Discursos João Paulo II 1998 - Sábado, 31 de Janeiro de 1998

AO NOVO EMBAIXADOR DA GRÃ-BRETANHA


JUNTO DA SANTA SÉ POR OCASIÃO


DA APRESENTAÇÃO DAS CARTAS CREDENCIAIS


Sábado, 31 de Janeiro de 1998





Excelência

É-me grato dar-lhe cordiais boas-vindas, no momento em que Vossa Excelência apresenta as Cartas Credenciais mediante as quais Sua Majestade a Rainha Isabel II o nomeia seu Embaixador Extraordinário e Plenipotenciário junto da Santa Sé. Muito obrigado pelas saudações que me transmite da parte de Sua Majestade e peço que lhe comunique a certeza das minhas orações e dos meus bons votos.

Vossa Excelência faz referência à solicitude do seu governo pela promoção de uma política estrangeira assente no respeito dos direitos humanos. A celebração do quinquagésimo aniversário da promulgação da Declaração Universal dos Direitos Humanos constitui uma ocasião propícia para os líderes mundiais renovarem o próprio compromisso de salvaguarda dos direitos fundamentais da pessoa humana. O preâmbulo desse documento declara que o «reconhecimento da dignidade inerente e dos direitos iguais e inalienáveis de todos os membros da família humana é o fundamento da liberdade, da justiça e da paz no mundo». A declaração coloca em evidência o facto de os mesmos direitos pertencerem a cada indivíduo e a todos os povos. Na minha recente Mensagem para o Dia Mundial da Paz, chamei a atenção para a tendência que existe nalguns sectores, de debilitar o carácter universal e indivisível dos direitos humanos. Por conseguinte, é vital que a Comunidade internacional se sinta obrigada a assegurar que os basilares direitos sociais, económicos e culturais tenham em vista todas as pessoas.

O compromisso de defender e proteger os direitos humanos está intimamente ligado à missão da Igreja no mundo contemporâneo, persuadida como está de que a promoção da paz, da justiça e da solidariedade constitui um testemunho verdadeiramente prático e efectivo da mensagem evangélica no que concerne ao carácter sagrado da vida humana. Portanto, a Santa Sé insiste com determinação sobre o direito fundamental de cada indivíduo à vida, bem como sobre o direito a viver numa família unida, a desenvolver as próprias inteligência e liberdade na busca e no conhecimento da verdade, o direito a participar no trabalho que se serve dos recursos da terra e o direito a obter desse mesmo trabalho os meios para a subsistência própria e dos seus familiares (cf. Centesimus annus CA 47).

Entre estes direitos básicos, a liberdade religiosa «entendida como direito a viver na verdade da própria fé e em conformidade com a dignidade transcendente da pessoa» (Centesimus annus CA 47), constitui um requisito essencial da dignidade de cada pessoa e uma pedra miliar da estrutura dos direitos humanos. A liberdade religiosa inclui a liberdade de praticar a própria fé no seio de uma comunidade religiosa organizada. Todos deveriam poder fazê-lo livres de coerção (cf. Dignitatis humanae DH 1) e consequentemente o Estado, que não pode reivindicar uma autoridade, directa ou indirecta, sobre as convicções religiosas das pessoas, deveria encontrar o modo de assegurar que os direitos de todos os indivíduos e de cada uma das comunidades sejam garantidos a nível de igualdade, ao mesmo tempo que se salvaguarda a ordem pública. É importante que os governos trabalhem juntos para garantir que o direito fundamental à liberdade religiosa seja respeitado em toda a parte, e sinto-me encorajado pela solicitude do seu governo neste sentido.

Como a experiência demonstra, os esforços por promover a paz entre os povos só podem obter bom êxito se houver a disponibilidade para o compromisso num diálogo que respeite os direitos de todas as partes interessadas e sem que se faça recurso a instrumentos contrários à natureza mesma do processo de negociação. Sabe-se que este diálogo é difícil e requer paciência, boa vontade e abertura genuína, se quiser ser fecundo. A este propósito, não posso deixar de encorajar o actual diálogo entre as várias facções na Irlanda do Norte, na esperança de que prevaleça o desejo de reconciliação e confiança, apesar das enormes dificuldades envolvidas e dos recorrentes momentos de crise.

No meu recente discurso ao Corpo Diplomático, referi-me às várias provas que afligem os povos da região dos Grandes Lagos da África: «Os combates, os deslocamentos de pessoas, o drama dos refugiados, as condições sanitárias deficientes, a administração defeituosa da justiça» (Discurso ao Corpo Diplomático, 10 de Janeiro de 1998, n. 4). Enquanto os líderes dos países nessa região têm a responsabilidade primordial de encontrar soluções para tais problemas, governos como o de Vossa Excelência podem contribuir em grande medida para alcançar a cessação das hostilidades, assegurando que sejam observados os princípios basilares da justiça. A Santa Sé e as várias Organizações eclesiais de assistência já estão empenhadas nos esforços conjuntos com diversos Organismos internacionais, tendo em vista o melhoramento da qualidade da vida humana não só nessa parte da África, mas no mundo inteiro. Também esta constitui uma área em que existe um vasto espaço para a cooperação entre nós.

Efectivamente, a promoção da paz mundial exige que a Comunidade internacional se empenhe em prol do desenvolvimento de todos os povos e nações. A este propósito, a Santa Sé subscreve os apelos, vindos de muitas partes, dirigidos aos líderes mundiais a fim de que tomem medidas no sentido de reduzir o oneroso fardo da dívida externa que impede o progresso social, político e económico dos países mais pobres (cf. Mensagem para o Dia Mundial da Paz de 1998, n. 4). Aprecio a decisão do seu governo de encontrar uma solução para o mencionado problema antes do termo deste século.

No que concerne ao desenvolvimento, o comércio dos armamentos apresenta uma dificuldade particular. Alguns países mais pobres são tentados a despender os recursos extremamente necessários na compra de tecnologia militar, em vez de os utilizar para garantir um melhor padrão de vida aos seus cidadãos. As nações que produzem e exportam armas têm a séria responsabilidade moral de assegurar que este comércio não incremente ainda mais a ameaça à paz no interior dos países e entre as nações. Espera-se que as deliberações da União Europeia, destinadas a estabelecer um código de conduta para regulamentar a exportação das armas, tenham de algum modo em vista diminuir a tentação dos países em vias de desenvolvimento, de desperdiçar os próprios recursos desta maneira.

A este propósito, a opinião pública elogiou a assinatura em Otava da Convenção internacional que elimina as minas anti-homem, que têm constituído um dos principais obstáculos para a reconstrução pacífica das regiões devastadas pela guerra no mundo inteiro. Senhor Embaixador, compartilho a sua esperança de que essa Convenção seja eventualmente assinada por todos os membros da Comunidade internacional, e aprecio a decisão do seu governo de destinar subsídios para a remoção de tais dispositivos. Há necessidade de uma cooperação internacional contínua para assegurar que os perigos e as ameaças ao desenvolvimento, representados por tais armas, sejam removidos de modo permanente.

Ao mencionar apenas algumas das importantes questões levantadas por Vossa Excelência, procurei indicar como a solicitude da Igreja pela paz se fundamenta de maneira essencial na sua missão espiritual de servir a pessoa humana, criada à imagem e semelhança de Deus e chamada à vida eterna. Ao assumir o seu encargo, estou certo de que a sua missão servirá para fortalecer as relações amistosas que existem entre o Reino Unido e a Santa Sé. Asseguro-lhe a cooperação e a assistência dos vários departamentos da Cúria Romana e invoco as bênçãos de Deus sobre Vossa Excelência e todas as pessoas que o Senhor Embaixador representa.



Fevereiro de 1998

DISCURSO DO PAPA JOÃO PAULO II


AO CARDEAL RUINI E AOS BISPOS AUXILIARES


DA DIOCESE DE ROMA POR OCASIÃO


DA ENTREGA OFICIAL


DA NOVA CONSTITUIÇÃO APOSTÓLICA


"ECCLESIA IN URBE"


2 de Fevereiro de 1998





Senhor Cardeal
Venerados Irmãos no Episcopado!

1. O encontro hodierno é para mim motivo de íntima alegria, porque me dá o ensejo de vos entregar oficialmente a nova Constituição «Ecclesia in Urbe», que actualiza alguns aspectos organizativos do Vicariato de Roma, adequando-os às mudadas circunstâncias sociais e eclesiais da comunidade cristã.

Saúdo com ânimo grato o Cardeal Camillo Ruini, meu primeiro colaborador na guia do Povo de Deus que vive em Roma. Juntamente com ele, desejo saudar com afecto o Arcebispo Vice-Gerente e os Bispos Auxiliares, que oferecem o seu precioso contributo para o ordenado desenvolvimento da actividade eclesial nos diversos sectores da Cidade. O meu afectuoso pensamento dirige-se também, neste momento, aos sacerdotes, aos consagrados e às consagradas e aos colaboradores leigos, que dedicam as suas melhores energias a fim de que o Evangelho de Cristo seja constantemente anunciado a todos os romanos.

A divina Providência atribuiu à Igreja de Roma a especial vocação de ser a Sede do Sucessor de Pedro e, mediante o exercício do seu ministério, de prestar na comunidade dos remidos o serviço da presidência da caridade (cf. Santo Inácio de Antioquia, Ad Romanos , PG ). Eis a razão pela qual a nossa Diocese é caracterizada por uma extraordinária riqueza e variedade de pessoas e de iniciativas eclesiais, as quais, enquanto delineiam a sua singular fisionomia, estão também na origem de específicas exigências de coordenação pastoral, a que é necessário prover.

2. Considerando as indicações do recente Sínodo diocesano e depois de ter escutado as sugestões, que de várias partes me chegaram, dispus que fosse efectuada uma revisão da Constituição Apostólica «Vicarius potestatis» do meu venerado Predecessor, o Servo de Deus Paulo VI, a fim de que o Vicariato da Urbe pudesse continuar, de modo mais eficaz, a prestar aquele serviço que lhe é próprio, actualizando-o segundo as novas disposições canónicas e as mudadas situações actuais.

Nos vinte anos transcorridos desde a mencionada Constituição de Paulo VI, o Vicariato de Roma teve de responder a exigências novas e complexas, diante das quais apareceu sempre de maneira mais clara a oportunidade de uma revisão das suas estruturas.

As novas perspectivas pastorais e a necessidade de consolidar constantemente a relação vital que liga o Bispo de Roma à comunidade cristã da Cidade e, de modo mais geral, à rica e complexa realidade da sociedade civil, encontram resposta no texto que hoje vos entrego. Faço votos por que ele resulte um instrumento idóneo para a renovação desta Igreja, segundo o desejo expresso pelo Sínodo diocesano, e contribua para a época de crescimento pastoral já iniciada com a Missão da cidade, na qual se estão a empenhar com grande generosidade os vários agentes pastorais.

3. Tudo isto não deixará de favorecer também um frutuoso encontro com os peregrinos que chegarem a Roma, por ocasião do Grande Jubileu do Ano 2000. Isto é de grande relevância pastoral. É fácil imaginar as expectativas com que eles vão chegar à Cidade banhada pelo sangue dos Apóstolos e dos Mártires. Como lhes servirá de vigor espiritual encontrar aqui uma comunidade acolhedora e operosa no nome de Cristo, Redentor do homem!

Confio a cada um, segundo as respectivas competências, a actuação das disposições que hoje vos entrego e, enquanto invoco a ajuda de Maria «Salus populi romani» sobre vós e sobre as vossas comunidades paroquiais, concedo de bom grado a todos uma cordial Bênção Apostólica.




AO SEGUNDO GRUPO DE BISPOS DA POLÓNIA


EM VISITA «AD LIMINA APOSTOLORUM»


2 de Fevereiro de 1998





Caros Irmãos no Episcopado!

1. Cada encontro com os Bispos polacos é para mim um alegre retorno aos homens e aos lugares que me são conhecidos e queridos. E o que dizer quando vêm visitar-me os Bispos daquela parte da Polónia, na qual se encontra a Arquidiocese e a sede metropolitana de Cracóvia? Com efeito, é dali que provenho e, durante muitos anos, é dela que me foi dado ser Pastor. Dirijo as minhas boas-vindas muito cordiais ao Arcebispo Metropolitano de Cracóvia, Senhor Cardeal Franciszek Macharski, aos Bispos das sedes sufragâneas que o acompanham: de Czestochowa, de Katowice, de Przemysl e ao Arcebispo de Lódz. Dirijo palavras de saudação também aos Bispos residenciais das dioceses de Bielsko-Zywice, de Gliwice, de Kielce, de Opole, de Radom, de Rzeszów, de Sosnowiec, de Tarnów e de Zamosc-Lubaczów, e aos Bispos Auxiliares das sedes metropolitanas e das dioceses supramencionadas. A vossa visita ad limina Apostolorum adquire uma eloquência particular na perspectiva do Grande Jubileu do Ano 2000, para o qual se está a preparar a Igreja universal, querendo prestar suma honra ao único Deus na Santíssima Trindade pela imensidade dos benefícios concedidos ao mundo, mediante a vinda do Salvador sobre a terra. Nestas celebrações tomarão parte, a seu modo, as Igrejas locais, evocando por sua vez os próprios e grandes aniversários. Na Polónia estes são os eventos ligados ao milénio do martírio de Santo Adalberto, seu Padroeiro, e ao milénio da instituição em Gniezno da primeira sede metropolitana polaca, com as sedes episcopais de Cracóvia, de Wroclaw e de Kolobrzeg.

A visita ad limina Apostolorum possui, além disso, um sentido teológico muito profundo. Com efeito, é expressão da unidade dos Bispos com o Bispo de Roma no cumprimento da chamada de Cristo a cuidarem da Igreja. Pode-se dizer que assim se realiza a sollecitudo omnium Ecclesiarum de Paulo. O Bispo de Roma, e os Dicastérios da Cúria Romana a ele sujeitos, têm a ocasião de conhecer de perto os problemas dos Pastores e de compartilhar com eles a própria experiência. Deste modo, consolida-se o ligame de colegial unidade e responsabilidade na Igreja. É a responsabilidade pelo encontro de todos os homens com Cristo, o único Salvador do mundo. Nesse contexto emerge também o profundo sentido pastoral desta visita. Ela, de facto, permite fazer um balanço do trabalho pastoral nas Dioceses e, graças a isto, concentrar a atenção nos desafios que o mundo contemporâneo apresenta, tanto aos pastores da Igreja como ao inteiro rebanho.

2. A pessoa de Jesus Cristo desprende no mundo as enormes energias do espírito, e a sua Boa Nova ilumina com o próprio esplendor a vida dos homens, também na nossa época. Sucede assim por toda a parte que o homem se torna a via da Igreja e a Igreja – Povo de Deus – não conhece outro senão a Jesus Cristo (cf. 1Co 2,2). Ao mesmo tempo, o mundo em que vivemos mostra sempre de novo o seu rosto ferido pelos pecados de egoísmo e por múltiplas formas de prepotência, de mentira e de injustiça. Este mundo muitas vezes perde o contacto com Deus, nega a Sua existência, cai na indiferença religiosa. Na face do mundo deformada pelos pecados às vezes aparecem o vazio, a tristeza e até a ausência de esperança. Notam-se esses fenómenos também no nosso País. Sobre os pastores da Igreja grava o dever de ajudar o homem para que, não obstante estas dificuldades, ele possa reencontrar Cristo na sua vida e tomar plenamente o caminho da fé. Como escrevi na Encíclica Redemptor hominis: «A Igreja não pode abandonar o homem, cuja "sorte" está de maneira tão íntima e indissolúvel unida a Cristo» (cf. n. 14). Desta solicitude pastoral deveria nascer um grande e generoso acto de nova evangelização, missão essencial da Igreja e expressão concreta da sua identidade.

«... ai de mim se não evangelizar!» (1Co 9,16). Estas palavras do apóstolo Paulo tornam-se para cada um de nós uma exortação urgente a anunciar o Evangelho e encorajam um esforço de renovação, cuja finalidade é preparar «uma nova primavera da vida cristã». Tal esforço, iniciado pelo Concílio Vaticano II sob o sopro do Espírito Santo, continua e produz frutos abençoados. O ensinamento do Concílio, lido de modo correcto à luz dos actuais sinais dos tempos, permanece para todos os fiéis, e de modo especial para os Bispos, os sacerdotes e os consagrados, um indispensável ponto de referência na obra da nova evangelização. No limiar do Grande Jubileu do Ano 2000 é necessário reflectir também sobre a pergunta: em que medida o ensinamento conciliar tem influenciado a actividade da Igreja na terra polaca, nas suas instituições e no estilo da pastoral. O Grande Jubileu empenha-nos a um exame de consciência sobre a «aceitação do ensinamento do Concílio, este grande dom do Espírito oferecido à Igreja no final do segundo milénio» (cf. Tertio millennio adveniente, TMA 36).

3. A Polónia encontra-se actualmente num momento muito importante da sua história. Na sociedade do nosso País ocorrem muitas transformações que suscitam apreço. É motivo de alegria o facto de os leigos se inserirem na obra da evangelização e se sentirem cada vez mais conscientes do próprio papel da Igreja. É a grande tarefa da Igreja na Polónia aprofundar esta autoconsciência eclesial dos católicos leigos e torná-la sempre mais amadurecida no espírito do Concílio Vaticano II. «O apostolado dos leigos – lemos na Constituição dogmática sobre a Igreja – é participação na própria missão salvadora da Igreja, e para ela todos são destinados pelo Senhor, por meio do Baptismo e da Confirmação. E os sacramentos, sobretudo a sagrada Eucaristia, comunicam e alimentam aquele amor para com Deus e para com os homens, que é a alma de todo o apostolado. Mas os leigos são especialmente chamados a tornarem a Igreja presente e activa naqueles locais e circunstâncias em que só por meio deles ela pode ser o sal da terra. Deste modo, todo e qualquer leigo, pelos dons que lhe foram concedidos, é ao mesmo tempo testemunha e instrumento vivo da missão da própria Igreja, "segundo a medida concedida por Cristo" (Ep 4,7)» (n. 33). É necessária uma coerente introdução desse ensinamento na prática pastoral a todos os níveis: paroquial, diocesano e nacional. À sua luz devem ser formadas as famílias e as comunidades eclesiais e civis de vários géneros.

A missão salvífica da Igreja de Cristo realiza-se na Igreja local. Cada uma destas Igrejas, em virtude do vínculo hierárquico com o Bispo de Roma, mediante o ministério do Bispo e do presbitério reunido à sua volta, é capaz de tornar acessíveis ao homem o nutrimento da Palavra de Deus e a graça sacramental. O recurso a esse serviço permite a edificação constante e a consolidação da comunidade – Corpo Místico de Cristo. O nosso esforço deveria estar orientado, antes de tudo, para a formação do ligame espiritual do homem com Deus e, ao mesmo tempo, para o aprofundamento do ligame de compreensão e de amor entre os homens. Para isto servem as estruturas comunitárias eclesiais e leigas, entre as quais desempenham um papel insubstituível a paróquia e a diocese. O Concílio Vaticano II indicou muitos modos, graças aos quais tanto as paróquias como as dioceses se podem tornar organismos vivos, palpitantes de energia espiritual. É preciso aqui uma grande e constante solicitude pelo desenvolvimento da vida sacramental dos fiéis e pela sua formação interior, conduzidas com coerência e competência, a fim de que se possam sentir verdadeiros sujeitos na vida da Igreja e assumir a parte da responsabilidade que lhes é devida na Igreja e na sociedade. A eficácia do apostolado dos leigos depende da sua união com Cristo: «Quem está em Mim e Eu nele, esse dá muito fruto; porque sem Mim nada podeis fazer» (Jn 15,5). Neste processo têm as suas tarefas a efectuar vários tipos de associações e de organizações católicas, e de modo especial a Acção Católica, assim como as instituições dos Conselhos, a vários níveis e de diversos tipos, previstos pelo Direito canónico. Nem se podem esquecer os grupos e as comunidades formativas dos católicos leigos, que oram juntos, fazem os exercícios espirituais, aprofundam em comum o rico património conciliar e estudam a Doutrina social da Igreja, hoje mais do que nunca necessária na Polónia. Espero que essas tarefas sejam postas em prática também pelos Grupos do Sínodo Plenário e por vários movimentos eclesiais, cada vez mais numerosos na Polónia. Por isto damos graças ao Espírito Santo.

4. Ao falar das tarefas dos leigos católicos, penso de modo particular na família. A família coloca-se «ao serviço da edificação do Reino de Deus na história, mediante a participação na vida e na missão da Igreja... Por sua vez, a família cristã está inserida a tal ponto no mistério da Igreja que se torna participante, a seu modo, da missão de salvação própria da Igreja» (Familiaris consortio FC 49). Esta célula básica da vida social está hoje exposta a um grande perigo por causa de uma tendência, presente no mundo, a enfraquecer o seu carácter, por natureza duradouro, substituindo-a com uniões não formais, e até tentando reconhecer como família uniões entre pessoas do mesmo sexo. A família está também ameaçada mortalmente pela negação do direito à vida dos nascituros e pelos ataques contra a educação da jovem geração no espírito dos perenes valores cristãos. Com autêntica amargura segui os esforços que, na nossa terra pátria, tinham em vista a legalização da morte das crianças nascituras e, com grande angústia, acompanhava com a oração aqueles que lutavam pelo direito à vida de cada ser humano. Na homilia feita em Kalisz eu disse: «A medida da civilização, uma medida universal, perene, que abrange todas as culturas, é a sua relação com a vida. Uma civilização que rejeitasse os indefesos, mereceria o nome de civilização bárbara» (Ed. port. de L'Osservatore Romano de 14/6/1997, pág. 9). Considero dignos de louvor e merecedores de um vasto apoio os esforços que visam circundar toda a criança que nasce com uma solícita tutela, através de uma rede de casas diocesanas para mães solteiras e de Fundos para a Defesa da Vida. Dou graças a Deus pelas possibilidades que se abriram no campo de uma boa preparação das crianças e dos jovens para a vida em família, da pastoral dos noivos, da paternidade e maternidade responsáveis, da educação cristã da jovem geração. Dou-me conta de que estas tarefas não são fáceis, pois não se trata apenas de mudanças legislativas favoráveis. É necessário um trabalho intenso na transformação da consciência da sociedade em relação ao papel fundamental da família e da vida do homem na sociedade. É preciso conjugar os esforços da Igreja, da escola e de outros ambientes para reconstruir o respeito pelos valores tradicionais da família e para os cultivar no processo educativo, no qual deveriam colaborar todos, também os meios de comunicação social que hoje exercem uma enorme influência sobre a formação das atitudes humanas. É necessário que no nosso País a família seja circundada pelo amor e pela tutela a ela devidos. Fazei tudo, a fim de que a família na Polónia não se sinta sozinha nas tentativas de conservar a própria identidade; defendei os seus direitos e os valores fundamentais; ajudai-a na realização da sua missão e das suas tarefas. Não permitais que esta «comunidade de vida e de amor» (Gaudium et spes GS 48) sofra injustiças e seja profanada. O bem da sociedade e da Igreja está ligado ao bem da família. É necessário, então, que a família tenha na Igreja um forte apoio. Rogo-vos muito por isto, porque a questão da família e das suas sortes no mundo de hoje me está muito a peito.

5. Caros Irmãos no Episcopado! Enquanto reflicto, juntamente convosco, sobre as tarefas postas diante da Igreja na Polónia, concernentes à nova evangelização, não posso deixar de recordar os encontros com os jovens, que tiveram lugar no ano passado durante a minha peregrinação na Pátria. Os jovens são a esperança do mundo e da Igreja. Serão eles a decidir o futuro da nossa Pátria. É necessário constatar, com tristeza e angústia, que nos últimos anos os perigos a que está exposta a jovem geração não só não diminuíram mas, talvez, até adquiriram maiores dimensões. Foram ameaçados de maneira forte os valores puramente humanos e também a fé e o sentido moral. A submissão passiva às propostas atraentes da pseudocultura comunista, muitas vezes privada de uma séria reflexão sobre o verdadeiro sentido da vida, do amor e das tarefas da sociedade, expõe a juventude a alhear-se da família e da comunidade humana, ou então leva-a a crer nos «slogans» falazes difundidos por várias ideologias.

Na juventude polaca há enormes recursos de bem e de possibilidades espirituais. Notamo-los, entre outras coisas, na participação activa na vida religiosa da família e da paróquia, na catequese, nas associações, nos movimentos eclesiais, nas organizações católicas. Os jovens não raro empreendem opções radicais a respeito da entrada no seminário ou da escolha da via dos conselhos evangélicos, nas suas várias formas. Durante a minha última visita dirigi-me, com plena confiança, à juventude polaca: «Sede neste mundo portadores de fé e de esperança cristã, vivendo o amor todos os dias. Sede fiéis testemunhas de Cristo ressuscitado, jamais recueis diante dos obstáculos que se acumulam ao longo das veredas da vossa vida. Conto convosco. Com o vosso impulso juvenil e com a vossa dedicação a Cristo» (Poznan, ed port. de L'Osservatore Romano de 14/6/1997, pág. 8). A presença dos jovens do mundo inteiro, também da juventude polaca, durante a Jornada Mundial da Juventude em Paris, em Agosto do ano passado, demonstrou que a confiança posta nos jovens não engana. Pudemos notar com toda a clareza que os jovens têm muitas saudades da beleza do Evangelho, no qual está contida a verdade essencial sobre Cristo. Porém, eles têm necessidade de testemunhas, cujas vida e conduta eles poderiam imitar.

Os jovens são a esperança da Igreja que entra no terceiro milénio. Não podemos deixá-los sem uma ajuda e sem um guia nas encruzilhadas da vida e diante de opções difíceis. É preciso um grande esforço, a fim de que a Igreja esteja presente entre os jovens. A solicitude pela educação cristã na família é uma das demonstrações dessa presença, que se deve manifestar também nas várias formas de vida comunitária na paróquia e na escola. A Associação Católica dos Jovens e a Acção Católica, que estão a renascer na Polónia, tomem em consideração a iniciativa criativa dos jovens e os exercitem a assumir a responsabilidade pessoal pela própria vida e pela comunidade religiosa e civil. É necessário formar constantemente na Igreja grupos apostólicos de leigos, dispostos a desenvolver a actividade naqueles sectores da vida pública, que são o seu terreno de acção.

Não se pode descuidar nem sequer o papel muito importante que tem a desempenhar a pastoral universitária, com as suas estruturas e os seus métodos de trabalho entre a juventude académica. Desde há muitos anos ela constitui uma forma insubstituível de acção pastoral da Igreja, graças à qual os estudantes e os professores podem obter uma oportuna ajuda no desenvolvimento da fé e na formação da concepção cristã do mundo. É preciso aproveitar plenamente as novas possibilidades que se abriram para a pastoral universitária na Polónia, a fim de que esta seja uma escola de formação da liderança católica na nossa Pátria, capaz de empreender tarefas importantes na vida da Igreja e da nação, tais como a ciência, a cultura, a política ou a economia.

Um campo de acção vasto e que requer uma grande sabedoria é a escola, na qual foi restabelecido o ensino da religião. Nele estão empenhados os sacerdotes diocesanos e religiosos, as religiosas e a grande plêiade dos leigos. Eles encontraram diversas e graves dificuldades educativas e didácticas nos contactos com as crianças e com os jovens. Em grande parte, estes são os problemas de toda a sociedade polaca de uma época de transformações, mas são vividos de modo particularmente profundo pelas crianças e pela juventude, e requerem uma extraordinária sensibilidade no que se refere à personalidade dos alunos. É preciso, pois, observar com acuidade tudo aquilo que acontece no mundo e na Polónia e o que exerce uma influência na formação das convicções e das atitudes dos jovens. A juventude espera também um diálogo amigo e aberto sobre todos os problemas que a atormentam. Uma ajuda eficaz no trabalho dos catequistas e dos alunos é oferecida pelo Catecismo da Igreja Católica, cuja tradução polaca foi publicada em 1994. Deveria ser aproveitado plenamente mediante programas de catequese na escola e claros na realização, e mediante catequistas adaptados à mentalidade de hoje, ao nível intelectual e ao grau do desenvolvimento emocional do aluno. A catequese das crianças e dos jovens pertence às tarefas fundamentais de toda a pastoral. Por isso se exigem neste ponto uma cooperação harmoniosa de todos os pastores da Igreja na Polónia e um grande empenho dos responsáveis pela catequese.

Como eu já disse durante a vossa visita ad limina Apostolorum de 1993: «Obviamente, a catequese na escola exige que seja completada, a nível paroquial, pela pastoral das crianças e dos jovens» (12/1/93). Dou-me conta das dificuldades apresentadas por este tipo de catequese, contudo é necessário encontrar uma solução, a fim de que as crianças e os jovens não considerem o ensino da religião apenas como uma das matérias escolares, mas possam haurir a força também de um contacto directo com Deus na liturgia e nos santos sacramentos. Não duvido que vos está muito a peito a questão dos jovens e que nenhum deles se perca. E ainda mais a questão de procurar todos os que a abandonam ou a rejeitam por causa do esvaecimento moral, das desilusões ou frustrações sofridas. O seu caminho deveria tornar-se uma particular solicitude da Igreja. Todos estes problemas exigem uma profunda reflexão, avaliação e acção comum.

6. «Agora subsistem estas três coisas: a fé, a esperança e a caridade; mas a maior delas é a caridade» (cf. 1Co 13,13).

Sobre os Bispos grava o dever de guiar o Povo de Deus na caridade, a exemplo de Cristo que «passou fazendo o bem» (cf. Act Ac 10,38), até ao dom total de Si. Os outros podem superar-vos ou preceder-vos em muitas coisas, porém, ninguém pode deter a Igreja em anunciar o Evangelho da caridade, em reclamar a favor daqueles que não têm voz. Um perseverante e generoso testemunho de amor efectivo tem um ligame indissolúvel com a evangelização, porque é o testemunho do amor de Deus.

Desde há alguns anos na Polónia efectuam-se sérias transformações no sector da economia. São indispensáveis para tornar a economia um eficaz instrumento do progresso da sociedade e do seu bem-estar. Entretanto, na Polónia ainda são muitos os que vivem em condições extremamente difíceis, os sem-casa, os abandonados, os famintos, os deficientes e aqueles que sofrem injustiças, que se encontram nesta situação não por sua culpa. Há também aqueles que foram marginalizados da vida social por causa de erros ou crimes cometidos, ou então por terem caído nos vícios, especialmente do álcool e da droga. Cresce também o número das pessoas afectadas pela SIDA. Todos estes devem ser circundados, por parte da Igreja, de um solícito cuidado pastoral. Não é possível fechar os olhos às suas necessidades de cada dia, concernentes à casa, ao alimento, aos cuidados médicos ou à busca de um trabalho e à possibilidade de ganhar para viver. Que a voz da Igreja seja neste ponto clara e audível em todos os lugares onde é preciso advogar em favor da sorte destas pessoas e dos seus direitos.

Com alegria recebo as informações a respeito da actividade dinâmica da Cáritas Polska e do desenvolvimento das Cáritas diocesanas que, no decurso dos últimos anos, souberam formar de maneira eficaz as próprias estruturas e organizá-las, a fim de oferecer uma ampla ajuda aos necessitados na Polónia e fora dos seus confins. Com comoção desejo ressaltar aqui a solicitude para com as crianças deficientes, a organização de acolhimento das crianças das famílias pobres, a ajuda às vítimas dos infortúnios de vários tipos, ou então às famílias vítimas das calamidades da aluvião, ocorrida na Polónia no ano passado; e, fora dos seus confins, merecedora de menção é também a contribuição ao programa de ajuda às nações e aos povos provados pela guerra, pelas doenças ou pelos cataclismos. Tais iniciativas são ao mesmo tempo o saldo da dívida de gratidão para com a solidariedade internacional, demonstrada outrora à Polónia e que ainda nos é oferecida em várias necessidades. Essa ajuda seria impossível sem uma grande generosidade demonstrada pela sociedade polaca. Sinto-me feliz também porque na nossa Pátria, nos últimos anos, surgiram muitas organizações caritativas, as quais, embora ligadas institucionalmente à Igreja, contudo nascem do gesto de um coração bom e piedoso de pessoas sensíveis à miséria e à injustiça. O testemunho da caridade é expressão de solicitude e de responsabilidade pelo homem e cumprimento das palavras de Cristo: «Sempre que fizestes isto a um destes Meus irmãos mais pequeninos, a Mim mesmo o fizestes» (Mt 25,40). Estas palavras de Cristo deveriam induzir-nos, sempre e em todas as situações, a uma acção concreta.

7. O facto de a caridade ter a primazia abre com eficácia ao Evangelho os corações dos homens, e a atitude de diálogo permite-lhes descobrir na Igreja um espaço em que a liberdade encontra não só a defesa contra um mau uso, mas também o vigor numa livre adesão a Cristo Senhor. É preciso que a Igreja que evangeliza procure «reflectir plenamente a imagem do seu Senhor crucificado, testemunha insuperável de amor paciente e de humilde mansidão» (Tertio millennio adveniente, TMA 35). O zelo apostólico cheio de delicadeza e de profundidade espiritual, baseada na verdadeira sabedoria, e a santidade da vida, de modo particular daqueles que foram chamados a anunciar o Evangelho, são sinal do abrir-se a todos os homens, ao mundo inteiro compreendido o plano salvífico do Deus-Amor.

Quero ainda acrescentar que a nova evangelização, desenvolvida pela Igreja, haure na oração a própria eficácia e força. Recordamos o enorme significado que teve a oração na história, tão recente, de lutas pela liberdade. A Igreja na Polónia, diante da enormidade das tarefas, não deveria também agora unir-se numa assídua oração? Com efeito, a oração tem o poder de inserir todos os baptizados na nova evangelização, que é obra do Espírito Santo. A oração ensina os métodos do agir divino, purifica de tudo aquilo que separa de Deus e dos homens, daquilo que ameaça a unidade. A oração protege contra a tentação da pusilanimidade, da estreiteza do coração e da mente; é ela que eleva o olhar do homem para contemplar as coisas a partir da perspectiva de Deus e para abrir à graça divina a estrada do coração do homem. A vida de oração exige a participação na liturgia, o aproximar-se do sacramento da reconciliação e a participação na Santa Missa. O banquete Eucarístico oferece, de facto, o alimento espiritual, tão necessário a cada homem. A participação na Santa Missa, no domingo e nas festas de preceito, constitui uma inexaurível fonte tanto de vida interior como de apostolado. É indispensável, portanto, sensibilizar os fiéis a respeito do carácter festivo do dia do Senhor.

É necessário que o Episcopado Polaco, também ao aproximar-se o Grande Jubileu do Ano 2000, exorte a uma fervorosa e perseverante oração e lhe sirva de guia, mostrando aos fiéis a riqueza dos dons que Deus quer conceder àqueles que Lho pedem. As oportunas iniciativas pastorais a nível nacional, diocesano ou paroquial tornem possível o desenvolvimento espiritual do maior número de fiéis. Contribuam para isto também os meios de comunicação, em particular os católicos, aproveitando os métodos que lhes são próprios. Por fim, os movimentos e as associações católicas façam própria a ideia do apostolado, mediante a oração, e ajudem os seus membros, sobretudo os jovens, a «fazerem-se ao largo». Recordai-vos de que nenhuma actividade externa a favor da evangelização pode substituir a união com Deus na oração.

8. A obra de evangelização e de anúncio da Boa Nova nas nossas terras, devemo-la aos filhos das nações que receberam o Baptismo antes dos nossos antepassados. Santo Adalberto, ou os primeiros mártires polacos são um exemplo eloquente do facto que a evangelização, no seu estrato mais profundo é compartilhar Cristo «até aos extremos confins da terra» (Ac 1,8), que exige o dom de si. Essa é a lógica da evangelização iniciada por Cristo e continuada pelos Apóstolos. Assim deve ser hoje e sempre. A Igreja na Polónia deu e dá o seu grande contributo à obra missionária. Quereria aqui exprimir-vos o meu agradecimento pelo magnânimo empenho a favor das missões. Nesta atitude se exprime também a vossa responsabilidade colegial pela evangelização do mundo, pois «a questão da actividade missionária é a principal e a mais sagrada da Igreja», como lemos no Decreto conciliar Ad gentes (cf. n. 29). Com muita frequência se dirigem a mim os Bispos de várias partes do mundo, com o pedido de missionários da Polónia. Coloco no vosso coração este problema. Exortai as vossas comunidades a abrirem-se com generosidade à actividade missionária da Igreja no mundo de hoje. Com efeito, nada dinamiza tanto a vida eclesial e contribui para o despertar das vocações, como dar anunciadores de Cristo àqueles que não conhecem o Seu ensinamento. Aproveito a ocasião para dirigir também palavras de grande reconhecimento pelo generoso trabalho dos nossos missionários: sacerdotes, religiosos e religiosas, membros dos Institutos de vida consagrada e fiéis leigos, que se doaram totalmente ao serviço da evangelização. Sustentemo-los com a ardente oração, a fim de que o anúncio da Boa Nova, coadjuvado pela graça divina, produza os resultados desejados nos territórios das missões.

Confiei todos estes importantes problemas polacos à Mãe de Cristo em Jasna Góra, durante a minha última permanência na dilecta Pátria. Ali íamos sempre, para pedir a Maria a ajuda a fim de permanecermos fiéis a Deus, à Cruz, ao Evangelho, à santa Igreja e aos seus pastores. Quero repetir mais uma vez as palavras por mim então pronunciadas diante da sua imagem: «Venho hoje a Ti, ó Mãe, para exortar os meus Irmãos e as minhas Irmãs a perseverarem ao lado de Cristo e da sua Igreja, para encorajar a um uso sábio da liberdade reconquistada, no espírito daquilo que há de mais belo na nossa tradição cristã. Rainha da Polónia, recordando com gratidão a tua protecção materna, confio-Te a minha Pátria, as transformações sociais, económicas e políticas que nela se verificam. Que o desejo do bem comum supere o egoísmo e as divisões. Que todos aqueles que exercem um serviço público vejam em Ti a humilde Escrava do Senhor, aprendam a servir e a reconhecer as necessidades dos compatriotas, como o fizeste Tu em Caná da Galileia, a fim de que a Polónia possa tornar-se uma Nação, onde reinem o amor, a verdade, a justiça e a paz. Seja glorificado nela o nome do teu Filho» (Czestochowa, 4 de Junho de 1997; L'Osservatore Romano ed. port. de 14/6/97, pág. 11). Que assim seja e que Deus Omnipotente vos abençoe no vosso ministério pastoral na Pátria, minha e vossa.




Discursos João Paulo II 1998 - Sábado, 31 de Janeiro de 1998