não mudaram, nem podem mudar. A Igreja – como é sabido – acredita efectivamente, que “a chave, o centro e o fim de toda a história humana se encontram em Jesus Cristo, o mesmo ontem, hoje e sempre” (Gaudium et spes GS 10). E Portugal globalmente, pela maioria da sua população, nas suas escolhas históricas fundamentais, optou por Cristo, Cristo redentor do homem, como parecem atestar as quinas da bandeira pátria, e a Cruz nas suas caravelas da epopeia dos descobrimentos.

É sempre Cristo a proposta da Igreja, situada no tempo e no espaço, por isso real e intimamente ligada ao género humano e à sua história, no desejo de servir o homem com a sua dignidade e com a abertura do seu espírito, na plena verdade da sua existência, do seu ser pessoal e, ao mesmo tempo, do seu ser comunitário e social (Redemptoris Hominis, 14).

Entre as vicissitudes que emergem na história e na vida de Portugal, aparece em primeiro plano o fenómeno das migrações que vem de longa data: muitos dos seus filhos que deixam a própria terra, no passado como também hoje, com dolorosas separações e momentos de incerteza, para procurarem noutras paragens possibilidades de melhorar a própria vida. A perda destes filhos, constituindo sem dúvida uma perda para este País, donde partem, como norma, representa vantagens para as terras onde se vão estabelecer.

Dos que daqui partiram, a par dos que o fizeram por motivos de sobrevivência ou outros, houve também plêiades de enamorados de ideal e de apaixonados por Cristo – os missionários portugueses – que daqui se partiram navegando, para ir “fazer Cristandade” pelos diversos continentes. E, monumento histórico disso, ainda hoje subsiste, – conforme fui informado – com o “papiar cristiano”, sinónimo de falar português, nalgumas regiões do sudeste da Ásia, uma riquíssima antroponímia, que facilmente nos faz identificar como católicos ou de ascendência católica, cristianizados pelos portugueses, muitos homens e mulheres em todas as latitudes do globo.

Estes valorosos missionários, servidores de Cristo e da sua Igreja e glória de Portugal, que, com o seu ardor, a sua dedicação desinteressada e generosa, levaram assistência espiritual a tantos irmãos espalhados pelo mundo, não deixaram também de contribuir para o seu desenvolvimento, ajudando-os a progredir na satisfação das carências fundamentais e a cultivar a dignidade da pessoa humana. Assim, ao evangelizarem a Boa-Nova da salvação, prestaram-lhes um serviço humano; e também por isso são credores da nossa admiração e reconhecimento.

4. E os portugueses que ficaram não viveram sem dificuldades a sua caminhada histórica. Mas ao longo dela, souberam dar mostras de qualidades não comuns de coragem, de capacidade de resistir e suportar provações e riscos e da perseverança, que denotam uma fibra moral e uma força espiritual que, hoje como ontem, hão-de sustentar e animar os filhos desta Nação nas lutas do presente, de fronte erguida, a olhar com pundonor e esperança o futuro.

Numa participação responsável e com a generosa contribuição de todos para o bem comum, a eliminação da pobreza, a ajuda aos marginalizados ou que se sentem desenraizados, a perspectiva de emprego para todos – especialmente para os briosos jovens desta terra – a estruturação de condições de vida, assistência e segurança, nos campos económico e social, passando pela saúde, instrução, trabalho, família e terceira idade, hão-de continuar a ser decididamente empenho colectivo de um Povo consciente dos valores característicos da sua comunidade e ufano de os testemunhar na sua vida política e social.

A consciência histórica e a fé cristã dos portugueses, não disjunta da exigência le uma relação honesta para com a verdade, como condição de liberdade autêntica, hão-de continuar a convencê-los também hoje, certamente, de que, sem excluir o legítimo pluralismo são e responsável, só o amor constrói; de que a chave para a solução dos seus problemas e da sua prosperidade também é feita de sentido humano e cristão dos valores, caldeada na justiça e temperada na solidariedade, na fraternidade e no amor entre homens-irmãos.

5. Faço votos de que, prosseguindo no seu rumo histórico, Portugal, com o seu carisma de universalidade e de fácil integração, continue a ser força para a compreensão entre todos os povos, mormente entre os que com ele têm afinidades culturais. Os emigrantes e missionários portugueses foram a todas as parte do mundo e, onde chegaram, aí tornaram amado e honrado o nome do seu País. Que isso continue a ser fonte de inspiração humana e espiritual para o seu estar-no-mundo e manter Portugal na alta estima dos seus dias mais luminosos.

Missão nobre continua a ter a “Casa Lusitana”. E oxalá que a sua herança de fé cristã, guardada e cultivada ao longo dos séculos, nas actuais expressões da sua identidade, que fez dela a “pátria linda, à beira-mar, de um povo heróico, sob a graça de Deus, a cantar...” – como diria um vosso poeta – continue a ser impulso constante para levar este nobre País a atingir um bem-estar que espelhe a felicidade de todos os portugueses, num clima de harmonia operosa, de prosperidade e de paz.

Agradeço, uma vez mais, o amável e distinto acolhimento de Vossa Excelência; e sobre todo o dilecto Povo português que o escolheu como seu Representante, invoco as mais copiosas bênçãos de Deus omnipotente e misericordioso.





PEREGRINAÇÃO APOSTÓLICA EM PORTUGAL

DISCURSO DO PAPA JOÃO PAULO II

AOS MEMBROS DO GOVERNO PORTUGUÊS


12 de Maio de 1982



Senhor Primeiro Ministro,
Senhor Presidente da Assembleia da República,
Senhores Ministros, Senhoras e Senhores,
Excelências,

1. SINTO-ME HONRADO e grato pela oportunidade de saudar, nas pessoas de Vossas Excelências, os gestores do poder executivo e deliberativo desta nobre Nação, que acaba de acolher-me, com penhorante entusiasmo e fidalguia, nesta minha peregrinação a Fátima e visita pastoral a terras portuguesas.

Com o interesse demonstrado por esta minha visita, com deferente presença, à minha chegada, e agora neste encontro, estou persuadido de que, passando além da minha pessoa, se quis homenagear o que aqui me é dado representar como Pastor da Igreja universal; sensibilizado, quero agradecer, todas as atenções e bom acolhimento, em que pude começar a aperceber-me da conhecida religiosidade e arraigada fé cristã dos queridos portugueses. Bendito seja Deus! E, ao exprimir aqui a minha gratidão, vejo em Vossas Excelências todas e cada uma das pessoas e entidades, às quais, por motivos diversos, ela é devida.

2. Ao encontrar-me com tão selecta representação de Portugal, neste momento feliz, quereria assegurar-vos, antes de mais nada, a maior estima pela alta missão de que estais revestidos, ao serviço do bem comum de toda a Nação. Oxalá vos guie sempre, no cumprimento do vosso mandato, uma concepção do homem, com todos os seus valores e dignidade, e um desejo de servir concretamente todos e cada um dos portugueses, que vos escolheram para tal missão honrosa, que é ao mesmo tempo um compromisso.

Em vós repousam as aspirações e esperanças de querido Povo português, legitimamente ufano de uma gloriosa história vivida e sofrida, em que se exprime a sua identidade como Povo, e em que se encerram promessas e se vislumbra o potencial para construir um futuro cada vez mais dignificante, fiel à própria “alma” e sem quebra de continuidade histórica.

3. As minhas viagens, como é conhecido, têm sempre um prevalente carácter pastoral, visando finalidades apostólicas; com elas, tenho a intenção de prosseguir uma iniciativa que vem dos meus Predecessores, sobretudo do Papa Paulo VI, que Portugal teve alguma vez a alegria de receber. Sendo parte importante da minha missão como sucessor do apóstolo São Pedro, o meu desejo de presença estimulante à Igreja espalhada pelo mundo, trouxe-me hoje ao encontro da Igreja que está em Portugal, onde a comunidade católica representa a grande maioria da população. Peregrinando em nome e por amor de Cristo, Redentor do homem e centro do cosmos e da história, nestas viagens sinto-me sempre portador de uma mensagem sobre o homem, com toda a sua verdade.

Ao desempenhar a própria missão, de ordem espiritual, e sempre desejosa de manter o maior respeito pelas necessárias e ligítimas instituções de ordem temporal, a Igreja nunca deixa de apreciar e alegrar-se com tudo aquilo que favorece a vivência da verdade integral do homem; não pode não congratular-se com os esforços que se envidam para tutelar e defender os direitos e liberdades fundamentais de cada pessoa humana; e rejubila e agradece ao Senhor da vida e da história, quando planificações e programas – de carácter político, económico, social e cultural – são inspirados no respeito e amor da dignidade do homem, em demanda da “civilização do amor”.

4. Com esta sua posição e, quando é o caso, regozijo, pela bem sucedida comunhão de esforços, para fazer desaparecer do seio das sociedades e da inteira família humana desequilíbrios que tornam precária a convivência, perturbações da ordem que criam a angústia nos espíritos e carências de várias espécies, que deprimem e, não raro, aviltam e rebaixam aqueles que as sofrem, a Igreja sabe dar valor à tarefa de quem tem que suscitar, promover ou estimular os processos para superar essas situações. A par da competência e da boa vontade, não é menos para apreciar a destreza em levar a bom porto, por entre pressões de “sinal oposto”, esses processos resolutórios.

Na sua fidelidade à visão do homem que lhe foi legada pelo seu Senhor e Mestre, Jesus Cristo, a Igreja não deixa de preconizar aquilo que possa servir a grande causa do homem. Abstraindo de aspectos técnicos de reformas ou transformações, ela vive a persuasão e insiste que é na mente, no coração e na vontade livre dos homens que, primeiro que tudo, se há-de dar uma mudança, para aceitação da novidade a introduzir para o bem comum, que só poderá ser uma melhoria que a todos contemple.

Por isso é imprescindível uma formação continuada dos homens, em humanidade e no sentido de corresponsabilidade, no conduzir os próprios destinos desde a instrução e a informação a todos os níveis, – passando pela chamada “qualidade” de vida, pela cultura e pelo quotidiano da existência – até à participação, em espaços de legítima liberdade e pluralismo, iluminados sempre por indispensável compreensão recíproca, a enriquecer a busca em comum do maior bem para todos.

5. Sei que estais cônscios de que, embora subsistindo, e sendo para incrementar constantemente na sociedade, a corresponsabilidade de todos, as iniciativas e a direcção humana racional dos processos vitais, dependem em boa parte dos que estão investidos de funções de chefia; cônscios de que isenção e discernimento hão-de andar de mãos dadas, para banir, no exercício dessa missão de serviço, perniciosas confusões: da verdade do homem, com visões parciais, decepantes ou desviadas da sua realidade total; da autêntica solidariedade humana, com manipulações da mesma, que a si próprias se denunciam pelos interesses que visam ou aninham, com menosprezo do homem.

Senhores:

Será sempre grato ao coração de todos os homens de boa vontade tudo o que se fizer pela nobilíssima causa do homem:

– para facultar a cada homem ser cada vez mais homem, no esforço de superar a divisão que sofre em si mesmo, dado que se sente, por misérias e frustrações de desejos e aspirações a uma vida superior, e por outro lado, coarctado pelas múltiplas necessidades da sua existência temporal;

– para ajudar os mais pobres, os marginalizados e os atingidos por misérias e frustrações de diversas espécies, que por vezes são imerecidas e não lhes permitem ser protagonistas da própria história pessoal;

– para assistir aqueles que se vêem forçados a escolher o “mal necessário” da emigração, a fim de conseguirem uma melhoria na vida pessoal, familiar e social, sem sofrerem danos de maior no sentido moral;

– para permitir a cada um abraçar a própria vocação e, optando pela família, poder respeitar a sacralidade de todos os seus valores e todas as suas funções, na procriação e educação da prole;

– para evitar nos jovens, sobretudo nos deserdados e menos favorecidos, a perca da dignidade pessoal e de sentido dos valores morais, desviando-se por caminhos à margem da sociedade, onde se coligam a pobreza e indigência com o aviltamento e o crime, quando não chegam aos extremos da revolta e da violência deletérea;

– para proporcionar a todos trabalho e minorar os inconvenientes da urbanização que, quando se dá em crescimento desproporcionado, por motivos vários, deixa de ser à medida do homem;

– para, enfim, facultar a cada pessoa humana o respeito dos direitos de Deus, criador de todas as coisas e senhor da história, o Qual – seja-me permitido proclamá-lo neste momento – deu em Cristo a “chave” do “mistério” que o homem representa para o homem.

Por tudo isto é imensa, mas maravilhosa a vossa tarefa; é nobre a vossa missão e merece todo o empenho, brio e entusiasmo. Trata-se do bem comum; trata-se de tornar uma Nação cada vez maior e de fazer da Pátria uma morada agradável para a própria gente. O êxito dos chefes e dos gestores de poder – é uma ideia que repito – é o bem-estar, a felicidade, a paz e a alegria dos servidos pelo poder.

Faço votos de todo o bem para Vossas Excelências; e reiterando os meus agradecimentos, desejo que vejais os frutos da vossa missão e compromisso de servir, num Portugal cada vez mais animado por um ideal de relações autenticamente humanas e fraternas e mais próspero, com a protecção de Nossa Senhora de Fátima e as bênção de Deus Omnipotente e Misericordioso.



PEREGRINAÇÃO APOSTÓLICA EM PORTUGAL

DISCURSO DO PAPA JOÃO PAULO II

AO BISPO DE LEIRIA NA CHEGADA À FÁTIMA


12 de Maio de 1982



Senhor Bispo de Leiria, Dom Alberto Cosme do Amaral,
Senhores Cardeais, Arcebispos e Bispos,
meus amados irmãos e irmãs:

1. Seja louvado nosso Senhor Jesus Cristo! E sua Mãe Maria Santíssima!

SIM, COM ELA e por Ela, irrompe do meu coração neste momento, a prece tantas vezes aqui rezada e cantada: “Meu Deus, eu creio, adoro, espero e amo-Vos!”.

Vai para a Trindade Santíssima este meu primeiro pensamento adorador, explicitado, nesta terra abençoada de Fátima: Bendito seja Deus, rico em misericórdia, pelo grande amor com que nos amou! Com efeito, criados em Seu Verbo, o Filho, pelo sangue do vosso mesmo Filho reconciliados, tornados sua família e edificados sobre o alicerce dos Apóstolos na construção (da Igreja), para nos tornamos, pelo Espírito Santo, habitação de Deus (Cfr. Eph Ep 2,4 ss), nós devemos repetir sem cessar: “Meu Deus, eu creio, adoro, espero e amo-Vos!”.

Ave Maria!

Bendita sois Vós! Bendito o fruto do vosso ventre, Jesus! Ave, cheia de graça, Mãe de Deus e Mãe nossa! No cumprimento da vossa profecia, Senhora, aqui, ao ingressar neste vosso solar de Fátima, e ao saudar-Vos, Mãe querida, permiti-me usar as palavras que nos ensinastes, para clamar diante dos irmãos:

“A minha alma glorifica ao Senhor, / e o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador!” (Lc 1,46).

2. E agora irmãos e irmãs todos que me ouvis: eu vos saúdo cordialmente, com todo o afecto vos dou um fraterno abraço de paz e vos confesso a minha grande alegria por este encontro, neste lugar e convosco; e, nesta alegria, desejava que vísseis toda a gratidão que me vai na alma, gratidão que me trouxe aqui, para compartilhar convosco, não só o Evangelho de Deus, mas a própria vida (Cfr. 1 Thess.2, 8).

Sim, é com a alma a transbordar destes sentimentos – os vossos próprios sentimentos, aliás – que vos agradeço. Obrigado, Senhor Bispo de Leiria, por ter explicitado esses sentimentos, pelas palavras delicadas de saudação e pelos reiterados convites que me fez para visitar este Santuário de Fátima; obrigado a todos, pelo caloroso e penhorante acolhimento que me dispensais!

3. Gratidão, comunhão, vida! Nestas três palavras está a explicação da minha presença aqui, neste dia; e se me permitis, também da vossa presença. Aqui atinjo o ponto culminante da minha viagem a Portugal. Quero fazer-vos urna confidência:

Desde há muito que eu tencionava vir a Fátima, conforme já tive ocasião de dizer à minha chegada a Lisboa; mas, desde que se deu o conhecido atentado na Praça de São Pedro, há um ano atrás, ao tomar consciência, o meu pensamento voltou-se imediatamente para este Santuário, para depor no coração da Mãe celeste o meu agradecimento, por me ter salvado do perigo. Vi em tudo o que se foi sucedendo – não me canso de o repetir – uma especial protecção materna de Nossa Senhora. E pela coincidência – e não há meras coincidências nos desígnios da Providência divina – vi também um apelo e, quiçá, uma chamada à atenção para a mensagem que daqui partiu, há sessenta e cinco anos, por intermédio de três crianças, filhas de gente humilde do campo, os pastorinhos de Fátima, como são conhecidos universalmente.

4. E aqui estou, convosco, peregrino entre peregrinos, nesta assembleia da Igreja peregrina, da Igreja viva, santa e pecadora, para “louvar o Senhor, porque é eterna a sua misericórdia” (Ps 135,1); pessoalmente, para cantar essa misericórdia, pois foi “graças ao Senhor que não fui aniquilado; sim, não se esgotou a sua misericórdia”(Lm 3,22). Desejo repetir hoje, ainda uma vez, diante de vós, amados irmãos e irmãs, estas palavras, que dizia na primeira audiência após o atentado (7 de Outubro de 1981); elas exprimem, em eco, aquilo que sucedeu naquele dia 13 de Maio do ano passado; exprimem gratidão ao Altíssimo, a Nossa Senhora e Mãe, aos Santos protectores e a todos os que, directa ou indirectamente, contribuíram para me salvar a vida e me ajudaram a recuperar a saúde.

Foi “graças ao Senhor que não fui aniquilado”: disse-o a primeira vez na festa de Nossa Senhora do Rosário; repito-o hoje, em Fátima, que tanto nos fala do rosário – da reza do terço – como diziam os pastorinhos. O rosário, o terço, é e permanecerá sempre uma oração de reconhecimento, de amor e de confiante súplica: a oração da Mãe da Igreja!

5. Venho em peregrinação a Fátima como a maioria de vós, amados peregrinos, com o terço na mão, o nome de Maria nos lábios e o cântico da misericórdia de Deus no coração: Ele, também “a mim fez grandes coisas... A sua misericórdia se estende de geração em geração” (Lc 1,49-50).

Ao preparar este meu encontro convosco, pude aquilatar bem da antiga e arreigada devoção a Nossa Senhora entre vós. Ela patenteia-se, bem claramente, não apenas nas grandes manifestações de fé ou nos grandes momentos da história do querido Povo português, mas também e sobretudo no quotidiano da vida e nos costumes das pessoas, das famílias, das comunidades, de molde a impregnar toda a sua cultura. Durante séculos e, podemos talvez dizer, sempre entre a gente simples e humilde, no cerne ancestral de Portugal, se exprimiu uma válida interpretação da sua vasta cultura, língua e hábitos de vida através da religião e da vida cristã. Em certo sentido a vida estava centrada e organizada à volta dos acontecimentos religiosos; e aí, sempre em primeiro plano, a figura de Nossa Senhora. Foi motivo de alegria para mim colher tais informações. E agora é uma alegria ainda maior verificar com os próprios alhos esta vossa acentrada devoção à Mãe de Deus.

Sede leais convosco próprios, zelai a vossa herança de fé, de valores espirituais e de honestidade de vida, que recebestes dos vossos maiores, à luz e com as bênçãos de Maria Santíssima; é uma herança rica e boa. E quereis que vos ensine um “segredo” para a conservar? É simples e já não é segredo: “rezai, rezai muito; rezai o terço todos os dias”.

6. Gratidão, comunhão, vida: são os sentimentos que nos irmanam, peregrinos, aqui “reunidos no mesmo lugar”, nós que formamos a geração actual da Igreja, para a qual já foi Pentecostes; reunidos, “com Maria, Mãe de Jesus” queremos aqui comprovar a nossa assiduidade ao “ensino dos Apóstolos, à união fraterna, à fracção do pão e às orações” (Cfr. Act Ac 2,42).

Viemos em “espírito de oração e penitência”, a este local já honrado pela presença do meu Predecessor Paulo VI de veneranda memória, sempre viva e grata na nossa saudade; local santificado pelas preces e sacrifícios de gerações de romeiros a Fátima. E em sintonia de sentimentos, na sintonia da caridade, viemos sobretudo agradecer e implorar a misericórdia divina, sem deixar de elevar as nossas súplicas a pedir fidelidade a Deus e fidelidade em Cristo aos homens nossos irmãos, a pedir a paz e o amor, no seio da Igreja entre os que se professam cristãos e em toda a família humana.

Na jubilosa expectativa de concretizar tudo isto, completamente, na Santa Missa de amanhã, vivamos em cheio, desde agora, em Eucaristia, esta nossa peregrinação, oferecendo-nos a Deus, pelo Coração Imaculado de Maria, em acção de graças e em disponibilidade; ofereçamos os nossos sacrifícios em união com Cristo redentor e com a alma em prece de expiação e propiciação, repitamos: Senhor “Jesus, é por vosso amor, em reparação dos pecados e pela conversão dos pecadores” (3ª aparição - Julho, 1917).

Oxalá que amanhã, de regresso da nossa peregrinação, após estas horas de intimidade com Cristo, com o “Pai que está nos céus” e com Maria nossa Mãe, vivificados pelo Espírito Santo “derramado em nossos corações” (Cfr. Rom Rm 5,5), partamos com alegria “louvando a Deus e tendo a simpatia de todo o povo” (Cfr. Act Ac 2,47); daqueles que não puderam vir e daqueles que não quiseram vir, para os quais vai toda a nossa simpatia, a nossa proposta de amor e a certeza das nossas preces.

7. Sabeis, certamente, que desde a minha juventude cultivo a prática cristã da peregrinação; e nas minhas viagens apostólicas, como Sucessor de São Pedro – desde o México à Guiné Equatorial – as visitas, como peregrino, aos Santuários Marianos, têm sido, pessoalmente, dos momentos mais altos dos meus encontros com o Povo de Deus, espalhado pela terra, e com os homens nossos irmãos na grande família humana. E é sempre com emoção, a mesma emoção da primeira vez, que deponho nas mãos de Maria Santíssima tudo o que de bem possa ter feito ou venha ainda a fazer ao serviço da santa Igreja.

Nesta hora, aqui no Santuário de Fátima, quero repetir desde já, perante todos vós: Totus tuus - “todo teu” ó Mãe! Peço que me apresenteis, a mim e a todos estes irmãos, escondendo e cobrindo a nossa pobreza, com os vossos méritos e os do vosso divino Filho, ao “Pai das misericórdias”, em preito de gratidão. E que sejamos aceites, abençoados e fortalecidos nos nossos bons propósitos, que queremos enlaçar, ideal ramo de flores, com fita “tecida e dourada” por Vós, ó Mãe: fazer “tudo o que Ele (Cristo) nos disser” (Cfr. Io Jn 2,4).

Dai-nos a vossa bênção, Senhora, nossa querida Mãe!
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Ebenso herzlich grüße ich die Besucher deutscher und niederländischer Sprache: aus Deutschland, Österreich, Luxemburg, der Schweiz sowie aus Holland und Belgien.

Wir sind hier zusammengekommen, um dem reinen, mütterlichen Herzen Marias unsere Hoffnungen und unsere Ängste in kindlicher Zuversicht anzuvertrauen. Zugleich wollen wir feierlich unsere Bereitschaft bekunden, uns selbst mit Herz und Verstand, mit allen unseren Kräften der Erlöserliebe Christi zur Verfügung zu stellen: zum Heil für uns selbst und für alle unsere Mitmenschen, wo immer sie leben.

In geistiger Gemeinschaft mit Maria, der Mutter der Kirche, laßt uns also zusammen beten und unsere Herzen zu Gott, dem Heiligen und Dreifaltigen, erheben!
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Dear English-speaking pilgrims,

I am grateful for your presence here at Fatima. I thank you for having come to watch and pray with Christ, and to entrust your lives and all your hopes to the Immaculate Heart of Mary. It is she – the Mother of Jesus and the Mother of his Church – who invites us to open our own hearts to her appeal, to that echo of the Gospel which speaks of prayer, conversion and penance. Beloved brothers and sisters: this is a decisive hour in the life of the Church of this generation: we are all invited to repentance and to new life. We are all invited to approach the throne of grace with confidence, in order to abtain mercy (Cfr. Hebr He 4,16). We are all invited to go to Jesus through Mary!
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Je désire maintenant adresser mon salut aux pèlerins qui sont venus ici, à Fatima, de beaucoup d’autres pays, en premier lieu aux pèlerins de langue française.

Chers Frères et Soeurs, que le Seigneur vous bénisse pour avoir entrepris svec moi cette démarche de foi! Préparons-nous, dans la prière, à fêter la Vierge Marie, à la louer, à accueillir son message évangélique, à lui confier les immenses besoins de l’Eglise et du monde. Par l’intercession de cette Mère, nous demanderons les grâces de conversion dont le monde a besoin pour entrer davantage dans le salut opéré par le Christ, et raviver aujourd’hui dans les coeurs les certitudes de la foi, les engagements de justice et de paix, dans la charité, et les sentiments d’espérance!
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Saludo cordialmente a todos los peregrinos venidos de España y de otros países de lengua española. A vosotros aquí presentes y a todos los que nos acompañáis por medio de la radio y la televisión, os invito a participar en esta vigilia de oración en la que, con la intercesión maternal del Inmaculado Corazón de María, elevaremos al Señor nuestras plegarias por la Iglesia y para que haya paz en todo el mundo.

Que la devoción a la Virgen, Madre nuestra, haga sentir a cada uno la necesidad de la conversión para así seguir fielmente a Cristo, que es el camino, la verdad y la vida de todos los hombres.
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Serdecznie witam i pozdrawiam moich Rodaków, którzy vraz z Kardynalem Metropolita Krakowskim i Biskupem Tarnowskim przybyli w pielgrzymce do Fatimy, aby modlc sie z Papiezem w tym sanktuarium maryjnym.

W Was i przez Was pozdrawiam wszystkie Siostry i Braci w Ojczyznie i poza jej granicami. Wiem, ze duchowo sa oni tutaj obecni i uczestnicza w tej mojej dziekczynnej modlitwie.

Matka Chrystusa niech ogarnie milooecia swego Niepokalanego Serca moich Rodaków i trudne sprawy umilowanej Ojczyzny.





Discursos João Paulo II 1982 - Quarta-feira, 12 de Maio de 1982