Discursos João Paulo II 1997 - 4 de Setembro de 1997

DISCURSO DO PAPA JOÃO PAULO II


AO SENHOR ALBERTO LEONCINI BARTOLI


NOVO EMBAIXADOR DA ITÁLIA JUNTO DA SANTA SÉ


POR OCASIÃO DA APRESENTAÇÃO


DAS CARTAS CREDENCIAIS


4 de Setembro de 1997



Senhor Embaixador

Ao receber as Cartas que o acreditam como Embaixador Extraordinário e Plenipotenciário da República Italiana junto da Santa Sé, é-me grato dirigir um deferente e cordial pensamento ao Presidente da República, Sua Excelência o Senhor Oscar Luigi Scalfaro, e à inteira Nação. Já são muitos os Estados representados junto desta Sé Apostólica, mas especialíssima é a relação com o País que, desde há dois mil anos, está tão próximo da sede originária do Sucessor de Pedro. Na verdade, o Papa jamais é estranho ao «bel paese che Appennin parte, il mar circonda e l’Alpe»; não foi nem o é devido ao múnus de Bispo de Roma, que especifica e encarna aqui o seu papel de Pastor da Igreja universal.

Também — e sobretudo — nas horas mais difíceis, nas situações obscuras e complicadas, jamais diminuíram o amor do Sumo Pontífice por este caríssimo povo e o empenho pela sua salvaguarda e o seu bem-estar. Desde a época das invasões e das migrações de povos até aos bombardeamentos e às devastações da última guerra mundial, os Sucessores de Pedro — no variar das condições temporais — prodigalizaram em favor do povo que natureza e história colocaram à volta da sua Cátedra. Também nos nossos dias, com uma extraordinária «grande oração pela Itália», eu quis chamar a atenção de todos para os problemas que as vicissitudes destes anos 90 suscitaram neste amadíssimo País, com a finalidade de suscitar renovadas energias e fidelidade criativa, à luz duma antiga e ainda hoje frutuosa tradição de empenho e de sacrifício pelo bem comum, no acolhimento da verdade cristã.

Em particular, o século que está para terminar constituiu um caminho de encontro entre a Itália e a Santa Sé. As incompreensões e dificuldades do século precedente foram imediatamente superadas. A Constituição de 11 de Fevereiro de 1929 realizou o sonho dos espíritos melhores, que queriam «restituir a Itália a Deus e Deus à Itália», demonstrando além disso que nada de irreparável jamais ocorrera entre o País e os Sucessores de Pedro. Parece já claro a todos que as reservas da Santa Sé a algumas páginas da unificação não eram ditadas por ambições de posse nem sequer de poder terreno, mas pela necessária defesa da independência absoluta da soberania territorial circunstante.

Depois, quando ainda estavam abertas as chagas do totalitarismo e da guerra, a sabedoria de muitos quis que fosse inserido, na Constituição da nascente e livre República, o princípio da independência e da soberania de ambos os ordenamentos, enquanto já ninguém colocava em discussão o exíguo e quase simbólico espaço, necessário à Sé Apostólica para o exercício da sua missão no mundo inteiro.

E mais, com o Acordo de Revisão de 1984, o mesmo espírito presidia à actualização consensual dos Pactos Lateranenses, manifestando claramente, como já se expressara o Concílio Ecuménico Vaticano II, que entre Igreja e Estado não há oposição, mas concurso e colaboração para salvaguardar a pessoa humana, nas suas manifestações individuais e sociais.

As relações entre Santa Sé e República Italiana, podemos dizê-lo com base numa já consolidada experiência histórica, coroam de facto um tecido de relações, um inconversível modo de se posicionar, rico de frutos e de potencialidades. A Igreja, da sua parte, tem um tesouro de verdades que incansavelmente propõe ao homem, no articulado desenvolver- se das suas estruturas sociais. É antes de tudo na família que a doutrina e a moral cristã reconhecem o âmbito primeiro e natural de acolhimento da vida, desde a sua concepção. A família, nascida do amor de um homem e de uma mulher, que as tradições e a lei consagram como célula base da sociedade, espera que seja plenamente actuado o conteúdo da lei fundamental da República, lá onde «reconhece os direitos da família como sociedade natural fundada sobre o matrimónio» (art. 29). A família, portanto, tem uma função basilar na organização social, e deve ser incentivada e protegida, também no terreno económico e fiscal. Ela não pode estar abandonada à corrosão do relativismo, porque a vida e o futuro mesmo do País estão contidos no seu seio.

A respeito disso, muitas vozes já se levantaram com desalento, ao ver a Itália relegada a níveis muito baixos de natalidade. Nisto pode-se ver um sentimento de fechamento, um acto de desconfiança quanto ao destino da sociedade nacional e, talvez também, um cedimento egoísta. Todos esperam que a vida seja ajudada a crescer e a florescer com todas as providências que se puderem dar.

A escola, em perspectiva semelhante, assume um papel essencial na construção da Itália de amanhã. Antigas barreiras, também de ordem psicológica, estão a ceder, mas o mesmo princípio, que chama todos os cidadãos a dar o seu contributo ao bem comum, através de uma participação mais ampla e eficaz, exige plena e madura liberdade da escola e na escola. A cultura exige diálogo e confronto, os cidadãos e as famílias esperam do Estado aquela ajuda razoável que permite tornar efectivo e indiscutível o direito a escolher o horizonte cultural, sem discriminações nem ónus, mesmo só economicamente insustentáveis.

Mas tudo seria vão se faltasse o trabalho. Já o Concílio Ecuménico Vaticano II avançara o conceito de participação na criação ínsita no trabalho quotidiano, e isto foi por mim reafirmado nalgumas Encíclicas. Agora a juventude teme sobretudo a falta de emprego estável e motivante. Às Autoridades públicas, às forças económicas, aos sindicatos, a todos os indivíduos compete a severa tarefa de predispor as condições para as actividades de trabalho não fictícias, e tais que dissuadam os jovens das tentações do ócio, do lucro fácil ou até mesmo de actividades criminosas.

Nestas emergências a Comunidade católica tem o seu contributo a dar, e muito está a ser feito pelo voluntariado ao «projecto cultural», que a Conferência Episcopal Italiana está a pôr em prática. Tudo isto reafirma uma verdade que não pode ser desmentida: os crentes e a Igreja não são estrangeiros neste País. Eles fazem parte dele a pleno título. Da sua longuíssima, e talvez única tradição, do ensinamento do Magistério, da Revelação mesma tiram argumentos para curar tanto os males como as necessidades do País, e a busca contínua para oferecer novos contributos. Não é deveras um caso o facto de a identidade verdadeira e profunda do País se revelar de modo inequivocável no Cristianismo.

Com a queda de tantas fronteiras e o nascimento de uma nova Europa, tornase cada vez mais presente o dever de enriquecer o continente com o carisma específico que caracteriza a Itália. Às glórias do passado, às criativas iniciativas do presente, ajunta-se a fisionomia fundante da sua identidade católica, que tantas provas deu e continua a dar na arte, nas actividades sociais e também em tantos itinerários de fé e de cultura. A alma da Itália é alma católica, e grandes são neste sentido as expectativas, por tudo o que ela pode exprimir entre as Nações irmãs, finalmente pacificadas. Expectativas destinadas ulteriormente a encaminhar-se na perspectiva exaltante, repleta de esperança, da celebração do Grande Jubileu do Ano 2000, à qual Vossa Excelência fez oportuna referência. Esse evento é destinado a representar um momento de crescimento humano, civil e espiritual também para a dilecta Nação italiana. Oxalá a colaboração em acto entre a Santa Sé e a Itália contribua para favorecer o seu pleno bom êxito.

É com estes sentimentos repletos de esperança que apresento a Vossa Excelência, Senhor Embaixador, os votos mais ardentes para o feliz cumprimento da sua alta missão, e de coração concedo- lhe a Bênção Apostólica, que desejo estender às pessoas que o acompanham, aos seus familiares e à querida Nação italiana.



DISCURSO DO PAPA JOÃO PAULO II


NO ENCONTRO COM OS SÓCIOS


DO «CENTRO DOS VOLUNTÁRIOS DO SOFRIMENTO»


FUNDADO PELO MONS. LUIGI NOVARESE


6 de Setembro de 1997





Caríssimos Irmãos e Irmãs!
Irmãos no Episcopado

1. Sinto-me particularmente feliz por este nosso encontro e apresento a cada um de vós a minha mais cordial saudação, com um especial e afectuoso pensamento a quantos, enfrentando os incómodos da viagem, não quiseram faltar a esta reunião, embora vindos de muito longe.

Recordais neste ano o 50° aniversário da vossa benemérita Associação, nascida em Roma por obra do Servo de Deus, Mons. Luigi Novarese, coadjuvado pela Senhora Elvira Myriam Psorulla, a quem agradeço as palavras com que se fez hoje intérprete dos sentimentos de todos os presentes. Ela quis reafirmar o propósito da inteira Associação de servir a Cristo nos que sofrem, mediante uma singular obra de evangelização e de catequese, que vê em primeiro plano a acção pessoal e directa dos próprios deficientes.

Está espiritualmente presente entre nós o Mons. Novarese, que com certeza continua, do Céu, a acompanhar esta obra, brotada do seu coração sacerdotal. E com ele estão espiritualmente próximos todos os «voluntários do sofrimento » que, no arco deste meio século, deixaram este mundo, levando consigo o viático da participação no mistério da Cruz de Jesus.

2. A vossa Associação teve, como primeiro núcleo, a Liga Sacerdotal Mariana, fundada em 1943. Com essa iniciativa o Mons. Novarese queria corresponder a quanto a Virgem tinha pedido nas aparições em Lourdes e em Fátima. Ele quis, além disso, seguir o convite do meu venerado Predecessor, Pio XII, acerca da consagração do mundo ao Coração Imaculado de Maria.

Era consciente de que Maria mesma, unida ao divino Filho aos pés da cruz, nos ensina a viver o sofrimento com Cristo e em Cristo, na força do amor do Espírito Santo. Maria é a primeira e perfeita «voluntária do sofrimento», que une a própria dor ao sacrifício do Filho, para que adquira significado de redenção.

Desta matriz mariana nascestes vós, caros «Voluntários do Sofrimento», que realizais um apostolado mais que nunca precioso na Comunidade cristã. Inserisvos naquele grande movimento de renovação eclesial que, fiel ao Concílio Vaticano II e atento aos sinais dos tempos, encontrou novas energias para trabalhar, com coragem, no campo da evangelização num âmbito, o do sofrimento, certamente não fácil e cheio de interrogativos.

Esta vossa orientação pastoral encontrou uma explícita confirmação na Exortação Apostólica Christifideles laici, a qual, a propósito da «acção pastoral em favor dos doentes e dos que sofrem », diz: «O doente, o diminuído físico, o que sofre, não [deve ser considerado] simplesmente objecto do amor e do serviço da Igreja, mas sim sujeito activo e responsável da obra de evangelização e de salvação» (n. 54).

Por ocasião do Ano Santo da Redenção, eu mesmo quis oferecer à Igreja, com a Carta Apostólica Salvifici doloris, uma meditação sobre o valor salvífico do sofrimento humano (cf. AAS 76, 1984), e estou-vos reconhecido porque contribuístes para difundir esta mensagem, não só com as palavras, mas também com o silencioso testemunho da vossa existência.

3. Caríssimos Irmãos e Irmãs, a vossa Responsável, ao interpretar a atitude que teria hoje o Fundador, expressou a promessa de colaborar intensamente com a oração e o sacrifício na preparação do Grande Jubileu do Ano 2000.Obrigado por esta vossa contribuição. Mais que nunca ela é útil e preciosa.

A palavra Jubileu sugere a ideia de alegria, de exultação, e portanto poderia, à primeira vista, parecer em contraste com a condição de quem sofre. Na realidade seria assim, se nos limitássemos a uma consideração puramente humana. Mas, na óptica da fé, compreende- se que não há Ressurreição sem a Cruz. Compreende-se, então, não só que o sofrimento pode conciliar-se com a alegria, mas antes, que só no sinal da Cruz se pode chegar à verdadeira e consoladora alegria cristã. Não pode haver autêntica preparação para o Jubileu se não se assume no itinerário espiritual também a experiência do sofrer, nas suas várias formas.

4. Os grandes objectivos que a Igreja nos propõe nestes três anos de caminho rumo ao grande evento jubilar não podem ser alcançados sem o sacrifício pessoal e comunitário dos cristãos, em união com o único Sacrifício redentor de Cristo. A propósito disso, a vossa Associação pode oferecer uma contribuição específica, ajudando os fiéis que se encontram na prova a não se sentirem excluídos da peregrinação espiritual rumo ao Ano 2000 mas, ao contrário, a caminharem em primeira linha, levando a Cruz gloriosa de Cristo, única esperança de vida para a humanidade de todos os tempos.

Exemplo extraordinário desta silenciosa missão de caridade, que nasce da constante contemplação de Jesus na cruz, é a Madre Teresa de Calcutá, que retornou à Casa do Pai precisamente ontem. Esta manhã celebrei com íntima comoção a santa Missa por ela, inesquecível testemunha de um amor feito serviço concreto e incessante aos irmãos mais pobres e marginalizados. No rosto dos miseráveis ela reconheceu o de Jesus que, do alto da Cruz, implora: «Tenho sede». E acolheu este brado, com generosa dedicação, dos lábios e do coração dos moribundos, dos pequeninos abandonados, dos homens e das mulheres oprimidos pelo peso do sofrimento e da solidão.

Percorrendo incansável as estradas do mundo inteiro, a Madre Teresa marcou a história do nosso século: com coragem defendeu a vida; serviu cada ser humano promovendo sempre a sua dignidade e o seu respeito; fez sentir aos «derrotados da vida» a ternura de Deus, Pai amoroso de todas as Suas criaturas. Testemunhou o evangelho da caridade, que se nutre do dom gratuito de si até à morte. Assim a recordamos, invocando para ela o prémio que todo o fiel servidor do Reino de Deus espera. Possa o seu luminoso exemplo de caridade servir de conforto e de estímulo para a sua família espiritual, para a Igreja e a humanidade inteira.

Caríssimos Irmãos e Irmãs, agradeçovos mais uma vez este encontro festivo e faço votos por que a vossa actividade associativa possa beneficiar da celebração cinquentenária. Ao implorar a protecção materna da Virgem Maria, de coração concedo uma especial Bênção Apostólica a vós aqui presentes e a todos os Voluntários do Sofrimento, assim como aos Silenciosos Operários da Cruz e aos membros da Liga Sacerdotal Mariana.



DISCURSO DO PAPA JOÃO PAULO II


POR OCASIÃO DA APRESENTAÇÃO OFICIAL


DA EDIÇÃO TÍPICA LATINA


DO CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA


8 de Setembro de 1997





Senhores Cardeais
Venerados Irmãos no Episcopado e no Sacerdócio
Caríssimos Irmãos e Irmãs!

1. Com esta solene cerimónia, desejo hoje apresentar oficialmente à Igreja e ao mundo a edição típica latina do Catecismo da Igreja Católica, que no dia 15 de Agosto passado, solenidade da Assunção da Bem-aventurada Virgem Maria ao céu, aprovei e promulguei com a Carta Apostólica Laetamur magnopere.

Exprimo, antes de tudo, um profundo sentimento de gratidão a Deus Omnipotente que, com a assistência iluminante e corroborante do seu Espírito, guiou e sustentou o caminho de elaboração do Catecismo, iniciado há mais de dez anos, e que agora chegou finalmente à sua conclusão.

Agradeço vivamente aos Senhores Cardeais, aos Arcebispos e Bispos Membros das várias Comissões que trabalharam para este empreendimento, e que hoje juntamente comigo recolhem o fruto desse intenso e profícuo trabalho. De todo o coração dirijo um agradecimento particular ao caríssimo Senhor Cardeal Joseph Ratzinger, que há pouco interpretou o sentimento de todos os presentes e, no decurso destes anos, presidiu aos trabalhos, guiando-os e coordenando-os com sabedoria digna de encómio, até à sua feliz conclusão.

Confio agora este texto definitivo e normativo à Igreja inteira, em particular aos Pastores das várias Dioceses espalhadas pelo mundo: com efeito, são eles os principais destinatários deste Catecismo. Num certo sentido, poder-se-ia com razão aplicar a esta circunstância a expressão paulina: «Eu recebi do Senhor o que também vos transmiti» (1Co 11,23). A cerimónia hodierna constitui, de facto, um ponto de chegada mas, ao mesmo tempo, assinala um novo «ponto de partida», uma vez que o Catecismo, já ultimado, deve ser melhor e mais amplamente conhecido, acolhido, difundido e, sobretudo, tornado precioso instrumento de trabalho quotidiano na pastoral e na evangelização.

2. Multíplice e complementar é o uso, que se pode e se deve fazer deste texto, para que se torne cada vez mais «ponto de referência» para a inteira acção profética da Igreja, sobretudo neste tempo em que se adverte, de maneira forte e urgente, a necessidade de um novo impulso missionário e de um relançamento da catequese.

Com efeito, o Catecismo ajuda «a aprofundar o conhecimento da fé... orienta-se no sentido do amadurecimento da mesma fé, do seu enraizamento na vida e da sua irradiação no testemunho » (Catecismo da Igreja Católica [CIC], n. 23) de todos os membros da Igreja. Ele representa um válido e seguro instrumento para os presbíteros na sua formação permanente e na pregação; para os catequistas na sua preparação remota e próxima para o serviço da Palavra; para as famílias no seu caminho de crescimento rumo ao pleno exercício das potencialidades ínsitas no sacramento do matrimónio.

Os teólogos poderão encontrar no Catecismo uma autorizada referência doutrinal para a sua incansável investigação. Eles são chamados a prestar-lhe um precioso serviço, quer aprofundando o conhecimento dos conteúdos nele expostos de modo essencial e sintético, quer desenvolvendo com mais clareza as motivações subjacentes às afirmações doutrinais, quer ainda evidenciando os profundos nexos que ligam entre si as várias verdades, de maneira a fazer ressaltar sempre mais «a maravilhosa unidade do mistério de Deus, do seu desígnio de salvação, bem como a centralidade de Jesus Cristo, o Filho Unigénito de Deus, enviado pelo Pai, feito homem no seio da santíssima Virgem Maria por obra do Espírito Santo, para ser o nosso Salvador» (Const. Apost. Fidei depositum, 3).

O Catecismo apresenta-se, além disso, como precioso subsídio para a actualização sistemática daqueles que trabalham nos múltiplos campos da acção eclesial. De modo geral, será mais do que nunca útil para a formação permanente de todo o cristão que, consultando-o tanto de maneira contínua como ocasional, poderá redescobrir a profundidade e a beleza da fé cristã, e será conduzido a exclamar com as palavras da Liturgia baptismal: «Esta é a nossa fé. Esta é a fé da Igreja. E gloriamo-nos de a professar, em Cristo Jesus nosso Senhor» (Rito da celebração do Baptismo).

Não são poucas, depois, as pessoas que já encontraram neste Catecismo também um precioso instrumento para a oração pessoal e comunitária, para promover e qualificar os diversos e complementares itinerários de espiritualidade, para dar novo vigor à sua vida de fé. Além disso, não se deve esquecer o valor ecuménico do Catecismo. Como já atestam numerosos e positivos testemunhos de Igrejas e Comunidades eclesiais, ele é capaz de «dar um apoio aos esforços ecuménicos, animados pelo santo desejo da unidade de todos os cristãos, mostrando com exactidão o conteúdo e a harmoniosa coerência da fé católica» (cf. Const. Apost. Fidei depositum, 4). Mas também àqueles que se interrogam e se encontram em dificuldade na sua fé, ou a quantos não acreditam absolutamente ou já não crêem, o Catecismo pode oferecer uma ajuda válida, ilustrando aquilo em que a Igreja católica crê e procura viver, e fornecendo estímulos esclarecedores na busca da Verdade.

3. O Catecismo da Igreja Católica deve, em particular, constituir um texto de referência seguro e um guia autorizado para a elaboração dos vários Catecismos locais (cf. ibid., n. 4). Louvável foi, a respeito disto, o empenho de Bispos e de inteiras Conferências Episcopais ao prepararem Catecismos locais, tendo como «ponto de referência» o Catecismo da Igreja Católica. É necessário prosseguir neste caminho com atenção vigilante e perseverança incansável.

Como tive ocasião de fazer noutras circunstâncias, renovo aqui um ardente encorajamento às Conferências Episcopais, para que empreendam, com prudente paciência mas também com corajosa determinação, este importante trabalho, que deve ser realizado em entendimento com a Sé Apostólica. Trata-se de redigir Catecismos fiéis aos conteúdos essenciais da Revelação e actualizados no que se refere à metodologia, capazes de educar para uma fé sólida as gerações cristãs dos tempos novos.

Ainda que, em particular, o Catecismo da Igreja Católica possa ser utilizado como texto catequético nacional e local, torna-se contudo necessário, onde isto ainda não ocorreu, proceder à elaboração de Catecismos novos que, enquanto apresentam com fidelidade e de modo integral o conteúdo doutrinal do Catecismo da Igreja Católica, privilegiem percursos educativos diferenciados e articulados, segundo as expectativas dos destinatários. Estes Catecismos, valendo-se também das preciosas indicações oferecidas pelo novo «Directório Geral para a Catequese», que será publicado proximamente, são chamados a realizar aquelas «adaptações da exposição e dos métodos catequéticos, exigidas pelas diferenças de culturas, idades, espiritualidades, situações sociais e eclesiais daqueles a quem a catequese se dirige» (CIC 24). Repetir-se-á assim, de algum modo, a estupenda experiência do tempo apostólico, quando cada crente ouvia anunciar na própria língua as grandes obras de Deus (cf. Act Ac 2,11) e, ao mesmo tempo, tornar-se-á ainda mais tangível a catolicidade da Igreja, através do anúncio da Palavra nas múltiplas línguas do mundo, formando «como um coro harmonioso, composto das vozes de inumeráveis multidões de homens, que se eleva de todos os pontos da terra em todos os momentos da história, em modulações, timbres e combinações sem número, para o louvor de Deus» (Enc. Slavorum apostoli, 17). Longe, portanto, de desencorajar ou até mesmo de substituir os Catecismos locais, o Catecismo da Igreja Católica requer, promove e guia a sua elaboração.

4. Convido o clero e os fiéis a um contacto frequente e intenso com este Catecismo, que confio de modo especial a Maria Santíssima, cuja festa da Natividade celebramos hoje. E oro para que, assim como o nascimento da Virgem constituiu, no início da nova era, um momento fundamental no plano predisposto por Deus para a Encarnação do Seu Filho, assim este Catecismo, preparado no limiar do terceiro milénio, possa tornar-se um instrumento útil para introduzir a Igreja e cada um dos fiéis na contemplação sempre mais profunda do mistério do Verbo de Deus, que Se fez Homem.

Com esses sentimentos, ao agradecer a quantos participaram na redacção e tradução do Catecismo da Igreja Católica, concedo uma especial Bênção Apostólica a cada um de vós e a todas as pessoas a quem este texto é destinado.



DISCURSO DO PAPA JOÃO PAULO II


AOS BISPOS DA ETIÓPIA E DA ERITREIA


POR OCASIÃO DA VISITA «AD LIMINA APOSTOLORUM»


12 de Setembro de 1997



Senhor Cardeal
Caros Irmãos Bispos

1. É para mim motivo de grande alegria dar as boas-vindas a vós, Bispos da Igreja da Etiópia e da Eritreia, por ocasião da vossa visita «ad limina Apostolorum »: «Graça e paz vos sejam dadas da parte de Deus, nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo» (Rm 1,7). A antiga prática de «vir consultar Pedro» é uma reminiscência da visita que o apóstolo Paulo fez a Jerusalém, para passar ali algum tempo com Pedro (cf. Gl Ga 1,18), que o Senhor tinha constituído em «Rocha» sobre a qual construir a sua Igreja. No abraço fraterno de Pedro e Paulo, a primeira comunidade cristã leu o dever de tratar os pagãos convertidos por Paulo, como verdadeiros irmãos e irmãs na fé. Ao mesmo tempo, na narração de Paulo acerca da abundante efusão de graça sobre estes novos irmãos, a inteira comunidade encontrou razões cada vez mais claras para louvar a infinita misericórdia de Deus (cf. Act Ac 15,16 ss.). De modo análogo, este nosso encontro colectivo de hoje reafirma a comunhão das vossas Igrejas particulares com o Sucessor de Pedro e com a Igreja universal. Assim, reunidos em íntima comunhão de coração, podemos unir as nossas vozes ao cântico do salmista: «Do Egipto virão os grandes e a Etiópia estenderá as mãos para o Senhor. Reinos da terra, louvai o Senhor, cantai salmos a Javé» (Ps 68,32-33).

2. Caros Irmãos no Episcopado, ambos os vossos Países nestes últimos tempos foram submetidos a amplas transformações políticas e culturais. Entre as mais significativas, quero recordar o desenvolvimento de formas democráticas de governo e o empenho de favorecer o crescimento económico e o progresso tecnológico nas vossas sociedades tradicionais. Compartilho convosco a preocupação pastoral pelo desenvolvimento pacífico dos vossos povos, não só em termos de progresso material, mas sobretudo em relação à genuína liberdade política, à harmonia étnica e ao respeito pelos direitos de todos os cidadãos, com particular atenção às situações das minorias e às necessidades dos pobres. A questão que está diante de vós neste momento, à luz da situação que tomais em consideração na vossa Carta Pastoral Thy Kingdom Come, publicada no início deste ano, pode ser assim formulada: como pode o Evangelho ser encarnado nas circunstâncias actuais? Como podem a Igreja e os cristãos individualmente enfrentar do melhor modo os problemas decisivos que encontram, se querem construir um futuro melhor para si mesmos?

Uma resposta a estas perguntas pode ser encontrada nos próprios objectivos que, como Pastores das Igrejas locais da Etiópia e da Eritreia, vos propusestes: transformar a humanidade a partir de dentro, renovar a inocência do coração do homem e, como foi recomendado pela Assembleia Especial do Sínodo dos Bispos para a África, construir a Igreja como família (cf. Thy Kingdom Come, Carta Pastoral dos Bispos católicos da Etiópia e da Eritreia, n. 6). Precisamente este último empenho oferece uma chave importante para a realização dos dois primeiros, pois como os Padres sinodais reconhecem, a Igreja como família de Deus é «uma expressão da natureza da Igreja particularmente apropriada para a África. Com efeito, a imagem acentua a atenção pelo outro, a solidariedade, as calorosas relações de acolhimento, de diálogo e de mútua confiança» (Ecclesia in Africa ). De facto, quando a evangelização consegue construir a Igreja como família, torna-se possível uma autêntica harmonia entre diferentes grupos étnicos, é evitado o etnocentrismo e a reconciliação é encorajada, uma solidariedade maior e a partilha dos recursos entre o povo e entre as Igrejas particulares tornam-se uma realidade.

3. A Exortação Apostólica pós-sinodal Ecclesia in Africa, que constitui uma espécie de plano pastoral geral para o vosso continente, ressalta a importância de envolver de maneira efectiva os leigos na vida da paróquia e da diocese, na pastoral e nas estruturas administrativas (cf. n. 90). Com efeito, os leigos «por força da sua condição baptismal e da sua vocação específica, na medida própria a cada um, participam no múnus sacerdotal, profético e real de Cristo » (Christifideles laici CL 23). É necessário, portanto, assegurar aos leigos uma adequada formação, que os torne capazes de responder de maneira eficaz aos enormes desafios que devem enfrentar, como seguidores de Cristo e como cidadãos de países que lutam pelo desenvolvimento.

O Catecismo da Igreja Católica é um instrumento muito precioso para esta formação e evangelização em geral. Agora que possuís a sua tradução em amárico, e enquanto estais a trabalhar na tradução em triguínia, encorajo-vos a fazer com que o maior número possível de pessoas possa aproximar-se do texto: é preciso favorecer uma suficiente disponibilidade de casais especialmente para as pequenas comunidades cristãs, que tanto contribuem para o revigoramento da vida eclesial. Os Padres sinodais reconheceram que «a Igreja-Família só poderá oferecer plenamente a sua medida de Igreja, se se ramificar em comunidades suficientemente pequenas para permitir estreitas relações humanas » (Ecclesia in Africa ). Na tradição etíope, as associações «Mehaber» são uma expressão muito válida destas comunidades e, como vós mesmos reconheceis na vossa Carta Pastoral, o valor e o dinamismo destes grupos «pode ter uma influência muito positiva na evangelização de (...) famílias, aldeias e comunidades paroquiais» (Thy Kingdom Come, n. 32).

4. No contexto de uma abertura aos desafios do futuro, a atenção aos jovens permanece de importância primordial e deve continuar a ocupar um lugar preeminente no vosso ministério pastoral. «O futuro do mundo e da Igreja pertence às gerações jovens (...), Cristo espera grandes coisas dos jovens» (cf. Tertio millennio adveniente, TMA 58). A recente celebração da XII Jornada Mundial da Juventude em Paris foi uma clara confirmação da capacidade dos jovens de empenhar as próprias energias e o próprio entusiasmo, em função das exigências da solidariedade com os outros e também da procura de uma autêntica santidade cristã. A inteira comunidade católica deve preocupar-se por assegurar que as jovens gerações sejam treinadas de modo eficaz e preparadas adequadamente, para cumprir as responsabilidades que um dia pesarão sobre si e que, em alguma medida, desde já lhes são próprias. Estais a fazer tudo isto através de um forte empenho pela formação dos jovens, em particular mediante o notável esforço a que vos submeteis nas vossas escolas católicas, e noutras formas de serviço social e de assistência médica. Sei que o apoio às escolas requer da vossa parte um grande sacrifício. Mas é tarefa que se revela essencial para a vida da Igreja e assegura uma vantagem capital, tanto para as famílias como para a própria sociedade. É também importante continuar a procurar modos adequados para proporcionar o benefício de uma moral sã e do ensino religioso às escolas públicas, como já se faz na Eritreia, promovendo na opinião pública o consenso sobre a importância dessa formação. Este serviço, que pode derivar duma cooperação mais estreita com os respectivos governos, é uma forma significativa de activa participação católica na vida social dos vossos países, especialmente porque é oferecida sem discriminação religiosa ou étnica e no respeito pelos direitos de todos.

Com efeito, a universalidade, que é uma característica essencial da Igreja (cf. Catecismo da Igreja Católica CEC 881 Catecismo da Igreja Católica, nn. 881 e 830 ss.), e que impele a uma partilha de bens, tanto materiais como espirituais, é também uma condição de eficácia do vosso ministério. A universalidade e a compartilha manifestam-se de modo muito claro no intercâmbio de pessoal religioso: sacerdotes e religiosos etíopes e eritreus que prestam serviço pastoral aos seus irmãos e irmãs em terras estrangeiras, e sacerdotes e religiosos de países estrangeiros, que oferecem os seus talentos e a sua solidariedade à Etiópia e à Eritreia, sintonizando-se com uma Igreja que é justamente orgulhosa das suas antigas tradições e da sua cultura. As Constituições de ambos os países reconhecem o direito fundamental à liberdade de religião e à prática religiosa. Espero que um ulterior diálogo com as autoridades civis, para esclarecer as bases jurídicas da presença e da actividade da Igreja, traga grande benefício a cada um, e ouso esperar que a cooperação dos missionários, que contribuem de modo tão eficaz para o bem-estar e o progresso dos vossos povos, seja assim facilitada.

5. As comunidades católicas, das quais sois pastores, vivem lado a lado e em estreita relação com os irmãos e as irmãs da Comunidade Ortodoxa Etíope, que são a maioria. Ambas as comunidades compartilham raízes comuns e uma mesma espiritualidade que deriva da antiquíssima e rica tradição cristã presente nas vossas terras. A perspectiva do aniversário do segundo milénio do Nascimento do Salvador deve constituir um convite para todos a fazerem da reflexão sobre esse comum património cristão, que por si mesmo é fonte de respeito e de compreensão recíproca, a ocasião para um diálogo mais vasto e uma cooperação mais ampla. Como irmãos e irmãs que aderem a um único Senhor, deveis constantemente procurar construir entre vós a comunhão, para oferecerdes um concorde testemunho do mistério de Cristo e da sua Igreja. Uma sábia e ordenada inculturação da liturgia «deverá ser prosseguida..., a fim de que o povo fiel possa melhor compreender e viver as celebrações litúrgicas» (Ecclesia in Africa ). Além disso, deverão continuar os esforços para adquirir uma compreensão mais profunda da história e do desenvolvimento do rito alexandrino, de maneira que a comum tradição cristã da região possa contribuir no caminho rumo à unidade, tanto no interior da Comunidade católica, como com as outras Igrejas.

Ao mesmo tempo, o aspecto missionário da Igreja, que não é uma questão de rito mas está directamente arraigada no Evangelho, deverá ser renovado sob o impulso que provém do desejo de anunciar Cristo àqueles que ainda não crêem n’Ele. O dever de evangelizar é parte integrante da identidade católica e não deve ser comprometido por uma incompleta compreensão da inculturação ou do ecumenismo. O Sínodo reconhece a urgência de levar a Boa Nova a milhões de africanos, que ainda não foram evangelizados. A Igreja certamente respeita e estima as Religiões não cristãs professadas por muitos africanos, mas, segundo quanto dizia o meu Predecessor Papa Paulo VI, «a Igreja pensa que essas multidões têm o direito de conhecer as riquezas do mistério de Cristo (cf. Ef Ep 3,8), nas quais nós acreditamos que toda a humanidade pode encontrar, numa plenitude inimaginável, tudo aquilo que procura às apalpadelas a respeito de Deus, do homem, do seu destino, da vida, da morte e da verdade» (Evangelii nuntiandi EN 53).

6. Dado que as vossas Igrejas locais procuram cumprir o mandato missionário que lhes foi dado pelo próprio Senhor (cf. Mt Mt 28,19), não podemos deixar de dar graças pelas muitas vocações com que sois abençoados. Exorto-vos a assegurar que os vossos programas vocacionais promovam e protejam com solicitude este dom de Deus. Os jovens candidatos deverão receber uma formação espiritual e teológica apropriada, que os enraíze firmemente na tradição espiritual etíope e os prepare para enfrentar os complexos problemas pastorais, sociais e éticos que a modernização da sociedade apresenta. Encorajo-vos a continuar no vosso esforço para assegurar um pessoal qualificado ao grupo dos educadores dos três Seminários Maiores. Desse modo, estes tornar-se-ão autênticos centros de estudo e de investigação teológica, capazes de iluminar a missão pastoral e evangelizadora da Igreja em ambos os países. Também as comunidades de religiosos e de religiosas deram vida na vossa terra a cursos sistemáticos de formação. Eles esperam de vós, Pastores do rebanho que Cristo vos confiou, apoio e orientação, porque também os religiosos são objecto do vosso cuidado e preocupação pastoral (cf. Lumen gentium LG 45 Christus Dominus ).

Bem sabeis que entre os muitos deveres do ministério episcopal, a formação permanente — humana, espiritual e intelectual — dos sacerdotes é uma das tarefas principais. Para realizarem a sua sublime missão de mestres e doutores do espírito humano, os vossos sacerdotes têm necessidade do vosso apoio paterno e fraterno (cf. Christus Dominus CD 16); precisam de contar com a vossa amizade e a dos seus irmãos sacerdotes (cf. Lumen gentium, LG 28). Quanto mais apreciarem o privilégio único de agir in persona Christi, tanto mais se dedicarão completamente ao ministério em castidade e simplicidade de vida, e o trabalho pastoral será para eles uma fonte inexaurível de alegria e de paz.

7. Noto com prazer que a vossa Conferência Episcopal, movida pela recomendação da Assembleia Especial do Sínodo dos Bispos para a África, instituiu a Comissão Justiça e Paz para tratar as questões fundamentais concernentes ao desenvolvimento das vossas democracias, compreendidos os direitos humanos, a honestidade na administração pública e o papel das mulheres na sociedade. Certamente a Igreja tem uma tarefa especial a realizar neste sector e pode oferecer uma ajuda no processo de construção duma sociedade em que todos os cidadãos, independentemente da sua pertença étnica, cultural e religiosa, possam sentir-se à vontade e ser tratados de maneira justa. Por este motivo a Igreja na Etiópia e na Eritreia é chamada a mostrar coragem e clarividente sabedoria ao levar avante uma grande missão que deriva da sua própria natureza de sacramento da união com Deus e da unidade entre todos os membros da família humana (cf. Lumen gentium LG 1). A busca da paz e da harmonia deverá ser também prosseguida dentro da Igreja, onde as diferenças não são vistas como razão de conflito e de tensão, mas como fonte de força e de unidade na legítima diversidade. Harmonia e cooperação generosa entre os fiéis, especialmente entre os sacerdotes e entre vós, Bispos, será um poderoso incentivo para promover a boa vontade e a solidariedade no conjunto da sociedade. «Brilhe a vossa luz diante dos homens de modo que, vendo as vossas boas obras, glorifiquem vosso Pai, que está nos Céus...» (Mt 5,16).

8. Caros Irmãos, estes são alguns dos pensamentos que a vossa visita aos Túmulos dos Apóstolos Pedro e Paulo sugeriu à minha mente. Oro para que a vossa peregrinação vos fortaleça no ministério, de maneira que jamais possais sentir-vos cansados de anunciar a Palavra de Deus, de celebrar os sacramentos, de apascentar o rebanho confiado aos vossos cuidados e de procurar a ovelha tresmalhada. Convido-vos a dirigir resolutamente o vosso olhar para o Grande Jubileu que, por causa do sublime Mistério que comemora, constitui um vibrante apelo à alegria cristã (cf. Ecclesia in Africa ). Possa esta alegria, fruto do revigoramento da fé e da santidade de vida, tornar-se realidade para os vossos povos. Uno-me a vós na oração pela Igreja na Etiópia e na Eritreia e confio-vos, assim como o vosso clero, os religiosos e os leigos à amorosa protecção de Maria, Estrela da Evangelização e Rainha da África. Como penhor de graça e de comunhão com o seu Filho divino, concedo-vos de coração uma especial Bênção Apostólica.




Discursos João Paulo II 1997 - 4 de Setembro de 1997