AUDIÊNCIAS 1997

JOÃO PAULO II


AUDIÊNCIA


Quarta-feira 9 de Julho de 1997

A Assunção de Maria na tradição da Igreja



Queridos Irmãos e Irmãs,

1. A perene e coral tradição da Igreja evidencia o modo como a Assunção de Maria faz parte do desígnio divino e está arraigada na singular participação de Maria na missão do Filho. Já no primeiro milénio os autores sagrados se exprimem neste sentido.

Testemunhos, na verdade apenas delineados, encontram-se em Santo Ambrósio, Santo Epifânio e Timóteo de Jerusalém. São Germano de Constantinopla († 733) coloca nos lábios de Jesus, que Se prepara para levar a Sua Mãe para o céu, estas palavras: «É preciso que onde estou Eu, também tu estejas, Mãe inseparável de teu Filho...» (Homil. 3 in Dormitionem , PG ).

Além disso, a mesma tradição eclesial vê na maternidade divina a razão fundamental da Assunção.

Desta convicção encontramos um vestígio interessante em uma narração apócrifa do século V, atribuída ao pseudo-Melitão. O autor imagina Cristo que interroga Pedro e os Apóstolos sobre a sorte merecida por Maria, e deles obtém esta resposta: «Senhor, escolhestes esta Tua serva a fim de que se torne para Ti uma residência imaculada... Portanto, pareceu-nos justo, a nós Teus servos que, assim como Tu reinas na glória depois de teres vencido a morte, Tu ressuscitas o corpo de Tua Mãe e conduze- a jubilosa Contigo ao céu» (De transitu V. Mariae, 16 ). Portanto, pode-se afirmar que a divina maternidade, que tornou o corpo de Maria a residência imaculada do Senhor, se funde com o seu destino glorioso.

2. Num texto rico de poesia, São Germano afirma que é o afecto de Jesus pela sua Mãe que exige a presença de Maria no céu com o Filho divino: «Assim como uma criança procura e deseja a presença de sua mãe, e como uma mãe ama viver em companhia de seu filho, assim também para ti, cujo amor materno pelo teu Filho e Deus não deixa dúvidas, era conveniente que tu voltasses para Ele. E, em todo o caso, não era porventura conveniente que este Deus, que provava por ti um amor deveras filial, te tomasse em Sua companhia?» (Homil. 1 in Dormitionem , PG ). Num outro texto, o venerando autor integra o aspecto privado da relação entre Cristo e Maria, com a dimensão salvífica da maternidade, afirmando que «era necessário que a Mãe da Vida compartilhasse a habitação da Vida» (Ibid ., PG ).

3. Segundo alguns Padres da Igreja, outro argumento que fundamenta o privilégio da Assunção pode-se deduzir da participação de Maria na obra da redenção. São João Damasceno sublinha a relação entre a participação na Paixão e a a sorte gloriosa: «Era necessário que aquela que vira o seu Filho sobre a cruz e recebera em pleno coração a espada da dor... contemplasse este Filho sentado à dextra do Pai» (Homil. 2, PG 96, 741). À luz do Mistério pascal, parece de modo particularmente evidente a oportunidade que, com o Filho, também a Mãe fosse glorificada depois da morte.

O Concílio Vaticano II, recordando na Constituição dogmática sobre a Igreja o mistério da Assunção, chama a atenção para o privilégio da Imaculada Conceição: precisamente porque fora «preservada de toda a mancha de culpa original» (LG 59), Maria não podia permanecer como os outros homens no estado de morte até ao fim do mundo. A ausência do pecado original e a santidade, perfeita desde o primeiro momento da existência, exigiam para a Mãe de Deus a plena glorificação da sua alma e do seu corpo.

4. Olhando para o mistério da Assunção da Virgem é possível compreender o plano da Providência divina relativa à humanidade: depois de Cristo, Verbo encarnado, Maria é a primeira criatura humana que realiza o ideal escatológico, antecipando a plenitude da felicidade, prometida aos eleitos mediante à ressurreição dos corpos.

Na Assunção da Virgem, podemos ver também a vontade divina de promover a mulher.

Em analogia a quanto se verificara na origem do género humano e da história da salvação, no projecto de Deus o ideal escatológico devia revelar-se não em um indivíduo, mas num casal. Por isso, na glória celeste, ao lado de Cristo ressuscitado há uma mulher ressuscitada, Maria: o novo Adão e a nova Eva, primícias da ressurreição geral dos corpos da humanidade inteira.

Sem dúvida, a condição escatológica de Cristo e a de Maria não devem ser postas no mesmo plano. Maria, nova Eva, recebeu de Cristo, novo Adão, a plenitude de graça e de glória celeste, tendo sido ressuscitada pelo poder soberano do Filho mediante o Espírito Santo.

5. Embora sejam sucintas, estas observações permitem-nos esclarecer que a Assunção de Maria revela a nobreza e a dignidade do corpo humano. Diante das profanações e do aviltamento a que a sociedade moderna não raro submete em particular o corpo feminino, o mistério da Assunção proclama o destino sobrenatural e a dignidade de cada corpo humano, chamado pelo Senhor a tornar-se instrumento de santidade e a participar na Sua glória.

Maria entrou na glória porque escutou no seu seio virginal e no seu coração o Filho de Deus. Olhando para ela, o cristão aprende a descobrir o valor do próprio corpo e a preservá-lo como templo de Deus, na expectativa da ressurreição.

A Assunção, privilégio concedido à Mãe de Deus, constitui assim um imenso valor para a vida e o destino da humanidade.

Saudações

Irmãos e irmãs de língua portuguesa, as minhas afectuosas saudações para todos os presentes, com menção especial para os grupos das paróquias de Nossa Senhora da Conceição, na Amadora, de Nossa Senhora do Carmo, em Campinas, e de Santo António na Catedral de Lins - São Paulo. Obrigado pela vossa visita e pelas orações com que me lembrais ao Senhor. Para vós, vossas famílias e comunidades paroquiais, desejo a mais perfeita e santa felicidade em Jesus Cristo, ao dar-vos a Bênção Apostólica.



JOÃO PAULO II


AUDIÊNCIA


Quarta-feira 23 de Julho de 1997

A Rainha do Universo



Queridos Irmãos e Irmãs

1. A devoção popular invoca Maria como Rainha. O Concílio, depois de ter recordado a assunção da Virgem «à glória celeste em corpo e alma», explica que Ela foi «exaltada por Deus como Rainha do universo, para assim se conformar mais plenamente com seu Filho, Senhor dos senhores (cf. Ap Ap 19,16) e vencedor do pecado e da morte» (LG 59).

Com efeito, a partir do século V, quase no mesmo período em que o Concílio de Éfeso a proclama «Mãe de Deus», começa- se a atribuir a Maria o título de Rainha. O povo cristão, com esse ulterior reconhecimento da sua excelsa dignidade, quer colocá-la acima de todas as criaturas, exaltando a sua função e importância na vida de cada pessoa individualmente e do mundo inteiro.

Mas já num fragmento de homilia, atribuído a Orígenes, aparece este comentário às palavras pronunciadas por Isabel na Visitação: «Eu é que deveria vir a ti, porque és bendita acima de todas as mulheres, tu, a mãe do meu Senhor, tu, minha Senhora» (Fragmenta , PG D). Neste texto, passa-se espontaneamente da expressão «a mãe do meu Senhor», ao apelativo «minha Senhora », antecipando quanto declarará mais tarde São João Damasceno, que atribui a Maria o título de «Soberana»: «Quando se tornou mãe do Criador, tornou- se verdadeiramente a soberana de todas as criaturas» (De fide orthodoxa, 4, 14, ).

2. O meu Venerado Predecessor Pio XII, na Encíclica Ad coeli Reginam, à qual faz referência o texto da Constituição Lumen gentium, indica como fundamento da realeza de Maria, além da maternidade, a cooperação na obra da redenção. A Encíclica recorda o texto litúrgico: «Santa Maria, Rainha do céu e Soberana do mundo, participava no sofrimento, junto da Cruz de nosso Senhor Jesus Cristo» (AAS 46 [1954] 634). Ela estabelece depois uma analogia entre Maria e Cristo, a qual nos ajuda a compreender o significado da realeza da Virgem: Cristo é rei não só porque é Filho de Deus, mas também porque é redentor; Maria é rainha não só porque é Mãe de Deus, mas também porque, associada como nova Eva ao novo Adão, cooperou na obra da redenção do género humano» (AAS 46 [1954] 635).

No Evangelho de Marcos lemos que no dia da Ascensão o Senhor Jesus «foi arrebatado ao Céu e Se sentou à direita de Deus» (16, 19). Na linguagem bíblica, «sentar-se à direita de Deus» significa compartilhar o Seu poder soberano. Ao sentar-Se «à direita do Pai», Ele instaura o Seu reino, o Reino de Deus. Elevada ao Céu, Maria é associada ao poder de seu Filho e dedica-se à extensão do Reino, participando na difusão da graça divina no mundo.

Olhando para a analogia entre a Ascensão de Cristo e a Assunção de Maria, podemos concluir que, em dependência de Cristo, Maria é a rainha que possui e exerce sobre o universo uma soberania, que lhe foi dada pelo seu próprio Filho.

3. O título de Rainha não substitui certamente o de Mãe: a sua realeza permanece um corolário da sua peculiar missão materna, e exprime simplesmente o poder que lhe foi conferido para exercer essa missão.

Ao citar a Bula Ineffabilis Deus, de Pio IX, o Sumo Pontífice Pio XII põe em evidência esta dimensão materna da realeza da Virgem: «Tendo por nós um afecto materno e assumindo os interesses da nossa salvação, Ela estende ao género humano inteiro a sua solicitude. Estabelecida pelo Senhor como Rainha do céu e da terra, elevada acima de todos os coros dos Anjos e de toda a hierarquia celeste dos Santos, ao sentar-se à direita do seu único Filho, nosso Senhor Jesus Cristo, Ela obtém com grande certeza aquilo que pede com as suas súplicas maternas; aquilo que procura, encontra-o e não lhe pode faltar» (AAS 46 [1954] 636-637).

4. Os cristãos olham, portanto, com confiança para Maria Rainha, e isto não só diminui, mas antes exalta o seu abandono filial naquela que é mãe na ordem da graça.

Antes, a solicitude de Maria Rainha pelos homens pode ser eficaz de maneira plena, precisamente em virtude do estado glorioso consequente da Assunção. Bem o põe em evidência São Germano de Constantinopla, o qual pensa que esse estado assegura a íntima relação de Maria com seu Filho e torna possível a sua intercessão em nosso favor. Ele acrescenta, ao dirigir-se a Maria: Cristo quis «ter, por assim dizer, a proximidade dos teus lábios e do teu coração; desta maneira Ele atende a todos os desejos que Lhe exprimes, quando sofres pelos teus filhos, e Ele realiza, com o Seu poder divino, tudo o que Lhe pedes» (Hom. 1, PG 98, 348).

5. Pode-se concluir que a Assunção favorece a plena comunhão de Maria não só com Cristo, mas com cada um de nós: Ela está ao nosso lado, porque o seu estado glorioso lhe permite acompanhar- nos no nosso itinerário terreno diário. Como lemos ainda em São Germano: «Tu habitas espiritualmente connosco e a grandeza da tua vigilância sobre nós faz ressaltar a tua comunidade de vida connosco» (Hom.1, PG 98, 344).

Longe, portanto, de criar distância entre nós e Ela, o estado glorioso de Maria suscita uma aproximação contínua e solícita. Ela conhece tudo o que acontece na nossa existência e sustenta-nos com amor materno nas provas da vida.

Elevada à glória celeste, Maria dedica- se totalmente à obra da salvação, para comunicar a cada vivente a felicidade que lhe foi concedida. É uma Rainha que dá tudo aquilo que possui, comunicando sobretudo a vida e o amor de Cristo.

Saudações

Queridos Irmãos e Irmãs!

Saúdo todos os peregrinos de língua portuguesa, vindos do Brasil, de Portugal e sobretudo de Cabo Verde: digo «sobretudo», porque vos vejo menos vezes, mas nunca vos esqueço. Sei das provocações e agravos que tendes recebido contra alguns símbolos sacros da vossa vida e devoção cristã: não tenhais medo; continuai firmes na fé, pensando, como diz São Paulo, que «temos de sofrer muitas tribulações para entrarmos no Reino de Deus» (Ac 14,22). Sobre todos os presentes, desça a minha Bênção, extensiva às vossas famílias e paróquias, nomeadamente à de Santa Rita de Cássia de Sorocaba, e aos grupos paroquiais de Rio Tinto e da diocese de Faro.

E agora uma saudação cordial aos Jovens, aos Doentes e aos jovens Casais. A Igreja na liturgia faz hoje memória de Santa Brígida da Suécia que, ardente de amor por Deus e pelos irmãos, se dedicou inteiramente à causa do Evangelho, pondo-se ao serviço da unidade dos cristãos.

Caros jovens, convido-vos a seguir o exemplo de Santa Brígida, para enraizardes a vossa vida nos valores do Evangelho e testemunhardes a fé, num diálogo aberto e cordial.

E vós, queridos doentes, oferecei com espírito missionário os vossos sofrimentos quotidianos para a plena comunhão entre todos os discípulos do Senhor.

Exprimo, por fim, a vós, prezados jovens esposos, os votos por que saibais testemunhar a importância da missão da família cristã na Igreja e na sociedade.

A todos a minha Bênção.



JOÃO PAULO II


AUDIÊNCIA


Quarta-feira 30 de Julho de 1997

Maria, membro eminente da Igreja



Queridos Irmãos e Irmãs,

1. O papel excepcional que Maria reveste na obra da salvação convida-nos a aprofundar a relação existente entre Ela e a Igreja. Segundo alguns, Maria não pode ser considerada membro da Igreja, pois os privilégios que lhe foram conferidos, a imaculada conceição, a maternidade divina e a singular cooperação na obra da salvação colocam-na numa condição de superioridade em relação à comunidade dos crentes.

O Concílio Vaticano II, porém, não hesita em apresentar Maria como membro da Igreja, embora precisando que Ela o é de modo «eminente e inteiramente singular» (LG 53): da Igreja Maria é figura, modelo e mãe. De modo diferente de todos os outros fiéis, devido aos dons excepcionais recebidos do Senhor, entretanto a Virgem pertence à Igreja e dela é membro a pleno título.

2. A doutrina conciliar encontra significativo fundamento na Sagrada Escritura. Os Actos dos Apóstolos mostram Maria presente, desde o início, na comunidade primitiva (cf. Act Ac 1,14), enquanto compartilha, com os discípulos e algumas mulheres crentes, a expectativa orante do Espírito Santo, que descerá sobre eles.

Depois do Pentecostes a Virgem continua a viver em comunhão fraterna no meio da comunidade e participa nas orações, na escuta do ensinamento dos Apóstolos e na «fracção do pão», isto é, na celebração eucarística (cf. Act Ac 2,42).

Aquela que tinha vivido em estreita união com Jesus na casa de Nazaré, vive agora na Igreja em íntima comunhão com seu Filho, presente na Eucaristia.

3. Mãe do Filho unigénito de Deus, Maria é Mãe da Comunidade que constitui o Corpo místico de Cristo e acompanha os seus primeiros passos.

Ao aceitar essa missão, Ela empenha-se em animar a vida eclesial com a sua presença materna e exemplar. Essa solidariedade deriva da sua pertença à comunidade dos remidos. Com efeito, ao contrário de seu Filho, Ela teve necessidade de ser remida, pois «está associada, na descendência de Adão, a todos os homens necessitados de salvação» (LG 53). O privilégio da imaculada conceição preservou-a da mancha do pecado, por causa de uma especial influência salvífica do Redentor.

«Membro eminente e inteiramente singular» da Igreja, Maria utiliza os dons a ela concedidos por Deus para realizar uma solidariedade mais completa com os irmãos de seu Filho, que já se tornaram, também eles, seus filhos.

4. Como membro da Igreja, Maria põe ao serviço dos irmãos a sua santidade pessoal, fruto da graça de Deus e da sua fiel colaboração. A Imaculada constitui para todos os cristãos um válido apoio na luta contra o pecado e um perene encorajamento a viverem como remidos por Cristo, santificados pelo Espírito e filhos do Pai.

Inserida na primeira comunidade, «Maria, a mãe de Jesus» (Ac 1,14), é por todos respeitada e venerada. Cada um compreende a preeminência d’Aquela que gerou o Filho de Deus, o único e universal Salvador. O carácter virginal da sua maternidade, além disso, permite- lhe testemunhar a extraordinária contribuição para o bem da Igreja, oferecida por quem, renunciando à fecundidade humana por docilidade ao Espírito Santo, se põe completamente ao serviço do Reino de Deus.

Chamada a colaborar de modo íntimo no Sacrifício do Filho e no dom da vida divina à humanidade, Maria continua a sua obra materna depois do Pentecostes. O mistério de amor contido na Cruz inspira o seu ardor apostólico e empenha- a, como membro da Igreja, na difusão da boa nova.

As palavras do Crucificado no Gólgota: «Mulher, eis aí o teu filho» (Jn 19,26), com as quais lhe é reconhecida a função de mãe universal dos crentes, abriram horizontes novos e ilimitados à sua maternidade. O dom do Espírito Santo, recebido no Pentecostes para o exercício dessa missão, leva-a a oferecer a ajuda do seu coração materno a todos os que estão a caminho, rumo à plena realização do Reino de Deus.

5. Membro eminente da Igreja, Maria vive uma relação singular com as pessoas divinas da Santíssima Trindade: com o Pai, com o Filho e com o Espírito Santo. O Concílio, chamando-a «Mãe do Filho de Deus, e por isso [...] filha predilecta do Pai e templo do Espírito Santo» (LG 53), recorda o efeito primeiro da predilecção do Pai que é a maternidade divina.

Consciente do dom recebido, Maria compartilha com os crentes as atitudes de obediência filial e de sentida gratidão, encorajando cada um a reconhecer na própria vida os sinais da benevolência divina.

O Concílio usa a expressão «templo» (sacrarium) do Espírito Santo, querendo pôr em evidência o ligame de presença, de amor e de colaboração que existe entre a Virgem e o Espírito Santo. A Virgem, que já São Francisco de Assis invoca como «esposa do Espírito Santo» (cf. Antífona de «Santa Maria Virgem» em: Fontes Franciscanas, 281), encoraja com o seu exemplo os outros membros da Igreja a entregarem-se, com generosidade, à acção misteriosa do Paráclito e a viverem com Ele em perene comunhão de amor.

Saudações Especiais

Queridos Irmãos e Irmãs!

Saúdo afectuosamente o grupo de Escuteiros de Moimenta da Beira e todos os restantes peregrinos de língua portuguesa, sobre cujas vidas invoco a graça e a paz do Senhor, a fim de permanecerem «sempre alerta, para servir».

Desça, sobre vós e vossos familiares, a minha Bênção.

Acolho com prazer os peregrinos de língua francesa. Em particular, apresento os meus calorosos votos aos Irmãos da Caridade de São Luís. Saúdo muito cordialmente o grupo das «Caravelas» do Movimento das Guias de França; por ocasião da sua peregrinação a Roma, faço-lhes votos por que cresçam na fé e se preparem com entusiasmo para o seu futuro, como mulheres na sociedade e na Igreja.

A todos, concedo de bom grado a Bênção Apostólica.

Tenho a alegria de dar as boas-vindas aos visitantes da «St. John’s University» de Nova Iorque, incluindo os do Centro Universitário em Roma, que recentemente obtiveram a licenciatura. Sobre todos os peregrinos de língua inglesa, de modo especial aos da Escócia, do Japão, das Filipinas e dos Estados Unidos, invoco de coração a alegria e a paz de Jesus Cristo, nosso Salvador.

Saúdo com afecto os peregrinos de língua espanhola que participam nesta audiência, em especial o grupo da Organização Juvenil Espanhola, o coral da Virgem do Mar de Almeria, assim como as jovens do México que completaram os quinze anos de idade, e o grupo «Mariachi Juvenil Guadalupano». Que o exemplo de Maria vos ajude a receber com alegria os dons do Espírito Santo e a responder-lhes com generosidade.

A todos concedo de coração a Bênção Apostólica.

Muito obrigado!

É-me grato acolher os peregrinos provenientes da Lituânia. Caros Irmãos e Irmãs, agradeço a vossa presença e, de coração, desejo-vos que esta viagem vos leve à luz da fé, indicando Jesus como única fonte de esperança. Que a Sua graça realize em cada um a verdadeira conversão, o ardor de se empenhar na via da justiça, da solidariedade e da caridade.

Com estes bons votos vos abençoo, a vós e a todos os vossos entes queridos na pátria.

Louvado seja Jesus Cristo!

Saudações fraternas aos peregrinos eslovacos de Košice, de Kmet’ovo e Vranov. Caros Irmãos e Irmãs, viestes em peregrinação a Roma. Aqui, junto do túmulo do Santo Apóstolo Pedro, podeis revigorar a vossa fé em Jesus Cristo. Aqui, na Basílica do Papa São Clemente, podeis venerar o túmulo de São Cirilo, o qual deu aos vossos antepassados a Sagrada Escritura na sua língua. Estes dois lugares sagrados convidam-vos a orar com mais fervor pela vossa nação, raízes cristãs. Que nenhum de vós perca a confiança em Jesus Cristo!

Por esta intenção oro convosco e, de coração, concedo a minha Bênção Apostólica a vós e à inteira nação eslovaca.

Louvado seja Jesus Cristo!

Dirijo agora cordiais boas-vindas aos peregrinos de língua italiana. Saúdo em particular os grupos folclóricos de diversas Nações, participantes no «Festival della Collina» em Cori (Latina), os membros da Organização Internacional para a Ajuda Cirúrgico-Pediátrica aos Países Emergentes, e os meninos bielo-russos, hóspedes da paróquia São Castrese em Castel Volturno (Caserta).

Caríssimos, faço votos por que estas ocasiões de encontro entre povos de diversas culturas contribuam para intensificar em cada um de vós o conhecimento recíproco, o espírito de fraternidade e de verdadeira solidariedade.

Saúdo depois cordialmente os Jovens, os Doentes e os jovens Casais.

O tempo estivo é propício para revigorar as forças do corpo e do espírito. A vós, caros jovens, faço votos por que aproveiteis as férias para aprofundar o vosso itinerário religioso, na busca de Cristo, Caminho, Verdade e Vida.

A vós, queridos doentes, desejo dias de distensão e de repouso físico e espiritual; e convido-vos, prezados jovens esposos, a dedicar durante o tempo das férias mais espaço à oração e ao diálogo em família.



                                                                               Agosto de 1997


JOÃO PAULO II


AUDIÊNCIA


Quarta-feira 6 de Agosto de 1997

Maria, tipo e modelo da Igreja



Queridos Irmãos e Irmãs,

1. A Constituição dogmática Lumen gentium do Concílio Vaticano II, depois de ter apresentado Maria como «membro eminente e inteiramente singular da Igreja», declara-a «tipo e exemplar perfeitíssimo na fé e na caridade» (LG 53).

Os Padres conciliares atribuem a Maria a função de «tipo», isto é, de figura, «da Igreja», tomando por empréstimo o termo de Santo Ambrósio, o qual se exprime assim no comentário à Anunciação: «Sim, ela (Maria) é noiva, mas virgem, porque é tipo da Igreja, que é imaculada, mas é esposa: virgem concebeu- nos por obra do Espírito, virgem deu-nos à luz sem dor» (In Ev. sec. Luc., II, 7, CCL 14, 33, 102-106). Maria é, portanto, figura da Igreja pela santidade imaculada, a virgindade, o carácter esponsal e a maternidade.

São Paulo serve-se do vocábulo «tipo », para indicar a figura sensível de uma realidade espiritual. Com efeito, ele entrevê, na passagem do povo de Israel através do Mar Vermelho, um «tipo» ou imagem do baptismo cristão e, no maná e na água que brota da rocha, um «tipo » ou imagem do alimento e da bebida eucarística (cf. 1Co 10,1-11).

Definindo Maria tipo da Igreja, o Concílio convida-nos a reconhecer nela a figura visível da realidade espiritual da Igreja e, na sua maternidade sem mácula, o anúncio da maternidade virginal da Igreja.

2. É necessário depois esclarecer que, ao contrário das imagens ou dos tipos do Antigo Testamento, que são apenas prefigurações de realidades futuras, em Maria a realidade espiritual significada já está presente, e de modo eminente.

A passagem através do Mar Vermelho, que lemos no livro do Êxodo, é um evento salvífico de libertação, mas não era certamente um baptismo capaz de remir os pecados e de dar a vida nova. De igual modo o maná, dom precioso de Javé ao seu povo peregrino no deserto, não continha nada da realidade futura da Eucaristia, Corpo do Senhor, nem a água que brotava da rocha, tinha já em si o Sangue de Cristo, derramado pela multidão.

O Êxodo é a grande obra realizada por Javé em favor do Seu povo, mas não constitui a redenção espiritual e definitiva, que será efectuada por Cristo no Mistério pascal.

Aliás, ao referir-se ao culto judaico, Paulo recorda: «Tudo isto não é mais que sombra do que devia vir. A realidade é Cristo» (CL 2,17). Faz-lhe eco a Carta aos Hebreus que, desenvolvendo de maneira sistemática esta interpretação, apresenta o culto da antiga aliança como «uma figura e uma sombra das realidades celestes» (He 8,5).

3. Ao afirmar que Maria é figura da Igreja, o Concílio não tem em vista, portanto, equipará-la às figuras ou tipos do Antigo Testamento, mas antes quer afirmar que nela se realiza plenamente a realidade espiritual anunciada e representada.

Com efeito, a Virgem é figura da Igreja, não enquanto prefiguração imperfeita, mas como plenitude espiritual que se encontrará de vários modos na vida da Igreja. A relação particular que existe aqui entre imagem e realidade representada, encontra o seu fundamento no desígnio divino, que estabelece um estreito ligame entre Maria e a Igreja. O plano de salvação, que ordena as prefigurações do Antigo Testamento ao cumprimento na Nova Aliança, determina outrossim que Maria vive de modo perfeito quanto sucessivamente se realizará na Igreja.

A perfeição que Deus conferiu a Maria adquire, portanto, o seu significado mais autêntico se lida como prelúdio da vida divina na Igreja.

4. Depois de ter afirmado que Maria é «tipo da Igreja», o Concílio acrescenta que Ela é «exemplar perfeitíssimo» dela, exemplo de perfeição para seguir e imitar. Maria, com efeito, é um «exemplar perfeitíssimo», porque a sua perfeição supera a de todos os outros membros da Igreja.

De maneira significativa, o Concílio acrescenta que Ela realiza essa função «na fé e na caridade». Sem esquecer que Cristo é o primeiro modelo, o Concílio sugere desse modo que existem disposições interiores próprias do modelo realizado em Maria, que ajudam o cristão a estabelecer uma relação autêntica com Cristo. De facto, olhando para Maria, o crente aprende a viver em mais profunda comunhão com Cristo, a aderir a Ele com fé viva, a repor n’Ele a sua confiança e a sua esperança, amando- O com a totalidade do seu ser.

As funções de «tipo e modelo da Igreja » fazem referência em particular à maternidade virginal de Maria, e evidenciam a sua posição peculiar na obra da salvação. Esta fundamental estrutura do ser de Maria reflecte-se na maternidade e virgindade da Igreja.



Saudações

Queridos Irmãos e Irmãs!

Amados peregrinos de língua portuguesa, com particular destaque para os fiéis das paróquias de Cinfães e de Viana do Castelo, e para o grupo ítalo-brasileiro do Estado do Espírito Santo: este nosso encontro tem lugar no dia em que é comemorada a Transfiguração do Senhor, que deixara os Apóstolos deslumbrados com a glória divina que n’Ele resplandeceu. Breves momentos de glória, que anunciam outros sem fim, para quem, abraçado à sua Cruz diária, levar amor e servir a paz na vida de seus irmãos.

Que sejais felizes em Cristo!

Acolho com prazer os peregrinos de língua francesa presentes nesta audiência, em particular os jovens com quem me encontrarei em Paris, por ocasião do Dia Mundial da Juventude. Saúdo o grupo de estudantes da Universidade Católica do Líbano, os escuteiros da Bélgica e seminaristas maiores de França. Que a permanência em Roma lhes permita viver em proximidade com o Senhor! A todos concedo de bom grado a Bênção Apostólica.

Com alegria dou as boas-vindas aos membros da Peregrinação a Lourdes, organizada pela Associação de Malta para o Transporte dos Doentes. As minhas saudações dirigem-se também aos peregrinos da Arquidiocese de Atlanta. Sobre todos os visitantes de língua inglesa, especialmente os grupos da Indonésia, de Taiwan e dos Estados Unidos, invoco de todo o coração a alegria e a paz de Jesus Cristo nosso Salvador.

Com afecto saúdo agora os peregrinos de língua espanhola. Em particular, as Religiosas Trinitárias, os fiéis da Paróquia de S. João Evangelista de Peralta (Navarra) e o Instituto de Ciências Religiosas de Valença, assim como os outros grupos vindos de Espanha, México, Bolívia e Argentina. Que Maria, figura da Igreja, vos ajude a viver cada dia com maior intensidade e compromisso a vossa vocação eclesial. Com estes votos, de coração concedo a todos a Bênção Apostólica.

Uma saudação afectuosa aos peregrinos finlandeses. O nosso encontro oferece uma clara imagem da unidade na fé. Deus vos abençoe e à vossa pátria!

Prezados peregrinos da Suécia! Que todos os cristãos possam, quanto antes, louvar juntos o Senhor num só grande coro! Deus vos abençoe e à inteira Suécia.

Apresento cordiais boas-vindas aos peregrinos provenientes da Lituânia. Caríssimos, quero desejar-vos que o hodierno encontro seja para todos um momento particular de graça, para redescobrir Cristo, luz e esperança do mundo, e anunciá-l’O com as generosas obras da caridade fraterna. Com estes bons votos, concedo a cada um de vós e aos vossos familiares a Bênção Apostólica. Louvado seja Jesus Cristo!

Cordiais boas-vindas aos professores da Escola das Irmãs Ursulinas da República Tcheca. A hodierna festa da Transfiguração do Senhor propõe-nos as palavras do Evangelho de Marcos: «Este é o Meu Filho muito amado. Escutai-O!» (9, 7). Obedecendo a Jesus tornamo-nos partícipes da verdadeira transfiguração, a eterna. Concedo-vos de coração a Bênção Apostólica. Louvado seja Jesus Cristo!

Saúdo-vos cordialmente, queridos peregrinos eslovacos de Rimavská Sodota e Prešov, de Žilina, Ronžava e Konská, de Detva, Hlohovec, Lucenec e arredores, assim como os de Podhorany nas proximidades de Nitra. Na festa da Transfiguração do Senhor — há dezanove anos — morreu o Papa do Concílio: Paulo VI. Este Servo de Deus esforçou-se por aproximar o Evangelho da salvação ao homem moderno. Mostrou que isto é possível e sem compromissos. Caros Irmãos e Irmãs, a vossa Nação depois da triste experiência de ateização quer renovar-se. É importante que procure esta renovação em Jesus Cristo. Pois, segundo o desígnio de Deus, é n’Ele que se devem renovar tudo e todos. Colaborai também vós com a graça de Deus, para vos tornardes cada vez mais semelhantes a Jesus Cristo. Vede nisto o sentido da vossa vida. Concedo-vos de coração a Bênção Apostólica.

Louvado seja Jesus Cristo!

Caros jovens da Paróquia catedral de Sarajevo, saúdo-vos cordialmente. Sede bem-vindos! Agradeço-vos esta vossa visita. Ela recorda- me a inesquecível Visita pastoral à vossa cidade, que tive a oportunidade de realizar em Abril passado. Para vós, para todos os habitantes de Sarajevo, da Bósnia-Herzegovina e do inteiro Sudeste da Europa, desejo o dom da paz estável, baseada no respeito dos direitos e da identidade de cada povo. Acompanhe-vos sempre a minha Bênção, que de bom grado faço extensiva às vossas famílias e aos vossos amigos da Acção Católica Italiana. Louvados sejam Jesus e Maria!

Dirijo agora cordiais boas-vindas a todos os peregrinos de língua italiana. Em particular, às Madres-Gerais e às Capitulares da Congregação das Irmãs Franciscanas do Espírito Santo e da Congregação das Religiosas Reparadoras do Sagrado Coração de Jesus, assim como ao grupo de seminaristas que, em Frascati, participam no encontro estivo sobre o tema «Nova evangelização e identidade do ministério sacerdotal».

E agora, como de costume, dirijo um pensamento cordial aos Jovens, aos Doentes e aos jovens Casais.

Hoje, a Liturgia convida-nos a contemplar Jesus transfigurado no Monte Tabor. Caros jovens, tende sempre fixo o olhar no rosto esplendente de Deus, que ilumina os eventos de cada dia.

A Transfiguração seja para vós, queridos doentes, um sinal de esperança que vos encoraja a entrever, para além do sofrimento, a glória de Cristo ressuscitado.

E vós, prezados jovens esposos, sabei fundar solidamente a vossa nascente família em Deus, que é Amor, certos de que Ele vos guiará com a Sua luz em cada passo da vossa existência.

A todos a minha Bênção.




AUDIÊNCIAS 1997