Homilias JOÃO PAULO II 10


DURANTE A VISITA À PARÓQUIA


DE SANTA ANA NO VATICANO


Domingo, 10 de Maio de 1978




11 1. "Vobis... sum episcopus, vobiscum sum christianus" ("Para vós sou Bispo, convosco sou cristão"): estas palavras de Santo Agostinho encontraram forte eco nos textos do Concílio Vaticano II, no seu magistério. Ocorrem ao meu espírito exactamente hoje, ao visitar a paróquia de Santa Ana, paróquia da Cidade do Vaticano. Esta, de facto, é a minha paróquia. Tenho residência estável no seu território como a tiveram os meus Predecessores, como a tendes Vós, Veneráveis Irmãos Cardeais, Arcebispos, Bispos, Sacerdotes e Vós. Caros Irmãos e Irmãs, todos meus comparoquianos. Aqui, nesta igreja, posso repetir, de maneira especial, as palavras que Santo Agostinho dirigia aos seus fiéis no aniversário da sua ordenação episcopal: "Sed et vos sustinete me, ut secundum praeceptum apostolicum, invicem onera nostra portemus et sic adimpleamus legem Christi (Ga 6,2)... Ubi me terret quod vobis sum, ibi me consolatur quod vobiscum sum. Vobis enim sum episcopus, vobiscum sum christianus. Illud est nomen officii, hoc gratiae; Mud periculi est, hoc salutis" ("Mas sustentai-me também vós, para que, segundo o mandamento do Apóstolo, levemos os pesos uns dos outros, e assim cumpramos a lei de Cristo – Gál Ga 6,2 – ... Se me aterra ser eu para vós, consola-me estar convosco. Porque para vós sou Bispo, convosco sou cristão. Aquele é nome de cargo, este de graça; aquele é nome de perigo, este de salvação") (Serm. 340, l; PL 38, 1483).

De facto, a verdade de sermos todos nós — Vós, Veneráveis e Caros Irmãos, e eu — de sermos "cristãos" é a primeira fonte da nossa alegria. do nosso nobre e sereno orgulho. da nossa união e comunhão.

"Cristão": que significado tem esta palavra e que riqueza encerra! Pela primeira vez foram os discípulos chamados cristãos em Antioquia, como lemos nos Actos dos Apóstolos, quando descrevem os acontecimentos do período apostólico em tal cidade (Ac 11,26). Cristãos são aqueles que de Cristo receberam o nome; aqueles que trazem em si o Seu mistério; aqueles que pertencem a Ele, com toda a própria humanidade; aqueles que, com plena consciência e liberdade, "consentem" que Ele grave, nos seus próprios seres humanos, a dignidade dos filhos de Deus. Cristãos!

A paróquia é comunidade de cristãos. Comunidade fundamental.

2. A nossa paróquia vaticana é dedicada a Santa Ana. Como é sabido, foi o nosso Predecessor Pio XI que deu uma fisionomia religiosa particular à Cidade do Vaticano, por meio da Constituição Apostólica Ex Lateranensi pacto, datada de 30 de Maio de 1929: o Bispo "Sacrista" — cargo que desde 1352 tinha sido confiado por Clemente VI à Ordem de Santo Agostinho — foi nomeado Vigário-Geral da cidade do Vaticano; e a igreja de Santa Ana, já ao cuidado dos diligentes Padres Agostinhos, subiu a paróquia. Depois, Sua Santidade Paulo VI, de venerada memória, com o Motu Proprio Pontificalis Domus, de 28 de Março de 1968, eliminou o título de "Sacrista", deixando todavia intacto esse ofício, mantido com a denominação de "Vigário-Geral de Sua Santidade para a Cidade do Vaticano".

Uma paternal e afectuosa saudação quero, portanto, dirigir ao meu Vigário-Geral e aos seus imediatos colaboradores; ao Pároco; aos zelosos Padres, que mostram tanta dedicação pela cura pastoral da paróquia e pelo decoro das várias capelas do Vaticano; aos outros Religiosos e às Religiosas, que prestam o seu diligente e meritório serviço à Santa Sé; a todos os paroquianos e paroquianas desta singular Comunidade.

3. Enorme desejo tinha de visitar "a minha paróquia" logo nos princípios do meu Pontificado, como uma das primeiras entre as paróquias da Diocese de Roma. Gosto que tal coisa se realize precisamente no tempo do Advento.

A figura de Santa Ana recorda-nos de facto, a casa paterna de Maria; Mãe de Cristo. Lá veio Maria ao mundo, trazendo em si aquele extraordinário mistério da imaculada conceição. Lá era rodeada pelo amor e solicitude dos seus pais: Joaquim e Ana. Lá "aprendia" de sua mãe, de Santa Ana, como se é mãe. E, embora do ponto de vista humano, Ela tivesse renunciado ã maternidade, o Pai do céu, aceitando a sua doação total, deu-Lhe a graça da mais perfeita e mais santa maternidade. Cristo, do alto da Cruz, transferiu em certo sentido a maternidade d'Aquela que O gerara, dando a esta por objecto, em vez de Si, o discípulo predilecto, e ao mesmo tempo fez que ela abrangesse toda a Igreja, todos os homens. Quando portanto, como herdeiros da promessa (Cfr. Ga 4,28 Ga 4,31) divina, nos encontramos abrangidos por esta maternidade, e quando experimentamos a sua santa profundidade e plenitude, pensamos então que foi precisamente Santa Ana a primeira a ensinar a Maria, sua Filha, como devia ser Mãe.

"Ana" em hebraico significa: "Deus (sujeito subentendido) fez graça". Reflectindo sobre este significado do nome de Santa Ana, assim exclamava São João Damasceno: "Como havia de acontecer que a Virgem Mãe de Deus nascesse de Ana, a natureza não se atreveu a preceder o germe da graça; manteve-se porém aquela sem o próprio fruto para a graça produzir o seu. Devia nascer, de facto, a primogénita, da qual viria a nascer o primogénito de toda a criatura" (Serm. VI, De nativ. B.V.M. , PG ).

Enquanto hoje estamos aqui, nós todos, paroquianos de Santa Ana no Vaticano, a Ela dirigimos os nossos corações e, por seu meio, a Maria, Filha e Mãe, repitamos:

"Monstra Te esse Matrem,
12 Sumat per Te preces,
Qui pro nobis natus,
Tulit esse Tuus".
Mostra-Te Mãe para todos,
oferece a nossa oração,
Cristo a acolha benigno,
Ele que se fez teu Filho.

No segundo domingo do Advento, estas palavras parecem readquirir especial significado.

NA NOITE DE NATAL

Domingo, 24 de Dezembro de 1978




Caríssimos Irmãos e Irmãs

1. Encontramo-nos na Basílica de São Pedro a esta hora insólita. Temos como ambiente a arquitectura na qual inteiras gerações através dos séculos exprimiram a sua fé no Deus Encarnado, no seguimento da mensagem trazida aqui a Roma pelos Apóstolos Pedro e Paulo. Tudo isto que nos rodeia fala com a linguagem dos dois milénios, que nos separam do nascimento de Cristo. O segundo milénio está a aproximar-se celeremente do fim. Permiti que, assim mesmo como nos encontramos, nestas circunstâncias de tempo e de lugar. eu vá convosco àquela gruta nos arrabaldes da pequena cidade de Belém, situada ao sul de Jerusalém. Façamos o possível para estar todos juntos e mais do que aqui: lá, onde "no silêncio da noite" se fez ouvir o vagido do Neonato, expressão perene dos filhos da terra. Simultaneamente. naquela mesma ocasião, fez-se ouvir o Céu, "mundo" de Deus que habita no tabernáculo inacessível da Glória. Entre a majestade de Deus eterno e a terra-mãe, já se anuncia com o vagido do Menino neonato e começa a entrever-se a perspectiva de urna nova Paz, da Reconciliação, da Aliança:

13 "nasceu para nós o Salvador do mundo",
"todos os confins da terra foram testemunhas da obra de salvação do nosso Deus".

2. Todavia, neste momento e a esta hora insólita, os confins da terra permanecem distantes; estão penetrados por um tempo de expectativa, longe da paz. Há a sensação de cansaço a encher mais que tudo os corações dos homens, que se adormentaram, do mesmo modo que se tinham adormentado não a grande distância (da gruta) os pastores nos vales de Belém. Aquilo que acontece no estábulo, na gruta de rocha tem uma dimensão de profunda intimidade: é algo que se passa "entre" a Progenitora e o Nascituro. Ninguém estranho, de fora, aí tem acesso. Até mesmo José, o carpinteiro de Nazaré, permanece como testemunha silenciosa. Somente Ela está consciente de maneira plena da sua Maternidade. E Ela somente capta a expressão própria do vagido do Menino. O nascimento de Cristo é primeiro que tudo o Seu mistério, o Seu grande Dia; é a festa da Mãe.

É uma festa fora do vulgar: sem sinal algum da liturgia da Sinagoga, sem leituras proféticas e sem canto de Salmos. Tu não quiseste sacrifícios nem oblações, mas formaste-me um corpo (
He 10,5) parece dizer, com o seu vagido, Aquele que, sendo o Filho Eterno, Verbo consubstancia) ao Pai, Deus de Deus, Luz da Luz, se fez carne (Jn 1,14). Ele revela-se naquele corpo como um de nós, criança pequenina, com toda a sua fragilidade e vulnerabilidade. Sujeito à solicitude dos homens, confiado ao seu amor e indefeso. Vage, mas o mundo não o ouve, não pode ouvi-lo. O vagido da criança apenas se pode escutar ã distância de alguns passos.

3. Peço-vos, portanto, Irmãos e Irmãs que vos apinhais nesta Basílica: procuremos estar mais presentes do que aqui. Não há muitos dias ainda que eu manifestei o meu grande desejo de encontrar-me na gruta da Natividade, precisamente lá, para celebrar o início do meu Pontificado. Dado que as circunstâncias não mo permitem, encontrando-me aqui, com todos vós, mais ainda eu procuro estar lá espiritualmente, com todos vós, para colmar esta Liturgia com a profundidade, o ardor, a autenticidade de um intenso sentimento interior. A liturgia da Noite de Natal é rica de um realismo particular: o realismo daquele momento que nós renovamos, e também o realismo dos que revivem aquele momento. Todos nós, de facto, nos sentimos profundamente emocionados e comovidos, embora aquilo que nós celebramos tenha acontecido há cerca de dois mil anos.

Para termos um quadro completo da realidade daquele acontecimento e para penetrarmos ainda mais no realismo daquele momento e dos corações humanos, recordemo-nos de que Aquilo sucedeu como sucedeu: no abandono, na pobreza extrema, no estábulo-gruta, fora da cidade, porque os homens, na cidade, não quiseram acolher a Mãe e José em nenhuma das suas casas. Em nenhuma parte havia lugar. Já desde o início, o mundo se demonstrou inospitaleiro para com Deus que devia nascer como Homem.

4. Reflictamos agora durante breves momentos no significado perene desta falta de hospitalidade do homem para com Deus. Nós todos, os que aqui nos encontramos, queremos que seja diversamente. Queremos que a Deus, que nasce como homem, em nós homens tudo Lhe esteja patente. Foi com este desejo que nós aqui viemos.

Pensemos, pois, esta noite, também em todos os homens que ainda são vítimas da humana desumanidade, da crueldade, da falta de qualquer espécie de respeito, do desprezo dos direitos objectivos de cada um dos homens. Pensemos naqueles que estão sós, nos velhinhos e nos doentes; naqueles que não têm urna casa, que sofrem a fome e cuja miséria é consequência da exploração e da injustiça dos sistemas económicos. Pensemos também naqueles a quem não é permitido, nesta noite, participar na liturgia do Nascimento de Deus, e que não têm um sacerdote que lhes possa celebrar a Missa. E vamos com o nosso pensamento, ainda, até junto daqueles cujas almas e consciências estão atormentadas não menos do que a sua fé.

O estábulo de Belém é o primeiro lugar da solidariedade com o homem: de um homem com o outro e de todos com todos, principalmente com aqueles para os quais "não há lugar na hospedaria" (Cfr. Lc 2,7), aos quais não são reconhecidos os próprios direitos.

5. O Menino recém-nascido dá vagidos. Quem ouve os vagidos do Menino? Por Ele, no entanto, fala o Céu; e é o Céu que revela o ensinamento próprio deste nascimento. É o Céu, sim, que o explica com estas palavras:

Glória a Deus no mais alto dos céus e paz na terra aos homens do Seu agrado (Lc 2,14).

14 É necessário que nós, tocados pelo facto do nascimento de Jesus, ouçamos esse brado do Céu. É necessário que esse brado chegue a todos os confins da terra, que o escutem novamente todos os homens. "Filius datus est nobis. Christus natus est nobis". Foi-nos dado um Filho. Cristo nasceu para nós.


ÁMEN!


"TE DEUM" DE AÇÃO DE GRAÇAS PELO FINAL DO ANO

NA IGREJA DEDICADA AO SANTÍSSIMO NOME DE JESUS


Domingo, 31 de Dezembro de 1978


Queridos Irmãos e Irmãs

Quero, antes de mais, saudar a todos os presentes, romanos e peregrinos vindos para celebrar religiosamente o encerramento do ano de 1978. Dirijo a minha cordial saudação ao Cardeal Vigário, aos irmãos Bispos, aos representantes da Autoridade civil, aos Sacerdotes, Religiosas, Religiosos, sobretudo os da Companhia de Jesus, com o seu Padre-Geral.

1. O domingo na Oitava do Natal do Senhor, o presente domingo, une, na liturgia, a solene memória da Sagrada Família de Jesus, Maria e José. O nascimento de um filho dá sempre inicio a uma família. O nascimento de Jesus em Belém deu início a esta família única e excepcional na história da humanidade: nela veio ao mundo, cresceu e foi educado o Filho de Deus, concebido e nascido da Virgem-Mãe, e confiado, desde o início, aos cuidados autenticamente paternos de José, carpinteiro de Nazaré, o qual, perante a lei judaica, foi marido de Maria, e perante o Espírito Santo foi Seu digno esposo e foi o tutor, verdadeiramente de modo paterno, do materno mistério da sua Esposa.

A Família de Nazaré, que a Igreja, sobretudo na Liturgia hodierna, apresenta aos olhos de todas as famílias, constitui efectivamente o ponto de referência culminante para a santidade de todas as famílias humanas. A história desta Família está descrita nas páginas do Evangelho de modo muito conciso. Ali nos são dados a conhecer só alguns acontecimentos da sua vida. Contudo, aquilo que conhecemos é suficiente para envolver os momentos fundamentais da vida de cada família, e para fazer sobressair a dimensão a que são chamados todos os homens que vivem a vida familiar: Pais, Mães e Filhos. O Evangelho mostra-nos, com grande clareza, o perfil educativo da família. Voltou para Nazaré e era-lhes submisso (Lc 3 Lc 51). É bem necessária, por parte das crianças e da geração jovem, esta "submissão", esta obediência, esta prontidão em aceitar os sábios exemplos do comportamento humano da família. Também Jesus estava assim "submetido". E por esta "submissão", por esta prontidão da criança em aceitar os exemplos do comportamento humano, devem também os pais medir o seu próprio comportamento.

Este é o ponto mais delicado da sua responsabilidade de pais, da sua responsabilidade relativamente ao homem, este pequenino que se vai fazendo homem e que lhes foi confiado pelo próprio Deus. Devem ainda ter presente tudo o que aconteceu na vida da Família de Nazaré quando Jesus tinha doze anos: eles educam o próprio filho não só para si mesmos, mas para ele, para as tarefas que mais tarde ele deverá assumir. Jesus, aos doze anos, respondeu a Maria e a José: Não sabíeis que eu devo ocupar-me das coisas de meu Pai? (Lc 2,49).

2. A família estão ligados os mais profundos problemas humanos. Ela constitui a comunidade primária, fundamental e insubstituível para o homem. "A família recebeu de Deus a missão de ser a célula primeira e vital da sociedade", afirma o Concílio Vaticano II (Decr. Apostolicam Actuositatem AA 11). Disto quer também a Igreja dar especial testemunho durante a Oitava do Natal do Senhor, mediante a celebração da festa da Sagrada Família. Quer lembrar que à família estão ligados os valores fundamentais, que não se podem violar sem incalculáveis prejuízos de natureza moral. Muitas vezes as perspectivas de ordem material e o ponto de vista "económico-social" prevalecem sobre os princípios de moralidade cristã e mesmo só humana. E em tal caso não basta lamentar. E necessário defender estes valores fundamentais com tenacidade e com firmeza, porque a violação deles acarreta incalculáveis prejuízos para a sociedade e, em última análise, para o homem. A experiência das diversas Nações ao longo da história da humanidade, bem como a nossa experiência contemporânea, podem servir de argumento para se reafirmar a dolorosa verdade de que, na esfera fundamental da existência humana, em que é decisivo o papel da família, é fácil destruir os valores essenciais, e é muito difícil reconstruí-los.

De que valores se trata? Se tivéssemos de responder adequadamente a esta pergunta, seria necessário indicar toda a jerarquia e o conjunto dos valores que reciprocamente se definem e condicionam. Para nos exprimirmos, porém, de modo conciso, dizemos tratar-se de dois valores fundamentais que rigorosamente entram no contexto daquilo a que nós chamamos "amor conjugal", O primeiro desses valores é o da pessoa que se exprime na fidelidade absoluta e recíproca até à morte: fidelidade do marido à esposa e da esposa ao marido. A consequência desta afirmação do valor da pessoa, que se exprime na recíproca relação entre marido e esposa, deve ser também o respeito pelo valor pessoal da nova vida, isto é, da criança, desde o primeiro momento da sua concepção

A Igreja não poderá nunca dispensar-se da obrigação de tutelar estes dois valores fundamentais, ligados e vocação da família. A protecção destes valores foi confiada à Igreja por Cristo, de modo a não deixar lugar a dúvidas. Ao mesmo tempo, a evidência — humanamente compreendida — destes valores, faz com que a Igreja, defendendo-os, se veja a si mesma como porta-voz da autêntica dignidade do homem: do bem da pessoa, da família, das Nações. Embora respeitando a todos os que pensam de outro modo, é muito difícil reconhecer, do ponto de vista objectivo e imparcial, que se comporte à medida da verdadeira dignidade humana quem atraiçoa a fidelidade matrimonial, ou quem permite que se aniquile e se destrua a vida concebida no seio materno. Por consequência, não se pode afirmar que os programas que sugerem, facilitam ou admitem tal comportamento sirvam o bem objectivo do homem, o bem moral, e contribuam para tornar a vida humana verdadeiramente mais humana, verdadeiramente mais digna do homem; não se pode dizer que eles sirvam para a construção de uma sociedade melhor.

3. Este domingo é também o último dia do ano de 1978. Reunimo-nos aqui, nesta liturgia, para dar graças a Deus por todo o bem que Ele nos concedeu e permitiu que nós fizéssemos durante o ano passado, e para pedir o Seu perdão por tudo o que, sendo contrário ao bem, é também contrário à Sua santa Vontade. Permiti que, neste agradecimento e neste pedido de perdão, me sirva ainda do critério da família, desta vez porém, no sentido mais vasto. Deus é Pai, e por isso o critério de família tem esta dimensão; abrange todas as comunidades humanas, as sociedades, as Nações, os Países; abrange a Igreja e a humanidade.

15 Concluindo assim este ano, demos graças a Deus por tudo quanto contribui para que os homens — nas diversas esperas da existência terrena — se tornem ainda mais "família", isto é, mais irmãos e mais irmãs, que têm em comum o único Pai. Ao mesmo tempo, peçamos perdão por tudo o que é contrário à comum fraternidade dos homens, por tudo o que destrói a unidade da família humana, por tudo o que a ameaça e se lhe opõe.

Assim, tendo sempre diante dos olhos o meu grande Predecessor Paulo VI e o muito querido Papa João Paulo I, eu, sucessor deles, neste ano da morte de ambos, digo, hoje: "Pai nosso que estás no céu, aceita-nos neste último dia do ano de 1978 em Cristo Jesus, Teu Eterno Filho, e n'Ele orienta-nos para o futuro. Para o futuro que Tu mesmo desejas, Deus do Amor, Deus da Verdade, Deus da Vida!".

Com esta oração nos lábios, eu, sucessor dos dois Pontífices falecidos neste ano, atravesso, juntamente convosco, a fronteira que dentro de algumas horas separará o ano 1978 do ano 1979.


1979



SANTA MISSA NA SOLENIDADE DE MARIA SANTÍSSIMA MÃE DE DEUS E XII DIA MUNDIAL DA PAZ




1° de Janeiro de 1979




1. Ano de 1979. Primeiro dia do mês de Janeiro; primeiro dia do Ano Novo.

Entrando hoje pelas portas desta Basílica, desejaria juntamente com todos Vós, caríssimos Irmãos e Irmãs, saudar este Ano, desejaria dizer-lhe: bem-vindo!

Faço-o no dia da oitava do Natal. Hoje é já o oitavo dia desta grande festa, que, segundo o ritmo da liturgia, conclui e inicia cada ano.

O ano é a medida humana do tempo. O tempo fala-nos do «transcorrer», a que está sujeito tudo o que é criado. O homem tem consciência deste transcorrer, passa não só no tempo, mas igualmente «mede o tempo» do transcorrer dele: tempo feito de dias, semanas, meses e anos. Neste fluir humano, há sempre a tristeza da despedida do passado e, ao mesmo tempo, a abertura ao futuro.

Precisamente esta despedida do passado e esta abertura ao futuro estão inscritas, por meio da linguagem e do ritmo da liturgia da Igreja, na solenidade do Natal do Senhor.

O nascimento fala sempre dum início, do início daquilo que nasce. O Natal do Senhor fala dum singular início. Em primeiro lugar, fala daquele início que precede qualquer tempo, do princípio que é Deus mesmo, sem princípio. Durante esta oitava fomos alimentados dia a dia pelo mistério da perene geração em Deus, pelo mistério do Filho gerado eternamente pelo Pai: «Deus de Deus, Luz de Luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado, não criado» (Profissão de Fé.).

16 Nestes dias fomos, depois, testemunhas de maneira particular do nascimento terrestre deste Filho. Nascendo em Belém de Maria Virgem como Homem, Deus-Verbo aceita o tempo. Entra na história. Submete-se à lei do fluir humano. Encerra o passado: com Ele tem fim o tempo de expectativa, isto é, a Antiga Aliança. Ele abre o futuro: a Nova Aliança da graça e da reconciliação com Deus. É o novo «Início» do Tempo Novo. Cada novo ano participa deste Início. É o Ano do Senhor. Bem-vindo o Ano de 1979! A partir do início mesmo é medida do tempo novo, inscrita no mistério do nascimento de Deus.

2. Neste primeiro dia do Ano Novo toda a Igreja reza pela paz. Foi o grande Pontífice Paulo VI quem fez, do problema da paz, o tema da oração do princípio do ano para a Igreja inteira. Hoje, seguindo a sua nobre iniciativa, retomamos este tema com plena convicção, fervor e humildade. De facto, neste dia que abre o Ano Novo, não é possível formular voto mais fundamental do que exactamente este voto de paz. «Livra-nos do mal». Rezando estas palavras da oração de Cristo, é bem difícil dar-lhes conteúdo diverso daquilo que se opõe à paz, que a destrói e que a ameaça. Rezemos pois: Livra-nos da guerra, do ódio, da destruição das vidas humanas. Não permitas que mate-mos. Não permitas que sejam usados aqueles meios que estão ao serviço da morte e da destruição e cuja potência, cujo raio de acção e de precisão, ultrapassam os limites até agora conhecidos. Não permitas que sejam alguma vez usados. «Livra-nos do mal». Defende-nos da guerra. De qualquer guerra. Pai, que estais nos céus, Pai da vida e Dador da paz, suplica-Te o Papa, filho duma nação que, durante a história e particularmente no nosso século, figurou entre as mais provadas pelo horror, pela crueldade e pelo cataclismo da guerra. Suplica-Te por todos os povos do mundo, por todos os países e por todos os continentes. Suplica-Te em nome de Cristo, Príncipe da Paz.

Quanto são significativas as palavras de Jesus Cristo, que todos os dias recordamos na liturgia eucarística: Deixo-vos a paz, dou-vos a minha paz. Não como a dá o mundo, vo-la dou eu (
Jn 14,27).

É esta dimensão de Paz, a dimensão mais profunda, que só Cristo pode dar ao homem. É a plenitude da Paz, fundada na reconciliação com o próprio Deus. A Paz interior em que comparticipam os irmãos mediante a comunhão espiritual. Esta paz é o que, primeiro que tudo, nós imploramos. Mas, conscientes de que «o mundo» sozinho — o mundo depois do pecado original, o mundo no pecado — não pode dar-nos esta paz, imploramo-la ao mesmo tempo para o mundo. Para o homem no mundo. Para todos os homens, para todas as nações, diversas por língua, cultura e raça. Para todos os continentes. A paz é a primeira condição do verdadeiro progresso. A paz é indispensável para os homens e os povos viverem em liberdade. A paz é, ao mesmo tempo, condicionada — como ensinam João XXIII e Paulo VI — pela garantia de a todos os homens e povos estar assegurado o direito à liberdade, à verdade, à justiça e ao amor.

«A convivência entre os seres humanos — ensina João XXIII — é ... ordenada, fecunda e correspondente à dignidade deles como pessoas, quando se funda na verdade ... Isto pede que sejam reconhecidos os deveres recíprocos e os deveres mútuos. E é, além disso, uma convivência que se pratica segundo a justiça ou no respeito efectivo daqueles direitos e no cumprimento leal dos respectivos deveres; que é vivificada e integrada pelo amor, atitude de alma que faz sentir como próprias as necessidades e as exigências alheias, torna participantes os outros dos bens próprios e tende a tornar cada vez mais viva a comunhão no mundo dos valores espirituais; e é praticada na liberdade, isto é, do modo conveniente à dignidade de seres levados pela sua própria natureza racional a assumir as responsabilidades do seu operar» (Enciclica Pacem in Terris PT 18 cfr. Paulo VI, Encíclica Populorum Progressio PP 44).

A paz, portanto, é necessário sempre aprendê-la. É necessário, por conseguinte, educarmo-nos para a paz, como diz a mensagem para o primeiro dia do ano de 1979. É necessário aprendê-la honesta e sinceramente a vários níveis e nos vários ambientes, a começar pelas crianças nas escolas elementares até àqueles que governam. Em que altura desta universal educação para a paz nos encontramos? Quanto está ainda por fazer? Quanto é necessário ainda aprender?

3. Hoje a Igreja venera especialmente a Maternidade de Maria. Esta é como última mensagem da oitava do Natal do Senhor. O nascimento fala sempre da Mãe, d'Aquela que dá o homem ao mundo. O primeiro dia do Ano Novo é o dia da Mãe.

Vemo-l'A portanto — como em tantos quadros e esculturas — com o Menino nos braços, com o Menino ao colo. Mãe, Aquela que gerou e alimentou o Filho de Deus. Mãe de Cristo. Não há imagem mais conhecida e que fale de modo mais simples do mistério do nascimento do Senhor do que a imagem da Mãe com Jesus nos braços. Não é porventura esta imagem a fonte da nossa singular confiança? Não é exactamente ela que nos permite viver no círculo de todos os mistérios da nossa fé, e, contemplando-os como «divinos», considerá-los ao mesmo tempo como «humanos»?

Mas há ainda outra imagem da Mãe com o Filho nos braços. Encontra-se nesta basílica. É a «Pietà»: Maria com Jesus descido da Cruz; com Jesus que expirou diante dos seus olhos, no monte Gólgota, e depois da morte volta àqueles braços que o sustentaram quando em Belém foi oferecido como Salvador do mundo.

Desejava portanto unir hoje a nossa oração pela paz com esta dupla imagem. Desejava ligá-la com esta Maternidade, que a Igreja venera de modo especial na oitava do Natal do Senhor.

Por isso digo: «Mãe, que sabeis o que significa apertar nos braços o corpo morto do Filho, d'Aquele a quem destes a vida, poupai a todas as mães desta terra a morte dos seus filhos, os tormentos, a escravidão, a destruição da guerra, as perseguições, os campos de concentração, as prisões! Conservai-lhes a alegria do nascimento, da sustentação, do desenvolvimento do homem e da sua vida. Em nome desta vida, em nome do nascimento do Senhor, implorai connosco a paz e a justiça no mundo. Mãe da Paz, em toda a beleza e majestade da Vossa maternidade, que a Igreja exalta e o mundo admira, pedimo-Vos: Estai connosco a cada momento. Fazei que este Novo Ano seja ano de paz, em virtude do nascimento e da morte do Vosso Filho!

Ámen.



SOLENIDADE DA EPIFANIA DO SENHOR

ORDENAÇÃO EPISCOPAL DE DOM FRANCISZEK MACHARSKI



17
Sábado, 6 de Janeiro de 1979




1. Levanta-te (Jerusalém) ... porque chegou a tua luz e brilha sobre ti a glória do Senhor, exclamou o Profeta Isaías (
Is 60,1), no século VIII antes de Cristo, e nós ouvimos as suas palavras hoje, no século XX depois de Cristo, e admiramos, verdadeiramente admiramos, a grande luz que deriva destas palavras. Isaías dirige-se, no decorrer dos séculos, a Jerusalém, que devia tornar-se a cidade do Grande Ungido, do Messias: As nações caminharão à tua luz e os reis ao esplendor da tua aurora ... Os teus filhos vão chegar de longe e as tuas filhas são trazidas nos braços ... Invandir-te-á uma multidão de camelos, de dromedários de Madiã e de Efá. Virão todos os de Sabá; hão-de trazer oiro e incenso, e proclamarão as glórias do Senhor (Is 60,5). Temos diante dos olhos estes três — assim diz a tradição — três Reis Magos que vêm de longe, peregrinos em camelos, e trazem consigo não só oiro e incenso, mas também mirra: estes os presentes simbólicos com que foram ao encontro do Messias, que era esperado mesmo além das fronteiras de Israel. Não nos admiremos portanto se — neste seu diálogo profético com Jerusalém prolongado através dos séculos — Isaías diz a certa altura: palpitará e dilatar-se-á o teu coração (Is 60,5). Fala à cidade como se ela fosse um homem vivo.

2. «Palpitará e dilatar-se-á o teu coração». Na noite de Natal, encontrando-me com todos os que participavam na liturgia eucarística da meia-noite aqui nesta Basílica, pedi a todos que estivessem com o pensamento e o coração mais lá que aqui; mais em Belém, no lugar do nascimento de Cristo, naquela gruta-estábulo em que o Verbo se fez carne (Jn 1,14). E hoje peço-vos o mesmo. Porque lá, exactamente lá, naquele lugar ao sul de Jerusalém, chegaram, vindos do Oriente, aqueles estranhos peregrinos, os Reis Magos. Atravessaram Jerusalém. Guiava-os uma estrela misteriosa, a estrela, luz exterior que se deslocava no firmamento. Mais ainda, porém, os conduzia a fé, luz interior. Chegaram. Não os admirou aquilo que encontraram: nem a pobreza, nem o estábulo, nem estar o Menino numa manjedoira. Chegaram e, prostrando-se, «adoraram-no». Depois abriram os cofres e ofereceram de presente ao Menino Jesus oiro e incenso, dos quais exactamente fala Isaías, mas ofereceram-lhe também mirra. E, depois de fazerem tudo isto, regressaram à sua terra.

Devido a esta peregrinação a Belém, os Reis Magos do Oriente tornaram-se o início e o símbolo de todos aqueles que, por meio da fé, chegam a Jesus, o Menino envolto em panos e deitado numa manjedoira, o Salvador pregado na cruz, Aquele que — crucificado sob Pôncio Pilatos, descido da cruz e sepultado num túmulo aos pés do Calvário — ressuscitou ao terceiro dia. Precisamente estes homens, os Reis Magos — três, segundo pretende a tradição — vindos do Oriente, tornaram-se o início e a prefiguração de todos os que, de além fronteiras do Povo eleito da Antiga Aliança, chegaram e vão chegando sempre a Cristo mediante a fé.

3. Palpitará e dilatar-se-á o teu coração, diz Isaías a Jerusalém. De facto, era necessário dilatar o coração do Povo de Deus para caberem nele os novos homens, os novos povos. Precisamente esta exclamação do Profeta é a palavra-chave da Epifania. Era necessário dilatar continuamente o coração da Igreja, quando iam entrando nela continuamente novos homens; quando, seguindo as pisadas dos pastores e dos Reis Magos, chegavam sempre, do Oriente a Belém, novas gentes. Também agora é preciso dilatar sempre este coração, à medida dos homens e dos povos, à medida das épocas e dos tempos. A Epifania é a festa da vitalidade da Igreja. A Igreja vive a consciência que tem da missão recebida de Deus, que é desempenhada por seu intermédio. O Concílio Vaticano II ajudou a darmo-nos conta de ser a «missão» o nome próprio da Igreja e, em certo sentido, constituir a definição dela. A Igreja torna-se ela mesma, quando cumpre a sua missão. A Igreja é ela mesma, quando os homens — como os pastores e os Reis Magos do Oriente — chegam a Jesus Cristo por meio da fé. Quando, em Cristo-Homem e por Cristo, encontram a Deus.

A Epifania é portanto a grande festa da fé. Participam nesta festa tanto os que já chegaram à fé como aqueles que se encontram a caminho para chegar a ela. Participam agradecendo. o dom da fé, assim como os Reis Magos, cheios de gratidão, se ajoelharam diante do Menino. Nesta festividade participa a Igreja, que se torna, de ano para ano, mais consciente da grandeza da sua missão. A quantos homens é preciso ainda levar a fé! Quantos homens é preciso reconquistar para a fé que eles perderam, e por vezes isto é mais difícil que a primeira conversão à fé. Mas a Igreja, consciente daquele grande dom, do dom da encarnação de Deus, não pode parar nunca, não pode nunca cansar-se. Continuamente deve procurar o acesso a Belém para todos os homens e para todas as épocas. A Epifania é a festa e o desafio lançado por Deus.

Neste dia solene vieram a Roma os representantes da população e da Arquidiocese de Cracóvia, para trazerem um presente a Jesus Menino, dom que se exprime na Ordenação episcopal do novo Arcebispo de Cracóvia. É dom da fé, do amor e da esperança. Permiti que lhes fale na minha língua materna.

4. Todos nós, naturais da Polónia, aqui reunidos, filhos da Igreja de Cristo que há mil anos inseriu as suas raízes nas nossas almas, também hoje participamos na Festa da Epifania. As circunstâncias não são habituais. Viemos a Roma, encontramo-nos na Basílica de São Pedro. Pela primeira vez na história da Igreja, o Papa, Filho da Nação Polaca, celebra a Eucaristia e procede à consagração episcopal do seu sucessor em Cracóvia, Sé de Santo Estanislau. Tudo isto se passa no início de 1979, novecentos anos após o martírio de Santo Estanislau, que no princípio do milénio proclamava aos nossos antepassados Cristo nascido em Belém, crucificado sob Pôncio Pilatos, e ressuscitado. Com a palavra desta pregação, com a força do Evangelho levou-os à fé, como fizeram, e estão fazendo hoje os Bispos e os Sacerdotes, na nossa Terra Natal.

Penso, caros Irmãos e Irmãs, meus caríssimos compatriotas; penso, caríssimos Irmãos Bispos e Sacerdotes, que a nossa hodierna presença aqui é um acto de especial agradecimento pela fé, que iluminou todos estes séculos da nossa história, e não deixa de iluminar os nossos tempos, em que deve especialmente levar à maturação a responsabilidade por ela tomada; é acto de agradecimento pelo grande Dom de Deus Encarnado, pela Epifania. Por meio deste agradecimento deve chegar à maturação o novo fruto deste Dom, desta Epifania; deve amadurecer nas almas das gerações que nascem, que virão depois de nós; deve amadurecer por meio do serviço de cada um de nós, por meio do teu Ministério, Francisco, novo Metropolita de Cracóvia.

Repitamos então juntamente com o Profeta Isaías: Levanta-te (Jerusalém) ... brilha sobre ti a glória do Senhor ... as nações caminharão à tua luz ... Levanta-te! Palpitará e dilatar-se-á o teu coração!.

5. Levanta-te, Jerusalém! «Palpitará e dilatar-se-á o teu coração». Recolhidos em companhia daqueles que vieram do Oriente, dos Reis Magos — admiráveis testemunhas da fé em Deus encarnado — junto da manjedoira de Belém, aonde nos dirigimos com o pensamento e o coração; encontramo-nos de novo cá nesta Basílica. Aqui de modo especial se cumpriu, através dos séculos, a profecia de Isaías. Daqui se difundiu a luz da fé por tantos homens e tantos povos. De , através de Pedro e da sua Santa Sé, entrou e entra sempre uma multidão inumerável nesta grande comunidade do Povo de Deus, na união da nova Aliança, nos tabernáculos da nova Jerusalém.

18 E hoje que pode desejar mais o Sucessor de Pedro a esta Basílica, a esta sua nova Cátedra, senão que ela sirva a Epifania e que ela e por ela os homens de todos os tempos e do nosso tempo, os homens provenientes do Oriente e do Ocidente, do Norte e do Sul, consigam chegar a Belém, chegar a Cristo mediante a fé.

Então, portanto, mais uma vez tomo de empréstimo as palavras de Isaías para formular os votos «Urbi et Orbi» e dizer:

«Levanta-te!
palpitará e dilatar-se-á o teu coração!».
Levanta-te e semeia a força da tua fé! Cristo te ilumine continuamente! Caminhem a esta luz os homens e os Povos!

Ámen.






Homilias JOÃO PAULO II 10