Discursos João Paulo II 1997

A visita canónica teve em consideração a cooperação específica dos membros dos leigos, tanto homens como mulheres, na formação dos sacerdotes. Esta cooperação dará os almejados frutos se for «oportunamente coordenada e integrada» no trabalho das pessoas responsáveis, em primeira linha, pela formação dos seminaristas (Pastores dabo vobis PDV 66). É sempre necessário distinguir entre a formação específica dos seminaristas que se preparam para as Ordens sagradas e os cursos oferecidos àqueles que são destinados a exercer outros ministérios no seio da Igreja. A formação sacerdotal não é apenas e principalmente uma questão de desenvolver as capacidades pastorais, mas de forjar os sentimentos — o verdadeiro coração e a verdadeira mente — de Jesus Cristo (cf. Fl Ph 2,5) nas pessoas que haverão de representar o Sumo e Eterno Sacerdote.

Como podemos deixar de mencionar a importância da oração fervorosa e constante, de forma especial nas famílias e nas paróquias, para um incremento das vocações ao sacerdócio e à vida religiosa? O apostolado das vocações depende enormemente do apostolado da oração. Assim como o discípulo André, que conduziu o seu irmão Simão a Jesus (cf. Jo Jn 1,40-42), também o Bispo tem uma responsabilidade pessoal na promoção de novas vocações ao serviço do Senhor. Enquanto o Bispo deveria encorajar os sacerdotes e os religiosos a fazer tudo o que lhes é possível neste campo, deve inclusivamente apoiar programas específicos, destinados a levar os jovens a entrar em contacto com o seminário e com as diferentes formas de vida consagrada. Nisto, é essencial contar com a cooperação de sacerdotes e de pessoas consagradas, que efectivamente projectem uma imagem positiva da própria vocação. A moral cristã e a investigação científica

5. Os fiéis esperam que vós, quer individualmente como Bispos, quer como Conferência, lhes dediqueis a orientação espiritual e moral que os há-de ajudar a responder às complexas problemáticas que se apresentam a eles mesmos e às suas famílias, na sociedade contemporânea. Esperam que os seus directores espirituais sejam capazes de compartilhar com eles as «razões da esperança» (cf. 1P 3,14), a esperança que deriva da verdade acerca do homem como criatura amada por Deus, remida mediante o sangue de Cristo e destinada à comunhão eterna com Ele no Céu; a verdade sobre a dignidade do homem e, consequentemente, sobre a sua responsabilidade pela vida e pelo mundo em que vive.

Hoje em dia, tende-se a considerar a própria vida humana em conformidade com uma «mentalidade consumista». A vida só é valorizada se for útil de alguma forma ou se puder oferecer satisfação e prazer. O sofrimento é rejeitado como um mal insignificante, a ser evitado custe o que custar. As elites influentes procuram convencer a opinião pública a autorizar o aborto e a eutanásia, como soluções moralmente aceitáveis para os problemas da vida. Àqueles que actualmente procuram salvaguardar o chamado «direito a morrer com dignidade », a Igreja não pode deixar de responder que os cristãos têm a clara obrigação de se oporem à legislação que ameaça a vida humana ou nega a sua dignidade (cf. Evangelium vitae EV 72). Como Bispos, devemos ensinar que o cuidado da vida exige que todos respeitem a diferença médica, moral e ética entre curar — utilizando todos os instrumentos disponíveis para cuidar da vida, desde a sua concepção segundo a natureza até ao seu termo natural — e matar. Perante os recentes progressos na biotecnologia, com implicações morais extremamente delicadas, a Igreja inteira, guiada pelo Colégio Episcopal em união com o Papa, deve proclamar categórica e claramente que a investigação científica só é verídica em si mesma como actividade humana, se respeitar a ordem ética inscrita pelo Criador no coração do homem (cf. Rm Rm 2,15).

6. De igual modo, quando vos pronunciais contra a injustiça e encorajais os fiéis leigos a serem o «sal da terra» (cf. Mt Mt 5,13), dizeis que a autêntica renovação da vida social e política se fundamenta sobre a ordem moral revelada na criação (cf. Rm Rm 2,15) e iluminada pelo mistério de Cristo, em quem «subsistem todas as coisas» (Col 1,17). Com efeito, a difusão da doutrina social da Igreja faz «parte da missão evangelizadora da Igreja» (Sollicitudo rei socialis SRS 41). O Grande Jubileu do Ano 2000 traz consigo o desafio de «se fazer voz de todos os pobres do mundo» (Tertio millennio adveniente, TMA 51), e oferece à Igreja, que está na Inglaterra e no País de Gales, a ocasião para estabelecer uma nova aliança com os pobres — com os necessitados, os sofredores, os abandonados e especialmente as pessoas, cujas vidas são ameaçadas no seio materno ou negligenciadas e levadas a sentir-se incómodas nos anos da própria senilidade. Exorto-vos a insistir para que os fiéis e a sociedade em geral cumpram o dever que consiste em ver em cada pessoa a «manifestação de Deus, sinal da sua Presença, vestígio da sua Glória» (Evangelium vitae EV 34).

7. O vosso serviço de comunhão eclesial leva-vos necessariamente a um leal e respeitoso diálogo com as pessoas que não vivem em plena comunhão com a Igreja católica. Acolhestes o urgente apelo da Carta Encíclica Ut unum sint, na qual eu disse que o restabelecimento da plena unidade visível de todos os cristãos «pertence organicamente à vida e à acção da Igreja, devendo, por conseguinte, permeá-la no seu todo» (n. 20). O caminho ecuménico não é isento de dificuldades, nem de aparentes retrocessos, entre os quais se deve incluir a decisão da Igreja da Inglaterra de admitir as mulheres ao ministério ordenado. Enquanto continuais a buscar, juntamente com os membros de outros Organismos cristãos, uma mais profunda compreensão da natureza do ministério e da autoridade magisterial da Igreja, sois chamados a explicar os motivos por que a Igreja católica afirma que não possui a autoridade para mudar algo tão fundamental no corpo da Tradição cristã (cf. Ordinatio sacerdotalis, 4). Os fiéis deveriam ser ajudados a compreender que tal ensinamento não constitui uma discriminação contra as mulheres, uma vez que o sacerdócio não é um «direito» ou um «privilégio», mas uma vocação que não se escolhe, mas à qual se é «chamado por Deus, à maneira de Aarão» (He 5,4). Por outro lado, incumbe sobre a comunidade eclesial promover um maior apreço dos dons específicos das mulheres e torná-las capazes de se empenharem mais activamente em funções de responsabilidade no seio da Igreja (cf. Carta às Mulheres, 11-12). Todos nós devemos esforçar-nos neste sentido, confiantes de que a Igreja no Terceiro Milénio suscitará novos modos de «o génio feminino» edificar o Corpo de Cristo.

8. Estimados Irmãos no Episcopado, rezo ardentemente para que a vossa visita aos túmulos dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo vos encoraje a perseverar na obra de Cristo, eterno Sacerdote, Pastor e Guardião das nossas almas (cf. 1P 2,25). «Vós estais no meu coração. De facto, participais comigo da graça que recebi... na defesa e na confirmação do Evangelho» (Ph 1,7). Como Bispos, em obediência à única verdade que nos há-de libertar (cf. Jo Jn 8,32), somos frequentemente chamados a repetir as «duras admoestações» (cf. Jo Jn 6,60) e indicar a «porta estreita e o caminho difícil que levam à vida» (cf. Mt Mt 7,14). Procuramos fazê-lo com compaixão e respeito por todas as pessoas. Devemos caminhar juntamente com os nossos irmãos e irmãs, abraçando com amor todas as pessoas aflitas pela debilidade humana e reconhecendo nos pobres e nos sofredores a semelhança do nosso Senhor e Mestre, pobre e sofredor (cf. Lumen gentium LG 8). A nossa esperança e confiança estão sempre fundadas no poder do Senhor ressuscitado. Invocando abundantes bênçãos do Espírito Santo sobre vós e sobre as pessoas confiadas ao vosso cuidado pastoral, recomendovos à intercessão de Maria, Mãe da Igreja e, do íntimo do coração, concedo- vos a minha Bênção Apostólica.



DISCURSO DO PAPA JOÃO PAULO II


À PLENÁRIA DA CONGREGAÇÃO


PARA A DOUTRINA DA FÉ


24 de Outubro de 1997



Senhores Cardeais
Venerados Irmãos no Episcopado e no Sacerdócio
Caríssimos Irmãos e Irmãs!

1. É para mim motivo de grande alegria encontrar-vos no final da vossa Reunião Plenária. Tenho assim a oportunidade de vos manifestar sentimentos de profundo reconhecimento e de vivo apreço pelo trabalho que o vosso Dicastério realiza ao serviço do ministério de unidade, confiado de modo especial ao Romano Pontífice, e que se exprime primariamente como unidade de fé, sustentada e constituída pelo depósito sagrado, do qual o Sucessor de Pedro é o primeiro guardião e defensor (cf. Const. Apost. Pastor bonus ).

Agradeço ao Senhor Cardeal Joseph Ratzinger as amáveis palavras que me dirigiu, também em vosso nome, e a exposição dos temas que foram objecto de exame durante a Plenária. Esta foi dedicada, em particular, ao aprofundamento das categorias de verdade mencionadas na conclusão da Nova Fórmula da Profissão de Fé, publicada por essa Congregação em 1989, e à reflexão sobre o fundamento antropológico e cristológico da moral, à luz dos princípios confirmados na Encíclica Veritatis splendor.

Desejo, além disso, exprimir a minha satisfação pela positiva conclusão do trabalho de revisão do texto da «Agendi ratio in doctrinarum examine», que constitui um instrumento certamente válido a fim de oferecer uma estruturação cada vez mais adequada ao modo de proceder no exame dos escritos contrários à fé.

2. Quereria agora deter-me brevemente nos principais argumentos discutidos nesta vossa reunião. O aprofundamento da ordem das categorias de verdade da doutrina cristã, do tipo de assentimento devido, das fórmulas para propor a sua adesão, está em continuidade com o tema que foi objecto de consideração na precedente Plenária: o valor e a autoridade dos ensinamentos do Magistério da Igreja, ao serviço da verdade da fé e como fundamento estável da investigação teológica.

Naquela ocasião, tive a oportunidade de recordar que «para uma comunidade que se funda essencialmente sobre a adesão compartilhada à Palavra de Deus e a consequente certeza na verdade, a autoridade na determinação dos conteúdos que se devem crer e professar é algo a que não se pode renunciar. É dito claramente que a autoridade inclui diferentes graus de ensinamento nos dois recentes Documentos da Congregação para a Doutrina da Fé: a Professio fidei e a Instrução Donum veritatis. Esta hierarquia de graus deveria ser considerada não um impedimento, mas um estímulo para a teologia» (L’Osserv. 16/12/1995, pág. Rm 14,5).

A retomada, com especial atenção, deste tema contribui para a explicação mais aprofundada dos diversos graus de adesão dos fiéis às doutrinas ensinadas pelo Magistério, para que o seu significado e alcance originários sejam sempre recebidos e conservados de maneira íntegra. Ao mesmo tempo, ajuda a fazer com que se torne cada vez mais clara a conexão das diversas verdades da doutrina católica com o fundamento da fé cristã.

Graças também à elaboração de um esclarecimento nesse sentido, na qual se empenhou nestes dias a vossa Congregação, os Bispos, que dos Apóstolos recebem como herança a tarefa de «magistério e governo pastoral», a ser exercida sempre em comunhão com o Romano Pontífice (cf. Lumen gentium LG 22), poderão no futuro dispor de um ulterior instrumento, para conservarem e promoverem o depósito da fé em benefício do inteiro povo de Deus.

3. Relevo singular, além disso, foi por vós reservado às questões morais, cujo horizonte se abre ao longo do inteiro arco da existência do homem.

A respeito disso, já na minha primeira Carta Encíclica Redemptor hominis, afirmei que «a Igreja não pode abandonar o homem, cuja “sorte”, ou seja, a escolha, o chamamento, o nascimento e a morte, a salvação ou a perdição, estão de maneira tão íntima e indissolúvel unidos a Cristo» (n. 14).

Os graves problemas que, com urgência cada vez mais premente, requerem uma resposta segundo a verdade e o bem, só podem encontrar uma solução autêntica se for recuperado o fundamento antropológico e cristológico da vida moral cristã. Com efeito, o Filho de Deus encarnado é a norma universal e concreta do agir cristão: «Ele mesmo Se torna Lei viva e pessoal que convida ao seu seguimento, dá, mediante o Espírito a graça de partilhar a sua própria vida e amor, e oferece a força para O testemunhar nas opções e nas obras (cf. Jo Jn 13,34-35)» (Veritatis splendor VS 15). Cada homem, portanto, se torna por graça partícipe da verdade e do bem n’Aquele que é a imagem do Deus invisível (cf. Cl Col 1,15), e na adesão ao Seu seguimento é habilitado a agir segundo a liberdade de filho.

No serviço que o vosso Dicastério oferece ao Sucessor de Pedro e ao Magistério da Igreja, vós contribuís para fazer com que a liberdade permaneça sempre e só «na verdade», ajudando a consciência de todos os homens, e dos discípulos de Cristo em particular, a não se desviar da via que conduz ao autêntico bem do homem.

O bem da pessoa é estar na verdade e praticar a verdade na caridade. Este ligame essencial de «verdade-bem-liberdade » parece ter sido perdido em boa parte da cultura contemporânea e, portanto, reconduzir o homem a descobri-lo é hoje uma das exigências próprias da missão da Igreja, chamada a trabalhar para a salvação do mundo.

Ao empenhardes-vos em esclarecer sempre melhor o originário fundamento antropológico e cristológico da vida moral, contribuireis certamente para promover a formação da consciência de muitos dos nossos irmãos, segundo quanto afirmam as palavras do Concílio Vaticano II na Declaração Dignitatis humanae: «Os fiéis... para formarem a sua própria consciência, devem atender diligentemente à doutrina sagrada e certa da Igreja. Pois, por vontade de Cristo, a Igreja Católica é mestra da verdade, e tem por encargo dar a conhecer e ensinar autenticamente a Verdade que é Cristo, e ao mesmo tempo declara e confirma, com a sua autoridade, os princípios de ordem moral que dimanam da natureza humana» (n. 14).

4. Hoje, é-me particularmente grato concluir este encontro convosco, recordando Santa Teresa do Menino Jesus e da Santa Face, que tive a alegria de proclamar solenemente, no domingo passado, Doutora da Igreja.

O testemunho e o exemplo desta jovem Santa, Padroeira das Missões e Doutora da Igreja, ajudam a entender como existe uma íntima unidade entre a tarefa da inteligência e da compreensão da fé e a tarefa, propriamente missionária, de anúncio do Evangelho da salvação. A fé por si mesma quer fazer-se compreensível e acessível a todos. A missão cristã tende, portanto, sempre a fazer conhecer a verdade, e o verdadeiro amor pelo próximo manifesta-se na sua forma mais completa e profunda quando quer dar ao próximo aquilo de que o homem tem mais radicalmente necessidade: o conhecimento da verdade e a comunhão com ela. E a verdade suprema é o mistério de Deus Uno e Trino, revelado em Cristo de maneira definitiva e insuperável. Quando o anélito missionário corre o perigo de se esmorecer, é sobretudo a fé cristã que pode fazer reencontrar a paixão e o amor pela verdade que se perderam.

Por outro lado, o conhecimento da verdade cristã evoca intimamente e exige interiormente o amor Àquele ao Qual deu o próprio assentimento. A teologia sapiencial de Santa Teresa do Menino Jesus mostra a via-mestra de toda a reflexão teológica e investigação doutrinal: o amor do qual «dependem a Lei e os Profetas» é amor que tende à verdade e, deste modo, se conserva como autêntico ágape com Deus e com o homem. Hoje é importante para a teologia recuperar a dimensão sapiencial, que integra o aspecto intelectual e científico com a santidade da vida e a experiência contemplativa do Mistério cristão. Deste modo, Santa Teresa de Lisieux, Doutora da Igreja, com a sua sábia reflexão alimentada nas fontes da Sagrada Escritura e da divina Tradição, plenamente fiel aos ensinamentos do Magistério, indica à teologia hodierna o caminho a percorrer para chegar ao coração da fé cristã. Ao congratular-me convosco, caríssimos Irmãos e Irmãs, pelo empenho e pelo ministério precioso que exerceis ao serviço da Sé Apostólica e em favor da Igreja inteira, invoco sobre cada um a especial protecção de Maria, Sede da Sabedoria, e de Santa Teresa do Menino Jesus e da Santa Face. Acompanhe-vos também a minha Bênção, que de coração concedo a todos vós, em penhor de afecto e de gratidão.



DISCURSO DO PAPA JOÃO PAULO II


AO SENHOR ABDELOUHAB MAALMI


NOVO EMBAIXADOR DO MARROCOS JUNTO


DA SANTA SÉ POR OCASIÃO


DA APRESENTAÇÃO DAS CARTAS CREDENCIAIS


25 de Outubro de 1997



Senhor Embaixador!

1. Tenho o prazer de acolher Vossa Excelência no Vaticano, nesta circunstância solene da apresentação das Cartas que o acreditam como Embaixador Extraordinário e Plenipotenciário do Reino de Marrocos junto da Santa Sé.

Agradeço-lhe vivamente as saudações que me transmitiu da parte de Sua Majestade o Rei Hassan II. Da minha parte, ficar-lhe-ia grato se se dignasse exprimir- Lhe os meus ardentes votos para a sua pessoa, assim como para a felicidade e prosperidade do povo marroquino. Peço ao Altíssimo que acompanhe os esforços de cada um na obra de edificação duma nação cada vez mais fraterna e solidária.

2. Ao estabelecer já em Roma a residência do seu Representante junto da Santa Sé, Sua Majestade o Rei dá testemunho da importância que atribui à consolidação dos vínculos, já antigos, entre o Reino de Marrocos e a Sé Apostólica, para favorecer relações sempre mais confiantes. Num tempo em que numerosas regiões conhecem a violência e a intolerância, é com efeito necessário que os responsáveis das nações, assim como as autoridades espirituais, desenvolvam os seus esforços a fim de contribuir para edificar sociedades, onde toda a vida humana seja plenamente respeitada e a pessoa tenha o primeiro lugar e seja reconhecida em toda a sua dignidade.

3. Vossa Excelência, Senhor Embaixador, ressaltou a longa tradição de abertura e de tolerância de Marrocos. É-me grato recordar aqui a visita que fiz a Casablanca há mais de dez anos, e que me permitiu falar à juventude marroquina. No seu país, católicos e muçulmanos têm inúmeras ocasiões de se encontrar, para juntos procurarem melhorar a qualidade das relações, deixando assim esperar que os relacionamentos de estima recíproca entre os crentes continuem a ser aprofundados para um melhor conhecimento; isto não pode senão favorecer uma colaboração sempre maior ao serviço do homem e das necessidades do seu desenvolvimento. Com efeito, como Vossa Excelência sublinhou no seu discurso, cristãos e muçulmanos são chamados a trabalhar juntos na edificação dum mundo de justiça e de paz, na consideração mútua e no reconhecimento dos seus pontos de vista. Ao prestarmos ao Altíssimo a adoração e a obediência que Lhe são devidas, devemos também testemunhar juntos o respeito que deve ser dado a todo o homem, criado à imagem de Deus.

4. Por sua parte, após o Concílio Vaticano II, a Igreja católica empenhou-se de maneira resoluta nos caminhos do encontro fraterno e da colaboração com todos os homens de boa vontade, de modo particular com os muçulmanos. O diálogo que almejamos entre os crentes deve levar também a assegurar a cada uma das comunidades a possibilidade de exprimir livremente a sua fé. Para a Igreja católica, com efeito, «o respeito e o diálogo requerem, portanto, a reciprocidade em todos os campos, sobretudo no que diz respeito às liberdades fundamentais e, mais particularmente, à liberdade religiosa» (Discurso em Casablanca, 19 de Agosto de 1985, n. 5; ed. port. L'Osservatore Romano de 15.9.1985, pág. 10). Sinto-me feliz por saber que em Marrocos os católicos gozam da estima e da confiança de todos, testemunhando assim de maneira clara que é possível a crentes de tradições religiosas diferentes, viver em paz e no respeito mútuo.

5. No seu discurso, Senhor Embaixador, Vossa Excelência fez alusão à situação em Jerusalém. De facto, ela continua a ser uma fonte de viva preocupação para os crentes que vivem nessa Cidade, símbolo da Paz que vem de Deus. Desejo ardentemente que os esforços da Comunidade internacional, para encontrar uma solução equitativa e adequada ao problema delicado da Cidade santa, cheguem enfim a um feliz resultado, dado que nos preparamos para entrar no terceiro milénio da era cristã. Um diálogo leal deve permitir progredir nesta via, no respeito da justiça e dos direitos legítimos de todas as comunidades interessadas. É também necessário que as comunidades, que circundam os Lugares santos das três religiões monoteístas, possam ali viver na concórdia e desenvolver as suas actividades religiosas, educativas e sociais com toda a liberdade, num espírito de real fraternidade, fazendo assim dessa cidade singular a verdadeira «Cidade da Paz». Oro a Deus Todo-poderoso para que essa terra, tão cara ao coração dos crentes, conheça por fim o tempo da reconciliação entre irmãos e da paz definitiva.

6. Nesta feliz circunstância, por seu intermédio, quereria dirigir à comunidade católica de Marrocos e aos seus pastores os meus votos mais calorosos. Encorajo todos os seus membros a serem sempre mais, junto dos seus irmãos e das suas irmãs, numa colaboração fraterna, as testemunhas ardorosas do amor infinito que Deus tem para com os homens. No tempo em que a Igreja se prepara para celebrar o Grande Jubileu do Ano 2000, convido-os a crescer na fé e a viver na unidade.

7. No momento em que Vossa Excelência inicia oficialmente a sua missão junto da Santa Sé, apresento-lhe os meus melhores votos para o seu feliz cumprimento. Vossa Excelência encontrará sempre aqui um acolhimento atento e uma compreensão cordial da parte dos meus colaboradores.

Sobre Vossa Excelência, sobre a sua família, assim como sobre o inteiro povo marroquino e seus dirigentes, invoco de todo o coração a abundância das Bênçãos do Altíssimo.



DISCURSO DO PAPA JOÃO PAULO II


AO SENHOR TEODOR BACONSKY


NOVO EMBAIXADOR DA ROMÉNIA


JUNTO DA SANTA SÉ POR OCASIÃO


DA APRESENTAÇÃO DAS CARTAS CREDENCIAIS


27 de Outubro de 1997

Senhor Embaixador

1. É-me grato acolher Vossa Excelência por ocasião da apresentação das Cartas que o acreditam como Embaixador Extraordinário e Plenipotenciário da Roménia junto da Sé Apostólica. Este encontro constitui um novo passo nas relações entre a Santa Sé e a nobre nação romena, passo que abre a via a um diálogo cada vez mais desenvolvido e confiante.

2. Sinto-me particularmente sensibilizado pelos sentimentos com que Vossa Excelência inicia a sua nova missão, pelas convicções contidas nas palavras que acaba de me dirigir, assim como pela sua atenção à acção do Sucessor de Pedro e da Sé Apostólica na vida internacional e nas relações ecuménicas. Ficar-lhe-ia grato se transmitisse a Sua Excelência o Senhor Emil Constantinescu, Presidente da Roménia, as minhas deferentes saudações. Formulo os melhores votos para os que têm a alta missão de servir a nação romena e para todos os habitantes do país.

3. Desde o mês de Dezembro de 1989, a Roménia reencontrou a sua autonomia e dedica-se a desenvolver todos os sectores de actividade, a fim de que as riquezas nacionais sejam postas à disposição de todos os cidadãos. Alegro-me com os esforços feitos pelas Autoridades para consolidar as instituições democráticas e para ajudar o conjunto do povo a tomar uma parte activa na vida pública, com os justos sentimentos patrióticos. Como todos os nossos contemporâneos, os seus compatriotas, em particular os jovens, têm necessidade de receber uma profunda educação moral. Esta formação fornece os princípios capazes de os guiar nas suas opções pessoais, nos seus empenhamentos ao serviço do próprio país e nas relações fraternas e solidárias, que por eles devem ser desenvolvidas com todas as pessoas que residem no território da Roménia. Tal como Vossa Excelência acaba de ressaltar, eles devem adquirir um sentido profundo da responsabilidade pessoal e colectiva. Além disso, isto não deixará de fazer aumentar o diálogo e o entendimento entre todas as componentes da nação, para a sua unidade interna e a sua participação activa na edificação da grande Europa.

4. Vossa Excelência conhece a atenção que a Santa Sé dedica à dignidade e à promoção das pessoas e dos povos, assim como o seu desejo que cada um tenha o próprio lugar na vida nacional e internacional, e possa oferecer-lhe a sua contribuição. No seu país, como noutras regiões do continente, existem minorias culturais e étnicas, e comunidades humanas provenientes da imigração. Elas são uma riqueza destinada a beneficiar todos, pois oferecem as suas especificidades e a sua habilidade, participando no crescimento nacional e no entrelaçamento dos vínculos entre os homens. No seio duma sociedade, toda a oposição entre grupos de pessoas, toda a veleidade de pensar que uma comunidade particular, vinda do estrangeiro e desejosa de se integrar, representa um perigo, não pode senão debilitar o país e as suas instituições, tanto no interior da nação como fora das suas fronteiras.

5. Na Roménia, apesar dos ortodoxos serem a maioria, os católicos constituem uma comunidade viva. Eles desejam pôr-se ao serviço dos seus irmãos, através dos seus envolvimentos em todos os campos da vida social. Em particular, através das suas organizações caritativas, sinais do amor que Cristo manifestou aos homens do Seu tempo, as comunidades católicas têm a peito ir em ajuda dos mais desprotegidos, sem distinção de cultura ou de religião. Não têm outro desejo senão aliviar a miséria e, ao mesmo tempo, contribuir para a solidariedade e a entre-ajuda fraterna entre todos os habitantes do país, o que favorece a unidade nacional.

Por outro lado, as diferentes entidades católicas locais dedicam-se a formar intelectual, moral e espiritualmente os jovens da Roménia, para que amanhã sejam actores e parceiros na vida pública, respeitosos da sua pátria, e dêem um sentido à sua vida pessoal e comunitária. Para cumprir esta tarefa de utilidade pública, segundo os princípios enunciados pelo Concílio Ecuménico Vaticano II (cf. Dignitatis humanae DH 1-2 DH 13), a Igreja tem necessidade de que se desenvolvam uma prática autêntica da liberdade religiosa e uma verdadeira vida democrática, oferecendo a todos as mesmas possibilidades de iniciativas e as mesmas oportunidades, assim como a liberdade de acção dos seus ministros do culto. Pois, «a liberdade da Igreja é um princípio fundamental nas relações da Igreja com os Poderes públicos e com toda a ordem civil» (Ibid., n.13). Em particular, considerada a sua longa experiência de ensino escolar e universitário, convém que a Igreja possa manter e desenvolver as suas propostas educativas junto da juventude da Roménia, e oferecer às crianças e aos adolescentes católicos o ensino catequético a que têm direito, e de igual modo aos seus compatriotas das outras confissões religiosas. Neste espírito, faço ardentes votos por que sejam eliminados os obstáculos à restituição dos bens necessários à liberdade de culto e de religião, bens que pertenciam à Igreja católica antes de 1948 e que lhe foram subtraídos injustamente. Num futuro próximo, graças à busca dum diálogo construtivo com as Autoridades civis, faço votos por que as comunidades católicas possam perceber sinais concretos e positivos neste sentido.

6. Em vista do Ano 2000, retomando o apelo lançado pelo Concílio Ecuménico Vaticano II, desejei ardentemente exortar todos os discípulos de Cristo ao diálogo, para se chegar à plena unidade que será um testemunho para o mundo (cf. Encíclica Ut unum sint UUS 1). Por isso, convidei os membros da Igreja católica a intensificar as suas colaborações com as outras Igrejas e comunidades cristãs, empenhando-se num ecumenismo que aproxime da plena comunhão, no respeito pelas sensibilidades e tradições próprias, e com a preocupação de nos basearmos naquilo que já nos une. É do conhecimento de Vossa Excelência que os fiéis católicos dos diferentes ritos estão sempre prontos a prosseguir nesta via. Nesta perspectiva, alegro-me vivamente com as disposições espirituais com que Vossa Excelência aborda a sua missão, e com o seu desejo de oferecer uma contribuição significativa ao progresso ecuménico.

7. As suas competências em antropologia, em história cristã e em patrística permitem-lhe conhecer as culturas filosóficas e espirituais orientais e latinas. Senhor Embaixador, Vossa Excelência saberá contribuir melhor que ninguém para multiplicar as pontes entre as diferentes tradições cristãs do Oriente e do Ocidente, e para intensificar as confiantes relações diplomáticas entre a Santa Sé e o seu país, fundadas sobre o desejo de defender o homem e os povos. Com efeito, o serviço primordial que as Autoridades devem prestar aos seus povos é ajudá-los a fazer crescer a paz e a ajuda mútua, fontes de alegria profunda e de crescimento para as pessoas, e de desenvolvimento para as comunidades nacionais.

8. No momento em que inicia a sua missão de Representante da Roménia junto da Santa Sé, permita-me apresentar- lhe os meus votos cordiais. Esteja certo, Senhor Embaixador, de que encontrará sempre junto dos meus colaboradores o apoio atento e a compreensão cordial, de que poderá ter necessidade para que a sua actividade seja frutuosa e lhe dê todas as satisfações que Vossa Excelência dela possa esperar.

Sobre Vossa Excelência, sobre o povo romeno e os seus dirigentes, invoco de todo o coração a abundância das Bênçãos divinas.



MENSAGEM DE SUA SANTIDADE


JOÃO PAULO II AOS CHEFES DE ESTADO


E DE GOVERNO PARTICIPANTES


NA VII REUNIÃO DE CÚPULA ÍBERO-AMERICANA





Aos Excelentíssimos Senhores Chefes de Estado
e de Governo das Nações Ibero-Americanas,
da Espanha e de Portugal

Por ocasião da VII Reunião de Cúpula Ibero-Americana, que se celebra na ilha venezuelana de Margarida e que tem como tema central «Os Valores Éticos da Democracia», é-me grato fazer chegar a minha mais cordial e deferente saudação aos Supremos Mandatários desses Países, desejosos de dialogar acerca de alguns princípios e cooperar sobre determinados fundamentos comuns que regem o destino dos seus próprios Povos.

1. A Santa Sé seguiu com vivo interesse o desenvolvimento das anteriores Reuniões de Cúpula Ibero-Americanas e testemunhou com satisfação os compromissos assumidos publicamente nas mesmas, de modo especial as Declarações de São Carlos de Bariloche, na Argentina, e de Viña del Mar, no Chile. Aos benefícios que tais reuniões podem trazer a esses Países, nos quais a Igreja católica está muito presente, deve-se acrescentar o valor mesmo do caminho empreendido, de diálogo e de livre cooperação, que a própria Igreja encoraja com insistência como o método mais idóneo, justo e frutífero para resolver os conflitos e promover o progresso e a paz entre os povos.

O tema escolhido para a VII Reunião de Cúpula toca o coração mesmo de toda a democracia que, antes ainda de se plasmar numa organização política concreta, é uma opção fundamentalmente ética em favor da dignidade da pessoa, com os seus direitos e liberdades, os seus deveres e responsabilidades, na qual encontram sustento e legitimidade todas as formas de convivência humana e de estruturação social. A Igreja, que não possui uma fórmula própria de constituição política para as nações, nem pretende impor determinados critérios de governo, encontra aqui o âmbito específico da sua missão de iluminar, a partir da fé, a realidade social em que está imersa.

Com efeito, a Igreja ensina que as estruturas político-jurídicas devem dar «a todos os cidadãos a possibilidade efectiva de participar livre e activamente, dum modo cada vez mais perfeito e sem qualquer discriminação, tanto no estabelecimento das bases jurídicas da comunidade política, como na gestão da administração pública e na determinação do campo e fim das várias instituições e na escolha dos governantes» (Conc. Ecum. Vat. II, Const. past. Gaudium et spes, sobre a Igreja no mundo contemporâneo, 75), o que comporta para os mesmos cidadãos «o direito e simultaneamente o dever que têm de fazer uso do seu voto livre em vista da promoção do bem comum» (Ibid.). Por isso, é necessário que cada pessoa tenha não só direito a pensar e propagar as suas ideias, e a associar-se com liberdade para a acção política, mas também direito a viver segundo a sua consciência rectamente formada, sem prejudicar os outros nem a si mesmo, e tudo isto em virtude da plena dignidade da pessoa humana.

O primeiro valor ético da democracia, que coincide com o pressuposto que a sustém e alimenta, é o reconhecimento de que a pessoa humana foi dotada por Deus de uma dignidade, que nada e ninguém pode violar. Trata-se de uma rejeição de toda a forma de submissão do homem por parte do homem e, portanto, de toda a forma de tirania, absolutismo ou totalitarismo.

2. A estes princípios fundamentais deve- se voltar sempre que as instituições políticas das nações sintam a tentação de esquecer as suas raízes como Estado de Direito, tergiversando os seus compromissos morais ou contentando-se com ordenamentos que, só nominalmente, se podem chamar democráticos.

A participação efectiva, consciente e responsável dos cidadãos na vida pública não pode deter-se em declarações formais, mas exige uma acção contínua para que os direitos proclamados possam ser exercidos realmente. Isto comporta um decidido compromisso em favor dos fundamentais direitos civis, sociais, culturais e políticos da pessoa, e «a promoção dos indivíduos, através da educação e da formação nos verdadeiros ideais» (Enc. Centesimus annus CA 46). Uma vida digna e uma sadia formação ética e moral são condições indispensáveis para que os cidadãos possam desempenhar bem as suas funções políticas. Só se as pessoas viverem profundamente os valores da justiça, da solidariedade e do respeito pelo próximo, as suas decisões poderão contribuir melhor e de maneira responsável para o bem comum.

Esta formação é o melhor antídoto ante tantos episódios de deformação, e às vezes de corrupção, que afectam alguns sistemas democráticos. Por outro lado, deve haver uma classe dirigente «com a consciência da própria responsabilidade, com a imparcialidade, sem as quais um governo democrático dificilmente conseguiria obter o respeito, a confiança e a adesão da parte melhor do povo» (Discurso à Cúria Romana, 22 de Dezembro de 1994; L’Osserv. Rom. 24/12/94, pág. Rm 7).

3. No exercício democrático da responsabilidade política, têm certamente importância as orientações das maiorias, ainda que estas não se devam considerar sempre como o último e exclusivo critério de acção. Existem alguns fundamentos éticos e jurídicos anteriores, que justificam precisamente a participação de todos os cidadãos, e que não podem ser violados sem renegar a própria estrutura democrática.

Com efeito, às vezes acontece que, em nome do direito à liberdade, se pretenda conculcar a liberdade das pessoas, quer porque as maiorias negam os legítimos direitos das minorias, quer porque atentam contra direitos da pessoa que nenhum poder humano está autorizado a violar: «de modo especial o direito à vida em todos os estádios da existência; os direitos da família, enquanto comunidade social de base ou «célula da sociedade »; a justiça nas relações de trabalho; os direitos inerentes à vida da comunidade política como tal; os direitos fundados na vocação transcendente do ser humano, a começar pelo direito à liberdade de professar e de praticar o próprio credo religioso» (Enc. Sollicitudo rei socialis SRS 33).

De facto, como é que um sistema que se autodefine justificado no respeito de cada ser humano, pode negar este mesmo respeito a outras pessoas? Por isso, a Igreja ensina que «uma autêntica democracia só é possível num Estado de Direito e sobre a base de uma recta concepção da pessoa humana» (Enc. Centesimus annus CA 46). Entretanto, assistimos a um deterioramento deste sistema quando, através do mesmo, só se buscam situações de poder em vez do autêntico serviço do povo; quando as maiorias esquecem a presença e os direitos das minorias, impondo-se sobre elas e provocando atitudes de ressentimento e rejeição. Por isso, se não houver plena liberdade para todos, muitos se sentirão como que escravizados. Isto é, enquanto não se produzir o desenvolvimento da autêntica liberdade, é impossível obter uma cultura da paz verdadeiramente eficaz. Por outro lado, esta cultura da paz não se promove pela ausência de guerras, mas mediante uma opção jubilosa em prol da vida, o que sem dúvida ajudará a criar um forte vínculo de fraternidade na existência humana e a preservar e favorecer uma convivência social em mútua igualdade e liberdade.

4. Os Estados que querem promover os valores da democracia, os direitos humanos, os direitos das minorias, a luta contra a pobreza, o racismo, a xenofobia e a intolerância, sentem-se também no dever de os levar para além da própria nação, a fim de se enriquecerem mutuamente com as intuições e experiências de outros povos, e procurar difundir também no âmbito internacional um modelo a que, nos seus mais íntimos fundamentos éticos, se pode chamar património da humanidade e factor de unidade, de colaboração e de paz entre as nações.

Neste sentido, estou plenamente consciente de que nessa Reunião de Cúpula Ibero-Americana os seus Altos Representantes quiseram dar novos passos, para reafirmar mais uma vez a sua unidade, que tem as mesmas raízes na língua, história, cultura e fé. Estou certo de que poderão contar com o contributo sincero e solícito dos católicos de cada lugar, para trabalharem unidos em prol dos seus concidadãos, do próprio País e de toda a Comunidade internacional.

Antes de concluir esta mensagem, e recordando a exortação do Apóstolo São Paulo, quero elevar súplicas ao Senhor com toda a Igreja, «por todas as autoridades, para que tenhamos vida tranquila e sossegada... levantando as mãos puras, sem ressentimento e sem contenda» (1Tm 2,2 1Tm 2,8). Ao mesmo tempo, é-me grato formular os meus sinceros bons votos por que esta VII Reunião de Cúpula abra novas perspectivas e encontre as oportunas convergências de diálogo e de fecunda e solidária colaboração entre os membros participantes, para bem da grande família ibero-americana.

Vaticano, 28 de Outubro de 1997.




Discursos João Paulo II 1997