Discursos João Paulo II 1998 - 29 de Outubro de 1998

DISCURSO DO PAPA JOÃO PAULO II


À ASSEMBLEIA PLENÁRIA


DO PONTIFÍCIO CONSELHO


PARA O DIÁLOGO INTER-RELIGIOSO


Sexta-feira, 30 de Outubro de 1998





Caríssimo Cardeal Arinze
Eminências
Caros Irmãos Bispos
Irmãos e Irmãs em Cristo!

1. É-me grato ter a oportunidade de vos saudar, Membros, Consultores e Pessoal do Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-Religioso, por ocasião da vossa Assembleia Plenária. Encontramo-nos hoje no contexto do aproximar-se do Grande Jubileu do Ano 2000, particular momento de graça e de alegria, no qual a Igreja inteira elevará uma grande oração de louvor e de acção de graças ao Pai, pelo dom inestimável da Redenção que Cristo nos obteve, através da Sua encarnação, morte e ressurreição.

Estamos prestes a entrar no terceiro e último ano de preparação imediata para este singular evento na história da salvação, que estará centrado na Pessoa de Deus Pai, por meio do Qual Jesus Cristo foi enviado e ao Qual retornou (cf. Jo Jn 16,28). Um dos objectivos particulares deste último ano de preparação, como ressaltei na Carta Apostólica Tertio millennio adveniente, é alargar os horizontes do crente, de maneira que toda a vida cristã possa ser vista como «peregrinação para a casa do Pai», uma viagem de fé que «parte do íntimo da pessoa, alargando-se depois à comunidade crente até alcançar a humanidade inteira» (n. TMA 49).

2. Para alcançar correctamente a finalidade de «alargar os horizontes», é necessária uma conversão do coração, uma metanoia que foi justamente o objecto das vossas reflexões nestes dias. Com efeito, o coração humano é o ponto de partida desta peregrinação interior e tem um papel essencial em todo o diálogo religioso. As vossas reflexões visam, portanto, um objectivo importante. Ajudarão a Igreja a empenhar-se de modo cada vez mais pleno e eficaz no diálogo com os nossos irmãos e irmãs de diferentes tradições religiosas, em particular com os Muçulmanos e - tendo como base a recente Assembleia Especial do Sínodo dos Bispos para a Ásia - com os seguidores do Induísmo, do Budismo, do Xintoísmo e de todos aqueles modos de pensar e de viver, que já estavam radicados na Ásia, antes de ali chegar o Evangelho.

As vossas reflexões situam-se justamente no contexto geral de «O diálogo de espiritualidade e a espiritualidade do diálogo», prosseguimento e aprofundamento do tema da vossa última Assembleia Plenária. De facto, uma autêntica e duradoura conversão do coração não pode acontecer senão com espírito de oração. «A oração é o vínculo que mais eficazmente nos une: graças a ela, os crentes conseguem encontrar-se lá onde são superadas as desigualdades, incompreensões, rancores e hostilidades, isto é, diante de Deus, Senhor e Pai de todos » (Mensagem para o Dia Mundial da Paz, 1992, n. 4). Por esta razão, podemos também apreciar a importância das comunidades cristãs de oração, em particular as contemplativas nas sociedades multirreligiosas. Ao darem testemunho da Boa Nova de Jesus Cristo, essas comunidades tornam-se pontes de fraternidade e de solidariedade e promovem um diálogo e uma cooperação fecundos entre cristãos e seguidores de outras religiões.

3. Encontramo-nos no limiar do novo milénio que se abre com o desafio dirigido à Igreja, de fazer maturar os copiosos frutos das sementes plantadas pelo Concílio Vaticano II. Com os Padres do Concílio exorto-vos, e a todos os filhos e filhas da Igreja, a reconhecer, conservar e fazer progredir os bens espirituais e morais que se encontram entre os não-cristãos, «com prudência e caridade, pelo diálogo e colaboração com os sequazes doutras religiões, dando testemunho da vida e fé cristãs» (Nostra aetate NAE 2).

Deste modo, a Igreja estará atenta à obra do Espírito nos corações de outros crentes. Poderemos assim edificar sobre objectivos alcançados, consolidar os esforços actuais e encorajar a futura cooperação entre todos os que buscam a verdade transcendente.

Ao invocar sobre vós a intercessão de Maria, Rainha dos Apóstolos, concedo-vos de coração a minha Bênção Apostólica.



DISCURSO DO PAPA JOÃO PAULO II


AOS RESPONSÁVEIS DO MOVIMENTO


CARISMÁTICO CATÓLICO


30 de Outubro de 1998





Caríssimos Irmãos e Irmãs!

1. Ao saudar a Conferência Internacional para os Responsáveis do Movimento Carismático Católico, «dou graças ao meu Deus por meio de Jesus Cristo, a respeito de vós, pois a fama da vossa fé espalhou-se pelo mundo inteiro » (Rm 1,8).

A Renovação Carismática Católica ajudou muitos cristãos a redescobrir a presença e a força do Espírito Santo na na sua vida, na vida da Igreja e no mundo. Esta redescoberta despertou neles uma fé em Cristo repleta de alegria, um grande amor pela Igreja e uma generosa dedicação à sua missão evangelizadora. Neste ano dedicado ao Espírito Santo, uno-me a vós ao louvar Deus pelos frutos preciosos que quis fazer maturar nas vossas comunidades e, através delas, nas Igrejas particulares.

2. Como responsáveis da Renovação Carismática Católica, uma das vossas tarefas consiste em tutelar a identidade católica das comunidades carismáticas difundidas em todo o mundo, estimulando-as sempre a manter um vínculo hierárquico e estreito com os Bispos e o Papa. Pertenceis a um movimento eclesial e a palavra «eclesial» obriga a uma preciosa tarefa de formação cristã, que requer uma profunda convergência entre fé e vida. A fé entusiasta que reaviva as vossas comunidades deve ser acompanhada por uma formação cristã adequada e fiel ao ensinamento eclesial. Com efeito, de uma sólida formação derivar á uma espiritualidade profundamente radicada nas fontes da vida cristã e capaz de responder aos interrogativos cruciais apresentados pela cultura de hoje.

Na minha recente Carta Encíclica Fides et ratio adverti contra um fideísmo que não reconhece a importância da obra da razão, não só para uma compreensão da fé, mas também para o próprio acto de fé.

3. O tema da vossa Conferência, «Let the fire fall again!», recorda as palavras de Cristo: «Vim para lançar fogo sobre a terra; e como gostaria que já estivesse aceso!» (Lc 12,49). Olhando para o Grande Jubileu, estas palavras ecoam com todo o seu vigor. O Verbo de Deus fez-se homem e trouxe-nos o fogo de amor e a verdade que salva. No limiar do Terceiro Milénio da era cristã, é grande o desafio evangélico: «vai hoje trabalhar para a vinha» (Mt 21,28)!

Acompanho a vossa Conferência com as minhas orações, convicto de que isto dará ricos frutos espirituais à Renovação Carismática Católica em todo o mundo. Maria, Esposa do Espírito e Mãe de Cristo, vigie sobre quanto fazeis em nome do seu Filho! Concedo de coração a minha Bênção apostólica a todos vós, às vossas comunidades e entes queridos.



DISCURSO DO PAPA JOÃO PAULO II


AOS CIENTISTAS PARTICIPANTES


NO SIMPÓSIO SOBRE A «INQUISIÇÃO»


: Sábado, 31 de Outubro de 1998





Senhores Cardeais
Venerados Irmãos no Episcopado
Gentis Senhoras e Senhores!

1. Com grande alegria vos acolho por ocasião do Congresso de estudo sobre a Inquisição, promovido e organizado pela Comissão histórico-teológica para a preparação do Grande Jubileu. A cada um dirijo a minha saudação cordial. Obrigado pela vossa disponibilidade e pelo contributo que oferecestes à preparação do próximo evento jubilar, também enfrentando este tema certamente não fácil, mas de inegável interesse para o nosso tempo.

Agradeço de maneira especial ao Senhor Cardeal Roger Etchegaray o nobre discurso com que introduziu este encontro, apresentando as finalidades do Congresso. Ao mesmo tempo, exprimo vivo apreço pelo empenho dado, quer pelos membros da Comissão na preparação do Simpósio, quer pelos relatores que animaram as sessões de estudo.

O argumento sobre o qual vos detivestes requer, como é fácil intuir, atento discernimento e notável conhecimento da história. O contributo indispensável dos especialistas não deixará de ajudar os teólogos a oferecerem uma mais vasta avaliação deste fenómeno que, precisamente porque complexo, pede que seja analisado de maneira serena e escrupulosa.

2. Este vosso Congresso sobre a Inquisição realiza-se a distância de poucos dias da publicação da Encíclica Fides et ratio, na qual eu quis recordar aos homens do nosso tempo, tentados pelo cepticismo e o relativismo, a originária dignidade da razão e a sua inata capacidade de alcançar a verdade. A Igreja, que tem a missão de anunciar a palavra da salvação recebida na Revelação divina, reconhece na aspiração ao conhecimento da verdade uma prerrogativa insuprível da pessoa humana, criada à imagem de Deus. Ela sabe que um laço de amizade recíproca une entre si o conhecimento mediante a fé e o conhecimento natural, cada um com um seu peculiar objecto e próprios direitos (cf. Encíclica Fides et ratio FR 57)

No início da Encíclica, eu quis fazer referência à inscrição do templo de Delfis, que inspirou Sócrates: conhece-te a ti mesmo. Trata-se de uma verdade fundamental: conhecer a si mesmo é típico do homem. Com efeito, ele distingue-se dos outros seres criados sobre a terra, pela sua atitude de se interrogar acerca do sentido da própria existência. Graças àquilo que conhece do mundo e de si mesmo, o homem pode responder a outro imperativo, que nos foi transmitido sempre pelo pensamento grego: torna-te aquilo que és.

O conhecer tem, portanto, uma importância vital no caminho que o homem percorre em direcção à plena realização da sua humanidade: isto é verdadeiro, de modo singular para tudo o que concerne ao conhecimento histórico. Com efeito, as pessoas, assim como as sociedades, só se tornam plenamente conscientes de si quando sabem integrar o seu passado.

3. Na Encíclica Fides et ratio expressei também a minha preocupação diante do fenómeno da fragmentação do saber, que contribui para fazer com que os conhecimentos percam o próprio sentido e desviem da sua verdadeira finalidade. Trata-se de um fenómeno devido a múltiplas causas. O próprio progresso do conhecer levou-nos a uma especialização sempre mais avançada, que tem, entre as suas consequências, a ausência de comunicação entre as diversas disciplinas. Por isto, convidei os filósofos, os homens e as mulheres de cultura a encontrarem «a dimensão sapiencial de procura do sentido último e global da vida» (cf. ibid., 81), porque a unificação do saber e do agir é uma exigência inscrita no nosso espírito.

Nesta perspectiva, parece indispensável ressaltar a função da reflexão epistemológica em vista da integração dos diferentes conhecimentos numa unidade harmónica, respeitosa da identidade e da autonomia de cada disciplina. Isto constitui, por outro lado, uma das conquistas mais preciosas do pensamento contemporâneo (cf. ibid., 21). Só se se ativer rigorosamente ao seu campo de pesquisa e à metodologia que o dirige, o cientista será, pela parte que lhe compete, um servidor da verdade.

Com efeito, o facto de que não é possível aceder à totalidade da verdade partindo de uma disciplina particular, é convicção hoje amplamente compartilhada. A colaboração entre representantes de diversas ciências torna-se, portanto, uma necessidade. Por outro lado, logo depois de ter sido enfrentado um argumento complexo, os pesquisadores sentem a necessidade de esclarecimentos recíprocos, no respeito obviamente pelas competências de cada um. É esta a razão por que a Comissão histórico-teológica para a preparação do Grande Jubileu considerou, justamente, não poder reflectir de modo adequado sobre o fenómeno da Inquisição, sem antes ter escutado especialistas nas ciências históricas, cuja competência fosse universalmente reconhecida.

4. Gentis Senhoras e Senhores! O problema da Inquisição pertence a uma fase conturbada da história da Igreja, sobre a qual já convidei os cristãos a tornarem com ânimo sincero. Escrevi textualmente na Carta Apostólica Tertio millennio adveniente: «Outro capítulo doloroso, sobre o qual os filhos da Igreja não podem deixar de tornar com espírito aberto ao arrependimento, é a condescendência manifestada, especialmente nalguns séculos, perante métodos de intolerância ou até mesmo de violência no serviço da verdade» (n. TMA 35).

A questão, que interessa o âmbito cultural e as concepções políticas do tempo, está na sua raiz nitidamente teológica e pressupõe um olhar de fé sobre a essência da Igreja e sobre as exigências evangélicas que regulam a sua vida. O Magistério eclesial não pode, certamente, propor-se a realizar um acto de natureza ética, como é o pedido de perdão, sem antes ter-se informado com exactidão acerca da situação daquele tempo. Mas nem sequer pode apoiar-se nas imagens do passado veiculadas pela opinião pública, uma vez que estão com frequência sobrecarregadas de uma emotividade passional, que impede a diagnose serena e objectiva. Se não tivesse isto em consideração, o Magistério faltaria ao dever fundamental do respeito pela verdade. Eis por que o primeiro passo consiste em interrogar os historiadores, aos quais não é pedido um juízo de natureza ética, que ultrapassaria o âmbito da sua competência, mas oferecer uma ajuda à reconstrução, a mais precisa possível, dos eventos, dos usos, da mentalidade de outrora, à luz do contexto histórico da época.

Só quando a ciência histórica puder restabelecer a verdade dos factos, os teólogos e o próprio Magistério da Igreja serão capazes de exprimir um juízo objectivamente fundado.

Neste contexto, desejo vivamente agradecer-vos o serviço que oferecestes com plena liberdade, e manifesto-vos mais uma vez toda a estima da Igreja pelo vosso trabalho. Ele, disto estou persuadido, oferece um eminente contributo à verdade e, desse modo, traz um indirecto contributo à nova evangelização.

5. Desejaria, na conclusão, tornar-vos partícipes de uma reflexão, que me está particularmente a peito. O pedido de perdão, do qual neste período muito se fala, refere-se em primeiro lugar à vida da Igreja, à sua missão de anúncio da salvação, ao seu testemunho de Cristo, ao seu empenho pela unidade, numa palavra, à coerência que deve caracterizar a existência humana. Mas a luz e a força do Evangelho, de que a Igreja vive, têm a capacidade de iluminar e sustentar, como por superabundância, as escolhas e as acções da sociedade civil, no pleno respeito pela sua autonomia. É por isto que a Igreja não cessa de actuar, com os meios que lhe são próprios, em favor da paz e da promoção dos direitos do homem. No limiar do Terceiro Milénio, é legítimo esperar que os responsáveis políticos e os povos, sobretudo os envolvidos em conflitos dramáticos, se deixem guiar pelo espírito de perdão e reconciliação testemunhado pela Igreja, e se esforcem por resolver os contrastes mediante um diálogo leal e aberto.

Confio estes meus votos à vossa consideração e à vossa oração. E, ao invocar sobre cada um a constante protecção divina, asseguro-vos a minha recordação orante e é-me grato conceder-vos, a vós e às pessoas que vos são queridas, uma especial Bênção Apostólica.



DISCURSO DO PAPA JOÃO PAULO II


AOS PARTICIPANTES NA XIII CONFERÊNCIA


INTERNACIONAL ORGANIZADA


PELO PONTIFÍCIO CONSELHO


PARA A PASTORAL NO CAMPO DA SAÚDE


31 de Outubro de 1998





Senhores Cardeais
Veneráveis Irmãos no Episcopado e no Sacerdócio
Ilustres Senhores e gentis Senhoras!

1. Dou com prazer as minhas boas-vindas a todos vós que participais na Conferência Internacional, organizada pelo Pontifício Conselho para a Pastoral no Campo da Saúde, sobre um tema que constitui um dos aspectos tradicionais da solicitude pastoral da Igreja. Exprimo o meu apreço a quantos de entre vós dedicam o seu trabalho às problemáticas complexas que envolvem os idosos, que são cada vez mais numerosos em todas as sociedades do mundo.

Agradeço a D. Javier Lozano Barragán as nobres palavras com que interpretou os sentimentos de todos. A vossa Conferência quis enfrentar o problema com aquele respeito pelo idoso que resplandece na Sagrada Escritura, quando nos apresenta Abraão e Sara (Cf. Gn Gn 17,15-22), descreve o acolhimento feito a Jesus por Simão e Ana (cf. Lc Lc 2,23-38), chama os sacerdotes com o nome de anciãos (cf. Act Ac 14,23 1Tm 4,14 1Tm 5, 17, 1Tm 19 Tt 1,5 1P 5,1), sintetiza a homenagem de toda a criação na adoração de vinte e quatro anciãos (cf. Ap Ap 4,4) e designa por fim o próprio Deus como «o ancião» (cf. Dn Da 7,9-22).

2. O vosso percurso de estudo ressalta a grandeza e a preciosidade da vida humana, cujo valor se conserva em todas as idades e condições. Desta forma, é confirmado com autoridade aquele Evangelho da vida que a Igreja, perscrutando assiduamente o mistério da Redenção, acolhe sempre com renovada admiração e sente-se chamada a anunciar aos homens de todos os tempos (cf. Evangelium vitae EV 2).

A conferência não se dedicou apenas aos aspectos demográficos e médico-psicológicos da pessoa idosa, mas também procurou aprofundar o tema fixando o olhar sobre quanto a Revelação apresente a este propósito, confrontando-o com a realidade em que vivemos. De igual modo foi posta em evidência de maneira histórico-dinâmica a obra da Igreja no decurso dos séculos, com úteis e necessárias propostas de actualização de todas as iniciativas assistenciais, em colaboração responsável com as autoridades civis.

3. A velhice é a terceira estação da existência: a vida que nasce, a vida que cresce, a vida que chega ao ocaso são três momentos do mistério da existência, daquela vida humana que «provém de Deus, é dom seu, é imagem e figura d'Ele, participação do seu sopro vital» (Evangelium vitae EV 39).

O Antigo Testamento promete aos homens uma longa vida como prémio pelo cumprimento da lei de Deus: «O temor de Javé prolonga os dias» (Pr 10,27). Era convicção comum que o prolongamento da vida física até à «velhice feliz» (Gn 25,8), quando o homem podia morrer com uma «idade avançada» (Gn 25,8), devia ser considerado uma prova de particular benevolência da parte de Deus. É necessário redescobrir também este valor numa sociedade que muitas vezes parece falar da idade avançada só em termos de problema.

Dar atenção às complexidades das problemáticas que o mundo da pessoa idosa conota significa, para a Igreja, perscrutar um «sinal do tempo» e interpretá-lo à luz do Evangelho. Desta forma, duma maneira adequada a cada geração, ela responde às perenes interrogações dos homens acerca do sentido da vida actual e futura e da sua recíproca relação (cf. Gaudium et spes GS 4).

4. O nosso tempo caracteriza-se por um aumento da duração da vida que, unindo-se ao declínio da fertilidade, levou a um notável envelhecimento da população mundial.

Pela primeira vez na história do homem, a sociedade encontra-se perante uma profunda subversão da estrutura da população, de tal forma que é obrigada a modificar as suas estratégias assistenciais, com repercussões a todos os níveis. Trata-se de reprojectar a sociedade e de voltar a pôr em questão a sua estrutura económica, bem como a visão do ciclo da vida e das interacções entre gerações. É um verdadeiro desafio que se apresenta à sociedade, a qual se revela justa na medida em que responde às necessidades assistenciais de todos os seus membros: o seu grau de civilização é proporcional à protecção dos componentes mais débeis do tecido social.

5. Também a pessoa idosa, com muita frequência considerada apenas a destinatária de acções assistenciais, deve ser chamada a participar nesta obra; a população idosa pode alcançar com os anos uma maior maturidade a nível de inteligência, equilíbrio e sabedoria. Por isso, o Eclesiástico adverte: «Frequenta a companhia dos anciãos e apega-te a quem for sábio» (Si 6,34); e ainda: «Não rejeites o ensinamento dos anciãos, porque eles também aprenderam dos próprios pais. É com eles que aprenderás a pensar e a responder no momento oportuno» (ibid., 8, 9). Deduz-se disto que a pessoa idosa não deve ser considerada apenas objecto de atenção, proximidade e serviço. Também ela tem um precioso contributo para oferecer à vida. Graças ao rico património de experiências adquirido ao longo dos anos, pode e deve ser dispensadora de sabedoria, testemunha de esperança e de caridade (cf. Evangelium vitae EV 94).

A relação família-idosos deve ser vista como uma relação de dar e receber. Também o idoso dá: não pode ser ignorada a experiência maturada com o passar dos anos. Se esta, como pode acontecer, não está em sintonia com os tempos que mudam, há toda uma experiência que se pode tornar fonte de numerosas indicações para os familiares, constituindo a continuação do espírito de grupo, das tradições, das opções profissionais, da fidelidade religiosa, etc. Conhecemos todas as relações privilegiadas que existem entre os idosos e as crianças. Mas também os adultos, se souberem criar em redor dos idosos um clima de consideração e de afecto, podem inspirar-se na sua sabedoria e discernimento para fazer escolhas prudentes.

6. É nesta perspectiva que a sociedade deve redescobrir a solidariedade entre as gerações: deve redescobrir o sentido e o significado da idade avançada numa cultura demasiado dominada pelo mito da produtividade e da eficiência física. Devemos permitir que o idoso viva com segurança e dignidade e a sua família deve ser ajudada também a nível económico, para continuar a constituir o lugar natural das relações entre as gerações.

Devem ser feitas ulteriores observações também acerca daquela assistência sócio-sanitária e de reabilitação, que muitas vezes pode tornar-se necessária. Os progressos nas tecnologias ao serviço da saúde prolongam a vida, mas nem sempre melhoram a sua qualidade. É necessário elaborar formas de assistência que considerem em primeiro lugar a dignidade da pessoa idosa e a ajudem, na medida do possível, a manter um sentido de auto-estima para que não aconteça que, sentindo-se um peso inú- til, chegue a desejar e a pedir a morte (cf. Evangelium vitae EV 94).

7. A Igreja, chamada a fazer gestos proféticos na sociedade, defende a vida desde o seu alvorecer até à sua conclusão com a morte. Sobretudo para esta última fase, que por vezes se prolonga durante meses e anos e cria problemas muito graves, faço hoje apelo à sensibilidade das famílias, a fim de que saibam acompanhar os seus entes queridos até ao final da peregrinação terrena. Não posso deixar de recordar as prementes palavras da Escritura: «meu filho, cuida de teu pai na velhice, e não o abandones enquanto ele viver. Mesmo que fique caduco, sê compreensivo e não o desprezes, enquanto estás em pleno vigor, pois a caridade feita ao pai não será esquecida... No dia do perigo, o Senhor lembrar-se-á de ti... (Si 3,12-15).

8. O respeito que devemos ao idoso obriga-me a levantar mais uma vez a voz contra todas aquelas práticas de abreviação da vida, chamadas com o nome de eutanásia.

Perante uma mentalidade secularizada, que não respeita a vida sobretudo quando é débil, devemos ressaltar que ela é um dom de Deus em cuja salvaguarda todos estamos empenhados. Este dever compete, em particular, aos operadores no campo da saúde, cuja missão específica é tornar-se «ministros da vida» em todas as suas fases, sobretudo nas que são marcadas pela debilidade e pela doença.

«A tentação da eutanásia aparece como um dos sintomas mais alarmantes da "cultura da morte" que avança sobretudo nas sociedades do bem-estar» (cf. Evangelium vitae EV 64). A eutanásia é um atentado contra a vida que nenhuma autoridade humana pode legitimar, sendo a vida do inocente um bem do qual não se pode dispor.

9. Ao dirigir-me agora a todas as pessoas idosas do mundo, quereria dizer-lhes: caríssimos irmãos e irmãs, não desanimeis; a vida não acaba na terra; ao contrário, nela tem apenas o seu início. Devemos ser testemunhas da ressurreição! A alegria deve ser a característica da pessoa idosa; uma alegria serena, porque os tempos maturam e aproxima-se a recompensa que o Senhor Jesus preparou para o seu servo fiel. Como não pensar nas tocantes palavras do Apóstolo Paulo? «Combati o bom combate, terminei a minha corrida, conservei a fé. Agora só me resta a coroa da justiça que o Senhor, justo Juíz, me entregará naquele dia; e não somente a mim, mas a todos os que tiverem esperado com amor a Sua manifestação!» (2Tm 4,7-8).

Com estes sentimentos concedo a vós aqui presentes, aos vossos familiares, e sobretudo às pessoas idosas, uma afectuosa Bênção.



DISCURSO DO PAPA JOÃO PAULO II


ÀS IRMÃS TERCIÁRIAS CAPUCHINHAS


DA SAGRADA FAMÍLIA POR OCASIÃO


DO XIX CAPÍTULO GERAL


31 de Outubro de 1998



É para mim muito grato acolher-vos no final do XIX Capítulo Geral, no qual reflectistes sobre a presença e a acção do Espírito Santo na própria vida, para serdes «mulheres do Espírito», segundo o estilo franciscano do vosso Fundador, o Venerável Luís Amigó y Ferrer, e oferecerdes assim ao mundo de hoje novas expressões de vivência cristã e de audácia no serviço. Nesta ocasião, dirijo a minha mais cordial saudação a cada uma de vós e, por vosso intermédio, a todas as Irmãs da Congregação que nas diversas casas da Europa, América, Ásia e África tornais presente a dimensão esponsal da Igreja e a sua maternidade virginal, colaborando com a vossa dedicação incondicional e a vossa presença discreta, mas fecunda, na construção de uma humanidade melhor.

A Igreja tem em grande estima o contributo específico que, como consagradas, ofereceis às tarefas da nova evangelização. Ao abraçardes a castidade, pobreza e obediência de Jesus, converteis-vos, de certo modo, numa prolongação da Sua humanidade e dais testemunho profético da primazia de Deus e dos bens futuros na sociedade actual, na qual se parece ter perdido o rosto do divino (cf. Vita consecrata VC 85).

Diante dos novos desafios que o Terceiro Milénio apresenta à vida religiosa, a vossa consagração e missão devem guiar-se pelo discernimento sobrenatural, que sabe distinguir entre o que vem do Espírito e o que Lhe é contrário (cf. Gl Ga 5,16-22). Só a partir deste dinamismo de fidelidade ao Espírito é que podereis actuar, de maneira eficaz, nos respectivos campos do próprio carisma de fundação, levando no coração e na oração as múltiplas necessidades dos homens e mulheres do nosso tempo.

Ao animar-vos no vosso elogiável trabalho educativo, ajudando as crianças e os jovens com dificuldades a crescerem em humanidade sob a guia do Espírito, invoco sobre o inteiro Instituto a protecção da Sagrada Família de Nazaré, para que vos sustente sempre na vida religiosa. Com estes sentimentos, concedo-vos de coração a Bênção Apostólica, que de bom grado faço extensiva a todas as Irmãs da Congregação, assim como àqueles que colaboram convosco nos diversos apostolados.



                                                                            Novembre de 1998

PALAVRAS DO SANTO PADRE


NO FINAL DO CONCERTO EM HOMENAGEM


AOS VINTE ANOS DE PONTIFICADO


5 de Novembro de 1998



Venerados Irmãos
Ilustres Senhores e Senhoras!

Participei profundamente reconhecido nesta singular homenagem, e agora sinto-me feliz por dirigir a cada um de vós a minha cordial saudação, manifestando um pensamento de particular deferência às Autoridades que quiseram honrar este encontro com a sua presença.

Agradeço aos membros do Intergrupo Parlamentar italiano, e aos seus Colegas do mundo inteiro, o empenho que assumiram a fim de contribuir juntos para a preparação do Jubileu do Ano 2000, quer em vista do encontro que lhe diz respeito directamente como políticos, quer, mais em geral, pelas finalidades ético-sociais do Ano Santo. A respeito disto, alegro-me pelo facto de as propostas de reduzir a dívida externa dos Países mais pobres e de suspender as execuções pelo menos durante o ano jubilar, serem apoiadas por pessoas que desempenham altos cargos institucionais que podem, por conseguinte, contribuir de maneira eficaz para a sua aceitação.

Desejo dizer um «obrigado» particular a todos os que esta tarde me apresentaram uma mensagem de bons votos: à Senadora Ombretta Fumagalli Carulli e a cada uma das ilustres Personalidades políticas e religiosas coligadas à distância.

Agradeço ao Maestro Paolo Olmi com a Orquestra e o Coro do Teatro da Ópera de Roma e às Vozes Brancas de Poznan, bem como aos validíssimos Solistas, e congratulo-me pelas valiosas execuções.

Esta tarde de gala - além de ser uma particular manifestação de proximidade à pessoa do Papa - ofereceu um significativo testemunho de unidade em redor dos fundamentais valores espirituais e éticos da pessoa e da comunidade humana.

Para todos vós aqui presentes e para quantos se uniram a nós através dos meios de comunicação social, invoco abundantes bênçãos do Senhor.



DISCURSO DO PAPA JOÃO PAULO II


AO SENHOR IVAN BUCARO HURTARTE


NOVO EMBAIXADOR DA GUATEMALA


JUNTO DA SANTA SÉ


5 de Novembro de 1998





Senhor Embaixador

1. É como grande prazer que recebo as Cartas Credenciais, que o acreditam como Embaixador Extraordinário e Plenipotenciário da República da Guatemala junto da Santa Sé. Enquanto lhe dou as minhas cordiais boas-vindas neste acto solene, quero expressar mais uma vez o sincero afecto que sinto por todos os filhos e filhas dessa nobre Nação, tão rica culturalmente e com a qual a natureza foi tão pródiga. Agradeço-lhe profundamente a deferente saudação que houve por bem transmitir-me da parte do Senhor Presidente da República, Dr. Álvaro Arzú Irigoyen, assim como as amáveis expressões para com esta Sé Apostólica e a minha pessoa, as quais testemunham também os filiais sentimentos do povo guatemalteco. Peço-lhe que tenha a bondade de fazer chegar a Sua Excelência o meu sincero agradecimento.

2. Recordo com muita emoção as duas Visitas pastorais que tive a alegria de realizar ao seu País, em Março de 1983 e Fevereiro de 1996. Volta à minha mente o caloroso acolhimento com que milhares de guatemaltecos quiseram manifestar também os seus anseios de paz e o ardente desejo de ver terminada a guerra fratricida. Por isso, recordando o apelo dos meus Irmãos Bispos da Guatemala, eu dizia: «Urge a verdadeira paz. Uma paz que é dom de Deus e fruto do diálogo, do espírito de reconciliação, do compromisso sério por um desenvolvimento integral e solidário de todas as camadas da população e, especialmente, do respeito pela dignidade de cada pessoa» (Discurso no Aeroporto La Aurora, 5/1/96, 4). Após longas e difíceis negociações, a Providência quis que no dia 29 de Dezembro daquele mesmo ano fossem assinados os Acordos de Paz firme e duradoura, acto corajoso que encheu de grande alegria e esperança os guatemaltecos, a Comunidade internacional e, de modo particular, esta Sé Apostólica, dando graças ao Príncipe da Paz por esse dom precioso, que eu mesmo havia implorado, em particular com a minha peregrinação ao Santuário do Cristo Negro, o Senhor de Esquipulas.

3. Ao terminar o século XX abrem-se à humanidade novos cenários de liberdade e esperança, infelizmente conturbados com frequência por situações políticas instáveis, estruturas sociais débeis e conflitos preocupantes. Hoje, ante estes horizontes esperançosos em que a «lógica da guerra» resulta mais absurda que nunca, está a progredir a interdependência entre os povos. Razão por que, é necessário e urgente trabalhar pela construção de uma ordem interna e internacional que promova a convivência pacífica, a cooperação, o respeito pelos direitos fundamentais dos homens e dos povos, reconhecendo a centralidade de cada pessoa e a sua inviolável dignidade. Vejo com alegria que na Guatemala se vislumbram também esses novos horizontes, que convidam a intensificar os esforços para continuar a construção de uma sociedade renovada e mais solidária. Vossa Excelência, Senhor Embaixador, referiu-se ao papel da Igreja católica que, de maneira constante e abnegada, às vezes com incompreensões, ofereceu a sua valiosa contribuição durante o longo processo de pacificação do seu País. Numerosos têm sido os apelos à reconciliação e ao perdão, feitos pelos Bispos guatemaltecos. A respeito disso, o Grande Jubileu do Ano 2000 oferece uma oportunidade singular para realizar essa reconciliação e consolidar assim os acordos alcançados com tanto esforço. Este seria o melhor tributo que o seu País pode prestar àqueles que despenderam generosamente as suas vidas ou, inclusive, derramaram o seu sangue por objectivos tão nobres e sublimes.

4. A Igreja na Guatemala, consciente da sua grave responsabilidade na hora presente e fiel à sua missão religiosa, moral e social, sem renunciar à sua legítima autonomia, está disposta a continuar a «sadia colaboração» com as autoridades e as diversas instituições do Estado e da sociedade guatemalteca, a fim de promover e apoiar todas as iniciativas destinadas à realização do maior bem da pessoa, da sociedade e sobretudo da família, santuário do amor e da vida (cf. Centesimus annus CA 39). Alheia a interesses puramente temporais, a Igreja continuará a anunciar a Boa Nova da salvação, disposta a dar a sua generosa contribuição em sectores tão importantes para o desenvolvimento integral da pessoa, como são a educação, a saúde, a defesa e promoção dos direitos e liberdades fundamentais de todos, assim como a sua incansável actividade caritativa ao serviço dos mais necessitados. Vossa Excelência recordou também que é preciso continuar a evangelizar para construir uma sociedade mais justa, fraterna e solidária, se quisermos que a concepção cristã da vida e os ensinamentos morais da Igreja continuem a ser elementos essenciais, que inspirem as pessoas e os grupos que trabalham pelo bem da Nação. Ao receber os Bispos do seu País durante a Visita «ad Limina » de 1994, referindo-me ao documento colectivo do Episcopado, intitulado «500 anos semeando o Evangelho», dizia-lhes: «A nova evangelização dever á, portanto, preservar as riquezas espirituais do vosso povo e favorecer em todos uma conversão cada vez mais coerente com o Evangelho» (4/3/94, n. 2). Só à luz do Evangelho se podem encontrar soluções para obter «um desenvolvimento autêntico do homem e da sociedade, que respeite e promova em toda a sua dimensão a pessoa humana» (Sollicitudo rei socialis SRS 41). Uma sociedade sem valores fundamentais e sem princípios éticos vai-se deteriorando progressivamente.

5. É grato constatar os esforços do seu Governo por melhorar as condições e qualidade de vida dos guatemaltecos, assim como os êxitos já obtidos. Este é um serviço à dignidade humana, que necessita o apoio de todos os grupos sociais, para continuar a lançar as bases de uma sociedade cada vez mais justa. É desejo comum ver quanto antes na Guatemala uma sociedade em que os direitos da pessoa e das comunidades sejam cada vez mais tutelados e garantidos; que se fomente o espírito de participação, superando os interesses de partido ou classe; que exista um maior acesso à propriedade da terra para aqueles que carecem de recursos económicos; que o imperativo ético seja um ponto de referência iniludível para todos os guatemaltecos; que se realize uma distribuição mais equitativa das riquezas; numa palavra, que todos, pensando no bem do País, desenvolvam a sua vocação humana e cristã, e os diferentes grupos étnicos que compõem o rico mosaico de culturas nessa Nação aprendam a viver em harmonia e respeito mútuo.

6. Causou muita tristeza à Comunidade eclesial, especialmente à guatemalteca, o execrável assassinato de D. Juan José Gerardi Conedera, Bispo Auxiliar da Cidade da Guatemala, que tanto trabalhou pela pacificação do seu País e pelo reconhecimento e defesa dos direitos humanos. Como já expressei naquela triste ocasião, espero que esta tragédia «mostre claramente a inutilidade da violência e leve todos a comprometerem-se na busca do entendimento e do diálogo, único caminho que assegura justiça sobre qualquer obstáculo e provocação», e que não perturbe de modo algum a aplicação dos Acordos de paz». Espero ardentemente que a Guatemala, depois de ter experimentado na sua própria carne tanto sofrimento, destruição e morte, que marcou profundamente as novas gerações, consiga passar quanto antes dessa «cultura da morte» para a «cultura da vida»; da «cultura do medo» para a «cultura da liberdade na verdade». O desejo do povo guatemalteco de conhecer a verdade sobre este e outros crimes responde ao seu legítimo anseio de jamais ter que viver oprimido pela insegurança, o medo e a impunidade, mas sim numa sociedade renovada, na qual a paz firme e duradoura esteja fundamentada sobre a tolerância, a justiça, a liberdade e amor solidário.

7. Senhor Embaixador, antes de concluir este encontro desejo exprimir-lhe a minha sincera estima e assegurar-lhe o apoio da Santa Sé, para que possa desempenhar de maneira frutuosa a alta missão que hoje inicia. Ao mesmo tempo, peço-lhe de novo que tenha a bondade de fazer-se intérprete dos meus melhores sentimentos junto do seu Governo e demais instâncias do seu País, enquanto invoco a bênção de Deus sobre Vossa Excelência e os seus familiares, sobre os colaboradores e todos os amadíssimos filhos e filhas da nobre Nação guatemalteca.




Discursos João Paulo II 1998 - 29 de Outubro de 1998