Discursos João Paulo II 1997 - Paris, 21 de Agosto de 1997

XII JORNADA MUNDIAL DA JUVENTUDE


79ª VIAGEM APOSTÓLICA DE JOÃO PAULO II – PARIS


DISCURSO DO SANTO PADRE DURANTE O ENCONTRO


DE ORAÇÃO NA CATEDRAL DA RESSURREIÇÃO


Evry, 22 de Agosto de 1997



Queridos Irmãos no Episcopado
Caros Irmãos e Irmãs

1. Saúdo-vos cordialmente no nome do Senhor ressuscitado. Agradeço ao Pastor desta diocese ter-me acolhido, juntamente com todos vós, nesta Catedral da Ressurreição. Catedral moderna, como é fácil observar, e hoje de manhã Notre-Dame; vê-se que os séculos e os estilos se sobrepõem. É-me grato saudar de modo particular os representantes das outras comunidades cristãs e tradições religiosas, que quiseram unir-se hoje à tarde aos católicos da região de Essonne. Estou grato às personalidades civis da cidade e do departamento por participarem nesta cerimónia.

2. Irmãos e Irmãs, erguestes este audacioso edifício; realizastes um espaço admirável para a assembleia litúrgica da Igreja diocesana. Por isto dou graças ao Senhor e compartilho o vosso reconhecimento para com os vossos pastores, o arquitecto, os construtores e os benfeitores que se uniram para levantar este sinal no coração da Cidade nova de Evry, a casa de Deus e a casa dos homens. Trata-se dum grande gesto de esperança, um testemunho de vitalidade duma comunidade que quis justamente exprimir-se na linguagem deste tempo, ao aproximar-se o novo milénio.

3. Como Sucessor de Pedro, venho para vos confirmar na fé, em comunhão com a Igreja universal, como testemunham os vossos vínculos com a diocese de Munique, sob a égide de São Corbiniano. Cada Igreja particular tem a sua parte na missão confiada por Cristo a todos os Seus discípulos, cada um segundo a sua vocação e o seu estado de vida. A propósito disto, quereria exprimir o meu encorajamento cordial aos sacerdotes, aos diáconos, aos religiosos e às religiosas, aos responsáveis leigos que, de diversos modos, trabalham ao serviço da comunidade diocesana.

Sereis os verdadeiros construtores da Igreja, templo espiritual (cf. Lumen gentium LG 6), se levardes a Boa Nova a todas as nações, se entrardes em diálogo com os vossos irmãos de diferentes origens e culturas, se acolherdes os deserdados da vida, os pobres, os doentes, as pessoas deficientes, os prisioneiros; se acolherdes também os representantes das diferentes classes, de qualquer parte do mundo que eles provenham. Vêem-se, percorrendo a cidade: africanos, asiáticos, um pouco do mundo inteiro, um pouco em toda a parte. Tudo isto constitui um bom acompanhamento para o Dia Mundial da Juventude.Todos são chamados a ser pedras vivas do edifício, cuja pedra angular é Cristo, o centro de todas as raças, de todas as nações e de todas as línguas.

4. Irmãos e Irmãs, tornareis viva esta catedral, assim como as igrejas desta diocese, se nela vos reunirdes para reconhecer, antes de tudo, a presença de Cristo ressuscitado: Ele está presente na Eucaristia e em todos os sacramentos, presente pela sua Palavra, presente na comunidade reunida (cf. Sacrosanctum concilium SC 7).

A Ele, ao Vivente, Àquele que é, que era e que há-de vir, confio a vossa Igreja diocesana. Que Ele vos dê a força da fé e a generosidade da caridade; vos conceda despertar os filhos para a fé; suscite entre vós as vocações ao sacerdócio ministerial e à vida consagrada, indispensáveis à vida da comunidade. E devo dizer que todas as manhãs rezo por isto, pelas vocações.

Para cada um dos fiéis da diocese, para todos os habitantes da região de Essonne, para o futuro desta diocese invoco a intercessão materna da Virgem Maria e dos Santos da vossa terra, Santos que são numerosos. A partir de hoje temos um novo Beato, Frederico Ozanam.

Louvado seja Jesus Cristo!



XII JORNADA MUNDIAL DA JUVENTUDE

79ª VIAGEM APOSTÓLICA DE JOÃO PAULO II – PARIS

MEDITAÇÃO DO PAPA DURANTE


A «VIGÍLIA BAPTISMAL»


COM OS JOVENS EM «LONGCHAMPS»


22 de Agosto de 1997



Caros Jovens
Queridos Amigos!

1. No início deste encontro, saúdo todos vós que estais aqui reunidos, repetindo as palavras do profeta Ezequiel, pois elas contêm uma maravilhosa promessa de Deus e exprimem a alegria da vossa presença: «Eu vos retirarei de entre as nações [...]. Dar-vos-ei um coração novo e introduzirei em vós um espírito novo: arrancarei do vosso peito o coração de pedra e vos darei um coração de carne. Dentro de vós porei o Meu espírito, fazendo com que sigais as Minhas leis e obedeçais e pratiqueis os Meus preceitos [...]. Sereis o Meu povo e Eu serei o vosso Deus» (Ez 36,24-28).

2. Saúdo os Bispos franceses que nos acolhem e os Bispos que vieram do mundo inteiro. Dirijo também as minhas cordiais saudações aos eminentes representantes das outras Confissões cristãs com as quais partilhamos o mesmo baptismo, que quiseram associar-se a esta celebração da juventude.

Na vigília do dia 24 de Agosto, não podemos esquecer o doloroso massacre de São Bartolomeu, de motivações muito obscuras na história política e religiosa de França. Cristãos realizaram actos que o Evangelho reprova. Se evoco o passado, é porque «reconhecer as cedências de ontem é acto de lealdade e coragem que ajuda a reforçar a nossa fé, tornando-nos atentos e prontos para enfrentar as tentações e as dificuldades de hoje»? (Tertio millennio adveniente, TMA 33). Associo-me então, de bom grado, às iniciativas dos Bispos franceses, pois com eles estou convicto de que só o perdão, oferecido e recebido, conduz de maneira progressiva a um diálogo fecundo que sigila uma reconciliação plenamente cristã. A pertença a diferentes tradições religiosas não deve constituir hoje uma fonte de oposição ou de tensão. Muito pelo contrário, o amor por Cristo que nos é comum impele-nos a buscar, sem cessar, o caminho da plena unidade.

3. Os textos litúrgicos da nossa Vigília são, por um lado, os mesmos da Vigília pascal. Eles referem-se ao baptismo. O Evangelho de São João narra a conversa nocturna de Cristo com Nicodemos. Tendo ido ao encontro de Cristo, este membro do Sinédrio exprime a sua fé: «Rabbi, sabemos que vieste, como Mestre, da parte de Deus, pois ninguém pode fazer milagres que Tu fazes, se Deus não estiver com ele» (Jn 3,2). Jesus responde- lhe: «Em verdade, em verdade te digo: Quem não nascer de novo, não pode ver o Reino de Deus» (Jn 3,3). Nicodemos pergunta-Lhe: «Como pode nascer um homem sendo velho? Poderá entrar pela segunda vez no seio de sua mãe e voltar a nascer?» (Jn 3,4). Jesus responde: «Quem não nascer da água e do Espírito não pode entrar no Reino de Deus. O que nasceu da carne é carne, e o que nasceu do Espírito é espírito » (Jn 3,5-6).

Jesus faz com que Nicodemos passe das realidades visíveis às invisíveis. Cada um de nós nasceu de um homem e de uma mulher, dum pai e duma mãe; este nascimento é o ponto de partida de toda a nossa existência. Nicodemos pensa nesta realidade natural. Ao contrário, Cristo veio ao mundo para revelar outro nascimento, o nascimento espiritual. Quando professamos a nossa fé, dizemos quem é Cristo: «Creio num só Senhor, Jesus Cristo, Filho Unigénito de Deus, nascido do Pai antes de todos os séculos: gerado, não criado, consubstancial ao Pai, consubstantialis Patri. Por Ele todas as coisas foram feitas, per quem omnia facta sunt. E por nós, homens, e para a nossa salvação, desceu dos céus e encarnou pelo Espírito Santo, no seio da Virgem Maria e Se fez homem, descendit de caelis et incarnatus est de Spiritu Sancto ex Maria virgine e homo factus est». Sim, jovens, meus amigos, o Filho de Deus também Se fez homem por vós, por cada um de vós!

4. «Quem não nascer da água e do Espírito não pode entrar no Reino de Deus» (Jn 3,5). Deste modo, para entrar no Reino, o homem deve nascer de novo, não segundo as leis da carne, mas segundo o Espírito. O baptismo é precisamente o sacramento deste nascimento. O Apóstolo Paulo explica-o em profundidade, na passagem da Carta aos Romanos que acabámos de escutar: «Ignorais, porventura, que todos nós, que fomos baptizados em Jesus Cristo, fomos baptizados na Sua morte? Pelo baptismo sepultámo-nos juntamente com Ele, para que, assim como Cristo ressuscitou dos mortos, mediante a glória do Pai, assim caminhemos nós também numa vida nova» (Rm 6,3-4). O Apóstolo oferece-nos aqui o sentido do novo nascimento; mostra porque o sacramento do baptismo se realiza pela imersão na água. Não se trata duma imersão simbólica na vida de Deus. O baptismo é o sinal concreto e eficaz da imersão na morte e na ressurreição de Cristo. Compreendemos, então, porque a tradição ligou o baptismo à Vigília pascal. É neste dia, e sobretudo nesta noite, que a Igreja revive a morte de Cristo, que a Igreja inteira é tomada no cataclismo desta morte, da qual surgirá uma vida nova. A vigília, no sentido próprio da palavra, é então a expectativa: a Igreja espera a ressurreição, espera a vida que será a vitória sobre a morte e levará o homem a esta vida.

A toda a pessoa que recebe o baptismo é dado participar na ressurreição de Cristo. São Paulo retorna muitas vezes a este tema que resume o essencial do verdadeiro sentido do baptismo. Ele escreve: «Uma vez que nos tornámos com Ele num mesmo ser por uma morte semelhante à Sua, também o seremos por uma ressurreição semelhante» (Rm 6,5). E também: «Sabemos todos que o velho homem foi crucificado com Ele, para que o corpo do pecado fosse destruído, a fim de já não sermos escravos do pecado. Na verdade, aquele que morreu está absolvido do pecado. Se morrermos em Cristo, com Ele também havemos de viver, pois sabemos que Cristo, ressuscitado dentre os mortos, já não morre; a morte já não tem domínio sobre Ele. Porque, quanto a Ele, morreu pelo pecado, morreu uma só vez; mas a Sua vida é uma vida para Deus. Do mesmo modo, vós também considerai- vos mortos para o pecado e vivos para Deus, em Jesus Cristo» (Rm 6,6-11). Com Paulo, queridos jovens, vós dizeis ao mundo: a nossa esperança é firme; por Cristo, vivemos para Deus.

5. Ao evocar nesta noite a Vigília pascal, abordamos os problemas essenciais: a vida e a morte, a mortalidade e a imortalidade. Na história da humanidade, Jesus Cristo inverteu o sentido da existência humana. Se a experiência quotidiana nos mostra esta existência como uma passagem para a morte, o mistério pascal abre-nos a perspectiva duma vida nova, para além da morte. Eis por que a Igreja, que professa no seu Credo a morte e a ressurreição de Jesus, tem todas as razões para pronunciar também estas palavras: «Creio na ressurreição da carne e na vida eterna».

6. Caros jovens, sabeis o que o sacramento do Baptismo faz de vós? Deus vos reconhece como Seus filhos e transforma a vossa existência numa história de amor com Ele. Torna-vos conformes a Cristo, para que possais realizar a vossa vocação pessoal. Veio fazer aliança convosco e oferece-vos a Sua paz. Viveis já como filhos da luz, que sabem ter sido reconciliados mediante a Cruz do Salvador!

«Mistério e esperança do mundo futuro » (S. Cirilo de Jerusalém, Catequese mistagógica, 10, 12), o baptismo é o mais belo dom de Deus, que nos convida a tornar-nos discípulos do Senhor. Introduz-nos na intimidade de Deus, na vida trinitária, desde hoje até à eternidade. É uma graça dada ao pecador, que nos purifica do pecado e nos abre um futuro novo. É um lavacro que expurga e regenera. É uma unção, que nos configura com Cristo, Sacerdote, Profeta e Rei. É uma luz, que ilumina o nosso caminho e lhe dá o seu pleno sentido. É uma veste de força e de perfeição. Revestidos de branco no dia do nosso baptismo, como o estaremos no último dia, somos chamados a conservar cada dia o seu esplendor e a reencontrá-lo graças ao perdão, à oração e à vida cristã. O Baptismo é o sinal de que Deus nos alcançou no nosso caminho, de que tornou bela a nossa existência e transforma a nossa história numa história santa.

Vós fostes chamados, escolhidos por Cristo para viver na liberdade dos filhos de Deus, fostes também confirmados na vossa vocação baptismal e habitados pelo Espírito Santo, para anunciar o Evangelho com toda a vossa vida. Ao receberdes o santo crisma, empenhais- vos com todas as vossas forças por fazer crescer pacientemente o dom recebido, pela recepção dos sacramentos, em particular da Eucaristia e da Penitência que mantêm em nós a vida baptismal. Como baptizados, dais testemunho de Cristo mediante o cuidado duma vida recta e fiel ao Senhor, o que convém manter pela luta espiritual e moral. A fé e o agir moral estão ligados. Com efeito, o dom recebido levanos a uma conversão permanente, para imitar Cristo e corresponder à promessa divina. A palavra de Deus transforma a existência daqueles que a acolhem, pois é a regra da fé e da acção. Na sua existência, para respeitar os valores essenciais, os cristãos fazem também a experiência do sofrimento que pode ser exigido por opções morais opostas aos comportamentos do mundo e, portanto, às vezes heróicas. Mas a vida bem-aventurada com o Senhor comporta este preço. Caros jovens, o vosso testemunho tem este preço. Conto com a vossa coragem e a vossa fidelidade.

7. É no meio dos vossos irmãos que deveis viver como cristãos. Pelo baptismo, Deus dá-nos uma mãe, a Igreja, com a qual crescemos espiritualmente, para caminhar na via da santidade. Este sacramento integra-vos num povo, torna- vos participantes na vida eclesial e dá-vos irmãos e irmãs a amar, para «sermos um em Cristo» (Ga 3,28). Na Igreja, não há fronteiras; somos um só povo solidário, composto de múltiplos grupos segundo as culturas, as sensibilidades e os modos de agir diversos, em comunhão com os Bispos, pastores do rebanho. Esta unidade é um sinal de riqueza e de vitalidade. Na diversidade, seja o vosso primeiro cuidado a unidade e a coesão fraterna, que permitem o desenvolvimento pessoal de maneira serena e o crescimento de todo o corpo.

Contudo, o Baptismo e a Confirmação não afastam do mundo, pois partilhamos as alegrias e as esperanças dos homens de hoje e oferecemos a nossa contribuição à comunidade humana, na vida social e em todos os sectores técnicos e científicos. Graças a Cristo, estamos próximos de todos os nossos irmãos e somos chamados a manifestar a alegria profunda que se sente em viver com Ele. O Senhor chama-nos a cumprir a nossa missão lá onde estamos, pois «tão importante é a missão a que Deus nos destinou, que não nos é consentido abandoná-la» (cf. Carta a Diogneto, VI, 10). Qualquer coisa que fizermos, a nossa existência é para o Senhor, nisto consiste a nossa esperança e o nosso título de glória. Na Igreja, a presença de jovens, de catecúmenos e de novos baptizados é uma grande riqueza e uma fonte de vitalidade para toda a comunidade cristã, chamada a prestar contas da sua fé e a testemunhá-la até aos extremos confins da terra.

8. Certo dia, em Cafarnaum, quando numerosos discípulos abandonavam Jesus, Pedro respondeu à Sua interpelação: «Também vós quereis retirar-vos?», dizendo: «Senhor, para quem havemos nós de ir? Tu tens palavras de vida eterna » (Jn 6,67-68). Para esta Jornada da Juventude em Paris, uma das capitais do mundo contemporâneo, o Sucessor de Pedro vem repetir-vos que estas palavras do Apóstolo devem ser o farol que vos ilumina a todos no vosso caminho. «Senhor, para quem havemos nós de ir? Tu tens palavras de vida eterna» (Jn 6,68). Mais ainda: não somente falas da vida eterna. Tu mesmo és a vida eterna. Verdadeiramente, Tu és ?«o Caminho, a Verdade e a Vida» (cf. Jo Jn 14,6).

9. Caros jovens, pela unção baptismal, tornastes-vos membros do povo santo. Pela unção da confirmação, participais plenamente na missão eclesial. A Igreja, da qual fazeis parte, tem confiança em vós e conta convosco. Que a vossa vida cristã seja um «habituar-se» progressivo à vida com Deus, segundo a bonita expressão de Santo Ireneu, a fim de serdes missionários do Evangelho!
***


Queridos amigos, amanhã de manhã celebraremos juntos a Eucaristia. Os nossos amigos, os neobaptizados desta tarde, receberão pela primeira vez o Corpo e o Sangue de Cristo. Aproveitai esta linda noite para descansar; aproveitai- a também para rezar, sozinhos ou em grupo. Preparai assim o vosso coração para entrar amanhã na acção de graças de Jesus a seu Pai. Já podemos dar graças na alegria da oração, com o cântico da Virgem Maria, o «Magnificat».



XII JORNADA MUNDIAL DA JUVENTUDE


79ª VIAGEM APOSTÓLICA DE JOÃO PAULO II – PARIS


DISCURSO DE DESPEDIDA


NO AEROPORTO DE ORLY


24 de Agosto de 1997



Senhor Primeiro-Ministro

1. Ao concluir a minha visita ao seu País por ocasião da Jornada Mundial da Juventude, desejo exprimir-lhe a minha gratidão pelo acolhimento que Vossa Excelência me reservou e ofereceu aos jovens dos cinco continentes; estou-lhe grato pelas disposições tomadas pelo seu Governo, para assegurar o bom desenvolvimento dos diferentes encontros a que me foi dado presidir. Elas permitiram também aos jovens, que vieram do mundo inteiro, descobrir a França, terra de cultura e acolhimento. Estou certo de que eles retornam fortificados na própria vida como homens e mulheres, e confortados na própria fé; a experiência do diálogo e da fraternidade que puderam realizar, nas diferentes regiões e em Paris, exorta-os a empenhar-se no próprio país, ao serviço dos seus irmãos. Ao mesmo tempo, através do seu testemunho e entusiasmo, os jovens reunidos chamam todos os nossos contemporâneos a criarem laços de entendimento e de solidariedade.

Os meus agradecimentos estendem-se às Autoridades civis e militares, assim como aos membros do serviço de segurança e aos voluntários, que não pouparam esforços para resolver os numerosos problemas que se lhes apresentaram durante a preparação e realização do encontro. Agradeço também àqueles que ofereceram a sua contribuição à beleza e à dignidade das celebrações litúrgicas. A todos, exprimo a minha mais viva gratidão pela generosidade, eficiência e discrição na execução das suas missões; desta maneira, participaram em grande medida no magnífico desenvolvimento e no bom êxito destas jornadas, inesquecíveis para mim e também para os jovens do mundo inteiro. De igual modo, saúdo cordialmente os responsáveis das diferentes comunidades cristãs e das outras confissões religiosas que quiseram associar-se a este encontro da Igreja católica, fazendo votos por que se prossiga um diálogo aberto e confiante.

2. Antes de deixar a sua terra que tive oportunidade de pisar em muitas ocasiões desde o início do meu pontificado, e também na minha juventude, desejo exprimir de novo a minha gratidão ao Senhor Cardeal Jean-Marie Lustiger, Arcebispo de Paris, e a D. Michel Dubost, que se encarregou de toda a preparação deste encontro, ao inteiro Episcopado francês, ao clero, aos religiosos e às religiosas, assim como aos leigos da Igreja católica, que se mobilizaram para acolher os jovens e os acompanhar ao longo da sua caminhada espiritual. De maneira muito especial, agradeço aos grupos de jovens franceses que, nas diferentes estruturas, participaram na organização do XII Dia Mundial da Juventude. Eles puseram-se ao serviço da Igreja: oxalá recolham dele numerosos frutos espirituais e prossigam a sua missão cristã segundo a própria vocação!

3. Quereria assegurar a todos os católicos de França o meu afecto e a minha profunda comunhão espiritual; convidoos a ser, junto dos seus irmãos, testemunhas da própria fé e do amor de Deus, trabalhando por uma sociedade que aspira à paz, à convivência e à colaboração de todos, em vista do bem comum. Dedicados ao diálogo, eles estão convictos de que, no seio de uma nação que tem uma tradição de fraternidade e de liberdade, a expressão de convicções religiosas diferentes deve permitir desenvolver as riquezas culturais e o sentido moral e espiritual de todo um povo; ela deve também contribuir para a qualidade da vida pública, em particular mediante a atenção aos membros mais débeis da sociedade.

4. Ficar-lhe-ei grato se se dignar transmitir os meus mais vivos agradecimentos ao Senhor Presidente da República. Através da sua pessoa, Senhor Primeiro- Ministro, saúdo e agradeço aos membros do seu Governo e a todos os franceses, apresentando-lhes os meus ardentes votos de paz e de prosperidade.

Ao renovar-lhe a minha gratidão, invoco sobre todos os seus compatriotas a abundância das Bênçãos divinas.



DISCURSO DO PAPA JOÃO PAULO II


NO FINAL DO ENCONTRO LITERÁRIO


SOBRE DANTE ALIGHIERI


Domingo, 31 de Agosto de 1997





Ilustres Senhoras e Senhores!

1. Estou feliz por apresentar as minhas cordiais boas-vindas a cada um de vós, reunidos neste pátio do Palácio Apostólico de Castel Gandolfo, para prestar homenagem à arte e à fé do maior poeta italiano.

Dirijo uma saudação especial ao Cardeal Ersilio Tonini e a D. Luigi Amaducci, Arcebispo de Ravena. Saúdo ainda o Vice-Presidente do Conselho dos Ministros, o Presidente da Associação «Dante Alighieri» e quantos quiseram participar neste particular momento do «Projecto Dante» que, graças à leitura rigorosa e original do Prof. Vittorio Sermonti, permitiu percorrer outra vez as admiráveis etapas do itinerário espiritual e artístico de Dante.

Com a leitura do último cântico do «Paraíso», esta tarde fomos convidados a fazer-nos, também nós, peregrinos do espírito e a deixar-nos conduzir pela poesia sublime de Dante, a fim de contemplarmos «o Amor que movimenta o sol e as outras estrelas», suprema finalidade da história e de toda a vida humana. O sumo Poeta, com efeito, indica nestes versos o porto definitivo da existência, onde as paixões se abrandam e o homem descobre o seu limite e a sua singular vocação de chamado à contemplação do Mistério divino.

2. No grandioso cenário que propõe ao homem em busca da salvação, o Poeta reserva um lugar central a Maria, «humilde e mais excelsa criatura», imagem familiar e esplêndida de mulher que ilumina a parábola da última ascensão, depois de ter suportado o fadigoso caminho do peregrino. Que consoladora visão!

À distância de quase sete séculos, a arte de Dante, evocando emoções sublimes e certezas supremas, revela- se ainda capaz de inspirar coragem e esperança, orientando a difícil busca existencial do homem do nosso tempo rumo à Verdade eterna.

Desejo agradecer aos promotores do «Projecto Dante» e, em particular ao Prof. Vittorio Sermonti, este momento de espiritualidade e prazer estético, que quiseram oferecer-me, exprimindo viva benevolência pela benemérita iniciativa empreendida por eles desde há alguns anos na igreja de São Francisco, em Ravena. Formulo, outrossim, ardentes votos por que o seu empenho para aproximar pessoas de todas as idades ao testemunho artístico de Dante Alighieri, seja coroado de sucesso e suscite renovado interesse pelos valores perenes que motivaram as vicissitudes humanas e religiosas do sumo Poeta.

Enquanto invoco a protecção da Virgem Mãe, concedo de bom grado aos presentes a Bênção Apostólica.



                                                                            Setembro de 1997

DISCURSO DO PAPA JOÃO PAULO II


AOS BISPOS DA SUÍÇA POR OCASIÃO


DA VISITA «AD LIMINA APOSTOLORUM»


4 de Setembro de 1997



Caros Irmãos no Episcopado

1. É com grande alegria que vos acolho por ocasião da vossa visita ad Limina à sede do Sucessor de Pedro. Antes de tudo, agradeço ao vosso Presidente, D. Henri Salina, que me ilustrou alguns aspectos da vida eclesial nas vossas Dioceses e também algumas questões que vós, como seus Pastores, deveis enfrentar. Oro ao Senhor para que vos acompanhe e para que os nossos diálogos e os vossos encontros com os meus colaboradores da Cúria Romana, e entre vós, ofereçam a oportunidade de aprofundar e revigorar o affectus collegialis, e possam estes encontros, além disso, ajudar-vos a prosseguir o vosso serviço apostólico em colaboração confiante no seio da vossa Conferência Episcopal.

A tarefa do Bispo é hoje particularmente difícil. O Bispo deve exercer o seu múnus e a sua autoridade como um serviço à unidade e à comunidade; ao fazê-lo deve preocupar-se de preservar a fé na sua integridade, tal como nos foi transmitida pelos apóstolos, e também a doutrina da Igreja, que foi definida ao longo da história. Isto comporta aspectos fundamentais que não podem ser postos em discussão, nem pela opinião pública nem pelas posições assumidas por determinados grupos particulares. É preciso ajudar os fiéis a aderirem à continuidade secular da Igreja e, contemporaneamente, ter em conta os aspectos positivos do mundo moderno, sem porém fazer-se influenciar pelas modas dos tempos. A comunidade local deve preocupar- se da catolicidade, ou seja, deve viver a sua fé no seio da Igreja e em comunhão com ela. A Igreja local é parte integrante da Igreja universal; deve portanto ser uma só com o Corpo.

Compete-vos guiar o povo de Deus com inexaurível e paciente ensinamento (cf. 2Tm 4,2), sabendo ouvir os fiéis e, em particular, os sacerdotes que, como observa o Concílio Vaticano II, deveis tratar «com especial caridade [...] como aqueles que compartilham das suas funções e solicitude, e tão zelosamente satisfazem esses deveres com o trabalho de cada dia» (Christus Dominus CD 16). Os sacerdotes devem muitas vezes enfrentar uma grande quantidade de trabalho; na realidade, o seu serviço é mais um onus que uma honor. Já São João Crisóstomo escrevia: «Ele deve acolher-nos a todos na Igreja como numa casa comum; devemos estar unidos no afecto recíproco, como se formássemos todos um só corpo» (Sermão sobre a Segunda Carta aos Coríntios, 18, 3). Os vossos relatórios quinquenais demonstram a vossa solicitude por estardes próximos dos sacerdotes, que para vós são «filhos e amigos» (Christus Dominus CD 16 cf. Jo Jn 15,15). Preocupai-vos, também no futuro, das suas exigências espirituais. Os sacerdotes diocesanos ocupam um lugar especial nos vossos corações, pois em virtude de estarem incardinados na Igreja local «a fim de pastorearem uma parte do rebanho [...], constituem, por isso, um só presbitério e uma só família, de que o Bispo é o pai» (ibidem, 28).

Deveis também preocupar-vos de promover a colaboração harmoniosa nas múltiplas obras da Igreja. Esta colaboração entre todos os membros da Igreja, se for bem organizada, pode ajudá-la a fortalecer o seu particular dinamismo. As comunidades suíças devem, porém, ter em conta também as realidades vividas pelas outras comunidades. Devem estar dispostas a aceitar, no espírito da fé, as normas estabelecidas pelo Sucessor de Pedro, Pastor da Igreja universal. A vida das comunidades locais deve inserir- se nas estruturas próprias à Igreja, que são articuladas de modo diverso das instituições civis.

2. Os leigos, alguns dos quais são muito activos na vida pastoral, desempenham a sua missão juntamente com os pastores da Igreja, os Bispos, sacerdotes e diáconos que, enquanto ministros consagrados, têm a tarefa de ensinar, de santificar e de governar o povo de Deus no nome de Cristo Cabeça (cf. CDC, cânn. 1008-1009). No âmbito da única missão da Igreja, as respectivas tarefas são distintas entre si e, ao mesmo tempo, integram-se. É importante, em particular, colaborar para uma pastoral juvenil activa, promovendo o desenvolvimento dos movimentos e das associações que podem ajudar muito a Igreja a adquirir um novo dinamismo. Sinto-me, portanto, feliz pelo facto que homens e mulheres se esforcem por exercer tarefas importantes na catequese e no acompanhamento dos grupos juvenis. Eles têm a responsabilidade, em relação aos jovens, de ensinar os valores cristãos e a fé católica. Devem colaborar com os pais, que desses são as primeiras testemunhas ao lado dos próprios filhos. Exorto aqueles que exercem um papel de responsabilidade no âmbito da consulta matrimonial e da assistência aos cônjuges e às famílias, a serem fiéis aos ensinamentos da Igreja.

Seria bom reflectir sobre o que o Concílio Vaticano II explicou com ênfase no capítulo IV da Constituição Lumen gentium (cf. nn. 30-38), sobre as tarefas particulares dos leigos na Igreja. A união deles com Cristo no Corpo da Igreja comporta a obrigação de orientar as próprias actividades para a proclamação do Evangelho e o crescimento do povo de Deus. Isto acontece, em particular, quando desempenham a função que lhes corresponde de impregnar os acontecimentos do mundo temporal com o espírito cristão (cf. ibidem, 31; Apostolicam actuositatem AA 7). Uma das tarefas que, a respeito disso, compete aos pastores é oferecer aos leigos uma preparação séria, em vista das suas actividades.

3. Convido os fiéis a acolherem o ensinamento da Igreja na fé. O ser cristão pressupõe uma constante conversão interior. A obediência à Igreja é indispensável para aceitar a Revelação, da qual a Igreja é depositária, para obter a comunhão na verdade que nos torna livres (cf. Jo Jn 8,32) e no Espírito Santo, que derrama o amor de Deus nos nossos corações (cf. Rm Rm 5,5). Esta obediência à Igreja comporta também a aceitação da ordem estabelecida com base nas normas vigentes para os diferentes níveis da sua actividade. Sobretudo no âmbito litúrgico essa fidelidade resulta mais necessária que nunca; a respeito disso, convém recordar o que afirma o Concílio Vaticano II: «Regular a sagrada Liturgia compete unicamente à autoridade da Igreja, a qual reside na Sé Apostólica e, segundo as normas de direito, no Bispo [...]. Por isso, ninguém mais, mesmo que seja sacerdote, ouse, por sua iniciativa, acrescentar, suprimir ou mudar seja seja o que for em matéria litúrgica» (Constituição sobre a Sagrada Liturgia Sacrosanctum concilium, SC 22).

Considerando tudo isto, é-me grato constatar que cada dia aumentam os fiéis que se empenham por conhecer melhor a doutrina católica. Desejo ressaltar a missão particular dos teólogos, que têm a tarefa de esclarecer os seus irmãos e irmãs na profundidade dos mistérios divinos. Isto ocorre porque o seu ensinamento está baseado sobre a revelação e é sustentado por uma intensa vida espiritual e pela oração. O ensinamento teológico está ao serviço da verdade e da comunidade. Não pode permanecer uma simples reflexão privada. Por isso, o âmbito natural da investigação teológica é a própria Igreja. A ciência sagrada não pode estar separada da Palavra de Deus, que é viva e ilumina. Ela é acolhida e transmitida pela Igreja, cujo ensinamento é exercido em nome de Jesus Cristo (cf. Concílio Vaticano II, Dei Verbum DV 10 Congregação para a Doutrina da Fé, Instrução sobre a vocação eclesial do teólogo, 24/5/1990).

4. Como pondes claramente em evidência nos vossos relatórios quinquenais, preocupa-vos o problema das vocações. Ele refere-se, no seu conjunto, às comunidades cristãs, no seio das quais podem desabrochar as vocações, sustentadas pela oração de todos e favorecidas pela globalidade da pastoral juvenil. Compete em particular aos pais e aos educadores ser os instrumentos do chamado do Senhor. Nos últimos anos, nalgumas das vossas Dioceses, poucos jovens aceitaram empenhar-se na via do sacerdócio ou da vida consagrada. Justamente, portanto, esforçais-vos por imprimir um novo impulso à pastoral das vocações nas comunidades cristãs e nas famílias, pondo em evidência a grandeza e a beleza do dom de si no celibato, livremente escolhido por amor do Senhor, sem contudo que resulte diminuído o valor da vida laical e do matrimónio. Como recordei na Exortação Apostólica pós-sinodal Pastores dabo vobis, fazendo meus os pedidos dos Padres sinodais, é necessário «instruir e educar os fiéis leigos acerca das motivações evangélicas, espirituais e pastorais próprias do celibato sacerdotal de modo que ajudem os presbíteros com a amizade, a compreensão e a colaboração» (n. 50). Isto é tanto mais importante porque, numa sociedade onde a vida cristã e o celibato parecem muitas vezes ser considerados como obstáculos à realização da pessoa, algumas famílias podem preocupar-se por ver os próprios filhos ou filhas deixar tudo para seguir Cristo.

A questão diz respeito à globalidade da educação; em geral, é para desejar que os pais, à luz da fé da Igreja, acompanhem com confiança e coragem os jovens para que estes assumam plenamente o seu papel na comunidade cristã, participem de maneira activa na vida paroquial e se empenhem nas associações e nos movimentos. Assim, um autêntico amadurecimento pessoal, social e espiritual conduzirá os jovens, chamados pelo Senhor, a realizarem livremente a sua vocação; é só sob esta condição que serão felizes na sua vida. Para que, depois, aceitem responder de modo positivo ao chamado de Cristo, é essencial que as comunidades cristãs reconheçam o papel e a missão específica dos sacerdotes e da vida consagrada. Com efeito, como podem os jovens perceber a grandeza dessas vocações, se permanecem equívocos acerca do papel específico daqueles que receberam o mandato da parte da Igreja?

5. Os Bispos devem hoje estar particularmente atentos à formação dos seminaristas. Continuai a dar grande importância à qualidade da formação espiritual e dos programas de formação intelectual. Todos os aspectos da formação devem equilibrar-se, a fim de contribuírem para a maturidade dos vossos futuros colaboradores. Neste contexto, convém ter em consideração as exigências do mundo actual, para preparar um exercício do ministério bem adaptado à nossa época; mas é preciso cuidar de centrar a formação no essencial do conteúdo da fé, a fim de permitir aos jovens sacerdotes responder de maneira pertinente às questões incessantemente renovadas, que são debatidas pela opinião pública. As regras sábias, dadas pela Ratio institutionis sacerdotalis, servos-ão particularmente úteis.

6. Quereria aqui pedir que transmitísseis aos sacerdotes das vossas Dioceses a saudação confiante do Sucessor de Pedro. Ao viverem o seu sacerdócio de maneira exemplar, eles são as primeiras testemunhas da vocação ao ministério. Ao verem a vida deles, os jovens podem sentir o desejo de os imitar no seu empenho sacerdotal. Que o presbitério seja uma coroa espiritual à volta do Bispo! Conheço a responsabilidade cada vez mais difícil dos sacerdotes do vosso País, em particular daqueles que exercem o ministério paroquial. Exprimi-lhes os encorajamentos calorosos do Papa, que os convida a não desanimar e a continuar a ser pastores zelosos para o povo que lhes foi confiado. A sua missão deve arraigar-se numa vida espiritual e sacramental intensa, que unifica a sua personalidade e os torna disponíveis a receber as graças necessárias para o seu serviço evangélico. Com efeito, é o Senhor que, pelo seu Espírito, ajuda e acompanha aqueles que por Ele foram chamados a segui-l’O no sacerdócio. Os sacerdotes devem empenhar-se em ser testemunhas jubilosas de Cristo, através da sua vida recta, em harmonia com o compromisso assumido no dia da sua ordenação.

Na Suíça, a vida religiosa conheceu uma notável tradição na sua história. Confio-vos o cuidado de dizer aos religiosos e às religiosas que, ainda hoje, a Igreja conta de modo particular com eles para prosseguir os seus empenhos nos sectores essenciais da vida pastoral: a educação, a saúde, a assistência às pessoas idosas e aos pobres, e de maneira muito especial o atendimento a numerosos fiéis nas suas casas de acolhimento e de retiros espirituais, ou ainda no quadro das peregrinações que eles animam. Aprecio a sua coragem e a sua discreta disponibilidade. Num tempo em que diminui o número das vocações, importa que o conjunto da Igreja reconheça melhor o valor e o sentido da vida consagrada.

7. As dioceses da Suíça têm uma tradição missionária solidamente enraizada. Agradeço-lhes a sua atenção e a sua ajuda generosa às jovens Igrejas, tanto para a missão que lhes é própria como para a sua contribuição ao desenvolvimento. Exprimis de maneira apreciável a vossa atenção à vida da Igreja universal; isto manifesta também o vosso sentido profundo da justiça e da solidariedade com os mais desprovidos. Nalguns aspectos concretos, os católicos suíços estão assim em comunhão com toda a Igreja, cuja solicitude compete em primeiro lugar aos Bispos, como foi ressaltado claramente pelo Concílio Vaticano II: «Os Bispos, como legítimos sucessores dos Apóstolos e membros do colégio episcopal, considerem-se unidos sempre mais entre si e mostrem-se solícitos por todas as Igrejas» (Christus Dominus CD 6).

8. Quereria também evocar brevemente a importância do movimento ecuménico no vosso país. Juntamente com os vossos diocesanos, prossegui a oração comum e o diálogo com o conjunto dos nossos irmãos cristãos, tendo em conta, de modo inequivocável, questões doutrinais e pastorais ainda não resolvidas, assim como as diferentes sensibilidades. O caminho a percorrer pode ser ainda longo. É aplicando com fidelidade os princípios e as normas elaboradas pelo Directório para o ecumenismo, que se há-de progredir realmente no caminho da plena unidade (Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos, 25/3/1993).

9. Apresentastes oportunamente ao povo cristão a figura de São Pedro Canísio, que morreu há 400 anos em Friburgo. O seu ensinamento, o seu sentido pedagógico e o seu empenho apostólico ao serviço do Evangelho são outros tantos aspectos da sua vida, que podem inspirar hoje o comportamento dos Pastores e das comunidades cristãs. É também um modelo de diálogo ecuménico, respeitoso das pessoas, repleto duma caridade cordial e desejoso de testemunhar a sua fé em Cristo e o seu amor à Igreja, unida à volta dos Bispos e do Sucessor de Pedro. As recentes beatificações têm de igual modo um efeito positivo na vida espiritual e apostólica do povo cristão: os Santos duma nação estão próximos dos seus compatriotas. São testemunhas privilegiadas, modelos de vida cristã.

Ao confiar-vos à intercessão dos Santos da vossa terra, aos quais os fiéis continuam profundamente ligados, concedo- vos de todo o coração a minha Bênção, assim como aos sacerdotes, aos religiosos, às religiosas e aos leigos das vossas Dioceses.




Discursos João Paulo II 1997 - Paris, 21 de Agosto de 1997