AUDIÊNCIAS 1999 - AUDIÊNCIA


JOÃO PAULO II

AUDIÊNCIA

Quarta-feira 28 de Abril de 1999


O diálogo com os judeus



Queridos irmãos e irmãs,

1. O diálogo inter-religioso, que a Carta Apostólica Tertio millennio adveniente encoraja como aspecto qualificador deste ano particularmente dedicado a Deus Pai (cf. nn. 52-53), refere-se antes de tudo aos judeus, os «nossos irmãos maiores», como lhes chamei por ocasião do memorável encontro com a comunidade judaica da Cidade de Roma, a 13 de Abril de 1986 (cf. ed. port. de L'Osservatore Romano de 20/4/86, pág. 8). Ao reflectir sobre o património espiritual que nos irmana, o Concílio Vaticano II, especialmente na Declaração Nostra aetate, deu uma nova orientação às nossas relações com a religião hebraica. É preciso aprofundar sempre mais aquele ensinamento, e o Jubileu do Ano 2000 poderá representar um magnífica ocasião de encontro, possivelmente em lugares significativos para as grandes religiões monoteístas (cf. Tertio millennio adveniente TMA 53).

Sabe-se que infelizmente a relação com os irmãos judeus foi difícil, desde os primeiros tempos da Igreja até ao nosso século. Porém, nesta longa e conturbada história não faltaram momentos de diálogo sereno e construtivo. A este propósito, há que recordar que a primeira obra teológica, intitulada «Diálogo», foi significativamente dedicada pelo filósofo e mártir Justino (século II) ao seu confronto com o hebreu Trifão. De igual modo deve-se assinalar a dimensão de diálogo, vigorosamente presente na literatura contemporânea neojudaica, que influenciou de maneira profunda o pensamento filosófico-teológico do século XX.

2. Esta atitude de diálogo entre cristãos e judeus exprime não só o valor geral do diálogo entre as religiões, mas inclusive a partilha do longo caminho que leva do Antigo ao Novo Testamento. Há uma grande parte da história da salvação para a qual cristãos e judeus olham juntos. «Ao invés das outras religiões não cristãs, a fé judaica é já uma resposta à Revelação de Deus na Antiga Aliança» (Catecismo da Igreja Católica [CIC], 839). Esta história é iluminada por uma imensa plêiade de pessoas santas, cuja vida testemunha a posse das coisas que se esperam na fé. A Carta aos Hebreus põe em evidência precisamente esta resposta de fé ao longo do curso da história da salvação (cf. Hb He 11).

O corajoso testemunho da fé deveria também hoje caracterizar a colaboração de cristãos e judeus na proclamação e actuação do desígnio salvífico de Deus em favor da humanidade inteira. Depois, se este desígnio é interpretado de modos diferentes no que concerne à recepção de Cristo, isto comporta obviamente uma divaricação decisiva, que está na origem do próprio cristianismo, mas não impede que haja muitos elementos comuns.

Subsiste sobretudo o dever de colaborar para promover uma condição humana mais conforme ao desígnio de Deus. O Grande Jubileu, que evoca exactamente a tradição hebraica dos anos jubilares, salienta a urgência desse compromisso comum em ordem ao restabelecimento da paz e da justiça social. Ao reconhecerem o senhorio de Deus sobre a inteira criação e em particular sobre a terra (cf. Lv Lv 25), todos os fiéis são chamados a traduzir a própria fé em compromisso concreto, para proteger a sacralidade da vida humana em todas as suas formas e defender a dignidade de cada irmão e irmã.

3. Ao meditarem sobre o mistério de Israel e a sua «vocação irrevogável» (cf. ed port. de L'Osservatore Romano de 20/4/86, pág. 8), os cristãos perscrutam também o mistério das suas raízes. Nas nascentes bíblicas compartilhadas com os irmãos judeus, encontram elementos indispensáveis para viver e aprofundar a sua própria fé.

Isto é verificável, por exemplo, na Liturgia. Assim como Jesus, que Lucas nos apresenta enquanto, na sinagoga de Nazaré, abre o livro do profeta Isaías (cf. Lc Lc 4,16 ss.), assim também a Igreja haure da riqueza litúrgica do povo hebraico. Ela ordena a liturgia das horas, a liturgia da palavra e até mesmo a estrutura das orações eucarísticas em conformidade com os modelos da tradição hebraica. Algumas grandiosas solenidades, como a Páscoa e o Pentecostes, evocam o ano litúrgico hebraico e representam excelentes ocasiões para recordar na oração o povo que Deus escolheu e ama (cf. Rm Rm 11,2). Hoje, o diálogo implica o facto de que os cristãos estão mais conscientes destes elementos que nos aproximam. Assim como se tem em consideração a «aliança jamais revogada» (cf. Insegnamenti III/2 [1980], PP 1272-1276), assim também se deve considerar o valor intrínseco do Antigo Testamento (cf. Dei Verbum DV 3), embora este adquira o seu sentido pleno à luz do Novo Testamento e contenha promessas que se cumprem em Jesus. Não foi talvez a leitura actualizada da Sagrada Escritura hebraica, feita por Jesus, que fez arder «o coração» (Lc 24,32) dos discípulos de Emaús, permitindo-lhes reconhecer o Ressuscitado no momento em que partia o pão?

4. Não só a comum história de cristãos e judeus, mas de modo particular o seu diálogo deve ter em vista o porvir (cf. CIC CIC 840) tornando-se, por assim dizer, «memória do futuro» (Nós recorda- mos: uma reflexão sobre o Shoah: ed. port. de L''Osservatore Romano de 21/3/98, pág. 8). A recordação dos factos tristes e trágicos do passado pode abrir o caminho para um renovado sentido de fraternidade, fruto da graça de Deus, e para o compromisso no sentido de fazer com que as sementes infectadas do antijudaísmo e do anti-semitismo nunca mais se radiquem no coração do homem.

Israel, povo que edifica a própria fé sobre a promessa que Deus fez a Abraão: «Serás pai de inúmeros povos» (Gn 17,4 Rm 4,17), indica ao mundo Jerusalém como lugar simbólico da peregrinação escatológica dos povos, unidos no louvor ao Altíssimo. Formulo votos por que no alvorecer do terceiro milénio o diálogo sincero entre cristãos e judeus contribua para criar uma nova civilização, fundamentada no único Deus santo e misericordioso, e promotora de uma humanidade reconciliada no amor.

Saudações

Amados peregrinos de língua portuguesa, a minha saudação fraterna e a Bênção Apostólica, como penhor de santa alegria e graça de Deus para todos, especialmente para os paroquianos de Algueirão Mem Martins. Esta visita aos lugares santificados pelo martírio dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo fortaleça os vossos corações na sua entrega a Cristo, vencedor do pecado e da morte. A Virgem Mãe vos acompanhe e proteja!

Dirijo cordiais boas-vindas aos estu- dantes e aos professores romenos da Fundação «Fórum - um mundo para amanhã». Caríssimos, faço votos por que a visita à cidade de Roma enriqueça os vossos conhecimentos das antiguidades clássicas e cristãs. Com estes votos, invoco de coração sobre vós e as vossas famílias copiosas bênçãos do céu. Cristo ressuscitou! Até á vista na Roménia!

Dirijo-me de modo especial a vós Jovens, Doentes e jovens Casais. A Igreja recorda hoje São Luís Grignon de Montfort, sacerdote e fundador da Companhia de Maria, o qual, tendo experimentado a suavidade e a eficácia da total entrega à Virgem, indicou na consagração a Ela uma via segura rumo à santidade. Caros jovens, ponde-vos também vós, com particular fervor, na escola da Mãe do Senhor, a fim de realizardes sob a sua guia materna todos os projectos da vossa vida.

A íntima união com Nossa Senhora vos ajude, queridos doentes, a acolher as possibilidades de bem contidas em cada sofrimento e provação; e vos prepare, prezados jovens esposos, para vos tornardes educadores atentos e exemplares dos filhos que o Senhor vos der.





                                                                            Maio de 1999

JOÃO PAULO II

AUDIÊNCIA

Quarta-feira 5 de Maio de 1999

O diálogo com o Islão



Caríssimos Irmãos e Irmãs:

1. Aprofundando o tema do diálogo inter-religioso, reflectimos hoje sobre o diálogo com os muçulmanos, que «adoram connosco um Deus único e misericordioso» (Lumen gentium LG 16 cf. Catecismo da Igreja Católica [CIC], CIC 841). Para eles a Igreja olha com estima, convicta de que a sua fé em Deus transcendente concorre para a construção de uma nova família humana, fundada sobre as mais altas aspirações do coração do homem.

Também os muçulmanos, como os judeus e os cristãos, olham para a figura de Abraão como para um modelo de incondicionada submissão aos decretos de Deus (cf. Nostra aetate NAE 3). A exemplo de Abraão, os fiéis esforçam-se por reconhecer na própria vida o lugar que compete a Deus, origem, mestre, guia e fim último de todos os seres (cf. Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-Religioso, Mensagem aos muçulmanos para o fim do Ramadã 1417/1997). Esta disponibilidade e abertura humana à vontade de Deus traduz-se em atitude de oração, que exprime a situação existencial de toda a pessoa diante do Criador.

Na trajectória da submissão de Abraão à vontade divina encontra-se a sua descendente, a Virgem Maria, Mãe de Jesus que, especialmente na piedade popular, é invocada com devoção também pelos muçulmanos.

2. Com alegria, nós cristãos reconhecemos os valores religiosos que temos em comum com o Islão. Desejaria hoje retomar aquilo que, há alguns anos, eu disse aos jovens muçulmanos em Casablanca: «Nós cremos no mesmo Deus, o Deus único, o Deus vivo, o Deus que cria os mundos e leva as suas criaturas à própria perfeição» (L'Osserv. Rom 15/9/1995, pág. Rm 10). O património dos textos revelados da Bíblia fala com voz unânime da unicidade de Deus. Jesus mesmo reafirma-o, fazendo sua a profissão de Israel: «O Senhor, nosso Deus, é o único Senhor» (Mc 12,29 cf. Dt Dt 6,4-5). É a unicidade afirmada também nestas palavras de louvor, que brotam do coração do apóstolo Paulo: «Ao Rei dos séculos, imortal, invisível, Deus único, honra e glória pelos séculos dos séculos. Amém» (1Tm 1,17).

Sabemos que, à luz da plena revelação em Cristo, essa unicidade misteriosa não se reduz a uma unidade numérica. O mistério cristão faz-nos contemplar na unidade substancial de Deus as pessoas do Pai, do Filho e do Espírito Santo: cada uma em posse da inteira e indivisível substância divina, mas uma distinta da outra em virtude da relação recíproca.

3. As relações não atenuam de modo algum a unidade divina, como explica o Concílio Lateranense IV (1215): «Cada uma das três Pessoas é aquela Realidade, isto é, substância, essência ou natureza divina... Ela não gera, não é gerada nem procede... » (DS 804). A doutrina cristã sobre a Trindade, ratificada pelos Concílios, é explícita na rejeição de qualquer «triteísmo» ou «politeísmo». Neste sentido, ou seja, em referência à única substância divina, há uma significativa correspondência entre Cristianismo e Islão.

Essa correspondência, porém, não deve fazer esquecer as diversidades entre as duas religiões. Com efeito, sabemos que a unidade de Deus se exprime no mistério das três Pessoas divinas. Sendo de facto Amor (cf. 1Jn 4,8), Deus é desde sempre Pai que Se dá inteiramente ao gerar o Filho, ambos unidos numa comunhão de amor que é o Espírito Santo. Esta distinção e compenetração (pericóresi)das três Pessoas divinas não se acrescenta à sua unidade, mas é a sua expressão mais profunda e caracterizadora.

Por outro lado, não se deve esquecer que o monoteísmo trinitário típico do cristianismo permanece um mistério inacessível à razão humana que, contudo, é chamada a aceitar a revelação da íntima natureza de Deus (cf. CIC CIC 237). 4. Grande sinal de esperança é o diálogo inter-religioso, que conduz a um mais profundo conhecimento e estima do outro (cf. Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-Religioso, Mensagem aos muçulmanos para o fim do Ramadã 1418/1998). As duas tradições, cristã e muçulmana, têm uma longa história de estudo, reflexão filosófica e teológica, arte, literatura e ciência, que deixou as suas marcas nas culturas ocidentais e orientais. A adoração ao Deus único, Criador de todos, encoraja-nos a intensificar no futuro o nosso conhecimento recíproco.

No mundo de hoje, marcado tragicamente pelo esquecimento de Deus, cristãos e muçulmanos são chamados a defender e promover sempre, num espírito de amor, a dignidade humana, os valores morais e a liberdade. A comum peregrinação rumo à eternidade deve exprimir-se na oração, no jejum e na caridade, mas também num solidário empenho pela paz e a justiça, pela promoção humana e a protecção do meio ambiente. Ao percorrerem juntas o caminho da reconciliação e ao renunciarem, na humilde submissão à vontade divina, a qualquer forma de violência como meio para resolver as divergências, as duas religiões poderão oferecer um sinal de esperança, fazendo brilhar no mundo a sabedoria e a misericórdia daquele úni- co Deus que criou e governa a família humana.

Apelo

Nestes dias, na sede das Nações Unidas em Nova Iorque realiza-se uma importante reunião acerca da aplicação de quanto foi decidido na Conferência do Cairo, em 1994.

Nessa ocasião, a Santa Sé recordou com insistência que a pessoa humana deve ser colocada no centro de todo o programa de desenvolvimento. Isto comporta que a solução dos problemas relativos à população deve respeitar a dignidade de cada ser humano e, ao mesmo tempo, promover os seus direitos fundamentais, primeiro dentre todos o direito à vida. A este se deve acrescentar o direito à saúde e à educação, envolvendo a família no seu insubstituível papel de sujeito que propõe valores humanos, espirituais e morais.

A cinco anos da Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento, é necessário que os Governos renovem os compromissos assinados para assegurar um autêntico e duradouro progresso humano.

Saudações especiais

Caríssimos Irmãos e Irmãs

Saúdo com particular afecto e com sentimentos de paz e de alegria, os peregrinos e ouvintes de língua portuguesa, nomeadamente os visitantes provindos de Fátima, e a todos convido a manter vivo o amor à Virgem Maria, nossa maternal intercessora diante de Deus, ao mesmo tempo que lhes concedo a minha Bênção Apostólica.

Caros Irmãos no Episcopado da Igreja arménio-católica! Uma vez que realizais no Vaticano um Sínodo consagrado a importantes questões concernentes à vida das vossas comunidades, a Igreja está grata ao vosso povo pelo seu testemunho de fidelidade dado a Cristo, e alegra-se com a celebração do 1.700º aniversário da própria evangelização. É com coragem, fé, entusiasmo e na oração que sois chamados a um novo impulso apostólico. O vosso povo espera uma palavra firme e gestos concretos que a confirmem.

A Sua Beatitude Jean-Pierre XVIII, Patriarca da Cilícia dos Arménios e a todos os Bispos, desejo um trabalho frutuoso: invoco sobre eles a ajuda do Espírito Santo, para que conceda força e coragem à Comunidade arménio-católica, nesta importante viragem da sua história.

Acolho com prazer também todos os peregrinos de língua francesa aqui presentes, e concedo-lhes do íntimo do coração a Bênção Apostólica.

Dou especiais boas-vindas aos membros da Federação Bíblica Católica, que estão a celebrar o XXX aniversário da sua fundação, e encorajo todos vós a fazer o possível para assegurar que as inexauríveis riquezas da palavra de Deus se tornem cada vez mais verdadeiramente o centro da oração e da vida quotidiana dos fiéis cristãos. Sobre os peregrinos e visitantes de expressão inglesa, de modo especial da Inglaterra, das Filipinas, do Japão e dos Estados Unidos da América, invoco a alegria e a paz do Salvador res- suscitado.

Saúdo com afecto os peregrinos de língua espanhola, de modo particular os representantes das populações de São Fulgêncio (Alicante) e Blanca (Múrcia) geminadas, respectivamente, com as cidades italianas de Sermoneta e Anguillara. Estendo também a minha saudação aos grupos provenientes do México, da Venezuela, do Chile, do Uruguai e dos demais Países da América Latina. Sobre todos vós e as vossas famílias invoco a abundância da graça divina e abençoo-vos de coração.

Depois de amanhã irei à Roménia. É a primeira vez que vou a um país onde os cristãos são na maioria ortodoxos. Desde agora envio a minha saudação a todos, contente por esta viagem que tem em vista confirmar os vínculos entre a Roménia e a Santa Sé, que tiveram tanto relevo para a história do cristianismo nessa imensa região. Vou até vós no nome de Cristo, no limiar do terceiro milénio. Aos fiéis da Igreja ortodoxa e da Igreja católica da Roménia desejo alegria e paz no Senhor ressuscitado. Dilectos romenos, aguardo com alegria poder estar no meio de vós. E a todos confirmo o meu afecto e a minha estima.

Queridos peregrinos da República Tcheca! Dou as minhas boas-vindas aos membros do Cabido Colegial Régio dos Santos Pedro e Paulo, de Vyýehrad, e aos peregrinos de Prostìjov! Amanhã celebraremos a festa de São João Sarkander. Este Sacerdote soube viver do Mistério pascal: o Salvador foi para ele força também no martírio. Possais também vós haurir sempre a força da Cruz de Cristo e da sua Ressurreição. Abençoo de coração todos vós e os vossos entes queridos. Louvado seja Jesus Cristo!

Caros Irmãos e Irmãs, no Verbo que Se fez carne e habitou entre nós (cf. Jo Jn 1,14) o Pai quis dar, de maneira visível, testemunho da sua proximidade a cada homem: proximidade que salva e é cheia de amor, mostrando-lhe ao mes- mo tempo que «o Seu mandamento é a vida eterna» (Jn 12,50). O Filho, que é «um só» com o Pai (cf. Jo Jn 10,30), reve- lou-nos o rosto misericordioso do Pai. Saúdo de coração todos os peregrinos croatas, invocando sobre eles a bênção de Deus. Louvados sejam Jesus e Maria!

Dirijo agora uma saudação aos peregrinos de língua italiana e, de modo especial, aos Jovens, aos Doentes e aos jovens Casais, e convido-os a renovar, neste mês de Maio há pouco iniciado, a sua devoção a Nossa Senhora. A vós, caros jovens, faço votos por que conheçais Maria de maneira mais profunda, entrando em intimidade com Ela, para a acolherdes como Mãe espiritual e modelo de fidelidade a Cristo. Confio-vos, queridos doentes, à «Salus infirmorum»: a sua proximidade vos ajude a viver com paciente amor também as horas da doença e da provação. Vós, prezados jovens esposos, aprendei da Virgem de Nazaré o estilo evangélico da família, marcado pela humilde docilidade à Palavra de Deus e pelo amor recíproco, fiel e sincero.



JOÃO PAULO II

AUDIÊNCIA

Quarta-feira 12 de Maio de 1999

Um evento que é sinal eloquente da acção de Deus na história




Queridos Irmãos e Irmãs,

1. O meu pensamento retorna com sempre viva comoção à visita, que Deus me concedeu efectuar à Roménia nos dias passados. Tratou-se de um evento de alcance histórico, porque foi a minha primeira viagem a um País onde a maioria dos cristãos é ortodoxa. Rendo graças a Deus, o Qual, na sua providência, dispôs que isto acontecesse na proximidade do ano 2000, oferecendo aos católicos e aos irmãos ortodoxos a oportunidade para juntos realizarem um gesto particularmente significativo no caminho rumo à plena unidade, em adesão ao espírito que é próprio do Grande Jubileu já próximo.

Desejo renovar a expressão do meu reconhecimento a quantos fizeram com que esta peregrinação apostólica fosse possível. Agradeço o gentil convite do Presidente da Roménia, Senhor Emil Constantinescu, do qual apreciei a cortesia. Com fraterno sentimento de estima agradeço a Sua Beatitude Teoctisto, Patriarca da Igreja Ortodoxa Romena, e ao Santo Sínodo: a intensa cordialidade com que me acolheram e o afecto sincero que transparecia das palavras e do rosto de cada um, deixaram um indelével traço no meu coração. Agradeço também aos Bispos, tanto greco-católicos como latinos, com os quais pude confirmar laços de profunda comunhão no amor de Cristo.

Por fim, agradeço às Autoridades, aos organizadores e a quantos se esforçaram para que tudo se desenvolvesse do melhor modo. Ao pensar na situação política de há não poucos anos, como não ver neste evento um sinal eloquente da acção de Deus na história? Prever uma visita do Papa teria sido, então, inteirmente impensável, mas o Senhor, que guia o caminho dos homens, tornou possível quanto parecia humanamente irrealizável.

2. Com esta peregrinação, eu quis prestar homenagem ao povo romeno e às suas raízes cristãs, que remontam, segundo a tradição, à obra evangelizadora do apóstolo André, irmão de Simão Pedro. O povo entendeu-o e acorreu em massa ao longo das estradas e às celebrações. No decurso dos séculos, a linfa das raízes cristãs alimentou uma ininterrupta veia de santidade, com numerosos mártires e confessores da fé. Esta herança espiritual foi recolhida no nosso século por inúmeros Bispos, sacerdotes, religiosos e leigos que testemunharam Cristo durante a longa e dura dominação comunista, enfrentando com coragem a tortura, o cárcere e, às vezes, até a morte.

Com que emoção parei junto dos túmulos do Cardeal Iuliu Hossu e do Bispo Vasile Aftenie, vítimas da perseguição durante o regime ditatorial! Honra a ti, Igreja de Deus que estás na Roménia! Sofreste muito pela Verdade, e a Verdade tornou-te livre.

A experiência do martírio irmanou cristãos de diferentes confissões presentes na Roménia. Único foi o testemunho que ortodoxos, católicos e protestantes deram de Cristo com o sacrifício da própria vida. Do heroísmo destes mártires brota um encorajamento à concórdia e à reconciliação, para superar as divisões ainda existentes.

3. Esta viagem deu-me a oportunidade para experimentar a riqueza que é respirar, como cristãos, com ambos os «pulmões» das tradições oriental e ocidental. Dei-me conta disto nas solenes e sugestivas celebrações litúrgicas: com efeito, tive a alegria de presidir à Eucaristia segundo o rito greco-católico; assisti à divina Liturgia no rito bizantino- romeno para os irmãos ortodoxos, presidida pelo Patriarca, e pude orar com eles; enfim, celebrei a Missa em rito romano com os fiéis da Igreja latina.

Durante o primeiro destes momentos de solene e intensa oração, prestei homenagem à Igreja greco-católica, duramente provada nos anos da perseguição, recordando que no Ano 2000 se comemorará o terceiro centenário da sua união com Roma. Símbolo da heróica resistência desta Igreja é o venerado Cardeal Alexandru Todea, a quem o regime infligiu dezasseis anos de cárcere e vinte e seis de exílio. Apesar da idade avançada e da doença, ele conseguiu vir a Bucareste: podê-lo abraçar foi uma das maiores alegrias desta peregrinação.

4. Particularmente esperado e significativo foi o encontro com o Patriarca Teoctisto e o Santo Sínodo da Igreja Ortodoxa Romena. Na tarde de sábado fui por eles acolhido no Patriarcado com grande cordialidade e pude constatar em Sua Beatitude e nos outros Membros do Santo Sínodo compreensão fraterna e um sincero desejo de plena comunhão, segundo a vontade do Senhor. Nessa ocasião pude assegurar à Igreja ortodoxa romena, empenhada numa importante obra de renovação, o afecto e a colaboração da Igreja católica. O amor fraterno é a alma do diálogo, e este é o caminho para superar os obstáculos e as dificuldades que permanecem para chegar à plena unidade entre os cristãos. Deus já realizou coisas maravilhosas neste itinerário de reconciliação: é preciso prosseguir este caminho com confiante impulso, porque, mais do que nunca, a Europa e o mundo têm necessidade do testemunho visível de fraterni- dade dos que crêem em Cristo.

Nesta luz, sinto a necessidade de agradecer mais uma vez à Igreja ortodoxa-romena, porque, ao convidar-me, me ofereceu a oportunidade de actuar aspectos essenciais do ministério petrino, na perspectiva por mim indicada na Encíclica Ut unum sint.

5. O empenho ecuménico não diminui, mas antes confirma a tarefa de Pastor da Igreja católica, que compete ao Sucessor de Pedro. Desempenhei este ministério, sobretudo ao encontrar-me com a Conferência Episcopal Romena, composta de Bispos de rito latino e de rito greco-católico, presidida por D. Lucian Murean, Arcebispo de Fãgãra e Alba Júlia. Exortei-os a anunciarem sem tréguas o Evangelho, a serem artífices de comunhão, a cuidarem da formação dos presbíteros e daqueles que em grande número são chamados à vida consagrada, assim como dos leigos. Encorajei- os a promover a pastoral juvenil e escolar, a trabalhar para defender a família, tutelar a vida e servir os pobres.

6. A Nação romena nasceu com a evangelização e, no Evangelho, encontrará a luz e a força para realizar a sua vocação de encruzilhada de paz na Europa do próximo milénio.

O ano de 1989 marcou, também para essa amada Nação, um momento de viragem. Com a repentina derrocada da ditadura, teve início uma nova primavera de liberdade e o País tornou-se assim um construtor de democracia, que deve ser edificada com paciência e honestidade. Ao beber das suas autênticas fontes culturais e espirituais, a Roménia herdou cultura e valores tanto da civilização latina - quanto atesta a própria língua - como da civilização bizantina com muitos elementos eslavos. A sua história e a sua posição geográfica fazem dela uma parte integrante da nova Europa, que se vai aos poucos construindo depois da queda do Muro de Berlim. A Igreja quer servir este processo de desenvolvimento e de integração democrática, com espírito de efectiva colaboração.

7. Ao recordar que, segundo uma difundida tradição popular, a Roménia é chamada «Jardim de Maria», quereria pedir à Virgem Santa, neste mês a Ela dedicado, que reavive nos cristãos o desejo da plena unidade, para serem juntos fermento evangélico. A Maria peço que o querido Povo romeno cresça nos valores espirituais e morais, sobre os quais se funda toda a sociedade com dimensão humana e atenta ao bem comum. A Ela, celeste Mãe da Esperança, confio sobretudo as famílias e os jovens, que são o futuro do amado Povo da Roménia.

Saudações

Queridos Irmãos e Irmãs!

Uma saudação cordial aos grupos do Brasil e das paróquias lisboetas de Calhariz-Benfica e Nova Oeiras, e demais peregrinos de língua portuguesa. Com a Virgem Maria, neste mês que lhe é dedicado, imploremos o Espírito de Amor sobre todos os cristãos, para que cresça cada vez mais o seu anseio de plena unidade e todos juntos sejam o fermento evangélico que há-de levedar o mundo. Sobre vós, vossas famílias e paróquias, desça a minha Bênção.

É-me grato saudar os peregrinos da Espanha e de alguns Países da América Latina. De modo especial saúdo a delegação do Estado Maior da Força Aérea Equatoriana. Saúdo também os diversos grupos paroquias e estudantis. Segundo uma tradição popular, a Roménia é chamada «Jardim de Maria». Neste mês de Maio peço-Lhe que infunda em todos os cristãos o desejo da plena unidade querida por Cristo. Muito obrigado!

Dirijo uma calorosa saudação aos Superiores e aos Alunos do Pontifício Colégio Pio Romeno. Caríssimos, a minha alma está repleta de alegria pelos inesquecíveis encontros vividos em Bucareste. Juntos agradeçamos ao Senhor e peçamos-Lhe que, depois desta minha visita, os habitantes da Roménia sejam verdadeiramente mais unidos na fé e no amor recíproco. A vós desejo que o período de formação em Roma vos prepa- re para exercerdes, com zelo apostólico, o vosso ministério entre as amadas populações da Roménia.

Caros peregrinos lituanos! É com grande prazer que vos apresento as boas-vindas e agradeço a vossa participação. Possa a iminente festa da Ascensão do Senhor revelar a todos a imagem da esperança e da nova vida em Cristo. Com estes bons votos, concedo de bom grado a Bênção Apostólica a vós, aos vossos entes queridos e à vossa Pátria, a Lituânia. Louvado seja Jesus Cristo!

Queridos estudantes do Ginásio Arquidiocesano de Kromìøíž, na República Tcheca! Esta semana, no dia 16 de Maio, celebrareis a festa de São João Nepomuceno. Possa o seu exemplo de fidelidade a Deus despertar a magnanimidade em todos os Pastores e fiéis, a fim de que saibam sempre prontamente agir segundo a exor- tação do Apóstolo Pedro: «Importa mais obedecer a Deus do que aos homens» (Ac 5,29). De coração abençoo todos vós. Louvado seja Jesus Cristo!

Caros Irmãos e Irmãs croatas, podemos ver o Pai por meio do Filho (cf. Jo Jn 14,6-11) e nas obras do próprio Filho conhe- cer a infinita misericórdia do Pai para com o homem, que caiu no pecado e se encaminha pela estrada da morte (cf. Lc Lc 10,30-35 Lc 15,11-32 Jn 10,1-21). Esta misericórdia brotou do amor de Deus, que já se manifestou no momento da criação do mundo e, em particular, do homem (cf. Gn Gn 1-2), e atingiu o ápice no Mistério Pascal de Cristo. Saúdo cordialmente os grupos de peregrinos croatas prove- nientes de Èepin, nos arredores de Osijek, na Croácia, e de Sindelfingen, na Alemanha. Sobre todos invoco a bênção de Deus. Louvados sejam Jesus e Maria!

Dirijo agora cordiais boas-vindas aos peregrinos de língua italiana. Em particular, saúdo os membros da Associação Na- cional dos Mutilados e Inválidos do Trabalho, aos quais exprimo apreço pelo empenho que fazem em tutelar quantos são vítimas dos infortúnios. De coração faço votos por que este encontro sirva para sensibilizar a opinião pública acerca de uma maior atenção a respeito da segurança no mundo do trabalho.

O meu pensamento dirige-se, enfim, aos Jovens, aos Doentes e aos jovens Casais. A solenidade da Ascensão do Senhor, que celebraremos amanhã, convida-nos a contemplar o momento em que Jesus, antes de retornar ao Pai, confia aos Apóstolos o mandato de anunciar a todos os homens o Evangelho, mensagem univer- sal de salvação.

Caros jovens, não tenhais medo de pôr as vossas energias ao serviço do Evangelho, com a generosidade e o entusiasmo característicos da vossa idade; vós, queridos doentes, ofereceis uma contribuição preciosa e insubstituível à construção do Reino de Deus, graças à quotidiana oferta do vosso sofrimento; vós, prezados jovens esposos, fazei com que as vossas famílias cresçam como lugares em que se aprende a amar a Deus e ao próximo, na serenidade e na alegria.



JOÃO PAULO II

AUDIÊNCIA

Quarta-feira 19 de Maio de 1999


O diálogo com as grandes religiões mundiais




1. O livro dos Actos dos Apóstolos cita um discurso de São Paulo aos atenienses, que se revela de grande actualidade para o areópago do pluralismo religioso do nosso tempo. Para apresentar o Deus de Jesus Cristo, Paulo parte da religiosidade dos seus ouvintes, com palavras de apreço: «Atenienses, vejo que sois, em tudo, os mais religiosos dos homens. Percorrendo a vossa cidade e examinando os vossos monumentos sagrados, até encontrei um altar com esta inscrição: "Ao Deus desconhecido". Pois bem! O que venerais sem conhecer, é que eu vos anuncio» (17, 22-23).

Na minha peregrinação espiritual e pastoral através do mundo de hoje, expressei muitas vezes a estima da Igreja por «tudo o que é verdadeiro e santo» nas religiões dos povos. Acrescentei, com base no Concílio, que a verdade cristã serve para fazer «promover os valores espirituais, morais e socioculturais nelas existentes» (Nostra aetate NAE 2). A paternidade universal de Deus, que se manifestou em Jesus Cristo, impele ao diálogo também com as religiões que estão fora da estirpe de Abraão. Esse diálogo configura-se rico de estímulos e de desafios se se pensa, por exemplo, nas culturas asiáticas, profundamente penetradas pelo espírito religioso, ou nas religiões tradicionais africanas que constituem para muitos povos uma fonte de sabedoria e de vida.

2. Na base do encontro da Igreja com as religiões mundiais há o discernimento do seu carácter específico, ou seja, do modo como elas se aproximam do mistério de Deus Salvador, Realidade definitiva da vida humana. Com efeito, toda a religião apresenta-se como uma busca de salvação e propõe itinerários para a alcançar (cf. Catecismo da Igreja Católica [CIC], 843). Pressuposto do diálogo é a certeza de que o homem, criado à imagem de Deus, é também «lugar» privilegiado da Sua presença salvífica.

A oração, como reconhecimento adorante de Deus, gratidão pelos seus dons, imploração de ajuda, é via especial de encontro, sobretudo com aquelas religiões que, embora não tenham descoberto o mistério da paternidade de Deus, contudo «têm, por assim dizer, os braços estendidos para o céu» (Paulo VI, Evangelii nuntiandi EN 53). Mais difícil, ao contrário, é o diálogo com algumas correntes da religiosidade contemporânea, nas quais muitas vezes a oração acaba por ser uma ampliação do potencial vital, confundido com salvação.

3. Várias são as formas e os níveis do diálogo do cristianismo com as outras religiões, a partir do diálogo da vida, com o qual «as pessoas se esforçam por viver num espírito de abertura e de boa vizinhança, compartilhando as suas alegrias e tristezas, os seus problemas e as suas preocupações humanas» (Pont. Conselho para o Diálogo Inter-Religioso e Congr. para a Evangelização dos Povos, Instrução Diálogo e anúncio: reflexões e orientações, 19 de Maio de 1991, n. 42).

Particular importância assume o diálogo das obras, entre as quais se devem evidenciar a educação para a paz e para o respeito pelo meio ambiente, a solidariedade para com o mundo do sofrimento, a promoção da justiça social e do desenvolvimento integral dos povos. A caridade cristã que não conhece fronteiras encontra-se de bom grado com o testemunho solidário dos membros de outras religiões, alegrando-se com o bem por eles operado.

Há depois o diálogo teológico, no qual os especialistas procuram aprofundar a compreensão das suas respectivas heranças religiosas e apreciar os seus valores espirituais. Os encontros entre especialistas de várias religiões não podem, contudo, limitar-se à busca de um mínimo denominador comum. Eles têm o objectivo de prestar um corajoso serviço à verdade, evidenciando tanto áreas de convergência como diferenças fundamentais, no esforço sincero de su- perar preconceitos e equívocos.

4. Também o diálogo da experiência religiosa está a adquirir importância sempre maior. O exercício da contemplação corresponde à imensa sede de interioridade própria das pessoas espiritualmente em busca e ajuda todos os crentes a penetrar de modo mais profundo no mistério de Deus. Algumas práticas provenientes de grandes religiões orientais exercem uma certa atracção sobre o homem de hoje. Em relação a elas os cristãos devem aplicar um discernimento espiritual, para nunca perderem de vista a concepção da oração, como é ilustrada pela Bíblia ao longo de toda a história da salvação (cf. Congregação para a Doutrina da Fé, Carta Orationis formas, sobre alguns aspectos da meditação cristã, 15 de Outubro de 1989: AAS 82 [1990], II, PP 362-379).

Este imperioso discernimento não impede o diálogo inter-religioso. Na realidade, desde há diversos anos os encontros com os ambientes monásticos de outras religiões, marcados por amizade cordial, abrem caminhos para comparti- lhar reciprocamente as riquezas espirituais naquilo que «se refere à oração e à contemplação, à fé e às vias da busca de Deus e do Absoluto» (Diálogo e anúncio, 42). Entretanto, a mística nunca pode ser invocada para favorecer o relativismo religioso, em nome duma experiência que reduza o valor da revelação de Deus na história. Como discípulos de Cristo sentimos a urgência e a alegria de testemunhar que Deus se manifestou precisamente n'Ele, como diz o Evangelho de João: «Ninguém jamais viu a Deus: o Filho único, que está no seio do Pai é que O deu a conhecer» (1, 18).

Este testemunho deve ser dado sem qualquer hesitação, mas também com a consciência de que a acção de Cristo e do seu Espírito já está misteriosamente presente em quantos vivem com sinceridade a sua experiência religiosa. E com todos os homens autenticamente religiosos a Igreja faz a sua peregrinação na história rumo à eterna contemplação de Deus no esplendor da sua glória.

Saudações

Caríssimos Irmãos e Irmãs!

Saúdo com particular afecto os peregrinos de língua portuguesa aqui presentes: desejo a todos felicidades, paz e harmonia em seus lares, com a protecção da Virgem Maria. De modo especial, saúdo o grupo de brasileiros que acompanha o Senhor Cardeal José Freire Falcão, Arcebispo de Brasília, para quem formulo sinceros votos de felicidades em união com Cristo Nosso Senhor, na ocasião do seu Jubileu de Ouro de ordenação sacerdotal. E a todos dou, de coração, a minha Bênção, como penhor das graças divinas e consolações

Queridos Irmãos e Irmãs! É-me sempre grato saudar o Colégio de Defesa da NATO, reconhecendo o papel da vossa Organização ao serviço da paz. Hoje, infelizmente, os Balcãs não vivem em paz e todos os dias constatamos o grande sofrimento de inúmeros dos nossos irmãos e irmãs. Exorto-vos a ter diante de vós de modo claro a necessidade que todos têm de trabalhar para garantir que o diálogo e a negociação consigam pôr fim à violência nessa área. Dirijo uma particular saudação ao movimento Up With People, e aos membros do Dominican Festival Choir. Sobre todos os peregrinos e visitantes de língua inglesa, de modo especial o Cardeal Keeler, acompanhado do grupo de Baltimore e os da Inglaterra, Escócia, Dinamarca, Hong-Kong, Japão e Estados Unidos da América, invoco as abundan- tes Bênçãos de Deus Omnipotente

Queridos irmãos e irmãs, a oração que Jesus na cruz dirigiu ao Pai para que perdoasse os perseguidores (cf. Lc Lc 23,34), e a promessa feita a um dos malfeitores que, como Ele estavam pregados na cruz (cf. Lc Lc 23,39-43), manifestam claramente que Deus ama o homem «até ao fim» (cf. Jo Jn 13,1) e que a sua bondade é infinita. O amor que criou o homem é o mesmo amor que o salva: o homem, que Deus criou à sua imagem e semelhança (cf. Gn Gn 1,26-27), tornou-se em Jesus Cristo amigo de Deus para sempre. Saúdo de coração todos os peregrinos croatas aqui presentes e concedo-lhes de bom grado a Bênção apostólica.

Sinto-me feliz por saudar os peregrinos que vieram da Lituânia. Queridos Irmãos e Irmãs, neste últi- mo ano de preparação para o Grande Jubileu encorajo-vos a continuar fielmente o vosso itinerário espiritual, procurando Cristo e a sua verdade no contexto da vida de cada dia. Confio-vos, bem como as vossas famílias e a vossa Pátria à protecção de Maria, Mãe de Deus e com afecto abençoo todos vós. Louvado seja Jesus Cristo!

Dirijo-me, por fim, aos jovens, aos doentes e aos jovens casais. Estamos na Novena do Pentecostes e convido-vos, queridos jovens, a ser dóceis à acção do Espírito Santo, doado aos crentes nos sacramentos do Baptismo e da Confirmação. Exorto-vos, estimados doentes, a receber o Espírito Consolador, para que vos assista nas dificuldades e vos ajude a transformar o sofrimento em oferta agradável a Deus para o bem dos irmãos. Desejo-vos, queridos jovens ca- sais, que a vida da vossa família seja sempre alimentada pelo fogo do Espíri- to, que é o próprio Amor de Deus.



AUDIÊNCIAS 1999 - AUDIÊNCIA