Discursos João Paulo II 1997 - 22 de Fevereiro de 1997

Ilustres Membros da Junta e do Conselho
Excelentíssimos Senhores e Senhoras

1. Tenho a alegria de me encontrar esta manhã convosco, por ocasião da tradicional troca de bons votos no início do novo ano. Dirijo uma saudação cordial aos presentes e agradeço, em particular, ao Presidente da Junta Provincial, Deputado Giorgio Fregosi, as reflexões que desenvolveu e os votos que me apresentou, fazendo-se intérprete dos sentimentos de todos.

Por minha parte, também eu vos apresento, ilustres Senhores e Senhoras aqui reunidos, bem como aos vossos Colaboradores e à inteira população da Província de Roma, os meus mais ardentes votos para o ano há pouco iniciado. Que o ano de 1997 seja rico de profícua actividade ao serviço do bem comum e traga serenidade e paz a cada âmbito da convivência civil!

2. Pouco antes foi recordado como nos nossos dias se percebe uma renovada atenção para com as tarefas e as responsabilidades da administração pública. Esta difundida sensibilidade para com as instituições é acompanhada por um crescente pedido de participação na gestão do Estado e pelo desejo duma valorização cada vez maior das autonomias locais. Isto constitui uma nota significativa do actual momento histórico, caracterizado por rápidas e não raro profundas transformações sociais. Cresce na opinião pública o desejo de um real envolvimento nas decisões que interessam os destinos da comunidade inteira e, ao mesmo tempo, afirma-se a consciência de que toda a instituição não pode ser «usada», mas deve ser «servida» com dedicação generosa.

Diante dessas expectativas, também a Administração provincial de Roma é chamada a oferecer uma contribuição específica, com base nas competências que lhe são próprias. Nesse serviço, ela pode contar com a colaboração da Comunidade cristã que, mesmo no próprio âmbito de intervenção, deseja oferecer um apoio eficaz à plena valorização das potencialidades presentes no território. É importante, em todo o caso, que seja reconhecida a centralidade da pessoa humana, a cujo serviço se deve pôr cada estrutura e instituição, a fim de edificar uma sociedade sempre mais livre e solidária. Digo-o pensando especialmente nos jovens, que esperam respostas concretas às suas expectativas e aos seus problemas e olham, muitas vezes preocupados, para o seu futuro. É preciso saber «dar às gerações de amanhã razões de viver e de esperar» (Gaudium et spes GS 31).

3. A atenção aos jovens evoca espontaneamente outros delicados aspectos da vida social do nosso tempo: antes de tudo, o problema da falta de emprego, que muitas vezes se conjuga com outras condições de precariedade, tanto pessoais como familiares. Quantos esforços estão a ser feitos neste âmbito e quanto resta ainda por fazer! Mesmo na presença de notáveis dificuldades, jamais devem diminuir o empenho e o esforço conjunto de todos.

A Igreja, além disso, está ao lado de quantos se dedicam com coragem ao melhoramento das condições de vida, defendendo e valorizando os recursos ambientais e culturais, e tendo o cuidado especial pelos aglomerados humanos. Ela preocupa-se por que todos os âmbitos da existência humana recebam a necessária consideração, desde aqueles concernentes à saúde física até aos que se apresentam a nível espiritual. Com efeito, precisamente partindo de uma concepção religiosa do homem e da natureza, é possível fundar de maneira sólida o respeito por todo o ser vivo. A consciência de ter recebido de Deus a tarefa de conservar a criação, ajudará o homem a não deturpar ou destruir os recursos naturais e empenhá-lo-á em fazer da terra a casa de todos, onde reinem a justiça e a paz.

4. Ilustres Senhores e Senhoras, muitos outros seriam os temas que, em circunstâncias como estas, mereceriam ser enfrentados. Limitei-me a ressaltar alguns deles, fazendo eco de quanto o Senhor Presidente da Junta quis relevar na sua intervenção inicial. Contudo, não posso deixar de acrescentar uma imperiosa referência à celebração do Grande Jubileu do Ano 2000.Apreciei a disponibilidade da Província de Roma a colaborar com as Dioceses presentes no seu território. Faço votos por que esse entendimento possa ser aprofundado cada vez mais, na perspectiva do próximo evento jubilar.

A respeito disso, a Administração provincial pretende empreender iniciativas concretas e difundidas, a fim de acompanhar as grandes obras infra-estruturais já predispostas. Exprimo apreço, especialmente pela preparação dos centros de acolhimento, e faço votos por que esses projectos contribuam, de modo eficaz, para criar um clima de colaboração e de participação, em vista do evento histórico. Para esta meta da nossa época a Igreja que está em Roma, juntamente com a inteira Comunidade cristã, iniciou recentemente o triénio de preparação imediata. É sobretudo um itinerário espiritual de conversão e de renovação, baseado no Evangelho: eis por que neste período está a ser distribuído a todas as famílias de Roma o Evangelho de Marcos, que hoje tenho a alegria de oferecer pessoalmente a cada um de vós.

Todos são convidados a percorrer este caminho, que certamente suscitará germes de esperança nas nossas comunidades. Ao lado do fundamental itinerário espiritual está necessariamente o esforço das administrações públicas por predispor, depois, as iniciativas indispensáveis em vista do Jubileu. Agradeço à Província de Roma quanto puder fazer no âmbito da sua competência.

5. Com o olhar dirigido para o início do Terceiro Milénio cristão, renovo a todos vós, ilustres Senhores e Senhoras, os meus votos cordiais de serenidade e de paz para o novo ano.

Asseguro ao mesmo tempo a minha lembrança na oração por vós, pelas vossas famílias e pelo vosso serviço à colectividade, enquanto sobre todos invoco a bênção de Deus.



DISCURSO DO PAPA JOÃO PAULO II


AOS MEMBROS DA FEDERAÇÃO DOS ORGANISMOS


CRISTÃOS DO SERVIÇO INTERNACIONAL


DE VOLUNTARIADO (FOCSIV)


22 de Fevereiro de 1997



Caríssimos Irmãos e Irmãs

1. É-me grato acolher-vos neste dia, por ocasião do vigésimo quinto aniversário do nascimento da vossa benemérita Federação. A todos dirijo uma saudação cordial, a começar pelo Presidente, Senhor Luca Jahier, a quem agradeço as expressões com que quis ilustrar o significado do encontro hodierno. Ao cumprimentá-lo, faço extensiva esta saudação também aos seus predecessores no encargo de presidência: muito obrigado pela vossa presença e um agradecimento à Federação dos Organismos Cristãos do Serviço Internacional de Voluntariado (FOCSIV) pelo serviço que prestou nestes anos à Igreja, orientando a acção de tantos cristãos desejosos de se tornarem úteis aos irmãos que se encontram em dificuldade.

Vós quereis ser «voluntários no mundo ». Isto faz pensar no papel fundamental que, ao lado das instituições públicas, os organismos de voluntariado desempenham em várias partes do planeta. Os seus membros prestam, de modo directo e gratuito, o seu serviço aos irmãos, especialmente a quantos vivem em situações difíceis ou são marginalizados. O seu objectivo é colocar-se ao lado de quem está em dificuldade, para o ajudar a percorrer um caminho de libertação e de promoção autenticamente humana.

2. A qualificação de «voluntários no mundo» faz pensar no vosso papel, mas antes ainda na inspiração que vos anima, dado que se existe em vós a «vontade » de «estar no mundo», não para procurardes vantagens, mas para prestardes um serviço, isto não pode deixar de corresponder a um chamamento ideal. A vossa obra consiste, portanto, em assumir responsabilidades para com o próximo, e é expressão de empenho generoso, orientado para fazer aumentar no mundo a cultura do amor.

A respeito disso, devo dizer que apreciei a intenção, manifestada há pouco pelo Presidente, de aprofundar o empenho de renovação da Federação segundo a inspiração evangélica, pondo cada vez mais no centro das opções pessoais e associativas a pessoa de Jesus Cristo. Vejo nisto uma opção plenamente conforme com o itinerário de preparação para o Jubileu do Ano 2000, que neste ano de 1997 exorta a Igreja inteira, na multiplicidade dos seus membros, a fixar o olhar em Cristo, único Salvador, único Libertador do homem e do mundo.

Ser «voluntários no mundo», para um projecto de libertação do homem e de eficaz promoção da sua dignidade, pressupõe uma constante radicação naquele património de valores ao qual, ao longo dos séculos, o Evangelho deu inspiração, alimento e apoio. Quantos, ao beberem dessas fontes límpidas, souberam ser autênticas testemunhas da caridade, operadores de paz, artífices de justiça e de solidariedade!

3. Nestes vinte e cinco anos, como foi recordado, nas fileiras da vossa Federação actuaram voluntários de provada coerência e de grande generosidade. Trata-se de verdadeiras testemunhas: testemunhas de fidelidade ao homem e a Cristo. Faço votos por que o exemplo deles sirva de estímulo e de encorajamento para todos vós, animando-vos a prosseguir nesta linha, na qual a Igreja vos acompanha e vos encoraja.

Ninguém se deixe levar pelo desânimo, mesmo quando as dificuldades se fazem mais graves, até a parecerem quase insuperáveis! É precisamente diante das situações em que experimentamos uma espécie de impotência, que nos deve sustentar a fé em Deus, a Quem nada é impossível (cf. Lc Lc 1,37 Mt 19,26). O vosso testemunho é importante, de modo particular para as novas gerações de voluntários, que ao entusiasmo do impulso inicial devem aprender a conjugar o esforço de um gradual e paciente caminho de formação e de perseverança.

4. Caros voluntários, as vossas silenciosas e eficazes intervenções ao lado dos homens e das mulheres em dificuldade constituem um anúncio vivo da constante presença de Cristo, que caminha com a humanidade de todos os tempos. Confio cada um de vós, caríssimos, assim como os organismos da vossa Federação, à protecção de Maria Santíssima. No seu «eis-me», ao qual prontamente seguiu o serviço concreto de caridade à prima Isabel (cf. Lc Lc 1,38 Lc Lc 1,56), vós podeis reconhecer o «ícone» do voluntariado cristão, haurindo dele inspiração para sempre novas iniciativas de partilha com os irmãos, em todas as partes do mundo.

Acompanhe-vos também a minha Bênção, que de coração concedo a vós e a todos os «voluntários no mundo».



DISCURSO DO PAPA JOÃO PAULO II

POR OCASIÃO DA VISITA AO INSTITUTO «VILLA FLAMINIA»

DIRIGIDO PELOS IRMÃOS DAS ESCOLAS CRISTÃS


Domingo, 23 de Fevereiro de 1997





1. Saúdo-vos com afecto, crianças, professores e pais, que tenho a alegria de encontrar aqui, no Instituto «Villa Flaminia», fundado há 40 anos pelos Irmãos das Escolas Cristãs.

É-me grato visitar esta importante estrutura educativa que actua activamente no território da paróquia de Santa Cruz no Flamínio. Dirijo a minha saudação, antes de tudo, a vós, queridos filhos de São João Baptista de La Salle, e encorajo- vos a prosseguir no vosso serviço educativo, do qual hauriram tanto benefício inúmeros meninos e jovens, nestes quarenta anos. Faço extensivo o meu pensamento ao inteiro corpo docente das várias escolas do Instituto.

A minha saudação dirige-se depois aos pais e, de modo particular, aos alunos e aos estudantes: obrigado, caríssimos, pelo vosso acolhimento caloroso. Obrigado, em particular, aos dois representantes vossos, que de maneira eficaz interpretaram os vossos sentimentos. Vieram aqui também meninos e meninas da paróquia, que frequentam outras escolas, e por isso este é um encontro com a paróquia e, ao mesmo tempo, com o mundo da escola.

2. Esta circunstância oferece-me a ocasião de pôr em relevo a importância de um projecto educativo que, partindo da família, encontre depois nas comunidades paroquial e escolar âmbitos distintos e convergentes em que revigorar-se. Esta forte atenção educativa é empenho específico das escolas católicas, como bem sabem os religiosos de «Villa Flaminia», que à missão educativa consagraram a sua vida inteira.

Alguém poderia observar: se os jovens frequentam o oratório paroquial, que necessidade há de uma escola católica? Ou vice-versa. Respondo: a comunidade paroquial é lugar de educação religiosa e espiritual; a escola é lugar de educação cultural. As duas dimensões devem integrar-se, porque os valores inspiradores são os mesmos: são os valores das famílias cristãs, que têm em vista oferecer aos seus filhos, numa sociedade dominada pelo relativismo e ameaçada pelo vazio existencial, uma educação fundada sobre os valores imutáveis do Evangelho.

Hoje, mais do que nunca, resulta necessária a cooperação entre família, paróquia e escola, não para vincular a liberdade dos adolescentes, mas para a formar, habilitando-a para realizar opções responsáveis e motivadas. As escolas católicas, enquanto oferecem uma instrução qualificada, propõem aos jovens os valores cristãos, convidando-os a construir sobre eles a sua vida. A proposta, em quem sabe acolhê-la e actuá-la com coerência, dá resultados altamente positivos — a experiência confirma- o — nos planos tanto pessoal como familiar e profissional.

3. Na Itália está para ser aprovada uma reforma global da escola: de coração faço votos por que se dê finalmente actuação concreta à paridade para as escolas não-estatais, que oferecem um serviço de interesse público, apreciado e procurado por muitas famílias.

A vós, meninos e meninas, faço votos por que valorizeis as várias experiências educativas, familiares sobretudo, como também escolares e paroquiais. Sabei também comunicar os valores em que acreditais, sentindo-vos empenhados em ser testemunhas de amor e de verdade em todos os ambientes da vida.

Quereria concluir desejando um bom domingo a todos os participantes, dando a minha Bênção à escola, aos educadores, aos Irmãos das Escolas Cristãs, aos pais, aos jovens e aos meninos. Agradeço- vos mais uma vez este bom e caloroso acolhimento.



DISCURSO DO PAPA JOÃO PAULO II


AOS MEMBROS DO PONTIFÍCIO CONSELHO


PARA AS COMUNICAÇÕES SOCIAIS


28 de Fevereiro de 1997



Eminências Excelências
Irmãos e Irmãs em Cristo

1. É sempre para mim um prazer encontrar- me convosco — Membros, Consultores e Funcionários do Pontifício Conselho para as Comunicações Sociais — durante a vossa anual Assembleia Plenária. O vosso Conselho colabora com o ministério do Sucessor de Pedro no campo dos variegados e dinâmicos meios de comunicação, em constante evolução, e do Seu papel na missão da Igreja, que consiste em proclamar o Evangelho da salvação até aos confins da terra. Estou-vos grato pela cooperação e apoio diligentes e especializados, assim como pela caridade pastoral com que sustentais a acção da Igreja e de cada um dos católicos no mundo das comunicações.

2. O vosso encontro este ano realiza-se no início do triénio de preparação para o Grande Jubileu do Ano 2000, rumo ao qual caminha toda a Igreja, por assim dizer, numa peregrinação de fé intensamente espiritual. Com efeito, esta preparação é o objectivo dos vossos debates, de modo particular no que se refere à comunicação do Evangelho de Cristo, Caminho, Verdade e Vida, tema do Dia das Comunicações Sociais de 1997.

Nessa ocasião, escrevi: «O “caminho” «O “caminho” de Cristo é o caminho de uma vida virtuosa, frutífera e pacífica como filhos de Deus e como irmãos e irmãs da mesma família humana; a “verdade” de Cristo é a verdade eterna de Deus, que Se nos revelou a Si mesmo não só mediante o mundo criado, mas também através da Sagrada Escritura e sobretudo no e através do Seu Filho, Jesus Cristo, a Palavra que Se encarnou; e a “vida” de Cristo é a vida da graça, dom gratuito de Deus que partilha a Sua própria vida e nos torna capazes de viver para sempre no Seu amor. Quando os cristãos estão verdadeiramente convencidos disto, as suas vidas transformam-se» (Mensagem para o Dia Mundial das Comunicações Sociais)

Esta é a mensagem que deve ser transmitida com crescente eficácia, em ordem a ajudar as pessoas do nosso tempo a subtraírem-se do vazio espiritual e a evitarem-no, pois grava pesadamente sobre o coração de inumeráveis indivíduos. Esta é a verdade salvífica que temos o dever de transmitir à próxima geração, dado que a muitíssimos jovens é oferecida uma inútil dieta de falsas ilusões, em vez do seu direito inato à verdadeira compreensão do significado e da finalidade da nossa vida (cf. Gn Gn 25,29-34). No termo de um século de extraordinário progresso mas também de terríveis tragédias humanas, a proclamação de Jesus Cristo — o mesmo ontem, hoje e para toda a eternidade (cf. He 13,8) — é não só um dever de obediência a um mandato evangélico, mas também o único modo seguro de corresponder à urgente necessidade de discernimento moral e espiritual, sem o qual a vida dos indivíduos e a própria ordem social se imbuem de arbitrariedade e confusão.

3. Ao longo dos anos, o vosso Conselho tem adquirido amplo conhecimento e experiência acerca do mundo das comunicações sociais. Publicastes directrizes clarividentes para os Pastores da Igreja e para as pessoas que se encontram a trabalhar no campo da imprensa, da rádio, da televisão, do cinema e de outros meios de comunicação. Chamastes a atenção para determinadas áreas problemáticas, como no vosso recentíssimo documento sobre A ética na publicidade, publicado há apenas uma semana. Procurastes imprimir nos profissionais dos mass media a responsabilidade, que lhes é própria, de servir a verdade, salvaguardar a dignidade e a liberdade humanas, e iluminar a consciência dos seus leitores, ouvintes e espectadores.

No contexto da preparação para o Grande Jubileu, encorajo o vosso Conselho a continuar a promover padrões elevados, melhor coordenação e uma crescente eficácia nos mass media especificamente católicos. Também aproveito esta oportunidade para vos agradecer o trabalho de ajudar a transmitir aos ouvintes e aos espectadores algumas das mais importantes cerimónias e eventos pontifícios, como as Missas de Natal e de Páscoa, que são acompanhadas por centenas de milhares de pessoas no mundo inteiro. Estou grato às redes radiofónicas e televisivas, bem como às organizações de patrocínio que tornam possíveis estes encontros anuais.

4. Nesta hora, tendes uma parte especial a desempenhar para tornar a Igreja consciente do papel positivo dos meios de comunicação social, na garantia de uma correcta celebração do Jubileu. O desafio consiste em fazer com que o mundo seja devidamente informado acerca do verdadeiro significado do Ano 2000, aniversário do nascimento de Jesus Cristo. O Jubileu não pode ser a mera recordação de um acontecimento passado, embora extraordinário. Deve ser a celebração de uma Presença viva e um convite a olhar para o Segundo Advento do Salvador, quando Ele instituirá uma vez para sempre o Seu reino de justiça, amor e paz. Maria, que há dois mil anos ofereceu ao mundo o Verbo encarnado, guie os homens e as mulheres dos meios de comunicação rumo Àquele que é «a luz verdadeira... que ilumina todo o homem» (Jn 1,9 cf. Tertio millennio adveniente TMA 59). Oxalá as esclarecedoras dádivas do Espírito Santo vos sustentem e encoragem no vosso trabalho.



                                                                  Março de 1997

SAUDAÇÃO DO PAPA JOÃO PAULO II


AOS UNIVERSITÁRIOS NO FINAL


DA RECITAÇÃO DO ROSÁRIO


1 de Março de 1997



Dirijo uma saudação cordial a todos vós, aqui presentes, e a quantos se uniram a nós, mediante a rádio e a televisão, para este momento de oração mariana.

Saúdo com afecto os numerosos universitários de Roma.

Caros jovens, muito me alegra a vossa presença e agradeço-vos ter animado a recitação do santo Rosário, fazendo-a preceder de uma reflexão sobre a Encíclica Redemptor hominis.Quando a escrevi, no início do meu ministério petrino, percebia profundamente a urgência de encorajar a Igreja e todos os homens a caminharem com fé e esperança, porque Cristo é o centro da história. Com Ele o homem não deve temer, pois é partícipe da Sua vitória sobre o mal e sobre a morte. Por isso, o primeiro apelo que dirigi ao mundo foi precisamente este: «Não tenhais medo de abrir as portas a Cristo». Repito hoje estas palavras a vós, jovens, esperança da Igreja e da humanidade, para que vos guiem na vossa vida e no empenho missionário entre os vossos coetâneos.

A experiência do encontro hodierno fortaleça em vós a devoção e o afecto para com Maria, Mãe da Sabedoria: Ela guia-vos a Cristo Redentor do homem. Acompanho-vos nas vossas actividades e desejo em particular um bom êxito da segunda Assembleia diocesana dos universitários, em programa para o próximo dia 19 de Abril. Dirijo um agradecimento particular aos jovens e ao maestro do Coral universitário, e a todos aqueles que vos acompanham no vosso caminho formativo e missionário.

É-me grato acolher também o numeroso grupo do Instituto «Regina Mundi» de Roma. Abençoo de coração, queridas Religiosas, o vosso empenho de estudo, para que enriqueça cada uma de vós e o vosso serviço apostólico.

Saúdo de igual modo os fiéis da paróquia de São Bartolomeu, de Trino Vercellese, os membros do Movimento pela Vida, de Cérvia, bem como os alunos das escolas «Santa Doroteia» de Montevecchio (Reggio Emilia) e «Santíssima Virgem» de Roma, com as Religiosas e os pais.

A todos desejo boa Quaresma e boa Páscoa.



DISCURSO DO PAPA JOÃO PAULO II


AO SENHOR PJEPTER PEPA NOVO EMBAIXADOR


DA ALBÂNIA JUNTO DA SANTA SÉ


POR OCASIÃO DA APRESENTAÇÃO


DAS CARTAS CREDENCIAIS


1 de Março de 1997



Senhor Embaixador!

1. É-me grato acolher Vossa Excelência em Audiência especial para a apresentação das Cartas Credenciais. Ao dirigir- lhe uma cordial saudação, peço-lhe que se faça intérprete dos meus sentimentos de deferente obséquio junto do Senhor Presidente da República Albanesa, ao qual formulo de coração os melhores votos de frutuoso serviço para o bem do povo albanês.

Enquanto recebo com prazer as Cartas que o acreditam como Embaixador Extraordinário e Plenipotenciário junto da Santa Sé, exprimo também a Vossa Excelência, Senhor Embaixador, os votos de poder desempenhar a alta missão que lhe foi confiada, com o mesmo espírito de que deu testemunho através das suas gentis palavras, recolhendo dele aquelas satisfações que a Providência não deixa faltar a quem trabalha generosamente para o bem comum.

2. Encontrar-me com Vossa Excelência, Senhor Embaixador, reaviva em mim a recordação do dia 25 de Abril de há quatro anos, quando tive a alegria de realizar a minha Visita pastoral à Albânia. Apesar da breve duração, tratou-se duma viagem apostólica entre as mais intensas e significativas, por causa das trágicas vicissitudes vividas em precedência pela sua Pátria. Apenas alguns anos antes, com efeito, a visita do Papa teria sido absolutamente impensável. Imagens e impressões daquela jornada permanecem bem presentes na minha mente e no meu coração. Antes de tudo, como é natural, recordo a Comunidade católica albanesa, para a qual tive a alegria de ordenar, na Catedral de Escútari, os primeiros quatro novos Pastores, depois de longos anos de opressão e de ditadura comunista. Recordo, além disso, a inteira população e, de modo especial, o último grande encontro com o povo albanês, na Praça Scanderbeg de Tirana.

Pelo gentil intermédio da sua pessoa, Senhor Embaixador, desejo assegurar à dilecta Nação albanesa e aos seus governantes que a Santa Sé e a Igreja católica querem, com empenho renovado, manifestar efectiva proximidade e solícita solidariedade, a fim de que o caminho da jovem democracia do País possa prosseguir de modo cada vez mais rápido e atingir as almejadas metas de desenvolvimento humano e social.

3. A contribuição da Igreja não pode estar senão conexa com a sua missão evangelizadora: isto é, semear a boa semente do Evangelho nos sulcos da história dos povos, para que, acolhendo o gérmen vital da fé que salva, possam produzir frutos de justiça e de paz, de liberdade e de verdade. Isto não poderá deixar de favorecer a afirmação, entre os cidadãos, de uma convivência animada por amor fraterno e solidário. Na Albânia, em particular, onde durante um longo período foi praticada uma violenta e sistemática privação da liberdade religiosa, a Igreja sente-se convidada a uma nova e, por assim dizer, «refundadora » evangelização. Cristo, libertador do homem, deve poder voltar a caminhar livremente pelas cidades e aldeias do País, sanando todos aqueles que estão cansados e oprimidos, e difundindo conforto e esperança.

Só se nas consciências se consolidar o sentido dos valores fundamentais, a partir do respeito pela dignidade intangível da pessoa e da vida humana, a convivência democrática poderá estabelecer-se sobre bases sólidas e duradouras (cf. Mensagem à nação, Tirana, 25 de Abril de 1993, 4: Insegnamenti, XVI, 1, 1993, PP 1019-1020).

Como tive ocasião de observar durante a citada Visita pastoral à Albânia, «o reconhecimento deste valor e desta centralidade à pessoa humana, fará com que na economia se encontre o justo equilíbrio entre as razões da eficiência e as preeminentes da solidariedade, tornará o empenho político uma busca responsável do bem comum, a procurar sempre no respeito de todas as exigências éticas e morais» (Ibid., n. 5: Insegnamenti, cit., pág. 1020).

No respeito por esses princípios, pode- se e deve-se procurar a solução também aos problemas do momento presente, instaurando o diálogo com todas as forças responsáveis da sociedade, as quais, embora devendo superar não poucas dificuldades, se estão a empenhar para incrementar o sistema democrático na Albânia.

A Igreja católica quer oferecer o próprio contributo a esse esforço, em espírito de profundo respeito e de leal colaboração com as outras grandes comunidades religiosas, antes de tudo com a comunidade cristã ortodoxa e a comunidade muçulmana. Renovo os votos por que os crentes se sintam empenhados em contribuir para o renovamento moral do País, dando sempre testemunho daquelas relações de estima recíproca e de colaboração cordial, das quais são justamente orgulhosos.

4. Senhor Embaixador, Vossa Excelência quis de maneira cortês oferecer-me o livro, de sua própria autoria, que documenta as perseguições atrozes do regime comunista e o testemunho heróico de tantas vítimas inocentes, entre as quais não poucos sacerdotes. Agradeço-lhe vivamente esta homenagem, que muito apreciei.

Ela oferece-me a ocasião para retomar uma reflexão de notável importância não só para a Albânia, mas para cada nação. Se a tragédia da ditadura deve certamente e quanto antes ser deixada para trás, a memória dos sofrimentos e dos abusos nela padecidos, deve, contudo, ser conservada, como advertência para o presente e o futuro e como estímulo a um constante resgate espiritual e moral. No final de um século, durante o qual a humanidade conheceu fenómenos de aberrante exploração do homem e de violência inaudita, as gerações projectadas para o terceiro milénio têm o direito de ser ajudadas a formar um juízo crítico sobre as causas e as consequências desses fenómenos, para serem capazes de se opor, com vigilante tempestividade, a tendências negativas que, infelizmente, não cessam de insidiar o homem e as estruturas sociais também das sociedades modernas.

A memória dos mártires é positiva fonte de coragem e de esperança, porque demonstra que a fé e o amor são forças superiores a qualquer iniquidade. No final, delas é a vitória. Oxalá esta memória viva do sacrifício de inúmeros dos seus filhos ilumine os passos das gerações presentes e futuras da Albânia, sobre as quais invoco a protecção de Nossa Senhora do Bom Conselho e a abundância das bênçãos divinas.



DISCURSO DO PAPA JOÃO PAULO II


AO SENHOR SIMÉON AKÉ NOVO EMBAIXADOR


DA COSTA DO MARFIM JUNTO DA SANTA SÉ


POR OCASIÃO DA APRESENTAÇÃO


DAS CARTAS CREDENCIAIS


3 de Março de 1997



Senhor Embaixador!

É-me grato dar-lhe as boas-vindas ao Vaticano, onde tenho o prazer de acolher Vossa Excelência por ocasião da apresentação das Cartas, que o acreditam como Embaixador Extraordinário e Plenipotenciário da República da Costa do Marfim junto da Santa Sé.

Sensibilizaram-me os sentimentos cordiais de Sua Excelência o Senhor Presidente Henri Konan Bédié, de quem Vossa Excelência se fez intérprete. Da minha parte, ser-lhe-ia grato por Lhe transmitir os votos ardentes que formulo para a sua pessoa e para o desempenho da sua alta missão ao serviço dos seus compatriotas. Envio também as minhas calorosas saudações ao povo da Costa do Marfim e aos seus dirigentes, e peço a Deus que acompanhe os esforços de cada um nos caminhos do desenvolvimento integral e da prosperidade da nação, na concórdia e na solidariedade.

No seu discurso, Vossa Excelência houve por bem exprimir a adesão da Costa do Marfim à edificação duma sociedade harmoniosa, respeitosa da diversidade cultural e religiosa da sua população e acolhedora de todos. O reconhecimento mútuo e a compreensão entre todos os componentes da nação são, com efeito, uma condição essencial da paz social e do verdadeiro desenvolvimento do país. Quanto às injustiças e às rejeições do outro, elas produzem desentendimentos que levam, em geral, ao conflito e à ruína. Uma democracia autêntica, que respeita o pluralismo e está fundada sobre o diálogo, assim como sobre os valores africanos de vida comunitária e de partilha, não pode deixar de consolidar a unidade nacional e o Estado de direito.

Alegro-me pelo empenho da Costa do Marfim em promover a paz na sua região. O diálogo e a negociação constituem a única via segura para apaziguar as tensões e resolver os conflitos. Ainda que o continente africano conheça eventos dramáticos, não se pode senão desejar ardentemente ver em toda a parte o recurso aos meios pacíficos e a superação da violência para resolver as contendas, a fim de que as armas se calem e os povos conheçam o tempo da paz e da prosperidade.

Como foi sublinhado no seu amável discurso, Senhor Embaixador, a missão universal da Igreja leva-a a trabalhar para a concórdia entre as nações e entre as pessoas. Na minha mensagem para o Dia Mundial da Paz, escrevi que, neste mundo ferido pela guerra, «são muitos, certamente, os factores que podem influir favoravelmente no restabelecimento da paz, salvaguardando os imperativos da justiça e da dignidade humana. Mas nenhum processo de paz poderá jamais ter início, se não maturar nos homens uma atitude de sincero perdão» (Mensagem para o Dia Mundial da Paz – 1997, n. 1). O perdão e a reconciliação são os caminhos que permitem consolidar os vínculos de solidariedade das pessoas e dos povos. É desta solidariedade que nascerá a paz. Como não desejar que se estabilize por fim, em toda a parte, uma verdadeira «civilização do amor»!

A sua presença no Vaticano, como Embaixador, depois da longa e estimada missão do Senhor Embaixador Joseph Amichia, testemunha a importância que a sua nação quer dar às motivações de ordem espiritual e religiosa, nos seus projectos de desenvolvimento da sociedade e crescimento das pessoas. Com efeito, «só surgirá um mundo melhor, se for construído sobre os alicerces sólidos de sãos princípios éticos e espirituais» (Ecclesia in Africa ). As suas nobres palavras testemunham o espírito com que Vossa Excelência se propõe realizar a alta missão que lhe é atribuída, contribuindo ainda mais para aprofundar as relações já antigas que unem a Costa do Marfim e a Santa Sé.

Permita-me, Senhor Embaixador, aproveitar esta ocasião para saudar, por seu intermédio, a Igreja católica na Costa do Marfim, que conheceu recentemente o desenvolvimento e a consolidação das suas estruturas. Conservo presentes no meu pensamento e na minha oração os seus Pastores e os seus fiéis, na feliz recordação das minhas visitas ao seu país. Dado que estamos empenhados na preparação imediata do grande Jubileu do Ano 2000, encorajo-os vivamente a redescobrir as exigências do seu baptismo, que é o fundamento da sua unidade em Cristo. Convido-os também, numa colaboração sincera com os seus compatriotas, a tomarem parte com coragem na edificação da nação, no direito e na justiça, procurando sempre a unidade e a fraternidade entre todos os cidadãos.

No momento em que Vossa Excelência começa oficialmente a sua missão junto da Sé Apostólica, apresento-lhe os meus melhores votos para o seu feliz desempenho. Esteja certo de que encontrará sempre aqui um acolhimento atento e uma compreensão cordial da parte dos meus colaboradores.


Discursos João Paulo II 1997 - 22 de Fevereiro de 1997