Discursos João Paulo II 1997

5. Graças ao concurso harmonioso dos diferentes serviços diocesanos, Vossa Excelência intensificou a formação cristã dos adultos. Alegro-me com os esforços feitos neste sector. Estou certo de que já recolhe os frutos disto no seio da Igreja local, em particular na qualidade da liturgia e na colaboração dos fiéis nas diferentes tarefas eclesiais. Encorajo os leigos a perseverarem na sua participação activa na comunidade paroquial a que pertencem, pois é especialmente no seio da paróquia que se exprime o legítimo pluralismo das sensibilidades e dos modos de acção, e que se realizam úteis colaborações. Na Igreja, são-nos dados irmãos e irmãs para que tudo concorra em benefício do Corpo inteiro.

É também para enfrentar as questões morais do nosso tempo e renovar a ordem temporal que os leigos têm necessidade de aprofundar a mensagem evangélica sem cessar. Estarão, assim, melhor preparados para assumir compromissos e responsabilidades ao serviço dos seus irmãos, no contexto da sociedade civil, que se constrói sobre a base das normas objectivas da moralidade (cf. Conc. Ecum. Vaticano II, Gaudium et spes GS 16). No mundo moderno marcado pelo materialismo e pelo poder do dinheiro, o ensinamento da doutrina social da Igreja é particularmente útil para recordar que o homem é o centro da vida social e que o desenvolvimento da solidariedade e da vida fraterna supõe «uma tomada de consciência mais viva das desigualdades» entre as pessoas e «uma conversão das mentalidades e das atitudes» (Ibid., 63). Sob este ponto de vista, a sua Arquidiocese tem também um papel específico no seio da grande Europa. Ao reconhecer os esforços importantes envidados pelos seus diocesanos no decorrer destes últimos anos no sector caritativo, exorto-os a continuar e intensificar o seu apoio aos homens e aos povos que têm necessidade da sua competência e da sua ajuda. Eles manifestarão assim, de maneira palpável, o sentido da catolicidade que é a abertura à universalidade, segundo o exemplo dado pelas primeiras comunidades cristãs (cf. Rm Rm 16,25-27).

6. Quereria exprimir os meus agradecimentos cordiais aos Institutos de Vida consagrada, cujo apostolado é muito apreciado. Em particular, convém sublinhar a importância da presença deles no ensino, onde numerosos jovens podem tomar consciência da própria vocação, e nos serviços à saúde. As instituições de formação da juventude devem merecer toda a atenção das comunidades cristãs e mobilizar muitos adultos, pais, professores, educadores, sacerdotes e religiosos. Os jovens têm necessidade de receber uma educação moral e espiritual apropriada e de ser acompanhados na maturação da sua personalidade, na preparação do seu futuro e na realização da sua vocação específica, tanto no matrimónio, como no sacerdócio ou na vida consagrada. A respeito disso, alegro-me com a nova vitalidade dos movimentos de jovens, como me foi relatado por Vossa Excelência. Eles têm um papel essencial a desempenhar no apostolado junto da juventude do seu país.

7. Por seu intermédio, dirijo também as minhas saudações afectuosas às comunidades melquita e ucraniano-católicas da sua Arquidiocese. Transmita os meus encorajamentos calorosos aos sacerdotes, aos diáconos, aos religiosos, às religiosas e a todos os fiéis, que são chamados a trabalhar em comunhão com Vossa Excelência na missão da Igreja. Invoco sobre a sua pessoa e a sua comunidade diocesana a intercessão materna de Nossa Senhora de Luxemburgo, Consoladora dos Aflitos, e de São Willibrord, e concedo-lhe de todo o coração a Bênção Apostólica.




AO NOVO EMBAIXADOR DA BOLÍVIA


JUNTO DA SANTA SÉ POR OCASIÃO


DA APRESENTAÇÃO DAS CARTAS CREDENCIAIS


20 de Dezembro de 1997





Senhor Embaixador

1. É-me grato receber Vossa Excelência nesta Audiência, durante a qual me apresenta as Cartas que o acreditam como Embaixador Extraordinário e Plenipotenciário da República da Bolívia junto da Santa Sé. É com prazer que lhe dou as boas-vindas, no momento em que assume a nobre responsabilidade que o seu Governo, tendo em consideração a sua experiência pessoal nos campos da cultura e da diplomacia, lhe quis confiar, com o desejo de continuar e fortalecer as boas relações existentes entre o seu País e esta Sé Apostólica.

Agradeço-lhe as amáveis palavras que me dirigiu, e de modo especial a saudação do General Hugo Bánzer Suárez, que recentemente assumiu o cargo de Presidente da República. Aprecio não só o desejo duma colaboração leal e construtiva, mas também a proximidade e o afecto do povo boliviano para com a Santa Sé e a pessoa do Papa. Hoje, tendo transcorrido quase dez anos após a minha visita ao seu amado País, correspondo a esses nobres sentimentos dos bolivianos, repetindo as palavras que proferi ao sobrevoar o Santuário de Copacabana: «contudo, sinto-me entre vós» (Radiomensagem, 14 de Maio de 1988; ed. port. de l'Osserv. Rom Rom Rm 5 Rom Rm 1988).

2. Ao terminar a minha Visita pastoral ao seu País em 1988, ressaltava que «o povo da Bolívia vai conseguindo sucessos positivos no desenvolvimento civil e institucional» (Despedida em Santa Cruz, 14 de Maio de 1988, 4). Alegro-me por este percurso ter continuado durante os últimos anos, porque a estabilidade na organização dos povos é uma premissa indispensável para poder abordar com mais expectativa de bom êxito o grande desafio de progredir no bem comum, de modo que todos os cidadãos possam viver plenamente de acordo com a sua dignidade.

É importante lançar bases firmes para os grandes projectos, tal como o propósito de construir um País melhor, no qual os seus cidadãos possam alcançar as condições de vida que lhes consintam um pleno desenvolvimento material e espiritual. Neste sentido, deve-se considerar que a luta contra a marginalização e a pobreza extrema de uma parte dos habitantes requer uma política económica adequada, aplicando os princípios da equidade e da solidariedade. Encorajo, portanto, os governantes do seu País a empenharem-se por alcançar estes objectivos tão importantes para toda a sociedade boliviana.

3. As boas relações existentes entre a República da Bolívia e a Santa Sé reflectem o apreço duma Nação majoritariamente católica pelo Sucessor de Pedro, bem como a solicitude pastoral que ele, como Pastor de toda a Igreja, sente por todos os Povos. Elas são também uma garantia para o exercício da missão da Igreja no seu País, no sinal duma colaboração cordial e, ao mesmo tempo, de um autêntico respeito das respectivas competências.

A Igreja, na sua missão de iluminar a realidade humana à luz da fé, contribui para a construção duma sociedade melhor, ensinando e promovendo os valores aos quais nem a pessoa nem a sociedade podem renunciar sem renegar a sua própria identidade: o valor da vida humana, fonte de todo o direito; o reconhecimento da família como célula fundamental da sociedade; a liberdade religiosa, a educação e a solidariedade, sobretudo com os mais necessitados.

4. A Igreja na Bolívia possui uma grande história, desde os tempos em que os primeiros missionários chegaram aos mais longínquos lugares da sua geografia, para levar a luz do Evangelho e anunciar a grandeza da vocação cristã, que é ser filho de Deus.

Esta história implica também uma grande responsabilidade perante um povo de profunda tradição cristã, como o seu País. Tenho a certeza de que os fiéis bolivianos, sob a guia espiritual dos seus Pastores, não deixarão de trabalhar intrepidamente pelo progresso da Nação, esforçando-se por superar os problemas existentes, graças à esperança que não desfalece perante as dificuldades e os obstáculos.

5. Faço votos por que o caminho do diálogo para resolver os principais problemas, internos e externos, obtenha os frutos desejados para o bem de todo o povo boliviano. Desejo-o de todo o coração, porque o diálogo conduz à concórdia e à colaboração entre todos, tão necessárias para superar os grandes desafios que essa Nação deve enfrentar. De facto, a participação activa num plano comum torna os projectos mais convincentes, a capacidade de colaborar neles mais generosa e o empenho por alcançar os objectivos mais forte.

Senhor Embaixador, ao terminar este encontro, renovo a minha saudação e as boas-vindas tanto a Vossa Excelência como à sua distinta família, e desejo-lhe um frutuoso trabalho, juntamente com os seus colaboradores, em favor do seu País. Ao confiar todos estes sentimentos e esperanças a Nossa Senhora de Copacabana, invoco sobre o querido povo boliviano abundantes bênçãos do Altíssimo.



MENSAGEM DO SANTO PADRE JOÃO PAULO II


AOS FIÉIS DE CUBA EM PREPARAÇÃO


PARA A VIAGEM APOSTÓLICA








Caros Irmãos no Episcopado
Estimados sacerdotes, religiosos, religiosas e fiéis
Queridos cubanos



1. «Anuncio-vos uma grande alegria, que o será para todo o povo: nasceu-vos um Salvador, que é o Messias, Senhor» (Lc 2,10-11).

A festa do Natal, que vamos viver dentro de poucos dias, é uma solenidade intensamente sentida por todos os cristãos, na qual participam também homens e mulheres de boa vontade no mundo inteiro. Nela se celebra o maior acontecimento da história: Deus fez-Se homem. Diante desse grande dia, e na proximidade da minha Viagem apostólica a Cuba, aonde chegarei como mensageiro da verdade e da esperança, desejo enviar a todos os filhos e filhas dessa Nação a minha cordial saudação, renovando-vos o meu profundo afecto em Cristo.

É motivo de grande alegria que no vosso País este luminoso dia tenha voltado a ser festivo também no âmbito civil, dando assim a todos a possibilidade de participar activamente nas celebrações natalinas e recuperando, desse modo, uma tradição muito arraigada no coração dos cubanos.

O Natal, festa do mistério de Deus que nos ama a ponto de vir ao mundo e compartilhar a nossa peregrinação terrena, é festa de todos os homens, chamados a participar da vida divina. Comemora-se um grande mistério: «O Verbo fez-Se homem e habitou entre nós» (Jn 1,14) e, «a todos os que O receberam, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus» (ibid., 1, 12). Na simplicidade e na humildade de Belém, manifestou-se a mudança mais radical e profunda que a humanidade conheceu, pela qual o tempo dos homens começou a contar-se de novo na nossa era a partir do Nascimento de Jesus.

2. Desde o momento da Encarnação do Filho de Deus o homem já não está só, porque Deus está connosco, compartilhando as alegrias e as tristezas. Ele é o «Emanuel» anunciado desde antigamente (Mt 1,23). O Natal é um dos momentos mais belos e intensos do ano, no qual se manifestam os mais nobres sentimentos que existem no coração humano, criando esse ambiente de alegria e serenidade, de bondade e solidariedade, que é tradicional destas datas.

A festa do Natal, com as suas múltiplas expressões repletas de sentido cristão e de sabor popular, faz parte do património cultural e religioso de Cuba. Nesta data, a Missa da Meia-noite e os «nascimentos», com o seu particular encanto, voltarão a reunir em torno da figura do Menino Jesus, famílias inteiras, alegres por acolher a luz e a paz que descem do céu e querem iluminar o porvir de todo um povo.

Desejaria que todos os cubanos pudessem viver este dia tão íntimo animados pela esperança, pois sem esta esmorece o entusiasmo, decresce a criatividade e diminui a aspiração aos mais altos e nobres valores.

3. Queridos cubanos, ao aproximar-se o momento de beijar a vossa terra, o meu apelo dirige-se a todos, sem distinção de credo, ideologia, raça, opinião política ou situação económica. Desejaria que a minha palavra chegasse tanto aos que têm a grave responsabilidade de dirigir os destinos da Nação, como aos cidadãos mais simples, desejando a cada um prosperidade, felicidade e paz.

Neste Natal do Senhor de 1997 desejo animar-vos à esperança, vivendo na verdade de Cristo, e com o Apóstolo Paulo digo-vos: «Se alguém está em Cristo, é uma criação nova: passou o que era velho; eis que tudo se fez novo... Apresentamo-nos, pois, como mensageiros de Cristo, e é Deus que vos exorta por nosso intermédio. Reconciliai-vos com Deus... não recebais em vão a graça de Deus... É este o tempo favorável; este é o dia da salvação» (2Co 5,17 2Co 5,20 2Co 6,1-2).

Os católicos cubanos sabem bem que irei para os confirmar na fé, essa fé que às vezes foi tão provada, e para juntos sa amada Nação, e de novo confio-vos à materna intercessão da Virgem da Caridade do Cobre, Rainha e Padroeira de Cuba. Vaticano, 20 de Dezembro de 1997. A célebre imagem de Nossa Senhora da Caridade do Cobre 81ª Viagem Apostólica de João Paulo II Cuba: 21-25 de Janeiro de 1998 proclamarmos, como São Pedro diante de Jesus: «Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo» (Mt 16,16). Desejo percorrer caminhos de paz por diversas dioceses de Cuba, chegando até ao coração mesmo da Nação, aos pés da sua Rainha, Mãe e Padroeira, a Virgem da Caridade do Cobre. Sobre a sua excelsa fronte colocarei a coroa que os seus filhos lhe oferecem, a coroa de ouro purificado no crisol dos anos da fé conservada e com as pérolas preciosas das boas obras dos seus filhos.

Aproxima-se o momento em que, com a graça de Deus, me encontrarei convosco na vossa terra para juntos louvarmos e bendizermos a Deus e proclamarmos a sua Palavra de vida, que exorta cada um a abrir de par em par as portas do seu coração a Cristo, o Senhor.

Espero que depois da minha visita a Igreja, que terá podido dar público testemunho da sua fé em Cristo e da sua dedicação à causa do homem ao redor do Sucessor do Apóstolo Pedro, possa continuar a dispor, cada vez mais, da liberdade necessária para a sua missão e dos espaços adequados para a levar a cabo plenamente e continuar a prestar o seu serviço ao povo cubano.

4. A todos os cubanos desejo um Feliz Natal e um próspero Ano Novo, pondo no umbral de Belém, diante dos olhos de Jesus Cristo, o Salvador dos homens, as esperanças legítimas que a minha peregrinação à sua Ilha suscitou, certo de que Deus, que começou esta obra, a levará Ele mesmo ao seu termo.

À espera de vos conceder pessoalmente a Bênção Apostólica nas celebrações que em breve nos dispomos a viver, invoco ao Senhor todos os géneros de dons sobre os filhos e filhas dessa amada Nação, e de novo confio-vos à materna intercessão da Virgem da Caridade do Cobre, Rainha e Padroeira de Cuba.



Vaticano, 20 de Dezembro de 1997.



JOÃO PAULO II


DISCURSO DO PAPA JOÃO PAULO II


À COMUNIDADE POLACA


NA APRESENTAÇÃO DOS VOTOS


DE BOAS-FESTAS


20 de Dezembro de 1997



«Glória a Deus
no mais alto dos céus
e paz na terra aos homens
por Ele amados» (Lc 2,14).

1. Com estas palavras, mediante as quais os coros dos anjos anunciaram o nascimento do Salvador do mundo, quero saudar todos os presentes. O nosso encontro natalino já se tornou uma tradição. Todavia, neste ano reveste uma dimensão particular. Efectivamente, com a mente e o coração, regresso à peregrinação na minha Pátria e aos eventos históricos a ela ligados: o 46º Congresso Eucarístico Internacional em Wroclaw, o milénio do martírio de Santo Adalberto, o 600° Aniversário de fundação da Universidade Jagelónica de Cracóvia e, de maneira especial, a canonização da Beata Rainha Edviges, que Cracóvia e a Polónia inteira esperavam desde há séculos com muita nostalgia e também com muita esperança. Não posso deixar de recordar ainda a canonização do Beato João de Dukla e aquele comovente encontro em Krosno, na linda terra de Bieszczady, sempre querida ao meu coração. Hoje, enquanto olho para vós, tudo isto se reaviva com grande vigor na minha memória. Com efeito, sois uma pequena parte da Pátria, e este encontro hodierno é como que um prolongamento daqueles momentos da minha permanência na terra natal.

2. Desejo saudar cordialmente o Senhor Cardeal Franciszek, Arcebispo Metropolitano de Cracóvia, a quem agradeço as emocionantes palavras que me dirigiu. Saúdo também o Senhor Cardeal Edmund, o Arcebispo Szczepan e o Núncio Apostólico na Polónia, vindo especialmente para o hodierno encontro. Depois, dirijo a minha saudação ao Senhor Presidente do Parlamento da República e aos Senhores Embaixadores junto da Sé Apostólica e do Quirinal. Dou as boas-vindas inclusive aos Representantes das Autoridades locais de Malopolska e ao Presidente da Câmara Municipal de Varsóvia. Cumprimento de modo especial os peregrinos de Zakopane e da inteira região de Podhale. Viestes aqui, como nos anos passados, juntamente com os vossos Sacerdotes, o Presidente da Câmara Municipal de Zakopane e os Representantes das Autoridades municipais e regionais. Agradeço ao Presidente da Câmara Municipal as palavras que pronunciou em nome dos habitantes das áreas montanhosas. Caríssimos, saúdo-vos muito cordialmente e desejo dizer-vos que esta visita muito me alegra. Na homilia durante a Santa Missa, celebrada sob a «Wielka Krokiew», aos pés da cruz no monte «Giewont», entre outras coisas eu disse: «Pode-se sempre contar convosco!»; Podhale é «sempre fiel à Igreja e à Pátria». Hoje confirmo de modo particular essa minha convicção. Efectivamente, trouxestes ao Papa dons preciosos. Um destes é a magnífica árvore de Natal que neste ano adorna a Praça diante da Basílica de São Pedro. Esta árvore, que em condições naturais resiste ao período de letargia invernal, faz vir à mente o pensamento do Filho de Deus, que nasceu na noite de Belém para vencer a morte e nos dar a vida nova. São João escreve: «Nisto se tornou visível o amor de Deus entre nós: Deus enviou o seu Filho único a este mundo, para nos dar a vida por meio d'Ele» (1Jn 4,9). Enquanto apreciamos a vista da árvore de Natal enfeitada, não devemos esquecer a profunda eloquência espiritual deste símbolo. Não podemos deixar de dar graças a Deus pela vida – temporal e eterna – que nos concede no seu Filho unigénito.

Ao lado da árvore de Natal, aos pés do tradicional presépio, serão colocadas quatro estátuas, que também foram doadas pela região de Podhale. Simbolizam todas as famílias polacas e, num certo sentido, cada uma das famílias do mundo inteiro. Pode-se também dizer que representam a inteira família humana – porque de facto a alegre notícia, que o anjo anunciou aos pastores, foi dirigida a cada um dos homens de todos os tempos: «Não tenhais medo! Anuncio-vos a Boa Notícia, que será uma grande alegria para todo o povo: hoje, na cidade de David, nasceu para vós um Salvador, que é o Messias, o Senhor. Isto vos servirá de sinal: encontrareis um recém-nascido, envolvido em faixas, deitado numa manjedoura» (Lc 2,10-12). Tal anúncio despertou nos pastores o desejo de conhecer o Salvador recém-nascido: «Vamos a Belém para ver...» (Lc 2,15). Foram, pois, e – como cantamos num cântico de Natal – «na manjedoura encontraram o Menino com todos os sinais que O tinham prenunciado. Adoraram-n'O como Deus e, cumprimentando-O, exclamaram com grande júbilo: saudamos-Te, Salvador...». É precisamente isto que representam as quatro figuras ao pé do presépio – homens à escuta da alegre notícia sobre o nascimento do Salvador e a peregrinação humana, a busca d'Ele ao longo das sendas da vida, juntamente com a alegria de O ter encontrado e a honra que todas as gerações Lhe prestam como Deus. Agradeço-vos de todo o coração estes dons, pois demonstram e aproximam a riqueza da tradição espiritual polaca, vinculada ao mistério da Encarnação.

3. Na nossa celebração das festividades do Natal do Senhor, ocupa um lugar particular a mesa à volta da qual a família se reúne para rezar, partir o pão branco do Natal, trocar os bons votos e consumar a ceia da vigília. Segundo uma linda tradição, à mesa deixa-se um lugar livre para alguém que possa vir da rua, para um desconhecido. Estes gestos simples significam muito. Simbolizam a bondade do coração humano, que vê nos outros homens – especialmente no necessitado – a presença de Cristo e exorta a introduzir um irmão ou uma irmã no clima do calor familiar, em harmonia com um antigo convite: «Com um hóspede, é Deus que entra em casa». Num certo sentido, a mesa da ceia forja e edifica a comunidade humana. Este significado da mesa torna-se ainda mais claro se nela houver o pão, que cada um toma e compartilha com os outros. O amor, o perdão, a paz com Deus e com os homens encontram neste gesto da vigília a expressão mais significativa.

Penso neste momento não só na nossa mesa na casa de família, mas tenho também presente a grande mesa da nossa casa comum – da mãe-pátria. Assim, sinto-me feliz por estarem aqui presentes também os Representantes das Autoridades locais de Malopolska. A vós é confiado um papel muito importante e de responsabilidade na vida social. A força de um Estado e o seu desenvolvimento em sentido positivo depende em grande medida de um trabalho inteligente e eficaz dos organismos territoriais de governo, a fim de que na casa da Pátria haja o pão para todos e ninguém se sinta esquecido.

Caríssimos, tomo na mão o pão branco do Natal, e espiritualmente, compartilho-o com cada um de vós, com todos os meus compatriotas que se encontram na Pátria e no estrangeiro, com a Igreja na Polónia e com aqueles que governam o nosso País. A todos formulo cordiais bons votos para as festividades do Natal do Senhor e para o Ano Novo. Este grande Amor de Deus, que se revelou na terra na noite de Belém, guie o nosso coração rumo a Jesus, como orientou o dos pastores, dos reis magos, de José e de Maria. O espírito de solidariedade permeie toda a nossa vida pessoal e social, tornando-se inspiração ao serviço do bem comum na nossa única Pátria.

Retorno mais uma vez com o pensamento ao encontro de Zakopane. No termo da Santa Missa, pronunciei as palavras que hoje – vigília do Natal do Senhor – me apraz repetir: Sursum corda»! «Corações ao alto»!



DISCURSO DO PAPA JOÃO PAULO II


NO ENCONTRO DE NATAL COM OS CARDEAIS,


A FAMÍLIA PONTIFÍCIA, A CÚRIA


E A PRELAZIA ROMANA


22 de Dezembro de 1997



1. «A vida de Cristo não é a demonstração de uma força omnipotente. A sua glória é para aqueles que são capazes de compreendê-la, não é para o mundo. O seu poder consiste no facto de Ele renunciar à força. Esta vida possui o poder decisivo do mais sublime ideal ético e por isso Cristo é o ponto que divide a história do mundo» (Alfred North Whitehead, Religion in Making).

Estas palavras de Whitehead, pensador moderno não católico e sem aparentes ligames formais com qualquer Igreja cristã, podem esclarecer de modo excelente o sentido do hodierno encontro que tem lugar na vigília da Festa de Natal, enquanto nos encaminhamos a largos passos rumo ao termo do segundo Milénio cristão.

Referindo-nos às palavras do filósofo, não podemos porventura definir-nos homens que se esforçam por compreender o verdadeiro sentido da glória de Cristo? Não estamos acaso convencidos de que a sua vicissitude «não é a demonstração de uma força omnipotente... não é para o mundo», mas que «o seu poder consiste no facto de Ele renunciar à força»? Com efeito, podemos dizer de nós mesmos que nos rendemos precisamente a este «poder» de Cristo e O seguimos em nome «do mais sublime ideal ético», procurando realizar na Igreja a nossa vocação de Bispos, Sacerdotes, Religiosos e Leigos, ilustrada de maneira tão admirável pelo Concílio Vaticano II.

Venerados Irmãos no Episcopado, caríssimos Irmãos e Irmãs! A divina Providência chamou-vos para este extraordinário serviço à Sé Apostólica, que reveste uma grande importância para a Igreja universal, pois vos coloca em intimíssima relação com o «ministerium Petrinum » do Bispo de Roma. Hoje desejo formular de todo o coração o meu obrigado mais sentido a Vossa Eminência, Senhor Cardeal Decano, pelas amáveis e afectuosas palavras de devoção e de bons votos que me quis dirigir, em nome da grande família da Cúria Romana. O meu reconhecimento torna-se extensivo a vós, Senhores Cardeais, Arcebispos, Bispos, Presbíteros, Religiosos, Religiosas e Leigos, preciosos colaboradores da Sé Apostólica: faço votos por que todos vós sintais como uma honra e um prémio o facto de serdes chamados a servir, no coração da Igreja, Cristo mesmo e a Sua obra de redenção.

2. Cristo é «o ponto que divide a história do mundo». Com estas palavras Whitehead como que sugere por que a Igreja se está a preparar para celebrar o Ano 2000 com particular solenidade. Esta acabou de dar início à segunda etapa do itinerário trienal, que está a levá-la rumo ao Grande Jubileu, no qual deseja recordar o evento que há dois mil anos transformou a história. Nesta perspectiva, cada fiel se dispõe a renovar com alegria a sua profissão de fé no mistério da Encarnação do Verbo.

Graças ao compromisso do Comité Central do Grande Jubileu, dos Comités nacionais e das Comunidades diocesanas, no mundo inteiro foram empreendidas numerosas e louváveis iniciativas, para que o próximo Ano Santo seja um tempo de graça e de reconciliação. Na Diocese de Roma, depois da celebração do Sínodo, para preparar o Jubileu está em acto a Missão da Cidade, que empenha as Comunidades cristãs no compromisso de levar o anúncio evangélico às famílias e aos ambientes de trabalho e de vida.

Renovando o meu apreço por esta iniciativa, desejo dirigir um comovente pensamento ao Cardeal Ugo Poletti, chamado ao prémio eterno no passado mês de Fevereiro. Tendo inaugurado o Sínodo diocesano de Roma, ele esteve ao meu lado quando se deu início a este novo ardor missionário na Urbe.

Os multíplices compromissos que nos esperam para preparar dignamente as celebrações do Ano Santo não devem fazer- nos esquecer que o Jubileu é sobretudo um grande dom que o Senhor faz, através da Igreja, à inteira comunidade: uma graça que os fiéis devem acolher com fé e conversão interior. Trata-se de um evento altamente espiritual, para o qual se devem orientar os sempre necessários aspectos organizativos. Queira o Espírito Santo, a Quem é dedicado este segundo ano de preparação, dispor as Igrejas e os cristãos à docilidade diante dos convites do Senhor, de modo a acolherem plenamente a graça do evento jubilar.

3. «Ide e fazei com que todos os povos se tornem Meus discípulos!» (Mt 28,19). O ardor missionário, que a proximidade do terceiro milénio reaviva na inteira Família de Deus, conheceu momentos significativos nas Viagens Apostólicas que o Senhor me concedeu realizar também no decurso deste ano.

Como deixar de recordar a viagem, tão longamente almejada, a Sarajevo, cidade- símbolo das contradições e das esperanças do século que está para terminar? Ou à República Tcheca, onde tive a alegria de participar nas celebrações do Milénio de Santo Adalberto, grande evangelizador dos povos da Europa Central?

Outra visita esperada por muito tempo foi ao Líbano, aonde fui com alegria para concluir a Assembleia Especial do Sínodo dos Bispos, levando uma palavra de encorajamento e de esperança a quantos buscam com sinceridade um futuro de diálogo e de paz. Depois, pude voltar à minha Pátria para participar no Congresso Eucarístico Internacional de Wroclaw e dar graças ao Senhor pelo dom da fé cristã anunciada há mil anos ao povo da Polónia, bem como ao da vizinha Boémia, pelo grande Bispo Santo Adalberto. Além disso, por ocasião dessa visita tive a alegria de celebrar os seiscentos anos de fundação da «Alma Mater», que me viu estudante e professor, a Universidade Jagelónica de Cracóvia, autêntico farol de civilização e de cultura para a inteira Polónia.

Na segunda metade do ano participei, em Paris, no XII Dia Mundial da Juventude e depois no Rio de Janeiro, no II Encontro Mundial das Famílias: dois acontecimentos distantes no espaço, mas tornados comuns pela única fé e pelo mesmo compromisso missionário.

Repenso com intensa emoção nos jovens, provenientes dos cinco continentes, que em Longchamp expressaram com entusiasmo o seu amor a Cristo e a sua alegria em anunciá-l’O pelas sendas do mundo. Sucessivamente, pude reviver uma experiência semelhante em Bolonha, juntamente com milhares de jovens, ali congregados para celebrar o Congresso Eucarístico Nacional italiano.

Depois, o que dizer das inesquecíveis jornadas vividas no Brasil, por ocasião do II Encontro Mundial das Famílias? Graças ao generoso empenho do Pontifício Conselho para a Família e da Arquidiocese do Rio de Janeiro, esse evento ofereceu um renovado impulso à pastoral familiar e constituiu a ocasião para proclamar os valores da família e da vida como caminhos privilegiados para construir a esperança da humanidade.

Confio ao Senhor as peregrinações apostólicas que, se Deus quiser, terei a alegria de realizar em 1998. Em primeiro lugar, a Visita pastoral a Cuba, no próximo mês de Janeiro.

4. «Anuncio-vos a Boa Notícia... hoje... nasceu-vos um Salvador, que é o Messias, o Senhor» (Lc 2,10-11). O clima sugestivo das Festas de Natal recorda- nos que a tarefa prioritária da Igreja é levar aos homens o alegre anúncio do Salvador. A Igreja cumpre esta tarefa, proclamando em todos os tempos e circunstâncias a Verdade que liberta e salva: Jesus Cristo, o Filho de Deus que Se fez homem.

Neste ano, um momento particular deste serviço à Verdade foi a publicação em língua latina da «editio typica» do Catecismo da Igreja Católica, instrumento privilegiado para transmitir de maneira completa e sistemática a mensagem da salvação. Mas um serviço à verdade evangélica foi também o que teve lugar no passado mês de Outubro, quando inscrevi entre os Doutores da Igreja a jovem carmelita de Lisieux, Santa Teresa do Menino Jesus e do Santa Face. Com a sua «pequena via», ela abriu a inúmeras almas um percurso simples, embora exigente, rumo à perfeição, recordando a um mundo exposto cada vez mais à tentação do desempenho que a vida cristã é convergência entre doutrina e praxe, entre verdade e vida; que esta é sobretudo encontro com um Deus próximo e misericordioso, que nos impele a amar a todos sem reservas nem cálculos.

5. A Igreja é chamada a colocar-se ao serviço do Evangelho de formas múltiplas e atentas às transformações da história. Compreendera-o muito bem o Apóstolo Paulo, que afirmava: «Tornei-me tudo para todos, a fim de salvar alguns a qualuer custo» (1Co 9,22). A missão evangelizadora impele a Igreja a fazer-se solícita e atenta aos dramas e aos problemas da humanidade para colaborar na realização de uma paz justa e defender o direito dos mais frágeis, frequentemente vítimas inocentes das grandes contradições do nosso tempo. O seu programa constante é dar voz a quem não a tem, acompanhando a sua acção com sinais concretos de solidariedade e de amor fraterno.

O compromisso da Igreja em prol dos pobres em todas as latitudes da Terra torna-se presente de modo particular através do trabalho quotidiano e da generosidade dos missionários. Também neste ano, alguns destes foram chamados a fazer-se testemunhas do maior amor, padecendo o martírio pela causa do Evangelho. Neste contexto de amor preferencial pelos «pequeninos», recordo aqui com afecto e reconhecimento Madre Teresa de Calcutá, que o Senhor chamou para junto de Si depois de uma vida despendida totalmente ao serviço dos «mais pobres de entre os pobres». O seu singular testemunho de oração, de total dedicação aos últimos e de amor à Igreja permanece para os crentes e os não-crentes um património a acolher e valorizar.

6. O nascimento do Redentor, que veio «para reunir os filhos de Deus que estavam dispersos» (Jn 11,52), solicita quantos Lhe pertencem, em virtude do único Baptismo, a prosseguirem ao longo do caminho da plena unidade. Com os olhos voltados para o mistério da manifestação da «bondade de Deus, nosso Salvador» e do «Seu amor pelos homens » (cf. Tt Tt 3,4-7), também neste ano a Igreja continuou a progredir nas pegadas do ecumenismo. A preparação para o Grande Jubileu e o desejo, difundido entre muitos cristãos, de superar os motivos de divisão acumulados no curso do segundo Milénio, proporcionaram numerosos encontros e iniciativas ecuménicas.

Em particular, desejo recordar o encontro com Sua Santidade Aram I Keshishian, Catholicos da Cilícia dos Arménios, com quem foi reconfirmada a comum fé em Jesus Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro homem, para além das seculares incompreensões, e o comum empenhamento em colocar-se ao serviço da unidade cristã nos campos teológico, cultural e pastoral. Outro momento do caminho ecuménico foi o encontro com o Cabido da Catedral de Cantuária, por ocasião do XIV centenário da missão confiada a Santo Agostinho e aos seus companheiros pelo Papa São Gregório, o Grande.

Além disso, a Santa Sé esteve presente na II Assembleia Ecuménica Europeia, realizada em Graz de 23 a 29 de Junho, que viu 700 delegados das várias Igrejas cristãs da Europa reflectirem juntos sobre o tema: «Reconciliação, dom de Deus e fonte de vida nova», para reconfirmarem a vontade de oferecer uma contribuição comum à dimensão espiritual da Europa e de chegar, após séculos de divisão, à tão almejada unidade entre os cristãos.

7. Acaba de se concluir a Assembleia Especial do Sínodo dos Bispos para a América que, pela primeira vez, viu reunidos Representantes dos Episcopados do inteiro Continente e da Cúria Romana. A comum reflexão sobre as grandes riquezas humanas e espirituais e sobre as contradições, às vezes dramáticas, presentes no «Novo Mundo», levou os Padres sinodais a identificar as actuais vias de evangelização e de reconciliação, para responder aos desafios do Continente. A fidelidade ao ensinamento autêntico da Igreja, a redescoberta das várias vocações e ministérios, bem como o empenho na sua interacção, a defesa da vida humana desde a concepção até ao seu termo natural, o papel primário da família na sociedade, o compromisso em tornar a sociedade compatível com os ensinamentos de Cristo, o valor do trabalho humano e o anúncio do Evangelho no mundo da cultura foram indicados como outros tantos itinerários fundamentais para uma renovada missão eclesial no inteiro Continente. Faço votos por que, de tão grande graça espiritual e pastoral, nasça uma nova solidariedade e uma nova compreensão entre os fiéis e os Povos da América.

A redescoberta do ecumenismo e da dimensão sinodal da Igreja é fruto do maior evento eclesial do nosso século: o Concílio Vaticano II, que se manifesta sempre mais como a ideal «porta santa» do Grande Jubileu do Ano Santo 2000.

Na grandiosa obra de «actualização» da Igreja no sinal da dúplice fidelidade a Deus e ao homem, promovida por essa histórica Assembleia, desempenhou um papel de grande protagonista o meu venerado predecessor Paulo VI, cujo centenário de nascimento se comemora neste ano. Quisemos celebrar solenemente esta grandiosa figura de Pontífice e de homem do nosso século, evocando com reconhecimento a sua profunda fé, o seu amor pela Igreja e a paixão pelo anúncio do Evangelho, que o levaram a uma relação atenta e difícil, mas sem compromissos, com o mundo contemporâneo.

8. Senhores Cardeais, venerados Irmãos no Episcopado e no Sacerdócio, religiosos, religiosas e prezados colaboradores leigos, eu quis recordar alguns aspectos da acção realizada pela Santa Sé durante este ano, em vista de traduzir na quotidianidade concreta a mensagem de salvação trazida pelo Natal do Senhor.

É do meu conhecimento a generosidade e a competência com que colaborais neste insubstituível serviço que a Sé Apostólica presta à Igreja universal. Além disso, conheço as profundas motivações de fé e o sincero amor pela Igreja e pelo Papa que vos animam. O vosso compromisso, com frequência silencioso e escondido, é sumamente precioso porque favorece a comunhão de todos os crentes em Cristo e permite ao Sucessor de Pedro exercer de maneira concreta a tarefa de «confirmar os irmãos na fé» (cf. Lc Lc 22,31).

Faço votos por que cada um de vós encontre nessas motivações espirituais a força para desempenhar de modo jubiloso e evangélico as importantes tarefas que a Providência vos confia. Desejo exprimir a todos o meu reconhecimento por esta inteligente, afectuosa e discreta colaboração que acompanha continuamente e sustém o exercício do meu ministério.

Com o coração voltado para a Gruta de Belém, acolhamos com alegria a mensagem de salvação e de paz que os anjos nos trazem, enquanto nos anunciam que essa brota da ternura paterna de Deus para com cada um de nós. Na Noite Santa, queira a Virgem mostrar o «bendito Fruto do seu ventre», ensinando- nos a reconhecer na pobreza evangélica, na obediência ao projecto do Pai e na pureza do coração as vias-mestras para «vislumbrar a sua glória», O adorar como Senhor da nossa vida e confessar com toda a Igreja: «Incarnatus est de Spiritu Sancto ex Maria Virgine et homo factus est».

Com estes bons votos, implorando todo o bem sobre cada um de vós, a todos concedo de coração a minha Bênção.

Feliz Natal!




Discursos João Paulo II 1997