Homilias JOÃO PAULO II 43


DURANTE A VISITA À PARÓQUIA ROMANA


DE NOSSA SENHORA DE CZESTOCHOWA


Domingo, 25 de Fevereiro de 1979




1. Exprimo a minha especial alegria pela visita de hoje a esta paróquia romana do bairro La Rustica, dedicada a Nossa Senhora de Czestochowa. Vindo aqui, inicio a visita canónica que será levada a termo pelo Bispo Dom Giulio Salimei, que tem especial cuidado pastoral do Sector Este de Roma.

A minha alegria torna-se ainda maior pela recordação, tão viva na minha mente e no meu coração, do dia em que vim aqui juntamente com o Cardeal Stefan Wyszynski e outros Bispos polacos, que tomavam parte nas últimas sessões do Concílio Vaticano II em 1965. Ao mesmo tempo aproximava-se o jubileu do primeiro Milénio do Baptismo da Polónia, e o Papa Paulo VI decidiu pôr em evidência, também em Roma, esse grande acontecimento da história do Povo e da Igreja Polaca. Precisamente por isto decidiu que fosse construída uma igreja dedicada a Nossa Senhora de Czestochowa no território da Paróquia, que naqueles meses estava em projecto para satisfazer as exigências espirituais e pastorais desta zona, que estava então à margem da cidade e a que bem quadrava a denominação de "Rustica".

Lembro-me que, ao virmos a primeira vez a este lugar, precisamente durante o Concílio, havia ainda campos espaçosos e só ao longe se delineavam casas no horizonte.

Depressa todavia começaram os trabalhos para a igreja paroquial; mas, depressa suspensos, só foram retornados em 1969. Finalmente em 1971 consagrou a nova igreja o Cardeal Wyszynski, também com a minha participação.

Caríssimos Irmãos e Irmãs, na leitura de hoje lemos que São Paulo se dirige aos Coríntios chamando-lhes carta escrita nos nossos corações, conhecida e lida por todos os homens (2Co 3,2). Referindo-me a estas palavras, quero dizer que também a vossa paróquia e a igreja são essa carta escrita profundamente no coração do falecido Papa Paulo VI e de todo o Episcopado Polaco. Nasceu dessa singular inscrição "nos corações" e duma grande fé. Por isso, a minha comoção é particularmente profunda vindo aqui a primeira vez como Sucessor de Paulo VI e, ao mesmo tempo, como testemunha das origens da vossa querida paróquia.

2. São Paulo, dirigindo-se aos fiéis de Corinto, escreve que eles são uma carta de Cristo, redigida por nós, e escrita não com tinta mas com o Espírito de Deus vivo, não em tábuas de pedra, mas em tábuas de carne, nos vossos corações (Cor. 3, 3).

Sobre tábuas de pedra, dera muito antes Deus-Javé os mandamentos a Moisés no Monte Sinai. Mas dera-os para eles serem continuamente escritos nas tábuas de carne dos vossos corações, isto é dos corações humanos. Por isso, não parou o Senhor de revelar os Seus mandamentos ao Povo de Deus, mas enviou-nos o Filho para dar testemunho do Seu amor para connosco. Este precisamente é que o Filho, Jesus Cristo, escreve nos nossos corações: escreve com a eloquência da sua vida, do seu Evangelho, da sua misericórdia com os pecadores, da sua bondade com as crianças e com as pessoas que sofrem. Jesus Cristo escreve nos nossos corações com a força do Espírito Santo, que obteve na cruz, a fim de sermos nós homens sensíveis e abertos à acção do Deus vivo. Mesmo que o homem estivesse longe de Deus, como aquela esposa infiel de que fala hoje o Profeta Oseias, Deus não deixaria de o procurar com o seu amor. Jesus Cristo procura cada ovelha perdida, para lhe indicar o caminho e lhe restituir a vida.

De modo magnífico dão testemunho disto as palavras do Salmo responsorial de hoje:

"Ele perdoa todas as tuas culpas e tem compaixão de todos os teus males. Liberta do túmulo a tua vida e reveste-a de graça e de ternura.

44 O Senhor é clemente e compassivo, lento para a ira, rico de misericórdia. Não nos trata como as nossas ofensas merecem, não nos paga segundo as nossas culpas".

3. A Igreja dá testemunho do amor que Deus tem a cada homem e por isso, como Cristo-pastor, vai ao encontro dos homens onde quer que eles se encontrem.

Também assim vai ela continuamente ao encontro de todos os habitantes deste bairro, tanto daqueles que vieram primeiro como dos que chegam agora de diversas partes.

Sei da fadiga da maior parte de vós, que sois operários das vizinhas indústrias e da construção. Sei bem que a paróquia se foi formando pouco a pouco, com habitantes de importação, num Bairro que ainda hoje infelizmente não goza de todos os serviços sociais. O meu desejo cordial é que, até à plenitude cresça a. vossa vida citadina e que sejam satisfeitas as exigências mais conformes à vossa dignidade humana. A isto se aplicam já, embora dum ponto de vista religioso, os responsáveis directos da pastoral paroquial: os beneméritos Padres Beneditinos Silvestrinos e todos os seus dignos colaboradores na catequese, nos contactos com as famílias e no cuidado dos doentes. A pregação do Evangelho não anda nunca separada duma sã promoção humana.

Ouvimos no Evangelho de hoje duas comparações: Ninguém deita remendo de pano cru em vestido velho, pois o remendo novo arranca parte do velho e o rasgão fica maior. E ninguém deita vinho novo em odres velhos; se o fizer, o vinho acabará por romper os odres e perder-se-á o vinho juntamente com os odres. Mas o vinho novo deita-se em odres novos (
Mc 2,21-22).

Há grande sabedoria prática e grande prudência nestas duas comparações. Neste princípio se inspira a Igreja na sua actividade pastoral. Quando se cria novo ambiente humano, novo bairro, surge também nova paróquia, porque não se pode deitar vinho novo em odres velhos; e ninguém deita remendo de pano cru em vestido velho.

4. O Bispo de Roma deseja hoje, à Paróquia de Nossa Senhora de Czestochowa no bairro La Rustica — paróquia jovem —, que nela se desenvolva nova vida até à plenitude.

Os homens que para aqui vieram construíram as casas; nestas casas entraram as famílias. Das paredes foram dependurados quadros, talvez até um quadro religioso predilecto: de Jesus Cristo, da Sua Mãe, A vida humana necessariamente precisa da casa humana.

Também a paróquia é uma família, A sua casa é este templo: a morada de Deus com os homens (Ap 21,3). Nesta casa. encontra-se, no lugar central, o quadro de Nossa Senhora de Czestochowa, sinal da presença da Mãe ao lado do Filho, perto do seu Tabernáculo.

Amai a casa da vossa família.

Amai também esta Casa, em que mora Deus convosco.

45 A vida humana, que se expande em tantas casas, encontre aqui o seu ponto central.

Encontrai-vos aqui em oração.

Encontrai-vos na Mesa do Verbo Divino e da Eucaristia.

Encontrai-vos diante da Mãe, que vos fala com o seu olhar deste grande amor com. que o Pai vos amou em Cristo.

"Bendiz o Senhor, minha alma, quanto há em mim bendiga o seu santo Nome. Bendiz o Senhor, minha alma, não esqueças tantos benefícios seus".

A visita canónica, que hoje principiei e será continuada pelo Bispo Dom Giulio Salimei, vos auxilie para a unificação da vossa Paróquia e para a consolidação nela da vida cristã.



MISSA NA QUARTA-FEIRA DE CINZAS


CELEBRADA NA IGREJA DE SANTA SABINA




28 de Fevereiro de 1979




1. Convertei-vos a mim de todo o coração com jejuns ... Convertei-vos ao Senhor nosso Deus (Jn 2,12 Jn 2,13).

Anunciamos hoje a Quaresma com as palavras do Profeta Joel, e principiamo-la com toda a Igreja. Anunciamos a Quaresma do ano do Senhor de 1979 com um rito que é ainda mais ela quente que as palavras do Profeta. A Igreja benze hoje as cinzas, tiradas dos ramos benzidos no domingo de Ramos do ano passado, para as impor a cada um de nós. Inclinemos portanto as nossas cabeças, e no sinal das cinzas reconheçamos toda a verdade das palavras dirigidas por Deus ao primeiro homem: Recorda-te que és pó e em pó te hás-de tornar (Gn 3,19).

Sim, recordemos esta realidade sobretudo durante o tempo da Quaresma, no qual a liturgia da Igreja hoje nos introduz É «tempo forte». Neste período as verdades divinas devem falar aos nossos corações com força especialíssima. Devem encontrar-se com a nossa experiência humana, com a nossa consciência. A primeira verdade, hoje proclamada, recorda ao homem a sua caducidade, recorda a morte que é para cada um de nós o fim da vida terrena. A Igreja insiste hoje muito nesta verdade, comprovada pela história de cada homem: Recordai-vos que «voltareis ao pó». Recordai-vos que a vida na terra tem limite.

2. Porém a mensagem de quarta-feira de cinzas não se fica só nisto. Toda a liturgia de hoje faz notar: Recorda-te daquele limite; e ao mesmo tempo: Não te detenhas naquele limite. A morte é mistério. Pois bem: entremos no tempo especial em que toda a Igreja, mais que nunca, quer meditar sobre a morte como mistério do homem em Cristo. Cristo-Filho de Deus aceitou a morte como necessidade da natureza, como parte inevitável da sorte do homem na terra. Jesus Cristo aceitou a morte como consequência do pecado. Desde o princípio, se juntou a morte ao pecado: a morte do espírito humano por causa da desobediência a Deus, ao Espírito Santo. Jesus Cristo aceitou a morte em sinal de obediência a Deus, para restituir ao espírito humano o dom pleno do Espírito Santo. Jesus Cristo aceitou a morte para vencer o pecado. Jesus Cristo aceitou a morte para vencer a morte na essência mesma do seu perene mistério.

46 3. Por isso, a mensagem de quarta-feira de cinzas exprime-se com as palavras de São Paulo: Somos embaixadores de Cristo, e é Deus que vos exorta por nosso intermédio. Suplicamo-vos, pois, em nome de Cristo; Reconciliai-vos com Deus. Aquele que não havia conhecido pecado, Deus O fez pecado por nós, para que nos tornássemos n'Ele justiça de Deus (2Co 5,20-21). Colaboremos com Ele.

O significado de quarta-feira de cinzas não se limita a recordar-nos a morte e o pecado; é também enérgica chamada a vencermos o pecado, a convertermo-nos. Um e outro exprimem a colaboração com Cristo. Durante a Quaresma temos diante dos olhos toda a divina «economia» da graça e da salvação. Neste tempo da Quaresma pensemos em não receber em vão a graça de Deus (2Co 6,1).

O próprio Jesus Cristo é a mais sublime graça da Quaresma. É Ele mesmo que se apresenta diante de nós na admirável simplicidade do Evangelho: da sua palavra e das suas obras. Fala-nos com a força do seu Getsémani, do julgamento diante de Pilatos, da flagelação, da coroação de espinhos, do caminho do Calvário, da sua crucifixão, com tudo o que pode abalar o coração do homem.

A Igreja inteira deseja neste período quaresmal estar especialmente unida a Cristo, para que a sua pregação e o seu serviço sejam ainda mais fecundos. É este o tempo favorável, este é o dia da salvação (2Co 6,2).

4. Compenetrado da profundidade da liturgia de hoje, digo portanto a Vós, Cristo, eu, João Paulo II, Bispo de Roma, com. todos os meus Irmãos e Irmãs na única fé da Tua Igreja, com todos os Irmãos e Irmãs da imensa família humana: Compadecei-vos de mim, ó Deus, pela vossa bondade, pela vossa grande misericórdia apagai os meus pecados ... Não queirais repelir-me da vossa presença e não retireis de mim o vosso espírito de santidade ... Criai em mim, ó Deus, um coração ,puro e fazei nascer dentro de mim um espírito firme ... Dai-me de novo a alegria da vossa salvação e sustentai-me com espírito generoso (Ps 50,1 Ps 50,13 Ps 50,12 Ps 50,14).

Mostre-se o Senhor tomado de zelo pela sua terra e tenha compaixão do seu povo (Cfr. Jl 2,18).

Ámen.



VISITA PASTORAL À PARÓQUIA ROMANA DE SÃO BASÍLIO


Domingo, 11 de Março de 1979




Caríssimos Irmãos e Irmãs

1. Desejo, em primeiro lugar, saudar-vos a todos cordialmente. A visita à vossa paróquia deu-me a possibilidade de formular de viva voz esta saudação e de receber a vossa resposta, também de viva voz. Esta saudação e esta resposta provêm da consciência daquela particular unidade que formamos na Igreja de Jesus Cristo, e especialmente na Diocese de Roma. Saudando-nos mutuamente, manifestamos esta unidade que tem um valor não unicamente "organizativo". A vossa paróquia, a paróquia de São Basílio, não é só uma parte constitutiva de toda a Diocese de Roma, mas insere-se autenticamente naquela unidade que é a Igreja: torna-da célebre, aqui em Roma, por São Pedro e São Paulo, ela é instituída pelos Apóstolos de Cristo Senhor, e imerge as raízes de modo particular no "fundamento" da nossa salvação que é Cristo (Cfr. 1Co 3,10 1Co 3,11) e na fé n'Ele. Aquele fundamento é tal, que fora dele não existe nenhum outro, e ninguém pode pôr um fundamento diferente do que foi posto (1Co 3,11). Porque há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo Homem (1Tm 2,5).

2. No espírito desta unidade apresento-vos a minha saudação e recebo a vossa resposta, que é resposta de fé. Ela é particularmente significativa no tempo da Quaresma, em que vivemos mais a fundo a própria realidade do nosso "crescer" na base de Jesus Cristo, da sua paixão e morte, da sua redenção. Aqui, em Roma, os vestígios deste "crescer" a partir de Cristo são particularmente fortes e eloquentes.

47 Por ocasião deste nosso encontro, saúdo o Cardeal Vigário, o Bispo D. Óscar Zanera, que actualmente está a realizar uma visita pastoral mais longa e aprofundada à vossa paróquia. Saúdo os vossos Pastores, os Sacerdotes que trabalham no meio de vós, as Religiosas e os vários Colaboradores pastorais, todos os Paroquianos, mesmo aqueles que hoje estão ausentes, e de modo particular os que formam os vários grupos de compromisso eclesial. Podeis, todos juntos, oferecer um testemunho cristão cada vez mais luminoso neste querido bairro da periferia de Roma, que precisa de muitas intervenções para melhorar a qualidade de vida.

Desejo juntamente com todos vós viver hoje, no segundo domingo da Quaresma, a graça particular deste encontro na fé, que é a visita do Bispo à paróquia.

3. E um encontro na fé, cujo conteúdo nos é explicado pela palavra de Deus da liturgia hodierna. Conteúdo forte, profundo e essencial. Ouvindo a carta de São Paulo aos Romanos encontramos logo a realidade-chave da fé. Se Deus é por nós, quem será contra nós? Ele, que não poupou o próprio Filho, mas O entregou por todos nós, como não havia de nos dar também com Ele todas as coisas? Quem acusará os eleitos de Deus? Deus, que os justifica? Quem os condenará? Cristo Jesus, que morreu, e ainda mais, que ressuscitou, Ele que está à direita de Deus, Ele que intercede por nós? (
Rm 8,31-34).

Deus está connosco! Deus está com o homem! Com a humanidade. A prova única e completa disto é e continua a ser sempre esta: não poupou o próprio Filho, mas entregou-O por todos nós (Rm 8,32).

Para pôr ainda mais em relevo esta realidade, a liturgia refere-se ao livro do Génesis: ao sacrifício de Isaac. Quando Deus pediu a Abraão este sacrifício, queria de certo modo preparar a consciência do Povo eleito para o sacrifício, que mais tarde realizaria o seu Filho. Deus poupou Isaac e poupou também o coração do seu pai Abraão. Mas "não poupou o próprio Filho". Abraão tornou-se "pai da nossa fé", porque, com a prontidão no sacrifício do filho Isaac, prenunciou o sacrifício de Cristo que, nos caminhos da fé de toda a humanidade, constitui um momento-vértice. Todos nós temos consciência disso. Esta consciência vivifica as nossas almas, particularmente durante a Quaresma. Esta consciência plasma a nossa vida cristã desde as raízes mais profundas. Plasma-a desde o início até ao fim.

Deus está connosco através da cruz do Seu Filho. E esta é também a primeira fonte da nossa força espiritual. Quando o Apóstolo pergunta: "se Deus é por nós, quem será contra nós?", abrange, com esta interrogação, tudo e todos aqueles que possam ser de perigo para a nossa alma, para a nossa salvação. Quem os condenará? Cristo Jesus, que morreu, e ainda mais, que ressuscitou, Ele que está à direita de Deus, Ele que intercede por nós?" (Rm 8,34).

Da fé em Cristo, na sua cruz e ressurreição nasce a esperança. Grande confiança! Oxalá ela seja a nossa fora especialmente nos momentos difíceis da vida.

4. O meu pensamento e a minha palavra dirigem-se de modo particular a todos quantos se encontram em dificuldade de todo o género: àqueles que sofrem no corpo e no espírito; àqueles que suportam provas de carácter social, como experiências negativas no trabalho ou mal-entendidos em família; àqueles jovens que talvez estejam a atravessar um período de crise; àqueles que enfrentam, com empenho, dificuldades de natureza pastoral, como a incompreensão ou a tibieza quanto aos valores espirituais e a resistência ao Espírito Santo. Em Cristo, todos têm o direito de esperar.

No Evangelho de hoje encontramos uma particular manifestação daquela esperança que nasce da fé em Jesus Cristo. Precisamente no tempo da Quaresma, a Igreja relê-nos o Evangelho da Transfiguração do Senhor. Este acontecimento, de facto, realizou-se a fim de preparar os Apóstolos para as provas difíceis do Getsémani, da Paixão, da humilhação, da flagelação, da coroação de espinhos, da Via-Sacra e do Calvário. Jesus, nesta perspectiva, queria demonstrar aos seus Apóstolos mais íntimos o esplendor da glória que brilha n'Ele, que o Pai lhe confirma com a voz do alto, revelando a sua filiação divina e a sua missão: Este é o Meu Filho muito amado, no Qual pus todo o Meu ração abrange quase toda a antiga enlevo; escutai-O (Mt 17,5).

O esplendor da glória da Transfiguração abrange quase toda a antiga Aliança e ele chega aos olhos cheios de assombro dos Apóstolos, que viriam a tornar-se mestres daquela fé que faz nascer a esperança: daqueles Apóstolos que deveriam anunciar todo o mistério de Cristo.

Senhor, é bom estarmos aqui (Mt 17,4), exclamam Pedro, Tiago e João, como se quisessem dizer: Tu és a encarnação da esperança, pela qual anelam a alma humana e o corpo humano! Esperança que é mais forte do qua a cruz e o Calvário! Esperança que dissipa as trevas da nossa existência, do pecado e da morte.

48 É bom estarmos aqui: conTigo!

Oxalá a vossa paróquia seja e se torne cada vez mais o lugar, a comunidade onde os homens, ao aprofundarem por meio da fé o mistério de Cristo, adquiram mais confiança, mais consciência do valor e do sentido da vida, e repitam a Cristo: "É bom estarmos aqui": conTigo. Aqui, neste templo. Diante deste tabernáculo. E não só aqui, mas talvez numa cama do hospital; talvez nos lugares de trabalho; à mesa na intimidade da família. Em toda a parte.

No próximo mês de Outubro celebrar-se-á na vossa .paróquia. a Missão. Trata-se de um dom especial do Senhor neste ano em que, se celebra o 25° aniversário de fundação da vossa comunidade paroquial. Numerosos Padres Capuchinhos, outros grupos de Religiosos e de Leigos, juntamente com os Sacerdotes da paróquia, procurarão pôr-se em contacto pessoal com todos os fiéis, para proclamarem a mensagem de Jesus na sua pureza e ajudarem cada um de vós a realizá-la plenamente na própria vida de todos os dias, com generosidade, com empenho e com entusiasmo. Muitas almas contemplativas já estão a rezar e a sacrificar-se por esta maravilhosa iniciativa espiritual, que, não duvido, trará abundantes frutos de graça. Também eu uno a minha oração ao Senhor, a fim de que todos os membros desta paróquia respondam com plena disponibilidade ao convite misterioso do Espirito Santo, que fará ouvir o seu premente apelo a viverem uma vida verdadeiramente nova em Cristo, transfigurados n'Ele.



LITURGIA EXEQUIAL DE SUFRÁGIO


PELO CARDEAL JEAN VILLOT




13 de Março de 1979




Irmãos e Filhos queridos

1. Estamos aqui reunidos em torno do féretro do nosso irmão. Deixou-nos inesperadamente. Ainda há uma semana apenas, era difícil pensar que Ele nos iria deixar, que a sua hora estivesse tão próxima. Era difícil pensá-lo. Parecia ainda cheio de vida e de forças — na medida da sua idade, obviamente — mas parecia cheio delas ... Sentimo-nos muito contristado quando viemos a saber pelos médicos que, apesar desta aparência, o organismo estava exausto e sem defesas.

Deixou-nos. Chamou-o a Si o Senhor da vida. «Deus, cui omnia vivunt ...».

Neste momento, diante do seu féretro, reunimo-nos em volta do altar. Celebramos o Santíssimo Sacrifício. Nós que vivemos cada dia tão perto dele. A nossa liturgia de agora, esta concelebração é, em certo sentido, uma continuação de todos os dias passados junto a Ele, de todos os encontros, das conversações, da colaboração.

2. Eu e os Cardeais ainda temos bem presente o que Ele, como Camerlengo da Santa Igreja Romana, nos disse em duas circunstâncias solenes, durante a celebração da Missa votiva ao Espírito Santo «pro eligendo Summo Pontifice». Duas vezes: a primeira, depois da morte do Papa Paulo VI e em seguida, passadas apenas poucas semanas, depois da morte do Papa João Paulo I. Falou aqui, neste mesmo lugar. Recordamo-nos que Ele dizia:

«Neste momento, grave e delicado, Padres Eminentíssimos, a sagrada liturgia reúne-nos a todos e eleva-nos a orar pela eleição do Papa, que, com a ajuda do Senhor, vamos em breve iniciar. Sabemos que, segundo a Sua inefável promessa, Jesus está no meio de nós ... Vem espontâneo ao pensamento, Padres Eminentíssimos, que Jesus se dirige particularmente a nós, nesta hora solene do Conclave, como aos Apóstolos reunidos no Cenáculo; que fixa os olhos de cada um de nós, pedindo-nos correspondência total (nos limites, sem dúvida, da nossa fraqueza humana), correspondência à Sua Vontade, ao Seu amor proveniente, em mais profundo união com Ele, em caridade fraterna mais verdadeira entre nós, e sobretudo em fidelidade convicta no exercício da missão que nos é confiada».

E ainda, em 14 de Outubro seguinte, comentando a palavra de Jesus: «Não há amor maior do que dar a vida pelos amigos» (Jn 15,13), observava: «Reflictamos, Irmãos, que a vida — quer todos nós, é certo, quer em modo especialíssimo Aquele que elegermos — devemos dá-la pela multidão dos remidos, 'ut amici Christi efficiantur'. Toda a mística missão da Igreja está compendiada neste conceito; e, porque Deus se serve dos homens como instrumentos ordinários, bem se vê que espírito deve animar aqueles que Ele escolhe para exercerem um ofício de pastor e de guia, como para fazerem que se conheça pela primeira vez a mensagem evangélica. Nós mesmos, enquanto queremos considerar-nos — com todas as nossas faltas — amigos seus, tais somos, só e unicamente, em virtude da sua Morte».

49 Preparou duas vezes o Conclave, juntamente com todo o Colégio dos Cardeais. Foi o Secretário de Estado do Papa Paulo VI e em seguida de João Paulo I. Depois da minha eleição, manifestou a própria disponibilidade para deixar este cargo. Pedi-lhe porém que ficasse pelo menos por algum tempo; e ficou. Serviu a Igreja com a sua experiência, com o seu conselho, com a sua competência. Estou-lhe muito grato. E não posso deixar de exprimir o meu pesar por esta cooperação ter sido interrompida tão de repente.

3. Neste momento, é difícil considerar toda a vida do defunto. Os nossos frequentes encontros remontam aos tempos do Concílio Vaticano II, em que, na qualidade de Subsecretário, era muito activo. Após a morte do seu predecessor, foi chamado para a Sé Arquiepiscopal de Lião, e também entrou a fazer parte do Colégio dos Cardeais. Depois do Concílio foi convidado a entrar para o serviço directo da Santa Sé como Prefeito da Sagrada Congregação para o Clero. Em Maio de 1969, o Papa Paulo VI chamou-o para o cargo de seu Secretário de Estado.

Trouxe para este lugar-chave a experiência pastoral de Bispo e primeiro ainda de sacerdote, amadurecida em longos anos de serviço à Igreja na França, que se orgulha do título de «filha primogénita da Igreja universal».

Os biógrafos virão a mostrar-nos no futuro a vida e a obra do Cardeal Jean Villot em toda a sua plenitude. Hoje, seja-nos permitido repetir apenas as palavras do Evangelho: Se alguém quer servir-Me, que Me siga; e, onde Eu estiver, ali estará também o Meu servidor. E se alguém Me servir, Meu Pai há-de honrá-lo (
Jn 12,26). Precisamente assim. É esta a única coisa importante, aliás é a coisa essencial. Seguiu Cristo. Esteve sempre no lugar para que Ele o chamou. Serviu. A medida de toda a sua vida está neste serviço.

4. A medida da vida. Sim. Esta vida tem já a sua medida. Já se completou, chegou ao seu termo. E nisto consiste a grandeza do momento que vivemos agora; a dignidade deste encontro em que se cumprem, a respeito do nosso Irmão, as palavras do Senhor: se o grão de trigo, caindo na terra ... morrer, dá muito fruto (Jn 12,24). Só então. Quando morrer ... É necessário morrer para que a vida do homem dê pleno fruto. Chegou a hora em que a vida do Cardeal Jean Villot pode produzir o seu pleno fruto em Deus. Nenhuma vida do homem nas suas dimensões terrestres pode dar tal fruto; e é um fruto que supera a vida, exclamando: Eu sei que o meu Redentor vive, tal como exclamou Job na sua provação (Jb 19,25).

5. A morte é sempre a última experiência do homem e é inelutável. É experiência difícil, defronte à qual a alma humana sente medo. Não disse o próprio Cristo: Agora a Minha alma está perturbada; e que direi Eu? Pai, salva-Me desta hora? E acrescentou imediatamente: Mas por causa disto é que cheguei a esta hora. Pai, glorifica o Teu nome (Jn 12,27-28).

Pai, glorifica!

Fica este último grito da alma, tão contrastante com a experiência da morte, com a experiência da destruição do corpo, em que toda a criação geme e sofre até ao presente (Rm 8,22). E apesar disso, gemendo e sofrendo as dores da morte, não cessa de aguardar ansiosa a revelação dos filhos de Deus (Rm 8,19). E sabemos que os sofrimentos do tempo presente nada são em comparação com a glória que há-de revelar-se em nós (Rm 8,18).

Também nós, então, diante deste féretro, no espírito daquela particular comunhão que nos unia, damos expressão a estes votos:

Pai, perdoa! Pai, absolve! Pai, purifica! Purifica na medida da santidade do teu rosto.

E por fim: Pai, glorifica!

50 Com toda a humildade, mas ao mesmo tempo com todo o realismo da nossa fé e da esperança, elevamos esta prece junto do féretro do nosso Irmão, Cardeal Jean Villot, Secretário de Estado.



VISITA PASTORAL À PARÓQUIA ROMANA DE SÃO JOSÉ AO FORTE BOCCEA


Domingo, 18 de Março de 1979




1. "A casa de meu Pai".

Hoje pronuncia Cristo estas palavras na soleira do templo de Jerusalém.

Aparece nesta soleira para "reclamar" diante dos homens a Casa do seu Pai, para fazer valer os seus direitos sobre esta Casa. Os homens transformaram-na em praça de mercado. Cristo repreende-os severamente; enfrenta com decisão tal desvio. O zelo pela Casa de Deus devora-O (Cfr. Jn 2,17), por isso não hesita em expor-se à malevolência dos anciãos do povo hebraico e de todos aqueles que são responsáveis do que foi feito contra a Casa do seu Pai, contra o Templo.

É digno de memória este acontecimento. Digna de memória a cena. Com as palavras da sua santa ira, inscreveu Cristo profundamente na tradição da Igreja a lei da santidade da Casa de Deus. Pronunciando aquelas misteriosas palavras a respeito do seu corpo destruí este santuário e eu, em três dias, o levantarei (Jn 2,19), Jesus consagrou duma só vez todos os templos do Povo de Deus. Estas palavras adquirem uma riqueza de significado muito particular no período da Quaresma quando, ao meditarmos a paixão de Cristo e a sua morte — destruição do templo do seu corpo —, nos preparamos para a solenidade da Páscoa, isto é, para o momento em que Jesus se revelará também a nós no mesmo templo do seu corpo, novamente levantado pelo poder de Deus, que quer construir nele, de geração em geração, o edifício espiritual da nova fé, esperança e caridade.

2. Venho hoje à paróquia de São José e desejo exprimir a todos vós, aqui presentes, juntamente com a saudação cordial, a minha profunda alegria porque também este bairro tem o seu Templo, a sua Casa de Deus.

Não o teve imediatamente, na altura da erecção canónica da Paróquia, que se realizou a 18 de Junho de 1961. Tiveram de passar alguns anos antes que se pudesse chegar, precisamente a 18 de Maio de 1970, à consagração e inauguração do novo Templo, desta vossa Igreja, que agora, com a sua espaçosa nave, se eleva para o céu a cantar a glória de Deus.

Quero dizer uma palavra cordial de aplauso ao Pároco e aos Sacerdotes Josefinos, a quem a Paróquia está confiada. Concluem eles este ano as celebrações do primeiro centenário de fundação da sua benemérita Congregação, que brotou do coração apostólico do Venerável José Marello, Bispo de Acqui. Esta nova igreja é testemunho eloquente do zelo e da generosidade dos seus filhos espirituais. Não me é difícil imaginar as canseiras, os sacrifícios e as renúncias que lhes deve ter trazido levar a termo este edifício sagrado, tão acolhedor, funcional e devoto, como também completar os locais paroquiais que lhe estão anexos. Dirija-se a eles o meu louvor e o meu agradecimento.

Faço chegar, em seguida, como é justo, a expressão do meu apreço sincero a todos os fiéis, sem cujo contributo constante e generoso não teria com certeza sido possível levar avante, ano após ano até ao feliz termo, uma empresa tão complexa e dispendiosa.

Apraz-me, além disso, aproveitar a ocasião para manifestar ao Senhor Cardeal Vigário, presente aqui connosco, a grande consideração em que tenho o zelo que nutre pela obra da construção de novas igrejas, isto é, em favorecer o nascimento de uma adequada Casa do Senhor nos novos bairros, que se vão formando pouco a pouco. O edifício material, em que o povo fiel se reúne para ouvir a Palavra de Deus e participar na celebração dos divinos mistérios, representa um coeficiente de primeira importância para o crescimento e consolidação daquela comunidade de fé, de esperança e de amor que é a Paróquia.

51 À este propósito, deve também reservar-se uma palavra de reconhecimento e gratidão ao Ex.mo Bispo Auxiliar D. Remígio Ragonesi, a quem está confiado o sector Oeste da Diocese; deste faz parte a vossa Paróquia. Ele vai realizando com dedicação e zelo admiráveis a visita pastoral desta zona, e a finalidade da sua vinda ao meio de vós é verificar o trabalho realizado, coordenar as iniciativas de apostolado, consolidar o entendimento no seio da família paroquial e despertar o sentimento de responsabilidade em todos os fiéis. Recebei portanto o seu ensinamento e as suas directrizes, com ânimo ávido e dócil.

Soube com prazer que existem no território da Paróquia nada menos de 14 Institutos religiosos, entre os quais também um Mosteiro Carmelita de estrita observância. A todas estas almas, que seguem o Senhor na prática dos conselhos evangélicos, se dirige a saudação do Papa, que muito conta com o seu contributo para a vida da Comunidade. Qualquer que seja a finalidade específica imediata de cada Instituto — educação da juventude, cuidado dos doentes, assistência aos anciãos ou vida de contemplação e penitência — sempre deve estar viva no seu ânimo a consciência da íntima relação que existe entre o seu compromisso institucional e a vida da Paróquia; uma vez que este é o local concreto em que a Igreja universal se torna, de modo mais completo, visível e experimentável pelos habitantes de cada bairro.

Não pode faltar, nesta altura, uma palavra de saudação e exortação dirigida expressamente aos leigos, àqueles sobretudo que com disponibilidade generosa se colocam ao lado dos seus Pastores, para assumirem com eles a responsabilidade da evangelização. Percorrendo a relação, que me foi apresentada, notei que na Paróquia se está executando um programa intenso de catequese, com encontros bem distribuídos durante a semana, frequentado por bom número de crianças e adultos. A todos dirijo o meu louvor, ao qual acrescento o incitamento a continuarem com constância, graças também ao recrutamento de novas forças entre os jovens.

Não me passou despercebida a presença doutros numerosos grupos, que se propõem animar cristãmente importantes factores da vida comunitária, como o sector missionário, o familiar, o caritativo, o recreativo, o desportivo, etc. A todos um "bravo" do coração e o convite instante a perseverarem com entusiasmo generoso, apesar das dificuldades que não podem faltar. Trabalhais pelo Reino de Cristo, que é Reino de amor, de solidariedade e de paz, que é portanto Reino pelo qual aspira o coração de todo o ser humano. Conforte-vos esta consciência e estimule-vos na participação activa nas várias iniciativas pastorais, promovidas pela Paróquia.

3. O centro de todo este esforço apostólico, desta obra evangelizadora é a Casa de Deus, a Casa do Pai. À volta desta Cisa multiplicaram-se as casas em que habitam os homens, em que habita cada família. Enorme é a importância da casa para a vida familiar. Imensa. Fundamental. Tantas são as circunstâncias que vêm condicionar o desenvolvimento ordenado da vida duma família, mas entre essas encontra-se sem dúvida em primeiro lugar a casa familiar.

Sabeis que sobre este tema "uma casa para cada família", a Diocese de Roma se comprometeu a reflectir nestes dias da Quaresma, com a intenção de sensibilizar as consciências dos fiéis e favorecer, em cada um e na comunidade, a tomada das convenientes decisões, capazes de contribuírem para a justa solução de tão grave problema.

E uma acção que deve encontrar correspondência responsável e generosa por parte de todos. Constitui aliás, e com razão, objecto de solicitude por parte das Autoridades. As casas constroem-se para o homem, para satisfazer as suas necessidades fundamentais. Não se pode alterar esta sua finalidade fundamental por causa doutras finalidades ou motivos. Numa sociedade honestamente solidária não podem faltar as casas para as famílias, das quais depende o futuro da mesma sociedade.

Não pode também faltar a Casa para Deus, para o Pai dos homens e das famílias. Não aconteça que a nossa civilização venha a ceder à tentação: "temos necessidade de casas, não temos necessidade de igrejas".

4. A casa é habitação do homem. É condição necessária para o homem poder vir ao mundo, crescer e desenvolver-se, para que possa trabalhar, educar e educar-se, para que os homens possam constituir aquela união mais profunda e mais fundamental, que tem o nome de "família".

Constroem-se as casas para as famílias. Em seguida, nas casas, constroem-se sobre a verdade e sobre o amor as próprias famílias. O primeiro fundamento desta construção é a aliança matrimonial, que se exprime nas palavras do Sacramento, com as quais o esposo e a esposa se prometem reciprocamente a união, o amor e a fidelidade conjugal. Sobre este fundamento se apoia aquele edifício espiritual cuja construção não pode parar nunca. Os cônjuges, como pais, devem constantemente aplicar à própria vida, como construtores hábeis, a medida da união, do amor, da honestidade e da fidelidade matrimonial. Devem renovar todos os dias este juramento nos seus corações e às vezes recordá-lo também com palavras. Hoje, por ocasião desta visita pastoral, convido-os eu a que o façam de maneira particular, uma vez que a visita pastoral deve servir para a renovação daquele templo, que todos formamos em Cristo crucificado e ressuscitado. São Paulo diz ser Cristo o poder e a sabedoria de Deus (
1Co 1,24). Seja Ele o vosso poder e a vossa sabedoria, caros Esposos e Pais. Seja-o para todas as famílias desta Paróquia. Não vos priveis deste poder e deste saber! Firmai-vos neles. Educai os vossos filhos e não permitais que tal poder e tal sabedoria, que é Cristo, lhes venham um dia a ser tirados. De nenhum ambiente e de nenhuma instituição. Não permitais que alguém consiga destruir aquele "templo" que vós construís nos vossos filhos. Este é o vosso dever, mas este é também o vosso sacrossanto direito. E é direito que ninguém pode violar sem cometer arbitrariedade.

5. A família é construída sobre a sabedoria e sobre o poder de Cristo em pessoa, porque se apoia num Sacramento. E está também construída e constantemente se constrói sobre a lei divina, que não pode de maneira nenhuma ser substituída por outra lei seja qual for. Pode acaso um legislador humano abolir os mandamentos que nos recorda hoje a leitura do livro do Êxodo: não matar, não cometer adultério, não roubar, não dizer falso testemunho (Ex 20,13-16)? Sabemos todos de cor o Decálogo. Os dez Mandamentos constituem o necessário encadeamento da vida humana pessoal, familiar e social. Se estas ligações faltam, a vida do homem torna-se desumana. Por isso, o dever fundamental da família, e depois da escola e de todas as instituições, é a educação e a consolidação da vida humana sobre o fundamento desta Lei, que a ninguém é lícito violar.

52 Estamos assim construindo com Cristo o templo da vida humana em que Deus habita. Construímos em nós a Casa do Pai. Constitua elemento da vida de cada um de nós aqui presentes o zelo pela construção desta Casa: de toda a paróquia de que é patrono São José, Esposo de Maria Mãe de Deus, Padroeiro das famílias, Protector do Filho de Deus, Padroeiro da Santa Igreja. Amanhã, 19 de Março, celebramos a sua solenidade litúrgica. Conserve-se e desenvolva-se sob a sua protecção a vossa Paróquia como uma Família de Deus.



Homilias JOÃO PAULO II 43