AUDIÊNCIAS 1998 - AUDIÊNCIA


JOÃO PAULO II

AUDIÊNCIA

Quarta-feira 30 de Setembro de 1998



1. Neste segundo ano de preparação para o Jubileu do Ano 2000, a redescoberta da presença do Espírito Santo leva-nos a dedicar uma atenção particular ao sacramento da Confirmação (cf. Tertio millennio adveniente TMA 45). Como ensina o Catecismo da Igreja Católica, ele «completa a graça do baptismo... dá o Espírito Santo para nos enraizarmos mais profundamente na filiação divina, incorporar-nos mais solidamente em Cristo, tornarmos mais firme o laço que nos prende à Igreja, associar-nos mais à sua missão e ajudar-nos a dar testemunho da fé cristã pela palavra, acompanhada de obras» (n. 1316).

Com efeito, o sacramento da Confirmação associa de maneira íntima o cristão à unção mesma de Cristo, a quem «Deus ungiu com o Espírito Santo» (Ac 10,38). Essa unção é evocada no nome mesmo de «cristão», que tem a sua origem no de «Cristo», tradução grega do termo hebraico «messias», que significa precisamente «ungido». Cristo é o Messias, o Ungido de Deus.

Graças ao selo do Espírito, conferido pela Confirmação, o cristão alcança a sua plena identidade e torna-se consciente da sua missão na Igreja e no mundo. «Antes de vos ter sido conferida essa graça – escreve São Cirilo de Jerusalém – não éreis suficientemente dignos deste nome, mas estáveis como que em caminho para vos tornardes cristãos» (Catech. myst., III, 4: PG 33,1092).

2. Para compreender toda a riqueza de graça contida no sacramento da Confirmação que, com o Baptismo e a Eucaristia constitui o conjunto orgânico dos «sacramentos da iniciação cristã», é preciso captar o seu significado à luz da história da salvação.

No Antigo Testamento, os profetas anunciam que o Espírito de Deus pousará sobre o Messias prometido (cf. Is 11,2) e ao mesmo tempo será comunicado ao inteiro povo messiânico (cf. Ez Ez 36,25-27 Jl 3,1-2). Na «plenitude dos tempos», Jesus é concebido por obra do Espírito Santo no seio da Virgem Maria (cf. Lc Lc 1,35). Com a descida do Espírito sobre Ele, no momento do baptismo no rio Jordão, é manifestado como o Messias prometido, o Filho de Deus (cf. Mt Mt 3,13-17 Jn 1,33-34). Toda a sua vida se desenvolve numa total comunhão com o Espírito Santo, que Ele dá «sem medida» (Jn 3,34), como coroamento escatológico da Sua missão segundo a Sua promessa (cf. Lc Lc 12,123 Jn 3,5-8 Jn 7,37-39 Jn 16-7). Jesus comunica o Espírito, «soprando» sobre os Apóstolos no dia da Ressurreição (cf. Jo Jn 20,22) e depois com a solene e estupenda efusão no dia do Pentecostes (cf. Ac 2,1-4).

É assim que os Apóstolos, repletos de Espírito Santo, começam a «anunciar as grandes obras de Deus» (cf. Ac 2,11). Também aqueles que crêem na sua pregação e se fazem baptizar recebem «o dom do Espírito Santo» (Ac 2,38).

A distinção entre a Confirmação e o Baptismo é claramente sugerida nos Actos dos Apóstolos, por ocasião da evangelização de Samaria. Filipe, um dos sete Diáconos, anuncia a fé e baptiza; depois, vêm os Apóstolos Pedro e João e impõem as mãos sobre os recém-baptizados, para que recebam o Espírito Santo (Ac 8,5-17). De modo semelhante em Éfeso, o Apóstolo Paulo impõe as mãos sobre um grupo de neófitos «e o Espírito Santo desceu sobre eles» (Ac 19,6).

3. O sacramento da Confirmação «perpetua de certo modo, na Igreja, a graça do Pentecostes» (CEC 1288). O Baptismo, ao qual a tradição cristã chama «porta da vida espiritual» (ibid., 1213), faz-nos renascer «da água e do Espírito» (cf. Jo Jn 3,5), tornando-nos sacramentalmente participantes da morte e ressurreição de Cristo (cf. Rm 6,1-11). A Confirmação, por sua vez, torna-nos plenamente partícipes da efusão do Espírito Santo por parte do Senhor Ressuscitado.

O inseparável vínculo entre a Páscoa de Jesus Cristo e a efusão pentecostal do Espírito Santo exprime-se na íntima relação que une os sacramentos do Baptismo e da Confirmação. Esse íntimo ligame emerge também do facto que nos primeiros séculos a Confirmação constituía em geral «uma única celebração com o Baptismo, formando com ele, segundo a expressão de São Cipriano, um «sacramento duplo» (CEC 1290). No Oriente, esta prática foi conservada até hoje, enquanto que no Ocidente, por múltiplas causas, se afirmou a celebração sucessiva e também normalmente distanciada dos dois sacramentos.

Desde os tempos apostólicos, a plena comunicação do dom do Espírito Santo aos baptizados é significada de maneira eficaz pela imposição das mãos. Para melhor exprimir o dom do Espírito, muito cedo se acrescentou a ela uma unção de óleo perfumado, chamado «crisma». Com efeito, mediante a Confirmação, os cristãos consagrados com a unção no Baptismo participam na plenitude do Espírito, do Qual Jesus está repleto, a fim de que toda a vida deles efunda o «perfume de Cristo» (2Co 2,15).

4. As diferenças rituais que, no decurso dos séculos, a Confirmação conheceu no Oriente e no Ocidente, segundo as diversas sensibilidades espirituais das duas tradições e em resposta a várias exigências pastorais, exprimem a riqueza do sacramento e o seu pleno significado na vida cristã.

No Oriente, este sacramento é chamado «Crismação», unção com o «crisma», ou «myron». No Ocidente, o termo Confirmação exprime o fortalecimento do Baptismo enquanto revigoramento da graça mediante o sigilo do Espírito Santo. No Oriente, estando os dois sacramentos unidos, a «Crismação» é conferida pelo próprio presbítero que baptiza, não obstante ele faça a unção com o crisma consagrado pelo Bispo (cf. CEC 1312). No rito latino, o ministro ordinário da Confirmação é o Bispo que, por razões graves, pode dar a sua faculdade a sacerdotes para isto deputados (cf. CEC 1313).

Deste modo, «a prática das Igrejas do Oriente sublinha mais a unidade da iniciação cristã. A da Igreja latina exprime com mais nitidez a comunhão do novo cristão com o seu Bispo, garante e servo da unidade da sua Igreja, da sua catolicidade e da sua apostolicidade; daí o laço com as origens apostólicas da Igreja de Cristo» (CEC 1292).

5. De tudo aquilo que expusemos ressalta não só o significado da Confirmação no conjunto orgânico dos sacramentos da iniciação cristã, mas também a insubstituível eficácia que ele tem em ordem à plena maturação da vida cristã. Um empenho decisivo da pastoral, a ser intensificado no caminho de preparação para o Jubileu, consiste em formar com todo o cuidado os baptizados que estão a ser preparados para receber a Confirmação, introduzindo-os nas fascinantes profundezas do mistério que ela significa e actua. Ao mesmo tempo, deve-se ajudar os crismados a redescobrirem com alegre admiração a eficácia salvífica deste dom do Espírito Santo.



                                                                              Outubro de 1998

JOÃO PAULO II

AUDIÊNCIA

Quarta-feira 7 de Outubro de 1998



1. De sexta-feira a domingo passados realizei a minha segunda visita pastoral à Croácia. Enquanto tenho ainda nos olhos as imagens desta peregrinação, desejo deter-me brevemente convosco sobre o seu significado, colocando-o no contexto dos eventos históricos em que foi envolvida não só a Croácia, mas a Europa inteira.

Antes de tudo, agradeço a Deus que me concedeu viver esta experiência tão intensa. O meu pensamento reconhecido dirige-se depois aos caríssimos Bispos da Croácia, assim como ao Senhor Presidente da República, às outras Autoridades e a todos aqueles que tornaram possível este renovado encontro entre o Sucessor de Pedro e a nação croata, a Ele sempre fiel há mais de treze séculos.

O tema da visita fazia eco às palavras que Jesus ressuscitado dirigiu aos Apóstolos: «Sereis Minhas testemunhas» (Ac 1,8). Uma peregrinação, portanto, no sinal do testemunho. E é nesta perspectiva que pude abraçar idealmente quase dois milénios de história: desde os mártires das perseguições romanas até àqueles do recente regime comunista: de São Domnio, Bispo de Salona, antiga sede primacial, ao Cardeal Alojzije Stepinac, Arcebispo de Zagrábia, cuja beatificação foi o evento culminante da minha permanência croata. O solene acto litúrgico veio assim projectar-se no cenário de vicissitudes históricas que remontam à antiga Roma, quando o País ainda não era habitado pelos croatas.

O outro ponto focal da viagem apostólica foi a celebração dos 1700 anos da cidade e da Igreja de Espálato. Ambos estes momentos foram acompanhados de uma peregrinação mariana: em primeiro lugar, ao Santuário nacional de Marija Bistrica e, depois, ao de Nossa Senhora da Ilha de Salona, o Santuário mais antigo dedicado à Virgem na Croácia. Este facto é bastante significativo. Com efeito, quando um povo conhece a hora da paixão e da cruz, experimenta mais forte do que nunca o vínculo com a Mãe de Cristo, e Ela torna-se sinal de esperança e de conforto. Assim foi para a minha pátria, a Polónia; de igual modo foi para a Croácia, como para cada nação cristã duramente provada pelas vicissitudes da história.

2. In Te, Domine, speravi: era este o lema do Cardeal Alojzije Stepinac, junto de cujo túmulo me detive em oração logo que cheguei a Zagrábia. Na sua figura sintetiza-se a inteira tragédia que atingiu a Europa no decurso deste século, marcado pelos grandes males do fascismo, do nazismo e do comunismo. Nele refulge em plenitude a resposta católica: fé em Deus, respeito pelo homem, amor para com todos confirmado no perdão, unidade com a Igreja guiada pelo Sucessor de Pedro.

A causa da perseguição e do ridículo processo contra ele foi a firme rejeição, por ele oposta, às insistências do regime para que se separasse do Papa e da Sé Apostólica e se constituísse chefe de uma «igreja nacional croata». Ele preferiu permanecer fiel ao Sucessor de Pedro. Por isto foi caluniado e depois condenado.

Na sua beatificação reconhecemos a vitória do Evangelho de Cristo sobre as ideologias totalitárias; a vitória dos direitos de Deus e da consciência sobre a violência e a prepotência; a vitória do perdão e da reconciliação sobre o ódio e a vingança. O Beato Stepinac constitui assim o símbolo da Croácia que quer perdoar e reconciliar-se, purificando a memória do rancor e vencendo o mal com o bem.

3. Há muito tempo eu desejava ir pessoalmente ao célebre Santuário de Marija Bistrica. A Providência dispôs que isto se realizasse por ocasião da beatificação do Cardeal Alojzije Stepinac. Ele, desde o início do seu episcopado, guiou pessoalmente cada ano, a pé, a peregrinação votiva desde a cidade de Zagrábia até àquele Santuário, distante cerca de 50 quilómetros da capital, até quando as autoridades comunistas proibiram qualquer tipo de manifestação religiosa.

A antiga e venerada estátua de madeira de Nossa Senhora com o Menino, que no século XVI, durante a invasão otomana, os fiéis foram obrigados a esconder para a preservar do sacrilégio e da destruição, representa num certo sentido a sofrida história do povo croata, durante mais de mil e trezentos anos. A beatificação do Cardeal Stepinac junto daquele Santuário, com a visita no dia seguinte a Espálato, estava assim projectada no contexto de eventos que remontam aos tempos antigos, quando a cidade fazia parte do Império romano.

A actual cidade de Espálato, que inclui a antiga sede episcopal de Salona, contém no centro o Palácio e o Mausoléu do imperador Diocleciano, que foi um dos mais cruéis perseguidores dos cristãos. E eis que, alguns séculos depois, o Mausoléu foi transformado em Catedral e entre as suas paredes foram postas as relíquias de São Domnio, Bispo de Salona e mártir. Detive-me em oração diante da sua urna funerária, repercorrendo com o pensamento a ampla perspectiva histórica que de Diocleciano vai até às vicissitudes deste nosso século, marcado por perseguições não menos ferozes, mas ilustrado também por figuras de mártires, não menos esplêndidas do que as antigas.

4. Em Salona, onde surge o santuário mariano dedicado a Nossa Senhora da Ilha, encontram-se os mais antigos vestígios do cristianismo na região. E precisamente ali eu quis encontrar os catequistas, os professores e os membros das associações e movimentos eclesiais, em grande parte jovens: junto das memórias das raízes cristãs, orámos pelo futuro da Igreja e da evangelização.

Os grandes campos nos quais trabalhar são sobretudo os da família, da vida e dos jovens, como recordei no encontro com a Conferência Episcopal Croata. Em cada um deles, os cristãos são chamados a dar testemunho de coerência evangélica nas opções tanto pessoais como colectivas. O saneamento das feridas da guerra, a construção de uma paz justa e estável e sobretudo o restabelecimento dos valores morais ameaçados pelos totalitarismos precedentes, requerem um trabalho longo e paciente, no qual é necessário referir-se continuamente ao património espiritual herdado dos antepassados.

A figura do Beato Alojzije Stepinac constitui para todos um ponto de referência a ser olhado, a fim de nele haurir inspiração e apoio. Com a sua beatificação manifestou-se diante de nós, no cenário dos séculos, aquela luta entre Evangelho e anti-Evangelho que percorre a história. O mártir dos nossos tempos, que os mais idosos ainda recordam, assume assim a categoria de grande símbolo deste combate: desde quando sobre as ruínas do Império romano começou a formar-se uma nova sociedade e às margens do mar Adriático chegaram os Croatas, através dos tempos difíceis da dominação otomana, até a este nosso século tumultuoso e dramático, a Igreja continuou sempre a enfrentar os desafios do mal, anunciando com destemida fortaleza a palavra do Evangelho.

No arco de mais de treze séculos, os Croatas, acolhida esta Palavra e recebido o Baptismo, conservaram a sua fidelidade a Cristo e à Igreja, confirmando-a no limiar do Terceiro Milénio. É testemunho disto a pessoa do Arcebispo de Zagrábia, o Beato mártir Alojzije Stepinac! A sua figura liga-se com a dos mártires antigos: contrariamente às intenções de Diocleciano, as perseguições dos primeiros séculos consolidaram a presença da Igreja no mundo antigo. Oremos ao Senhor a fim de que, por intercessão da Virgem Maria, Advocata Croatiae, Mater fidelissima, as perseguições dos tempos modernos produzam um novo florescimento da vida eclesial na Croácia e no mundo inteiro.
* * *


Caríssimos Irmãos e Irmãs:

Mantenho ainda viva na memória a recordação da minha recente Viagem Pastoral à Croácia, na qual, além do objectivo de confortar e estimular a actividade eclesial naquele país, foi minha expressa intenção ir lá para beatificar o Cardeal Aloísio Stepinac, grande mártir da fé do nosso tempo, e participar da celebração dos dezassete séculos da cidade de Split; a estes compromissos, juntaram-se duas peregrinações: ao Santuário nacional mariano croata de Marija Bistrica, e à Ilha de Solin, no Proto-Santuário mariano croato, dois lugares extremamente significativos na história religiosa desta querida Nação. Agradeço a Deus por ter-Me permitido realizar esta nova Viagem, e a todos peço que se unam às minhas preces pelos frutos que a Providência queira enviar-nos.

Saúdo cordialmente os peregrinos aqui presentes de língua portuguesa, desejando-lhes todo o bem, com as graças divinas, na sua caminhada como novo Povo de Deus. Em particular, sejam bem-vindos os portugueses pertencentes ao Coro de Santa Maria, da freguesia de Buraca de Lisboa, e um numeroso grupo de visitantes brasileiros e outro de esportistas do Clube "Atlético Mineiro" de Belo Horizonte. A todos, como lembrança do encontro digo:

Imploro do Senhor que se tornem cada vez mais cônscios da presença do Espírito que dá a vida: do amor de Deus derramado nos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado. Com a minha bênção, extensiva aos que lhe são queridos.


AUDIÊNCIA Quarta-feira 14 de Outubro de 1998


1. Na catequese anterior detivemo-nos sobre o sacramento da Confirmação como cumprimento da graça baptismal. Agora aprofundamos o seu valor salvífico e o efeito espiritual expressos pelo sinal da unção, que indica o «selo do dom do Espírito Santo» (cf. Paulo VI, Const. Apost. Divinae consortium naturae [15.8.1971]: AAS 63, 663).

Por meio da unção o crismando recebe plenamente aquele dom do Espírito Santo que, de forma inicial e fundamental, já recebeu no Baptismo. Como explica o Catecismo da Igreja Católica, «o selo é o símbolo da pessoa (cf. Gn Gn 38,18 Ct 8,6), sinal da sua autoridade (cf. Gn Gn 41,42), da sua propriedade sobre o objecto (cf. Dt Dt 32,34)...» (n. 1295). Jesus mesmo declara que sobre Ele «o Pai, o próprio Deus, marcou com o Seu selo» (Jn 6,27). E assim nós cristãos, enxertados em virtude da fé e do Baptismo no Corpo de Cristo Senhor, ao recebermos a unção somos marcados pelo selo do Espírito. Isto é ensinado explicitamente pelo apóstolo Paulo ao dirigir-se aos cristãos de Corinto: «Quem nos confirma convosco em Cristo e nos consagrou, é Deus. Ele é que nos marcou com o Seu selo e deu aos nossos corações o penhor do Espírito» (2Co 1,21-22 cf. Ef Ep 1,13-14 Ep 4,30).

2. O selo do Espírito Santo, portanto, significa e actua a pertença total do discípulo a Jesus Cristo, o estar ao Seu serviço para sempre na Igreja, e ao mesmo tempo implica a promessa da protecção divina nas provas que ele deverá enfrentar para testemunhar no mundo a sua fé.

O próprio Jesus o predisse, na iminência da Sua paixão: «Entregar-vos-ão aos tribunais, sereis açoitados nas sinagogas e comparecereis diante dos governadores e dos reis por Minha causa, para dardes testemunho diante deles... Quando vos levarem para serdes entregues, não vos inquieteis com o que haveis de dizer, mas dizei o que vos for dado nessa hora, pois não sereis vós a falar, mas sim o Espírito Santo» (Mc 13,9 Mc 13,11e).

Promessa análoga retorna no Apocalipse, numa visão que abrange a inteira história da Igreja e ilumina a vicissitude dramática que os discípulos de Cristo são chamados a enfrentar, unidos ao seu Senhor Crucificado e Ressuscitado. Eles são apresentados com a imagem sugestiva daqueles sobre cuja fronte foi impresso o selo de Deus (cf. Ap 7,2-4).

3. A Confirmação, vindo trazer crescimento e aprofundamento da graça baptismal, une-nos de modo mais firme a Jesus Cristo e ao seu Corpo que é a Igreja. Esse sacramento aumenta em nós também os dons do Espírito Santo, a fim de «nos dar uma força especial do Espírito Santo para propagar e defender a fé, pela palavra e pela acção, como verdadeiras testemunhas de Cristo, e para nunca nos envergonharmos da Cruz» (CEC 1303 cf. Concílio de Florença, DS 1319 Conc. Ecum. Vat. II, Lumen gentium LG 11 LG 12).

Santo Ambrósio exorta o crismado com estas vibrantes palavras: «Recorda que recebeste o selo espiritual, “o Espírito da sabedoria e do intelecto, o Espírito do conselho e da fortaleza, o Espírito do conhecimento e da piedade, o Espírito do temor de Deus” e conserva aquilo que recebeste. Deus Pai marcou-te, Cristo Senhor confirmou-te e pôs no teu coração o Espírito como penhor» (De mysteriis, 7, 42; PL 16, 402-403).

O dom do Espírito empenha no testemunho de Jesus Cristo e de Deus Pai, e assegura a capacidade e a coragem de o fazer. Os Actos dos Apóstolos dizem-nos claramente que o Espírito foi difundido sobre os apóstolos, para que se tornassem «testemunhas» (1, 8; cf. Jo Jn 15,26-27).

S. Tomás de Aquino, por sua parte, ao sintetizar de maneira admirável a tradição da Igreja, afirma que mediante a Confirmação são comunicados ao baptizado a ajuda necessária para professar publicamente e em todas as circunstâncias a fé recebida no baptismo. «É-lhe dada a plenitude do Espírito Santo — ele explica — ad robur spirituale (para a fortaleza espiritual), que convém à idade madura» (S. Th., III 72,2). Essa maturidade obviamente não deve ser medida com critérios humanos, mas no interior da misteriosa relação de cada um com Cristo.

Este ensinamento, enraizado na Sagrada Escritura e desenvolvido pela sagrada Tradição, encontra expressão na doutrina do Concílio de Trento, segundo o qual o sacramento da Confirmação imprime na alma como que uma «marca espiritual indelével»: o «carácter» (cf. DS DS 1609), que é precisamente o sinal impresso por Jesus Cristo no cristão com o selo do seu Espírito.

4. Este dom específico conferido pelo sacramento da Confirmação habilita os fiéis para exercerem a sua «função profética» – recebe o poder de professar publicamente a fé cristã, como que por um encargo oficial (quasi ex officio)» (S. Th., III, 72, 5, ad. 2; cf. CEC 1305). E o Vaticano II, ilustrando na Lumen gentium a índole sagrada e orgânica da comunidade sacerdotal, sublinha que «com o sacramento da Confirmação (os fiéis) são mais perfeitamente vinculados à Igreja, enriquecidos com uma força especial do Espírito Santo e deste modo ficam obrigados a difundir e defender a fé por palavras e obras como verdadeiras testemunhas de Cristo» (n. 11).

O baptizado que recebe com plena e amadurecida consciência o sacramento da Confirmação declara solenemente perante a Igreja, sustentado pela graça de Deus, a sua disponibilidade a deixar-se atrair, de modo sempre novo e mais profundo, pelo Espírito de Deus, para se tornar testemunha de Cristo Senhor.

5. Graças ao Espírito que penetra e colma o coração, esta disponibilidade leva até ao martírio, como nos mostra a ininterrupta plêiade de testemunhas cristãs que, desde o alvorecer do cristianismo até ao nosso século, não temeram sacrificar a própria vida terrena por amor de Jesus Cristo. «O martírio – escreve o Catecismo da Igreja Católica – é o testemunho supremo prestado à verdade da fé; um testemunho que vai até à morte. O mártir dá testemunho de Cristo, morto e ressuscitado, ao qual está unido pela caridade» (n. 2473).

No limiar do Terceiro Milénio, invoquemos o dom do Paráclito para reavivar a eficácia da graça do selo espiritual impresso em nós no sacramento da Confirmação. Animada pelo Espírito, a nossa vida efundirá o «bom odor de Cristo» (2Co 2,15) até aos últimos confins da terra.



Amados peregrinos de língua portuguesa, a minha cordial saudação de boas-vindas para todos vós, vindos do Brasil da paróquia São Paulo em Jardim Paulista e também dos Estados de Fortaleza, Salvador da Bahia e São Paulo, e para os portugueses da paróquia do Santíssimo Sacramento no Porto. Possam os vossos corações, fortes na fé, estarem sempre ao serviço dos irmãos por amor de Deus. D'Ele invoco abundantes bênçãos para vós e vossas famílias!



JOÃO PAULO II

AUDIÊNCIA

Quarta-feira 21 de Outubro de 1998



1. O Espírito Santo «é Senhor e dá a vida». Com estas palavras do Símbolo niceno-constantinopolitano, a Igreja continua a professar a fé no Espírito Santo, que São Paulo proclama como «Espírito da vida» (Rm 8,2).

Na história da salvação a vida aparece sempre unida ao Espírito de Deus. Desde a manhã da criação, graças ao sopro divino, como que «um sopro de vida», «o homem transformou-se num ser vivo» (Gn 2,7). Na história do povo eleito o Espírito do Senhor intervém muitas vezes para salvar Israel e o guiar mediante os patriarcas, juízes, reis e profetas. Ezequiel apresenta de maneira eficaz a situação do povo humilhado pela experiência do exílio, como um vale imenso, repleto de esqueletos aos quais Deus comunica uma nova vida (cf. Ez Ez 37,1-14): «O espírito penetrou neles. Retomando a vida, endireitaram-se sobre os seus pés» (Ez 37,10).

Sobretudo na história de Jesus o Espírito Santo estende o seu poder vivificante: o fruto do seio de Maria é concebido «por obra do Espírito Santo» (Mt 1,18 cf. Lc 1,35). Toda a missão de Jesus é animada e dirigida pelo Espírito Santo; de modo especial a ressurreição tem o selo do «Espírito d’Aquele que ressuscitou a Jesus dos mortos» (Rm 8,11).

2. O Espírito Santo, juntamente com o Pai e o Filho, é o protagonista daquele «Evangelho da vida» que a Igreja não se cansa de anunciar e testemunhar ao mundo.

O Evangelho da vida de facto — como expliquei na Carta Encíclica Evangelium vitae — não é uma simples reflexão sobre a vida humana, nem sequer apenas um mandamento dirigido à consciência; ele é, na verdade, «uma realidade concreta e pessoal, porque consiste no anúncio da própria pessoa de Jesus» (n. 29). Com efeito, Ele apresenta-Se como «o caminho, a verdade e a vida» (Jn 14,6). E ao dirigir-Se a Marta, irmã de Lázaro, reafirma: «Eu sou a ressurreição e a vida» (Jn 11,25).

3. «Quem Me segue — proclama ainda — terá a luz da vida» (Jn 8,12). A vida que Jesus Cristo nos dá é uma água viva que sacia o desejo mais profundo do homem e o introduz, como filho, na plena comunhão com Deus. Esta água viva e dadora de vida é o Espírito Santo.

No colóquio com a Samaritana, Jesus prenuncia este dom divino: «Se conhecesses o dom de Deus e Quem é Aquele que te diz: “Dá-me de beber?”, tu é que Lhe terias pedido, e Ele dar-te-ia uma água viva... Quem bebe desta água voltará a ter sede; mas quem beber da água que Eu lhe der, jamais terá sede, porque a água que Eu lhe der tornar-se-á nele uma nascente de água a jorrar para a vida eterna» (Jn 4,10 Jn 4,13-14). Ao prenunciar depois, por ocasião da festa dos Tabernáculos, a Sua morte e ressurreição, Jesus exclama sempre em voz alta, como que para Se fazer escutar pelos homens de todos os lugares e de todos os tempos: «Se alguém tem sede venha a Mim e beba! Do seio daquele que acreditar em Mim, correrão rios de água viva, como diz a Escritura». Ele diz isto — observa o evangelista João — ao referir-Se «ao Espírito que deviam receber os que n’Ele acreditassem» (Jn 7,37-39).

Ao obter-nos o dom do Espírito com o sacrifício da própria vida, Jesus cumpre a missão recebida do Pai: «Eu vim para que tenham vida, e a tenham em abundância» (Jn 10,10). O Espírito Santo torna novo o nosso coração (cf. Ez Ez 36,25-27 Jr 31,31-34), conformando-o com o de Cristo. O cristão pode assim «compreender e realizar o sentido mais verdadeiro e profundo da vida: ser um dom que se consuma no dar-se» (EV 49). É esta a lei nova, «a lei do Espírito que dá vida em Cristo Jesus» (Rm 8,2). A sua expressão fundamental, à imitação do Senhor que oferece a vida pelos próprios amigos (cf. Jn 15,13), é o dom de si no amor: «Nós sabemos que passámos da morte para a vida, porque amamos os irmãos» (1Jn 3,14).

4. A vida do cristão que, mediante a fé e os sacramentos, está intimamente unido a Jesus Cristo, é uma «vida no Espírito». Com efeito, o Espírito Santo derramado em nossos corações (cf. Gl Ga 4,6) torna-Se em nós e para nós «nascente de água a jorrar para a vida eterna» (Jn 4,14).

É preciso, pois, deixar-nos guiar com docilidade pelo Espírito de Deus, para nos tornarmos de maneira cada vez mais plena aqueles que já somos por graça: filhos de Deus em Cristo (cf. Rm Rm 8,14-16). «Se vivemos pelo Espírito — exorta-nos ainda São Paulo —, caminhemos também segundo o Espírito» (Ga 5,25).

Sobre este princípio se baseia a espiritualidade cristã, que consiste em acolher toda a vida que o Espírito nos dá. Esta concepção da espiritualidade põe-nos ao abrigo dos equívocos que às vezes ofuscam o seu perfil genuíno.

A espiritualidade cristã não consiste num esforço de auto-aperfeiçoamento, como se o homem com as suas forças pudesse promover o crescimento integral da sua pessoa e conseguir a salvação. O coração do homem, ferido pelo pecado, só é curado pela graça do Espírito Santo e somente pode viver como verdadeiro filho de Deus, se for sustentado por esta graça.

A espiritualidade nem sequer consiste em tornar-nos como que «imateriais», desencarnados, privados de empenho responsável na história. A presença do Espírito Santo em nós, de facto, longe de nos impelir para uma «evasão» alienante, penetra e mobiliza todo o nosso ser: inteligência, vontade, afectividade, corporeidade, para que o nosso «homem novo» (Ep 4,24) impregne o espaço e o tempo da novidade evangélica.

5. No limiar do terceiro Milénio, a Igreja dispõe-se a acolher o dom sempre novo daquele Espírito dador de vida, que brota do lado trespassado de Jesus Cristo, para anunciar a todos com íntima alegria o Evangelho da vida.

Supliquemos o Espírito Santo para que torne a Igreja do nosso tempo um eco fiel da palavra dos Apóstolos: «O que era desde o princípio, o que ouvimos, o que vimos com os nossos olhos, o que contemplámos e as nossas mãos apalparam acerca do Verbo da vida — porque a vida manifestou-se, nós vimo-la, damos testemunho dela e vos anunciamos esta vida eterna que estava no Pai e que nos foi manifestada — o que vimos e ouvimos, isso vos anunciamos, para que também vós tenhais comunhão connosco. Quanto à nossa comunhão, ela é com o Pai e com Seu Filho Jesus Cristo» (1Jn 1,1-3).



Saúdo cordialmente os peregrinos aqui presentes de língua portuguesa. Desejo a todos muitas felicidades, na paz do Senhor, em particular a um grupo de visitantes brasileiros. Faço votos que a paz de Cristo reine em vossos corações, e que a luz do Espírito Consolador seja fonte de caridade, alegria e concórdia em vossas famílias e Comunidades, e que Deus vos abençoe!



JOÃO PAULO II

AUDIÊNCIA

Quarta-feira 28 de Outubro de 1998



1. «Deus amou de tal modo o mundo que lhe deu o Seu Filho único, para que todo o que n’Ele crer não pereça, mas tenha a vida eterna» (Jn 3,16). Nestas palavras do Evangelho de João o dom da «vida eterna» representa o fim último do desígnio de amor do Pai. Esse dom consente-nos ter acesso, por graça, à inefável comunhão de amor do Pai, do Filho e do Espírito Santo: «E a vida eterna consiste nisto: Que Te conheçam a Ti, por único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a Quem enviaste» (ibid., 17, 3).

A «vida eterna», que brota do Pai, é-nos transmitida em plenitude por Jesus na sua Páscoa, através do dom do Espírito Santo. Ao recebê-lo, participamos na vitória definitiva que Jesus ressuscitado realizou sobre a morte. «Morte e Vida — faz-nos proclamar a liturgia — enfrentaram-se num prodigioso duelo. O Senhor da vida estava morto; mas, agora vivo, triunfa» (Sequência do Domingo de Páscoa). Neste evento decisivo da salvação, Jesus dá aos homens a «vida eterna» no Espírito Santo.

2. Assim, na «plenitude dos tempos» Cristo cumpre, para além de toda a expectativa, aquela promessa de «vida eterna» que, desde a origem do mundo, tinha sido inscrita pelo Pai na criação do homem à Sua imagem e semelhança (cf. Gn 1,26).

Como canta o Salmo 104, o homem experimenta que a vida no cosmo e, em particular, a sua própria vida têm o princípio no «sopro» comunicado pelo Espírito do Senhor: «Se escondeis o Vosso rosto, perturbam-se; se lhes retirais o seu alento, perecem, e voltam ao pó donde saíram. Se lhes enviais o Vosso espírito, voltam à vida, e renovais a face da terra» (vv. 29-30).

A comunhão com Deus, dom do seu Espírito, torna-se para o povo eleito o sempre mais penhor de uma vida, que não se limita à existência terrena, mas misteriosamente a transcende e a prolonga sem limites.

No duro período do exílio na Babilónia, o Senhor reacende a esperança do Seu povo, proclamando uma nova e definitiva aliança, que será selada por uma efusão superabundante do Espírito (cf. Ez Ez 36,24-28): «Eis que abrirei as vossas sepulturas e vos farei sair delas, ó Meu povo, e vos reconduzirei ao país de Israel. Então reconhecereis que Eu sou o Senhor Deus, quando abrir as vossas sepulturas e vos fizer sair delas, ó Meu povo. Introduzirei em vós o Meu espírito e vivereis» (ibid., 37, 12-14).

Com estas palavras, Deus anuncia a renovação messiânica de Israel, depois dos sofrimentos do exílio. Os símbolos utilizados adaptam-se bem a evocar o caminho que a fé de Israel realiza lentamente, até intuir a verdade da ressurreição da carne, que será realizada pelo Espírito no fim dos tempos.

3. Esta verdade é consolidada na época já próxima da vinda de Jesus Cristo (cf. Dn Da 12,2 2M 7,9-14 2M 7,23 2M 7,36 2M 12,43-45), o Qual a confirma vigorosamente, censurando aqueles que a negavam: «Não andareis enganados por desconhecerdes as Escrituras e o poder de Deus?» (Mc 12,24). Segundo Jesus, de facto, a fé na ressurreição baseia-se na fé em Deus, que «não é um Deus dos mortos, mas dos vivos» (ibid., 12, 27).

Além disso, Jesus liga a fé na ressurreição à sua própria Pessoa: «Eu sou a Ressurreição e a Vida» (Jn 11,25). N’Ele, com efeito, graças ao mistério da Sua morte e ressurreição, se cumpre a divina promessa do dom da «vida eterna», que implica uma plena vitória sobre a morte: «Vai chegar a hora em que todos os que estão nos túmulos ouvirão a voz [do Filho]; os que tiverem praticado boas obras sairão, ressuscitando para a vida...» (Jn 5,28-29). «E a vontade de Meu Pai é esta; que todo aquele que vê o Filho e acredita n’Ele tenha a vida eterna; e Eu ressuscitá-lo-ei no último dia» (ibid., 6, 40).

4. Esta promessa de Cristo se realizará, portanto, misteriosamente no fim dos tempos, quando Ele retornar glorioso «para julgar os vivos e os mortos» (2Tm 4,1 cf. Act Ac 10,42 1P 4,5). Então os nossos corpos mortais reviverão pelo poder do Espírito, que nos foi dado como «penhor da nossa herança, enquanto esperamos a completa redenção» (Ep 1,14 cf. 2Co 1,21-22).

Contudo, não se deve pensar que a vida para além da morte só comece com a ressurreição final. Esta, de facto, é precedida pela condição especial em que se encontra todo ser humano desde o momento da morte física. Trata-se duma fase intermédia, na qual à decomposição do corpo corresponde «a sobrevivência e a subsistência de um elemento espiritual, o qual é dotado de consciência e de vontade, de maneira tal que o “eu humano” subsista, embora lhe falte nesse ínterim o complemento do seu corpo» (Sacra Congregatio pro doctrina fidei, De quibusdam quaestionibus ad eschatologiam spectantibus, 7 de Maio de 1979: AAS 71 [1979] 941).

Para os crentes acrescenta-se a certeza de que a sua relação vivificante com Cristo não pode ser destruída pela morte, mas mantém-se noutra vida. Com efeito, Jesus declarou: «Quem crê em Mim, ainda que esteja morto, viverá» (Jn 11,25). A Igreja sempre professou esta fé e expressou-a sobretudo na oração de louvor, que dirige a Deus em comunhão com todos os Santos e na invocação a favor dos defuntos, que ainda não se purificaram plenamente. Por outro lado, a Igreja inculca o respeito pelos restos mortais de todo o ser humano, quer pela dignidade da pessoa a que pertencem, quer pela honra que se deve ao corpo de todos os que, com o Baptismo, se tornaram templos do Espírito Santo. A liturgia no rito das Exéquias e na veneração das relíquias dos Santos, que se desenvolveu desde os primeiros séculos, é testemunho específico disto. Aos ossos destes últimos — diz São Paulino de Nola — «jamais falta a presença do Espírito Santo, da qual provém uma graça viva aos sepulcros sagrados» (Cântico XXI, 632-633).

5. O Espírito Santo aparece-nos assim como Espírito da vida, não só em todas as fases da existência terrena, mas de igual modo na fase que, depois da morte, precede a vida plena que o Senhor prometeu também para os nossos corpos mortais. Com maior razão, graças a Ele realizaremos, em Cristo, a nossa «passagem» final ao Pai. Observa São Basílio Magno: «Se alguém reflecte com atenção, compreenderá que também no momento da esperada manifestação do Senhor a partir do céu, o Espírito Santo não vos faltará como alguns crêem; ao contrário, Ele estará presente também no dia da revelação do Senhor, na qual julgará o mundo na justiça, Ele que é bem-aventurado e o único soberano» (O Espírito Santo, XVI, 40).

Amados peregrinos de língua portuguesa, com destaque para os grupos vindos do Brasil: para todos, a minha saudação amiga e encorajadora! Vêde como é grande o amor que o Pai do Céu vos tem! Ele enviou o seu Filho Unigénito ao mundo, para que todo aquele que crer n'Ele não pereça, mas tenha a vida eterna. Acreditando em Jesus, tendes em vós a vida eterna! De quando em quando, no meio da vida, levantai os olhos para esta herança eterna que vos espera. Sobre vós e vossas famílias, desça a minha Bênção.



                                                                             Novembro de 1998

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