AUDIÊNCIAS 1983




                                                                          Janeiro de 1983

PAPA JOÃO PAULO II


AUDIÊNCIA GERAL


Quarta-feira, 19 de Janeiro de 1983


Queridos irmãos e irmãs de língua portuguesa

Está presente nesta Audiência uma Delegação dos Transportes Aéreos Portugueses - TAP-AIR - num avião da qual tive o gosto de viajar, no regresso da peregrinação a Fátima e visita pastoral a Portugal.

Relembrando gratamente essas jornadas inesquecíveis, vão para os presentes e todos aqueles que aqui representam as minhas cordiais saudações e o meu renovado agradecimento. E peço a Deus, por intercessão de Nossa Senhora de Fátima, que derrame sobre eles e sobre Portugal as suas bênçãos, desejando prosperidades e que a paz de Cristo, Redentor do homem, ilumine sempre o amor fraterno na “ Terra de Santa Maria ”!





                                                                             Março de 1983

PAPA JOÃO PAULO II


AUDIÊNCIA GERAL


Quarta-feira, 1 de Março de 1983




Temos nesta audiência uma particular e grata presença de Portugal, através de um dos seus mais populares grupos desportivos: o “Sport Lisboa e Benfica”.

Caros amigos: sede bem-vindos! Ao saudar-vos o meu pensamento vai para a vossa pátria, onde amanhã, se Deus quiser, terei a alegria de passar, na minha viagem apostólica para a América Central. Em vós saúdo todos os desportistas e, desde já, os portugueses em geral.

Na vossa actividade, vós sois centro da atenção das massas e admirados e aplaudidos especialmente por numerosos jovens. Pois bem: ao desejar-vos felicidades, faço votos também de que todos possam ver em vós, com o bom jogo e os resultados favoráveis, a harmonia e a nobreza interiores, o exemplo da dignidade, lealdade, camaradagem e amizade, que são caminhos para a fraternidade entre os homens. E que Deus vos proteja sempre!

PAPA JOÃO PAULO II

PRIMEIRA AUDIÊNCIA GERAL

DO ANO JUBILAR EXTRAORDINÁRIO DA REDENÇÃO


Quarta-feira, 30 de Março de 1983




Amados peregrinos de língua portuguesa

Ao dirigir a vós a saudação cordial deste acto religioso, num momento da Semana Santa e do Ano Santo, a todos exorto a voltar a mente e a coração para a Paixão e Morte do Senhor, a fixar a cruz; Cristo, o Servo sofredor de Javé, confiante no amor misericordioso, faz-nos um duplo apelo:

- ao amor fiel até à morte, como resposta à Misericórdia divina, manifestada no mesmo Cristo, Vítima de expiação e de pacificação, princípio e fonte da restauração universal e da redenção pessoal;

- a abrir-nos à graça, pelo arrependimento dos pecados e pela aspiração à santidade de vida: estas são “as marcas” que a Páscoa iminente, a passagem da Salvação de Deus no tempo, há-de encontrar na nossa morada provisória, de peregrinos para a Páscoa eterna, que para todos desejo, com a Bênção Apostólica.
Abril de 1983


PAPA JOÃO PAULO II


AUDIÊNCIA GERAL


Quarta-feira, 6 de Abril de 1983




Amados irmãos e irmãs de língua portuguesa

No clima da alegria pascal neste Ano Santo da Redenção, a todos saúdo com afecto em Cristo, “nossa Páscoa”. Ressuscitando, com o seu triunfo sobre o pecado, sobre o mal e sobre a morte, Cristo abriu uma nova fase na história humana: a fase da vida e liberdade dos filhos de Deus remidos. Do coração, agradecidos, digamos: aleluia!

Do mistério da Cruz e do Sepulcro vazio, nos vem essa luminosa certeza: “Deus, na sua grande misericórdia, regenerou-nos, pela ressurreição de Jesus Cristo para uma esperança viva”, a iluminar-nos no tempo, perante o contraste, em nós e à nossa volta, entre o mal e o bem, a morte e a vida: a esperança da vida eterna, com Cristo.

Neste Ano do Jubileu extraordinário, vivamos e testemunhemos mais intensamente esta esperança, procurando ser, com Cristo e por Cristo, mediante a nossa conversão pessoal e pela evangelização, cada vez mais fermento de vida nova, ao serviço da Redenção, mais forte do que o mal que existe no mundo e no homem. Na luz da Páscoa, ide e, vitalmente, dizei isso aos irmãos, com a minha Bênção Apostólica.

PAPA JOÃO PAULO II

AUDIÊNCIA GERAL

Quarta-feira, 13 de Abril de 1983




Queridos peregrinos - irmãos e irmãs - de língua portuguesa

Graça e paz vos sejam dadas! Assim vos saúdo, cordialmente, no acto religioso de hoje, neste tempo pascal, tempo de alegria, por Cristo ressuscitado, e tempo de esperança no amor-misericórdia de Deus, ao nosso alcance pelo Sacrifício de seu Filho.

Alterada pelo pecado, a recomposição da ordem de relações do homem com o seu Senhor, teve como preço o Sacrifício reparador de Cristo; um preço bem elevado, mas que fez uma reparação superabundante. E não há rigor excessivo nem, menos ainda, crueldade, nesta misteriosa decisão de Deus-Pai, aceita por Cristo que morre na Cruz pela redenção da humanidade: há somente a infinitude do Amor. Não nos é dado entender; mas, de coração contrito e agradecido, devemos aceitar e adorar, em Cristo, Deus que ama e vem ao encontro do homem.

O Ano Santo da Redenção é tempo de pensar e renovar a relação pessoal de amor com Deus; e, porque pecadores, deixemo-nos reconciliar com Ele, olhos fixos no Mistério Pascal, fonte de salvação, paz e alegria, que a todos do coração desejo, com a Bênção Apostólica

PAPA JOÃO PAULO II

AUDIÊNCIA GERAL

Quarta-feira, 20 de Abril de 1983




Queridos irmãos e irmãs de língua portuguesa e peregrinos do Ano Santo da Redenção: “A paz esteja convosco!”.

Nesta palavra vão para todos as minhas saudações cordiais e votos da alegria de Cristo pascal, sinal vivo da Misericórdia divina:

Ele, pelo sacrifício expiatório da sua Paixão e Morte, reconciliou-nos com Deus-Pai, deixando-nos pelos Apóstolos, com o Espírito Santo, o ministério da reconciliação.

Um sacrifício expiatório é aquele em que se oferece reparação a Deus, para obter d’Ele o perdão dos pecados. Foi o que fez Cristo com o sacrifício da própria vida, perpetuado na Eucaristia. Isso há-de levar-nos a pensar na gravidade do pecado e na grandeza infinita do amor e da generosidade divina. E não só pensar; mas corresponder: colaborando com a obra redentora de Cristo, pela vida pessoal em graça, pela vida sacramental e pelo testemunho cristão, em quotidiana atitude de converter-se e de oferecer, em união com Cristo, o próprio sacrifício espiritual, com gratidão e alegria por usufruir e partilhar os bens a graças da Redenção, o que a todos desejo ao abençoar-vos.

PAPA JOÃO PAULO II

AUDIÊNCIA GERAL

Quarta-feira, 27 de Abril de 1983




Amados irmãos e irmãs de língua portuguesa, peregrinos do Ano Santo da Redenção

Ao saudar-vos cordialmente, neste acto religioso, desejo a todos em abundância a graça e a paz de Deus, a desabrochar na alegria pascal. Esta, na vida cristã, é irradiação de uma esperança viva.

O cristão nunca esquece a imensidade dos sofrimentos do mundo, nem se limita a um comportamento estóico frente à dor pessoal; mas vive a certeza de que, na Ressurreição de Cristo, a alegria veio depois da cruz. Com isso adquiriu um sentido novo o sofrimento humano: para além do valor expiatório e reparador do pecado, ele pode ser testemunho de amor. E é assim em convite e em ideal para cada cristão, porque foi assim realmente em Cristo Senhor.

É sempre dever cristão evitar e aliviar o sofrimento em si e nos outros, como fez e ensinou Jesus; mas, se ele aparece, lembremos: ao reconciliar-nos com Deus, Cristo reconciliou-nos com o sofrimento - físico ou moral - assumindo-o como acto de amor e tornando-o fecundo espiritualmente: em nós o sofrimento pode ser penitência, para a vida, a vida eterna, a alegria sem fim com Cristo, o que a todos desejo, com a Bênção Apostólica.
Maio de 1983


PAPA JOÃO PAULO II


AUDIÊNCIA GERAL


Quarta-feira, 4 de Maio de 1983




Amados irmãos e irmãs de língua portuguesa, peregrinos do Ano Santo

Ao saudar e desejar a todos felicidades, com afecto em Cristo, nesta celebração jubilar, em tempo pascal e no início de Maio, convido a elevar a mente e o coração para Nossa Senhora e vê-la no quadro da reconciliação da humanidade com Deus.

Após a queda de Adão e Eva, é predita a participação da mulher na luta contra o pecado: como uma mulher tinha contribuído para dar a morte, uma outra mulher contribuiria para dar a vida ao homem decaído. Maria Santíssima é esta segunda Mulher, com o sim dado na Anunciação, esclarecido na Apresentação de Jesus no templo e vivido ao lado do divino Redentor, até ao sacrifício do Calvário.

“Eis a Serva do Senhor”: foi a resposta que comprometeu Maria para o dom de si mesma, associada ao seu Filho Jesus Cristo, na obra da Salvação divina. O seu exemplo tem sido, ao longo dos séculos, e permanece caminho apontado a todos os Cristãos: viver, em generosa aceitação da vontade de Deus, uma vida fecunda de graça, participando do sofrimento redentor de Cristo. Para isso, ao abençoar-vos, imploro que a todos ajude a protecção materna de Nossa Senhora.

PAPA JOÃO PAULO II

AUDIÊNCIA GERAL

Quarta-feira, 11 de Maio de 1983




Amados irmãos e irmãs de língua portuguesa, peregrinos de Ano Santo

No clima da Páscoa, ao saudar-vos com afecto no Senhor, nesta celebração jubilar, estando no mês de Maria, convido a reflectir sobre um especialíssimo sinal da reconciliação da humanidade com Deus: Nossa Senhora, proclamada por Jesus Cristo Mãe espiritual de todos os remidos com o seu Sacrifício.

“Mulher, eis o teu filho!”. Foram as palavras do nosso Redentor na Cruz, que conferiram à sua Mãe Santíssima esta maternidade espiritual de todos e de cada um dos discípulos, pelo apóstolo João; e esta maternidade, na ordem da graça, “continua sem interrupção até ao fim do mundo”, sem ensombrar a Mediação única de Cristo: Maria, nossa Mãe, é dom do mesmo Cristo à humanidade, com uma especial intenção de amor, como fruto do seu Sacrifício redentor.

Começou assim no Calvário e perdura a devoção mariana dos discípulos de Jesus, como novo aspecto na relação do homem com Deus, que passa por Nossa Senhora e Mãe, Mãe da Igreja e Mãe da unidade na fé, na esperança e no amor dos cristãos. Peçamos-lhe com fervor que, juntos como irmãos, tenhamos todos parte na Salvação divina em Cristo e por Cristo: o que vos desejo, com a Bênção Apostólica.

PAPA JOÃO PAULO II

AUDIÊNCIA GERAL

Quarta-feira, 18 de Maio de 1983




Amados irmãos e irmãs de língua portuguesa, peregrinos do Ano Santo

Que a paz de Cristo, que nos reconciliou com Deus, mediante o Sacrifício da Cruz, esteja sempre convosco. Sob a olhar de Nossa Senhora, neste mês de Maio, sede bem-vindos a este encontro do Ano Santo, cujo pensamento central é a reconciliação com Deus e com os homens nossos irmãos, como fruto e apelo da Redenção.

Na Sagrada Escritura, a conhecida narração da torre de Babel e, tomada no seu conjunto, a experiência pessoal de São Paulo ensinam: o rebelar-se contra Deus, pelo pecado, comporta também dividir-se dos outros homens; por sua vez a reconciliação do pecador com Deus suscita nele o impulso a reconciliar-se também com os irmãos.

Mas a reconciliação operada por Cristo em nosso favor, que temos de fazer nossa, visa uma unidade profunda: a unidade de família dos filhos de Deus. Esta será obra do Espírito Santo, que é o Amor pessoal do Pai e do Filho, a transformar os corações que colaboram, abrindo as portas a Cristo; e, reconciliados, oram e oferecem sacrifícios pela vida do mundo, tão precisado de reconciliação e de paz.

Desejando a todos que, sempre reconciliados, sejais obreiros de reconciliação, dou-vos a Bênção Apostólica.

PAPA JOÃO PAULO II

AUDIÊNCIA GERAL

Quarta-feira, 25 de Maio de 1983




Amados irmãos e irmãs de língua portuguesa, peregrinos do Ano Santo

Ao saudar-vos, aqui congregados no amor de Deus, derramado nos nossos corações !pelo Espírito Santo, a todos desejo a sua paz e alegria. Celebrámos no Domingo passado a solenidade de Pentecostes, evocando o nascimento oficial e início da expansão da Igreja no mundo: a festa do Espírito Santo. Hoje, o tema que proponho para reflexão de todos é a sua presença e obra contínua entre nós.

É o Espírito divino, de facto, que continua a inspirar o anúncio e testemunho de Cristo e a mover interiormente os corações para se converterem e reconciliarem com Deus, fazendo com que as portas do perdão e da graça estejam abertas para todos os homens sem excepção; e também faz com que busquem e percorram os caminhos da reconciliação e da unidade na grande família humana.

Neste mês de Maio, com Nossa Senhora, Mãe universal e Mãe da unidade, aqui convosco, peço que o Espírito da verdade e do amor, o Espírito da unidade, realize as finalidades do Sacrifício redentor de Cristo, no mundo, na Igreja e nos corações de cada um de vós, ao dar-vos a Bênção Apostólica.


Junho de 1983


PAPA JOÃO PAULO II


AUDIÊNCIA GERAL


Quarta-feira, 1 de Junho de 1983

Caríssimos irmãos e irmãs de língua portuguesa,

peregrinos do Ano Santo da Redenção

Ao saudar-vos cordialmente, desejo a todos em abundância as graças do Jubileu. Na véspera da festa do “Corpo de Deus”, da solenidade do Corpo e Sangue do Senhor, a nossa atenção volta-se para a Santíssima Eucaristia, em que a Redenção é revivida, o Sacrifício de Cristo se torna sacrifício da Igreja, produzindo na humanidade de hoje os seus frutos de reconciliação e de salvação.

A Santíssima Eucaristia não é mera recordação do Sacrifício do Calvário; é o mesmo Sacrifício tornado presente, para a ele se associarem os fiéis e a Igreja como comunidade, participando da vitória de Cristo sobre o pecado e sobre o mal que está no mundo, participando na Redenção; e isto, para edificação da mesma Igreja, para o seu crescimento e para a sua unidade, em apelo à unidade de todos os cristãos e mesmo de todos os homens, enquanto é o Sacramento do amor.

Ano Santo da Redenção, Jubileu e Eucaristia convergem neste apelo: a comunhão no amor de Deus há-de ser fonte da comunhão fraterna. o que a todos desejo, ao dar-vos a Bênção Apostólica.

PAPA JOÃO PAULO II

AUDIÊNCIA GERAL

Quarta-feira, 8 de Junho de 1983




Amados irmãos e irmãs de língua portuguesa, peregrinos do Ano Santo

A todos saúdo, com afecto no Senhor, e desejo felicidades e que a presença neste lugar e momento vos faça ver melhor os caminhos da reconciliação com Deus, pela penitência, e da boa harmonia fraterna, pela caridade, na luta contra o pecado pessoal e social e no esforço por abrir as portas a Cristo Redentor.

Neste clima de Ano Santo, o encontro de hoje é ainda centrado na Eucaristia; nela o Senhor quis dar à Igreja um alimento verdadeiro, não puramente espiritual, necessário para termos a vida, a coragem e o amor na peregrinação terrena. Participar na Eucaristia é exigência da vida cristã autêntica e, desde já, penhor da vida eterna: celebramos não apenas o Sacrifício redentor, mas também a glória de Cristo ressuscitado, em que nos foi prometido ter parte.

Assim se explica a alegria de refeição fraternal e a confiança de quem comunga dignamente o Corpo e o Sangue do Senhor, onde temos a força espiritual para a prática da caridade na unidade, com os outros filhos de Deus e irmãos em Cristo. Desejando que para todos seja vida o que celebramos no mistério, dou-vos a Bênção Apostólica.





PAPA JOÃO PAULO II


AUDIÊNCIA GERAL


Quarta-feira, 15 de Junho de 1983




Amados irmãos e irmãs de língua portuguesa, peregrinos do Ano Santo

A todos as minhas cordiais saudações, ao desejar-vos que a vossa vinda a Roma e presença neste acto jubilar sejam proveitosas para a vossa fé e empenho de reconciliação com Deus.

Esta reconciliação foi obtida pelo Sacrifício redentor de Cristo, renovado sacramentalmente na Eucaristia, em que permanece o aspecto de expiação dos pecados; no entanto, não é este o seu fruto principal. Participar na Eucaristia pressupõe o estado de graça e de amizade com Deus, numa consciência pura e isenta de pecado. E para isto foi instituído por Cristo o sacramento da Penitência ou Reconciliação.

A frequência deste Sacramento não há-de limitar-se aos casos de necessidade, pela desgraça de alguém ter cometido o pecado mortal; mas deve ser constante, para quem deseja a emenda de vida, o progresso espiritual e as boas disposições habituais para participar digna e frutuosamente na Eucaristia e viver em plenitude a caridade cristã.

A Penitência ou Reconciliação é um sacramento insubstituível na vida cristã; e não pode ser descurado e, menos ainda, desprezado, se se quer crescer na vida divina e frutificar em boas obras, o que desejo a todos, do coração, com a Bênção Apostólica.





                                                                              Julho de 1983

PAPA JOÃO PAULO II


AUDIÊNCIA GERAL


Quarta-feira, 6 de Julho de 1983




Quero saudar os amados irmãos e irmãs de língua portuguesa, presentes neste acto do Ano Santo, desejando a todos - pessoas e grupos -que ele sirva para “vos renovardes no espírito e vos revestirdes do homem novo, criado à imagem de Deus, na justiça e na santidade”: para vos tornardes a novas criaturas”.

Estas palavras de São Paulo recordam-nos o “estado de justiça original”, com as suas componentes de graça e de verdade; mas aludem também à desintegração provocada no homem pelo pecado, com a ruptura da aliança com Deus e a consequente incapacidade para a comunhão interpessoal com os outros, em sereno amor do próximo.

Foi o acontecimento jubiloso da Redenção que restituiu o homem à “sua dignidade original”; foi em Cristo, morto por causa dos nossos pecados, e ressuscitado, como primícia da “nova criação”, que ao homem foi proporcionada a plenitude de ser a que foi chamado desde o princípio: ser “à imagem de Deus, na justiça e na santidade”.

É a Redenção que estamos aqui a celebrar, com gratidão nos nossos corações, em adoração, a única resposta que podemos dar ao Amor com que Deus nos criou e nos remiu; e também com a esperança de ter parte com Cristo ressuscitado, o que a todos desejo, ao abençoar-vos.





PAPA JOÃO PAULO II


AUDIÊNCIA GERAL


Quarta-feira, 13 de Julho de 1983




Caríssimos irmãos e irmãs de língua portuguesa

Ao saudar-vos cordialmente, os que participais nesta celebração do Jubileu e quantos me ouvis, a todos desejo as graças da Redenção: que vos reconcilieis cada vez mais com Deus e com o próximo!

Na Redenção, como “nova criação”, foi restituída ao homem a possibilidade da harmonia interior da própria liberdade com a verdade: de ser e de agir novamente segundo os ditames éticos de criatura “à imagem e semelhança de Deus”, segundo o “ethos” da Redenção.

O modo de comportar-se livremente diante da verdade que se impõe à sua inteligência, depois da queda original, é um problema sempre aberto para cada homem. São Paulo dizia: “Não faço aquilo que quero; e, pelo contrário, faço aquilo que detesto”. Somente a golpes de energia e auxiliado pela graça divina, ele supera a dificuldade e pode ser fiel à verdade que liberta; em última análise, fiel a Deus, a “única Verdade, graças à qual todas as coisas são verdadeiras”.

Nós podemos conhecer, acolher e proceder em conformidade com tal Verdade, porque “criados de novo” na Redenção, realizando as boas obras queridas por Deus, como caminho de plenitude humana, de felicidade e de salvação, que a todos desejo com a Bênção Apostólica.

PAPA JOÃO PAULO II

AUDIÊNCIA GERAL

Quarta-feira, 20 de Julho de 1983




Caríssimos irmãos e irmãs de língua portuguesa

Saúdo a todos - pessoas e grupos - nesta celebração do Ano Santo, com votos de felicidades, paz e bênçãos de Deus! “Somos obra Sua, criados em Jesus Cristo”, para praticar as boas obras. Para isto nos reabilitou a Redenção operada por Cristo.

Servir a justiça é a nossa liberdade, é o que faz serem boas as nossas acções: proceder segundo aquilo que é justo, enquanto somos pessoas humanas, livres, responsáveis, capazes de fazer plenamente “nossas” as acções que praticamos. Estas serão boas se estiverem conformes ao nosso ser de pessoas, com uma verdade própria, que exige a harmonia entre o ser e o agir livremente.

Na Redenção, com a graça de Cristo, a nossa inteligência e a nossa vontade foram renovadas e elevadas; começou a existir em nós o “ethos” da Redenção. por isso que, evitando a alienação das más acções, devemos caminhar na “justiça e santidade” de vida: ser rectos de coração, realizar a verdade de nós mesmos, com liberdade de “criaturas de Deus, em Jesus Cristo”, que se exprime nas boas obras, caminho da Salvação que a todos desejo, com a Bênção Apostólica





PAPA JOÃO PAULO II


AUDIÊNCIA GERAL


Quarta-feira, 27 de Julho de 1983




Caríssimos irmãos e irmãs de língua portuguesa

Saúdo cordialmente todos e cada um de vós - pessoas e grupos - nesta celebração do Jubileu; e desejo que participeis nas graças alcançadas pela Redenção de Cristo e vos firmeis na decisão de renunciar ao mal, às “obras das trevas”, e de seguir o bem, de vos revestirdes da “armadura da luz”.

Trata-se de uma escolha, a ser realizada com energia, entre a lei de Deus, esculpida na nossa razão, e uma “outra lei” que, como ensina São Paulo, nos perturba na realização do bem. Nós somos inteligentes e livres; e o Senhor, com a sua providência, dotou-nos com a “lei da razão”, que nos faz discernir o que devemos querer e fazer, para realizar a autêntica dignidade pessoal, segundo a verdade. A “lei moral” não se opõe, mas é caminho de liberdade.

Fazer o bem é viver a verdade expressa pela “lei da nossa mente”, é realizar livremente o próprio ser pessoal humano. Para que Cristo Redentor, que reabilitou o homem na sua plena dignidade de pessoa, vos ajude a caminhar na luz, confiantes em Deus providente e misericordioso, dou-vos a Bênção Apostólica.



Agosto de 1983


PAPA JOÃO PAULO II


AUDIÊNCIA GERAL


Quarta-feira, 3 de Agosto de 1983




Amados irmãos e irmãs de língua portuguesa

A todos saúdo com afecto em Cristo; uma saudação especial aos queridos Sacerdotes, aqui representados por numeroso grupo da Diocese de Aveiro, de Portugal. Hoje exorto a “caminhar segundo o Espírito”, a viver a vida segundo a vontade de Deus. Isso será fruto da Redenção, que aqui estamos a celebrar, no quadro do Ano Santo extraordinário.

O Espírito Santo é dom de Cristo, realizando antigas profecias, e é a lei do homem remido. Habitando em nós, ilumina a inteligência e move a vontade para discernir e fazer a “vontade divina, o que é bom, aceito a Deus e perfeito”. E isto é uma “ordem” que nos é intrínseca, a nossa “verdade”, que nos impele para a comunhão com Deus e com as outras pessoas. Mas a “verdade” do nosso ser, diversamente do estado de justiça original, não se exprime sem lutar por vencer as más inclinações e fazer o que o Senhor quer.

Para isso, o Espírito que habita em nós vem em nosso auxílio, fazendo com que as exigências imutáveis de tal “verdade” se apoderem da nossa subjectividade pessoal e possamos agir, exprimir-nos e realizar-nos, com liberdade verdadeira, movidos pela caridade derramada nos nossos corações: com a liberdade de quem faz o que quer, fazendo aquilo que deve. Para que seja assim com todos vós, dou-vos a Bênção Apostólica.





PAPA JOÃO PAULO II


AUDIÊNCIA GERAL


Quarta-feira, 10 de Agosto de 1983




Caríssimos irmãos e irmãs de língua portuguesa

Cordialmente dou as boas-vindas e desejo felicidades a todos -pessoas e grupos - que participais nesta celebração do Jubileu.

Pela Redenção, somos chamados a ser livres - ouvíamos na Palavra de Deus - a não ficar vinculados, de modo servil, ao formalismo de imposições externas; somos chamados à liberdade que tem o seu critério na subordinação às exigências da caridade, e o seu modelo em Cristo-Redentor, plenamente livre na subordinação e obediência do Amor salvífico do Pai.

A liberdade a que somos chamados, como cristãos, participando da liberdade de Cristo, não se exprime, em relação a Deus e aos outros, na auto-afirmação, mas no dom de si mesmo; e será liberdade autêntica quando subordinada às exigências daquele amor que procura o bem do ser amado, com a própria verdade.

Neste sentido não há oposição entre a liberdade e a lei moral. Com efeito, sendo “a caridade a plenitude da lei”, quem ama tem já traçado pela lei moral o próprio caminho: caminho de verdade, de justiça e de rectidão, diante de Deus e dos irmãos amados.

Que “sejais livres” cristãmente, com a minha Bênção Apostólica!





PAPA JOÃO PAULO II


AUDIÊNCIA GERAL


Quarta-feira, 17 de Agosto de 1983




Caríssimos irmãos e irmãs de língua portuguesa

A todos - pessoas e grupos - saúdo cordialmente: bem-vindos a esta celebração do Ano Santo! Que Cristo Redentor, que é a Verdade, vos faça conhecer e permanecer firmes na verdade, para “discernirdes qual é a vontade de Deus, o que é bom, aceito a Deus e perfeito”!

Com base na palavra do Apóstolo São Paulo, meditamos hoje sobre “o núcleo mais secreto do homem, o santuário onde ele se encontra a sós com Deus, cuja voz ressoa no seu íntimo”. Falo da consciência moral. Dá-se em nós todos uma actividade que leva a avaliar, como que por um “senso moral”, o que é bom e o que é mau, nas nossas escolhas, acções e reacções concretas. A razão disto é “a lei divina, eterna, objectiva e universal”, inscrita em nós, que a percebemos e conhecemos, por meio da consciência, e devemos seguir fielmente.

Assim, a consciência não é juíz totalmente autónomo. Em última análise, ela deve submeter-se à verdade imutável, ao nosso alcance. Mais, deve formar-se e rectificar-se constantemente, a fim de permanecer espaço sagrado, iluminado pela verdade, onde Deus fala ao homem que o quer e sabe ouvir. Que seja assim em cada um de vós com a minha Bênção Apostólica.



PAPA JOÃO PAULO II


AUDIÊNCIA GERAL


Quarta-feira, 24 de Agosto de 1983

Caríssimos irmãos e irmãs de língua portuguesa


Ao saudar cordialmente a todos - pessoas e grupos presentes - nesta celebração do Ano Santo, desejo que leveis como lembrança a mensagem central da Palavra de Deus proclamada: o empenho em ser pessoas adultas na fé, com uma consciência moral amadurecida, recta e criteriosa, para viver segundo “a verdade na caridade”.

É muito importante formar constantemente a consciência. Esta pode errar e impedir uma autêntica felicidade pessoal. Por isso, há que remover obstáculos: o primeiro destes, “doença” que grassa nos nossos dias, é a indiferença em relação à verdade, cujos sintomas são múltiplos e cuja origem está afinal no orgulho, nas profundezas do coração humano. Não se encontrará a verdade e não haverá abertura para a verdade, se esta não for amada como um bem.

O Jubileu da Redenção, visando a conversão dos corações, tem como objectivo também levar aqueles que o vivem a formar a consciência amadurecida e recta. Este afere-se pelo Magistério da Igreja, “coluna e sustentáculo da verdade” que salva e leva à felicidade, que a todos desejo, com a Bênção Apostólica.





PAPA JOÃO PAULO II


AUDIÊNCIA GERAL


Quarta-feira, 31 de Agosto de 1983

Queridos peregrinos, irmãos e irmãs de língua portuguesa


Saúdo e dou as boas-vindas a todos, a esta celebração da Palavra, em especial, ao numeroso grupo de Sacerdotes peregrinos a Roma, da diocese de Viseu, em Portugal, e ao grupo dos representantes da música popular do Brasil. E, em clima de Ano Santo, digo: “Revesti-vos do Senhor Jesus Cristo!”. Está nisto o máximo imperativo ético derivante da Redenção, a vocação e tarefa dos baptizados, renascidos pela água e pelo Espírito para a vida nova de filhos de Deus.

Foi o acto da Redenção que inseriu em Cristo, numa unidade profunda, a pessoa humana com o seu ser e agir, e fez com que o homem reconquistasse a plenitude da sua verdade diante de Deus; ao mesmo tempo, porém, inscreveu nele a obrigação de assimilar o mesmo Cristo, não apenas como “modelo” exterior, mas deixando-se transformar interiormente, pela acção do Espírito Santo, até realizar a verdade mais íntima e profunda do seu ser para Deus e para os irmãos.

O Jubileu que estamos a celebrar chama-nos: “ chegada a hora” de nos aplicarmos, lutando contra o mal e vivendo a ascese cristã, para que a “forma” de Cristo possa penetrar toda a nossa pessoa e se consolide em nós o vínculo da liberdade com a verdade.

Peço a Deus que vos ajude a ser felizes, com a Bênção Apostólica.



                                                                             

                                                                          Setembro de 1983

PAPA JOÃO PAULO II


AUDIÊNCIA GERAL


Quarta-feira, 7 de Setembro de 1983




Amados peregrinos - irmãos e irmãs - de língua portuguesa

Sede bem-vindos! É com alegria que hoje vejo uma numerosa e grata presença de fiéis portugueses nesta assembleia, salientando-se, pelo seu entusiasmo, cerca de mil jovens do Patriarcado de Lisboa, com o seu Pastor, o Senhor Cardeal-Patriarca Dom António Ribeiro; e há muitos outros das Dioceses de Portugal, nomeadamente de Viseu e do Funchal; há também numerosos fiéis e grupos, como o do Vicariato paroquial de São Pedro e São João do Estoril, e de outras terras, de Portugal e do Brasil. A todos saúdo cordialmente e para todos dou como lembrança a mensagem que acabamos de ouvir proclamar: Jesus Cristo, crucificado, foi ressuscitado por Deus dentre os mortos. Realizou-se o mistério da Redenção, que aqui estamos a celebrar.

A compreensão desta realidade supera a capacidade humana; mas os testemunhos, conservados na Palavra de Deus que não passa, fundamentam a nossa fé. A morte e a vida enfrentaram-se; e a passagem de Jesus Cristo pela morte, aparente derrota, redundou em vitória final da Vida. Cumprem-se os desígnios misteriosos de Deus: em nenhum outro existe a Salvação; e Cristo sacrificou-se por nós e por causa dos nossos pecados. A sua morte, porém, não foi o fim. Ele ressuscitou. E foi o princípio da vitória de Deus, do seu Amor misericordioso, sobre a morte e sobre o mal. Esta vitória que perdura, a Redenção, destina-se a aproveitar a toda a humanidade, a cada um de nós pessoalmente: para a nossa reconciliação e justificação, a viver existencialmente, em resposta ao Amor divino. Para isso imploro para todos as graças do Jubileu, com a minha Bênção Apostólica.



PAPA JOÃO PAULO II


AUDIÊNCIA GERAL


Quarta-feira, 28 de Setembro de 1983




Minha saudação aos peregrinos e ouvintes de língua portuguesa

Dou especiais boas vindas aos oficiais, guardas-marinhas e equipagem do navio-escola da marinha brasileira “Custódio de Mello” que, como quer a tradição, tem um encontro anual marcado com o Papa. Vejo em vós os peregrinos do mundo sempre em busca de um novo porto.



                                                                              Outubro de 1983

PAPA JOÃO PAULO II


AUDIÊNCIA GERAL


Quarta-feira, 5 de Outubro de 1983

Queridos irmãos e irmãs de língua portuguesa


Dou as minhas boas-vindas a todos os peregrinos de Portugal e do Brasil. Saúdo de modo especial o grupo de romeiros do Patriarcado de Lisboa. Desejo-vos que essa vossa viagem vos enriqueça com as graças da Redenção e vos dê sentir mais intensamente com a Igreja.



PAPA JOÃO PAULO II


AUDIÊNCIA GERAL


Quarta-feira, 19 de Outubro de 1983


Caríssimos irmãos e irmãs de língua portuguesa!

Saúdo afectuosamente a todos vós, peregrinos de Portugal e do Brasil, que viestes a Roma para a celebração do Ano Santo da Redenção. Hoje vos proponho uma grande pergunta: que é o homem? Na sua resposta está contido o empenho de toda a existência.

Com os votos de que possais descobrir cada vez mas a presença de Deus na vossa vida, dou-vos a minha Bênção Apostólica.


AUDIÊNCIAS 1983