AUDIÊNCIAS 1997

JOÃO PAULO II


AUDIÊNCIA


Quarta-feira 17 de Setembro de 1997

Maria, Mãe da Igreja


Caríssimos Irmãos e Irmãs

1. O Concílio Vaticano II, depois de ter proclamado Maria «membro eminente », «tipo» e «modelo» da Igreja, afirma: «A Igreja católica, ensinada pelo Espírito Santo, consagra-lhe, como a mãe amantíssima, filial afecto de piedade» (LG 53).

Na verdade, o texto conciliar não atribui explicitamente à Virgem o título de «Mãe da Igreja», porém enuncia, de modo incontestável, o seu conteúdo, retomando uma declaração feita, há mais de dois séculos, em 1748, pelo Papa Bento XIV (Bullarium romanum, série 2, t. 2, n. 61, pág. 428).

Nesse documento, o meu venerado Predecessor, ao descrever os sentimentos filiais da Igreja que reconhece em Maria a sua mãe amantíssima, proclama- a, de modo indirecto, Mãe da Igreja.

2. O uso desse apelativo foi bastante raro no passado, mas recentemente tornou- se mais comum nos pronunciamentos do Magistério da Igreja e na piedade do Povo cristão. Os fiéis invocavam Maria, antes de tudo, com os títulos de «Mãe de Deus», «Mãe dos fiéis» ou «nossa Mãe», para pôr em evidência a relação pessoal com cada um dos seus filhos.

Em seguida, graças à maior atenção reservada ao mistério da Igreja e às relações de Maria com ela, começou-se a invocar com mais frequência a Virgem como «Mãe da Igreja».

A expressão, antes do Concílio Vaticano II, está presente no Magistério do Papa Leão XIII, onde se afirma que Maria foi «em toda a verdade mãe da Igreja » (Acta Leonis XIII, 15, 302). Sucessivamente, o apelativo foi usado várias vezes nos ensinamentos de João XXIII e de Paulo VI.

3. Ainda que tenha sido atribuído a Maria tardiamente, o título de «Mãe da Igreja», exprime a relação materna da Virgem com a Igreja, como é ilustrada já nalguns textos do Novo Testamento.

Maria, desde a Anunciação, é chamada a oferecer o seu consentimento ao advento do Reino messiânico, que se cumprirá com a formação da Igreja.

Maria em Caná, ao pedir ao Filho o exercício do poder messiânico, oferece um contributo fundamental para a radicação da fé na primeira comunidade dos discípulos e coopera na instauração do Reino de Deus, que tem o seu «germe » e «início» na Igreja (cf. LG LG 5).

No Calvário Maria, unindo-se ao sacrifício de seu Filho, oferece à obra da salvação o próprio contributo materno, que assume a forma de um parto doloroso, o parto da nova humanidade.

Ao dirigir-se a Maria com as palavras «Mulher, eis aí o teu filho», o Crucificado proclama-lhe a maternidade não só em relação ao apóstolo João, mas também para com todos os discípulos. O mesmo Evangelista, afirmando que Jesus devia morrer «para trazer à unidade os filhos de Deus que andavam dispersos » (Jn 11,52), indica no nascimento da Igreja o fruto do sacrifício redentor, ao qual Maria está maternalmente associada.

O Evangelista São Lucas faz referência à presença da Mãe de Jesus no seio da primeira comunidade de Jerusalém (Ac 1,14). Ressalta assim o papel materno de Maria em relação à Igreja nascente, em analogia com aquele por Ela exercido no nascimento do Redentor. A dimensão materna torna-se assim elemento fundamental da relação de Maria com o Povo novo dos remidos.

4. Seguindo a Sagrada Escritura, a doutrina patrística reconhece a maternidade de Maria em relação à obra de Cristo e, portanto, da Igreja, ainda que em termos nem sempre explícitos.

Segundo Santo Ireneu, Maria «tornou- se causa de salvação para o inteiro género humano» (Haer. 3, 22, 4; ) e o seio puro da Virgem «regenera os homens em Deus» (Haer. 4, 33, 11; ). Fazem-lhe eco Santo Ambrósio que afirma: «Uma Virgem gerou a salvação do mundo, uma Virgem deu a vida a todas as coisas» (Ep 63,33 PL Ep 16,174), e outros Padres que dão a Maria o título de «Mãe da salvação» (Severiano de Gábala, Or. 6 de mundi creatione, 10, Fausto de Riez, Max. Bibl. Patrum VI, 620-621).

Na Idade Média, Santo Anselmo assim se dirige a Maria: «Tu és a mãe da justificação e dos justificados, a mãe da reconciliação e dos reconciliados, a mãe da salvação e dos salvados» (Or. 52, 8; PL 158, 957), enquanto outros autores lhe atribuem os títulos de «Mãe da graça » e «Mãe da vida».

5. O título «Mãe da Igreja» reflecte, portanto, a profunda convicção dos fiéis cristãos, que vêem em Maria não só a mãe da pessoa de Cristo, mas também dos fiéis. Aquela que é reconhecida como mãe da salvação, da vida e da graça, mãe dos salvados e dos viventes, com todo o direito é proclamada Mãe da Igreja.

O Papa Paulo VI tinha desejado que o próprio Concílio Vaticano II proclamasse «Maria Mãe da Igreja, isto é, de todo o Povo de Deus, tanto dos fiéis como dos Pastores». Ele mesmo o fez no discurso de encerramento da terceira sessão conciliar (21 de Novembro de 1964), pedindo igualmente que «de agora em diante, com esse título dulcíssimo a Virgem seja ainda mais honrada e invocada por todo o Povo cristão» (AAS 1964, 37).

Deste modo, o meu venerado Predecessor enunciava explicitamente a doutrina já contida no capítulo VIII da Lumen gentium, fazendo votos por que o título de Maria, Mãe da Igreja, adquirisse um lugar sempre mais relevante na liturgia e na piedade do Povo cristão.



Saudações

Caríssimos Irmãos e Irmãs!

Saúdo cordialmente os ouvintes de língua portuguesa nomeados, com votos de felicidades, em Nosso Senhor Jesus Cristo, com a sua graça, paz e alegria.

Em particular saúdo um grupo de visitantes do Brasil e outro da Marinha brasileira: Senhor Comandante, Oficiais, Cadetes e tripulação do Navio-escola «Brasil» que, em visita oficial ao porto de Nápoles, quis prestar sua homenagem ao Sucessor de Pedro.

A longa viagem que realizam, faz experimentar a realidade de que os mares unem os continentes numa só família, oferecendo também a ocasião de estreitar novas e enriquecedoras relações humanas.

Faço votos por que a visita a Roma e ao Túmulo de São Pedro possa repercutir na vida pessoal e religiosa de cada um.

Ao rogar-lhes que levem minhas mais sinceras felicitações às suas famílias e amigos, invoco a contínua assistência de Deus e da Virgem Santíssima e a todos abençoo de coração, na feliz expectativa da minha próxima viagem ao Brasil no início do mês que vem, para o Encontro com as Famílias no Rio de Janeiro.

Dirijo um particular pensamento aos Jovens, aos Doentes e aos jovens Casais.

No início de um novo ano escolar convido-vos, caros jovens, a viver o empenho do estudo como singular oportunidade de desenvolvimento dos talentos que o Senhor vos confiou para o bem de todos. A Virgem das Dores, que há alguns dias recordámos na liturgia, vos ajude, queridos doentes, a colher do sofrimento uma especial chamada a fazer da existência uma missão em prol da salvação dos irmãos; vos sustente, prezados jovens esposos, em aceitar as cruzes quotidianas como ocasiões providenciais de crescimento e de purificação do vosso amor.



JOÃO PAULO II


AUDIÊNCIA


Quarta-feira 24 de Setembro de 1997

A intercessão celeste da Mãe da graça divina




Queridos Irmãos e Irmãs,

1. Maria é mãe da humanidade na ordem da Graça. O Concílio Vaticano II põe em evidência este papel de Maria, ligando-o à sua cooperação na redenção de Cristo.

Ela «por disposição da divina Providência foi na terra a nobre Mãe do divino Redentor, a Sua mais generosa cooperadora e a escrava humilde do Senhor » (LG 61).

Com tais afirmações, a Constituição Lumen gentium quer pôr no seu justo relevo o facto de a Virgem ter sido intimamente associada à obra redentora de Cristo, tornando-se «a mais generosa cooperadora » do Salvador. Mediante os gestos de toda a mãe, desde os mais ordinários até aos mais empenhativos, Maria coopera livremente na obra da salvação da humanidade, em profunda e constante sintonia com o seu divino Filho.

2. O Concílio ressalta, além disso, que a cooperação de Maria foi animada pelas virtudes evangélicas da obediência, da fé, da esperança e da caridade, e se realizou sob o influxo do Espírito Santo. Recorda, também, que precisamente dessa cooperação lhe deriva o dom da maternidade espiritual universal: associada a Cristo na obra da redenção, que inclui a regeneração espiritual da humanidade, tornou-se mãe dos homens renascidos para a vida nova.

Afirmando que Maria é «para nós mãe na ordem da graça» (cf. ibid.), o Concílio põe em relevo que a sua maternidade espiritual não se limita só aos discípulos, como se se devesse interpretar em sentido restritivo a frase pronunciada por Jesus no Calvário: «Mulher, eis aí o teu filho» (Jn 19,26). Com essas palavras, com efeito, o Crucificado, estabelecendo uma relação de intimidade entre Maria e o discípulo predilecto, figura- modelo em escala universal, queria oferecer a Sua mãe como mãe a todos os homens.

Por outro lado, a eficácia universal do sacrifício redentor e a cooperação consciente de Maria na oferenda sacrifical de Cristo, não permitem uma limitação do seu amor materno.

Esta missão materna universal de Maria é exercida no contexto da sua singular relação com a Igreja. Com a sua solicitude para com todos os cristãos, ou melhor, com cada criatura, Ela guia a fé da Igreja para um acolhimento sempre mais profundo da Palavra de Deus, sustentando-lhe a esperança, animando a sua caridade e a comunhão fraterna e encorajando o dinamismo apostólico.

3. Durante a sua vida terrena, Maria manifestou a sua maternidade espiritual para com a Igreja durante um tempo muito breve. Contudo, esta sua função apareceu com todo o seu valor depois da Assunção, e está destinada a prolongar- se nos séculos até ao fim do mundo. O Concílio afirma expressamente: «Esta maternidade de Maria na economia da graça perdura sem interrupção, desde o consentimento, que fielmente deu na Anunciação e que manteve inabalável junto à cruz, até à consumação eterna de todos os eleitos» (LG 62).

Tendo entrado no reino eterno do Pai, mais próxima do divino Filho e, portanto, de todos nós, Ela pode exercer no Espírito, de maneira mais eficaz, a função de intercessão materna que lhe foi confiada pela Providência divina.

4. Próxima de Cristo e em comunhão com Ele, que «pode salvar perpetuamente os que por Ele se aproximam de Deus, vivendo sempre para interceder em seu favor» (He 7,25), o Pai celeste quis pôr Maria: à intercessão sacerdotal do Redentor quis unir a intercessão materna da Virgem. Trata-se de uma função que Ela exerce em benefício daqueles que estão em perigo e têm necessidade de favores temporais e, sobretudo, da salvação eterna: «Cuida, com amor materno, dos irmãos de seu Filho que, entre perigos e angústias, caminham ainda na terra, até chegarem à pátria bem-aventurada. Por isso, a Virgem é invocada na Igreja com os títulos de advogada, auxiliadora, socorro, medianeira » (LG 62).

Estes apelativos, sugeridos pela fé do povo cristão, ajudam a compreender melhor a natureza da intervenção da Mãe do Senhor na vida da Igreja e de cada um dos fiéis.

5. O título de «Advogada» remonta a Santo Ireneu. Ao tratar da desobediência de Eva e da obediência de Maria, ele afirma que no momento da Anunciação «a Virgem Maria se tornou a Advogada» de Eva (Haer. 5, 19, 1; ). Com efeito, com o seu «sim» defendeu e libertou a progenitora das consequências da sua desobediência, tornando- se causa de salvação para ela e para todo o género humano.

Maria exerce o seu papel de «Advogada », cooperando quer com o Espírito Paráclito, quer com Aquele que na cruz intercedia pelos Seus perseguidores (cf. Lc Lc 23,34) e ao Qual João chama o nosso «advogado junto do Pai» (1Jn 2,1). Como mãe, Ela defende os seus filhos e protege-os contra os danos causados pelas suas próprias culpas.

Os cristãos invocam Maria como «Auxiliadora », reconhecendo-lhe o amor materno que vê as necessidades dos seus filhos e está pronto a intervir em ajuda deles, sobretudo quando está em jogo a salvação eterna.

A convicção de que Maria está próxima de quantos sofrem ou se encontram em situações de grave perigo, sugeriu aos fiéis invocá-la como «Socorro». A mesma confiante certeza é expressa pela mais antiga oração mariana, com as palavras: «Sob a vossa protecção recorremos a vós, Santa Mãe de Deus: não desprezeis as súplicas de nós que estamos na prova, e livrai-nos sempre de todos os perigos, ó Virgem gloriosa e bendita! » (Do Breviário Romano).

Como Medianeira materna, Maria apresenta a Cristo os nossos desejos, as nossas súplicas e transmite-nos os dons divinos, intercedendo continuamente em nosso favor.



                                                                             Outubro de 1997

   JOÃO PAULO II


AUDIÊNCIA


1 de Outubro de 1997

Maria Medianeira




1. Entre os títulos atribuídos a Maria no culto da Igreja, o capítulo VIII da Lumen gentium recorda o de «Medianeira ». Embora alguns Padres conciliares não compartilhassem plenamente essa escolha (cf. Acta Synodalia III, 8, 163-164), este apelativo foi inserido de igual modo na Constituição dogmática sobre a Igreja, como confirmação do valor da verdade que ele exprime. Teve-se, porém, o cuidado de não o ligar a nenhuma particular teologia da mediação, mas de o elencar apenas entre os outros títulos reconhecidos a Maria.

O texto conciliar, além disso, refere-se já ao conteúdo do título de «Medianeira » quando afirma que Maria, «com a sua multiforme intercessão, continua a alcançar-nos os dons da salvação eterna » (LG 62).

Como recordo na Encíclica Redemptoris mater, «a mediação de Maria está intimamente ligada à sua maternidade e possui um carácter especificamente maternal, que a distingue da mediação das outras criaturas» (n. 38).

Deste ponto de vista, Ela é única no seu género e singularmente eficaz.

2. Às dificuldades manifestadas por alguns Padres conciliares acerca do termo «Medianeira», o mesmo Concílio cuidou de responder, afirmando que Maria é «para nós a Mãe na ordem da graça» (LG 61). Recordamos que a mediação de Maria se qualifica fundamentalmente pela sua maternidade divina. O reconhecimento do papel de Medianeira está, além disso, implícito na expressão «nossa Mãe», que propõe a doutrina da mediação mariana, pondo em evidência a maternidade. Por fim, o título «Mãe na ordem da graça» esclarece que a Virgem coopera com Cristo no renascimento espiritual da humanidade.

3. A mediação materna de Maria não ofusca a única e perfeita mediação de Cristo.

O Concílio, com efeito, depois de ter mencionado Maria «Medianeira», desvela-se em esclarecer: «Mas isto entende- se de maneira que nada tire nem acrescente à dignidade e eficácia do único Mediador, que é Cristo» (LG 62). E a respeito disto, cita o conhecido texto da Primeira Carta a Timóteo: «Porque há um só Deus e um só Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo Homem, que Se entregou em resgate por todos» (2, 5-6). O Concílio afirma, além disso, que «a função maternal de Maria em relação aos homens de modo algum ofusca ou diminui esta única mediação de Cristo; antes, manifesta a sua eficácia» (LG 60).

Longe, portanto, de ser um obstáculo ao exercício da única mediação de Cristo, Maria põe antes em evidência a sua fecundidade e a sua eficácia. «Com efeito, todo o influxo salvador da Virgem Santíssima sobre os homens se deve ao beneplácito divino e não a qualquer necessidade; deriva da abundância dos méritos de Cristo, funda-se na Sua mediação e dela depende inteiramente, haurindo aí toda a sua eficácia» (LG 60).

4. De Cristo deriva o valor da mediação de Maria e, portanto, o influxo salvador da Bem-aventurada Virgem «de modo nenhum impede a união imediata dos fiéis com Cristo, antes a favorece» (ibid.).

A intrínseca orientação da obra da «Medianeira» a Cristo impele o Concílio a recomendar aos fiéis recorrer a Maria, «para mais intimamente aderirem com esta ajuda materna, ao seu Mediador e Salvador» (LG 62).

Ao proclamar Cristo como único Mediador (cf. 1Tm 2,5-6), o texto da Carta de São Paulo a Timóteo exclui qualquer outra mediação paralela, mas não uma mediação subordinada. Com efeito, antes de ressaltar a única e exclusiva mediação de Cristo, o autor recomenda «que se façam súplicas, orações, petições e acções de graças por todos os homens... » (2, 1). Não são porventura as orações uma forma de mediação Antes, segundo São Paulo, a única mediação de Cristo é destinada a promover outras mediações dependentes e ministeriais. Proclamando a unicidade da mediação de Cristo, o Apóstolo só tende a excluir toda a mediação autónoma ou concorrente, mas não outras formas compatíveis com o valor infinito da obra do Salvador.

5. É possível participar na mediação de Cristo em diversos âmbitos da obra da salvação. A Lumen gentium, depois de ter afirmado que «nenhuma criatura se pode equiparar ao Verbo encarnado e Redentor», ilustra como é possível às criaturas exercer algumas formas de mediação, em dependência de Cristo. Com efeito, afirma: «Assim como o sacerdócio de Cristo é participado de diversos modos pelos ministros e pelo povo fiel, e assim como a bondade de Deus, sendo uma só, se difunde variamente pelos seres criados, assim também a mediação única do Redentor não exclui, antes suscita nas criaturas cooperações diversas, que participam dessa única fonte» (LG 62).

Nesta vontade de suscitar participações na única mediação de Cristo, manifesta- se o amor gratuito de Deus que quer compartilhar aquilo que possui.

6. Na verdade, o que é a mediação materna de Maria senão um dom do Pai à humanidade Eis por que o Concílio conclui: «Esta função subordinada de Maria, não hesita a Igreja em proclamála; sente-a constantemente e inculca-a nos fiéis...» (ibid.).

Maria desempenha a sua acção materna em contínua dependência da mediação de Cristo e d’Ele recebe tudo o que o seu coração desejar transmitir aos homens. Na sua peregrinação terrena, a Igreja experimenta «continuamente» a eficácia da acção da «Mãe na ordem da graça».

Saudações

Caríssimos Irmãos e Irmãs!

Saúdo os peregrinos de língua portuguesa, nomeadamente um grupo de brasileiros aqui presentes. Já na perspectiva imediata do Segundo Encontro Mundial com as Famílias, peço a todos que rezem pelos frutos da minha Viagem ao Brasil. Será uma oportunidade inigualável de reflexão, de testemunho e de oração para que tantas famílias cristãs e não cristãs se compenetrem sempre mais dos valores centrais da mútua doação dos cônjuges e do amor pelos filhos, que estão na base destes núcleos prioritários da sociedade humana.

Pelas famílias cristãs que terei a alegria de encontrar a partir de amanhã no Rio de Janeiro e por aquelas que acompanharão o acontecimento pelos meios de comunicação, faço votos de que o Senhor lhes conceda o dom de ser testemunhas vivas do mistério do amor de Cristo e da Igreja, pelo bem de todos os povos e nações. A Virgem Aparecida, que na Catequese de hoje acabamos de contemplar na sua função de Mediadora, seja portadora de paz e de concórdia em todos os lares, com as bênçãos de Deus.

Dirijo, além disso, uma especial saudação aos Jovens, aos Doentes e aos jovens Casais.

Muitos são os motivos de reflexão e de oração que esta manhã quereria propor-vos. Antes de tudo, o agradecimento ao Senhor pelo Congresso Eucarístico Nacional de Bolonha, que se concluiu domingo passado e foi um coral testemunho de fé no mistério da Eucaristia. Em segundo lugar, a recordação de Santa Teresa do Menino Jesus, jovem claustral de Lisieux, que no próximo dia 19 de Outubro proclamarei Doutora da Igreja. A sua memória litúrgica hodierna introduz-nos no mês dedicado às Missões e convida-nos a tomar sempre mais viva consciência da nossa vocação missionária.

Depois, amanhã partirei para o Brasil, a fim de participar no Encontro Mundial com as Famílias, que se realizará no Rio de Janeiro nos próximos dias 4 e 5 de Outubro. Ele constituirá uma nova oportunidade para repropor os valores fundamentais da recíproca doação dos cônjuges, do amor para com os filhos e do serviço à vida. Peço a todos vós que unais as vossas orações, caros jovens, queridos doentes e especialmente vós, prezados jovens esposos, a fim de que Deus conceda às famílias cristãs a graça de testemunharem com alegre compromisso o mistério de Deus e da Igreja, para o bem da humanidade inteira. A todos a minha Bênção.

Apelo em favor da paz na Argélia e no Congo-Brazzaville:

No mês de Outubro, que inicia precisamente hoje, a oração do Rosário levar- nos-á muitas vezes a invocar Maria Rainha da Paz. A Ela confio em particular as martirizadas populações da Argélia.

Por intercessão da Virgem Santa, peçamos ao Senhor que se encontrem a vontade e os modos para romper a atroz cadeia de violência e sanar as inúmeras e profundas feridas!

Ao mesmo tempo, convido-vos a orar pelo Congo-Brazzaville, onde o já longo e sangrento conflito conhece nestas semanas uma nova recrudescência, enquanto a mediação nacional e internacional não progride. Exorto vivamente os contendentes e a comunidade internacional a encontrarem um entendimento pacífico, antes que o país e a população sofram destruições e lutos maiores. Faço votos por que se chegue rapidamente ao «cessar-fogo», como primeiro passo para uma solução negociada da crise.



JOÃO PAULO II


AUDIÊNCIA


8 de Outubro de 1997

A «via» privilegiada da família




1. «Família: dom e compromisso, esperança da humanidade»: foi este o tema do II Encontro Mundial com as Famílias, que se realizou nos dias passados no Rio de Janeiro, no Brasil. Trago ainda nos olhos e no espírito as imagens e as emoções deste evento, que constitui uma das etapas mais significativas do caminho da Igreja rumo ao Grande Jubileu do Ano 2000.

Estou profundamente grato a Deus que, depois da Jornada Mundial da Juventude em Paris, me concedeu a alegria de viver este encontro com as famílias. Ao lado dos jovens, a família! Sim, porque se é verdade que os jovens são o futuro, é verdade também que não há futuro da humanidade sem a família. As novas gerações, para assimilar os valores que dão sentido à existência, têm necessidade de nascer e de crescer naquela comunidade de vida e de amor, que o próprio Deus quis para o homem e para a mulher, naquela «igreja doméstica » que constitui a arquitectura divina e humana, prevista para o desenvolvimento harmonioso de cada novo ser nascido sobre a terra.

O Encontro com as famílias do mundo ofereceu-me a feliz ocasião de visitar pela terceira vez a terra brasileira. Pude assim encontrar-me de novo com aquele povo tão caro à Igreja e a mim pessoalmente, povo rico de história, de cultura, de humanidade, assim como de fé e de esperança. A cidade do Rio de Janeiro, símbolo das belezas do Brasil e também das suas contradições, ofereceu ao encontro um ambiente bastante significativo, caracterizado por múltiplas pertenças étnicas e culturais. Do alto do Corcovado a grande estátua de Cristo, com os braços abertos, parecia dizer às famílias do mundo inteiro: Vinde a Mim!

Dirijo um deferente pensamento ao Presidente da República, com quem tive no Rio um colóquio cordial: a ele, assim como às Autoridades civis e militares da Nação, renovo a expressão da minha gratidão pelo acolhimento caloroso. Também ao Cardeal Eugênio de Araújo Sales, Arcebispo de São Sebastião do Rio de Janeiro, e ao Episcopado brasileiro, empenhado com coragem em favor da causa da família, exprimo o meu reconhecimento, que faço extensivo a quantos colaboraram para esta grande festa do amor e da vida. Invoco sobre o povo brasileiro a constante bênção do Senhor para que, com o empenho de todos, a Nação possa crescer na justiça e na solidariedade.

2. O do Rio foi o segundo grande encontro mundial das famílias com o Papa. O primeiro teve lugar em Roma em 1994, por ocasião do Ano internacional da Família. Estes encontros, que a Igreja marca em escala mundial, exprimem a vontade e o empenho do Povo de Deus em caminhar unido numa «via» privilegiada: a «via» do Evangelho, a «via» da paz, a «via» dos jovens e, neste caso, a «via» da família.

Sim, a família é de modo eminente «via da Igreja», que reconhece nela um elemento essencial e imprescindível do desígnio de Deus para a humanidade. A família é lugar privilegiado de desenvolvimento pessoal e social. Quem promove a família, promove o homem; quem a ataca, ataca o homem. Sobre a família e sobre a vida se joga hoje um desafio fundamental que atinge a própria dignidade do homem.

3. Por esta razão a Igreja sente a necessidade de testemunhar a todos a beleza do desígnio de Deus para a família, indicando nela a esperança da humanidade. A grande assembleia do Rio de Janeiro teve esta finalidade: proclamar diante do mundo a «boa nova» sobre a família. É um testemunho que foi dado por homens e mulheres, pais e filhos de culturas e línguas diversas, irmanados entre si pela adesão ao Evangelho do amor de Deus em Cristo.

Matrimónio e família foram objecto de reflexão aprofundada no Congresso Teológico-Pastoral, que tive o prazer de concluir, dirigindo aos participantes um discurso sobre a centralidade que estes temas devem assumir na pastoral da Igreja.

No Rio, no grande Estádio do Maracanã, assistiu-se, por assim dizer, à «sinfonia » da família: sinfonia única, mas que se expressou segundo modalidades culturais diversas. Fundamento comum de todas as experiências era sempre o sacramento do matrimónio, tal como a Igreja o conserva tendo como base a Revelação divina.

Nas celebrações eucarísticas — na Catedral, mas sobretudo naquela de domingo, no Aterro do Flamengo — ressoaram as palavras da Sagrada Escritura que constituem a base da concepção cristã da família, palavras escritas no Livro do Génesis e confirmadas por Cristo no Evangelho: «O Criador, desde o princípio, fê-los homem e mulher, e disse: “Por isso o homem deixará o pai e a mãe, e se unirá à sua mulher, e serão os dois uma só carne”» (Mt 19,4-5). «Portanto — acrescenta Jesus — já não são dois, mas uma só carne. Pois bem, o que Deus uniu, não o separe o homem » (Mt 19,6), Esta é a verdade sobre o matrimónio, sobre o qual se funda a verdade da família. Aqui está o segredo do seu feliz êxito e também a fonte da sua missão, que é fazer resplandecer no mundo um reflexo do amor de Deus Uno e Trino, Criador e Redentor da vida.

O encontro do Rio tornou-se assim uma eloquente «epifania» da família, que se mostrou na variedade das suas expressões contingentes, mas também na unicidade da sua identidade substancial: a de uma comunhão de amor, fundada sobre o matrimónio e chamada a ser santuário da vida, pequena igreja, célula da sociedade. Do Estádio do Maracanã do Rio de Janeiro, que se tornou quase uma imensa catedral, foi lançada ao mundo inteiro uma mensagem de esperança substantificada de experiências vividas: é possível e jubiloso, ainda que empenhativo, viver o amor

fiel, aberto à vida; é possível participar na missão da Igreja e na construção da sociedade. Esta mensagem desejo hoje fazê-la ressoar, no termo da sexta viagem internacional deste ano. Graças à ajuda de Deus e à especial protecção de Maria, Rainha da Família, a experiência vivida no Rio de Janeiro sirva como penhor do renovado caminho da Igreja pela «via» privilegiada da família, e de igual modo seja auspício de uma crescente atenção por parte da sociedade à causa da família, que é a causa mesma do homem e da civilização.

Saudações especiais

Amados peregrinos de língua portuguesa, queridos brasileiros!

Daqui renovo a expressão da minha gratidão ao Senhor Presidente da República do Brasil, aos Senhores Bispos brasileiros e a quantos colaboraram na realização daquela Festa do amor e da vida, nomeadamente ao Pontifício Conselho para a Família, e invoco sobre as famílias do mundo inteiro, com menção particular da família dos presentes nesta Audiência, as maiores bênçãos de Deus.

Dirijo agora uma saudação a todos os peregrinos de língua italiana, em particular aos Jovens, aos Doentes e aos jovens Casais.

O mês de Outubro é dedicado de modo especial ao santo Rosário, antiga e popularíssima oração mariana.

Caros jovens, aprendei através da meditação dos mistérios do Rosário, a conhecer Cristo de modo cada vez mais profundo; vós, queridos doentes, sabei acolher, em união espiritual com Maria Santíssima, os mistérios cristãos da alegria e da dor que impedem os mistérios da glória; e vós, prezados jovens esposos, não deixeis de alimentar, especialmente neste mês de Outubro, a vossa comunhão conjugal com a recitação do Rosário na intimidade da vossa nova família. A todos a minha Bênção.



JOÃO PAULO II


AUDIÊNCIA


Quarta-feira 15 de Outubro de 1997

O culto da Bem-aventurada Virgem


Caríssimos Irmãos e Irmãs:

1. «Ao chegar a plenitude dos tempos, Deus enviou o seu Filho, nascido de mulher...» (Ga 4,4). O culto mariano funda-se sobre a admirável decisão divina de ligar para sempre, como recorda o apóstolo Paulo, a identidade humana do Filho de Deus a uma mulher, Maria de Nazaré.

O mistério da maternidade divina e da cooperação de Maria na obra redentora suscita nos crentes de todos os tempos uma atitude de louvor, quer para com o Salvador quer Àquela que O gerou no tempo, cooperando assim na redenção.

Um ulterior motivo de reconhecido amor pela Bem-aventurada Virgem é oferecido pela sua maternidade universal. Ao escolhê-la como Mãe da humanidade inteira, o Pai celeste quis revelar a dimensão, por assim dizer materna, da Sua ternura divina e da Sua solicitude pelos homens de todas as épocas.

No Calvário, Jesus com as palavras: «Eis aí o teu filho», «Eis aí a tua mãe» (Jn 19,26-27), dava Maria já antecipadamente a todos aqueles que haveriam de receber a boa nova da salvação e estabelecia assim as premissas do Seu afecto filial por Ela. Seguindo João, os cristãos prolongariam, com o culto, o amor de Cristo pela Sua mãe, acolhendo-a na própria vida.

2. Os textos evangélicos dão testemunho da presença do culto mariano desde os primórdios da Igreja. Os dois primeiros capítulos do Evangelho de São Lucas parecem recolher a atenção particular dos judeus cristãos para com a Mãe de Jesus, os quais manifestavam o seu apreço por Ela e conservavam ciosamente as suas memórias.

Nas narrações da infância, além disso, podemos captar as expressões iniciais e as motivações do culto mariano, sintetizadas nas exclamações de Isabel: «Bendita és tu entre as mulheres... Feliz daquela que acreditou que teriam cumprimento as coisas que lhe foram ditas da parte do Senhor!» (Lc 1,42 Lc 1,45).

Traços de uma veneração já difundida na primeira comunidade cristã estão presentes no cântico do Magnificat: «Todas as gerações me hão-de chamar ditosa » (Lc 1,48). Ao colocar nos lábios de Maria essa expressão, os cristãos reconheciam- lhe uma grandeza singular, que haveria de ser proclamada até ao fim do mundo.

Além disso, os testemunhos evangélicos (cf. Lc Lc 1,34-35 Jo Mt 1,13), as primeiras fórmulas de fé e uma passagem de Santo Inácio de Antioquia (cf. Smirn. 1, 2: SC 10,155), confirmam a particular admiração das primeiras comunidades pela virgindade de Maria, intimamente ligada ao mistério da Encarnação.

O Evangelho de João, indicando a presença de Maria no início e no fim da vida pública do Filho, deixa supor entre os primeiros cristãos uma consciência viva do papel exercido por Maria na obra da Redenção, em plena dependência de amor por Cristo.

3. O Concílio Vaticano II, ao ressaltar o carácter particular do culto mariano, afirma: «Exaltada por graça do Senhor e colocada, logo a seguir a seu Filho, acima de todos os anjos e homens, Maria que, como mãe santíssima de Deus, tomou parte nos mistérios de Cristo, é com razão venerada pela Igreja com culto especial» (LG 66).

Ao aludir, depois, à oração mariana do terceiro século «Sub tuum praesidium » — «Sob a tua protecção» —, acrescenta que essa peculiaridade emerge desde o início: «Na verdade, a Santíssima Virgem é, desde os tempos mais antigos, honrada com o título de Mãe de Deus, e sob a sua protecção se acolhem os fiéis, em todos os perigos e necessidades » (ibid.).

4. Esta afirmação encontra confirmação na iconografia e na doutrina dos Padres da Igreja, desde o segundo século. Em Roma, nas catacumbas de Priscila, é possível admirar a primeira representação de Nossa Senhora com o Menino, enquanto no mesmo tempo São Justino e Santo Ireneu falam de Maria como da nova Eva que, com a fé e a obediência, repara a incredulidade e a desobediência da primeira mulher. Segundo o Bispo de Lião, não era suficiente que Adão fosse resgatado em Cristo, mas «era justo e necessário que Eva fosse restaurada em Maria» (Dem., 33). Ele sublinha desse modo a importância da mulher na obra de salvação e põe como fundamento aquela inseparabilidade entre o culto mariano e o culto atribuído a Jesus, que percorrerá os séculos cristãos.

5. O culto mariano expressou-se inicialmente na invocação de Maria como «Theotokos», título que teve confirmação autorizada, depois da crise nestoriana, pelo Concílio de Éfeso que se realizou no ano 431.

A mesma reacção popular à posição ambígua e oscilante de Nestório, que chegou a negar a maternidade divina de Maria, e o sucessivo acolhimento jubiloso das decisões do Sínodo Efésio confirmam a radicação do culto da Virgem entre os cristãos. Todavia, «foi sobretudo a partir do Concílio de Éfeso que o culto do Povo de Deus para com Maria cresceu admiravelmente, na veneração e no amor, na invocação e na imitação...» (LG 66). Ele expressou-se de modo especial nas festas litúrgicas, entre as quais, desde o início do século V, assumiu particular relevo «o dia de Maria Theotokos», celebrado a 15 de Agosto em Jerusalém e que se tornou sucessivamente a festa da «Dormitio» ou da Assunção.

Sob a influência do «Protoevangelho de Tiago» foram, além disso, instituídas as festas da Natividade, da Conceição e da Apresentação, que contribuíram de maneira notável para evidenciar alguns importantes aspectos do mistério de Maria.

6. Podemos bem dizer que o culto mariano se desenvolveu até aos nossos dias em admirável continuidade, alternando- se períodos florescentes e períodos críticos que, contudo, tiveram muitas vezes o mérito de promover ainda mais a sua renovação. Após o Concílio Vaticano II, o culto mariano parece destinado a desenvolver-se em harmonia com o aprofundamento do mistério da Igreja e em diálogo com as culturas contemporâneas, para se arraigar sempre mais na fé e na vida do povo de Deus peregrino sobre a terra.

Saudações

Caríssimos Irmãos e Irmãs!

Saúdo os peregrinos de língua portuguesa que me escutam pela Rádio e pela Televisão, nomeadamente um grupo de visitantes brasileiros. Na recordação dos dias passados no Rio para o Encontro com as Famílias, faço votos de que haja sempre muita paz nos vossos lares, esforçando-vos por vencer qualquer resistência à reconciliação, ao respeito mútuo e ao amor fraterno. E que Deus vos abençoe!

Dirijo agora um pensamento especial aos Jovens, aos Doentes e aos jovens Casais aqui presentes, e convido-os a dirigir o olhar a Santa Teresa de Ávila, cuja memória litúrgica hoje celebramos.

Caros jovens, o exemplo desta grande contemplativa constitua para vós um convite a revigorar cada dia o vosso espírito de oração.

A assídua meditação da Paixão de Cristo, que deu à Santa Teresa a força para superar todas as provas, vos sustenha, queridos doentes, e vos torne capazes de oferecer a Deus, com ânimo generoso, o precioso sacrifício do sofrimento.

A intercessão de Santa Teresa ajude também vós, prezados jovens esposos, a viver a vossa vocação matrimonial tendo fixo o olhar em Jesus Cristo, único Salvador do mundo.

A todos a minha Bênção.

No final da Audiência geral, o Santo Padre assim se expressou sobre o «Dia mundial da eliminação da miséria», a celebrar-se a 17 de Outubro:

Depois de amanhã, 17 de Outubro, celebra-se o Dia mundial da eliminação da miséria. Nesta ocasião, renovo o meu apelo para que cada um se empenhe, segundo as próprias possibilidades, em eliminar as causas da miséria. Ninguém fique indiferente diante dos deserdados da vida! A Igreja, com grande respeito e afecto, está ao lado de quantos a pobreza priva da sua dignidade, da sua vida familiar, da possibilidade de receber uma educação e de ter um trabalho. São irmãos nossos que Cristo ama com particular predilecção. Eles esperam a nossa solidariedade concreta.




AUDIÊNCIAS 1997